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Diana Teixeira

DIREITO E
PROCEDIMENTO
ADMINISTRATIVO
Diana Teixeira

→ Tribunais Administrativos e Fiscas – 1º instância;


→ Tribunal Central Administrativo – Norte;
→ Tribunal Central Administrativo – Sul;
→ Supremo Tribunal Administrativo;

FUNÇÃO DO ESTADO:
- Assembleia da República – Função legislativa;
- Governo – Função executiva – Direito Administrativo;
- Tribunais – Função Judicial;

FUNÇÃO GOVERNATIVA:
- Órgãos da Administração Publica (AP);
- Pessoas Coletivas Públicas;

DIREITO ADMINISTRATIVO:
- Direito Público;
- Sentido Orgânico trata do funcionamento da Administração Pública;
- Sentido Material – atividade administrativa;

Significado de Administração pública: É um conceito da área do direito que descreve o


conjunto de agentes, serviços e órgãos instituídos pelo Estado com o objetivo de fazer a gestão de
certas áreas de uma sociedade, como Educação, Saúde, Cultura, etc. Administração pública
também representa o conjunto de ações que compõem a função administrativa.

FONTES DO DIREITO ADMINISTRATIVO:

FONTES EXTERNAS:
- Tratados internacionais;
- Direito Europeu;

FONTES INTERNAS:
- Constituição da República Portuguesa;
- Leis e Decretos-leis;
- Princípios gerais do Direito Administrativo;
- Parlamento;

Órgãos da Administração Pública – Pessoas Coletivas:

• Governo – Administração Direta;


• Autarquias locais;
• Regiões Autónomas – Administração Autónoma;
• Institutos Públicos;
• Empresas (ex: caixa geral depósitos) – Administração Indireta;
• Associações (ex: Ordem dos Solicitadores) – Administração Indireta;

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Sistema organizativo da Administração Pública:


➔ Administração direta: o governo tem o poder de direção (dar ordens);
➔ Administração indireta: o governo tem o poder de orientação e de tutela
(poder de fiscalização de legalidade) – ex: institutos públicos (IPB), associações
públicas, ensino superior, etc;
➔ Administração Autónoma: o governo tem o poder de tutela – Fiscalização da
legalidade (ex: ilhas e autarquias locais, câmara);
➔ A administração Pública atua segundo critérios legais, segundo critérios de
mérito ou convivência.

Exercícios dos Atos administrativos (singular, coletivo e geral:

1. O presidente do IPB dissolveu o conselho geral.


Coletivo.

2. O resgisto civil emitiu a certidão de óbito de António.


Singular.

3. O IPB abriu concurso público para provimento de um professor auxiliar


(ou seja, abriu concurso para contratar o professor).
Geral.

Órgãos da Administração Pública (Código de Procedimento


Administrativo, só regula o funcionamento dos órgãos colegiais –
artigo 21-30):

• Atribuições: Objetivos ou finalidades do PCP.


Exemplo: No IPB a atribuição é para o ensino.

• Competências: Poderes que a PCP detém para prosseguir as suas


atribuições.
Exemplo: Para conseguir o ensino é preciso ter poder para controlar os
processos.

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Exemplos:
1. O banco de Portugal regula a atividade bancária – Atribuição.
2. O Instituto Politécnico faz parceria com a UTAD – Competência.
3. A câmara municipal de Mirandela manda demolir um prédio que estava em risco de
ruína – Competência.
4. O Ministro das Finanças faz a cobrança de impostos – Atribuição.→ Para poder fazer
isto, a Administração Pública terá de ter poder de decisão unilateral, poder regulamentar,
privilégio da decisão prévia e poder discricionário.

O Direito Administrativo é composto por:

➢ Normas Jurídico Administrativas;


➢ Normas Organizacionais;
➢ Normas Funcionais;
➢ Normas Relacionais;

O que faz a Administração Pública?

1. Operações materiais (ex: quando neva e os limpa neves limpam);


2. Atos Administrativos (ex: matricular-nos, tirar a carta de condução, pedir certidão de
nascimento) – se for uma decisão final;
3. Regulamentos Administrativos – normas jurídicas;
4. Contratos – negociar com outra parte;

Para poder fazer isto, a Administração Pública terá de ter poder de decisão unilateral,
poder regulamentar, privilégio da decisão prévia e poder discricionário.

Princípios Gerais de Direito Administrativo:


1. Princípio da imparcialidade – artigo 9º;
2. Princípio da boa fé – artigo 10º;
3. Princípio da Igualdade – artigo 6º;
4. Princípio da Proporcionalidade – artigo 7º;
5. Princípio da boa Administração – artigo 5º;
6. Princípio da Razoabilidade – artigo 8º;
7. Princípio da administração eletrónica – artigo 14;
8. Princípio da Responsabilidade – artigo 16º;
9. Princípio da prossecução do interesse público – artigo 4º;
10. Princípio da Participação – artigo 12º;
11. Princípio da legalidade – artigo 3º;
12. Princípio da Gratuidade – artigo 15º;
13. Princípio da Administração Aberta – artigo 17º;

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14. Princípio da Decisão – artigo 13º;


15. Princípio da participação ou de colaboração entre os particulares – artigos 11º e 12º;
16. Princípio da Proteção dos dados Pessoais – artigo18º;
17. Princípio da Cooperação leal com a União Europeia – artigo19º;

Verdadeiro ou falso

1. Qualquer Ato administrativo pode ser executado pela


Administração Pública.
Falso. Não é qualquer ato tem de ser definitivo e executório.

2. A impugnação contenciosa (ir a tribunal) depende de o ato ser


definitivo e executório.
Falso, não é preciso chegar ao fim.
3. Pode-se impugnar contenciosamente qualquer decisão
administrativa lesiva de direito de interesses legalmente protegidos.
Verdadeira.
4. Só o ato administrativo definitivo e executório pode ser
coercivamente imposto pela Administração Pública.
Verdadeira.

A atividade administrativa pode ser prestada de duas formas,


uma é a centralizada, pela qual o serviço é prestado pela
Administração Direta, e a outra é a descentralizada, em que a
prestação é deslocada para outras Pessoas Jurídicas.

A descentralização consiste na Administração Direta deslocar,


distribuir ou transferir a prestação do serviço para a Administração
a Indireta ou para o particular. Note-se que, a nova Pessoa Jurídica
não ficará subordinada à Administração Direta, pois não há relação
de hierarquia, mas esta manterá o controlo e fiscalização sobre o
serviço descentralizado.

Por outro lado, a desconcentração é a distribuição do serviço


dentro da mesma Pessoa Jurídica, no mesmo núcleo, razão pela
qual será uma transferência com hierarquia.

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Desconcentração e Descentralização:
➢ Delegações da atribuição – Descentralização;
➢ Delegações de poderes de competência – Desconcentração;
- Há dois órgãos: O delegante e o delegado.
- Está expressa na lei;
- Ato Administrativo Concreto de delegação;

Poderes do Administração Pública (AP):


- Decisão Unilateral;
- Regulamentos;
- Execução Previa;
- Discricionários – limites; 1. Fim;
2. Competência;
3. Cumprimento das formalidades essenciais;

Exercícios sobre desconcentração e descentralização

1. O Ministro do Ambiente delegou na GNR a fiscalização das contra-


ordenações e crimes ambientais.
Atribuição – Descentralização.
2. O sargento da GNR de Mirandela delegou o primeiro-sargento à
apreciação e instrução da morte em massa dos peixes do rio Tua.
Competência – Desconcentralização.
3. O presidente do IPB delegou no vice-presidente a sua
representação na Assembleia de Município da terra quente
transmontana.
Competência – Desconcentralização.
4. O presidente do IPB delegou na AE do IPB a atividade da receção
aos caloiros.
Atribuição – Descentralização.

Decisões da Administração Pública:


> Princípio da legalidade – conforme a lei – critérios objetivos;
> Poder discricionário – mérito, conveniência – critérios subjetivos;
> Poderes com base na lei – São poderes “puros”, só existem critérios legais.

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Discricionalidade imprópria – Temos 3 tipos:


1. Discricionalidade técnica;
2. Justiça Administrativa;
3. Liberdade Probatória;

Os poderes com base na discricionalidade não podem ser sindicados pelo TAF
(exceção limites).

Exercícios sobre a discrionalidade:

1. O pedido de licenciamento da suinicultura foi indeferido por violar as boas práticas


ambientais.
Discricionalidade técnica, são as técnicas do ambiente.

2. A suinicultura foi entregue na classe 3 Justiça Administrativa (1-5) dadas as suas condições
de laboração.

3. O pedido de licenciamento da suinicultura foi indeferido por não cumprir os requisitos


legais.
“Lei Pura”.

4. O pedido de licenciamento da suinicultura foi indeferido por o Diretor competente


entendendo que já existiam suiniculturas (criação de porcos) suficientes na Região.
Discirminalidade Pura, não está baseada na lei.

5. O pedido de licenciamento da suinicultura foi deferido visto terem sido justos os


pareceres necessários.
Liberdade probatória.

6. António, aluno do IPB viu-lhe negado o subsidio por não cumprir o exigifo na alínea c do
artigo 1º.
“Lei Pura”.

7. António ficou em 2º lugar por o Juri do concurso ter entendido que o trabalho de Beto era
melhor.
Poderes com base na discricionalidade.

8. Carlos ficou em 3º lugar por ter sido considerado o 3º melhor trabalho.


Justiça Administrativa.

9. Duarte não reuniu as condições mínimas para que o seu trabalho fosse considerado
académico.
Discricionalidade técnica.

10. Eduardo foi admitido no concurso depois conseguiu provar a equivalência em Portugal
no seu diploma Americano.
Liberdade Probatória.

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11. O Turismo de Portugal indeferiu o requerimento de António de licenciamento de um


restaurante pois não cumpriu os requisitos relativos à segurança alimentar.
Discricionalidade técnica.

12. O Turismo de Portugal indeferiu o requerimento de António de licenciamento de um


restaurante por este não ter entregue a documentação relativa à segurança alimentar.
Liberdade Probatória.
13. O Turismo de Portugal deferiu o requerimento de António de licenciamento de um
restaurante visto o processo reunir todos os condicionalismos legais necessários.
“Lei Pura”, poderes com base na lei.

14. O Turismo de Portugal classificou o restaurante de António com duas estrelas.


Justiça Administrativa.

Manifestações do poder Administrativo, são:


> Operações materiais – Não tem caráter jurídico (não vamos estudar);
> Regulamentos Administrativos (vamos estudar);
> Atos Administrativos (Vamos estudar);
> Contratos Administrativos – Código dos Contratos Públicos (não vamos
estudar);

A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA PODE:

➢ Fazer regulamentos;
➢ Fazer atos administrativos;
➢ Fazer contratos administrativos;

Regulamentos Administrativos:

1. Noção: Conjunto de normas jurídicas gerais e abstratas. Esse conjunto é emanado


de um órgão da Administração Pública. Há sempre uma lei habilitante (lei de
habilitação).

2. Importância:
> Visam desonerar a Assembleia da República (são regulamentos de desenvolvimento);
> Visam que quem regulamenta esteja mais próximo das populações;

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3. Espécies:
> Regulamentos independentes, ou seja, regulamentos de desenvolvimento – é a
própria lei que visa regulamentar;
> Regulamentos internos e regulamentos externos (para processo administrativo são
os externos que interessam);

4. Limites do poder regulamentar:


> Constituição da República Portuguesa (CRP);
> Leis, Decretos-lei – princípio da legalidade;
> Princípios gerais do direito administrativo (PGDA);

5. Processo de elaboração de um Regulamento Administrativo:


a) Direito de Petição;
b) Publicitação;
c) Projeto de regulamento;
d) Consulta Pública ou audiência de interessados;
e) Publicação no Diário da República;

→ Os particulares podem pedir às entidades competentes para fazer regulamentos.

Exemplo:
a) Um grupo de cidadãos pode fazer à câmara um regulamento sobre um parque
infantil dizendo até que hora se pode estar, até que idade é permitida a entrada no
parque, etc.
b) Depois de alguém fazer a regulamentação, tem de ser publicitada para que os
cidadãos saibam que determinada matéria vai ser regulamentada.
c) Depois, um órgão da Administração Pública faz um projeto do regulamento,
qualquer pessoa se pode pronunciar sobre esse projeto mas tem um x prazo. Depois
de publicado no Diário da República não há nada a fazer, ou seja, os cidadãos já não se
podem pronunciar.

6. Inderrogabilidade dos Regulamentos Administrativos:


> Um Ato Administrativo não pode nunca violar um Regulamento Administrativo.

7. Cessação da vigência do Regulamento:


> Caducidade;
> Revogação (revogado por outro regulamento);

8. Será que os regulamentos podem ser impugnados em tribunal?


> Imediatamente Operativos – excecão.
Artigos 97º-101º e 135º-147º.

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NOTA:
Artigo 106/55.
> A pessoa que dá a decisão nunca pode ser a mesma que a pessoa que
faça instrução do procedimento.
> Num ato de administração pública as pessoas são logo notificadas.
> As multas são em penal em administrativo são coimas.
> A contagem de prazos é feita a partir do dia seguinte á notificação – artigo
87º

Atos Administrativos:

1. Noção: É um ato unilateral, praticado no exercício de poderes administrativos por


um órgão da Administração Pública. Tem efeitos jurídicos externos e visa regular uma
situação individual e concreta.

2. Tipologia dos Atos Administrativos:

a) Declarativos (limitam-se a declarar uma situação jurídica existente);


b) Constitutivos (constituem uma nova situação jurídica);

Os constitutivos podem ser:

➢ Primários (constituem pela primeira vez uma situação jurídica); São


Permissivos (permitem que se faça alguma coisa) – autorização, licença,
declaração, concessão, admissão. E são impositivos/punitivos – sanções.

➢ Secundários (pronunciam-se pela segunda vez numa situação jurídica);


> Revogação;
> Aprovação;
> Visto;
> Ato confirmativo;

3. Classificação dos Atos Administrativos. Temos os atos:

a) Quanto ao autor que podem ser:


> Decisões – são dadas por 1 órgão singular.
> Deliberações – são dadas por 1 órgão colegial.

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b) Quanto ao destinatário:
> Singulares – Dirigidos a uma determinada pessoa;
> Coletivos – Dirigidos a um sujeito complexo produzindo efeitos a todos que
o integram;
> Gerais – Pessoas indeterminadas mas determináveis;

c) Quanto ao conteúdo:
> Direito Administrativo;
> Direito Administrativo + Direito Privado;

d) Quanto aos efeitos:


> De execução instantânea (ex: Licença de uso de porte de arma);
> De execução continuada (ex: Licença de construção);

e) Quanto à posição no Procedimento Administrativo:


> Definitivos;
> Não definitivos;

f) Quanto à suscetibilidade de execução Administrativos:


> Executórios - (Ato administrativo definitivo e executório);
> Não executórios - (não respeitam a tripla definitividade);

Definitividade vertical – O ato Definitividade material – O ato


foi praticado pela pessoa regulou a situação jurídica em
competente. crime. O que se pretendia ficou
resolvido.

Difinitividade horizontal - Para


a produção do ato administrativo
foram cumpridos todos os
requisitos do procedimento
administrativo.
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NOTA: O ato que tem estas três características chama-se: ATO ADMINISTRATIVO
DEFINITIVO E EXECUTÓRIO.
Está inteiramente ligado ao privilégio da execução prévia.

PROCEDIMENTO DO ATO ADMINISTRATIVO

Artigo 102º-133º - Tem a ver com o facto de quais são as formalidades para fazer o
ato administrativo.

1. Fase inicial (artigo 102º):


> Iniciativa Pública;
> Iniciativa Privada;

1.1 O processo segue para o órgão competente para decidir – artigo 55º nº1.
1.2 O órgão competente delega a instrução em inferior hierárquico – artigo 55º nº2.

2. Fase de instrução (artigo 115º - 120º):


> Reúnem-se: As provas, pareceres, pedido de informações suplementares;
> É então que o órgão competente faz um: Projeto de decisão – artigo 122º nº2;

Depois disto tudo, tem de se fazer um projeto de decisão.

3. Fase da audiência dos interessados (artigo 121º - 125º):


> Faz-se um: Relatório da decisão (que vai para o órgão competente decidir) – artigo 126º
- (a fase de audiência dos interessados, faz parte da fase de instrução, há quem considere
que está dentro dessa).
(esta fase, faz parte da fase de instrução, há quem considere que está dentro dessa).

4. Fase da decisão (artigo 127º);

NOTA: O órgão instrutor faz um projeto de decisão antes da audiência de interessados


(artigo 122º nº2). E faz um relatório de decisão após a audiência de interessados (artigo
126º).

→ A pessoa responsável pela decisão nunca pode ser a mesma pessoa que faz a instrução
do procedimento.

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Como acaba o procedimento administrativo?

a) Decisão – 127º;
b) Desistência ou renúncia – 131º;
c) Deserção – 132º;
d) Falta de pagamento de taxas ou despesas – 133º;

Como se deve entender o silêncio da Administração Pública quando ultrapassa os


prazos de decisão?

> Artigo 128º;


> ATO TÁCITO – artigo 130º;
a) Indeferimento tácito – sempre que a lei não diz nada;
b) Deferimento tácito – nos casos apresentados previstos na lei;

Porque é que alguns estudiosos do procedimento administrativo dizem que o Código


do Procedimento Administrativo (CPA) de 2015 acabou com o ato tácito?

Porque passado o prazo da Administração Pública (AP) se pronunciar o interessado não


pode decidir se continuar à espera da decisão. Na medida em que o último dia para a
decisão é também a véspera do 1º dia para recorrer aos tribunais. Assim, se o interessado
não respeitar esse prazo poder-se-á ver perante uma situação em que não tem decisão na
Administração Pública (AP) e também já não pode ir a tribunal fazer valer aquele que
considera seu direito.

RESUMO DAS FASES DO PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO:

A fase inicial é aquela que desencadeia o procedimento administrativo, podendo


surgir de iniciativa pública (através de um acto interno) ou privada (através de
requerimento de um particular interessado.

A fase de instrução que se destina a averiguar os factos que interessem à decisão final
(arts. 115º a 120º do CPA) e que se rege pelo princípio do inquisitório, isto é, fase em
que a administração pública, sem a dependência da vontade dos interessados, requer
factos e esclarecimentos que mais facilmente levem à tomada da melhor decisão.
(artigo 58ºCPA).

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É na fase de audiência dos interessados (artigos 121º a 125º do CPA) que se inserem
os princípios da colaboração da Administração com os particulares (artº11 nº1 CPA) e
da participação (art. 12º CPA). É nesta fase que se concretiza o direito de participação
dos cidadãos na formação das decisões que lhes dizem respeito.

Para esta terceira fase do procedimento administrativo, o CPA admite duas formas dos
interessados serem ouvidos no procedimento, antes de ver tomada a decisão final:
> audiência escrita;
> audiência oral;

Uma vez que a lei não determina qualquer critério de opção do instrutor pela audiência
escrita ou oral, compete ao director do procedimento, que goza de um poder
discricionário, decidir se a audiência prévia dos interessados deve ser escrita ou oral
(art. 122º nº1 do CPA).
Importa referir, que a falta de audiência prévia dos interessados, nos casos em que seja
obrigatória por lei, constitui uma ilegalidade e tem como consequência a anulabilidade
(art. 163º nº1 CPA).

Na fase de preparação da decisão a Administração pondera o quadro traçado na fase


inicial, a prova recolhida na fase de instrução e os argumentos apresentados pelos
particulares na fase da audiência dos interessados. Posteriormente, o procedimento é
levado ao orgão decisório que pode ser, singular (emitirá um despacho) ou colegial
(emitirá uma deliberação) - artigos 125º e 126º CPA.

Chega-se à fase da decisão, isto é, a fase que põe fim a todo o procedimento
administrativo. Salvo disposição em contrário, o procedimento pode terminar pela
prática de um acto administrativo ou pela celebração de um contrato (art. 127º CPA).
Caso termine pela prática de um acto administrativo, todas as questões pertinentes,
suscitadas durante o procedimento e que não tenham sido decididas em momento
anterior, devem ser resolvidas pelo órgão competente (art. 94º nº1 do CPA).

O art. 123º do CPA, remete-nos para a importância da divergência entre o orgão


decisor e o orgão instrutor, uma vez que as decisões de ambos podem divergir.
Quando for esse o caso, deve-se ter em conta se o órgão instrutor ouviu os
interessados, no processo de instrução. Caso não o tenha feito, deverá marcar-se uma
nova audiência, de âmbito meramente instrutório.

INVALIDADE DO ATO ADMINISTRATIVO:

Ato administrativo contrário à lei – ato inválido que pode ser:


> Anulável;
> Nulo;

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VICIOS DO ATO ADMINISTRATIVO:

1- Quanto ao Sujeito e quanto ao autor do ato administrativo;


1.1. Usurpação de poderes – nulo;
1.2. Incompetência absoluta – nulo;
1.3. Incompetência relativa – anulável;

➢ O vício da violação da lei está presente no artigo 36º e tem como sanção a
nulidade.

Nota:
Taxas – recebemos alguma coisa em troca e podem ser feitas fora da Assembleia da
República inclusivamente pelas câmaras municipais.

Exemplo: Pagamos as propinas – em troca recebemos o ensino.


Pagamos as portagens – em troca acedemos à auto-estrada.

Impostos – Não recebemos nada em troca e tem de ser feitos pela Assembleia da
República.

USURPAÇÃO DE PODERES – nulo.


Ato produzido pela Administração Pública quando a respetiva competência é de outro
órgão de soberania. A sanção é a nulidade.

➢ Assembleia da República;
➢ Parlamentos e tribunais;

O vício de usurpação de poder ocorre quando um órgão da Administração Pública


produz um ato administrativo de competência exclusiva dos outros órgãos de
soberania, nomeadamente a Assembleia da República ou os Tribunais.

INCOMPETÊNCIA ABSOLUTA – nulo.


Ato praticado por um órgão da Administração Pública quando a respetiva competência
é de outro órgão de soberania. A sanção é nulidade.

INCOMPETÊNCIA RELATIVA – anulável.


Ato praticado por pessoa competente situando-se o órgão competente dentro da
mesma pessoa coletiva pública.

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2. Quanto ao objeto – Violação da lei e a sanção é a nulidade.

3. Vicio quanto à forma:

➢ Preterição (violação das formalidades essenciais) – o ato é anulável.

4. Quanto à motivação:
Este vício é típico do exercício de poderes discricionários – DESVIO DE PODER.

➢ Se for por razões de interesse público – é anulável;


➢ Se for por razões de interesse privado – é nulo.

Limites do poder discricionário:

1. Se a competência é violada, o vício e a incompetência tanto pode ser:


> Absoluta;
> Relativa;

2. Cumprimento das formalidades essenciais:


> Vicio contra a forma;

3. Fim para que foi conferido o poder discricionário:


> O vício é desvio do poder;

Exercícios – Vícios do Ato Administrativo.

1. O Ministério da Administração interna tem a possibilidade de conceder vistos


anuais de residência a cidadãos estrangeiros ilustres no seu ramo de atividade.
Quando a Madonna requereu sobre esse visto, já tinham sido atribuídos 19 e o
ministro estava a reservar o vigésimo para o seu primo brasileiro que dá aulas de
Solicitadoria no Brasil.
Poder discricionário, o vício é desvio do poder por razões de interesse privado. O ato é
nulo.

2. O Ministério do Ambiente praticou um ato de competência exclusiva do Ministério


da Agricultura.
Vicio quando ao sujeito – incompetência absoluta. A sanção é nula.

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3. Passagem de uma certidão comprovativa de que António terminou a sua


licenciatura quando na realidade lhe faltava ser aprovada duas unidades
curriculares.
Trata-se de um vício quanto ao objeto – violação da lei. A sanção é nulidade.

4. Recusa da renovação da licença de condução a um indivíduo com o


fundamento de “falta de maturidade”.
Trata-se de um vício quanto à forma – falta de fundamentação. A sanção é anulável.

5. O presidente do IPB decidiu que as licenciaturas dessa instituição passariam a


ser de 2 anos.
Neste caso, pode ser um vício de violação de lei e um vício quanto ao sujeito –
incompetência absoluta. A sanção é nula.

6. Ato Administrativo que decide conceder pensão de sobrevivência a uma pessoa


viúva e empregada quando a lei só permite atribuir a pensão a alguém que esteja
desempregado.
Violação da lei.

→ Quando é que não se produz o efeito anulatório do ato administrativo?


Artigo 163º nº5.

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1. António tem autorização para ocupação da via pública para efeitos de


instalação de uma esplanada com a área de 50 m². António, recebeu um ofício da
Câmara dizendo que tinha de levantar a esplanada porque o passeio ia ser sujeito
a obras.
É uma revogação uma vez que se trata de uma necessidade, mérito – artigo 165º nº1.

2. A Administração Pública pode revogar ou anular um ato nulo?


A Administração Pública não pode revogar ou anular atos nulos – artigo 166º.

_____________________________________________________________________________________

Como é que os particulares podem reagir perante um ato


administrativo ilegal?

Garantias Graciosas – O Código do procedimento administrativo (CPA) - Garantias


que se efetivam através da atuação dos próprios órgãos da AP.
Impugnação perante a própria Administração Pública.

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➢ Reclamação – Para o próprio autor do ato (artigo 191º e ss); Reclama de atos que
não dão razão.

➢ Recurso Hierárquico – Para o superior hierárquico:


> Facultativo – artigo 185º nº2 (vai logo para o Tribunal);
> Necessário – artigo 185º nº1 (1º impor recurso só depois pode recorrer ao
Tribunal).

Artigo 185º nº1 – É competente para decidir quais os lugares de estacionamento


reservados a deficientes, o variador do urbanismo.

Artigo 185º nº2 – Serão considerados lugares de estacionamento para deficientes


quando se verifiquem as condições constantes do anexo 1º ao presente regulamento.

Artigo 185º nº3 – Cabe recurso hierárquico nesta matéria das decisões tomadas pelo
variador do urbanismo.

CASO PRÁTICO:
António requereu o lugar de estacionamento para deficientes perto do prédio
onde habita. O seu pedido foi indeferido com a fundamentação de que já não era
possível naquela rua criar mais lugares de estacionamento para deficientes.
De tal decisão pretende António recorrer para os tribunais. Pode fazê-lo?
Primeiro tem de impor o recurso necessário para o Presidente e só depois é que pode
recorrer aos Tribunais – recurso hierárquico necessário.

Exemplo de suspensão de prazos:


> 15/07 a 31/08 – Férias do Tribunal.
> Ao estarem de férias suspendem-se os prazos.
> Dia 12/07 – Tenho de contestar no prazo de 30 dias, tinha de esperar que acabassem
as férias para contar os 30 dias.

CASO PRÁTICO:
Por facilidade de contagem vamos imaginar que os prazos em Procedimento
Administrativo se contam em dias seguidos.
Fui notificada de uma decisão camarária que me é completamente desfavorável.
Sou obrigada a interpor recurso hierárquico necessário. Interpus o recurso
hierárquico necessário dia 04/09/2019.
Até hoje não obtive qualquer resposta relativa ao recurso hierárquico que
interpus.

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Quero saber se posso continuar à espera da resposta ao recurso ou se pelo


contrário devo estar atenta ao prazo para impugnação contenciosa?
Tendo em conta o disposto no artigo 198º nº1 o prazo para o superior hierárquico
responder ao recurso é de 30 dias. Assim, o recurso deveria ter tido uma resposta até
dia 01/10.
De acordo com o número 4 do artigo 198º e como ainda não houve decisão, o dia
02/10 terá sido o 1º dia do prazo para recorrer aos tribunais.
Por isso é que há autores que dizem que o novo CPA acabou com o recurso
hierárquico necessário.

A professora no exame só lhe interessa o prazo de 30 dias no artigo 198º nº1 e NÃO
no prazo de 90 dias do 198º nº2.

NOTA:
Nos atos anuláveis temos tês meses para recorrer à anulação.
Os atos nulos podem recorrer-se sempre

_____________________________________________________________________________

NOVA MATÉRIA!

NOVA MATÉRIA!

NOVA MATÉRIA!

NOVA MATÉRIA!

NOVA MATÉRIA!

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CÓDIGO DE PROCESSO NOS TRIBUNAIS ADMINISTRATIVOS


(CPTA)

Título l - Parte Geral;


Título ll - Ação administrativa;
Título lll - Processos urgentes (artigo 36º - remissão para o 97º e seguintes) - correm nas
férias judiciais, são os primeiros a ser tratados;
Título IV - Processos Cautelares;
Título V - Conflitos de competência;
Título VI - Recursos;
Título VII - Processos executivos (ex: privilégio de execução prévia, ações declarativas e
executivas);
Título Vlll - Tribunais arbitrais e centros de arbitragem;
Título IX - Disposições finais e transitórias;

Código de processo nos tribunais administrativos - artigo 3º nº1.

As partes = sujeitos processuais;

Legitimidade ativa - autor (o autor é aquele que pretende fazer valer um direito);
Legitimidade passiva - réu (aquele que tem interesse em contradizer o autor) - artigo 10º;

➢ Ação popular (está dentro da legitimidade ativa - artigo 9º nº2);


➢ Contra interessados (artigo 78º nº2 b) e 78º A regras específicas para quando
nós não sabemos descobrir quem são os interessados).
São as pessoas que podem ser prejudicadas se o pedido do autor for atendido,
exemplo que a professora deu sobre o caminho ser público ou particular, a
senhora da casa dizia que era dela ou seja caminho particular e os dos lotes
diziam que era um caminho púbico, se a professora ganhar a ação (defender a
senhora com o caminho particular) os contra interessados são os que vivem nos
lotes;

O processo administrativo tem duas grandes divisões:

➢ Ação declarativa: (pretende que o juiz condene alguém a fazer alguma coisa). Dentro
desta ação temos duas ações:
• Ação administrativa e processos urgentes;
• Ações independentes e ações dependentes - Trata-se de providência
cautelar (acautelar um direito, há direitos que são tão importantes que não se
compadeça com a demora do processo judicial, precisam de ser resolvidos
urgentemente, quando estamos perante uma situação desse género propomos
uma providência cautelar, mas só na ação principal se decide.
Exemplo: um clube de futebol recebeu notificação da câmara municipal para
desocupar um espaço que tem há imenso tempo que usa para treinos,
alegando a câmara que o espaço é da câmara e n tem direito de utilizar. O
futebol alega uma providência cautelar dizendo que tem o espaço há muito
tempo, etc mas só a ação principal diz quem deve ficar com aquilo.

➢ Ação executiva: obrigar pelo uso da força a cumprir a ação.


Exemplo: fulano tem de pagar 3.000€ e este não paga, então vou com uma ação
executiva para obriga-lo a pagar.

20
Diana Teixeira

Nota: Se houver alguma questão que não conseguimos resolver com este código
temos de ir ao código de processo civil.

Ação declarativa Ação Executiva

Ação Adiministrativa / Processos Urgentes


Processos cautelares
Ações independentes / Ações dependentes

Artigo 35º - é um processo declarativo normal;


Artigo 98º - contencioso eleitoral - tem a ver com situações em que há conflitos em
quaisquer eleições dos órgãos da administração pública.

✓ Contencioso dos procedimentos em massa (artigo 99º - aliena a/b/c para o que server);
✓ Contencioso pré contratual- artigo 100º;
✓ Processo de intimação para a prestação de informações consultas de processo ou
passagem de certidões - artigo 104º;
✓ Processo intimação para a proteção de direitos, liberdades e garantias - artigo 109º -
utiliza-se quando a providência cautelar é demasiado lenta para o caso;
✓ Processos cautelares – artigos 112º e seguintes;

Casos práticos:

1- Carlota foi notificada do despacho do diretor nacional do serviço de estrangeiro e


fronteiras (SEF) e considerou inadmissível a concessão de proteção internacional e
que determinou a sua transferência para a Finlândia.
Artigo 36º alínea e) do CPTA.

2- As listas A e B concorreram para o núcleo de estudantes de solicitadoria. A lista


A teve 21 votos e a lista B teve 20 votos. A lista B considera que dois votos nulos
devem ser contabilizados para a sua lista.
Artigo 36º alínea a) do CPTA.

3- Antonieta requereu no serviço de finanças de Mirandela, certidão que atestasse


que a sua situação tributária se encontrava regularizada. A administração tributária
recusa-se a passar a certidão por existir uma dívida com pagamento em prestações
acordado por ambas as partes.
Artigo 36º alínea d) do CPTA.

4- As empresas A, B, C e D concorreram num concurso de empreitada de obras


públicas. Publicado a lista de ordenação das empresas, a B que ficou em segundo
lugar pretende impugnar por entender que deveria ser colocada em primeiro lugar.
Artigo 36º alínea c) do CPTA.

5- Ao concurso para a admissão de 10 médicos, concorreram 60 médicos. Um deles


discorda do procedimento do concurso.
Artigo 36º alínea b) do CPTA.

21
Diana Teixeira

AÇÃO ADMINISTRATIVA COMUM - artigo 37º até ao 96º do


CPTA

O que se pode impugnar nas ações administrativas?

➢ ATOS ADMINISTRATIVOS POSITIVOS: São decisões individuais e concretas


que visam produzir efeitos jurídicos, tanto pode ser de:
> deferimento;
> indeferimento;
Exemplo: licença de condução; permissão de instalação de uma esplanada; ato
administrativo que indefere (que se faz) de uma esplanada.

Nota: Nós reclamamos as indeferidas, pois não somos nós a decidir nas deferidas.
Exemplo: exclusão de um percurso - não é uma decisão final do procedimento mas
pode ser impugnável.

Exemplo: Exclusão de um concurso – não é uma decisão final do procedimento mas


pode ser impugnável.

Quais são os prazos de impugnação?

• Atos nulos - a todo o tempo;


• Atos anuláveis - particulares - três meses;
• Ministério público (atos anuláveis) - 1 ano;

O prazo de impugnação conta-se da produção do ato ou da notificação do ato?


O prazo para impugnar é desde que o ato é notificado, ou seja, é quando o ato se
torna eficaz. A notificação é a eficácia do ato.

O ato não notificado é válido mas não é eficaz - não produz efeitos judicias.

O que acontece se na pendência da ação a administração pública anular o ato


impugnado e produzir um outro ato?
Se o novo ato me for conveniente, o autor desiste do outro e o processo acaba.
Se o ato não me for conveniente requer-se ao tribunal o prosseguimento da ação
contra o novo ato.

22
Diana Teixeira

Notas: Se o novo ato me for conveniente, o autor desiste do primeiro e o processo


acaba. Se o ato não me for conveniente pede-se ao tribunal o procedimento da ação
contra o novo ato.
Se nós alegamos que o ato é anulável por falta de fundamentação, (ficamos sem
pernas para andar) se o segundo ato for devidamente fundamentado.

ll

ATOS ADMINISTRATIVOS NEGATIVOS

❖ Atos em que a administração pública não cumpriu o dever de decisão;

❖ Requer-se a condenação da administração pública na produção do ato em falta


ou o ato em falta pode ser produzido pelo tribunal;

❖ O que o tribunal faz? Impõe à administração pública a tomada da decisão em


falta.
Exemplo: requerimento para instalação de uma esplanada, sem resposta da
administração pública no prazo devido.

lll

IMPUGNAÇÃO DE NORMAS OU CONDENAÇÃO À EMISSÃO DE


NORMAS:

1. Impugnação de normas: que normas se impugnam? Normas constantes de


regulamentos administrativos. Só se podem impugnar as normas imediatamente
operativas.

2. Também se pode intentar uma ação de condenação da administração pública


na produção de normas que protejam interesses difusos - artigo 9 n2.
Exemplos: imaginemos que há um espaço verde de mata no conselho de Mirandela
que tem espécies raras que são desprotegidas e onde as pessoas vão e deitam lixo
etc, pode-se condenar a administração pública a fazer um regulamento para
regulamentar toda aquela zona de mata. Pede-se a condenação da assembleia
municipal de Mirandela na regulamentação da mata das acácias de modo a
proteger as espécies aí existentes.

23
Diana Teixeira

3. Condenação da administração pública na produção de regulamentos


dependentes.
Exemplo: Decreto-lei que estabelece aumento extraordinário do salário dos
professores de acordo com os relatórios de avaliação. O decreto-lei dispõe que só
entrará em vigor no dia da publicação do regulamento que o desenvolve a qual
deverá ocorrer no prazo de 90 dias. Passaram os 90 dias e não há regulamentação.
O que pode fazer enquanto professora? Pode ir com uma ação de condenação
junto do tribunal administrativo judicial no sentido que a administração pública seja
condenada a fazer a regulamentação prevista no decreto-lei.

lV
VALIDADE E EXECUÇÃO DOS CONTRATOS

(Entre o artigo 77º ao 100º, mas, o artigo 100º do CPTA é o mais usado).

MARCHA DO PROCESSO ADMINISTRATIVO:

1. Inicia-se com a petição inicial: quem apresenta esta petição inicial é o autor. Ele não se
pode esquecer do RÉU (contra interessados).

2. Citação dos demandamos para contestar. Ao mesmo tempo que há situação dos
demandamos para contestar vai uma cópia da petição inicial para o ministério público.

3. É apresentada a contestação. Na contestação do réu pode-se defender por exceção e


por impugnação.
As exceções podem ser dilatórias (as dilatórias implicam a absolvição da instância, ex:
ilegitimidade) ou peremptórias (implicam a absolvição total ou parcial da instância, ex: o
autor diz que eu devo e eu apresento o recibo.
As impugnatórias contradizem os factos alegados pelo autor
Na contestação ele também pode fazer a reconversão.

4. Réplica e treplica. A réplica só pode ser cedida em relação às exceções e reconversão.

5. Conclusão ao juiz - saneador;

6. Audiência prévia (pode não se realizar);

7. Despacho saneador;

8. Audiência final;

24
Diana Teixeira

Caso prático:

António guerra dedica-se à produção de frutos vermelhos porque pretende


expandir a sua produção resolveu pedir um financiamento ao IFAP (Instituto de
Financiamento de Agricultura Portuguesa). Por achar-se mais conveniente
constituiu uma unidade pessoal por quotas denominado “António guerra frutos
vermelhos limitada”. Apresentou o pedido de financiamento de 50,000€ o pedido
foi aprovado tendo o dinheiro que ser devolvido em prestações mensais no prazo
de 10 anos sem juros. Uma das cláusulas do contrato prevê que se falhar o
pagamento de alguma prestação ao dia certo perde o benefício de não pagar
juros. Nos primeiros 5 anos do prazo de pagamento das prestações foram as
mesmas pagas religiosamente porém já no sexto ano e por motivo de uma grave
intempérie (uma coisa da natureza, por exemplo, um furacão, chuvadas muito
fortes) que lhe estragou a produção falhou a prestação do dia 6 de Dezembro só a
tendo conseguido liquidar no dia 5 de Janeiro. O IFAP contabilizou os juros
devidos e pretende que os mesmos lhe sejam pagos. Quid iuris?

O IFAP é o autor e vai para tribunal e vai pedir o pagamento de juros (petição inicial) e
contra quem vai depor os juros? Contra o réu frutos vermelhos limitada, nesta caso há
alguém que se o IFAP tiver razão fica prejudicado? Não, não há contra interessados. O
tribunal recebe a petição inicial e o funcionário faz um ofício e notifica a empresa a
dizer que contra ele foi intentado uma ação e notifica-o no prazo de x dias para
apresentar a sua contestação.
O António vem contestar dizendo que veio a grave intempérie, não estava nos poderes
dele controlar esta situação. O António vai apresentar uma defesa por exceção, como a
empresa apresentou defesa por exceção o IFAP pode apresentar uma réplica responde
à exceção e acabaram-se os articulados. Quando acabam os articulados o funcionário
da secretaria escreve numa folha conclusão e manda o processo para o juiz. O juiz
analisa o processo e marca audiência prévia ou não. Faz o despacho saneador dizendo
o que é preciso provar para que o autor tenha razão. Este despacho é notificado às
partes e assim elas já sabem o que têm de provar. Esta prova é feita na audiência.

DIREITO E PROCEDIMENTO DIREITO E PROCEDIMENTO


ADMINISTRATIVO ADMINISTRATIVO

DIREITO E PROCEDIMENTO
ADMINISTRATIVO
DIREITO E PROCEDIMENTO
ADMINISTRATIVO

25
Diana Teixeira

FICHA MARCHA DO PROCESSO ADMINISTRATIVO

A sociedade comercial por quotas António Almeida & Joaquim Lopes, Ldª, acabaram
de abrir um estabelecimento de café na zona central de Mirandela.

Pretendendo instalar uma esplanada no passeio em frente ao café, com 25 lugares


sentados, durante todo o ano, requereram a devida autorização ao Presidente da
Câmara. A pessoa competente para decidir é o Vereador do Urbanismo.

Nesse seguimento receberam a seguinte informação:

“Indeferido visto o croquis (projeto rudimentar) que juntam para a instalação das
mesas e cadeiras, apesar de respeitar as medidas legais, somos de entender que as
referidas medidas terão de ser mais espaçadas pois a zona em causa é
preferencialmente frequentada por cidadãos idosos que necessitam de mais espaço”.

O Chefe de Divisão do Urbanismo: Américo Cabral.

1 – A decisão transcrita sofre de alguma forma de invalidade? Justifique.


São encontrados dois vícios. Trata-se de um vício de incompetência relativa. Quem tinha
competência para decidir era o vareador do urbanismo e quem decidiu foi o chefe. O
croquis respeita as medidas legais. Enquanto a lei não disser que os mais velhos têm direito
a mais espaço, este fulano tem de respeitar as medidas legais, está a exercer um projeto
vinculado. E vício quanto ao objeto (ele violou a lei) a lei diz que as medidas são x e ele
quer que as medidas sejam ainda mais largas. Caso coloque isto em tribunal (isto tem
pernas para andar). Uma conduz à anulabilidade e outra à nulidade.

Os sócios da sociedade comercial zangaram-se e António desapareceu de circulação.


Todavia, Joaquim pretende impugnar contenciosamente a decisão.

2 – Qual a forma de processo que a ação a intentar deverá seguir?


Não há uma ação urgente, sendo assim tem de se submeter a uma ação administrativa que
está prevista nos artigos 37 e seguintes.

3 – Redija a petição inicial de acordo com os dados oferecidos. Tenha em conta qual o
tribunal competente, os requisitos do artigo 78º e ainda o artigo 66º nº2.
O tribunal competente é o tribunal administrativo e fiscal.
A competência territorial - artigo 16º nº1 a artigo 22º.
O autor é a sociedade por quotas “António Almeida e Joaquim Lopes, Lda”.

A petição inicial é dirigida ao excelentíssimo senhor juiz no tribunal administrativo e fiscal


de Mirandela.

26
Diana Teixeira

O chefe de divisão do urbanismo pertence ao município de Mirandela.


Joaquim Lopes, casado, comerciante e residente na quinta das hortinhas nº25 em
Mirandela vem intentar a ação contra o município de Mirandela, pessoa coletiva nº 502 490
355 com sede no largo da câmara em Mirandela.

Ação de impugnação do ato administrativo nos termos do artigo 37º alínea a) do CPTA.
Com os seguintes fundamentos:
1. A sociedade comercial por quotas “António Almeida e Joaquim Lopes, Lda” explora um
estabelecimento de café e no passeio do seu café pretende instalar uma esplanada.
Nesse sentido:
2. Requereram a autorização para a esplanada;
3. Juntaram o croquis que respeita as medidas legais em vigor;
4. A seguir acontece com relevância que todavia tal pedido foi indeferido nos seguintes
termos: “Indeferido visto o croquis que juntam para a instalação das mesas e cadeiras,
apesar de respeitar as medidas legais, somos de entender que as referidas medidas
terão de ser mais espaçadas pois a zona em causa é preferencialmente frequentada por
cidadãos idosos que necessitam de mais espaço”. Trataram-se as razões de facto.
5. Razões de direito: Tal ato administrativo padece do vício de 1) violação de lei na
medida que o órgão decisor não se submeteu as medidas legais devidas ao caso e 2)
vício de incompetência relativa na medida que a pessoa competente para decidir era
o vereador do urbanismo e quem decidiu foi o chefe da divisão

Conclusão: termos em que deve a presente ação ser julgada procedente por provada e em
consequência seja anulado o ato administrativo impugnado e seja substituído por outro
que defira a pretensão do autor.

À petição inicial que deu entrada no tribunal administrativo e fiscal de Mirandela segue-se
o artigo 81º (contestação).

Na contestação a Câmara Municipal alegou essencialmente a ilegitimidade ativa do


autor.

4 – Quais os factos que lhe permitiram essa defesa? Trata-se de uma defesa por
exceção ou por impugnação? Tenha em conta o seguinte:

O réu defende-se por impugnação quando contradiz os factos elencados pelo autor (o
autor diz que emprestou dinheiro e o réu alega que o dinheiro lhe foi entregue a
título de doação – a questão só se resolve com a prova feita em julgamento).

O réu defende-se por exceção de duas formas: exceções dilatórias – implicam a


absolvição da instância e exceções peremptórias importam a absolvição total ou
parcial do pedido e consistem na invocação de factos que impedem, modificam ou
extinguem o efeito jurídico dos factos articulados pelo autor. Exemplo: o autor diz

27
Diana Teixeira

que o réu deve 100 € e o réu diz que já pagou 50€ ou que o direito já se encontra
prescrito (ver artigo 577º do CPC em baixo).

O ato administrativo foi requerido à sociedade e quem interpõe a ação é o Joaquim Lopes.
Quem tem de meter a ação é a sociedade, logo é a parte legítima.

Os factos é que o ato administrativo foi requerido e dirigido à sociedade e quem interpôs a
ação foi Joaquim Lopes. O Joaquim Lopes não tem nada a ver com esta decisão mas sim
“António Almeida e Joaquim Lopes”.
Uma defesa por impugnação implica que só se pode resolver através da prova.
Artigo 577º CPC alínea e) há a absolvição da instância.

5 – Tendo em conta a contestação da Câmara o autor poderá apresentar réplica?


Artigo 85º a). O autor pode apresentar réplica porque para o autor responder de forma
articulada às exceções devidas. A réplica só se apresenta quando há exceções ou quando
há pedido reconvencional. Na contestação foi com base na exceção dilatória e por isso ele
pode.
Acabaram-se as peças processuais.

6 – Suponhamos que não existem mais peças processuais apresentadas tanto pelo
autor como pela ré. O que deve fazer o funcionário judicial que está entregue a este
processo?
Deve abrir conclusão ao juiz - artigo 87º.

7 – No despacho pré-saneador o que poderá fazer o juiz?


Poderá convidar o auto a suprir a exceção dilatória nos termos do artigo 87º nº1 a). É no
fundo dizer-lhe “olhe meta lá outra petição inicial em que o autor seja a sociedade”.
A ação para ser metida tem de ser intentada pela sociedade e não por António.

8 – Imagine que o autor não dá cumprimento ao convite do juiz para suprir a exceção
dilatória. O que deverá ser feito?
Há dois momentos em que a ação se decide o normal é que seja dps do julgamento e já
outras questões que podem ser logo decididas no despacho saneador que é neste caso
então nos termos do artigo 88º nº1 a) o juiz toma conhecimento da exceção dilatória de
legitimidade ativa absolvendo a ré da instância artigo 89º nº2. Estamos assim perante um
saneador - sentença.

Artigo 577º CPC


Exceções dilatórias
São dilatórias, entre outras, as exçeções seguintes:
a) A incompetência, quer absoluta, quer relativa, do tribunal;
b) A nulidade de todo o processo;
c) A falta de personalidade ou de capacidade judiciária de alguma das partes;
d) A falta de autorização ou deliberação que o autor devesse obter;
e) A ilegitimidade de alguma das partes;
f) A coligação de autores ou réus, quando entre os pedidos não exista a conexão exigida no artigo 36.º;
g) A pluralidade subjetiva subsidiária, fora dos casos previstos no artigo 39.º;
h) A falta de constituição de advogado por parte do autor, nos processos a que se refere o n.º 1 do artigo 40.º, e a falta, insuficiência ou irregularidade de
mandato judicial por parte do mandatário que propôs a ação;
i) A litispendência ou o caso julgado.

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Diana Teixeira

PROVIDÊNCIAS CAUTELARES - artigos 112º e seguintes do


CPTA

1) Servem para acautelar um direito que não se compadece com a demora judicial.

- Para que seja decretada - demonstrar que o direito que se procura salvaguardar pode
sofrer dano se ficarmos a aguardar a ação administrativa.

2) Tipos:
➢ Conservatórias: conservar um direito;
➢ Antecipatórias: Antecipar o cumprimento de um direito;

Artigo 112º - Quais as situações em que podemos pedir uma providência cautelar.

Exercícios:

1- A câmara municipal de Mirandela, encontra-se a construir um chafariz num


prédio de que é proprietário o senhor António. Que poderá este fazer?
Embargo de obra nova - artigo 112º nº2 g) (impedir que se continue a construir).

2- Adalberto recebeu a seguinte notificação vinda do município: “ Tem o prazo de


10 dias para proceder ao atulamento da sua piscina que construiu na sua
habitação pois não cumpriu as normas vigentes”.
Suspensão da eficácia de um ato administrativo ou de uma norma - artigo 112º nº2 a).
(Se a piscina está disponível para a usar e o homem a vai atular (pôr terra) vai ficar
impedido de a usar).

3- António viu-lhe vedado o acesso ao computador da biblioteca municipal por


ter mais de 80 anos.
Atribuição provisória da disponibilidade de um bem - artigo 112º nº2 c) mas aqui, não
é necessário, uma providência cautelar vai-se diretamente para o artigo 36º.
A resposta correta: Ele deve intentar uma ação urgente do artigo 36º nº1 e).

4- António viu-lhe recusada a instalação da sua esplanada, sem qualquer


fundamentação.
Há um prejuízo (o homem não pode instalar uma esplanada) - providência cautelar -
artigo 112º nº2 d).

29
Diana Teixeira

5- António deve uma fatura de água no valor de 1000€, a câmara pretende


salvaguardar o seu crédito com o único bem de António, uma extensa coleção de
discos de vinil.
É a câmara que vai interpor a providência cautelar. Arresto (apreensão de bens) - artigo
112º nº2 f).

6- Num concurso para provimento de um lugar de técnico de informática, serão


selecionados os 10 melhores candidatos que posteriormente frequentaram o
curso de 3 dias, sendo selecionado para o trabalho o que ficar em primeiro lugar.
António, que ficou classificado em 11• lugar pretende impugnar a lista e
frequentar o curso.
Admissão provisória em concursos e exames - artigo 112º nº2 b).
Ele quer frequentar o curso, se homem não frequentar o curso já não pode ser
selecionado.

REMISSÃO DO ARTIGO 112º PARA O 36º.

Diferença entre arresto e arrolamento (artigo 112º CPTA):


ARRESTO - Procedimento cautelar que consiste na apreensão judicial da coisa.
Os bens são deslocados (os móveis) ou seja, é uma coisa mais grave.
ARROLAMENTO - Procedimento cautelar para assegurar a permanência e
conservação dos bens. Não há um controle, faz apenas um registo.

NOTA MUITO IMPORTANTE:

AS PROVIDÊNCIAS CAUTELARES SÃO MEIOS ACESSÓRIOS, OU SEJA, A DECISÃO


QUE SAI DA INTERPOSIÇÃO DE UMA PROVIDÊNCIA CAUTELAR É UMA DECISÃO
PROVISÓRIA.

A DECISÃO DEFINITIVA SÓ É DADA NA AÇÃO COMUM QUE O REQUERENTE DA


PROVIDÊNCIA CAUTELAR É OBRIGADO A INTERPOR.

A AÇÃO COMUM PODE SER INTERPOSTA ANTES OU AO MESMO TEMPO DO QUE A


PROVIDÊNCIA CAUTELAR. SE FOR DEPOIS TEM DE SER FEITO NO PRAZO
MÁXIMO DE 30 DIAS - ARTIGO 373º DO CÓDIGO PROCESSO CIVIL.

Exemplo:
Imaginemos que eu instalei a esplanada e deixei passar o prazo de 30 dias. À
providência cautelar o que acontece?
CADUCA.

30
Diana Teixeira

MARCHA DO PROCEDIMENTO CAUTELAR

1) Requerimento Cautelar - não esquecer contra interessados; (nome do


documento que se inicia o processo) - artigo 114º;

2) Processo concluso ao juiz para que este profira DESPACHO LIMINAR no prazo
de 48h. No despacho liminar - ver fundamentos de rejeição - artigo 116º;

3) Citações do requerido e dos contra interessados para deduzir oposição -


prazo de 10 dias. (É quando a outra parte responde) - artigo 117º;

4) Processo concluso ao juiz - artigo 118º nº1;

5) Ouvem-se as testemunhas se o juiz assim o entender - o CPTA não diz em


que prazo; artigo 118º nº3 uma dessas provas, é a prova testemunhal;

6) O juiz dá a decisão no prazo de 5 dias - artigo 119º nº1;

(comparar com a marcha do processo de ação comum e com esta, marcha


do procedimento cautelar).

Artigo 123º - Porque as providências caducam.

RECURSOS - CPTA

1) Alçada: (artigo 142º)


1º instância: Tem uma alçada de 5 00 00€ – Tribunal Administrativo e
Fiscal;
2º instância: Tem uma alçada de 30 000 00€ – Tribunal Central
Administrativo do Norte e do Sul;
3º instância: Tem de ter uma alçada superior a 30 000 00€ – Supremo
tribunal Administrativo (STA);

→ Só se pode recorrer em processos cujo valor seja superior ao da


alçada do tribunal de que se percorre e se a decisão tiver sido
desfavorável em pelo menos metade da alçada.

31
Diana Teixeira

Exemplo 1:
Numa ação com valor de 7,000€ fui condenada a pagar 2,500€.
Resposta: Posso recorrer porque o valor é superior a 5,000€ e porque o meu
prejuízo é metade da alçada do tribunal.

Exemplo 2:
Numa ação com valor de 4,000€ fui condenada a pagar o valor de 3,000€.
Resposta: Não porque o valor da ação é inferior aos 5,000€ é portanto uma
decisão que não cabe recurso.

Exemplo 3:
Numa ação com o valor de 35,000€ pode-se recorrer para o supremo
tribunal administrativo?
Resposta: Posso, porque para ir ao supremo as ações tem de valer 30 0001€
(trinta mil e um cêntimo).

Exemplo 4:
Numa ação com o valor de 20 000€ posso recorrer para o supremo tribunal
administrativo (STA)?
Resposta: artigo 142º nº3
Porque esta ação é só até 20 000€ e para o supremo só pode ser apartir dos
30,000€

2) Quem é que pode interpor o recurso? (artigo 141º)


> a parte vencida;
> o ministério público - quando a sentença/acórdão viole as
disposições legais;

3) Quais são as espécies de recurso? (artigo 149º/50º/51º) - Temos os


recursos:
> ordinários;
> extraordinários (artigo 152º);

32
Diana Teixeira

Nos recursos ordinários - temos a apelação para o tribunal central


administrativo (TCA) ou a revista para o STA.

Nos recursos extraordinários são o recurso para a uniformização de


jurisprudência e a revisão (a revisão é o único fundamento de violação
da lei, ou seja, só pode ter como fundamento a violação da lei.

4) Efeitos dos recursos (artigo 143º nº1 e nº2):


> Suspensivo - a decisão suspende-se até que haja decisão do
recurso;
> devolutivo:
- a decisão não se suspende;
- providências cautelares;
- processos para proteção de direitos, liberdades e garantias;

Exemplo 1:
Num processo interposto pela segurança social para reaver prestações
de desemprego a ré foi condenada a pagar as ditas prestações. A ré
recorre. Quando devem ser pagas as prestações em causa.
Resposta: A pessoa tem que ficar aguardar a decisão do recurso (até
porque pode ou não pagar nada), neste caso tem efeito suspensivo.

Exemplo 2:
Foi decretada a providência cautelar de suspensão de eficácia de
embargo de obra. A câmara municipal recorre. O embargo fica
suspenso ou não?
Resposta: O embargo fica suspenso e só quando haja decisão é que se
vê como ficava. Aqui tem efeito devolutivo. Quando a primeira
instância mandou suspender o embargo, ele fica suspenso até que haja
uma decisão.

5) Prazo para recorrer:


> Trinta dias a contar da notificação da decisão. Estes trintas dias são
corridos (contam-se sábados domingos e feriados).

33
Diana Teixeira

6) Marcha do recurso: (como se inicia o recurso):

1) Com um: Requerimento e alegações do recorrente e são


entregues no tribunal “à quo” (é o tribunal de onde se recorre). Ou
seja se a decisão é do Tribunal administrativo e fiscal de Mirandela,
então eu entrego as alegações no tribunal administrativo e fiscal de
Mirandela – artigo 144º nº1;

2) O requerido tem trinta dias para contra alegar (se eu não disser
nada não quer dizer que dêem automaticamente razão ao outro),
não são obrigatórias – artigo 144º nº3; Depois disto:

3) O processo é concluso ao juiz “à quo” (juiz de Mirandela, no


exemplo) - verificar do ponto de vista formal e se estiver tudo
conforme – artigo 145º;
҈ quoӎ daquele onde se decorre.

4) O processo segue para o tribunal superior (aqui já há uma


deslocalização) - tribunal “ad quen” (artigo 146ºn1);

5) O processo vai para o Ministério Público para se pronunciar no


prazo de 10 dias. Se o MP falar as partes, também tem 10 dias para a
outra delegar – artigo 146º nº2;

6) O processo vai para o relator – Nos tribunais superiores as decisões


são proferidas em conjunto por 3 juízes, um deles é o relator. Analisa
e estuda o processo e faz um “projeto de decisão”.
O “projeto de decisão” é votado por 3 juízes, basta que 2 estejam de
acordo – artigo 146º nº3.

34
Diana Teixeira

Código de Processo nos Tribunais


Administrativos

1. O que é a tutela jurisdicional efetiva?


Artigo 2º nº1 CPTA. Não nos vale de nada termos um direito se não o pudermos
exercer. Temos o direito de recorrer aos tribunais quando o direito é violado.

2. Os tribunais administrativos julgam as questões de tutela dos direitos dos


particulares.
Falsa – artigo 3º nº1 CPTA.

3. É possível a cumulação de pedidos? Em que casos?


É permitido nos casos previstos do artigo 4º nº1 e nº2.

4. O Município de Mirandela emitiu um ato administrativo de embargo de obra


ao Sr. António. No casão deste pretender recorrer aos tribunais quem tem
legitimidade ativa e legitimidade passiva?
Legitimidade ativa – é o senhor António, artigo 9º.
Legitimidade passiva – é o município de Mirandela, artigo 10º.

5. António vive em Chaves. Num passeio que deu ao Algarve constatou que o
Município estava a despejar as águas residuais para o rio. António tem
legitimidade ativa para interpor a acção judicial competente?
Sim, artigo 9º nº2 porque se trata de um interesse difuso, de uma ação popular.

6. O que acontece se a petição for dirigida a tribunal administrativo


incompetente?
Artigo 14º. O processo é levado para o tribunal competente.

7. Em termos territoriais qual é o tribunal competente?


Artigo 16º nº1 – o tribunal competente é o da área da residência do autor.

8. Qual o regime supletivo aplicável ao processo administrativo?


Artigo 23º - o regime supletivo é o código do processo civil, quando não temos a
resposta no CPTA vamos ao CPC.

9. Qual é o prazo processual supletivo?


Artigo 29º nº1 CPTA – 10 dias.

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Diana Teixeira

10. Quais são os dois tipos de processo existentes em tribunal administrativo.


Artigo 35º e 36º CPTA - ação administrativa normal e processos urgentes.

11. Que atos administrativos se podem impugnar?


Artigo 37 nº1 a) - impugnação de atos administrativos.

12. Quais são os prazos de impugnação de um ato administrativo?


Artigo 38º nº1- os prazos de impugnação. Os atos nulos não têm prazo.

13. Após entrada da petição inicial o que se segue?


Artigo 81º nº1.

14. O que é a reconvenção?


Artigo 83º A.

15. O processo administrativo deve ser junto ao processo judical?


Artigo 84º. Quando vamos para tribunal há um processo administrativo por trás.
Apartir do artigo 84º nº1 é obrigada por via electrónica a mandar o envio do
processo administrativo.

16. É sempre admitida a réplica?


Aritgo 85º A - réplica nem sempre é admitida só se o réu
contestar por exceção.

17. A audiência prévia é obrigatória?


A audiência prévia não é obrigatória nos termos do artigo 87º b)
CPTA.

18. O que é o despacho saneador?


Artigo 88º CPTA.

19. Que tipo de exceção é a falta de constituição de advogado?


Artigo 89º nº4 h) – é uma exceção dilatória.

20. Haverá sempre lugar à audiência final?


Não há sempre lugar a audiência final, artigo 91º nº1 só nos
casos do artigo 91º.

21. Na eleição para a assembleia de freguesia o partido que

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Diana Teixeira

perdeu notou situações anómalas em alguns votantes do


partido que ganhou. Que tipo de processo deverá interpor?
Processo urgente artigo 36º nº1 a) e contencioso eleitoral que é
quando há conflitos eleições artigo 98º CPTA.

22. Dê exemplo de um procedimento em massa?


Artigo 99º b) - procedimento de realização de provas.

23. O que são os procedimentos cautelares?


Os procedimentos cautelares são os que estão no artigo 122º nº2.

24. Só é parte legítima em processo administrativo o sujeito processual que faça


parte da relação material controvertida.
A única exceção desta afirmação é o artigo 9º nº2 no caso de ação popular. Eu não
faria parte da relação material controvertida mas seria na mesma parte legítima
Se esta afirmação fosse em processo civil já era verdadeira aqui é falsa porque u a
exceção da ação popular.

25. Distinga um processo principal de um processo acessório.


O processo principal é um processo que não depende de qualquer outro processo
para que haja uma ação transitada em julgado.
As decisões proferidas nos processos acessórios (exemplo: providência cautelar)
são provisórias e ficam dependentes de confirmação ou não no processo principal.

26. Uma determinada empresa de construção lançou um concurso para 3 lugares


de jurista, De acordo com o curriculum vitae de cada concorrente os mesmos
seriam ordenados. Os primeiros 20 frequentariam um curso de 5 dias e os
três melhor classificados ocupariam os lugares em aberto. Antonieta que
ficou classificada em 21º lugar pretende impugnar contenciosamente a lista.
Diga o que a mesma deverá fazer para salvaguardar todos os seus direitos,
nomeadamente o seu eventual direito de participar no curso.
Artigo 112º nº2 b). Tem de interpor uma providência cautelar mas ao mesmo
tempo interpor a ação principal.

27. Clara proprietária de um prédio na zona histórica sobre o qual se encontram


em curso obras de conservação tendo em vista a constituição de um
alojamento turístico. Foi notificada do embargo da obra por a mesma não
respeitar a antiga construção. Clara recorreu ao crédito bancário tendo-lhe
sido concedia a carência de uma ano para realizar as obras e ter o prédio
pronto a gerar rendimentos. Perante o embargo que possibilidades dispõe
Carla?

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Diana Teixeira

Artigo 112º nº2 a). Ela quer suspender a eficácia do embargo da obra.
Para ser decretada uma providência cautelar tem de haver de facto um prejuízo.
Para além da providência cautelar ela tem de interpor sempre na mesma a ação
principal.

Código de Processo nos Tribunais Administrativos –


Continuação

1. Quais os tipos de recurso das decisões do tribunal administrativo?


Recurso ordinário e extraordinário artigo 140º nº1.

2. Os contra interessados têm legitimidade para interpor recurso?


Pode, artigo 141º nº4 CPTA.

3. Que tipos de efeitos podem ter os recursos?


Artigo 143º nº1 e nº2 CPTA.

4. O recurso é interposto por requerimento. Devem desde logo ser juntas as


alegações?
Devem sim, artigo 144º nº2.

5. O que é o recurso de revista?


Artigo 150º - recurso para o tribunal central administrativo.

6. Quando se recorre per saltum para o Supremo Tribunal Administrativo.


Artigo 151º nº1, ou seja, numa decisão deste tribunal pode-se recorrer logo para o
supremo se se reunirem as condições deste artigo.

7. O que é um recurso para uniformização de jurisprudência?


Artigo152º, um recurso que pretende que se fixe jurisprudência de uma situação
onde foram proferidas decisões completamente diferentes (análogas).

8. Quando ocorre responsabilidade civil na inexecução das decisões dos


tribunais administrativos?
Artigo 159º CPTA.

9. Qual o prazo para a administração cumprir a prestação de facto ou a entrega


de coisa?
Artigo 162º CPTA.

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Diana Teixeira

10. Como se inicia o processo de execução?


É a própria administração que executa a sentença do tribunal artigo 170º nº1.

11. Que meios legais se encontram à disposição do executado para se defender?


Artigo 171º - oposição à execução.

12. E se a administração não poder pagar a quantia em que foi condenada?


Artigo175º - a administração pode alegar que não tem dinheiro para pagar mas
tem de o provar que não tem.

13. Em que situações se pode recorrer a tribunal arbitral?


Tribunal arbitral - artigo 18º

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