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PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS
Como forma de governo, o Brasil é uma República e como forma de Estado é uma Federação.

Fundamentos
I – a soberania;

II – a cidadania;

III – a dignidade da pessoa humana;

IV – os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;

V – o pluralismo político

Obs.: MNEMÔNICO – SO-CI-DI-VA-PLU

• Forma de Estado: Unitário x Federação x Confederação

• Forma de Governo: Monarquia x República

• Sistema de Governo: Parlamentarismo x Presidencialismo

• Regime de Governo: Ditadura x Democracia

DI – Dignidade da pessoa humana: citado na doutrina como princípio matriz, como


supraprincípio, metaprincípio

A dignidade da pessoa humana é a base do movimento do neoconstitucionalismo. No


neoconstitucionalismo, acontecem dois fenômenos:

• A pessoa humana é alçada ao centro do sistema, o ponto mais alto do sistema.

• Há também a incidência forte da rede principiológica

• Poder: titularidade x exercício


“Todo poder emana do povo” – mas é preciso distinguir titularidade (o titular do poder é
sempre o povo) e exercício (que pode ser na forma direta ou indireta).
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Democracia mista ou semidireta: indireta (representativa) + direta.


Os elementos de democracia direta, no Brasil, são: plebiscito, referendo e iniciativa popular de
lei.

A regra, no Brasil, é a democracia indireta ou representativa.

• Iniciativa popular de lei nas diferentes esferas de governo: A iniciativa


popular de lei não pode ser confundida com ação popular, que é remédio constitucional.

A iniciativa popular de lei nas três esferas de governo:


 Federal: No âmbito federal, o povo pode apresentar projeto de lei ordinária (LO) e
projeto de lei complementar (LC) – Lei da Ficha Limpa e Pacote Anticrime, por
exemplo.
o povo não pode apresentar EC (os legitimados para PEC constam no art. 60 e são
apenas quatro: o Presidente da República, 1/3 da Câmara, 1/3 do Senado e mais da
metade das Assembleias).
A iniciativa para PEC é concorrente, qualquer um dos quatro legitimados pode tratar
de qualquer um dos temas da CF.

 Estadual/Distrital: No âmbito estadual, o povo pode apresentar projeto de LO e


projeto de LC e EC (desde que esteja previsto na Constituição Estadual).

 Municipal: No âmbito municipal, também pode apresentar projeto de LO e projeto de


LC e PELO (desde que previsto na lei orgânica municipal, mas houve uma preocupação
do constituinte, no âmbito municipal, o percentual é de 5%)

- Montesquieu e a teoria dos freios e contrapesos

Posicionamento constitucional do Ministério Público, Defensoria Pública e do


Tribunal de Contas
Não estão em poder de subordinação a nenhum dos poderes

Caracterizado pela autonomia:

- Administrativa

- Funcional

- Orçamentaria-financeira
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MP de contas não tem autonomia, funciona junto ao T. de contas, os projetos devem ser
propostos pelo respectivo t. de contas

Poder Função típica Função atípica


Executivo Administrar (executar) 1 legislar: por exemplo, ao editar uma
medida provisória ou um decreto
autônomo.
2 julgar: julgamentos feitos pelo CADE
acerca da possível formação de cartéis ou
outras formas de violação da
concorrência. Ainda, os julgamentos
feitos pelo CARF, órgão envolvido na
Operação Zelotes
Judiciário Julga 1 legislar: elaboração de Regimentos
Internos.
2 administrar: ‘cuidar’ de seus servidores.
Ex.: conceder férias
Legislativo Legislar e fiscalizar 1 julgar: processar e julgar as autoridades
indicadas pela CF/88 (art. 52). Ex.: Pres.
da República.
2 administrar: ‘cuidar’ de seus servidores.
Ex.: concessão de horas extras.

- As resoluções e regimentos internos de tribunais são considerados atos normativos


primários, logo são passíveis de sofrer controle de constitucionalidade via ADI.

- asilo político é diferente de refúgio político

o asilo é um instituto menor do que o refúgio, pois é concedido para os


casos de perseguição política. Já o refúgio, por sua vez, é concedido para
diversos tipos de perseguição, tais como: racial, cultural, religiosa, questões
de gênero etc.

- Refugio político é um ato vinculado

Estrangeiros com Família Brasileira: Expulsão x Extradição


- A Súmula 421 do STF dispõe que a existência de cônjuge ou de filhos brasileiros não impede a
extradição.

- Em 2020, o STF entendeu que a expulsão não é possível se a pessoa possuir cônjuge ou filho
brasileiro.
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TEORIA GERAL DOS DIREITOS


FUNDAMENTAIS
Características
 Relatividade
Marcada pela máxima de que “não existe direito absoluto”.

No entanto, há vozes na doutrina que aceitam a existência de direitos absolutos. Uma dessas
vozes é de Norberto Bobbio, que reconhece dois direitos como sendo absolutos, são eles:

• O de não ser escravizado; e

• O de não ser torturado.

No âmbito da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, não existem direitos absolutos

 Concorrência
A regra é a inexistência de hierarquia entre as normas constitucionais

Mas o Supremo entende que no caso de colisão entre a liberdade de expressão e outro direito
fundamental, a liberdade de expressão “larga na frente”.

 Imprescritibilidade
Os direitos fundamentais, em regra, não se perdem pela falta de uso. Entretanto, há direitos
fundamentais que podem ser perdidos se deixarem de ser exercidos, como é o caso da
propriedade, que pode ser perdida via usucapião.

 Inalienabilidade
Os direitos fundamentais não podem ser comercializados, salvo os casos de direitos que
podem ser explorados como sendo atividade econômica como, por exemplo, o direito de
imagem.

 Irrenunciabilidade
Em regra, os direitos fundamentais são irrenunciáveis. No entanto, há casos em que uma
pessoa pode abrir mão de algum direito.
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 Historicidade
Os novos direitos fundamentais são introduzidos no ordenamento jurídico ao longo da
história. Um exemplo é o que aconteceu com a questão da informação e do uso de dados
pessoais, fato que levou à elaboração de uma lei geral de proteção dos dados

Extensão a pessoas jurídicas?


Os direitos fundamentais podem ser estendidos às pessoas jurídicas naquilo que couber. A
honra subjetiva, por exemplo, é algo que não se estende às pessoas jurídicas.

Além disso, o direito de locomoção também não é extensível e, por esse motivo, a pessoa
jurídica não pode ser paciente de habeas corpus, ainda que se trate de um caso de
responsabilidade penal da pessoa jurídica nos crimes ambientais.

Extensão a estrangeiros?
Os estrangeiros possuem menos direitos que os brasileiros natos e naturalizados, contudo, o
art. 5º, caput (CF/1988), garante a inviolabilidade dos direitos à vida, à liberdade, à igualdade,
à segurança e à propriedade aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no país.

Nesse sentido, o Supremo ampliou essa ideia, pois entendeu que a extensão dos direitos é
válida aos estrangeiros que estejam no país.

REMÉDIOS CONSTITUCIONAIS
Os remédios constitucionais são ações, garantias, writs.

Os remédios constitucionais não são direitos, são garantias, as quais existem para preservar os
direitos.

Existem oito remédios constitucionais, porém dois deles são administrativos: direito de petição
e direito de certidão (assegurada gratuidade).

Ação Civil Pública


Responsabilização por danos.

É o único que não está previsto no art. 5º da Constituição Federal

 Microssistema processual coletivo – abrange a ação popular (1965), a ação civil


pública (1985), o Código de Defesa do Consumidor (1990), a Lei do Mandado de
Segurança (2009) e a Lei do Mandado de Injunção (2016)

- A Ação Civil Pública tem legitimação concorrente. São vários legitimados, o principal é o
Ministério Público. Também há a Defensoria Pública, cuja titularidade foi confirmada pelo STF,
ou seja, sua legitimidade ao atuar na tutela coletiva foi reconhecida
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- Obs.: a promoção do inquérito civil é somente do Ministério Público. Porém, há


doutrinadores que defendem a legitimidade da Defensoria Pública também para a promoção
do inquérito civil público, mas essa interpretação não prevalece.

Habeas corpus – direito de locomoção (ir, vir e permanecer) Gratuito


Habeas data – direito de informação de caráter pessoal.  Gratuito
Mandado de segurança – direito líquido e certo (residual).  Pago
Mandado de injunção – omissão legislativa Pago
Ação popular- Ato lesivo Gratuito, salvo comprovada má-fé

HABEAS CORPUS
Art. 5º LXVIII – conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado
de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de
poder;

Origem no mundo: Magna Carta, 1215

- habeas corpus (HC)

- o princípio do devido processo legal

- constituições pactuadas/dualistas.

Origem no Brasil

No Brasil, a primeira aparição do HC foi no Código Criminal do Império, que é de 1830,


publicado seis anos após a primeira Constituição Brasileira. Depois disso, todas as próximas
Constituições previam o HC.

Tutela os direito de locomoção: ir, vir e permanecer

• Impetrante (qualquer pessoa, natural ou jurídica)

- Quando uma pessoa entra com um pedido de HC em favor de outra, a pessoa que será
paciente desse HC precisa concordar com isso.

- Quem não pode ser?

Juízes e delegados não podem ser impetrantes de HC

Se o juiz recebe um processo e percebe uma ilegalidade ou abuso de poder relacionado


à violação do direito de locomoção, irá conceder o HC de ofício. Já os delegados de
polícia não podem conceder o HC de ofício.

Obs.: o Ministério Público pode entrar com HC em favor de alguém.


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• Impetrado (autoridade pública ou particular)

Em regra, o impetrado em um HC (contra quem ele foi proferido) é uma autoridade pública,
contudo, é possível que seja contra um particular.

• Paciente

- Menores Pode

- Pessoas jurídicas Não pode

- Animais Não pode

Não cabível HC, nem HD, o direito liquido e certo será tutelado pelo MS

Momentos
• HC preventivo ou salvo conduto: é aquele impetrado antes da violação do direito de

locomoção;

• HC repressivo ou liberatório: é impetrado após a violação do direito de locomoção.

• HC trancativo/preservativo/profilático

Mesmo que o sujeito não esteja preso, se contra ele corre um inquérito policial ou uma ação
penal em virtude de algo que não é considerado crime, é possível impetrar um HC trancativo,
para trancar o inquérito ou a ação penal. Apesar de ser possível, esse é um caso de exceção.

O STF entende que é possível entrar com HC contra decisão que determinou a quebra de
sigilos em processo-crime. Isso porque, nesses casos, a prova colhida pode ser utilizada para
uma eventual condenação, que pode levar à prisão.

O HC pode ser usado para pleitear a absolvição do acusado?

Primeiramente, vale lembrar que o remédio constitucional é via estreita, logo, não cabe
dilação probatória.

Por conta disso, não é cabível o HC para pedir a absolvição por insuficiência de provas. No
entanto, é possível o HC para pedir a absolvição de alguém, desde que não seja necessária a
dilação probatória.

A atipicidade material da conduta também pode ser considerada o pedido de HC


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NÃO CABIMENTO DO HC

Não cabe HC para...

• questionar a perda de patente militar;

• questionar a pena de multa, quando ela for a única aplicada ou aplicável;

• discutir a pena acessória de perda da função pública;

• pleitear a restituição de coisas apreendidas.

E o passaporte?
Há divergência nas jurisprudências do STF e do STJ.

Para o STJ, cabe HC para pedir a restituição do passaporte, pois tem relação com o direito de
locomoção.

Já para o STF, a ofensa ao direito de locomoção em virtude da apreensão do passaporte é


indireta, logo, não há que se falar em HC para a sua restituição.

Além disso, também não caberá HC:

• No Plenário do STF, contra decisão de Turma do Tribunal. A exceção é quando o próprio STF
for o coator do processo;

• Contra pena já extinta;

• Para assegurar direito de visita íntima.

• Como substitutivo de Recurso Ordinário;

Vale lembrar que no âmbito do STJ, quando houver uma negativa de HC, não é possível entrar
com outro HC contra essa decisão. Na realidade, nesses casos é preciso entrar com o recurso
ordinário em HC (também conhecido como ROHC), que é um HC substitutivo de recurso
ordinário. Por se tratar de um recurso, o ROHC é dotado de prazos e de formalidades que
devem ser seguidas.

HC E PUNIÇÕES DISCIPLINARES MILITARES

O art. 142 da CF/1988 é claro em dizer que não cabe HC contra punição disciplinar militar. No
entanto, há divergências quanto a esse assunto.

A jurisprudência do STF é no sentido de que na discussão do mérito da punição não cabe o HC,
aplicando-se o art. 142 da CF/1988. Por outro lado, para verificar se estão presentes ou não os
pressupostos de legalidade da prisão, cabe o HC.
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HC COLETIVO O HC

coletivo não tem previsão legal, mas pode ser encontrado na jurisprudência e na doutrina.

Apesar disso, o HC coletivo é cabível, sendo os seus legitimados os mesmos do mandado de


injunção coletivo.

São eles:

1. Partidos políticos com representação no Congresso Nacional;

2. Sindicatos, entidades de classe e associações com mais de um ano;

3. Ministério Público; e

4. Defensoria Pública.

Obs.: hoje, a Defensoria Pública é quem mais tem entrado com HC coletivo.

HABEAS DATA
LXXII - conceder-se-á habeas data:

a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante,


constantes de registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter
público;

b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou
administrativo;

• Origem
- 1988

• Cabimento
• Natureza dúplice
• autoridades públicas e particulares detentores de bancos de dados de caráter
público

• Momentos da impetração
- Sempre repressivo- S. 2, STJ

- Após o prévio indeferimento da via administrativa

- Gratuito

- Precisa de adv.
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Polêmicas:
1) Cabimento para cidadão ter acesso a procedimento administrativo-fiscal que tramite
perante a Receita Federal; SIM

2) Cabimento para ter acesso a processo administrativo (Lei nº 9.784/99) NÃO CABE

E SIM MANDADO DE SEGUANÇA

3) Negativa injustificada a expedição de certidão de tempo de contribuição MS, quando a


negativa for de direito de certidão, petição e reunião

4) Não cabe HD para sustar publicação por meio eletrônico

MANDADO DE SEGURANÇA
Art. 5º, LXIX – conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não
amparado por habeas corpus ou habeas data, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso
de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do
Poder Público;

 HC proteger direito líquido e certo de locomoção


 HD proteger direito líquido e certo informação pessoal
 MS proteger direito líquido e certo residual

Não cabe MS Contra ato de entidade da adm. Indireta agindo na condição de gestão de
comercio, pois o publico esta agindo como se particular fosse

Origem
É um remédio genuinamente brasileiro e que já constava na Constituição Federal de 1934

Cabimento
O conceito de direito líquido e certo envolve prova pré-constituída e meramente documental.

Momentos da impetração
O MS pode ser preventivo ou repressivo, contudo, há uma discussão antiga sobre o assunto,
pois, no caso do MS repressivo, como já houve a violação do direito líquido e certo, ficou
estipulado o prazo de 120 dias para entrar com o MS, sob pena de decadência.

Ao analisar essa questão do prazo no MS, o STF entendeu que ele é constitucional.
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Prazo
É de 120 dias, porém só se aplica ao MS repressivo. O MS preventivo não tem prazo, pois,
nesse caso, a violação ainda não “nasceu”

- Um exemplo disso é a eliminação em um concurso público já no momento de realizar um


exame médico. Assim, de acordo com o entendimento do STF, a contagem do prazo é feita a
partir da ciência do ato que eliminou o candidato do concurso.

Desistência
No MS, a desistência é possível a qualquer tempo, independentemente do consentimento do
impetrado, mesmo que exista sentença e que ela seja favorável ao impetrante.

Não cabe MS:


• contra decisão judicial transitada em julgado;

• contra decisão interlocutória de juizado especial;

• contra decisão passível de recurso com efeito suspensivo;

• para dar efeito suspensivo a recurso do Ministério Público que não o possui.

• contra ato de gestão negocial de entidade exploradora de atividade econômica;

• contra lei em tese;

• não compete ao STF conhecer originariamente de mandado de segurança contra atos


de outros Tribunais

- A decisão proferida no MS não produz efeitos patrimoniais em relação à período pretérito.

MANDADO DE INJUNÇÃO
Art. 5º LXXI – conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta de norma
regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das
prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania;

Origem
- Foi trazido pela Constituição Federal de 1988.

- O mandado de injunção (MI) é próximo à norma de eficácia limitada. É esse tipo de norma
que demanda um complemento.

- No entanto, é importante lembrar que o MI só pode ser impetrado quando se tratar de


questões relacionadas à soberania, à nacionalidade e à soberania.
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Teorias Concretista x Não-concretista


- Na teoria tradicional do mandado de injunção, a teoria proferida no MI só pode ter efeito não
concretista, visto que o Judiciário não pode legislar. Assim, a teoria não concretista parte da
premissa de que a decisão proferida no MI apenas irá declarar a mora (atraso) legislativa

-Diante de uma série de casos de MI que chegavam ao Supremo em virtude dessa mora
legislativa, o Tribunal decidiu adotar a teoria concretista.

- Vale lembrar que essa teoria é dividida em geral e individual. A teoria concretista geral é
aquela em que a decisão é resolvida para todo mundo

Diferenças entre o MI e a ADO


 MI

- Faz controle difuso e a competência depende do omisso.

- Envolve questões de soberania, nacionalidade e cidadania

- Qualquer pessoa pode entrar com o pedido.

 ADO

- Faz controle concentrado e a competência será do STF ou do TJ, neste caso, se a


omissão envolver decisão na esfera estadual

- É mais ampla

- O legitimado da ADO é previsto no art. 103 da CF/1988

Competência para Julgamento


- Depende de quem for a parte omissa.

- Vale lembrar que a competência do STJ para julgar MI será quando não se tratar de
competência do STF, da Justiça Militar ou de outro legitimado.

Efeitos da decisão no MI
- Art. 9º da Lei n. 13.300/2016.

- Eficácia do MI é subjetiva às partes, contudo a decisão judicial valerá até a regulamentação.


Ou seja, surgindo a lei, ela passará a ser observada e não mais a decisão do MI.

- Existe a possibilidade de decisão ultra partes ou erga omnes quando for indispensável ao
direito. Assim, se o colegiado já decidiu uma vez, os próximos mandados de injunção no
mesmo sentido podem aproveitar essa decisão
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MS E MI COLETIVOS
Art. 5º LXX – o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por:

a. partido político com representação no Congresso Nacional;

b. organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em


funcionamento há pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seus membros ou
associados;

- De acordo com a Lei n. 13.300/2016:

Art. 12. O mandado de injunção coletivo pode ser promovido:

I – pelo Ministério Público, quando a tutela requerida for especialmente relevante para a
defesa da ordem jurídica, do regime democrático ou dos interesses sociais ou individuais
indisponíveis;

II – por partido político com representação no Congresso Nacional, para assegurar o exercício
de direitos, liberdades e prerrogativas de seus integrantes ou relacionados com a finalidade
partidária;

III – por organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em


funcionamento há pelo menos 1 (um) ano, para assegurar o exercício de direitos, liberdades e
prerrogativas em favor da totalidade ou de parte de seus membros ou associados, na forma de
seus estatutos e desde que pertinentes a suas finalidades, dispensada, para tanto, autorização
especial;

IV – pela Defensoria Pública, quando a tutela requerida for especialmente relevante para a
promoção dos direitos humanos e a defesa dos direitos individuais e coletivos dos
necessitados, na forma do inciso LXXIV do art. 5º da Constituição Federal.

ATENÇÃO O Ministério Público e a Defensoria Pública não são legitimados para entrar com
Mandado de Segurança Coletivo, mas apenas com o Mandado de Injunção Coletivo

Cabimento
Nos casos em que couber o MS ou o MI individual, caberá o coletivo.

Associação: Representação x Substituição Processual


Tanto no caso do MS quanto do MI, a associação estará em uma situação de substituição
processual. Assim, é possível aplicar a S. 629 do STF, segundo a qual não há necessidade de
autorização expressa dos associados, visto que a entidade age em nome próprio

Obs.: O MI pressupõe a falta de norma regulamentadora, o que inviabiliza o direito. Logo,


como o direito já está inviabilizado, significa dizer que o MI é sempre repressivo.
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AÇÃO POPULAR
Art. 5º LXXIII – qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular
ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade
administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo
comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência

Hipóteses de Cabimento
- A ação popular pode ser tanto preventiva quanto repressiva, ou seja, pode ser proposta antes
ou depois da prática de um ato lesivo a qualquer um dos valores protegidos.

Quem Pode Ajuizar


- Qualquer cidadão pode ajuizar uma ação popular, ou seja, qualquer pessoa com capacidade
eleitoral ativa (que pode votar) pode fazer isso.

Quem Não Pode Ajuizar


- Qualquer pessoa ou entidade que não vota. Exemplo: partidos políticos, sindicatos,
estrangeiros, entidade de classe, associação etc.

A Problemática Envolvendo Membros do Ministério Público


- A Lei da Ação Popular dispõe que a legitimidade quanto a ação popular é do cidadão. No
entanto, caso o cidadão venha a desistir, o Ministério Público pode prosseguir.

- A regra é que o MP não possui legitimidade para entrar diretamente com a ação popular,
contudo, como é um dos legitimados para entrar com a ação civil pública, que é um instituto
semelhante, há precedentes na jurisprudência do STJ no sentido de que o MP pode, sim,
entrar com a ação popular.

Competência para Julgamento


- Juízes de primeiro grau podem julgar ação popular contra o Presidente da República, contudo
somente se forem da Justiça Federa

- AP Conflito federativo envolvendo ação popular Competência


- ACP Regra: 1° grau originária do STF

- Ação de -U x E; U x DF; E x E; E x DF
improbidade
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DIREITOS SOCIAIS

NACIONALIDADE (Artigos 12 e 13)

CRITÉRIOS PARA A DEFINIÇÃO DA NACIONALIDADE


Jus solis (território) x Jus sanguinis (sangue)

Qual o modelo adotado no Brasil?


- O Brasil adota o critério territorial, mas esse critério pode ser extremado ou temperado
- critério territorial extremado significa que só quem nasceu no Brasil, é brasileiro
- O critério territorial temperado é o critério territorial, com exceções: esse é o critério
adotado pelo Brasil. Algumas situações relacionadas ao direito sanguíneo admitem a aquisição
da nacionalidade originária.

Nato é nacionalidade primária originária de primeiro grau.


Naturalizado é nacionalidade secundária, derivada, adquirida ou de segundo grau

- O Supremo Tribunal Federal (STF) entende que a partir do momento em que o filho de pai ou
mãe brasileiros, nascido no exterior sem ter feito o registro, vier a residir no Brasil, ele é nato
até os 18 anos porque não pode optar. A partir do momento em que ele pode optar, a
nacionalidade fica suspensa aguardando confirmação

BRASILEIROS NATOS:
• Critério territorial
• Critério sanguíneo + trabalho
• Critério sanguíneo + opção ou registro na repartição competente (nacionalidade potestativa)

Naturalização tácita?
Não, a naturalização tácita aconteceu no Brasil na chamada grande naturalização do ano de
1891. Na segunda CF, de 1891, havia a previsão para quem estivesse no Brasil e que no
período de 6 meses NÃO pedisse para NÃO ser brasileiro, era brasileiro.

SÃO BRASILEIROS NATURALIZADOS:

Naturalização ORDINÁRIA Naturalização EXTRAORDINÁRIA

Originários de países de língua portuguesa: Requisitos:


- 1 ano de residência - 15 anos de residência
- idoneidade moral - não ter condenação no Brasil

Originários de outros países: "os que, na forma da Preenchidos os requisitos, pessoa tem direito
lei, adquiram" Lei n. 13.445/17 (Nova Lei de subjetivo à naturalização.
Migração)
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CARGOS PRIVATIVOS DE BRASILEIROS NATOS – MP3.COM

I – Ordem de vocação sucessória - Se alguém da linha sucessória estiver impedido,


• Presidente e Vice-Presidente da República por exemplo, por haver um processo tramitando no
• Presidente da Câmara dos Deputados STF, o STF entendeu que ele pode continuar no
• Presidente do Senado Federal cargo original, mas não pode suceder o presidente.
• Ministros do STF

II – Segurança
• Ministro de Estado da Defesa
• Oficiais das Forças Armadas

III – Relações Internacionais


• Membros da carreira diplomática

PERDA DA NACIONALIDADE DO BRASILEIRO

• Cancelamento da naturalização, em decisão judicial transitada em julgado


• Uso de documentação falsa
- Por decisão administrativa, NUNCA. Foi escolha do constituinte a exigência de
decisão transitada em julgado. Apenas por via judicial seria possível cancelar, não
pode ser cancelado por via administrativa, mesmo se usar documento falso no
processo de naturalização

• Há como se readquirir a nacionalidade?


- Somente por meio da ação rescisória

• Por opção voluntária


• Natureza da decisão que reconhece perda
- Apenas homologa o que já aconteceu, declara

• Não há perda:
• Reconhecimento de nacionalidade originária
• Imposição unilateral

Entre as hipóteses de perda e suspensão dos direitos políticos: se alguém optar por outra
nacionalidade de forma voluntária, este perde a condição de brasileiro e, como consequência
natural, também perde os direitos políticos (art. 15).
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DIREITOS POLÍTICOS (artigos 14 a 16)


A democracia no Brasil se apresenta de forma semidireta ou mista, porque existem elementos
da democracia indireta ou representativa como regra no ordenamento – vota-se nos
representantes e eles votam para defender os nossos interesses e também a forma da
democracia direta: plebiscito, referendo e iniciativa popular lei.

Sufrágio possibilidade de o cidadão intervir na vontade estatal

Universal: Adotado no Brasil


Pode ser Capacitário: Capacidade intelectual
Restrito: Apresenta uma restrição
Censitário: Pobre não pode votar

Idade mínima:

Presidente e Vice e Senador Governador e Vice


35 30-21 18 Vereador

Deputado; Prefeito; vice e juiz de paz;

Qual é o momento em que se devem preencher esses requisitos de idade? Com exceção da
última, de 18 anos para Vereador, na hora da posse
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Qual é a idade para ser ministro de Estado?


- Não é cargo eletivo, art. 87 da CF – no mínimo, 21 anos
- Há quem seja equiparado a ministro de Estado e que tem idade diferente: o Advogado-Geral
da União (AGU), art. 131 da CF, cuja idade mínima exigida é de 35 anos, além de notável saber
jurídico e reputação ilibada

- os analfabetos têm capacidade eleitoral ativa de forma facultativa, contudo não têm a
chamada capacidade eleitoral passiva
- Os estrangeiros e apátridas (ou heimatlos) são inalistáveis, salvo os portugueses em situação
de equiparação no Brasil.

SITUAÇÃO DOS MILITARES


CF/1988. Art. 14. [ …] § ]

8º O militar alistável é elegível, atendidas as seguintes condições:

I – se contar menos de dez anos de serviço, deverá afastar-se da atividade;

II – se contar mais de dez anos de serviço, será agregado pela autoridade superior e, se eleito, passará
automaticamente, no ato da diplomação, para a inatividade.

• Com MENOS de dez anos de atividade - Precisa se afastar definitivamente

• Com MAIS de dez anos de atividade Situação de agregado

* Ganhar: na diplomação passa


automaticamente para
inatividade e não retorna
depois do fim do mandato

* Perder: Volta para o cargo


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A inelegibilidade reflexa CF/1988. Art. 14. […] § 7

Outro caso concreto que envolve a inelegibilidade reflexa que ficou muito conhecido envolvia
o ex-governador de São Paulo Mário Covas. Na época, Covas possuía como vice Geraldo
Alckmin. Ao final do mandato, a chapa foi reeleita.

Acontece que Covas acabou falecendo ao longo do seu segundo mandato, logo foi sucedido
por Alckmin, que se tornou Governador sem um vice.

Nesse caso, segundo o entendimento do STF, como a substituição do Governador pelo Vice
não é contabilizada, mas somente a sucessão, Alckmin poderia, após o término do mandato
em que sucedeu a Covas, tentar a reeleição para mais um mandato de quatro anos.

- Outro caso: Ocorre que o STF, ao analisar esse caso concreto, entendeu que para evitar a
perpetuação de uma família no poder, como Anthony já havia exercido um mandato, sua
esposa só poderia ser eleita para um mandato de quatro anos. Ou seja, é a família que pode se
manter no cargo por dois mandatos.

- Súmula Vinculante 18, o rompimento do vínculo conjugal no curso do mandato não afasta a
inelegibilidade

Agora se o rompimento se der antes de começar o mandato não tem


problema

Relativização da SV. 18 no caso da morte do cônjuge do governante.

Assim, mesmo que um chefe do Executivo já esteja em seu segundo


mandato consecutivo, caso venha a falecer, o cônjuge sobrevivente
poderá tentar se eleger para um terceiro mandato da família
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Prefeito
“Prefeito itinerante” ou “Prefeito profissional”.

- É aquele prefeito que, após encerrar os 2 mandatos, candidata-se em outro município

- De acordo com a interpretação dada pelo STF ao art. 14 da CF, o terceiro mandato estaria
proibido ainda que exercido em município diverso daquele no qual foram cumpridos os dois
mandatos anteriores

- Outro ponto importante diz respeito à inelegibilidade reflexa no caso de desmembramento


de municípios. Quando isso acontece, os parentes do prefeito do município desmembrado
continuam inelegíveis no novo município que foi formado.

Conflito de súmulas:

SV 13 – Nepotismo SV 18 – Inelegibilidade reflexa


Proíbe cônjuge e parentes até o terceiro grau. Proíbe cônjuge e parentes até o segundo grau.

A proibição vale para a contratação para cargo A proibição atinge a candidatura a mandato
em comissão. eletivo.

Obs.: Vale lembrar que o STF tende a aceitar a contratação de parentes para cargos políticos,
desde que haja o mínimo de competência profissional para justificar a escolha.

PERDA DOS DIREITOS POLÍTICOS


1- Cancelamento da naturalização
- Perda da nacionalidade 2- Opção voluntária

- Escusa de consciência

- é necessário que o sujeito se recuse a realizar obrigação a todos


imposta e, também, a cumprir a prestação alternativa.

SUSPENSÃO DOS DIREITOS POLÍTICOS


- Incapacidade civil absoluta

- Somente a incapacidade civil absoluta gera a suspensão dos direitos


políticos. Nesse sentido, a incapacidade civil relativa não gera
repercussão nos direitos políticos.
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- Improbidade administrativa

- A prática de ato de improbidade administrativa gera as seguintes


consequências:

• Perda da função pública;

• Suspensão dos direitos políticos;

• Obrigação de ressarcir o erário; e

• Indisponibilidade de bens.

- Para o STJ, a perda da função pública envolve qualquer cargo, seja o


que a pessoa ocupava quando praticou o ato de improbidade ou o
que estiver ocupando no momento do trânsito em julgado (seja
efetivo ou eletivo), pois é quebrado o vínculo com a Administração
Pública.

- Condenação criminal definitiva

- A condenação criminal com trânsito em julgado gera a suspensão dos direitos políticos
enquanto durarem os seus efeitos.

- Preso provisório (sem sentença ou com sentença não definitiva), os direitos políticos serão
mantidos

-Após o cumprimento da pena, o retorno dos direitos políticos é automático, isso de acordo
com o STF.

PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE ELEITORAL (ART. 16)


De acordo com o STF, no dispositivo anterior, em que se lê “lei” é preciso entender como
“norma”. Dessa forma, as decisões do TSE, por possuírem caráter normativo, também
precisarão respeitar a anterioridade eleitoral quando implicarem mudanças na jurisprudência.

* Extensão da aplicação: lei x norma x jurisprudência

Atalhamento constitucional ou desvio do poder constituinte:

- Pode ser definido como técnica pela qual, mediante artifícios aparentemente legais, busca-se
um fim ilícito, em uma tentativa de abrandar, dificultar ou impedir a produção de princípios
constitucionais.

Ex.: Acontece que a EC n. 52 é do dia 8 de março de 2006 e o seu art. 2º possuía um erro de
português, pois trouxe que a emenda passa a vigorar na data de sua publicação, mas se
aplicaria às eleições que “ocorrerão em 2002
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Leis da Ficha Limpa (não aplicou) e da Minirreforma eleitoral (aplicou)


- No caso da Lei da Ficha Limpa (LC n. 135/2010), ela não pôde ser aplicada já nas eleições de
2010 por conta da anterioridade eleitoral.

- Outro ponto importante diz respeito à Lei n. 11.300/2006, que ficou conhecida como
minirreforma eleitora

- Naquela época, mesmo sendo de 2006, o STF entendeu que a minirreforma eleitoral poderia
ser aplicada às eleições realizadas naquele ano, pois não alterava o processo eleitoral, mas
apenas afastava os abusos do poder econômico.

ATENÇÃO O STF entende que a Lei da Ficha Limpa, que é de 2010, pode ser aplicada a fatos
anteriores à sua edição. Por conta disso, os políticos que renunciaram ao cargo antes de 2010
para escapar de um processo de cassação puderam ser afastados do pleito eleitoral.

Cláusula pétrea: direito e garantia individual

Segundo o STF, o art. 16 da CF/1988 é cláusula pétrea, juntamente com os arts. 5º, 16 e 150

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