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Direito Constitucional

Prof. Aristides R. Lima

1ª Lição

Introdução ao Estudo do Direito Constitucional

Considerações Preliminares: Direito e Ramos de Direito

a) Direito = fenómeno histórico-cultural, realidade


ordenada, ou ordenação normativa do
comportamento humano segundo uma conexão de
sentido;

b) O Direito é uma totalidade que pode ser estudada


por unidades estruturais que fazem parte dele, tendo
sempre em conta essa mesma totalidade;

c) As unidades estruturais ou dogmáticas do direito


constituem as suas divisões ou ramos da Ciência
Jurídica;

d) A Ciência do Direito é normalmente dividida em :

- Direito Público

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- Direito Social ( do Trabalho e Previdenciário)

- Direito Privado ( Civil e Comercial)

e) Direito Constitucional inscreve-se no âmbito do


Direito Público

f) Noções de Direito Constitucional :

 «Conjunto de regras e princípios que regulam


a organização, o funcionamento e os limites
do poder público do Estado e que estabelecem
os direitos dos cidadãos» - Gomes Canotilho

 «Ramo de Direito Público que expõe ,


interpreta e sistematiza os princípios e
normas fundamentais do Estado ( José
Afonso da Silva)

 É um tronco de onde saem os demais ramos


do Direito ( Pellegrino- Rossi)

 O DC baseia-se numa tensão dialética entre o


poder público estadual e a comunidade em
nome da qual o Estado exerce o poder

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1. Objeto do Direito Constitucional

1.1. Três possibilidades de determinação do Objeto

 Respostas às seguintes questões :

a) Quem cria o Direito Constitucional ?

b) A quem se destinam as normas


constitucionais ?

c) Quais as funções das normas de DC ?

1.A.1. Criador das Normas

 DC é criado por órgãos do Estado = direito posto


pelo Estado: positivo!

 Nem todas as normas criadas pelo Estado = DC

 Exemplo:
Artigo 1629º do CC : « Qualquer que seja o
regime de bens do casamento, cada um dos
cônjuges pode escolher livremente qualquer
profissão ou atividade sem o consentimento do
outro».

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! Exemplo mostra: objeto não é definido apenas com base no
órgão que produz a norma!

1.A.2. Destinatário das Normas

 Normas dirigem-se a órgãos do Estado:

 Exemplos:

o Regulação do direito de iniciativa legislativa


do Governo ou do Parlamento;

o Regulação da promulgação da lei pelo


Presidente da República;

o Regulação da fiscalização da
constitucionalidade das leis pelo Tribunal
Constitucional

 Todavia, há normas no DC que não se dirigem


apenas a órgãos do Estado, mas também a pessoas
privadas

 Exemplos:

o Art. 66º da CRCV: (direitos dos sindicatos


e associações profissionais ) .

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o Art. 89º : « Os pais e as mães devem
prestar assistência aos filhos nascidos
dentro e fora do casamento ,
nomeadamente quanto à sua alimentação,
guarda e educação».

o Art. 57º/ 7 : «Os partidos políticos regem-


se por princípios de organização e
expressão democráticas,…..)

A insuficiência dos dois critérios recomenda o terceiro :

1.A.3. Função das Normas do Direito Constitucional

 Função do DC é regular a ordem fundamental do


Estado, i.e. trata-se de decidir sobre o que é a
essência do Estado: Povo do Estado; Território, Poder
do Estado

(Doutrina dos três elementos desenvolvida por


Jellinek )

 Assim conteúdo da Constituição: A cidadania, os


Direitos Fundamentais, a organização da economia,
organização do Poder Político, em especial relações
PR/Parlamento/Governo/etc.

 Decisões jurídico-constitucionais são concretizadas


por normas de outros ramos de Direito:

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o Direito Civil, Laboral ou Administrativo

o Art.º 47º/6 « É permitida a adoção….» Ver


Código Civil

o Art. º 63º/4: proteção de mulheres grávidas


e pós-parto / ver 270º CLCV

o Art.º 66º2/ : «Aos sindicatos é permitido


celebrar contratos de trabalho nos termos da
lei » Ver CLCV, Art.º 98 e ss.

B. Direito Constitucional e Direito do Estado

o As normas que estão na Constituição são normas de DC:


conjunto das normas que regulam a ordem fundamental do
Estado

o Constituição em sentido formal: Só normas da Constituição

o Constituição em sentido material: Normas que estão tanto


dentro como fora da Constituição,

o Identidade de DC e DE ( Se se partir do conceito material da


Constituição)

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o Diferença ( se se partir do conceito de Constituição formal)

3.Direito Constitucional como Parte do Direito Público


3.1. Teorias para a divisão entre Direito Público e Direito
Privado

a) Teoria dos interesses ( jurista romano Ulpiano de 170-228


d. Cristo)

o «Huius studii duae sunt positiones, publicum et


privatum, publicum ius est quod ad statum rei romanae
spectat; privatum quod ad singulorum utilitatem : sunt
enim quaedam publice utilia, quedam privatim».

o Normas que realizam o interesse geral = Público

o Normas que prosseguem interesse Privado = Privado

b) Teoria da qualidade dos sujeitos

o Direito Público = «O que regula as situações em que


interviria o Estado, ou em geral qualquer ente público»

o Direito Privado o que regula as situações dos


particulares

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o O critério da qualidade do sujeito, tem em conta a
qualidade em que os sujeitos públicos ou privados
surgem numa relação jurídica ;

c) Teoria da posição dos sujeitos (ou da sujeição)

o D. Públ. = o que constitui e organiza o Estado e


outros entes públicos enquanto titulares do ius
imperium ( poderes de autoridade)

o Se o Estado ou outro ente público menor na


prossecução de um interesse público intervém
numa relação jurídica dotado de poderes de
autoridade (ius imperium) sobre os particulares,
numa posição de superioridade ou supremacia
em relação a estes, quer dizer que a norma que
regula esta intervenção do Estado ou do outro
ente público é uma norma de direito público .

o Exemplos de poder de autoridade: poder de


expropriar um terreno; poder de lançar
impostos, de fazer leis, de julgar, de
prender e punir, de expulsar estrangeiros do
país, de extraditar , etc.

o D. Priv. = regula as situações em que os sujeitos


se encontram em posição de paridade

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o Se o Estado ou uma outra entidade pública, como
um município intervém numa relação despidos
de quaisquer poderes de autoridade, em termos
iguais aos utilizados por quaisquer cidadãos, a
norma que regula a forma de intervenção do
Estado ou do outro ente com terceiros é uma
norma de direito privado;

o Ex: compra de um terreno particular

3.2. Críticas às teorias

a) Teoria dos interesses

o Praticamente todo o direito é criado para a defesa do


interesse público

o O que é «interesse público» é praticamente indefinível

o Ex: Prescrição de pretensões jurídicas servem ao


interesse do devedor ou o interesse público da paz
social?

b) Teoria da qualidade dos sujeitos

o Estado às vezes pode atuar na mesma posição


que um particular, utilizando as mesmas armas

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o Ex: contratos de compra e venda

c) Teoria da posição dos sujeitos (teoria da sujeição ou


subordinação)

o Também no Direito Privado há relações de


supra-infra-ordenação; Ex.: direito de
educação dos pais em relação às crianças;

o Também o Direito Público pode regular


relações de paridade (contratos de Direito
Público);

Nota: Posição dos sujeitos é a teoria que


melhor explica a divisão entre o Público e o
Privado;

d) Todavia atualmente há quem defenda a combinação


entre a teoria do interesse e a da posição dos sujeitos

( cfr. Freitas do Amaral : Manual de


Introdução ao Direito, Vol. I, Coimbra,
2004, p. 250).

3.3. Ramos do Direito Público

Direito Administrativo

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o Regula a atividade da administração Pública, que não seja
atividade legislativa, judicial e ou de Governo

o Direito escolar e universitário, regime jurídico da função


pública; direito urbanístico, direito de ofícios, direito
municipal, direito dos transportes, direito policial, direito do
ambiente;

Direito da Organização Judiciária

o Regula o estatuto, as competências e a


organização dos tribunais

Direito Processual

o Regula a resolução de litígios jurídicos e a


execução das decisões dos tribunais

Direito Penal
o Pertence também ao Direito Público, embora
lecionado há muito como domínio independente

Direito das Relações do Estado com as Igrejas


(Staatskirchenrecht)

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o Regras jurídicas que regulam as relações entre o
Estado e as Igrejas

o Concordatas

Direito Internacional Público

o Regula as relações entre os sujeitos de Direito


Internacional Público, isto é sobretudo os
Estados, entre Estados e Organizações
Internacionais entre Organizações internacionais
entre si.

O que os Ramos de Direito Citados têm em comum :

Todos estes ramos de Direito não são Direito Privado e têm muito
em conjunto.

Exemplos de interpenetração ou ligação:

a) Direito Constitucional e DIP

o O PR representa o Estado internacionalmente


( Art.º 125º/2

o Art.º 12º ( Validade do DIP no Estado)

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o Concordatas regulam relações entre o Estado e a
Santa Sé

b) Direito Constitucional e Organização dos Tribunais

o Independência dos juízes (Direito Constitucional


e Direito de Organização dos Tribunais)

c) Direito Constitucional e Direito Administrativo

- Exemplos:

 Introdução de aulas obrigatórias


de sexualidade (problema de
direito dos pais e de direito
administrativo)

 Buscas policiais numa casa:


problema de DA e DC

4. Ciências Constitucionais e Disciplinas Afins do Direito


Constitucional

4.1. Ciências Constitucionais

4.1.1. Direito Constitucional como doutrina ou dogmática


constitucional

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A. Direito constitucional como conjunto de normas que
integram o ordenamento constitucional

B. Direito Constitucional como a análise científica do


ramo de Direito chamado Direito Constitucional

 Nesta aceção o DC é uma ciência que ,


como toda a Ciência tem o seu objeto e o
seu método

 Ciência do DC é a disciplina jurídica que


tem por objeto o direito constitucional que
vigora numa determinada comunidade
política e que visa , em termos
metodológicos, indagar, analisar ,
compreender e concretizar aquilo que é do
ponto de vista jurídico-constitucional
vinculativo

 Direito Constitucional enquanto doutrina


constitucional visa o estudo de forma
sistematizada de uma ordem constitucional
positiva e operativa, com o intuito de
descobrir as soluções que decorrem da
Constituição para um dado problema

 As entidades que são chamadas a aplicar o


Direito têm a tarefa de, com base na

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interpretação que fazem da Constituição,
tornar efetiva a força e o valor normativos
da Constituição na solução dos problemas .

4.1.2. Teoria da Constituição

 É uma teoria normativa da Constituição que tem três


funções :

a) De instância que procura compreender e criticar as


soluções constitucionais tendo como referência as grandes
decisões da Constituição;

b) Participação, através da crítica da Constituição, no


desenvolvimento da Constituição ;

c) Procura redescobrir para lá das grandes decisões


constitucionais as questões que foram respondidas pela
Constituição;

 Além disso, a Teoria da Constituição ocupa-se do


seguinte :

i) reflete sobre as possibilidades e os limites da força


normativa da Constituição;

ii) Discute os problemas constitucionais de um ponto de


vista teorético;

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iii) Descreve, explica e seria os fundamentos ideais e
materiais da Constituição e procura entender as suas
condições histórico-culturais de desenvolvimento e de
otimização;

iv) Põe em destaque especialmente as relações complexas


entre a Constituição (escrita) e a realidade
constitucional

Nota :

 Ver a estrutura da «Teoria da Constituição» (


Verfassungslehre) de Carl Schmitt ( 1928) :

Capítulo I: Conceito de Constituição


Capítulo II: A parte integrante jurídico-constitucional da Constituição
moderna
Capítulo III: A parte integrante política da Constituição Moderna
Capítulo IV: Teoria da Constituição da Federação

 Ver a estrutura da «Teoria da Constituição como


Ordem da reciprocidade» do Professor Görg
Haverkate (1992)

Capítulo I : Constituição e Estado

Capítulo II: Constituição do Estado Constitucional como ordem


da reciprocidade mediada juridicamente

Capítulo III: Liberdade

Capítulo IV: Redistribuição

Capítulo V: Democracia

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4.1.3. História Constitucional

 Estuda a evolução das constituições ( formais e


materiais);
 Descreve o devir dos factos e ideias constitucionais
ao longo do tempo;
 Ilumina os antecedentes de uma determinada
constituição no tempo ou dos diversos ordenamentos
constitucionais que se seguiram;
 Tanto pode ocupar-se da história da Constituição que
vigora num dado momento, como da história
constitucional num sentido mais amplo ou da história
de um tipo de Constituição, como fez Carl Schmitt ao
analisar o «tipo da Constituição do Estado de Direito
e Democrático »;

4.1.4. Direito Constitucional Comparado

 Estuda e descreve os fenómenos constitucionais;


 Debruça-se sobre as características gerais de um sistema
constitucional, compara-os e analisa os seus elementos
concretos;
 Debruça-se também sobre a doutrina e a jurisprudência
em termos comparativos;
 Possibilita a identificação de semelhanças e diferenças
entre os sistemas constitucionais vigentes;
 Direito comparado além de ser o chamado «5º método de
interpretação» é uma ciência autónoma .
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( Remissão)

4.2. Disciplinas Afins do Direito Constitucional

4.2.1. Ciência Política

a) Conceito de Política
«Toda atividade humana que visa a produção de regras e
decisões geralmente vinculativas no seio e entre grupos
de pessoas»

 Do ponto de vista do território/espaço: Política


municipal, política regional, política do Estado,
política mundial

 Áreas políticas: Política Interna, política


económica, política financeira, política de defesa
nacional, política social, política de transportes,
política externa, política ambiental, etc.

b) Objeto da Ciência Política:

ba) Análise de estruturas e normas constitutivas


do sistema político a nível macro, intermediário
e micro;

bb) Análise de processos políticos;

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bc) Planificação, realização e avaliação de
atividades políticas conformadoras

Daí a designação em forma de trilogia anglo-


saxónica:

a) Polity
b) Politics
c) Policy

 Ciência Política, não só análise da realidade, pesquisas


empíricas (quem consegue o quê, como), mas
também uma teoria da ordem política justa;

 O poder deve ser vinculado a uma ordem racional


para que não degenere e possa servir a todos com
justiça;

 Ciência Política não pode contentar-se só com a


descrição e explicação do seu objeto;

 CP deve ser uma orientação e avaliar os critérios de


legitimidade da Política.

Proximidade da Ciência Política do Direito


Constitucional :

- Direito é um fator de legitimação importante


- Muita coisa em comum quanto ao seu objeto
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Diferenças:

 Ciência Política não trabalha com a dogmática


jurídica

- Conceito de dogmática jurídica :

o Dogmática jurídica é uma disciplina


pluridimensional que abrange três atividades
básicas:

i. Descrição do direito vigente ;


ii. Análise sistemática e conceptual desse
direito;
iii. Elaboração de propostas de solução de
casos jurídicos problemáticos .

 Ciência Política trabalha com a análise da realidade, de


forma crítica e valorativa, fazendo recomendações;

 Para a CP a norma jurídica é um critério junto de


outros;
Ciência Política e Teoria Geral do Estado

Segundo Roman Herzog:


a) Diferenças quanto ao objeto e método

 TGE: objeto mais limitado, centrado no Estado

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 CP: objeto mais amplo porque se debruça sobre
todos os fenómenos políticos públicos

 Diferenças de método são difíceis de ver:


também TGE como a CP não têm de se orientar
para o jurídico

4.2.2. Teoria Geral do Estado

A. Objeto da Teoria Geral do Estado

o Estado em si como fenómeno da história política


e da vida social

o «Estuda o conceito, a natureza, os fins, as


manifestações mais importantes dos Estados, e a
sua justificação, bem como a sua conformação
organizatória e institucional nos seus princípios
gerais»

o Quando ela trata da conformação organizatória e


institucional a TGE aproxima-se da Teoria da
Constituição (Verfassungslehre), isto é uma
teoria normativa da Constituição

o TGE debruça-se sobre o Estado enquanto


fenómeno jurídico e social

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o TGE faz parte da Ciência do Direito, embora
haja quem a coloque ao lado da Ciência Política

o NB. TGE é mais do que uma explicação


jurídica do Estado

o TGE utiliza bases filosóficas: Filosofia do


Estado, Sociologia do Estado e Política

o É Ciência do Estado e da Sociedade

o Ela abstrai-se do Estado e da Constituição


concretos que utiliza como material empírico a
partir do qual deduz os conhecimentos, as
semelhanças e os aspetos fundamentais

B. Método da TGE:

o Descrição, análise, explicação

o Não é uma perspetiva de dogmática jurídica


como acontece com a do Direito Constitucional

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o Roman Herzog ( Constitucionalista Alemão) :

o TGE é uma Ciência do Estado prática e


crítica. Inclui fazer previsões e
recomendações.

o TGE pode ser vista como teoria de um


Estado «justo» e que respeita a «dignidade
do homem»

4.2.3. Sociologia Política

 Foco da Sociologia Política:

o Preocupações empíricas com grupos,


classes, relações entre grupos;

o Que influxos o fenómeno político pode


exercer sobre o social e vice-versa;

Relação entre a Sociologia Política e Ciência


Política:
o Para Raymond Aron e Maurice
Duverger : iguais

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o Para outros não:

Âmbito da Ciência Política seria


maior (Paulo Bonavides)

Campo comum com a Ciência Política:

o Análise de grupos, classes sociais, instituições,


opinião pública

Perspetivas da Ciência Política que a Sociologia Política


ignora :

a) Orientação normativa da CP

b) CP = Ciência de valores e do dever-ser

Principais temas da Sociologia Política:

a) Poder político

b) Comportamento político

c) Manifestações de autoridade (carismática, tradicional,


legal)

d) Fatores materiais do poder político (território, população)

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e) Origens sociais do Estado e sua evolução política científica
voltada para a racionalização do poder

f) Grupos de pressão

g) Luta de classes e seus efeitos políticos, tensões sociais e


antagonismos políticos;

h) Crise dos sistemas de governo, regimes políticos, ideologias,


utopias, liberdade e autoridade;

i) Inconformismo social;

j) Golpes de Estado.

4.2.4. Filosofia Política

o Considerada por alguns (Michael Becker p.ex. ) como


parte da Ciência Política;

o No início ao lado da ética, da teoria do conhecimento,


da ontologia, da lógica e da estética;

o Justificava ao lado das explicações religiosas as


ordens da convivência dos seres humanos,

o Refletia sobre a legitimidade da ordem e sobre qual a


melhor ordem de convivência humana.
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Temas da Filosofia Política:

a) «Democracia» e «domínio»

b) Antropologias do homem

o Homens individualistas

o Outros modelos

c) Questões de justiça e de distribuição

d) Relação estado liberal de Direito com as normas da


comunidade ou da sociedade (comunitarismo versus
liberalismo);

o Crítica ao apego a um padrão abstrato


para avaliação da justeza de uma ordem
política concreta

5. Importância do Direito Constitucional

a) Importante para conhecer como está organizada a nossa


comunidade política e qual a posição básica dos cidadãos
nela, bem como a nossa inserção no mundo;

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b) O Direito Constitucional é um Direito de distribuição do
poder e da limitação do poder;

 Permite saber que órgãos têm que competência e


até onde podem ir.

c) O Direito Constitucional, como Direito para o «Político»


reveste-se de uma grande importância para a organização das
práticas políticas dos cidadãos e das instituições;

d) Haja-se em vista que existe uma relação especial entre o


Direito e o fenómeno político (Dieter Grimm, JUS , 1969, p.
501 e segs. ) :

Da) Direito é um fim da Política

Db) Direito é um produto da Política

Dc) Direito é um instrumento da Política

Dd) Direito é um quadro da Política

De) Direito é um padrão da Política

Nota: Direito e Política devem servir fins maiores tais


como : DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA;
JUSTIÇA; ÉTICA.

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e) Operacionalização da posição do cidadão na construção do
Estado de Direito Democrático.

6. O Ensino do Direito Constitucional

6.1. Evolução do ensino do Direito Constitucional na


Europa

 Evolução ao longo do tempo


 Fatores importantes da evolução

a) Dessacralização da lei devido às


experiências do fascismo e do
nazismo

 Legislador não é infalível


 A lei pode violar os direitos
fundamentais dos cidadãos,
daí ser necessário proteger-se
contra a lei e não só contra as
decisões do poder executivo ;

b) Expansão das constituições e do


constitucionalismo

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 Com a descolonização e a
modernização das
Constituições

c) Difusão internacional da ideologia


dos Direitos do Homem
 Põe em primeiro plano o
individuo na sua relação com
o poder
 Declaração Universal dos
Direitos do Homem
 Convenção Europeia dos
Direitos do Homem de 1950
 CADHP

d) Surgimento da Justiça
Constitucional

 Elemento fundamental do
sistema constitucional

6.2. Particularidades

a) Reino Unido : estudo da história constitucional como


foco

 Constituição histórica

b) Exegese dos preceitos de uma Constituição Escrita;

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c) Perspetiva francesa tradicional : Aliança entre o estudo
das normas (Direito Constitucional) e o estudo dos factos
políticos (Ciência Política), de onde a cadeira de Ciência
Política e Direito Constitucional;

 Mudança de perspetiva na atualidade : A obra Droit


Constitutionnel ( 26ª edição) de Favoreu, Louis / Gaïa,
Patrick/ Ghevontian, Richard/Mestre,
Jean-Louis/Pfersmann, Otto/Roux, André, Scoffoni, Guy:
Droit Constitutionnel, 26ª edição, Paris 2023 :

Livro I. Estudo do Estado de Direito sob os seus


três aspetos : a) enquadramento jurídico do
poder ; b) controlo do poder; c) Separação de
poderes

Livro II. Direito do Estado e das pessoas , para


marcar o relevo dado aos governados face aos
governos , através dos três objetos de estudo do
Direito Constitucional moderno : as instituições,
as normas e as liberdades

d) Ensino com forte componente da jurisprudência


constitucional (Estados Unidos , Alemanha) .

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7. Objetivos do estudo da disciplina de Direito
Constitucional no 1º Semestre

e) Conhecimento da Constituição e do
Direito Constitucional

f) Conhecimento das regras e


princípios constitucionais;

g) Familiarização com a classificação


das Constituições;

h) Estudo dos métodos e princípios de


interpretação da Constituição;

i) Estudo do poder constituinte


originário e derivado;

j) Estudo dos principais sistemas


constitucionais modernos

k) Estudo da história constitucional


cabo-verdiana

8. Ensino do Direito Constitucional no ISCJS

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 No 1º Semestre : Direito Constitucional ( Misto
de Teoria da Constituição e Sistemas
Constitucionais Modernos )

 No 2º Semestre : Direito Constitucional Cabo-


verdiano

 No segundo Ano: Disciplina de Direitos


Fundamentais

Bibliografia:

Diogo Freitas do Amaral : Manual de Introdução ao Direito,


Vol. I, Coimbra, 2004, pp. 215 e segs.
José Afonso da Silva: Curso de Direito Constitucional Positivo,
28ª edição, São Paulo, 2007, pp. 33 e segs.
José Joaquim Gomes Canotilho: Direito Constitucional e
Teoria da Constituição, 6ª edição, Coimbra 2002
Manual Afonso Vaz: Teoria da Constituição.O que é a
Constituição hoje ?, Coimbra Editora, Coimbra , 2012, pp.11-18.

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