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DIREITO PENAL

PROF. NIDAL AHMAD

DIREITO ADMINISTRATIVO
PROF.ª TATIANA MARCELLO

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DIREITO ADMINISTRATIVO
PROF.ª TATIANA MARCELLO
@tatianamarcello

1. Agentes públicos
2. Poderes administrativos
3. Atos administrativos
4. Bens públicos
5. Licitações

1. AGENTES PÚBLICOS
Acumulação de cargos públicos – CF, art. 37, XVI
É vedada a acumulação remunerada de cargos públicos, bem
como de empregos e funções; porém é permitida a acumulação,
excepcionalmente, quando houver compatibilidade de horários,
observado em qualquer caso o disposto no inciso XI (teto):
a de 2 cargos de professor;
a de 1 cargo de professor com 1 técnico ou científico;
a de 2 cargos ou empregos privativos de profissionais de saúde,
com profissões regulamentadas.
Obs.: também 1 de vereador + 1 cargo, emprego ou função.
A proibição de acumular estende-se a empregos e funções e
abrange autarquias, fundações, empresas públicas, sociedades de
economia mista, suas subsidiárias, e sociedades controladas, direta
ou indiretamente, pelo poder público.

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Acumulação lícita:

Tese de repercussão geral RE 602043 - “Nos casos autorizados,


constitucionalmente, de acumulação de cargos, empregos e funções, a
incidência do artigo 37, inciso XI, da Constituição Federal, pressupõe
consideração de cada um dos vínculos formalizados, afastada a
observância do teto remuneratório quanto ao somatório dos ganhos do
agente público”.

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2. PODERES ADMINISTRATIVOS
O Estado age por meio de seus agentes públicos, aos quais são
conferidas prerrogativas diferenciadas, a serem utilizadas para o
alcanças os seus fins: a satisfação dos interesses públicos. Esse
conjunto de prerrogativas denomina-se Poderes Administrativos, ou
seja, são instrumentos conferidos à Administração para o atendimento
do interesse público.
Por outro lado, por tutelarem interesses coletivos, são impostos aos
agentes públicos alguns Deveres Administrativos.
Há hipóteses e que os Poderes se convertem em verdadeiros
Deveres, pois enquanto na esfera privada o Poder é mera faculdade
daquele que o detém, na esfera pública representa um Dever do
administrador para com os administrados. Segundo a doutrina, trata-
se do chamado Poder-dever de agir, de forma que se o agente não agir,
poderá responder por omissão.

Hierárquico

Disciplinar Vinculado

Poderes

Discricionário
Polícia

Regulamentar
(normativo)

Poder de Polícia
O Código Tributário Nacional - CTN, conceitua Poder de Polícia,
dispondo em seu art. 78 que: considera-se poder de polícia a
atividade da administração pública que, limitando ou disciplinando

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direito, interesse ou liberdade, regula a prática de ato ou abstenção
de fato, em razão de interesse público concernente à segurança, à
higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da produção e do
mercado, ao exercício de atividades econômicas dependentes de
concessão ou autorização do Poder Público, à tranqüilidade
pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos individuais ou
coletivos.
Poder de Polícia, portanto, é a atividade do Estado que limita os
direitos individuais em benefício do interesse público, ou seja, é o
mecanismo de frenagem de que dispõe a Administração Pública para
conter os abusos do direito individual (Hely Lopes Meirelles).
O interesse público está relacionado com a segurança, moral,
saúde, meio ambiente, consumidor, propriedade, patrimônio
cultural.

Polícia Administrativa e Judiciária


O poder de polícia do Estado pode ocorrer em duas áreas:
na administrativa, feita pelos órgãos administrativos, atuando
sobre as atividades do indivíduos (ex.: fiscalização da atividade de
comércio);
na judiciária, executada pelos órgãos de segurança, atuando sobre
o indivíduo que poderia cometer algum ilícito penal (ex.: polícia civil de
um estado).

polícia atividade
administrativa preventiva

polícia atividade
judiciária repressiva

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Atributos ou Características DIS CO AUTO
Os atributos costumeiramente apontados pela doutrina no que se
refere aos atos resultantes do exercício regular do poder de polícia são
3:
DIScricionariedade (livre escolha de oportunidade e conveniência
do que vai aplicar);
COercibilidade (imposição coativa das medidas adotas pela
Administração);
AUTO-executoriedade (decidir e executar diretamente sua
decisão sem a intervenção do Judiciário, ex.: apreensão de mercadoria,
interdição de estabelecimento, aplicação de multa...). Obs.: a
Administração pode aplicar multa, mas para cobrar tem que ser no
Judiciário.);

3. ATOS ADMINISTRATIVOS
CONCEITO
Segundo Hely Lopes Meirelles, ato administrativo é “toda
manifestação unilateral de vontade da Administração Pública que,
agindo nessa qualidade, tenha por fim imediato adquirir, resguardar,
transferir, modificar, extinguir e declarar direitos, ou impor obrigações
aos administrados ou a si própria”.
Para Maria Sylvia Zanella Di Pietro: “declaração do Estado ou de
quem o represente, que produz efeitos jurídicos imediatos, com
observância da lei, sob regime jurídico de direito público e sujeito a
controle pelo Poder Judiciário”.
Em suma, é uma manifestação de vontade do Estado ou de quem
lhe faça as vezes, que tem por finalidade o interesse público.

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Requisitos do ato administrativo são: COM FIN FOR M OB
COMPETÊNCIA ----- (quem?)* Autoridade competente pode
ratificar.
FINALIDADE ----- (para quê)
FORMA ----- (como?)* Ato pode ser refeito pela forma correta.
MOTIVO ----- (por que?)
OBJETO ----- (o que?)
Vícios que podem ser sanados, convalidando-se o ato.
Lei 9784/99, Art. 55. Em decisão na qual se evidencie não
acarretarem lesão ao interesse público nem prejuízo a terceiros, os
atos que apresentarem defeitos sanáveis poderão ser convalidados
pela própria Administração.

Ex.: ato de demissão do servidor


COMPETÊNCIA ----- (quem pode aplicar a pena de demissão?)
FINALIDADE ----- (para quê? Interesse público corrigir)
FORMA ----- (como? Através de um processo administrativo)
MOTIVO ----- (por que? Praticou infração)
OBJETO ----- (o que? demissão)

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ATRIBUTOS (PATI)
Presunção de Legitimidade (veracidade/legalidade) - o ato é
válido (e legítimo) e deve ser cumprido até que se prove o contrário
(presunção relativa); presente em todos os atos.
Autoexecutoriedade – o Estado pode executar seus atos sem
precisar de manifestação prévia do Judiciário (ex.: apreensão de
mercadoria, interdição de estabelecimento, aplicação de multa...); mas,
posteriormente o Judiciário pode analisar legalidade do ato. Obs.: a
Administração pode aplicar multa, mas para cobrar tem que ser no
Judiciário.
Tipicidade – respeito às finalidades especificadas em lei; ato não é
lei, mas tem por base uma lei, então deve atender a figuras definidas
previamente pela lei.
Imperatividade – o ato cria unilateralmente obrigação ao
particular; o Estado impõe coercitivamente (coercibilidade) o ato e
tem que ser respeitado, concordando ou não.

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4. BENS PÚBLICOS
Código Civil - Art. 98. São públicos os bens do domínio nacional
pertencentes às pessoas jurídicas de direito público interno; todos os
outros são particulares, seja qual for a pessoa a que pertencerem.
Pessoa Jurídicas de Direito Público Interno – CC Art. 41. São
pessoas jurídicas de direito público interno:
I - a União;
II - os Estados, o Distrito Federal e os Territórios;
III - os Municípios;
IV - as autarquias, inclusive as associações públicas;
V - as demais entidades de caráter público criadas por lei.

Portanto, bens públicos são apenas aqueles pertencentes a


pessoas jurídicas de direito público (U, E, M, DF, Autarquias e Fundações
públicas de direito público).
Entretanto, bens das pessoas jurídicas de direito privado
integrantes da Administração Pública são privados (ou particulares),
mas podem estar sujeitos a regras próprias do regime jurídico de bens
públicos (inalienabilidade, impenhorabilidade, imprescritibilidade e
não onerabilidade), quando estiverem sendo efetivamente utilizados
na prestação de um serviço público;

Classificação
1 – Quanto à forma de utilização/destinação:
Código Civil - Art. 99. São bens públicos:
I - os de uso comum do povo, tais como rios, mares, estradas, ruas
e praças;
II - os de uso especial, tais como edifícios ou terrenos destinados
a serviço ou estabelecimento da administração federal, estadual,
territorial ou municipal, inclusive os de suas autarquias;
III - os dominicais, que constituem o patrimônio das pessoas

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jurídicas de direito público, como objeto de direito pessoal,
ou real, de cada uma dessas entidades.

Bens de uso comum do povo – apesar de pertencerem a uma a


pessoa jurídica de direito público interno (poder de gestão e não
propriedade), podem ser utilizados sem restrição por todos, gratuita ou
onerosamente (rios, mares, estradas, ruas e praças, meio ambiente...);
Bens de uso especial – se destinam (afetados) especialmente à
execução dos serviços públicos; são exemplos os veículos da
Administração ou os imóveis onde estão instalados os serviços públicos
e órgãos da administração (secretarias, escolas, tribunais,
parlamentos...);
Bens dominicais – constituem patrimônio das pessoas jurídicas de
direito público (propriedade), semelhantes aos bens dos particulares,
mas que não estão afetados a uma finalidade pública específica,
servindo apenas de reserva patrimonial ou fonte de renda, ou seja, não
tem uma destinação especial (ex.: terras devolutas, terrenos baldios,
viaturas sucateadas...).

Afetação e Desafetação (utilização)


Afetação – é quando um bem está vinculado a uma finalidade
pública (está afetado). Em regra, os bens de uso comum do povo e os
bens de uso especial são afetados. Ex.: prédio público onde funciona
uma escola pública está afetado à prestação desse serviço.
Desafetação – é quando um bem não está vinculado a nenhuma
finalidade pública (está desafetado). Os bens dominicais são
desafetados. Ex.: terreno baldio da Prefeitura.
Entende-se por desafetação também, o ato de desvincular um
bem a determinada finalidade, a fim de facilitar sua alienação. Portanto,
um bem de uso comum do povo ou de uso especial é transformado
em bem dominical. O ato de desafetação depende de lei específica.

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5. LICITAÇÃO
O art. 37, XXI da CF prevê o preceito mais genérico existente em
nosso ordenamento jurídico sobre a obrigatoriedade de a
Administração Pública realizar licitações para suas contratações:
XXI - ressalvados os casos especificados na legislação, as
obras, serviços, compras e alienações serão contratados mediante
processo de licitação pública que assegure igualdade de condições
a todos os concorrentes, com cláusulas que estabeleçam
obrigações de pagamento, mantidas as condições efetivas da
proposta, nos termos da lei, o qual somente permitirá as exigências
de qualificação técnica e econômica indispensáveis à garantia do
cumprimento das obrigações.

Modalidades de Licitação
Lei 8.666/93 - Art. 22. São MODALIDADES de licitação:
I - concorrência
II - tomada de preços
III - convite
IV - concurso
V - leilão
Lei 10.520/2002 - Art. 1º Para aquisição de bens e serviços comuns,
poderá ser adotada a licitação na modalidade de pregão.
Há ainda a consulta (modalidade licitatória das Agências
Reguladoras).

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MODALIDADES
TIPOS

Lei 8.666/93 - MODALIDADES de licitação:


I – concorrência

II - tomada de preços

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III – convite

IV – concurso

V – leilão

Lei 10.520/2002 – Pregão

Lei 9.986/2000 - Consulta

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Art. 23. As modalidades de licitação a que se referem os incisos I a
III do artigo anterior serão determinadas em função dos seguintes
limites, tendo em vista o valor estimado da contratação:
ATENÇÃO: as modalidades de licitação convite, tomada de
preços e concorrência são determinadas conforme os valores da
contratação. Entretanto, esses valores foram atualizados pelo Decreto
nº 9.412/2018. A lei continua com a mesma redação, porém, os valores a
serem considerados para a prova são os atualizados do Decreto,
conforme abaixo: Os valores estabelecidos nos incisos I e II do caput do
art. 23 da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, ficam atualizados nos
seguintes termos:
Art. 23. As modalidades de licitação a que se referem os incisos I a
III do artigo anterior serão determinadas em função dos seguintes
limites, tendo em vista o valor estimado da contratação:
I - para obras e serviços de engenharia:
a) convite - até R$ 330.000,00 (trezentos e trinta mil reais);
b) tomada de preços - até R$ R$ 3.300.000,00 (três milhões e
trezentos mil reais);
c) concorrência: acima de R$ 3.300.000,00 (três milhões e
trezentos mil reais);
II - para compras e serviços não referidos no inciso anterior:
a) convite - até R$ 176.000,00 (cento e setenta e seis mil reais);
b) tomada de preços - até R$ 1.430.000,00 (um milhão,
quatrocentos e trinta mil reais);
c) concorrência - R$ 1.430.000,00 (um milhão, quatrocentos e
trinta mil reais).

Concorrência
Art. 22, § 1o Concorrência é a modalidade de licitação entre
quaisquer interessados que, na fase inicial de habilitação preliminar,

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comprovem possuir os requisitos mínimos de qualificação exigidos no
edital para execução de seu objeto.
A concorrência é a mais complexa das modalidades de licitação.
Art. 23, § 3o A concorrência é a modalidade de licitação cabível,
qualquer que seja o valor de seu objeto, tanto na compra ou
alienação de bens imóveis, ressalvado o disposto no art. 19 (leilão), como
nas concessões de direito real de uso e nas licitações internacionais,
admitindo-se neste último caso, observados os limites deste artigo, a
tomada de preços, quando o órgão ou entidade dispuser de cadastro
internacional de fornecedores ou o convite, quando não houver
fornecedor do bem ou serviço no País.

Tomada de preços
Art. 22, § 2o Tomada de preços é a modalidade de licitação entre
interessados devidamente cadastrados ou que atenderem a todas as
condições exigidas para cadastramento até o 3º dia anterior à data do
recebimento das propostas, observada a necessária qualificação.
A Tomada de Preços é utilizada para a celebração de contratos de
obras, serviços e compras de menor vulto do que as que exigem a
concorrência.
A habilitação, que corresponde ao cadastramento, é preliminar à
abertura do procedimento.
Quem ainda não for cadastrado, poderá cadastrar-se até o 3º dia
anterior à data do recebimento das propostas, desde que atendam às
condições de qualificação exigidas (mesmas exigência para o
cadastramento).

Convite
Art. 22, § 3o Convite é a modalidade de licitação entre interessados
do ramo pertinente ao seu objeto, cadastrados ou não, escolhidos e
convidados em número mínimo de 3 pela unidade administrativa, a

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qual afixará, em local apropriado, cópia do instrumento convocatório e
o estenderá aos demais cadastrados na correspondente
especialidade que manifestarem seu interesse com antecedência de
até 24 horas da apresentação das propostas.
Diferentemente das demais modalidades de licitação, que têm
como instrumento convocatório o edital, a modalidade convite tem
como instrumento convocatório a carta-convite, que será enviada
diretamente aos interessados.
Como não há edital, não há publicação na imprensa oficial, apesar
de haver a necessidade de afixação da cópia do instrumento em local
apropriado, a fim de que os demais cadastrados (não convidados)
possam participar (manifestando-se 24h antes da entrega das
propostas).

Concorrência Quaisquer interessados

Tomada de Preços CadasTrados;


Três dias

Convite Cadastrados ou não;


Com vinte e quatro horas

Concurso
Art. 22, § 4o Concurso é a modalidade de licitação entre quaisquer
interessados para escolha de trabalho técnico, científico ou artístico,
mediante a instituição de prêmios ou remuneração aos vencedores,
conforme critérios constantes de edital publicado na imprensa oficial
com antecedência mínima de 45 dias.
A natureza do objeto é que determina a realização da modalidade
concurso, independentemente do valor do contrato.

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O julgamento é feito por uma comissão especial, formada por
pessoas de reputação ilibada e reconhecido conhecimento da matéria,
sejam servidores públicos ou não.

Leilão
Art. 22, § 5o Leilão é a modalidade de licitação entre quaisquer
interessados para a venda de bens móveis inservíveis para a
administração ou de produtos legalmente apreendidos ou penhorados,
ou para a alienação de bens imóveis prevista no art. 19, a quem
oferecer o maior lance, igual ou superior ao valor da avaliação.
Portanto, o leilão destina-se à venda ou alienação de:
bens móveis inservíveis para a administração;
produtos legalmente apreendidos ou penhorados;
bens imóveis cuja aquisição derivou de procedimentos judiciais
ou de dação em pagamento (art. 19).

Pregão
Pregão é a sexta modalidade de licitação, prevista na Lei 10.520/02.
Pregão é a modalidade de licitação, sempre do tipo menor preço,
destinada à aquisição de bens e serviços comuns, que pode ser
utilizada para qualquer valor de contrato (Marcelo Alexandrino e
Vicente Paulo).
Trata-se de uma modalidade pouco complexa, possibilitando
maior celeridade na contratação de bens e serviços comuns.
A disputa entre os licitantes é realizada mediante propostas e
lances em sessão pública.

Consulta
A consulta não consta na Lei 8.666/93, pois aplica-se apenas às
Agências Reguladoras.

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