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Direito Administrativo

Organização Administrativa

 Administração Pública: conjunto de órgãos e entes estatais que produzem


bens, serviços e utilidades para a população, auxiliando as instituições
políticas de cúpula no exercício das funções de governo
 Órgãos: unidades de atuação que integram alguma pessoa jurídica (a criação
de um órgão é considerada medida de desconcentração);
 Entes: pessoas jurídicas de direito público interno (a criação de um ente é
considerada medida de descentralização);
 Administração Pública
a) Direta: -Entes Federados (União, Estados, DF e Municípios);
b) Indireta: -Autarquias, Empresas Públicas, Sociedades de Economia Mista e
Fundações Públicas.

Autarquia (ex. Empresa Pública Sociedade de Fundação Pública


INSS) (ex. Caixa) Economia Mista (ex: UFGD)
(ex. Banco do
Brasil)
-pessoa jurídica de -pessoa jurídica de -pessoa jurídica de -pode ser pessoa
direito público; direito privado; direito privado; jurídica de direito
-criada por lei; -autorizada por lei -autorizada por lei público ou privado
-patrimônio e depois registrada e depois registrada dependendo da
público em cartório; em cartório; função cumprida1;
impenhorável e -capital 100% -capital -se pública segue o
imprescritível; público; majoritariamente regime da
-regime de pessoal: -patrimônio público (o capital autarquia;
concurso público privado pode ser privado pode
com vínculo penhorado. Porém participar);
estatutário. o patrimônio -patrimônio
utilizado para privado pode ser
executar serviços penhorado. Porém
públicos é o patrimônio
considerado utilizado para
público e executar serviços
impenhorável; públicos é
--regime de considerado
pessoal: concurso público e
público com impenhorável;
vínculo CLT. --regime de
-pode assumir pessoal: concurso
qualquer forma do público com

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O STF já afirmou que “nem toda fundação instituída pelo Poder Público é fundação de direito privado. As
fundações, instituídas pelo Poder Público, que assumem a gestão de serviço estatal e se submetem a regime
administrativo previsto, nos Estados-membros, por leis estaduais, são fundações de direito público, e,
portanto, pessoas jurídicas de direito público. Tais fundações são espécie do gênero autarquia, aplicando-se a
elas a vedação a que alude o §2.º do art. 99 da Constituição Federal” (RE 101.126/84, Rel. Min. Moreira Alves).
direito empresarial vínculo CLT.
-pode assumir
apenas a forma
empresarial de
Sociedade
Anônima (S/A)

 Para aprofundar o tema de fundações recomendamos a leitura:


https://www.stj.jus.br/sites/portalp/Paginas/Comunicacao/Noticias/
15092020-Fundacoes-publicas-de-direito-privado-nao-estao-isentas-de-custas-
processuais.aspx
Bens Públicos (art. 99, Código Civil)

 De uso comum do povo: que pode ser usado por qualquer cidadão livremente
(ex: rios, mares, estradas, ruas e praças); (inalienáveis e imprescritíveis)2
 De uso especial: quando o bem tem uma afetação (destinação) específica para
o serviço público (ex: prédio de um órgão público, carro da polícia civil)
(inalienáveis e imprescritíveis);
 Dominicais: bens que não tem nenhuma afetação (destinação específica) mas
compõem a propriedade do ente federado. (ex: terreno da união que não está
sendo usado) (imprescritível, porém pode ser alienado por meio de licitação).
Poderes da Administração

 Hierárquico: Com base na hierarquia, a instância superior tem o comando e a


instância inferior tem o dever de obediência, devendo, portanto, executar as
atividades em conformidade com as determinações superiores.
 Disciplinar: o poder dever de punir as infrações funcionais dos servidores e
demais pessoas sujeitas a disciplina de órgãos públicos.
 Polícia: faculdade que dispõe a administração pública de condicionar e
restringir o uso e gozo de bens, liberdades, atividades, e direitos individuais
em benefício da coletividade ou do próprio Estado.
 Autotutela: capacidade da administração de corrigir seus próprios erros sem
depender do judiciário (por exemplo: revogação de um ato administrativo)
 Autoexecutoriedade: É poder da Administração Pública de executar as suas
próprias decisões sem haver necessidade da tutela judicial. (ex. fiscalização
sanitária)
 Regulamentar: capacidade da administração de criar regulamento ou
resoluções para preparar a execução de uma lei ou complementa-la quando
necessária.
 Normativo: faculdade da administração de emitir normas para disciplinar
matérias não privativas de lei.
Atos Administrativos
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Imprescritível: que não pode ser adquirido por usucapião.
 Conceito: manifestação unilateral de vontade da administração pública que,
agindo nessa qualidade, tenha por fim adquirir, resguardar, transferir,
modificar, extinguir, declarar direitos ou impor obrigações aos administrados
ou a si própria.
 Ato Vinculado: é aquele cuja lei determina a forma que ele deve ser realizado
não havendo margem para a atuação do administrador;
 Ato Discricionário: é aquele em que a lei deixa uma margem para que o
administrador, com base na oportunidade e conveniência, decida o melhor
caminho. (sem desrespeitar a lei e os princípios)
 Elementos (COFOFIMOO):
a) Competência:
-É o poder que decorre da lei conferida ao agente administrativo para o
desempenho regular de suas atribuições;
-Vícios: usurpação de função e excesso de poder;
b) Forma
-Os atos devem respeitar a forma exigida para sua prática, a sua
materialização.
-Vícios: forma equivocada
c) Finalidade
-Resultado que a Administração pretende alcançar com a prática do
ato.
-Vícios: desvio de finalidade e desvio/abuso de poder
d) Motivo
-É a situação de fato e de direito que gera a necessidade da
Administração em praticar o ato administrativo
-Teoria dos Motivos Determinantes: se houve um motivo específico que
justificou o ato a administração fica vinculada a ele. Ou seja, mesmo
que seja um ato discricionário, se o motivo do ato for falso o ato será
anulado.
e) Objeto
- resultado prático causado em uma esfera de direitos, seja a criação,
modificação ou comprovação de situações concernentes a pessoas,
coisas ou atividades sujeitas à ação do Poder Público.
 Atributos (PATI)
a) Presunção De Legitimidade - é a qualidade, que reveste tais atos, de se
presumirem verdadeiros e conformes ao Direito, até prova em
contrário. Milita em favor deles uma presunção juris tantum de
legitimidade.
b) Autoexecutoriedade - é a qualidade pela qual o Poder Público pode
compelir materialmente o administrado, sem precisão de buscar
previamente as vias judiciais, ao cumprimento da obrigação que impôs
e exigiu.
c) Tipicidade: prevê que o ato administrativo deve estar definido em lei
para que se torne apto para produzir determinados resultados (o
administrador não pode criar um ato que não exista em lei)
d) Imperatividade - é a qualidade pela qual os atos administrativos se
impõem a terceiros, independente de sua concordância de outras
pessoas, constituindo-as unilateralmente em obrigações.
 Convalidação: ocorre quando existe um ato com vício sanável e a
administração o convalida para que ele volte a produzir efeitos (obs:
consideram-se vícios sanáveis os de Competência e Forma)

Revogação Anulação Caducidade


-Ato legal discricionário; -Ato ilegal; -Quando lei posterior
-Conveniência e -Ex tunc torna ilegal/invalido o
oportunidade da -Administração Pública e ato criado anteriormente.
administração; Judiciário podem anular -Pode ocorrer com todos
-Ex-nunc os atos
-Só a administração pode
revogar

Tipos de atos

Licença Autorização Permissão


-vinculada e definitiva; -discricionária e precária; -discricionária e precária
-só pode ser cassada e -pode ser revogada ou -pode ser revogada ou
anulada; anulada; anulada
-exercício de direito -Atividade de interesse -atividade de prevalência
subjetivo privado ou uso de bem do interesse público
-ex: alvará de licença para público -pode ser ato (unilateral)
construir -ex: alvará de autorização ou contrato (bilateral)
de utilização de espaço
público

Servidores Públicos
Classificação parte 1

 A expressão ‘agentes públicos’ possui conotação genérica e engloba todas as


pessoas físicas que exercem funções estatais. Os agentes públicos são
responsáveis pela manifestação de vontade do Estado e pelo exercício da
função pública, que pode ser remunerada ou gratuita; definitiva ou
temporária; com ou sem vínculo formal com o Estado.” (OLIVEIRA, 2017, p.
675)

 Políticos: Agentes políticos são os detentores de cargos eletivos, como os


membros do Poder Legislativo e Executivo, assim como os magistrados e
membros do Ministério Público. Além disso, se inclui nessa definição os
‘’auxiliares’’ desses agentes como ministros, secretários etc.
 Estatutários: São aquele em que direitos, deveres e demais aspectos da vida
funcional do servidor estão contidos numa lei denominada estatuto, que pode
ser alterada durante a vigência da relação de trabalho, Empregados Públicos
(celetista) ressalvados os direitos adquiridos;
 Empregados: São sujeitos à CLT. Todos os que trabalham em Empresas
Públicas e Sociedades de Economia Mista (art. 173, § 1º, II CF), Estados e
Municípios que não adotaram o regime estatutário; na esfera federal, a Lei
Federal nº 9.962/2000 regula os celetistas; o regime celetista sofre mitigações
decorrentes de preceitos estatutários, como limite para remuneração e
aplicação de sanções por improbidade administrativa.
 Temporários: Regime especial, art. 37, IX da CF; em nível federal, é regulada
pela Lei nº 8.745/1993; previamente à contratação, os entes realizam um
processo seletivo simplificado sujeito a ampla divulgação em razão de
necessidade pública
 Particulares em colaboração:
A) Agentes Honoríficos
 São pessoas físicas que concretizam a vontade da Administração ao
prestar serviço de natureza transitória. Incluem-se nesta
classificação os cidadãos que atuam por convocação
operacionalizando as eleições como mesários, assim como os
cidadãos do município que são selecionados para integrar o
Tribunal do Júri, emitindo juízo de valor diante de acusações
relativas a crimes dolosos contra a vida.
B) Agentes Delegados
 Tal figura importa ao Direito Administrativo não por terem tais
agentes vínculo funcional com a Administração Pública, mas por
encontrarem-se vinculados à Administração devido à prestação de
serviços públicos mediante remuneração. Agentes delegados são as
pessoas jurídicas concessionárias e permissionárias, assim como
auxiliares da Justiça, tendo como exemplo tradutores, leiloeiros,
entre outros.
C) Agente Credenciado
 O agente credenciado é aquele que recebe a incumbência da
administração para representá-la em determinado ato ou praticar
certa atividade específica, mediante remuneração do Poder Público
credenciante (ex: atleta brasileiro, clinica credenciada do sus,
clinicas do detran).
***Militares: Os militares, até 1998, eram estudados como espécie de servidores
públicos, ao lado dos servidores civis. Ocorre que a Emenda Constitucional 18/98
deu autonomia aos militares, prevendo regras comuns entre eles e servidores
públicos, como a submissão ao teto remuneratório, a irredutibilidade de soldos e
subsídios, a proibição de vinculação ou equiparação dos soldos com outras espécies
remuneratórias e a proibição de cômputo de vantagens pecuniárias para cálculos
ulteriores.
***Existem funções públicas que só podem ser exercidas por brasileiros natos: § 3º
São privativos de brasileiro nato os cargos: I - de Presidente e Vice-Presidente da
República; II - de Presidente da Câmara dos Deputados; III - de Presidente do Senado
Federal; IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal; V - da carreira diplomática;
VI - de oficial das Forças Armadas. VII - de Ministro de Estado da Defesa.
Classificação parte 2: o retorno
Cargos: conjunto de atribuições e responsabilidades, criado por lei em número
determinado, com nome certo e remuneração especificada por meio de símbolos
números e/ou alfabéticos; pode ser:

 Cargo efetivo
 Cargo em comissão ou de confiança (não exigem concurso público)
 Cargo isolado: não são suscetíveis de promoção; estão desaparecendo, em
razão do disposto no art. 39, § 1º da CF; a tendência da administração é a
reestruturação dos cargos.
 Cargo de carreira: admitem progressão funcional vertical, com agrupamento e
escalonamento em classes; carreira é o conjunto de classes; passagem para
cargos de classes superiores pode se chamar acesso ou promoção.
Remuneração e Direitos do Servidor

 Vencimento: a retribuição, em dinheiro, pelo exercício do cargo ou função


pública, com valor fixado em lei; também pode ser chamado de referência,
ou salário de referência;
 Remuneração: conjunto do vencimento mais demais vantagens pecuniárias,
como abonos, gratificações, etc;
 Subsídio: introduzido pela Emenda Constitucional 19/98; fixado em
parcela única, nos termos do artigo 39, § 4º da CF, vedado o acréscimo de
qualquer outra retribuição pecuniária, como gratificação, adicional, abono,
prêmio, verba de representação ou outra espécie de verba remuneratória;
 Art. 37. (...) X - a remuneração dos servidores públicos e o subsídio de que
trata o § 4º do art. 39 somente poderão ser fixados ou alterados por lei
específica, observada a iniciativa privativa em cada caso, assegurada
revisão geral anual, sempre na mesma data e sem distinção de índices
 Art. 37. (...) XV - o subsídio e os vencimentos dos ocupantes de cargos e
empregos públicos são irredutíveis, ressalvado o disposto nos incisos XI e
XIV deste artigo e nos arts. 39, § 4º, 150, I I, 153, III, e 153, § 2º, I; Exceções: •
adequação ao teto constitucional; • compatibilizar com o inciso XIV (os
acréscimos pecuniários percebidos por servidor público não serão
computados nem acumulados para fins de concessão de acréscimos
ulteriores);
 Gratificações: fixados pelas lei de cada carreira; não podem ser utilizados
como forma de aumento salarial; podem ser de caráter genérico ou intuito
personae;
 Adicionais: previsto nas Constituições Estaduais, leis estaduais e leis
específicas para cada cargo;

 Férias e décimo-terceiro salário: art. 39, § 3º CF


 Licenças: art. 39, § 3º CF, mas estatutos específicos
 Direito de greve: art. 37, VII CF: Mandados de Injunção nº 670, 708 e 712 do
STF, com caráter constitutivo, regulamentando o direito enquanto não houver
lei.
 Sindicalização: art. 37, VI: direito à livre associação sindical.
 Aposentadoria e pensão, de acordo com o tempo de serviço público, sendo
que hoje existem diversos regimes vigentes. Art. 40. Aos servidores titulares
de cargos efetivos (...), é assegurado regime de previdência de caráter
contributivo e solidário, mediante contribuição do respectivo ente público, dos
servidores ativos e inativos e dos pensionistas, observados critérios que
preservem o equilíbrio financeiro e atuarial e o disposto neste artigo.
 Direito a posse: Tema 161 STF: garante o direito à posse a quem presta
concurso público
 Súmula Vinculante nº 13: “A nomeação de cônjuge, companheiro ou parente
em linha reta, colateral ou por afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da
autoridade nomeante ou de servidor da mesma pessoa jurídica, investido em
cargo de direção, chefia ou assessoramento, para o exercício de cargo em
comissão ou de confiança, ou, ainda, de função gratificada na Administração
Pública direta e indireta, em qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos municípios, compreendido o ajuste mediante
designações recíprocas, viola a Constituição Federal.”
Provimento

Responsabilidade dos Servidores

 Princípio da indisponibilidade do interesse público: os ocupantes dos cargos


de chefia têm o dever funcional de tomar as providências para apurar a
responsabilidade dos servidores;
 Conduta inadequada (ação ou omissão) do agente público;
 Esferas de responsabilização tradicionais: administrativa, civil, penal; (esferas
parcialmente interrelacionadas)
 [Essas três responsabilidades (civil, penal, administrativa) são independentes
e podem ser apuradas conjunta ou separadamente. A condenação criminal
implica, entretanto, reconhecimento automático das duas outras, porque o
ilícito penal é mais que o ilícito administrativo e o ilícito civil. Assim sendo, a
condenação criminal por um delito funcional importa o reconhecimento,
também, de culpa administrativa e civil, mas a absolvição no crime nem
sempre isenta o funcionário destas responsabilidades, porque pode não haver
ilícito penal e existirem ilícitos administrativo e civil” (MEIRELLES)
 Responsabilização civil: Se o servidor causa, diretamente, por culpa ou dolo,
dano ao erário da pessoa de direito público a que serve, tem o dever de
repará-lo, como mera aplicação da regra geral de proteção patrimonial, de
sede civil; • A responsabilidade civil do servidor é subjetiva; no caso do artigo
37, § 6º da CF, a Administração responde objetivamente e tem direito de
regresso contra o servidor que tenho agido, comprovadamente, por dolo ou
culpa; • O servidor responderá de maneira especial por abuso de autoridade,
nos termos do art. 6º, caput e § 2º da Lei nº 4.898/1965:
 Responsabilização administrativa: Fundamento: função disciplinar inerente ao
Estado; • Violada a norma interna, caracteriza-se o ilícito administrativo, e
como consequência o dever de responsabilização • A pena disciplinar é
interna, imposta pela Administração no uso de seu poder disciplinar, • A
sanção disciplinar tem natureza própria e inconfundível com a sanção civil ou
com a penal. Na sua aplicação há uma relativa discricionariedade do
aplicador, daí o Judiciário não poder substituí-la ou modificá-la.
 Responsabilização Penal: Crimes funcionais do Código Penal (crimes comuns)
e legislação extravagante (crimes políticos); • Agentes políticos: crime de
responsabilidade: Lei 10.79/1950; • Delitos de ação pública penal; •
Penalidades: perda do produto do crime e obrigação de reparar o dano
causado, além da pena de supressão de liberdade
******* Responsabilização Penal para estagiários e servidores temporários:
Art. 327, do Código Penal - Considera-se funcionário público, para os efeitos penais,
quem, embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou
função pública. § 1º - Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, emprego
ou função em entidade paraestatal, e quem trabalha para empresa prestadora de
serviço contratada ou conveniada para a execução de atividade típica da
Administração Pública.
Processo Administrativo

 “O processo administrativo passou a ser um instrumento da Administração


Pública democrática buscada num Estado no qual esse regime político seja
adotado. Assim, o processo administrativo passou a ser considerado matéria
constitucional, pois a sua garantia é fundamental, como o é o processo judicial.
A necessidade de se transportá-lo para a sede constitucional impôs-se, então,
em razão das transformações tanto do Estado quanto dos princípios que o
regime político democrático ostenta.” (LÚCIA: 1997).
 Núcleo Constitucional: I. Direito de petição - art. 5º, inc. XXXIV, CF/88 II.
Devido processo legal - art. 5º, inc. LIV, CF/88 III. Ampla defesa e
contraditório – art. 5º, LV, CF/88 IV. Duração razoável dos processos – art. 5º,
LXXVIII, CF/88
 Princípios:
a) Motivação: O princípio da motivação obriga a Administração, à
exposição, implícita ou explícita, das razões de fato e de direito que
autorizam ou determinam a prática de um ato jurídico. (art. 50, da Lei
9.784/99)
b) Segurança Jurídica: O princípio da segurança jurídica possui dois
sentidos. O primeiro, de natureza objetiva, tem a ver com a
estabilização do ordenamento jurídico, a partir do respeito ao direito
adquirido, ao ato jurídico perfeito e à coisa julgada; já o segundo, de
caráter subjetivo, relaciona-se com a proteção da confiança do cidadão
frente às expectativas geradas pela Administração Pública.
c) Imparcialidade: O princípio da imparcialidade representa a não-
vinculação da atividade de instrução do processo administrativo à
atividade decisória final, seja em favor do administrado, seja em favor
da Administração. A decisão administrativa deve ser tomada de acordo
com a instrução conduzida pelo órgão administrativo (Art. 18, da Lei
9.784/99).
d) Publicidade dos Atos Processuais: O princípio da publicidade impõe
que os atos da Administração sejam transparentes. A transparência de
informações incide não somente sobre matérias de interesse próprio do
administrado, mas também sobre matérias de interesse coletivo geral. A
exceção a tal princípio reside na condição de sigilo da informação
necessária à manutenção da segurança do Estado ou da preservação da
dignidade humana.
e) Gratuidade: Art. 2º, XI, da Lei nº 9.784/99 – proibição de cobrança de despesas
processuais, ressalvadas as previstas em lei; SÚMULA VINCULANTE N. 21: É
inconstitucional a exigência de depósito ou arrolamento prévios de
dinheiro ou bens para admissibilidade de recurso administrativo.
SÚMULA 373 DO STJ: É ilegítima a exigência de depósito prévio para
admissibilidade de recurso administrativo
f) Oficialidade: A oficialidade no processo administrativo é muito mais
ampla do que o impulso oficial no processo judicial. Ela compreende o
poder-dever de instaurar, fazer andar e rever de ofício a decisão. O
fundamento do princípio da oficialidade é o próprio interesse público.
Sendo o processo meio de atingir o interesse público, seria uma lesão a
este se o processo não chegasse ao fim. É também consequência do
princípio da eficiência.3
3
Art. 2º, XII, da Lei nº 9.784/99 - impulsão, de ofício, do processo administrativo, sem prejuízo da atuação dos
interessados;
Art. 5º, caput, da Lei nº 9.784/99 – O processo administrativo pode iniciar-se de ofício ou a pedido do
interessado.
Art. 29, da Lei nº 9.784/99. As atividades de instrução destinadas a averiguar e comprovar os dados necessários
à tomada de decisão realizam-se de ofício ou mediante impulsão do órgão responsável pelo processo, sem
prejuízo do direito dos interessados de propor atuações probatórias.
g) Princípio do informalismo ou formalismo moderado: O formalismo
moderado, no processo administrativo, não implica em ausência de
forma; o processo administrativo é formal no sentido de que deve ser
reduzido a escrito e conter documentado tudo o que ocorre no seu
desenvolvimento; é informal, entretanto, no sentido de que não está
sujeito a formas rígidas.4
 Fases do Processo Administrativo (Fonte: Justino de Oliveira)

Recursos no processo administrativo

 “A utilização do recurso administrativo é mais vantajosa do que a utilização


imediata dos remédios judiciais, pois, no curso da reapreciação da matéria
causada pela interposição do recurso, o interessado no processo
administrativo está autorizado a realizar novas alegações, e produzir novas
provas. Essas possibilidades resultam do princípio do formalismo mitigado,
da indisponibilidade do interesse público e do princípio da legalidade, os
quais, mesmo em sede recursal, não geram uma preclusão geral em relação a
atividades processuais necessárias para a busca da verdade material e para a
proteção do ordenamento jurídico e dos interesses públicos primários.”
(MARRARA: 2003)
 Art. 56. Das decisões administrativas cabe recurso, em face de razões de
legalidade e de mérito.
 Art. 56,§ 1º: O recurso será dirigido à autoridade que proferiu a decisão, a
qual, se não a reconsiderar no prazo de cinco dias, o encaminhará à
autoridade superior.
4
Art. 2º da Lei 9.784/99, incisos:
VIII – observância das formalidades essenciais à garantia dos direitos dos administrados;
IX – adoção de formas simples, suficientes para propiciar adequado grau de certeza, segurança e respeito aos
direitos dos administrados.
 Art. 60. O recurso interpõe-se por meio de requerimento no qual o recorrente
deverá expor os fundamentos do pedido de reexame, podendo juntar os
documentos que julgar convenientes.
 Art. 62. Interposto o recurso, o órgão competente para dele conhecer deverá
intimar os demais interessados para que, no prazo de cinco dias úteis,
apresentem alegações.
 Art. 63. O recurso não será conhecido quando interposto: I - fora do prazo; II
- perante órgão incompetente; III - por quem não seja legitimado; IV - após
exaurida a esfera administrativa. § 1o Na hipótese do inciso II, será indicada ao
recorrente a autoridade competente, sendo-lhe devolvido o prazo para
recurso. § 2o O não conhecimento do recurso não impede a Administração de
rever de ofício o ato ilegal, desde que não ocorrida preclusão administrativa.
 Art. 57. O recurso administrativo tramitará no máximo por três instâncias
administrativas, salvo disposição legal diversa.
 Cada instância administrativa corresponde a um órgão da mesma entidade
pública na qual o processo administrativo tramita, isso porque o recurso
hierárquico próprio se fundamenta no poder hierárquico.
 Os recursos hierárquicos impróprios, em que a instância recursal pertence a
outra entidade, dependem de previsão legal
 Art. 58. Têm legitimidade para interpor recurso administrativo: I - os titulares
de direitos e interesses que forem parte no processo; II - aqueles cujos direitos
ou interesses forem indiretamente afetados pela decisão recorrida; III - as
organizações e associações representativas, no tocante a direitos e interesses
coletivos; IV - os cidadãos ou associações, quanto a direitos ou interesses
difusos.
 Art. 59. Salvo disposição legal específica, é de dez dias o prazo para
interposição de recurso administrativo, contado a partir da ciência ou
divulgação oficial da decisão recorrida. § 1o Quando a lei não fixar prazo
diferente, o recurso administrativo deverá ser decidido no prazo máximo de
trinta dias, a partir do recebimento dos autos pelo órgão competente. § 2o O
prazo mencionado no parágrafo anterior poderá ser prorrogado por igual
período, ante justificativa explícita.
 Art. 61. Salvo disposição legal em contrário, o recurso não tem efeito
suspensivo. Parágrafo único. Havendo justo receio de prejuízo de difícil ou
incerta reparação decorrente da execução, a autoridade recorrida ou a
imediatamente superior poderá, de ofício ou a pedido, dar efeito suspensivo
ao recurso.
 Art. 64. O órgão competente para decidir o recurso poderá confirmar,
modificar, anular ou revogar, total ou parcialmente, a decisão recorrida, se a
matéria for de sua competência. Parágrafo único. Se da aplicação do disposto
neste artigo puder decorrer gravame à situação do recorrente, este deverá ser
cientificado para que formule suas alegações antes da decisão. (reformatio
in pejus)
 Revisão do Processo: Art. 65. Os processos administrativos de que resultem
sanções poderão ser revistos, a qualquer tempo, a pedido ou de ofício,
quando surgirem fatos novos ou circunstâncias relevantes suscetíveis de
justificar a inadequação da sanção aplicada. Parágrafo único. Da revisão do
processo não poderá resultar agravamento da sanção. (proibição do
reformatio in pejus)5

5
Lei 8.112/90 (Lei dos Servidores Públicos), art. 182, parágrafo único: Da revisão do processo não poderá
resultar agravamento de penalidade.

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