Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Elementos
980cc noção civilística de sociedade enquanto entidade:
• Sujeito ou agrupamento de pessoas (sócios)- composta por norma por 2 ou mais sócios 7csc. Mas, há
exceções: sociedades unipessoais, nomeadamente sociedades supervenientemente unipessoais (sociedades
reduzidas a um único sócio, apesar de terem sido constituídas por dois ou mais, 1007d)cc, 142n1a), 270-
An2, 464n3csc), e, sociedades originariamente unipessoais (constituídas por um só sujeito 270-An1,
488n1, 481n1 csc não está prevista no cc).
• Substrato patrimonial- património próprio, é inicialmente constituído das obrigações de entradas, que
todo o sócio é obrigado a entrar com bens para a sociedade 983n1cc, 20ª)csc.
• Objeto da sociedade- o objeto social é a atividade económica de não mera fruição que os sócios ou não
sócios se propõem exercer mediante a sociedade. A atividade económica deve ser certa ou determinada
(11n2csc), mas não é essencial, derivando apenas consequências.
• Fim da sociedade- o fim ou o escopo lucrativo da sociedade é a obtenção, através do exercício da
atividade-objeto social, de lucros e a sua repartição pelos sócios 2,6,10n5a , 21, 22,31,217 e 294 csc.
• Sujeição a perdas- os sócios podem perder, em vez de lucrar, e poderão não recuperar o valor das entradas
e de outras prestações efetuadas. Nenhum sócio pode estar isento deste risco inerente à própria noção de
sociedade 994cc, 22n3csc(proibição do pacto leonino).
• Síntese- sociedade é a entidade que, composta por um ou mais sujeitos, tem um património autónomo para
o exercício de atividade económica, a fim de obter lucros e atribuí-los aos sócios, sujeito a perdas.
2
Direito Comercial II
SQ:
• Órgão deliberativo-interno: coletividade dos sócios (assembleia geral) 246;
• Órgão de administração e representação: gerência 252, composta por um ou mais gerentes, pessoas
singulares com capacidade jurídica plena que podem ser sócios ou não;
• Órgão de fiscalização e controlo: conselho fiscal ou fiscal único 262n1, 413n1a.
SA:
• Órgão deliberativo-interno: coletividade dos sócios (AG) 373;
• Órgão de administração e representação: conselho de administração ou conselho de administração
executivo ou administrador único 252n1. Nas sociedades com estrutura tradicional ou tipo germânico cujo
capital não exceda 200 000, pode haver um só administrador 278n2, 390n2 e 424n2. Nas sociedades com
estrutura monista o órgão é sempre plural 278n1b, 5.
• Órgão de fiscalização e controlo: devem ter sempre um órgão de fiscalização. Estrutura tradicional (fiscal
único ROC, não sócio), ou conselho fiscal (ROC, não sócio) 278n1a,2, 413n1a e 4, 414n1,2. Ou, separado.
SCS e SCA:
• Órgão deliberativo-interno: coletividade de sócios (AG) 472;
• Órgão de administração e representação: gerência 470,474,478;
• Órgão de fiscalização e controlo: SCA terão por normal conselho fiscal ou fiscal único, regime ao das
SA 478,413.
Transmissão de participações sociais
Participação social- (parte, quota, ação) é definível como conjunto unitário de direitos e obrigações atuais e
potenciais do sócio.
Transmissão por morte:
• SNC: ocorrendo o falecimento de um sócio, se o contrato social não determinar diversamente, podem os
sócios sobrevivos optar por : 184n1 continuar a sociedade com os sucessores; dissolver a sociedade;
liquidação da parte do sócio falecido.
• SQ: a regra é da transmissão da respetiva quota para os sucessores 225 a contrario. Clausula de proibição
( não se transmitir para os sucessores), clausula de condicionamento (dependente dos requisitos ou à
vontade dos sucessores 226). Sócio comanditário da SCS 475).
• SA e SCA: (sócios comanditários) as participações sociais são ações 271, 465n3, rege-se pelo direito
comum das sucessões 2024cc.
• SCS SCA comanditado: SNC 469n2.
Transmissão entre vivos:
• SNC: o sócio só pode transmitir a sua parte social (a titulo oneroso ou gratuito) com expresso
consentimento dos restantes sócios 182n1. Defense-se o interesse dos restantes sócios e impedir entrada
na sociedade de sujeitos indesejados.
• SQ: o sócio pode transmitir livremente a respetiva quota se o adquirente for o cônjuge , ascendentes ou
descendentes 228n2 2p. Fora destes casos a cessão só é eficaz quando for consentida 239n2, o
consentimento é dado pela deliberação dos sócios 230 e basta a maioria dos votos.
• SCS: 475 sócios comanditários.
• SA: em regra são livremente transmissíveis, mas pode haver limitações no estatuto 328 e 329.
• SCA: SA 478. Comanditado: deliberação autorizante dos sócios 469.
3
Direito Comercial II
7n2- Capital social- cifra representativa da soma dos
dissolução valores nominais das participações sociais
142n1,3 Nº mínimo de sócios fundadas em entradas em dinheiro ou espécie.
Estas entradas devem ter um valor idêntico ou
superior ao valor atribuído àquelas participações
25.
SNC Aplicável a regra geral, exige-se a participação de Constituídas por sócios somente com a sua indústria
2 sócios. ou trabalho não tem capital social 9n1f e 178n1.
Nos demais casos, a lei não fica qualquer limite.
SQ Pode ser constituída por um único sujeito É imposto um valor mínimo de 1 euro para cada
(sociedade por quotas unipessoal 270An1) quota, 2 euros sociedades pluripessoais. Antes era
5000. 201
SA A regra é de um mínimo de 5 sócios 273. Mas,
uma SA pode ser constituída por uma só
sociedade 481n1 e 488n1 (quotas, anonima ou Capital mínimo 50 000 276n5.
comandita por ações). E, pode ser constituída por
2 sócios, em que uma delas é o Estado 273n2.
SCS e SCA SCS- SNC SCS- não há qualquer limite
SCA- mínimo de 6 sócios (1 comanditado e 5 SCA- 478 SA.
comanditários) 465n1 e 479
5
Direito Comercial II
1º concluindo um contrato de sociedade comercial, e antes de lhe ser dada forma, pode acontecer que os sócios
realizem logo negócios em nome dela. Isto pode acontecer , porque os sócios ignoram a exigência da forma
legal, porque entendem que a urgência dos negócios não admite espera.
2º a lei não proíbe esta prática, nem o facto do contrato social sem forma legal ser considerado nulo inviabiliza
a aludida atuação , 41n1, 220, 42n1e.
3º contudo, sem a forma exigida (para já não falar do registo) a sociedade não está perfeitamente constituída,
sendo uma situação irregular—é preciso disciplinar 36n2.
4º nas relações internas (relações entre sócios e sociedade): 983’sscc e 1001cc. Nas relações externas: 996cc.
No 36n2 ao remeter para as disposições sobre as sociedades civis, não deve ser interpretado de modo a
qualificarem-se como sociedades civil as sociedades com objeto comercial, mas sem o contrato celebrado pela
forma legal.
Regime das relações internas depois da celebração do ato constituinte e antes do registo
37- no período compreendido entre a celebração do ato constituinte e o seu registo definitivo, são aplicáveis
às relações internas (relação entre os sócios e entre os sócios e a sociedade). Apesar da falta do registo, o
regime das relações internas , já é nesta fosse , em principio, o aplicável depois do registo. Porém o n2 do 37
prevê exceções.
Regime das relações das sociedades com terceiros depois da celebração do ato constituinte e antes do
registo
38-40
• SNC 38: pelos negócios realizados em nome de uma sociedade em nome coletivo, com o acordo de todos
os sócios, respondem solidaria e ilimitadamente todos esses sócios. Pelos negócios não autorizados por
todos os sócios respondem pessoal e solidariamente os que realizaram e os que os tenham autorizado.
• SCS 39: se for com o acordo de toso os sócios comanditados, respondem por eles, pessoal e solidariamente
(n1). Pelos negócios não autorizados por toos os sócios comanditados respondem pessoal e solidariamente
quem os tenha realizado e os sócios comanditados que os tenham autorizado (n3).
• SQ, SA, SCA 40: as pessoas que atuaram em nome das sociedades e sócios que autorizaram respondem
ilimitada e solidariamente. Os restantes sócios, a sua responsabilidade é limitada às entradas a que se
obriga cada um dos sócios, acrescidas das importâncias que tenham recebido a titulo de lucros ou de
distribuições de reserva.
Além dos sócios e pessoas indicados nos 38-40, também as sociedades respondem com os respetivos
patrimónios pelos negócios realizados em seu nome?
Argumento: Antes do registo a sociedade não existe, ou ainda não existe como pessoa jurídica, ou seja, não
há um património social propriamente dito, logo a sociedade (pré-sociedade) não responde. Contra-
argumento: ainda que sem personalidade jurídica, a sociedade-ente já existe, logo tem um património próprio
, constituído pelos créditos correspondentes das obrigações de entrada e bens. Pode participar no tráfego
juridico (38-40), tem direitos relativos à entrada (15,17), dever de pedir o registo, negócios realizados em
nome da sociedade.
Argumento: 38-40 nada se diz sobre a responsabilidade das sociedades, devendo, pois, entender-se
responderem exclusivamente os sujeitos aí mencionados. Contra-argumento: o silencio da lei não significa
aqui exclusão de responsabilidade civil, pois se a sociedade já responde antes da celebração do contrato social
(e registo) 36n2, por identidade ou maioria de razão ela responderá depois da celebração.
6
Direito Comercial II
Argumento: o fundo patrimonial constituído antes do registo não pode ser onerado com as obrigações
emergentes dos negócios realizados em nome da sociedade, pois só assim se garantirá que a sociedade nasça
(no registo) com um património correspondente ao capital nominal. O património não deve ser diminuído
antes do registo, deve ser preservado de modo a ter naquele momento valor identifico ao do capital social.
Contra-argumento: o valor das participações sociais não pode exceder o valor das entradas correspondentes
(25), as entradas dos sócios devem ser realizadas até ao momento da celebração do ato constituinte (26, 199b,
277n2) e declarar, sob sua responsabilidade, a realização das respetivas entradas em dinheiro (202n4, 277n4).
O controlo é efetuado pelo conservador de registo comercial (notário, quando o ato constituinte haja sido
celebrado com escritura pública), mas o controlo não se estende às posteriores variações do património, o
atual direito não consagra a proibição de pré-endividamento ou oneração do património social.
Argumento: 19 prescreve que a sociedade “assume” com o registo diversos direitos e obrigações e que pode
“assumir” outros posteriores ao registo. Ora, a “assunção” significara que a sociedade não era antes do registo
sujeito a tais obrigações (595cc), não podendo responder. Contra-argumento: a assunção prevista no 19 não
significa ai transmissão de direitos e obrigações para a sociedade. Os direitos e obrigações assumidos com ou
depois do registo continuam e consolidam-se na sociedade, ela é a única responsável pelas obrigações
contraídas antes do registo, há identidade da sociedade antes e depois do registo.
Posição defendida: também as sociedades respondem pelos atos em seu nome realizados no período
compreendido entre a celebração do ato constituinte e o seu registo definitivo. Com dois limites: 1- as
sociedades não respondem por obrigações que não podem assumir depois do registo.19n4, essas obrigações
são as derivadas de negócios jurídicos não mencionados no ato constituinte e que versem vantagens especiais,
despesas de constituição, entradas em espécie ou aquisição de bens. 2- excetuados os casos em que haja
autorização dos sócios, parte do património social das sociedades por ações ( o dinheiro das entradas
depositado em instituições de crédito), não pode ser mobilizada (exceto por via judicial) para pagar a credores
art 2775b e 478.
Os sócios e os que atuam em nome da sociedade, solidariamente responsáveis entre si 38n1,2, 39n2,3 e
40n11p, respondem solidariamente também com as respetivas sociedades?
Impor-se-á aqui a analogia ao 36n2 remetendo ao 997n1,2. Cada um daqueles sujeitos, bem como a sociedade,
respondem pela prestação integral e esta a todos libera 512n1cc.No entanto, esta solidariedade não funciona
plenamente, pois, ainda segundo as normas, os referidos sócios e atuantes em nome da sociedade são
responsáveis subsidiariamente ( podem, quando demandados, exigir a prévia execução do património).
Os sócios referidos na 2º parte do n1 do 40, sócios que não agem os negócios em representação da
sociedade, nem os autorizaram, respondem solidariamente com os que atuam em nome da sociedade e
com os sócios que autorizaram tal atuação?
A resposta deve ser negativa. Além da responsabilidade desses sócios ser limitada, o que em geral casa mal
com o regime de solidariedade, a ideia que subjaz a tal responsabilidade será a de permitir aos credores
fazerem-se pagar também com bens que ainda não entram na sociedade ( mas de que ele é credora: bens de
entrada ainda não realizadas) ou que dela saíram ( lucros e reservas). A ideia próxima do 30n1 da sub-rogação
dos credores à sociedade. Ou seja, ao contrário da 1p do n1 do 40 não preveja a solidariedade.
Efeitos do registo
7
Direito Comercial II
1- Personalidade jurídica : As sociedades adquirem personalidade jurídica com o registo definitivo do
ato constituinte , 5. Pode falar-se de registo constitutivo- esta não pode ser invocada nas relações
sociais interna e externas antes de efetuado o registo definitivo do ato constituinte.
2- Assunção ipso iure : Constituição ipso iure pela sociedade de direitos e obrigações decorrentes de
atos em nome dela realizados antes do registo e na possibilidade de assunção por ela de outros direitos
e obrigações decorrentes de negócios jurídicos igualmente em nome dela antes do registo. Com o
registo definitivo do ato constituinte, a sociedade 19n1 assume de pleo direito automaticamente:
a) Os direitos e obrigações respeitantes a vantagens especiais concebida a sócios. 16n1;
b) Os direitos e obrigações resultantes da exploração de estabelecimento objeto de entrada de sócios ou
que tenha sido adquirido por conta da sociedade em execução de clausulas de ato constituinte;
c) Os direitos e obrigações decorrentes de negócios jurídicos concluídos antes da celebração do ato
constituinte e que neste sejam especificados e expressamente ratificados.
Quando os direitos e obrigações decorrentes de atos realizados em nome da sociedade antes do registo não
estiverem previstos no 19n1, não são assumidos automaticamente. 19n2,3,4.
Se alguns dos sujeitos liberados da referida responsabilidade tiver cumprido alguma obrigação social contraída
antes do registo terá o direito de exigir da sociedade o equivalente daquilo que prestou.
19n3- cabe ao conservador do registo comercial o controlo relativo às entradas e à cobertura do capital social
pelo património inicial, não lhe cabendo, controlar posteriores variações do património social. A sociedade
ode atuar antes do registo, mas fica sujeita ao risco de perder , mas pode também lucrar, e os terceiros sabem
disso. Os órgãos de administração também se aplicam antes do registo. 40.
3- Invalidade.
Outros desvios importantes ao regime geral da nulidade dos negócios jurídicos ( 286cc): 44.
8
Direito Comercial II
• 41n2
• A nulidade ou anulação de uma das declarações negociais não determina a invalidade do contrato social,
salvo quando se mostre que este não teria sido concluído sem a parte viciada ( 292.º CC). Não sendo
possível a redução terá o contrato inválido os efeitos previstos no 52.º CSC.
Depois do registo:
• SQ, SA, SCA: 54n1. Em consonância com a lei civil e denotando uma vez mais especial proteção dos
incapazes, diz o n.º2 do 45.º CSC que, nas mesmas sociedades (por quotas e por ações), a incapacidade de
um dos contraentes torna o negócio jurídico anulável relativamente ao incapaz. Anulada a declaração de
incapaz, tem ele o direito de reaver o que prestou e não pode ser obrigado a completar a sua entrada ( 47.º
CSC).
SNC e SCS: 46, 47. Com respeito a todas as sociedades, os artigos 49.º a 51.º CSC (de inspiração francesa)
visam potenciar a certeza jurídica e/ou a sanação dos vícios resultantes de erro, dolo, coação, usura e
incapacidade.
Nota: a cláusulas do ato constituinte que, por serem proibidas por lei, são nulas (antes ou depois do registo),
embora não determinem a nulidade de todo o ato, devendo antes ser consideradas não escritas e, nalguns casos,
substituídas pelas correspondentes normas legais dispositivas ou imperativas.
Acordos parassociais
Acordos para sociais são os contratos celebrados entre todos ou alguns sócios , ou entre sócios e terceiros ,
produtores de efeitos atinentes à posição jurídica dos pactuantes sócios e atinentes também e outros pactuantes
e a vida societária, mas que não vinculam a própria sociedade.17, 219 princípio da liberdade de forma e não
é exigido registo ou publicação
Ex: numa SA -votar uniformemente em certas pessoas ou em pessoas indicadas por determinados sócios para
membros do conselho de administração ou não vender as respetivas ações a terceiros durante certo período de
tempo.
10
Direito Comercial II
coisas” – os sócios não respondem ilimitadamente porque as obrigações sociais não são obrigações próprias,
mas antes obrigações de outrem (a sociedade).
Desconsideração da personalidade coletiva ( e da subjetividade jurídica)
Reveladora também de uma perspetiva não absolutizadora da personalidade jurídica é a figura da
“desconsideração da personalidade coletiva”. As sociedades, como pessoas coletivas, são autónomos sujeitos
de direito, separados dos respetivos membros (neste caso, sócios). Sucede, porém, que, como bem se vê, esta
é uma separação fictícia: --a sociedade existe por e para os sócios (sem estes, a sociedade não existiria
enquanto ente);---A sociedade manifesta a sua vontade pela atuação dos órgãos, compostos (pelo menos em
parte) por sócios;---A sociedade é instrumento utilizado pelos sócios para prosseguir os seus interesses;---O
património da sociedade está, verdadeiramente, ao serviço dos sócios, enquanto pessoas físicas (embora sendo
titulado pela sociedade, enquanto pessoa jurídica).
Em face destas considerações, por vezes, em derrogação do “princípio da separação”, levanta-se o véu da
personalidade coletiva, passando a encarar como sujeitos das relações os sócios em si (e não a sociedade).
Deste modo, pode definir-se a desconsideração da personalidade coletiva nos seguintes termos: “derrogação
ou não observância da autonomia jurídico-subjetiva e/ou patrimonial das sociedades em face dos respetivos
sócios.
Tal desconsideração legitimar-se-á através do recurso a operadores jurídicos como, nomeadamente: 1-
interpretação teleológica de disposições legais e negociais; 2- Instituto do abuso de direito ( 334º CC). 84,
180n4, 254n3, 477
Casos de imputação
• Uma pessoa que, por efeito de um trespasse, fica obrigada a não concorrer durante certo tempo com o
trespassário viola tal obrigação quando constitui uma sociedade unipessoal ou quando entra em outra
sociedade concorrente ou com objeto idêntico ao do estabelecimento alienado.
• A venda da totalidade ou maioria das participações sociais feita por um sócio ou grupo de sócios a um ou
mais sujeitos (coligados) não se identifica (não é a mesma coisa que) a venda da empresa social. Todavia,
para certos efeitos, aquela venda é equiparável a esta, devendo aplicar-se o regime da venda das empresas
em sentido objetivo à venda da totalidade ou da maioria das participações sociais. 905 913cc
• O 877.º CC proíbe, sob pena de anulabilidade, a venda a filhos ou netos sem o consentimento dos outos
filhos ou netos.
• A nulidade ou anulação de certos negócios jurídicos são inoponíveis a terceiros de boa fé (291.º CC).
• Em certas situações de conflito de interesses, estão os sócios impedido de exercer o direito de voto (251.º
e 384.º, n.º6 CSC.
Casos de responsabilidade
• “descapitalização provocada” -(pelos sócios). Estas situações surgem quando, numa sociedade de
responsabilidade limitada com problemas de liquidez, os sócios deslocam a produção para sociedade nova
por eles constituída ou para sociedade já existente de que são também sócios, de modo a diminuir
grandemente ou cessar a atividade da primeira sociedade. Deste modo, a sociedade, que já tinha problemas
de liquidez, ficará impossibilitada de cumprir as suas obrigações com terceiros (pois deixou de dispor,
além de meios de liquidez, de património – ex.: são “doadas” à nova sociedade as máquinas, os imóveis,
etc.). Em contrapartida, os sócios ganham a possibilidade de “começar de novo”. Logicamente, só assim
é porque a sua responsabilidade é limitada. Nestes casos, haverá que desconsiderar a personalidade jurídica
da sociedade, fazendo os sócios responder, enquanto tais, perante os credores sociais (pese embora a sua
virtual responsabilidade limitada). Assim será porquanto se verifica aqui um abuso da personalidade
coletiva. Havendo abuso de direito, há ilícito. Assim, se além da ilicitude ficar prova a culpa dos sócios, o
11
Direito Comercial II
dano para os credores e o nexo de causalidade entre aquela conduta e este dano, poderá ainda haver lugar
à responsabilização dos sócios (embora, aparentemente, o devedor seja a sociedade, e não os sócios).
Refira-se, neste contexto, que há quem propugne, em vez da aplicação da figura da desconsideração da
personalidade coletiva, apelar a uma responsabilidade interna, dos sócios para com a sociedade. Ao
procederem do modo exposto os sócios violam o dever de lealdade (= dever de não atuar de modo
incompatível com o interesse social) que sobre eles impende. Assim sendo, ainda que fosse inverosímil
que a sociedade intentasse ação de responsabilidade contra os seus sócios, poderia bem suceder que os
próprios credores da sociedade exercessem, em ação sub-rogatória contra os sócios, o direito de
indemnização da sociedade. Embora esteja seja uma hipótese juridicamente possível, a verdade é que
parece demasiado complexa e custosa.
• “mistura de patrimónios”- Estamos perante o caso típico de dois cônjuges que, sendo sócios únicos de
uma sociedade, se comportam como se o património social fosse património comum do casal: os bens
circulam entre os patrimónios sem registos contabilísticos ou com registos insuficientes. Também aqui há
um abuso de direito, já que a sociedade, dispondo de um património autónomo, deveria ter sido criada
para atuar enquanto ente autónomo, com património próprio e independente.
• “subcapitalização material manifesta”- Diz-se em estado de subcapitalização material a sociedade que não
dispõe de capitais próprios suficientes para o exercício da respetiva atividade. A subcapitalização material
será manifesta ou qualificada quando facilmente reconhecível pelos sócios. Poderemos falar em
subcapitalização material manifesta: → Originária: desproporção anormal entre o capital social e as
exigências da atividade que os sócios se propõem a desenvolver por meio da sociedade evidente logo
aquando da sua constituição; → Superveniente: falta de capitais próprios manifestada em momento
posterior, decorrente, nomeadamente, de perdas graves ou de ampliação da atividade social. Ora, é certo
que os sócios atuam por intermédio de sociedade que lhes proporciona um risco limitado (risco de perder
o valor das entradas, mas já não o risco de responder por dívidas sociais). Porém, a limitação desse risco
não deve ir ao ponto de a atividade social gerar grandes benefícios para os sócios e gerar prejuízos para os
credores sociais – a partilha de riscos societários tem a sua medida, não sendo legítimo aos sócios alijar
desproporcionadamente os seus em detrimento de terceiros (os credores).
Nota : como resulta da própria designação, a problemática da desconsideração é habitualmente referida à
personalidade jurídica. Todavia, vimos que sociedades sem personalidade têm também subjetividade jurídica.
Pois bem, todos ou quase todos os exemplos de desconsideração da personalidade apontados podem
igualmente ser referidos a sociedades não personalizadas. Há lugar também, portanto, para a desconsideração
da subjetividade jurídica. Apesar das críticas de que vem sendo alvo, a figura da desconsideração da
personalidade coletiva (e da subjetividade jurídica) revela- e muito capaz de contrariar algumas disfunções
das sociedades perpetradas por sócios.
Capacidade jurídica das sociedades
Delimitação da capacidade pelo fim social
O problema da capacidade jurídica (ou de gozo de direitos) das sociedades – o problema da medida dos direitos
e obrigações e que as sociedades podem ser titulares – pode receber (e tem recebido, segundo os tempos e os
espaços) respostas variadas.
Uma possibilidade é a capacidade das sociedades ser balizada pelo escopo lucrativo que às mesmas se
reconheça – é esta a solução do atual Direito português. Não é difícil verificar que o sistema da capacidade
jurídica geral protege mais a segurança e a rapidez do comércio jurídico.
6 norma imperativa- Por conseguinte, excetuados os direitos e obrigações vedados por lei e os inseparáveis,
pela natureza das coisas, da personalidade singular, entram na capacidade jurídica das sociedades todos os
direitos e obrigações que se revelem, à partida, indispensáveis ou úteis à consecução do seu fim (160.º C).
12
Direito Comercial II
Vimos já que o fim social é o escopo lucrativo, o intuito de obter lucros para atribuí-los ao(s) sócio(s). Tais
atos, contrários ao escopo lucrativo das sociedades são nulos.
Enquanto a capacidade diz respeito a tudo aquilo que a sociedade pode fazer enquanto tal, a vinculação refere-
se aos atos que vinculam a sociedade perante terceiro.
O objeto social não limita a capacidade
6n4- C afirma expressamente a não limitação da capacidade da sociedade pelo respetivo objeto social. Um ato
social excede ou é alheio ao objeto da respetiva sociedade quando se revele inservível para a realização das
atividades que a sociedade pode, nos termos do estatuto, exercer. Portanto, trata-se de casos em que entre o
ato praticado e o objeto social não existe uma relação de potencial instrumentalidade (aquele não é um meio
para atingir o fim que este representa). A violação deste dever, embora não implique a nulidade dos atos
praticados, acarreta outras sanções. A este respeito, importa distinguir os tipos societários:
• SNC, SCS: os gerentes têm “falta de poderes” de representação para a prática de atos que caiam fora dos
limites objeto social (art. 192º/2 e 3 CSC). Consequentemente, os atos praticados nesses termos serão
ineficazes relativamente à sociedade (por aplicação do art. 268º/1 CC); só assim não será se tais atos forem
ratificados por unânime deliberação, expressa ou tácita, dos sócios (art. 192º/3 CC).- 58, 59
• SQ, SA, SCA: s: os gerentes ou administradores têm, em regra, poderes bastantes para se vincularem por
atos alheios ao objeto social (arts. 260º/1, 409º/1, 431º/3 e 478º CSC). A sociedade só não ficará vinculada
por tais atos quando ela própria invocar, em face dos terceiros envolvidos, a ineficácia dos atos que
ultrapassem os limites do objeto social, desde que verificadas as duas condições impostas nos nºs 2 dos
arts. 260º e 409º CSC.
Liberalidades e garantias concebidas por sociedades a terceiros
Princípio da incapacidade e as exceções
A regra é a de que os atos gratuitos se situam fora da capacidade jurídica das sociedades, porquanto esta é
marcada pelo fim lucrativo associado a estas entidades. Porém, esta regra conta com exceções.-6n2, doações,
fora as do n1, 2 do art6 as doações são nulas. O nº 3 do art. 6º CSC dirige-se especificamente às garantias
gratuitas prestadas a dívidas de outras entidades. Começa por estabelecer, em linha com o exposto, que tais
garantias se consideram contrárias ao fim social (pois, por serem gratuitas, não geram qualquer correspetivo).
Todavia, este preceito segue com a consagração de duas exceções: Existência de justificado interesse próprio
da sociedade garante; Relação de domínio ou de grupo entre a sociedade garante e o devedor (em regra, outra
sociedade).
• Sociedades em relação de grupo (grupos de domínio total e de subordinação): as sociedades dominantes e
as diretoras têm o direito de dar instruções vinculantes às sociedades dependentes e subordinadas, mesmo
desvantajosas para estas últimas (arts. 491º e 503º CSC). Em virtude dos prejuízos que daqui poderiam
advir para as sociedades dependentes e subordinadas e respetivos credores, o CSC estabelece algumas
contrapartidas, como a garantia de lucros para os sócios minoritários das sociedades subordinadas (art.
500º CSC) e a responsabilidade das sociedades dominantes e das diretoras para com os credores das
dependentes e das subordinadas e para com estas sociedades (arts. 491º, 501º e 502º CC). A sociedade
dominante ou a diretora pode denegar o interesse social da dependente ou da subordinada, se com isto
forem satisfeitos interesses lícitos daquelas primeiras. Não há aqui um “interesse de grupo” propriamente
dito, mas antes um interesse unilateral.
• Sociedades em relação de domínio: não vale para estas o regime das sociedades em relação de grupo, não
lhes conferindo a lei uma disciplina típica de “grupos”. A sociedade dominante não tem direito de
sacrificar o interesse da sociedade dependente; nem esta tem direito de se guiar por finalidades extra-
sociais (da sociedade dominante).
13
Direito Comercial II
O autor entende que quando o art. 6º/3 CSC permite a prestação de garantias gratuitas a dívidas de sociedades
com as quais a sociedade garante esteja em relação de domínio ou grupo, pretende que tal suceda apenas
quando, com a prestação dessa garantia, a sociedade garante não descura o seu próprio interesse. Isso só
sucederá, tendo em conta a destrinça acima apontada, nos seguintes casos: (1) para a sociedade dominante em
relações de domínio (por ser sócia da sociedade dependente em sempre interesse no bom andamento desta;
mas esta já não tem igual interesse no bom andamento da primeira porque não é sua sócia nem pode guiar-se
pelas suas finalidades); (2) para as sociedades totalmente dominantes ou diretoras em relações de grupo (o
“interesse de grupo” é, afinal, o interesse unilateral de tais sociedades); (3) para as sociedades totalmente
dominadas ou subordinadas quando recebam instruções vinculantes nesse sentido (fora destes casos, raros,
não há interesse em garantir dívidas das sociedades dominantes ou diretoras). Em suma, propugna-se aqui
uma interpretação restritivo-teleológica do art. 6º/3 CSC.
Capacidade de exercício ou de agir das sociedades
As sociedades têm capacidade de agir ou de exercício de direitos. Portanto, são capazes de querer e de atuar,
de formar vontade e de a manifestar para o exterior, só de per si. Fazem-no, é certo, através de órgãos. Mas
estes órgãos não são “representantes” (legais ou voluntários) das sociedades; são, isso sim, parte da sociedade
– não há aqui um nexo de representação, mas antes um nexo de organicidade. A vontade e atos praticados
pelos órgãos sociais são imputados à sociedade. Porém, as sociedades não atuam apenas através dos respetivos
órgãos. Podem recorrer também a representantes voluntários, designadamente mandatários e advogados. SQ
252n6 SA 391n7, 478.
Participações sociais
A participação social é definível como o conjunto unitário de direitos e obrigações atuais e potenciais do sócio
(enquanto tal). Pode ser:
• Originária- efetivada na constituição da sociedade ou em aumento de capital.
• Derivada- efetivada na constituição da sociedade de transmissão mortis causa ou entre vivos de
participação social, ou de aquisição em processo de fusão por incorporação ou de cisão-fusão-
incorporação.
Classificação dos direitos especiais
Os direitos dos sócios – não só os elencados no art. 21º CSC mas também os demais que lhes são atribuídos
por outras disposições legais dispersas – podem classificar-se segundo diversos critérios, sendo dois deles o
critério da função e o critério da titularidade.
• Critério da função, distinguem-se:1- Direitos de participação: direitos de participar nas deliberações
sociais e direito de ser designado para os órgãos de administração e fiscalização da sociedade (21º/1/b) e
d) CSC); 2- Direitos patrimoniais: direito de quinhoar nos lucros (21º/1/a) CSC), direito de preferência
(266º e 458º CSC), direito à quota de liquidação (156º CSC); 3- Direitos de controlo: direito de informação
(21º/1/c) CSC) e direitos de ação judicial (59º, 67º e 77).
• Critério de titularidade: 1- Direitos gerais- pertencem, em regra, a todos os sócios da sociedade, ainda
que em medida diversa Em princípio, todos os sócios terão os direitos mencionados no art. 21º CSC. 2-
Direitos especiais- são os direitos atribuídos no contrato social a certo(s) sócio(s) ou a sócios titulares de
ações de certa categoria conferindo-lhe(s) uma posição privilegiada que não pode em princípio ser
suprimida ou limitada sem o consentimento dos respetivos titulares.
Em regra (supletiva), os sócios participam nos lucros de exercício e no saldo da liquidação segundo a
proporção dos valores das respetivas participações sociais (22n1, 156n4 CSC).
14
Direito Comercial II
1. É possível, porém, estabelecer-se no contrato social que um ou mais sócios (ou os sócios titulares de
ações de certa categoria, nas sociedades anónimas – artigo 24.º, n.º4 CSC), quinhoem mais que
proporcionalmente em tais lucros e saldo (além dos citados artigos 22.º e 156.º, o 302.º, n.º1 CSC).
2. O contrato constituinte de uma sociedade por quotas atribui um direito especial a um sócio quando
lhe permite ceder a quota sem necessidade de consentimento da sociedade (mantendo-se esta
necessidade para a cessão de outras quotas) – artigos 228.º, n.º2 e 229.º, n.º2 CSC.
3. Cada sócio de sociedade por quotas tem, em regra, um voto por cada cêntimo do valor nominal da
quota (artigo 250.º, n.º1 CSC). É, no entanto, permitido que o contrato social atribua a um sócio (ou
mais), como direito especial, dois votos por cada cêntimo do valor nominal da quota ou quotas desse
sócio, desde que o valor nominal dessa(s) quota(s) não corresponda a mais de 20% do capital social
(artigo 250.º, n.º2 CSC).
4. Especial é também o direito de um sócio, por força da cláusula do contrato de sociedade por quotas,
designar gerente sem que todos os sócios votem nessa escolha (artigo 83.º, n.º1 CSC).
5. O direito especial à gerência (em sociedades por quotas). Existe um tal direito quando, por exemplo,
uma cláusula do estatuto social estabelece que um sócio tem o direito de ser gerente por toda a sua
vida, ou enquanto for sócio, ou enquanto durar a sociedade, ou que só poderá ser destituído da gerência
havendo justa causa. A cláusula consagrando um direito especial à gerência não pode ser suprimida
nem alterada por deliberação social sem o consentimento do sócio- gerente (artigo 24.º, n.º5, 257.º,
n.º3, 1.ª parte CSC); por outro lado, o sócio-gerente só pode ser (suspenso e) destituído (com a
consequente supressão da cláusula) judicialmente (em ação proposta pela sociedade com base em
deliberação dos sócios) e desde que haja justa causa para tal (artigo 257.º, n.º3, 2.ª parte CSC).
A simples designação de gerente no contrato de sociedade significa a atribuição de um direito especial
à gerência?
Deve responder-se negativamente. A designação de gerentes no contrato social é um modo alternativo de
eleição posterior por deliberação dos sócios (que não tem de ser unânime, porém) – artigo 252.º, n.º2 CSC.
Os sócios podem optar por uma ou outra via, e podem muitas vezes pela designação no contrato por razões de
simplicidade, rapidez e economia. Por conseguinte, a simples cláusula estatutária de nomeação de sócio como
gerente não significa a atribuição de um direito especial à gerência; ele não fica com o privilégio de só poder
ser destituído por justa causa e judicialmente.
Uma cláusula do contrato de sociedade por quotas segundo a qual esta ficará obrigada pela assinatura
de dois dos três sócios-gerentes, uma das quais terá sempre de ser a do gerente A, significará a atribuição
de um direito especial à gerência o sócio A?
1)Pode muito bem resultar da interpretação contrato social que tal cláusula atribui, sim, um direito especial ao
sócio-gerente A, mas não um direito especial. À gerência, que o proteja da possibilidade de ser destituído,
com ou sem justa causa, por deliberação dos sócios. 2)Os direitos especiais tem de ser consagrados no contrato
de sociedade, 24/1, ou dizendo de outro modo, eles são ineficácias em relação à sociedade, ainda quando todos
os sócios tenham acordado na sua criação.
E é possível criar direitos especiais para um ou alguns sócios por alteração do contrato social
(introduzindo nova cláusula – artigo 85.º, n.º1 CSC)?
Dir-se-á: é possível se a alteração contratual for votada por unanimidade. Por respeito ao Princípio de
igualdade de tratamento dos sócios.
O princípio da igualdade de tratamentos dos sócios consiste na ideia de que: “os sócios em circunstâncias
idênticas devem ser tratados de forma idêntica, não devendo haver discriminações arbitrárias (não
objetivamente justificadas)”. O fundamento deste princípio, há muito aceite, foi buscado no imperativo da
lealdade societária, no entendimento da sociedade como relação comunitária e na existência de poder
15
Direito Comercial II
distributivo nas sociedades. Atualmente, este princípio está presente em diversas normas do CSC, quer de
forma implícita (arts. 22º/1, 58º/1/b), 190º, 203º/2, 231º/4, 251º/1 e 384º/1 CSC), quer de forma explícita (arts.
213º/4, 321º, 344º/2 e 346º/3 CSC). Ora, uma deliberação dos sócios violará este princípio sempre que dela
resultar um tratamento (formal ou materialmente) desigual para um ou mais sócios relativamente ao(s)
outro(s), sem que para tanto exista uma justificação objetiva.
Pode um direito especial ser atribuído a todos os sócios da mesma sociedade?
1)é possível ligar a especialidade ou privilégio não ao número restrito dos possíveis titulares do direito mas à
maior proteção de que goza o direito. Assim, se é verdade não fazer sentido atribuir alguns direitos especiais
a todos os sócios, já faz sentido a atribuição de outros. É o caso do direito especial à gerência. O facto de todos
os sócios serem gerentes com direito especial garante a cada um deles que a respetiva cláusula contratual não
pode ser eliminada ou modificada sem o seu consentimento ou que a destituição sem ou contra a sua vontade
só pode efetivar-se judicialmente e com base em justa causa.-----24
O consentimento pode ser dado na deliberação que suprime ou limita o direito especial – mediante voto
favorável – ou fora dela (de forma expressa ou tácita); porém, nas sociedades anónimas o consentimento não
é dado por cada um dos titulares mas sim por deliberação tomada (por maioria qualificada) em assembleia
especial dos acionistas titulares das ações privilegiadas (artigos 24.º, n.º6 e 389.º, n.º2 CSC). O consentimento
pode ser dado: - na deliberação que suprime ou limita o direito especial – mediante voto favorável – - ou fora
da deliberação (de forma expressa ou tácita).
Os direitos especiais podem ser de: ⎯ participação, patrimoniais ou de controlo. Seja qual for a sua natureza,
eles são em regra intransmissíveis nas sociedades em nome coletivo (artigo 24.º, n.º2 CSC), são, nas
sociedades por quotas, em regra transmissíveis os de natureza patrimonial e intransmissíveis os restantes
(artigo 24.º,n.º3 CSC), e transmissíveis nas sociedades anónimas com as respetivas ações (artigo 24.º, n.º4
CSC.
Distinção entre vantagens concebidas a sócios e direitos especiais:
1- São concedidas no contrato de sociedade inicial exatamente 16 para premiarem a atividade que aquele
socio ou aqueles socios desenvolveram em conexão com a constituição da sociedade
2- As vantagens são concedidas a sócios individualmente determinados e nomeados , o seu nome consta
no contrato de sociedade
3- Os titulares destas vantagens especiais, continuam a ser seus titulares mesmo que deixem de ser socios
4- As deliberações dos sócios que violem vantagens especiais que foi atribuída, o drt de credito do titular,
são nulas 56n1 c ou d)
1- Direitos especiais são atribuídos no contrato inicial ou alterado ou no contrato de sociedade e podem
ou não estar relacionados com o papel do socio no arranque da sociedade
2- Nas sociedades anonimas os direitos especiais são atribuídos por categoria de ações, por isso é há
assembleias gerais nessa categoria de ações.
3- Os direios especiais pertencem sempre aos socios e portanto se deixar de ser socio ou o drt especial se
extingue ou transmite com a participação
4- As deliberações que violem direitos especiais são ineficazes se não tiverem a aprovação do socio titular
do direito especial 55
16
Direito Comercial II
Nem todos os direitos dos sócios são resultantes das suas qualidades enquanto socios. Ex. drt ao lucro.
17