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Artigo 980º C.C. - Contrato de sociedade → aquele em que duas ou mais pessoas se obrigam a
contribuir com bens e serviços para o exercício em comum de certa atividade económica, que
não seja de mera fruição, a fim de repartirem os lucros resultantes dessa atividade.
Elementos da noção de sociedade:
Associação ou agrupamento de pessoas
Fundo patrimonial
Objeto (exercício em comum de certa atividade económica que não seja de mera
fruição)
Fim: obtenção de lucros para serem repartidos pelos sócios.
A unipessoalidade originária está prevista no CSC → O Artigo 270º A nº1 permite que uma
pessoa singular ou coletiva constitua uma sociedade unipessoal por quotas. O Artigo 488º nº1
permite que uma sociedade por quotas, anónima ou comandita por ações constitua uma
sociedade anónima de cujas ações ela seja inicialmente a única titular.
Substrato patrimonial → qualquer sociedade necessita de um património próprio. Esse
património é inicialmente constituído, pelo menos, pelos direitos correspondentes às obrigações
de entrada. Todo o sócio é obrigado a entrar com algo para a sociedade (Arts. 980º e 983º nº1
CC e Art. 20º a) CSC).
Atenção: as entradas para a sociedade comercial (em dinheiro, em outros bens suscetíveis de
penhora, em indústria ou serviços) não têm de ser (integralmente) realizadas no momento inicial
da sociedade.
Mas ainda que as obrigações de entrada não sejam realizadas ou cumpridas nesse momento, já
existirá património social, já existindo os direitos correspondentes a essas obrigações. Quando a
sociedade nasça com as entradas realizadas, o património social é composto (exclusiva ou
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parcialmente) por esses bens ou pelos direitos relativos a esses bens. À medida que vai correndo
a vida da sociedade o património social vai-se alterando, com a entrada e saída de outros
direitos ou bens e de obrigações pecuniariamente avaliáveis.
As sociedades ocasionais não colocam as questões que o direito das sociedades considera e
regula:
Criação e administração de um fundo comum.
Organização jurídica do ente societário.
Tem de haver uma atividade económica que não pode ser de mera fruição. As sociedades não
podem ter por objeto atividades de simples desfrute.
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condução direta ou indireta da sociedade (nomeadamente através da designação dos titulares do
órgão de administração) ou no controlo dessa atividade.
Fim da sociedade: obtenção, através do exercício da atividade económica, de lucros (lucros que
se deseja obter e repartir pelos sócios). O fim social não se basta com o intento de obtenção de
lucros, este exige-se ainda a intenção de os dividir pelos sócios.
Para este efeito:
Lucro: é um ganho traduzível num incremento do património da sociedade. Valor
patrimonial distribuível que se há de formar no património da sociedade, podendo depois de aí
ser transferido para o património dos sócios.
Os lucros são da sociedade, formam-se nela, são incremento do seu património (separado e
distinto do património dos sócios), destinando-se depois a ser divididos, distribuídos pelos
sócios (passando depois a integrar o património dos sócios).
O Intuito lucrativo distingue a sociedade tanto das associações como das fundações. As
associações ou fundações podem exercer ou não atividades económicas. Dessas atividades
podem resultar lucros objetivos, mas esses lucros não podem ser distribuídos pelos associados.
Sujeição a perdas: claro que em vez de lucrarem, os sócios podem perder, podem recuperar
total ou parcialmente (quando saiam da sociedade ou esta se extinga), o valor das entradas e de
outras prestações feitas à sociedade. Nenhum sócio pode ser isento deste risco (Art. 994º CC e
Art. 22º nº3 CSC).
Noção genérica de sociedade: entidade que, composta por um ou mais sujeitos (sócios) tem um
património autónomo para o exercício de atividade económica que não é de mera fruição a fim
de obter lucros e atribuí-los aos sócios estando, todavia, sujeitos a perdas.
Tipos de sociedades comerciais:
As sociedades com objeto comercial constituídas nos termos do CSC têm de adotar
necessariamente um dos tipos de sociedade comercial enumerados no Art. 1º nº2 CSC. Vigora
aqui o Princípio da Tipicidade ou do numerus clausus dos tipos legais de sociedades
comerciais, mas o Código apenas permite sociedades destes tipos.
A taxatividade dos tipos legais impõe uma limitação à liberdade contratual: os sujeitos que
queiram constituir uma sociedade comercial têm de optar por um dos tipos previstos na lei:
o Sociedade em nome coletivo;
o Sociedade por quotas;
o Sociedade anónima;
o Sociedade em comandita (simples ou por ações).
E nalguns casos é mesmo imposto um certo tipo de sociedade: as sociedades unipessoais têm de
ser por quotas ou anónimas (Arts. 270º A e 488º CSC).
As sociedades com certo objeto só podem ser por quotas ou anónimas:
o Sociedades gestoras de participações sociais;
o Agências de câmbios;
o Sociedades mediadoras do mercado monetário e do mercado de câmbios;
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o Sociedades desportivas.
Justifica-se a taxatividade dos tipos legais de sociedades por razões de segurança jurídica. Os
credores sociais, o público em geral e até os sócios podem confiar que as sociedades de certo
tipo não podem deixar de obedecer a determinado quadro regulativo. Nas suas relações (atuais
ou potenciais) com a sociedade, as pessoas sabem com o que podem contar.
A caracterização dos tipos de sociedade faz-se através da delimitação da responsabilidade dos
sócios e é uma espécie de participação social.
Responsabilidade dos sócios perante a sociedade e perante os credores sociais
Responsabilidade dos sócios perante a sociedade: na sociedade em nome coletivo, o
sócio, além de responder individualmente pela sua entrada, responsabiliza-se pelo
cumprimento ou realização da entrada a que se obrigue entrada em dinheiro, em espécie
e/ou em indústria – Art. 175º CSC.
Art. 179.º CSC – A responsabilidade pelo valor das entradas : a entrada de bens em espécie,
determinada no Art. 28.º, pode ser substituída por expressa assunção pelos sócios, no contrato
de sociedade, de responsabilidade solidária, mas não subsidiária, pelo valor atribuído aos bens.
Responsabilidade dos sócios perante os credores sociais: na sociedade em nome
coletivo, o sócio, além de responder individualmente pela sua entrada, responde pelas
obrigações sociais subsidiariamente em relação à sociedade e solidariamente com os
outros sócios. – Art. 175º nº1 CSC
Sociedades anónimas: cada sócio responde pela sua entrada (em dinheiro ou em espécie). Cada
sócio limita a sua responsabilidade ao valor das ações que subscreveu e não perante os credores
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sociais – Art. 271º CSC. O valor das ações é o valor de emissão (não pode ser inferior, mas
pode ser superior ao valor nominal). Pode o pacto social impor que um ou mais sócios fiquem
obrigados a prestações acessórias - Art. 287º CSC.
Sociedades por quotas: os sócios respondem para com a sociedade pela realização da sua
quota e ainda, solidariamente com os demais, pelas prestações devidas à sociedade por algum
ou alguns dos outros associados por força da não realização integral das suas quotas
(responsabilidade pela integração do capital social) → capital social divido em quotas (Art.
197º CSC).
A regra é a de os sócios não responderem pelas obrigações sociais.
Pelas dívidas da sociedade responde apenas a própria sociedade, com o seu património -
Art. 197º nº3 CSC. Mas no Art. 198º CSC pode ficar estabelecido no pacto social que
um ou mais sócios respondam, limitadamente – até determinado montante – perante os
credores sociais. O estatuto estabelecerá ainda se esta responsabilidade é solidária com a
da sociedade ou subsidiária relativamente à responsabilidade da sociedade e a efetivar
apenas na fase de liquidação da sociedade. Se a responsabilidade for solidária, o sócio que
pagar dívidas sociais tem (salvo estipulação em contrário no pacto social) direito de
regresso contra a sociedade pela totalidade do que houver pagado.
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As sociedades anónimas têm, em regra, de ser constituídas pelo menos por 5 sócios -
Art. 273º nº1 CSC.
Exceções:
Sociedades anónimas constituídas apenas por uma outra sociedade (por quotas, anónima
ou comandita por ações) – Arts. 481º nº1 e 488º nº1 CSC.
Sociedades anónimas constituídas por apenas 2 sócios, devendo um deles ser o Estado,
entidade pública empresarial ou equiparada, que fique a deter a maioria das ações – Art.
273º nº2 CSC.
Sociedades em comandita por ações não podem constituir-se com menos de 6 sócios
(pelo menos 1 comanditado e 5 comanditários) – Arts. 465º nº1 e 479º CSC.
Durante a vida das sociedades comerciais devem os referidos números mínimos de sócios ser
respeitados sob pena de possível dissolução – Art. 142º nº1 a) e nº3 CSC. O CSC não
estabelece número máximo de sócios para qualquer tipo de sociedade.
Capital Social: cifra representativa da soma dos valores nominais das participações sociais
fundadas em entradas em dinheiro ou em espécie.
As entradas em dinheiro e/ou em espécie devem ter valor idêntico ou superior ao valor atribuído
àquelas participações (partes, quotas, ações – Art. 25º nº1 CSC).
As sociedades em nome coletivo constituídas por sócios que entrem apenas com indústria ou
trabalho não têm capital social – Arts. 9º nº1 f) e 178º nº1 CSC. Todas as outras sociedades
têm capital social (nominal).
O CSC fixa os valores mínimos de capital com que certos tipos de sociedade terão de se
constituir:
Sociedades por quotas – 1 euro (Art. 201º CSC)
Sociedades anónimas e em comandita por ações – 50.000 euros (Arts. 276º nº3 e 478º
CSC)
Para as sociedades em nome coletivo e em comandita simples não está fixado qualquer valor
mínimo de capital social.
Distribuição comercial
Contratos de distribuição: contratos que disciplinam as relações entre o produtor (ou o
importador) e o distribuidor.
Não se consideram os contratos com os consumidores. No entanto, até se poderia dizer (num
sentido muito amplo) que os contratos com os consumidores também são contratos de
distribuição. É através dos contratos com os consumidores (sobretudo através da compra e
venda) que os bens na realidade se transmitem ou distribuem.
Quando falamos de contratos de distribuição não nos interessa o ato final da transmissão do bem
ao consumidor, mas sim a atividade desenvolvida a montante, a atividade de intermediação
(instrumental e preparatória daquela transmissão).
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O que está aqui em questão não são as relações com o consumidor, mas as relações com o
produtor. Contratos que têm como sujeitos o produtor, de um lado, e o distribuidor de outro
lado, mas a contraparte do distribuidor tanto pode ser o produtor como o importador ou
grossista. No entanto, a lei, para efeitos de simplificação (já que corresponde ao caso típico),
limita-se a disciplinar as relações entre o distribuidor e o produtor e não as relações com os
consumidores (o que não quer dizer que não possam aparecer, pontualmente, nos respetivos
regimes jurídicos, disposições legais destinadas à proteção de terceiros, ou seja dos clientes
consumidores, como sucede em Portugal com o regime jurídico do contrato de agência). Estes
contratos visam escoar produtos, conquistar mercado, angariar clientela, pois não basta
produzir, é necessário vender.
Hoje quando falamos em distribuição temos sobretudo em mente uma atividade desempenhada
por sujeitos que se especializaram em distribuir os bens e em fazer chegar os bens ao
consumidor. A produção na época pré-industrial era orientada para o autoconsumo, canalizada
através de um comércio incipiente exercido via de regra pelo próprio fabricante. Mas a partir da
revolução industrial este quadro transformou-se devido ao aparecimento de novos métodos de
produção, dando lugar a uma produção em série ou em massa, excedentária, o que tornou
premente a necessidade de escoamento dos bens.
O aparecimento de especialistas em distribuição desenvolveu e aperfeiçoou a distribuição e
ainda libertou o produtor dessa preocupação.
A atividade de distribuição autonomizou-se
O distribuidor interpôs-se entre o fabricante e o consumidor
Adquiriu visibilidade, importância, um estatuto próprio
O distribuidor tornou-se fundamental
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Uma primeira concretização desta colaboração foi o contrato de comissão, este permitia à
empresa que outrem (o comissário), atuando com independência e contratando em nome
próprio, mas por conta do comitente, fosse vendendo os bens a terceiros. Tornando-se, garante
da satisfação das obrigações assumidas pelos adquirentes (que o comitente não conhecia) a
troco de comissões sobre os contratos realizados.
Mas depressa se avançou para o contrato de agência, pois é a forma de colaboração mais
ajustada aos interesses da empresa, contando com os desenvolvimentos dos meios de
comunicação e com a facilidade de obter informações sobre os clientes e de os aproximar à
empresa. E também a produção em série, possibilidade de negociação com base em simples
amostras e a progressiva diminuição da importância histórica da comissão e crescente afirmação
do agente.
O agente também é independente e atua com autonomia, poupa à empresa custos de
organização e é remunerado em função dos resultados obtidos.
A empresa continua a beneficiar da confiança que o público local deposita no agente, mas agora
é a empresa que celebra os contratos com o cliente, limitando-se o agente a promover a sua
celebração e a angariar clientela.
No entanto, face ao desenvolvimento económico, outras formas de colaboração foram
aparecendo, tendo sempre em vista o mesmo objetivo último - a distribuição dos bens: a
concessão e a franquia. Esta evolução acentua uma crescente separação entre a fase da produção
e a fase da distribuição.
A tarefa do agente consiste em promover os negócios da empresa, mas cabe a esta a decisão
final de contratar com os clientes que o agente angaria e de concluir os contratos que o agente
promove e negoceia.
Na concessão comercial, o concessionário também é colaborador do concedente, mas é um
comerciante independente que compra para revenda que negoceia em seu nome e por conta
própria. No entanto, o concessionário assume perante o concedente uma série de obrigações
contratuais que permitem ao fabricante um relativo controlo da atividade distribuidora e que lhe
asseguram a venda de uma certa quota de bens. Este controlo está ausente do tradicional
contrato de fornecimento.
Franquia ou franchising
A agência, a concessão e a franquia constituem hoje as principais modalidades dos contratos de
distribuição. Com uma ingerência mais acentuada do fabricante na fase da distribuição, chega a
dar a impressão ao cliente de que está a adquirir os bens diretamente ao fabricante (ou a uma
sua filial). Mas o franquiado é um distribuidor, independente do franquiador que no exercício da
sua atividade de distribuição atua com a imagem empresarial do franquiador, beneficia do
know-how que este lhe fornece e, por isso, tem de se sujeitar a um apertado controlo por parte
do franquiador.
Embora se possa dizer que estas formas de colaboração podem assumir formas muito diversas,
coexistindo o pequeno comerciante ao lado das grandes superfícies e do comércio integrado, na
verdade a tendência é hoje para a organização (cada vez mais complexa) e para a concentração,
que assume cada mais importância a integração em redes de distribuição. Mas claro que nada
impede a distribuição direta em que os bens se transmitem diretamente do produtor para o
consumidor final seja na própria sede da empresa, seja através de pessoal dependente ou através
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de sucursais ou filiais. Mas atualmente assume particular importância a distribuição indireta
aproveitando as vantagens da divisão do trabalho e da especialização.
O produtor concentra-se na produção e no aparelho produtivo eenunciando ao controlo da
comercialização. A comercialização passa a ser feita por pessoas ou empresas especializadas
que se encarregam dessa tarefa (grossistas e retalhistas). Mas é possível encontrar formas
intermédias de coordenar a produção com a distribuição permitindo assim ao produtor intervir
na distribuição sem anular a autonomia das partes e possibilitando uma integração vertical
convencionada, através dos contratos de distribuição.
A distribuição indireta pode ser integrada ou não integrada, consoante exista ou não uma
coordenação entre a produção e a comercialização. Na distribuição integrada, o distribuidor
mantém a sua independência e autonomia jurídica suportando os custos da organização e, em
regra, como qualquer comerciante, suportando também os riscos da comercialização (embora no
caso do agente isso possa não ser tão nítido), mas é integrado na empresa ou no grupo do
produtor com o qual coordena e articula a sua atividade, o que implica ter que seguir as
diretrizes do produtor e sujeitar-se a uma certa orientação, controlo e fiscalização.
Em contrapartida, o distribuidor vai usufruir de vários benefícios, provenientes de uma situação
de “privilégio” que lhe advém da sua integração naquela rede de distribuição.
Vantagens em termos de :
Oganização
Consistência
Dinâmica
Imagem
Política de marketing
Utilização do know how do produtor
Em resumo, a empresa pode distribuir os seus produtos e serviços através dos seus próprios
empregados e filiais ou recorrendo a terceiros (sem qualquer ligação a si) que atuarão por conta
e em nome próprio (como acontece com grossistas e retalhistas). Mas a empresa pode também
recorrer a esquemas intermédios utilizando pessoas independentes que colaborarão consigo, de
modo estável, na distribuição dos bens (agente, concessionário e franquiado). Assim, por via
contratual, o produtor acaba por intervir e controlar a fase da distribuição com custos e riscos
reduzidos ou de todo afastados graças a colaboradores independentes, mas que aceitam a
orientação e diretrizes do produtor em contrapartida das condições de comercialização
privilegiada de que passam a beneficiar seja em função da marca dos bens ou em função da
integração numa rede de distribuição.
Contrato de agência (Art. 1º DL 178/86) : agência é o contrato pelo qual uma das partes se
obriga a promover por conta da outra a celebração de contratos, de modo autónomo e estável e
mediante retribuição, podendo ser-lhe atribuída certa zona ou determinado círculo de clientes.
Complexa atividade material – prospeção de mercado, angariação de clientes, difusão dos
produtos e serviços, negociação.
A obrigação fundamental do agente é a de promover a celebração de contratos. A atividade do
agente antecede e prepara a conclusão dos contratos, mas aí já o agente não tem de intervir. Na
atividade do agente não estamos perante mera atividade publicitária. A obrigação de promover a
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celebração de contratos compreende um vasto e diversificado conjunto de atos. Objetivo último
é o de conquista ou desenvolvimento do mercado. Claro que a atividade de publicitação dos
bens e serviços do principal também integra a atividade do agente, mas o agente deve ainda
visitar clientes, fornecer-lhe catálogos, amostras e listas de preços, iniciar e prosseguir
negociações e dirigir ao principal as encomendas e propostas negociais.
O agente tem de atuar nos dois sentidos – do principal para o cliente e do cliente para o
principal. A obrigação do agente é também a de prestar informações ao principal sobre a
situação do mercado, reações e gostos da clientela, estado da concorrência.
• Importância das funções que caberá ao agente desempenhar intermediário privilegiado
para o conhecimento e conquista do mercado.
• Importância do know-how do agente, da confiança que inspira no mercado, o seu
relacionamento pessoal com os clientes, a sua reputação, laços de fidelidade, gratidão, o
espírito de colaboração do agente com a empresa do principal, mas também o dever do
agente de zelar pelos interesses do principal.
O que torna o contrato de agência um contrato de gestão de interesses alheios em ordem à
realização plena das finalidades do contrato (Art. 6º DL 178/86).
Mas o contrato de agência, por si só, não confere ao agente poderes para celebrar contratos com
terceiros (com os clientes). O agente limita-se a fomentar a sua conclusão, a preparar a
celebração do contrato, mas não lhe cabe a celebração dos contratos que promove, exceto se lhe
tiverem sido conferidos poderes para tal.
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Mas isto não obsta a que não possam ser apresentadas ao agente reclamações ou outras
declarações respeitantes aos negócios concluídos por seu intermédio (Art. 2º nº 2 DL 178/86).
(ex: denúncia de vícios ou defeitos da coisa adquirida)
Tal como não obsta a que lhe seja legalmente atribuída uma legitimidade processual (e extra-
processual) ativa (ainda que restrita), no sentido de poder requerer as providências urgentes que
se mostrem indispensáveis em ordem a acautelar os direitos do principal (Art. 2º nº3 DL
178/86).
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A questão da Aparência não é específica do contrato de agência, mas é um problema geral de
direito motivado pela necessidade de proteger e assegurar a confiança dos terceiros de boa fé. O
DL 178/86 estabelece, a este propósito, um dever de informação a cargo do agente (Art. 21º
DL 178/86) - “O agente deve informar os interessados sobre os poderes que possui” destinado a
assegurar a transparência, perante terceiros, acerca do conteúdo da relação interna que o liga ao
principal.
Nota: O Código do Registo Comercial veio considerar sujeito a registo o contrato de agência
“quando celebrado por escrito” (Art. 10º d) CRC), o que, dando publicidade aos factos
constantes do registo, contribui certamente para assegurar essa transparência.
Os contratos que o agente promove são normalmente contratos através dos quais o agente irá
vender os seus bens ou prestar os serviços que fornece razão pela qual o contrato de agência é
inequivocamente um contrato de distribuição. Mas o âmbito da agência pode ser mais alargado,
nada impedindo que a promoção dos contratos, a cargo do agente possa ser dirigida à aquisição
de bens e serviços para o principal.
O agente atua por conta do principal: a lei disciplina a relação interna entre o agente e o
principal.
Distintas serão as relações com terceiros, a culminar o processo de negociações conduzido pelo
agente (durante o qual o agente contacta os terceiros) o principal estabelece relações com os
clientes angariados pelo agente. Mas no exercício da sua atividade o agente atua sempre por
conta do principal, os efeitos dos atos que pratica destinam-se ao principal, repercutem-se o
projetam-se na esfera jurídica do principal.
Esta atuação por conta do principal é uma das notas características do contrato de agência e que
distingue este contrato da concessão ou da franquia: o concessionário e o franquiado atuam por
conta própria.
Atuar por conta de outrem será atuar no interessa dessa pessoa, o agente prossegue os interesses
do principal e deve zelar pela defesa dos interesses do principal “competindo-lhe zelar pelos
interesses da outra parte” – Art. 6º DL 178/86. - Há aqui uma relação de confiança entre as
partes.
Autonomia do agente
O agente é independente e atua com autonomia, ao contrário do trabalhador (trabalhador por
conta de outrem, juridicamente subordinado à entidade patronal, o trabalhador trabalha sob a
autoridade e direção da entidade patronal) não está sujeito ao poder disciplinar da contraparte.
No entanto a autonomia do agente não é absoluta: ele deve conformar-se com as orientações
recebidas, adequar-se à política económica da empresa e prestar regularmente contas da sua
atividade. (Art. 7º DL 178/86). Mas isto sem prescindir da sua autonomia, o agente deve:
“Respeitar as instruções da outra parte que não ponham em causa a sua autonomia” –
Artigo 7º a).
Fornecer as informações que lhe forem pedidas ou que se mostrem necessárias a uma
boa gestão
Esclarecer o principal sobre a situação de mercado e perspetivas dos clientes
12 CONTRATOS COMERCIAIS
A autonomia do agente permite-lhe considerar a necessidade de recurso a subagentes – Artigo
5º DL 178/86. E salvo convenção em contrário, o agente não tem direito de reembolso das
despesas incorridas no exercício normal da sua atividade – Artigo 20º DL 178/86.
Estabilidade: o agente exerce a sua atividade de modo estável, não tem em vista um ato
esporádico, uma operação isolada, mas tem um número indefinido de operações ou atuações.
Esta estabilidade é compatível com a fixação de prazos curtos (ex: é possível limitar-se a
eficácia do contrato a certos períodos ou épocas do ano).
No entanto, a atividade do agente não deve limitar-se à prática de um ato isolado, deve haver
uma atividade com continuidade dentro do período de tempo por que o contrato foi celebrado e
tem que existir uma relação contratual duradoura que não se extinga com um único ato de
cumprimento.
Art. 27º DL 178/86 - Duração do contrato (1. Se as partes não tiverem convencionado prazo,
o contrato presume-se celebrado por tempo indeterminado. 2. Considera-se transformado em
contrato de agência por tempo indeterminado o contrato por prazo determinado cujo conteúdo
continue a ser executado pelas partes, não obstante o decurso do respetivo prazo.) – É esta a
característica que distingue a agência do contrato de mediação.
O facto de o contrato se considerar celebrado por tempo determinado ou por tempo
indeterminado tem importância relativamente às formas de cessação do contrato (Arts. 26º e 28º
DL 178/86). No caso de contrato celebrado por tempo determinado, “o contrato de agência
caduca, especialmente, findo o prazo estipulado” (Art. 26º a) DL 178/86).
No caso de contrato celebrado por tempo indeterminado, a cessação do contrato ocorrerá por
denúncia do contrato.
Art. 28º DL 178/86 - Denúncia (1. A denúncia só é permitida nos contratos celebrados por
tempo indeterminado e desde que comunicada ao outro contraente, por escrito, com a
antecedência mínima seguinte: a) Um mês, se o contrato durar há menos de um ano; b) Dois
meses, se o contrato já tiver iniciado o 2.º ano de vigência; c) Três meses, nos restantes casos. 2.
Salvo convenção em contrário, o termo do prazo a que se refere o número anterior deve
coincidir com o último dia do mês. 3. Se as partes estipularem prazos mais longos do que os
consagrados no nº 1, o prazo a observar pelo principal não pode ser inferior ao do agente. 4. No
caso previsto no nº 2 do artigo 27.º, ter-se-á igualmente em conta, para determinar a
antecedência com que a denúncia deve ser comunicada, o tempo anterior ao decurso do prazo.)
No entanto, o disposto no Art. 27º nº2 DL 178/86 pode deixar algumas situações de dúvida,
parece que este artigo não se aplicará (ou seja, a consequência aí prevista de transformação do
contrato por tempo determinado em contrato por tempo indeterminado não se verificará) nos
casos em que as partes, tendo celebrado o contrato por determinado período de tempo
estipularem, elas próprias, de comum acordo, que o contrato se prorrogará por um outro período
de igual ou diferente duração.
Essa estipulação das partes poderá fixar o número máximo de prorrogações possíveis ou, pelo
contrário, não estabelecer qualquer limite. Se não for estabelecido número máximo de
prorrogações, o contrato prorrogar-se-á por períodos sucessivos se nenhuma das partes se
opuser (e se nenhuma das partes denunciar o contrato, nos termos do Art. 28º DL 178/86).
Neste caso, a declaração pela qual se faz cessar o contrato está sujeita à mesma antecedência
mínima estabelecida no Art. 28º DL 178/86.
13 CONTRATOS COMERCIAIS
Garantias dos contraentes : cada contraente tem a garantia de que o outro só poderá fazer
cessar o contrato (impedir a sua prorrogação) após ter decorrido o período de tempo
inicialmente previsto (período mínimo de vigência do contrato). A cessação só poderá ocorrer
no termo do período inicial ou no termo de qualquer dos períodos sucessivos. A declaração de
cessação tem de respeitar os prazos previstos no Art. 28º DL 178/86.
Atenção: Art. 27º nº2 DL 178/86 - Duração do contrato (2. Considera-se transformado em
contrato de agência por tempo indeterminado o contrato por prazo determinado cujo conteúdo
continue a ser executado pelas partes, não obstante o decurso do respetivo prazo.)
Para a transformação do contrato em contrato por tempo indeterminado exige-se que continue a
ser executado pelas partes (por ambas). Não haverá transformação do contrato se:
apenas uma das partes estiver a forçar uma situação de aparência de continuação de
execução, mas sem a anuência (com a oposição) da outra parte;
os atos praticados pelas partes após o decurso do prazo forem atos que devam ser
interpretados apenas como atos de liquidação do contrato anterior, cuja renovação as
partes claramente não desejam.
14 CONTRATOS COMERCIAIS
nos termos do Art. 16º nº3 DL 178/86. Neste caso, a comissão é devida ao agente anterior (Art.
17º DL 178/86).
Esta questão pode também colocar-se (em termos análogos) em situações que não são
propriamente de sucessão de agentes.
Exemplo: Um cliente, angariado pelo agente A, mudou-se para outra zona, onde o agente B tem
contrato de exclusividade. Celebrado o contrato, quem tem direito à comissão?
O agente. A que efetivamente foi quem angariou o cliente?
O agente B que tem o exclusivo da zona onde reside o cliente?
R: Parece que deverá ser o agente A (que efetivamente angariou o cliente) que deverá receber a
comissão. No entanto, a questão terá de ser analisada caso a caso.
Na questão do agente exclusivo, a lei assegura o seu direito à retribuição mesmo que o cliente
não tenha sido por si angariado nem o contrato tenha sido por si promovido. Desde que o
contrato tenha sido concluído com alguém pertencente à zona ou círculo de clientes que lhe foi
reservado (Art. 16º nº 2 DL 178/86).
Mas a qualidade de agente exclusivo “depende de acordo escrito das partes a concessão do
direito de exclusivo a favor do agente, nos termos do qual a outra parte fique impedida de
utilizar, dentro da mesma zona ou do mesmo círculo de clientes, outros agentes para o exercício
de atividades que estejam em concorrência com as do agente exclusivo” (Art. 4º DL 178/86).
Ou seja, o direito de exclusivo a favor do agente passou a depender do consentimento do
principal. Se o contrato nada disser, o principal não está impedido de utilizar outros agentes,
ainda que dentro da mesma zona ou círculo de clientes para o exercício de atividades
concorrentes com as do agente.
Porém, o agente está impedido de exercer, por conta própria ou por conta de outrem, atividades
concorrentes com a do principal.
Art. 6º DL 178/86 - Princípio geral (No cumprimento da obrigação de promover a celebração
de contratos, e em todas as demais, o agente deve proceder de boa fé, competindo-lhe zelar
pelos interesses da outra parte e desenvolver as atividades adequadas à realização plena do fim
contratual.) O que dificilmente se coadunaria com o exercício, pelo agente, de atividades
concorrentes com a do principal, sem o prévio consentimento deste.
Mas a obrigação de não concorrência do agente com o principal pode ter ainda uma outra
consequência, relativamente ao regime da cessação do contrato - Art. 9º DL 178/86 -
Obrigação de não concorrência - Por acordo escrito das partes no contrato de agência, pode
ser estabelecida a obrigação de o agente não exercer, após a cessação do contrato, as atividades
que estejam em concorrência com as da outra parte:
Por um período máximo de dois anos;
E circunscrito à zona ou círculo de clientes confiado ao agente;
15 CONTRATOS COMERCIAIS
Partes do contrato de concessão comercial: concedente e concessionário.
Contrato legalmente atípico: não está diretamente regulado por lei.
No entanto, a jurisprudência tem-se debruçado bastante sobre este contrato, que assume um
grande relevo no âmbito da distribuição comercial. Antecedente do contrato de concessão
comercial era o contrato de venda “exclusiva”. O desenvolvimento económico, a evolução do
comércio e da indústria, o aperfeiçoamento das técnicas de marketing e de distribuição vieram
alterar a relação entre o distribuidor e o produtor passando-se da mera exclusividade para a
imposição de certas cláusulas ao distribuidor.
O distribuidor passou não só a ter a obrigação de adquirir bens do produtor para revenda, mas
também de promover a sua comercialização em conformidade com as indicações do produtor.
Em contrapartida desta obrigação a cargo do distribuidor e das limitações a que possa a estar
submetida a sua atividade, é-lhe concedida uma posição de privilégio na comercialização de
determinados bens.
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Ao contrário do agente, o concessionário atua em seu nome e por conta própria, adquire a
propriedade da mercadoria (em princípio), compra para revenda e assume os riscos da
comercialização.
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questão através de cláusula inserida no contrato de concessão (no momento da cessação pode
não ser fácil as partes entenderem-se sobre isto).
Artigo. 239º CC - Integração (Na falta de disposição especial, a declaração negocial deve ser
integrada de harmonia com a vontade que as partes teriam tido se houvessem previsto o ponto
omisso, ou de acordo com os ditames da boa fé, quando outra seja a solução por eles imposta.)
Concessão e distribuição seletiva
O distribuidor seletivo também é um comerciante independente que compra para revenda
atuando em seu nome e por conta própria. O distribuidor seletivo não beneficia do privilégio de
um direito de exclusividade. O concessionário pode beneficiar ou não de um direito de
exclusividade.
A distribuição seletiva responde às preocupações das titulares marcas importantes:
Sistema de comercialização de produtos de marca sobretudo produtos de luxo e de alta
tecnicidade;
Interesse em controlarem a distribuição, mantendo e assegurando o prestígio da marca e
a qualidade dos serviços através de apurada seleção de revendedores e de instalações
comerciais adequadas.
Produtos de luxo: o produtor/fabricante não quererá que sejam vendidos em qualquer sítio ou
por qualquer comerciante.
Produtos de alta tecnicidade: o produtor/fabricante pretenderá dispor de revendedores
competentes e capazes de assegurar serviços pós-venda eficazes.
O produtor/fabricante seleciona os seus revendedores em função de requisitos rigorosos e
apertados, normalmente de ordem qualitativa, só fornecendo os seus bens a esses revendedores.
Nada impede que o revendedor comercialize outros bens concorrentes, mas só pode adquirir os
produtos junto do fabricante ou de revendedor selecionado.
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O distribuidor seletivo não beneficia de qualquer direito de exclusivo podendo ter de se
confrontar com outro revendedor seletivo da mesma marca a atuar perto de si.
Também aqui se torna necessária a colaboração entre as partes com um contrato-quadro, através
do qual se define e executa a política comercial do fabricante e se procede à integração do
revendedor na rede de distribuição seletiva. No entanto, estas características também se
encontram no contrato de concessão, mas com menor intensidade no contrato de distribuição
seletiva e, neste caso, há uma espécie de especialização do distribuidor seletivo em função das
razões específicas que determinaram o produtor/fabricante a procurar um distribuidor seletivo.
Podem colocar-se aqui questões de direito de concorrência, mas estes contratos tendem a
assegurar um melhor serviço aos consumidores.
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contrapartidas, a comercialização dos seus bens, através da utilização da marca e dos demais
sinais distintivos do produtor, em conformidade com o plano, método e diretrizes estabelecidas
pelo produtor, fornecendo o produtor ao franquiado conhecimentos (know-how) e assistência
regular.
Vantagens para o franquiador:
Passa a controlar e a dirigir a distribuição dos seus bens através de empresas
independentes como se fosse uma filial sua a atuar, mas sem os pesados custos e os
riscos inerentes à manutenção de uma filial;
O franquiar continua a poder zelar por (e a garantir) uma elevada qualidade dos serviços
prestados uniformizando as condições de venda dos seus produtos e difundido o seu
nome e as insígnias e marcas dos seus produtos;
Recebe ainda contrapartidas financeiras pela fórmula que criou e que assim vai
explorando.
Vantagens para o franquiado:
Beneficia da possibilidade de comercializar bens já conhecidos do público (bens pré-
vendidos), utilizando a marca e demais sinais distintivos de uma grande empresa (com
uma projeção muito mais visível, muitas vezes até com grande projeção internacional) –
benefício da utilização da imagem e reputação de outrem;
Poupa investimentos que de outro modo teria de suportar;
Não tem de se sujeitar aos riscos sempre inerentes ao lançamento de produtos e/ou
serviços;
Poupa investimentos publicitários;
Passa a fazer parte de um sistema de integração vertical, que lhe permite beneficiar
comercialmente do poderio e renome de uma grande empresa.
Cada vez mais se nota na área comercial que não basta ter um produto (ainda que seja um bom
produto) para aceder a um mercado, pois é cada vez mais necessário ter algo mais:
Uma qualificação, uma marca, uma aparência
Uma imagem, uma roupagem personalizada
Um emblema, uma ideia ou um formato inovador e atrativo
Franquia ou franchising: contrato pelo qual alguém (franquiador) autoriza e possibilita que
outrem (franquiado), mediante contrapartidas, atue comercialmente, produzindo e/ou vendendo
produtos e/ou serviços do franquiador, de modo estável usando para isso a fórmula de sucesso
do franquiador (sinais distintivos, conhecimentos – know-how -, assistência) e surja aos olhos
do público com a imagem empresarial do franquiador, obrigando-se o franquiado a atuar nos
termos definidos pelo franquiador, a respeitar as indicações que lhe forem sendo dadas e a
aceitar (e ficando sujeito ao) controlo e fiscalização do franquiador.
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Habitualmente, tanto o concessionário como o franquiado beneficiarão de um direito de
exclusivo;
Em ambos os casos, se poderá verificar uma obrigação de assistência aos clientes;
Bem como uma interferência e um controlo da contraparte (concedente/franquiador) na
organização do concessionário/franquiado.
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Master franchise: (importante a nível internacional) o franquiador acorda com alguém
(franquiado) situado na zona ou mercado onde ele pretende entrar e que o franquiado celebre
contratos de franquia com terceiros sub-franquiados. No Master Franchise temos a coexistência
de um contrato de franquia principal e depois de vários subcontratos de franquia.
Aqui a questão é saber se o contrato principal se deverá ou não qualificar como autêntico
contrato de franquia ou apenas como mero contrato de utilização de marca para futuros
contratos de franquia. A questão deverá ser considerada caso a caso e dependerá da concreta
configuração do contrato principal:
dos detalhes do mesmo;
das obrigações que impendam sobre o franquiado;
do modo como se processa o controlo pelo franquiador;
das obrigações de assistência assumidas pelo franquiador.
Também o franchising é um contrato legalmente atípico :
É um contrato misto com componentes de um contrato de gestão de interesses alheios e
de licença de exploração de direitos de propriedade industrial.
É um contrato-quadro que faz surgir entre as partes uma relação duradoura pautada por
estreita colaboração e apertados laços de confiança entre as partes. Esta questão da
confiança pode tornar-se particularmente relevante para efeitos da resolução do
contrato.
O contrato de franquia tem um outro traço fundamental em comum com os restantes contratos
de distribuição: a obrigação para o franquiado de promover os interesses da outra parte (o que
constitui um ponto importante para o recurso, também aqui, às regras do contrato de agência),
mas o regime das cláusulas contratuais gerais também terá que ser considerado – muitos
contratos de franquia são, na verdade, complexos contratos de adesão, assim como as questões
relativas à responsabilidade do produtor.
No entanto, poderá dizer-se que a aplicabilidade das normas do contrato de agência ao contrato
de franquia (dentro dos mesmos parâmetros do contrato de concessão comercial), encontra
apoio em decisões jurisprudenciais, que consideram o contrato de agência como paradigmático
dos contratos de distribuição e na doutrina (Menezes Cordeiro) também se vem considerando a
agência como a figura-matriz dos contratos de distribuição.
Mas a aplicação do regime jurídico da agência aos restantes contratos de distribuição não
poderá ser automática, antes deverá fazer-se através do recurso à analogia.
Mas o regime jurídico do contrato de agência é importante a este respeito, especialmente no que
se refere ao capítulo sempre delicado da cessação do contrato (ex: a chamada indemnização de
clientela). Indemnização de clientela: destinada a indemnizar alguém pelos benefícios de que
outrem (o principal, o concedente, o franquiador) continue a usufruir após o termo do contrato e
que devam creditar-se ainda, no essencial, à atividade do primeiro (agente, concessionário,
franquiado) antes de o contrato cessar.
Questão de saber se o agente, o concessionário ou o franquiado, no caso concreto, pelos
serviços que prestaram, tarefas que cumpriram, funções que exerceram, poderão ou não ser
considerados como relevante fator de atração de clientela. Mas questão é saber também se, tal
como acontece no contrato de agência, se também nos casos da concessão e franquia, o
concedente ou franquiador virão (ou não) a beneficiar dessa clientela. Em muitos casos, eles não
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teriam possibilidade de se aproveitarem da clientela após a cessação do contrato, ou seja, os
clientes do distribuidor (não do concedente, nem do franquiador).
No entanto, há casos em que o próprio contrato (de concessão ou de franquia) pode vincular o
concessionário (ou franquiado) a transferir a clientela no momento da cessação do contrato. Mas
também se tende a considerar hoje em dia que o benefício de clientela existe
(independentemente da existência ou não dessa vinculação no contrato) se no decurso do
contrato, por força das obrigações contratuais impostas ao concessionário ou franquiado o
concedente ou franquiador tiver acesso aos dados de clientela em poder da outra parte, através
do cumprimento por este de deveres contratuais com esse alcance. Em termos tais que, ao findar
a relação contratual entre as partes o concedente ou franquiador fique de facto com a clientela
acessível beneficiando ou podendo beneficiar do trabalho desenvolvido pela outra parte durante
o período de duração do contrato.
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