Você está na página 1de 14

Débora

Direito das Sociedades

• Código Civil (primeiras aulas)


• Código Comercial

Avaliação: contínua

Cap. I - Noção de sociedade e figuras afins


Uma atividade económica/comercial pode ser exercida por:
• comerciante individual (art.13º nº1 CCom)
• pessoa coletiva - sociedades comerciais - (art.13º nº2 CCom)

Existem vantagens em constituir sociedades comerciais como por exemplo a


questão da responsabilidade limitada, ou seja, surgindo aqui uma pessoa
coletiva nova, surge também um património autónomo.
Ex: Eu invisto 5000€ e a minha sócia investe outros 5000€. O património
autónomo da sociedade é de 10000€. Este responde pelas dívidas da
sociedade.

Existem duas formas de entender a sociedade:


• como um contrato de sociedade (ou seja, eu e os meus sócios celebramos um
contrato, registamo-lo - registo constitutivo - e este dá origem ao
surgimento de uma nova entidade, uma pessoa coletiva).
Art.980º CCivil <- perspetiva do Código Civil
• como uma entidade (perspetiva do Código das Sociedades, art.1º): o CCom
aborda a sociedade como sujeito que tem personalidade jurídica, património
autónomo, direitos e deveres.

> Art.980º CCivil <

Elementos para a constituição de uma sociedade civil


a. Elemento subjetivo/pessoal: corresponde aos sujeitos que adquirem
a qualidade de sócios (2 ou mais) - art.980º CCivil + 7º nº2 CSC
- exceção: art.270ºA CSC (1 sócio) -> Sociedade por quotas
unipessoal (SQU) <- não há um contrato mas sim um negócio jurídico
unilateral; não é o único caso mas é o mais frequente
- exceção: art.273º (a lei exige 5 ou mais sócios nas sociedades
anónimas)

b. Elemento patrimonial: obrigação de entrada de todos os sócios e


daqui decorre o património social (que responde pelas dívidas) - art.20º al.a
CSC
• Entradas em dinheiro (montante mínimo de 1€)
• Entradas em espécie
• Entradas em indústria (entravam com o seu trabalho) - já não
existe na generalidade das sociedades, só nas SENC.
Página 1
Débora

c. Elemento objetivo/finalístico: qual a atividade económica e não de


mera fruição que a sociedade vai exercer. -> objeto social - art.11º nº2 CSC

Mera fruição: colher rentabilidade (frutos)


P.e o arrendamento a longo prazo ≠ alojamento local (tem curta duração)

Distinção de:
• Atividade económica: conceito mais amplo pois cabem aqui, para além dos
comerciantes, as atividades desenvolvidas pelos profissionais liberais ou
as atividades desenvolvidas pelos agricultores e pelos artesãos. É preciso
que implique também uma certa continuidade no tempo (não ser um ato
ocasional/único).
• Atividade comercial: conceito mais restrito pois apenas cabem aqui as
atividades desenvolvidas por comerciantes.

d. Elemento teleológico: a finalidade dos sócios e da sociedade é a


obtenção e a repartição dos lucros - art.21º al.a CSC

Dupla vertente de lucro:


- em sentido objetivo: lucro obtido pela sociedade
- em sentido subjetivo: repartição do lucro

Pacto leonino (entrar na sociedade com 1,50€ e aceitar não receber lucro)
-> cláusula nula - art.994º CCiv + 22º nº3 CSC

Quando quisermos acrescentar à sociedade civil a qualificação de sociedade


comercial, existem uns requisitos adicionais presentes no art.1º nº2 do CSC.
• Requisito material: prática de atos de comércio (profissionais liberais +
agricultura + artesanato não cabem)
• Requisito formal: o princípio da tipicidade (numerus clausus) está
associado a este requisito. Existem 4 tipos de sociedades:
- Sociedades por quotas (SQ)
- Sociedades anónimas (SA)
- Sociedades em nome coletivo (SENC)
- Sociedade em comandita (simples ou por ações)
Na prática só existem SQ e SA pois há uma responsabilidade limitada dos
sócios. Nas SENC, os sócios respondem pelas dívidas da sociedade com o seu
património.

Cap. II - Distinção face a figuras afins


- Distinções terminológicas:
1) sociedade ≠ empresa: a empresa é sinónimo de estabelecimento comercial,
ou seja, uma organização de meios que permite exercer uma atividade
económica. A empresa pode ser detida pela sociedade.
2) sociedade ≠ firma: firma é a designação que identifica o agente económico.
A sociedade tem uma firma.
Página 2
Débora

- Figuras afins:
1) Compropriedade (art.1403º CCiv.): os direitos são exercidos por sujeitos
em conjunto, sem que isso dê origem ao surgimento de uma pessoa coletiva.
2) Consórcio e Associação em participação (art.1º e 21º, DL 231/81, 28 de
julho)
- exercem em conjunto uma atividade mas não constituem sociedade.
- é um contrato de financiamento. P.e eu celebro com uma pessoa um
contrato. Como contrapartida do financiamento que essa pessoa me dá, eu
estipulo que durante x tempo permito que haja uma participação nos lucros.
Mais uma vez, não surge uma pessoa coletiva nova.
3) Associações e fundações: não existe finalidade lucrativa (elemento
teleológico) - o art.157º CCiv. ao art. 166º são aplicáveis a associações,
fundações e sociedades. O art.167º CCiv. é aplicável a associações (p.e
associação de proteção de animais - el. pessoal) e o art.185º CCiv. aplica-se às
fundações (p.e fundação Champalimaud - el. patrimonial).
- Associação: centra-se essencialmente no el. subjetivo/pessoal.
- Fundação: tem essencialmente uma dimensão patrimonial.

Responsabilidade dos sócios perante a sociedade e perante os credores


sociais
- Responsabilidade interna: perante a sociedade (obrigação de entrada)
- Responsabilidade externa: perante os credores
Estrutura organizatória
- Órgão deliberativo: toma decisões -> os sócios -> Assembleia Geral
- Órgão representativo/executivo: representa a sociedade externamente ->
Administração ou Gerência
- Órgão de fiscalização: fiscaliza as contas
Transmissão de participações sociais por morte e entre vivos
- A transmissão entre vivos pode ser livre como tampem pode ser necessário
o consentimento dos restantes sócios.

Número mínimo de sócios

Capital social mínimo


- Existem 3 tipos de entrada:
em dinheiro
em espécie
em indústria

Regime de voto em Assembleia Geral


- Existem dois regimes:
1) 1 pessoa equivale a 1 voto, isto é, têm o mesmo poder
2) 1 voto depende da percentagem do capital, isto é, uns podem ter
mais poder que outros.
Página 3
Débora

Sociedades em nome Sociedades por quotas Sociedades anónimas


coletivo (SENC) (SQ) (SA)

Responsabilidade dos art.175º CSC art.197º nº1: art.271º:


sócios perante a - responsabilidade - responsabilidade - responsabilidade
sociedade e perante os interna (1º parte): interna mais ampla do interna ( ≠ art.197º):
credores sociais responde pela sua que nas SENC. património social
entrada. = art.271º art.197º nº3: responde.
responsabilidade - responsabilidade - Responsabilidade
externa (2º parte) externa -> património externa: não há
social responde pelas
dívidas da sociedade +
art.198º(exceção - tem
de ter o montante)
Estrutura organizatória - órgão deliberativo - órgão deliberativo - - órgão deliberativo
(Ass. Geral) -> Ass. Geral (art.246º) (Ass. Geral: conjunto
art.189º CSC - órgão representativo de sócios. Art.373º +
- Órgão representativo (art.252º): Gerência -> 299º
(Gerência) -> art.191º podem ser estranhos - Órgão representativo:
- Não é necessário como também podem Administração.
alguém estranho para ser sócios. Art.257º Art.278º al.a ->
fiscalizar pois esta nº3: direito especial à modelo tradicional +
sociedade é muito gerência (tem de estar 413º. 278º nº2 -> nº5
pequena e fechada, expresso) (390º nº2 - aplicável
ou seja, há confiança - órgão de fiscalização: al.a + 424º nº2 -
entre os sócios e por art.262º (facultativo e aplicável al.c).
isso, eles mesmo o obrigatório). No - Órgão de fiscalização
fazem. momento da sua art.413º - sempre
constituição não obrigatório mas a
precisam (nº1) mas constituição de
com o seu conselho fiscal é
crescimento já é (nº2). facultativo (exceção:
n2)
Transmissão de Entre vivos (art.182º): é Entre vivos (art.228º Por morte: transmite-se
participações sociais necessário nº2): depende de a propriedade das ações
por morte e entre vivos consentimento dos consentimento ou não Entre vivos: art.328º -
restantes. preenchidos os regra: transmissão livre,
Por morte (art.184º): o requisitos presentes no não depende de
sucessor tem direito ao mesmo artigo. consentimento dos
valor correspondente do Exceções: art.229º restantes. Há exceções:
património social ou nº1,2,3. 328º nº2 (mais comum:
adquire a qualidade de Por morte: art.225º al.b)
sócio (nº2) ou há uma - pode nao se transmitir
dissolução da sociedade (tem de estar expresso); art.229 nº1 ≠ 328 nº1
se nada estiver
estipulado, transmite-se.
Número mínimo de art.7º nº2 do CSC art.7º nº2 + art.270º A art.273º n1 -> 5 sócios
sócios art.980º CCivil
Capital social mínimo art.178º CSC: não há art.201º: regra do capital art.276º nº5 -> 50.000€
capital social mínimo + social livre. Não são admitidas
art.176º nº1 art.219º: 1€ contribuições em
art.202º: não são indústria (art.277º nº1)
admitidas contribuições
em indústria.

Página 4
Débora

Sociedades em nome Sociedades por quotas Sociedades anónimas


coletivo (SENC) (SQ) (SA)

Regime de voto em art.190º nº1: regra art.250º: 1 voto depende art.384º: 1 voto depende
Assembleia Geral supletiva da percentagem do da dimensão do
1 pessoa = 1 voto capital. investimento.

Critério da firma: 177º (SENC) -> firma nome


200º (SQ) -> firma nome ou firma denominação ou firma
mista.
275º (SA) -> firma nome ou firma denominação ou firma
mista

Doutrina distingue sociedades de pessoas ≠ sociedades de capitais

Elemento preponderante:
1) os sócios: SENC (no órgão de fiscalização, na responsabilidade externa, no
regime de voto, na transmissão entre vivos, admitidas contribuições em
indústria) —> sociedades de pessoas
2) investimento de capital (responsabilidade externa das SQ e SA, não há
entrada em indústria (não contabilizam o trabalho do sócio no capital
social), os regimes de voto nas SQ e nas SA, a transmissão entre vivos nas
SA, o investimento de capital elevado nas SA. —> as SA são sociedades de
capitais.

Quanto às SQ, existe a possibilidade de as aproximar tanto às SENC como às


SA.

Cap. III - Constituição das sociedades comerciais

• Contrato ou negócio jurídico unilateral

|———————————-—|———————————-——|
Contrato registo (CRC) publicação (online)

- conjunto de atos que começa no contrato, continua no registo constitutivo e


acaba na publicação.

1) Forma e conteúdo do contrato


• 981º CCiv + art.7º CSC
- Documento particular com reconhecimento de assinaturas - geralmente
- Escritura pública - para alguns casos como p.e quando alguém entra com
imóveis.

- Menções obrigatórias do art.9º do CSC - aplicam-se a todos os tipos de


sociedades

Página 5
Débora

al.a) quem pode ser sócio


- pessoas singulares
• Ter capacidade de exercício (art.124º CCiv - representação; autorização do
tribunal - art.1889º n1º al.d CCiv - para proteger o menor quanto à
responsabilidade externa)
Participação dos dois cônjuges na sociedade - art.1714º nº3 CCiv e 8º CSC.

- pessoas coletivas
• Direito privado: p.e uma sociedade ser sócia de outra; uma associação,
fundação, cooperativa… - art.160º CCiv
• Direito público: p.e o Estado, Municípios, uma outra empresa pública - art.
273º nº2 CSC

al.b) tipo de sociedades - art.1º nº2

al.c) firma (art.10º CSC) - 177º (SENC), 200º (SQ), 275º (SA).
É necessário um certificado de admissibilidade. Só com este é que se pode
registar a firma.

al.d) objecto - art.11º CSC - a identificação tem de ser específica porque:


- objeto define a sociedade comercial;
- proibição de exercer uma atividade concorrente (art.180º)
- delimita os raios e ação dos gerentes e administradores - capacidade da
sociedade: art.6º nº4 - a capacidade não se define pelo objeto

al.e) sede - art.12º + 21º al.c)


- 181º (SENC)
- 214 + 263 (SQ)
- 288 + 289 (SA)
al.f) capital social

al.g) e h) - qual a contribuição inicial de cada sócio; se a entrada for em


espécie, têm de ser descritos os bens e especificado do valor - art.28º CSC

- Menções obrigatórias específicas


Art.176º (SENC)
Art.199º (SQ) - al.b) permite que se faça o diferimento de uma parte da
entrada (hoje transfiro 5000€ e num período de 5 anos faço o diferimento dos
outros 5000€). - Entradas em dinheiro
Art. 272º (SA)

- Direitos especiais do art.24º: há uma posição reforçada


- p.e art.257º nº3 CSC
- p.e 250 nº2 - voto duplo

Página 6
Débora

- p.e 341º - não interferem na vida da sociedade mas têm uma situação
privilegiada

- Outras menções facultativas


- p.e art.198º
- p.e art.229º
- p.e art.328º nº2
- p.e art. 15º nº1

• Registo constitutivo (art.5º CSC): não tem efeitos apenas nas relações com
terceiros. A sociedade existe como pessoa coletiva a partir do momento do
registo. O conservador tem de verificar a legalidade sob pena de não
constituir a sociedade.

• Publicação (art.167º CSC + portaria 590 -A/2005): passa a ser feita no site
do ministério.

Caso prático nº3

Art.1º:
• A sociedade por quotas tem de adotar a firma “Hotelaria Antonieta, Lda ou
Limitada” segundo o artigo 200º nº1 CSC. - art.9º nº1 al.b) + al.c)
• Tem sede no apartado 999, 4000-123 Porto -> de acordo com o artigo 12º
nº1, a sede deve ser estabelecida em local concretamente definido. - art.9º
nº1 al.e)
• Tem o NIPC 505 505 505
Art.2º:
• Segundo o artigo 11º nº2, o objeto da sociedade tem de estar indicado
especificamente. - art.9º nº1 al.d)

Art.3º:
• A SQ tem um capital social livre, isto é, as partes fixam livremente o capital
(art.201º CSC), no entanto, o valor nominal das quotas não pode ser inferior
a 1€ (art.219º nº3 CSC) - art.9º nº1 al.g)
ii) as máquinas têm de estar descritas e avaliadas por um revisor de
contas (art.28º nº1 CSC). - art.9º nº1 al.h)
iii) segundo o artigo 202º nº1 CSC, não são admitidas contribuições de
indústria. Como solução, poderá entrar com o mínimo possível em dinheiro,
isto é, 1 euro (art.219º nº3 CSC).

Art.4º
• De acordo com o art.252º nº1 CSC, os gerentes devem ser pessoas
singulares com capacidade jurídica, sendo assim, a sociedade
“Manufaturas, Lda” não pode ser gerente da sociedade por quotas. O direito
especial à agência (art.257º nº3 CSC), nos termos do artigo 24º nº1 do CSC,
tem de estar expresso no contrato.
Página 7
Débora

• Para obrigar a sociedade é necessária a assinatura dos dois gerentes


(art.261º CSC).

Art.5º
• A regra está presente no artigo 228º nº2 do CSC, no entanto, no artigo 229º
estão presentes algumas cláusulas válidas se inseridas nos contratos. No
caso concreto, a cláusula inserida está no artigo 229º nº3 do CSC. Esta é
uma menção facultativa.

Art.6º
• Por regra, a quota transmite-se (art.225º nº1) logo, a cláusula é
desnecessária porque resultava da lei.

Foi celebrado por escritura pública, no entanto, não era necessário. Bastava
um documento particular autenticado (art.7º CSC).

2) Formas de constituição alternativas:


- Empresa na hora (DL 111/2005): SA ou SQ (Art.1º)
Art.4º- processo mais simples e barato

Condicionantes: art.3º
• Nº1 al.a e b) há um modelo aprovado e os bens têm de estar registados a
meu favor.
• Nº3 al.b) A firma tem de já estar registada a favor do Estado. Não se pode
pedir ao conservador que verifique a legalidade pois perde-se muito tempo.

Registo: art.8º nº1 al.g)


Publicação: art.13º nº1 al.a)

- Empresa online (DL 125/2006): SQ ou SA.


Condicionante: art.º2 al.a) - as entradas em espécie têm de ser transferidas
Pedido: art.6º al.a) é a opção mais frequente. -> art.14º
art.6º al.b) é possível haver um certificado de admissibilidade

Registo: art.6º nº1 al.c) primeira etapa do registo


art.12º nº1 al.a) segunda etapa
art.12º nº3 al.d) - publicação

Relações anteriores à celebração do contrato (art.36º do CSC e art.997º do


CC) - responsabilidade ilimitada (a sociedade e os sócios respondem antes da
celebração do contrato de sociedade) - qualquer tipo de sociedade.

Relações posteriores à celebração do contrato e anteriores do registo


(art.40º CSC).
Página 8
Débora

Relações entre sócios ou entre estes e a sociedade (art.37º CSC): aplica-se o


regime da sociedade em questão. Exceções (nº2): naquele período, é
necessário o consentimento unânime dos sócios para a transmissão entre
vivos e para a modificação do contrato.

Relações entre terceiros (art.40º): numa primeira parte, os sócios e gerentes


respondem de forma ilimitada e solidária e numa segunda parte, respondem
de forma limitada até ao valor das entradas.
Aplicação analógica dos artigos 36º nº2 e 997º CCiv pois os terceiros têm de
ser acautelados. Geramos uma confiança com terceiros.
+ art.19º
19º nº1 al.c) atos que a sociedade assume no contrato
19º nº2 atos que a sociedade assume depois do contrato
19º nº3 - tem de se conjugar sempre com a al.c) ou com o nº2.

Caso prático nº4

1) Art.40º CSC: ainda não existe a pessoa colectiva (art.5º) pois ainda não
houve registo, ou seja, existem apenas 3 sujeitos. Respondem ilimitada e
solidariamente todos os que no negócio agiram em representação dela,
isto é, António e Carlos (1º parte). Bárbara, como não sabia, responde até
ao valor das entradas (1000€) (2º parte). Aplica-se por analogia o
art.997º do CCiv. A partir do momento do registo, segundo o art.19º nº3,
os sócios ficam liberados de responder as dividas da sociedade.

Hipóteses:
- Art.19º nº1 al.c): assume-se de forma automática (antes do registo) -> atos
que a sociedade assume no contrato
- Art.19º nº2: a administração assume (antes do registo) -> atos que a
sociedade assume depois do contrato
- Art.19º nº3: libera as pessoas indicadas no art.40º -> aplica-se se a
sociedade tiver assumido + conjugar sempre com o número 1 ou 2 do
mesmo artigo. Neste caso, conjuga-se com o nº2.

2) A Bárbara e o António respondem ilimitadamente e solidariamente (1º


parte, art.40º). O Carlos responde pelo valor das entradas (2º parte). Aplica-
se, por analogia, o art.997º do CCiv.

• Invalidades do ato ato constituinte


Tipos de vícios e consequências:
- globalmente inválido (art.42º CSC): afetam todo o contrato; sanação
(nº2) - deliberação dos sócios, modificam e fica sanado o vício. + 52º
- parcialmente inválido: afetam uma parte do contrato (pode estar em
causa a participação de um ou vários sócios ou as cláusulas).
Página 9
Débora

p.e art.45º (quanto aos sócios) - “exoneração” = sair;


p.e art.22º nº3 CSC + 994º CCiv (quanto às cláusulas): preservamos a
sociedade mas afastamos a cláusula - 292º CCiv - passando esta a ser não
escrita. Na hipótese de dizer que os sócios não respondem pelas entradas dos
restantes, essa é substituída pela norma legal (art.197º nº1 CSC).

• Acordos parassociais (art.17º do CSC)


- Vão além do contrato de sociedade
- Não depende de forma escrita
- Não vincula a sociedade, o acordo é entre os sócios
P.e direito de preferência, acordos de voto uniforme (para eleger alguém de
confiança)
- Nº3: acordos proibidos
- Regulam aspetos complementares do contrato que até podiam estar
inseridos no mesmo. - regulam autonomamente

Cap. IV - A personalidade jurídica e capacidade das sociedades


comerciais

Personalidade ≠ capacidade
1) art.5º CSC - Suscetibilidade da sociedade ser sujeito de direito a partir do
momento do registo, isto é, ter direitos e obrigações -> autonomia face aos
sócios. Isto justifica a limitação da responsabilidade

Há casos em que o Tribunal desconsidera essa autonomia: exceção ao


art.197º nº3 e 271º
• Desconsideração da personalidade coletiva: desconsiderar a autonomia e
responsabilizar os sócios. P.e eu ter uma sociedade cheia de dívidas e passar
tudo para uma nova sociedade com o intuito de prejudicar os credores e
ninguém responder - há uma deslocação de bens para a nova sociedade.
Quem responderia era a sociedade mas como não tem ativos, os sócios
respondem. - “Levantar o véu da sociedade”, do ponto de vista substancial,
eles têm a mesma sociedade.
- Casos de imputação: imputar um comportamento ou obrigação:
2 hipóteses frequentes:
1) obrigação de não concorrência do trespassante: eu trespasso
uma confeitaria e fico obrigada a não exercer atividade concorrente. O que se
tem entendido, os filhos, cônjuges e sociedades constituídas pelo trespassante
também não podem. Aqui temos de desconsiderar a personalidade coletiva: a
obrigação do sujeito passa a ser de outros também. A finalidade do legislador
é proteger o trespassário.
2) resulta da aplicação do artigo 877º CCiv: proibição relativa de
venda, ou seja, se tenho vários irmãos e os meus pais me quiserem vender um
imóvel ou venderem a uma sociedade que eu constituí ou que sou sócia, eles
têm de consentir. A finalidade do legislador é proteger os outros filhos ou
netos.

Página 10
Débora

Fundamentos que o tribunal invoca: interpretação teleológica das normas,


isto é, perceber a finalidade do legislador com aquela norma. Se é necessário
desconsiderar a personalidade coletiva.

- Casos de responsabilidade: normalmente de dívidas (deslocação de


bens para uma nova sociedade). Os tribunais acabam por responsabilizar os
sócios devido à figura da desconsideração da personalidade coletiva
(descapitalização provocada).

Fundamento: 334º CCiv -> os sócios têm o direito de exercer a atividade


económica. Abusaram esse direito porque queriam defraudar os credores da
sociedade. O tribunal consegue encontrar um fundamento neste artigo.

16/04

Capacidade (art.6º CSC): é uma medida dos direitos e obrigações que as


sociedades podem ser titulares. = capacidade de gozo

• Delimitação da capacidade
Art.6º nº1: o fim é a finalidade lucrativa ≠ objeto: atividade concreta que a
sociedade exerce (nº4).
A finalidade lucrativa delimita a capacidade e é uma forma de proteção dos
credores. Todos os atos de finalidade lucrativa são válidos mesmo que o
objeto seja diferente.

• Regime jurídico das liberalidades e garantias


Liberalidades: ato gratuito (p.e doação)
Prestação de uma garantia a divida de um terceiro

À partida, estas ficam fora da medida da capacidade. -> regra

Art.6º nº2+3: exceções

Art.6º nº2
Requisitos para liberalidade: circunstâncias da época
condições financeiras da sociedade
(p.e brindes a clientes, patrocínios, prémios a trabalhadores)

Art.6º nº3: existir justificado interesse próprio da sociedade garante ou se se


tratar de sociedade em relação de domínio ou de grupo.

Art.6º nº4 -> 260º + 409º CSC: Poderes de vinculação externa


- A sociedade tem capacidade mas responsabiliza os gerentes e
administradores (e sócios) pelos atos que praticou fora do objeto. A sociedade
fica vinculada ainda que o ato seja praticado fora do objeto. É válido. É
necessário proteger o terceiro.

Página 11
Débora

- art.260º nº2: exceção -> o terceiro saber que a sociedade tem outro objeto
social. A sociedade tem de provar.
A sociedade pode pedir uma indemnização pelos danos que a vinculação
externa causou e destituir o gerente/administrador/sócio.

EXEMPLO: Sociedade de hotelaria

1º hipótese: sociedade contrata com um fornecedor de café


- ato praticado dentro do objeto

2º hipótese: sociedade comercializa material informático


- ato praticado dentro da finalidade lucrativa

3º hipótese: sociedade doa imóvel ao filho do sócio


- a sociedade não tem capacidade e o ato é nulo.

4º hipótese: sociedade brinda os clientes com peluches


- exceção do nº2: a sociedade tem capacidade

Caso prático nº4 (continuação)

3) disjunta = em separado, podem representar a sociedade


1º hipótese: o ato é praticado dentro da capacidade mas fora do objeto (art.6º
nº1). Ainda assim, a sociedade responde (art.6º nº4 + 260º nº1). O Fernando
pode ter de indemnizar a sociedade e ser destituído (cumulativamente ou
não).
2º hipótese: Não há finalidade lucrativa (art.6º nº1). Em concreto, cabe no
art.6º nº2 e por isso podemos considerar esta liberalidade dentro da
capacidade.

4) Se o Xavier for um terceiro: art.228º: depende de consentimento


A transmissão não pode ser acompanhada pelo direito ao voto duplo:
art.24º nº3 -> natureza pessoal, não pode ser transmitido.

Teste de avaliação do ano passado

A) No art.980º CCiv estão presentes os quatro elementos. O elemento


finalístico diz respeito à atividade económica e não de mera fruição que a
sociedade vai exercer (art.11º nº2 CSC). O elemento teleológico refere-se à
finalidade dos sócios e da sociedade isto é, a obtenção e a repartição dos
lucros (art.21º al.a CSC + 22º).

Página 12
Débora

B) SQ (202) e SA (277º nº1) não são admitidas em industria + 178º (SENC)


são. + 9º al.g) e h). Entradas em espécie é necessário avaliar e descrever o
bem (art.28º).
C) 228º nº2 (SQ) -> norma supletiva + 229º nº2
328º nº1 (SA) -> regra + nº2
D) Art.6º nº1: capacidade é delimitada pelo fim. Só os atos que não têm
finalidade lucrativa é que não são válidos.
Mesmo que o ato seja praticado fora do objeto, a sociedade vincula-se
externamente (art.6º nº4 -> 260º + 409º).

2) Há um peso maior nos sócios: responsabilidade externa; sócios em


industria, dependente do consentimento por ser uma sociedade fechada,
regime de voto,

Relevante o investimento de capital do sócio: não há entrada em industria;


regime de voto, não há responsabilidade externa e a interna é limitada ao
valor; a transmissão é livre.

SQ: industria, regime de voto, transmissibilidade (meio termo), na


responsabilidade interna será mais para as sociedades de pessoas e a externa
é limitada. Quase todo o regime das SQ assente em normas supletivas. Posso
dizer que os sócios respondem externamente até a um determinado
montante (198º) e aqui estou a aproximar a sociedade por quotas a uma
sociedade de pessoas. Posso também proibir ou depender de consentimento
(229º nº1 + nº3) -> aproximar a uma sociedade de capitais

3) caso prático
2 sócios casados: art.1714º nº3 CCiv + 8º nº1 CSC -> válida
+ 200º (SQ) - firma denominação -> válida
+ 12º + 21º al.c + 214º -> cláusula inválida -> a cláusula e o contrato são nulos
(42º al.b)
+ 201º + 219º nº3 -> capital social -> cláusula válida
+ 9º nº1 al.h) - os bens têm de estar descritos e avaliados (art.28º) -> cláusula
inválida + 202º (entrada em indústria) -> cláusula inválida -> a solução
seria entrarem com 1€ e a sara especificar + serem avaliadas
+ 252º (pode ser gerente) + 24º nº1 (não pode ter esse direito) + 257º nº3
Normalmente, a destituição é feita a todo o tempo, pelos sócios em AG. Com o
direito especial à gerência, o gerente tem uma posição reforçada. Logo, a
competência é do tribunal e só pode ser destituído por justa causa.

6º nº3: as garantias não têm finalidade lucrativa. A cláusula é nula pois só


podem ser prestadas se existir justificado interesse próprio da sociedade ou
se se tratar de sociedade em relação de domínio ou de grupo.

O procedimento mais adequado seria, segundo o art.7º CSC, por documento


particular autenticado com reconhecimento das assinaturas.
Sendo que a empresa na hora não tem cláusulas especiais por só haver um
modelo pré aprovado, esta empresa não seria uma boa escolha.
Página 13
Débora

Caso prático nº2


a) art.40º 1º parte: Carlos e Antonio: solidariamente e ilimitada
Rita responde até às importâncias das entradas.
Como o art.40º não menciona a responsabilidade da sociedade, aplicamos
analogicamente o 36º nº2 e o art.997º CCiv.
Abre-se a possibilidade de aplicarmos o art. 19º nº2 para serem afastas as
pessoas mencionadas no art.40º (art.19º nº3).

b) por norma, é a própria sociedade que responde (art.197º nº3) ->


responsabilidade limitada dos sócios.
Sendo que os sócios são pessoas autónomas, não respondem (art.5º CSC).
É necessário levantar o véu nos casos de responsabilidade. Há uma
descapitalização provocada pelos sócios para não responderem pelas dívidas.
Os tribunais acabam por responsabilizar os sócios devido à figura da
desconsideração da personalidade coletiva tendo como fundamento o art.
334º CCiv. Aqui, os sócios têm o direito de exercer a atividade económica.
Como abusaram desse direito, defraudando os credores da sociedade, o
Tribunal consegue encontrar um fundamento neste artigo.

Página 14

Você também pode gostar