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Direito
Fernandes, Raquel
SST Noções gerais do Direito / Raquel Fernandes
Ano: 2020
nº de p.: 11
Apresentação
Nesta unidade, compreenderemos que a doutrina organiza um sistema normativo,
levando em consideração alguns aspectos. Verificaremos que essas divisões são
meramente didáticas, visto que, na prática, um sistema jurídico é dinâmico e as
linhas de divisões são tênues. Assim, estudaremos como o Direito conceitua as
figuras do Estado, Nação e País. Perceberemos que a classificação em direito
público e privado leva em consideração a participação do Estado na relação. E, por
fim, verificaremos o conceito de ramos do Direito.
CONCEITO DE ESTADO
Antes de falarmos sobre os ramos do Direito, é necessário que você entenda quem é
o Estado. Para o direito, o Estado é o conjunto de instituições sociais que constituem
a organização política de um povo que vive em um determinado território. A ideia
de Estado está atrelada à de bem comum, ou seja, as ações do Estado devem estar
sempre direcionadas ao bem de todos.
Reflita
Em relação ao exame a partir da perspectiva jurídica, Estado, Nação
e País são conceituados de formas distintas. Todavia, em outros
campos do saber são considerados como institutos semelhantes. Por
isso, é preciso verificar sob qual ótica esses estão sendo analisados.
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Assim, é o povo de um determinado território, regido por leis emanadas de um poder
e postas por uma autoridade competente.
Povo Poder
Território
No Brasil, o Estado é quem elabora, edita e aprova as leis por meio do poder
legislativo e, às vezes, do poder executivo. Além disso, o Estado é o responsável por
aplicar sanções em caso de descumprimento destas.
Interação
País
Estado Nação
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CLASSIFICAÇÃO EM DIREITO PÚBLICO E
DIREITO
No Direito, tem-se a chamada dicotomia, que é a divisão de um elemento em duas
partes e, nesse caso, o Direito é dividido entre público e privado. Assim, os entes que
forem do Direito Público serão exclusivos deste, não configurando o Direito Privado,
e os entes que forem do Direito Privado serão exclusivos deste, não configurando o
Direito Público.
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O Direito Público surge das necessidades de tutelar a “res publica”,
ou seja, a coisa pública.
No Estado Moderno, a dicotomia Direito Público e Direito Privado fica evidente, uma
vez que houve a separação entre Estado e sociedade nos conformes do liberalismo,
que defende a liberdade individual, privada, nas esferas econômica, política, religiosa
e intelectual. Nesse período, o princípio da livre concorrência regia a esfera privada,
ou seja, os preços eram fixados livremente. E, ao Estado, esfera pública, cabia
apenas preservar a ordem interna e fazer a manutenção da paz.
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como fiscalização de contratos de trabalho e distribuição de bens e serviços,
remetendo aos dias atuais.
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As primeiras dimensões dos direitos fundamentais surgem
buscando limitar o poder do Estado sobre a vida privada. Assim,
gera uma ampliação das normas de Direito Privado e um recuo das
normas de Direito Público.
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Quando da construção de um trabalho científico, chamamos os
ramos do direito de área de concentração.
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• Direito Constitucional: é constituído por princípios e normas que estruturam
o Estado e garantem os direitos da sociedade. É fundamental para a organi-
zação e o funcionamento do Estado, o que inclui a estruturação política e as
formas de administração do Estado;
• Direito Administrativo: é o conjunto de princípios e normas jurídicas que re-
gem as atividades e relações públicas dos agentes e órgãos públicos (exem-
plo: leis que regem a contratação de servidores públicos; leis que disciplinam
os orçamentos públicos);
• Direito Eleitoral: é o conjunto de regras destinadas à escolha de representantes
para a ocupação de cargos eletivos, o que inclui os sistemas eleitorais. Além dis-
so, essas regras disciplinam as formas de atuação da soberania do povo;
• Direito Penal: é o conjunto de princípios e normas jurídicas pelos quais o
Estado aduz quais são os comportamentos humanos que devem sofrer san-
ções por serem reprováveis. Assim, o Estado proíbe determinadas ações e/ou
omissões;
• Direito Tributário: define como os tributos serão cobrados dos contribuintes,
ou seja, rege a relação jurídica entre o tesouro público e as pessoas;
• Direito Processual: traz normas jurídicas sobre como deve ser a sequência
dos atos pelos quais um processo deve acontecer. Assim, é o conjunto de
normas sobre a organização dos tribunais e juízes que neles atuam;
• Direito Notarial: refere-se a alguns atos jurídicos que necessitam de publici-
dade e autenticidade pública, ou seja, precisam ser registrados em âmbito
público. Dessa forma, surge o Direito Notarial, que é o conjunto de normas que
disciplinam as declarações humanas formuladas sob a autenticidade pública.
Saiba mais
Ainda que na prática utilizemos direito notarial como sinônimo de
registral, são espécies distintas. O Direito Registral é um conjunto
de princípios e normas jurídicas que regem a organização e o
funcionamento do registro de imóveis.
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gislação de outros países. Como exemplo, podemos citar questões de naciona-
lidade; de herança de pessoas que deixaram patrimônio em vários países; e de
acordos e contratos comerciais para importação e exportação de produtos;
• Direito Civil: pode ser considerado um ramo do Direito, pois é dele que decor-
rem outros sub-ramos, como Direito Empresarial, Direito de Família e Direitos
das Sucessões. É o conjunto de princípios e normas jurídicas que regem as
relações jurídicas entre as pessoas, físicas ou jurídicas. Regula as relações
patrimoniais, familiares, sucessórias, empresariais e obrigacionais entre os
indivíduos de uma sociedade;
• Direito Empresarial: é o conjunto de regras jurídicas que regem as atividades
e as relações das empresas e dos empresários.
• Direito de Família: é o conjunto de normas jurídicas que regem a estrutura, a
organização e a proteção da família. Portanto, trata das relações familiares e
das obrigações advindas dessas relações.
Saiba mais
Atualmente, a doutrina reconhece o Direito de Família como um
ramo autônomo do direito civil. Todavia, não há consenso quanto
a essa autonomia.
É importante ressaltar que existem outros ramos do Direito nos âmbitos públicos e
privados.
Além disso, existem diversas discussões entre juristas quanto a alguns direitos
serem públicos ou privados, como é o caso do Direito do Trabalho e do Direito
Ambiental, pois, embora tenham características de Direito Privado, em alguns casos,
o Estado intervém nas relações jurídicas e substitui a manifestação da vontade das
partes envolvidas nos casos. Para compreender um pouco mais sobre eles, vamos
aos referidos direitos.
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• Direito do Trabalho: é o conjunto de princípios e normas jurídicas que discipli-
nam as relações entre empregados e empregadores.
Saiba mais
A chamada ala progressista do Direito ainda reconhece outros ramos
que seriam autônomos. A exemplo, atualmente temos um forte
movimento que fala na construção do ramo do Direito do Animal.
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FECHAMENTO
Nesta unidade, verificamos que apesar de, no cotidiano, utilizarmos os temos
Estado, País e Nação como sinônimos, para o Direito, essas são categorias distintas
que, apesar de não se confundirem, guardam íntima relação entre si.
Vimos ainda que, doutrinariamente, podemos organizar as normas jurídicas como direito
público e privado. Nesse momento, conseguimos compreender que a distinção entre
esses termos se estabelece em relação a quanto o Estado participa da relação.
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Referências
DALLARI, D. A. Elementos da teoria geral do Estado. 31. ed. São Paulo: Saraiva, 2012.
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