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Índice

Introdução ......................................................................................................................... 4

1. Objectivos.................................................................................................................. 4

1.2. Objectivo geral ...................................................................................................... 4

1.3. Objectivos específicos ........................................................................................... 4

2. Contrato de Sociedade Comercial ............................................................................. 5

3. Sociedades Comerciais em Geral .............................................................................. 5

4. Contrato de Sociedade ............................................................................................... 6

4.1. Noção ......................................................................................................................... 6

4.2. O contrato de sociedade é aleatório ....................................................................... 8

5. Natureza Jurídica do Contrato de Sociedade............................................................. 9

5.1. A Teoria Contratualista ............................................................................................. 9

5.2. Teoria Institucionalista ........................................................................................ 10

6. Elementos do Contrato de Sociedade ...................................................................... 11

Conclusão ....................................................................................................................... 12

Referências Bibliográficas .............................................................................................. 13

Legislação ....................................................................................................................... 13

Doutrina .......................................................................................................................... 13
4

Introdução

Um contrato de sociedade comercial é um acordo formal entre duas ou mais pessoas que
se unem com o objectivo de empreender uma actividade económica em comum. Esse
tipo de contrato define as regras, responsabilidades e direitos dos sócios, bem como a
forma como a empresa será gerida e como serão repartidos os lucros e prejuízos.
Normalmente, o contrato de sociedade comercial inclui informações como a razão
social da empresa, o objecto social, a participação de cada sócio no capital social, a
forma de administração da empresa, a distribuição de lucros, a responsabilidade dos
sócios, entre outras cláusulas importantes.

1. Objectivos

1.2. Objectivo geral

O presente trabalho tem como objectivo geral compreender em partes o contrato de


sociedade.

1.3. Objectivos específicos

 Compreender a parte legal do contrato de sociedade comercial;


 Abordar duma forma minuciosa dos contratos comerciais; e
 Compreender a noção do contrato de sociedade comercial;
 Entender a natureza jurídica e as teorias elencadas no contrato de sociedade
comercial.
5

2. Contrato de Sociedade Comercial1

3. Sociedades Comerciais em Geral

As sociedades comerciais são a estrutura típica das empresas nas economias de


mercado, embora a empresa possa revestir outras formas jurídicas. Nos termos dos art.ºs
82 e 83 do C.Com, as sociedades comerciais têm necessariamente por objecto a prática
de actos de comércio e as sociedades que tenham por objecto a prática de actos de
comércio devem revestir um dos tipos previstos no Código (art.º 4 C.Com). Nos termos
do art.º 82 do C.Com, as sociedades que tenham por objecto o exercício de uma
actividade comercial têm de adoptar um dos tipos previstos no Código Comercial. Este
prevê cinco tipos de sociedades comerciais das quais:

a) Sociedades em nome colectivo: são as chamadas sociedades de responsabilidade


ilimitada, por os sócios poderem responderem pessoalmente com todo o seu
património pelas dívidas da sociedade, depois de esgotado o património desta
(art.º 253 C.Com).
b) Sociedades por quotas: são de longe, o tipo societário mais utilizado na prática
por corresponder à estrutura típica da pequena e média empresa. A sua
característica principal é a elasticidade do regime jurídico constituído por grande
número de disposições supletivas, que podem ser afastadas pelos estatutos,
ajustando a sociedade às necessidades concretas de cada empresa,
nomeadamente aproximando-a das sociedades de pessoa dificultando ou mesmo
impedindo a transmissão das quotas ou optando por um modelo mais próximo
das sociedades de capitais com livre transmissibilidade das quotas (art.º 283 e
seguintes do C.Com).
c) Sociedades anónimas: são o tipo característico da empresa de maior dimensão
deverão ser pelo menos três (3) accionistas, exceptuam-se nos casos em que o
Estado directamente ou por intermédio de empresas pública, estatais ou de
outras entidades equiparadas por lei para este efeito, fique como accionista, as

1
Artigo 74º, n.º 1 do C.Com. vigente.
1. O contrato de sociedade é celebrado por documento escrito assinado por todos os sócios ou
accionistas, ou seus representantes legais, com assinatura notarialmente reconhecida por
semelhança.
2. Quando a realização do capital social seja feita em espécie por transferência de bem imóvel para
a titularidade da sociedade, o contrato só é válido se for celebrado por modelo de contrato
aprovado por autoridade competente, ou por escritura pública.
6

quais podem constituir-se com um único sócio. Os accionistas respondem


apenas pela realização das acções de que são titulares (art.º 331 e seguintes
C.Com).
d) Sociedades em comandita: são um tipo misto em que existem sócios de
responsabilidade ilimitada – os comanditados – e os sócios de responsabilidade
limitada – os comanditários, (art.º 270 e seguintes do C.Com). e) Sociedade de
capital e indústria: são aquelas em que um ou mais sócios concorrem
unicamente com o seu trabalho, actividade ou indústria, cabendo unicamente ao
sócio ou sócios capitalistas a responsabilidade pelas obrigações sociais e o
direito de figurar na firma, que é vedado ao sócio de indústria (art.º 278 e
seguintes C.Com).

4. Contrato de Sociedade2

4.1. Noção

Nos termos do art. 980° do CC, "contrato de sociedade é aquele em que duas ou mais
pessoas se obrigam a contribuir com bens ou serviços para o exercício em comum de
certa actividade económica, que não seja de mera fruição, a fim de repartirem os lucros
resultantes dessa actividade".

2
Artigo 75º (Objecto social)

1. O objecto social deve corresponder ao exercício de uma ou mais actividades empresariais lícitas.
2. O objecto social deve ser descrito de forma clara e completa, que dê a conhecer a actividade que
a sociedade se propõe a exercer, sem prejuízo do que dispõe este código relativamente à
Sociedade por Acções Simplificada.
3. É proibida, na menção do objecto social, a utilização de expressão que possa fazer crer a terceiro
que ela se dedica à actividade que por ela não pode ser exercida, nomeadamente por só o
poderem ser por sociedades abrangidas por regime especial ou subordinada a autorização
administrativa.

Artigo 76º (Sede social)


1. A sede da sociedade deve ser estabelecida em local concretamente definido que pode ser no
domicílio particular de um dos sócios ou accionista.
2. O contrato de sociedade pode autorizar a administração, com ou sem consentimento de outros
órgãos, a deslocar a sede social dentro do território nacional, devendo, a administração, nesse
caso, alterar o contrato de sociedade, em conformidade.
3. Sem prejuízo do disposto nos números anteriores, a sociedade pode estabelecer domicílio
particular para determinado negócio.

Artigo 78º (Duração)


1. A duração da sociedade pode ser por tempo determinado ou indeterminado.
2. No silêncio do contrato de sociedade, a duração é por tempo indeterminado.
3. Sendo a duração por tempo determinado, a mesma só pode ser prorrogada por deliberação dos
sócios ou accionistas, antes do seu termo.
7

É um contrato obrigacional e oneroso uma vez que gera obrigações e implica sempre
dispêndios económicos. A discussão que se pode colocar é relativa a sua natureza
unilateral ou bilateral/multilateral e consensual ou formal do contrato.

Relativamente à primeira, o professor Mota Pinto escreve que são contratos unilaterais
aqueles em que há uma só declaração de vontade ou várias declarações, mas paralelas,
formando um só grupo3. Ora, se repararmos o que passa no contrato de sociedade,
podemos de facto pensar que ele é um contrato unilateral. Assim, há várias declarações
de vontade e paralelas com vista a criação de um ente autónomo que é a sociedade
comercial (Manuel Guilherme, 2013, pág. 97).

No entanto, nos negócios unilaterais como escreve o próprio (Mota Pinto, pág. 388) é
desnecessária a anuência da outra parte e acima de tudo, vigora quanto a eles o princípio
da tipicidade. (o sublinhado é nosso). Assim, no que se refere ao contrato de sociedade,
há sempre anuência de todas as partes envolvidas através da realização da escritura
pública ou da assinatura presencial quando esta seja suficiente e mais, não consta do CC
como sendo contrato unilateral.

Logo, se atentarmos na noção de contrato multilateral, podemos concluir que neles, há


duas ou mais declarações de vontade, de conteúdo oposto, mas convergentes ajustando-
se na sua comum pretensão de produzir resultado jurídico unitário, embora com
significado para cada uma das partes4.

Por tudo isto, achamos que o contrato de sociedade é um contrato multilateral. No


entanto, por causa da sua tendencial multilateralidade e finalidade, não falta quem o
considere um contrato de fim comum atendendo o elemento finalístico da sociedade5.

Quanto à questão relativa a sua classificação como contrato formal ou consensual,


deriva do facto de ele não exigir regra geral, forma especial para a sua celebração. Na
verdade, os negócios formais ou solenes são aqueles para os quais a lei prescreve a
necessidade da observância de determinada forma, o acatamento de determinado
3
Carlos Alberto da Mota Pinto, ob.cit pág. 387.
4
Embora o fim mediato da constituição da sociedade é a produção de lucro, os interesses que cada sócio
persegue de forma imediata, ou seja, o que de imediato lhe faz associar-se pode não coincidir no todo ou
em parte com os seus parceiros comerciais.
5
Corresponderiam a esta categoria o tipo de contrato em que as prestações das partes se dirigem à
obtenção de uma finalidade comum, ao contrário de contratos comutativos em que a prestação de uma
parte tem a sua justificação na prestação da outra. Neste sentido, Ferrer Correia, Lições de Direito
Comercial, Vol. II, Sociedades Comerciais, Coimbra, Universidade de Coimbra, 1968, pags.51 e ss.
8

formalismo ou de determinadas solenidades para a sua validade e os negócios não


solenes ou consensuais, (tratando-se de contratos) são os que podem ser celebrados por
quaisquer meios declarativos aptos a exteriorizar a vontade negocial, isto é, na
linguagem de Mota Pinto, a lei não impõe determinada roupagem exterior para o
negócio6.

Em relação a este assunto, como escrevemos anteriormente, o contrato de sociedade não


carece em princípio de forma especial, bastando um documento7 escrito assinado por
todos os sócios. Portanto, a forma especial tal como dispõe este artigo e o faz
igualmente o art. 981°do CC, depende dos bens que os sócios entram com eles na
sociedade.

Somos por tudo isto, levados a pensar que se trata de um contrato misto. Podendo ser
consensual ou formal de acordo com os bens envolvidos na sua celebração. O Professor
Luís Manuel Teles de Menezes Leitão defende uma posição contrária a nossa. Para ele,
o contrato de sociedade é um contrato consensual porque exige apenas a sua celebração
pelas partes para se constituir, não sendo necessário uma atribuição efectiva de bens à
sociedade (datio rei). O preenchimento do elemento instrumental deste contrato
verifica-se com a simples assunção de obrigações por parte dos sócios. Por esta razão, a
sociedade não é um contrato real quoad constitutionem8.

4.2. O contrato de sociedade é aleatório

A correspectividade de atribuições e sacrifícios existente no contrato de sociedade


verifica-se entre a prestação de cada sócio e o resultado útil da exploração da empresa
comum, constitutivo do direito de lucros e à quota de liquidação. Por essa razão, impõe-
se a classificação da sociedade na categoria dos contratos aleatórios.

De facto, mesmo que a participação patrimonial dos sócios seja certa, o seu
correspectivo patrimonial é incerto, pois ignora-se no momento da celebração o ano

6
Carlos Alberto da Mota Pinto, ob.cit pág. 396.
7
Nos termos do art. 362° do CC, "...documento é qualquer objecto elaborado pelo homem com o fim de
reproduzir ou representar uma pessoa, coisa ou facto.
8
Neste sentido, e para mais aprofundamento conferir a obra Luís Manuel Teles de Menezes o fim de
reproduzir ou representar uma pessoa, coisa ou facto." Leitão, ob.cit 259.
9

quantum do lucro, o que corresponde obviamente à existência de uma álea ou risco


económico neste contrato9.

Por fim, é importante referir que o contrato de sociedade é um contrato sinalagmático e


oneroso na medida em que envolve a criação de obrigações para todas as partes" e tais
obrigações ligadas entre si por um nexo de causalidade ou correspectividade10.

O facto de não existir, em sede da sociedade, uma contraposição de interesses entre as


partes, pode parecer excluir a correspectividade entre as prestações mas, nunca se exclui
o sinalágma. Todavia, o sinalágma aqui se manifesta de forma específica. As prestações
dos sócios são harmonizáveis entre si.

5. Natureza Jurídica do Contrato de Sociedade

Embora nos pareça óbvia a natureza do acto constitutivo da sociedade comercial,


imensas são as discussões que se levantam em torno dele. Sem entrar em pormenores,
fora desta constituição (pluripessoal da sociedade por via do contrato), há sociedades
que resultam da fusão ou cisão11 das sociedades como mais adiante estudamos nesta
obra. Há também, como escrevemos noutro lugar, as sociedades unipessoais que
resultam da insuficiência superveniente do elemento pessoal da sociedade.

Dedicamo-nos aqui especificamente a olhar para o contrato de sociedade in concreto


para determinarmos a natureza jurídica do mesmo.

Relativamente a isso, duas grandes teorias se esbatem designadamente:

1. A Teoria Contratualista;
2. A Teoria Institucionalista.

5.1. A Teoria Contratualista

A Teoria Contratualista, assenta na ideia de que a sociedade comercial é constituída por


meio de um contrato que é o contrato de sociedade. Considera-se a mais coerente, no
entanto, importa distinguir claramente de que tipo de contrato está se falar.

9
Neste sentido, Guidinha, Soviete Persona li, pag.91 e ss, citado por Luís Manuel Teles de Menezes
Leitão, ob.cit, pág. 259.
10
O exercício profissional e lucrativo de uma actividade económica.
11
Não é líquido assumir que estas vicissitudes das sociedades constituem inequivocamente um
mecanismo de constituição das sociedades comerciais. Sobre as suas características, natureza.
10

a) É um contrato plurilateral ou multilateral;


b) É um contrato de fim comum ou de organização;

a) É um contrato plurilateral ou multilateral: como escrevemos, o contrato de


sociedade exige a presença de pelo menos duas pessoas tal como é definido no
art. 980° do CC. É na verdade, um contrato plurilateral dirigido a uma finalidade
comum por isso, nasce a segunda possibilidade da sua classificação.
b) É um contrato de fim comum ou de organização: (Luís Brito Correia), defende
que esta parece ser a melhor classificação do contrato de sociedade e foi
elaborada pela doutrina alemã e italiana e também acolhida pela doutrina
portuguesa. No essencial, os contratos de fim comum se contrapõem aos
contratos comutativos quais sejam, de compra e venda ou de troca12. Na compra
e venda, os interesses das partes são satisfeitos de forma diferente. O comprador
é satisfeito pela aquisição da propriedade da coisa e o vendedor por perceber o
preço da coisa vendida.

Nos contratos de fim comum, há um interesse comum a todos os contraentes. Na


sociedade, todos têm interesse no benefício resultante da actividade económica comum,
embora, para além deste fim imediato ou fim-meio, possa haver contraposição de
interesses, quanto ao fim último dos negócios 13(cada sócio tem um fim individual com
os rendimentos que possam advir do exercício da empresa em comum). Por outro lado,
no contrato de sociedade, cada sócio tem a contrapartida da sua prestação na
participação dos resultados obtidos pela actividade em comum.

5.2. Teoria Institucionalista

Foi desenvolvida por (Hauriou14 e Renard15). É no fundo uma crítica à teoria


contratualista liberal. Diz-se que a vontade contratual não determina livremente a

12
Luís Brito Correia. (1989). Direito Comercial, Sociedades Comerciais. (Vol II). 3a Tiragem AAFDL.
Pág. 121.
13
idem.
14
Hauriou. L'institution et le droit satutaire, in:Rec.Acad.Legisl.Tolouse, 1906; Principes de droit public,
Paris, 1910, pág. 123 e ss, La Théorie de l'nstituionen et de la foundation, in 4eme cahier de la nouvelle
journée, 1925, Traité de Institution, 1935.
15
Renard. L'institution, 1923, La Théorie de l'nstitution, 1930, La philosophie de institution, 1935.
11

condição jurídica da pessoa colectiva que criou, pelo contrário, a pessoa colectiva em
si16. Como tudo ocorre na sociedade por vontade dos sócios que são na verdade os
últimos que decidem por ela (embora hajam administradores), a sociedade há-de ser
sempre uma instituição e não um contrato. Isto é, o contrato em si nada reflecte senão
aquela pessoa colectiva (instituição) que define e caracteriza todo o esquema que esteve
por detrás do próprio contrato de sociedade.

Não se pretende de nenhuma forma negar que a sociedade deriva de um contrato.


Pretende-se sim, demonstrar que este contrato associa-se a uma instituição que a priori
fundamenta a existência do próprio contrato.

6. Elementos do Contrato de Sociedade

Os elementos do Contrato de Sociedade com base o artigo 980º do CC, podemos retirar
os seguintes:

1. Elemento pessoal;
2. Elemento patrimonial;
3. Elemento finalístico;
4. Elemento teleológico.

16
Luís Brito Correia, ob.cit, pag.116.
12

Conclusão

No desfecho do trabalho, o contrato de sociedade comercial é um documento


fundamental para estabelecer as bases de uma parceria empresarial, garantindo a
segurança e o bom funcionamento da empresa. É importante que os sócios envolvidos
busquem sempre o auxílio de um profissional especializado na área jurídica para
elaborar um contrato que seja justo e equilibrado para todas as partes envolvidas.
13

Referências Bibliográficas

Legislação

Decreto n.º 1/2022 de 25 de Maio – – Moçambique.

Código Civil – Moçambique.

Doutrina

Carlos Alberto da Mota Pinto. Sociedades Comerciais.

Ferrer Correia. Lições de Direito Comercial. (Vol. II). Coimbra, Universidade de


Coimbra.

Hauriou. L'institution et le droit satutaire, in:Rec.Acad.Legisl.Tolouse, 1906; Principes


de droit public, Paris, 1910, pág. 123 e ss, La Théorie de l'nstituionen et de la
foundation, in 4eme cahier de la nouvelle journée, 1925, Traité de Institution, 1935.

Luís Brito Correia. (1989). Direito Comercial, Sociedades Comerciais. (Vol. II). 3a
Tiragem AAFDL.

Manuel Guilherme Júnior. (2013). Manual de Direito Comercial Moçambicano. (Vol.


I). Escolar Editora, Editores e Livreiros, Lda.

Renard. L'institution, 1923, La Théorie de l'nstitution, 1930, La philosophie de


institution, 1935.

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