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EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DA________ VARA CÍVEL DA COMARCA

DA CAPITAL DO FORUM REGIONAL DE MADUREIRA/RJ.

RUAN CARLOS DE PINHO SILVA, brasileiro, solteiro, tosador de pet, portador da Carteira de
Identidade nº 28.613.986-0 - Detran/RJ, regularmente inscrito no CPF/RFB sob o
nº 165.278.357.10, residente e domiciliado na Rua Marília, 439 aptº. 201 - Marechal Hermes - Rio
de Janeiro – RJ, CEP: 21.555-340, por sua patrona com endereço eletrônico:
rosiadvocacia@hotmail.com.br, doravante designado autor, vem propor em face de:

LIGHT SERVIÇOS DE ELETRICIDADE S/A inscrita no CNPJ: 60.444.437/0001-46 com


endereço comercial na Avenida Marechal Floriano, 168, Centro - Rio de Janeiro - RJ – CEP:
20080-002, doravante designada: EMPRESA RÉ, a presente:

Ação de Obrigação de Fazer


com Indenização por Danos Morais
com Pedido de Antecipação de Tutela
e Declaração de Inexistência de Débito
e Repetição do Indébito

PRELIMINARMENTE:
DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA:

a. Inicialmente, afirma não possuir condições para arcar com as custas processuais e
honorários advocatícios sem prejuízo de seu próprio sustento e de sua família, por
prestar serviços de forma autônoma, sem rendimentos fixos e por este motivo requer, nos
termos da lei 1.060/50 e suas alterações, ainda do artigo 98 e seguintes do CPC/2015, a
concessão do benefício, juntando ainda a competente Declaração de Hipossuficiência,
que desde já requer prazo para juntar.

b. Requer a concessão do prazo assinado em lei para a juntada da competente Declaração


de Hipossuficiência, pelo fato de não ter tido condições de colheita da devida assinatura,
por razões de logística.

c. Que em caso de necessidade da interposição de recurso à uma das Câmaras do Eg.


Tribunal de Justiça do Estado do Rio de janeiro, desde já seja deferida a Gratuidade de
Justiça pretendida.
d. Por derradeiro, em sede preliminar, vem informar que TEM INTERESSE na
realização da Audiência Preliminar nos termos do que preceitua os artigos 319, VII e
334, do CPC/2015:

Art. 334. Se a petição inicial preencher os requisitos essenciais e não for o


caso de improcedência liminar do pedido, o juiz designará audiência de
conciliação ou de mediação com antecedência mínima de 30 (trinta) dias,
devendo ser citado o réu com pelo menos 20 (vinte) dias de antecedência.
(grifamos)

Fatos e Fundamentos

1. O autor recebeu em sua residência a correspondência da empresa ré, datada de 18/10/2021,


com assunto:

Aviso de Processo Administrativo –


Processo – RO- 27.922/2021 - referente ao:
TOI nº 10004008
Inspeção n° 1141598750.

2. Ou seja, um embaralhado de números, sem quaisquer comprovações e provas do alegado.

3. Em anexo a correspondência, que indica:

“...que foi realizada uma inspeção técnica na unidade consumidora...e


identificamos as ocorrências descritas no TOI Nº 10004008...”

4. É fato que, tanto quanto os MILHARES DE CONSUMIDORES QUE TAMBÉM


RECEBEM A MESMA TAL COMUNICAÇÃO, o autor não concorda com tais argumentos
da empresa ré, levados a efeito através de seu preposto.

5. Tal correspondência aponta um débito absurdíssimo no valor de R$ 3.725,25 (Três Mil,


Setecentos e Vinte e Cinco Reais e Vinte e Cinco Centavos), tendo como “fundamento”
o art. 130, III da Resolução Normativa 414/2010:

Art. 130. COMPROVADO (o que não se consuma no caso


presente), o procedimento irregular, para proceder à recuperação da
receita, a distribuidora deve apurar as diferenças entre os valores
efetivamente faturados e aqueles apurados por meio de um dos
critérios descritos nos incisos a seguir, aplicáveis de forma sucessiva,
sem prejuízo do disposto nos arts. 131 e 170:
I – Utilização do consumo apurado por medição fiscalizadora,
proporcionalizado em 30 dias, desde que utilizada para caracterização
da irregularidade, segundo a alínea “a” do inciso V do § 1o do art.
129;
II – Aplicação do fator de correção obtido por meio de aferição do
erro de medição causado pelo emprego de procedimentos irregulares,
desde que os selos e lacres, a tampa e a base do medidor estejam
intactos;
III – utilização da média dos 3 (três) maiores valores disponíveis de
consumo de energia elétrica, proporcionalizados em 30 dias, e de
demanda de potências ativas e reativas excedentes, ocorridos em até
12 (doze) ciclos completos de medição regular, imediatamente
anteriores ao início da irregularidade; (Redação dada pela REN
ANEEL 670 de 14.07.2015) (Grifamos)

6. Não se concebe, entretanto, como e em que fundamentos e circunstâncias, a empresa ré


chegou a tais valores.

7. Cabe-se ressaltar que o ora autor recebeu apenas a correspondência que ora junta, sem
anteriormente ter recebido qualquer documento com a denominação “TOI”, apenas com
uma outra folha discriminada, documento este absolutamente ininteligível, acredita-se até
para quem tem prática, imagina-se para o homem médio, consumidor comum.

8. Já o Documento onde é apresentada uma memória de cálculo, com fulcro no art. 132,da
referida e já citada Resolução (Resolução Normativa 414/2010), também aponta uma cobrança
total de R$ 3.725,25 (Três Mil, Setecentos e Vinte e Cinco Reais e Vinte e Cinco
Centavos):

Seção III Da Duração da Irregularidade


Art. 132. O período de duração, para fins de recuperação da receita,
no caso da prática comprovada de procedimentos irregulares ou de
deficiência de medição decorrente de aumento de carga à revelia, deve
ser determinado tecnicamente ou pela análise do histórico dos
consumos de energia elétrica e demanda de potência, respeitados os
limites instituídos neste artigo. (Redação dada pela REN ANEEL
479, de 03.04.2012)
§ 1º Na impossibilidade de a distribuidora identificar o período de
duração da irregularidade, mediante a utilização dos critérios citados
no caput, o período de cobrança fica limitado a 6 (seis) ciclos,
imediatamente anteriores à constatação da irregularidade.
§ 2º A retroatividade de aplicação da recuperação da receita disposta
no caput fica restrita à última inspeção nos equipamentos de medição
da distribuidora, não considerados o procedimento de leitura regular
ou outros serviços comerciais e emergenciais.
§ 3º No caso de medição agrupada, não se considera restrição, para
apuração das diferenças não faturadas, a intervenção da distribuidora
realizada em equipamento distinto daquele no qual se constatou a
irregularidade.
§ 4º Comprovado, pela distribuidora ou pelo consumidor, que o início
da irregularidade ocorreu em período não atribuível ao atual titular
da unidade consumidora, a este somente devem ser faturadas as
diferenças apuradas no período sob sua responsabilidade, sem
aplicação do disposto no art. 131, exceto quando ocorrerem,
cumulativamente, as situações previstas nos incisos I e II do § 1o do
art. 128. (Redação dada pela REN ANEEL 479, de 03.04.2012)
§ 5º O prazo máximo de cobrança retroativa é de 36 (trinta e seis)
meses.
9. Imediatamente o autor entrou em contato com a empresa ré para saber o que havia
acontecido e nada lhe foi informado, nem mesmo a existência de qualquer dívida e/ou
débito, ao que foi informado que não havia.

10. Assim fez por diversas vezes, sem qualquer êxito.

11. Na data marcada, como já citado, o autor compareceu à agência e ali não recebeu qualquer
documento, comprovação e ou mesmo atenção da funcionária da empresa, a não ser uma
“proposta indecente” de “acordo” para pagar o débito apontado, sem qualquer explicação
plausível, ou de que forma teria a empresa ré chegado a tais valores.

12. A se dirigir a unidade de atendimento da empresa ré, ciente de que as informações do TOI,
se referem a Constatação de Desvio de Energia no Ramal de Entrada, conhecido
popularmente como “gato”, algo que com certeza não cometeu, e diante das diversas falhas
materiais do referido “TOI”, DOCUMENTO QUE NÃO RECEBEU ANTERIORMENTE,
pois em verdade recusou-se a assinar um documento que não entendia seu teor, e poque
acreditou, ainda que presumindo boa-fé por parte da empresa ré, de que teria ocorrido
somente erro na emissão do documento, engano de leitura, ou algo do gênero.

13. Continuando:
14. A única resposta prática da empresa ré foi de que seria necessário o autor dirigir-se a uma
agência da empresa ré para solucionar o problema.

15. Na data marcada, como já citado, o autor compareceu à agência e ali não recebeu qualquer
documento, comprovação e ou mesmo atenção da funcionária da empresa, a não ser uma
“proposta indecente” de “acordo” para pagar o débito apontado, sem qualquer explicação
plausível, ou de que forma teria a empresa ré chegado a tais valores.

16. O que, ao menos mostra que a cobrança não procede.

17. Percebeu que NÃO É INCOMUM A ATITUDE DA empresa ré, QUE ATINJE
MILHARES DE CONSUMIDORES NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO.

18. Embora se pasme com a quantidade de reclamações da empresa que dão a esta o desonroso
título de 1º lugar entre as reclamadas no Estado, no PROCON E NO PODER
JUDICIÁRIO, em buscas simples na Internet, encontra-se a reportagem do jornal O Globo
datada de 25/04/2017, que mostra que a empresa ré é reincidente contumaz na prática
descrita nesta petição.

19. É importante frisar que as próprias contas do autor apresentam o histórico de consumo
regular e demonstram inclusive sua sazonalidade, típica de uma residência com chuveiro
elétrico, aumentando o consumo apenas no inverno, não fazendo sentido a pretensa cobrança
da empresa ré de consumo médio mensal nos termos que a empresa ré deseja, inclusive por
este não ser o procedimento indicado pelo Art. 130, II da Resolução 414/2010, que indica o
cômputo da média dos três maiores consumos, além de que o parágrafo único deste artigo
cita:
“Parágrafo único. Se o histórico de consumo ou demanda de potência ativa da
unidade consumidora variar, a cada 12 (doze) ciclos completos de faturamento ,
em valor igual ou inferior a 40% (quarenta por cento) para a relação entre a soma
dos 4 (quatro) menores e a soma dos 4 (quatro) maiores consumos de energia
elétrica ativa, nos 36 (trinta e seis) ciclos completos de faturamento
anteriores à data do início da irregularidade, a utilização dos critérios de
apuração para recuperação da receita deve levar em consideração tal condição”.

20. Diante do acima exposto, fica evidente que não há fundamento técnico ou legal para a
empresa ré efetuar qualquer cobrança de consumo não medido.

21. Vale informar que a casa é composta apenas de 2 quartos, sala, cozinha e banheiro.

22. Cabe ainda esclarecer que até o momento da propositura da presente ação, não ficou
demonstrado pela empresa ré a existência de qualquer irregularidade.
23. Entretanto, mesmo assim, até o momento da propositura da presente, não recebeu qualquer
resposta da contestação apresentada, qual seja, com a devida e regular declaração padrão,
que informe:
“... No ato da inspeção foi constatado desvio de energia no ramal de entrada
em uma fase sem passar pela medição; corrente medida 1.6 teste com
ADR 2.00%. Cliente recusou assinar o TOI”.

Dos Pedidos
24. Diante do exposto, e considerando o inequívoco desinteresse e a impossibilidade em
esclarecer e resolver a questão através dos canais administrativos da empresa ré, que
absolutamente não funcionam, vem requer a V. Excelência:

I. O recebimento da presente e todos os documentos juntados em todos os seus


termos.

II. Seja concedida a Tutela Antecipada, na forma do art. 300 e seguintes do


CPC/2015, intimando-se a ré por mandado a ser cumprido por OJA, para que:

III. Seja determinado que a empresa ré se abstenha de interromper o fornecimento


de energia da residência do autor em razão do alegado TOI, até o final da
presente lide, sendo o descumprimento do determinado cominado com a
condenação de pagamento de multa por dia de descumprimento no valor de
R$100,00 (CEM REAIS)

IV. Ainda que suspenda quaisquer cobranças presente ou futura de parcelamentos


referente a TOI, nas contas de luz, restringindo-se à cobrança da conta normal
de consumo, sob pena de pagamento de multa diária de R$ 500,00
(Quinhentos Reais) face ao descumprimento do ora requerido;

V. Apresente a empresa ré, á este juízo, no prazo de Lei, ou a critério deste


r. Juízo as fotos que alegam ter sido tiradas da instalação durante a
“vistoria”, sob pena de pagamento de multa diária de R$ 50,00 (cinquenta
reais) face ao descumprimento do ora requerido.

VI. A necessidade da concessão da tutela antecipada neste caso baseia-se na


eliminação da necessidade de qualquer avaliação detalhada ou pericial, de
demais provas, caso a empresa ré informe que não existem fotos ou quaisquer
registros do alegado desvio de energia.
VII. Identifique, nomeie e aponte a empresa ré a este juízo, com nome e CPF, qual
foi o funcionário, contratado ou terceirizado que lavrou o referido TOI, no
prazo de lei, sob pena de pagamento de multa diária de R$50,00 (Cinquenta
Reais) face ao descumprimento do ora requerido.

VIII. A necessidade da concessão da tutela antecipada neste caso justifica-se ainda


pela imediata identificação do autor do laudo acusatório que gerou o TOI,
servindo de subsídio a possível ação na esfera criminal por parte do autor, em
relação àquele, na qualidade de preposto da empresa ré e desta.

IX. Seja a tutela antecipada transformada em definitiva ao final desta ação.

X. A citação da parte ré para responder a presente ação, e sua intimação para


comparecer à audiência de conciliação, que deverá ser determinada e
convolada em AIJ, caso não cheguem as partes a acordo, sob pena de revelia.

XI. A inversão do ônus da prova, com fulcro no art. 6, VIII da Lei 8.078/90.

XII. A devolução em dobro, corrigido pelo IGPM e mora de 1%, do valor cobrado
no documento denominado “Memória Descritiva de Cálculo”, qual seja o valor
de R$ 3.725, 25 (Três Mil e Setecentos e Vinte e Cinco Reais e Vinte e Cinco
Centavos) com base nos art. 42 § único do CDC e na Resolução 414/2010 da
Aneel, art. 113, II, §2° e §3º, in verbis:
Lei 8.078/90 – CDC
Art. 42.

Na cobrança de débitos, o consumidor inadimplente não será exposto a ridículo,


nem será submetido a qualquer tipo de constrangimento ou ameaça.
Parágrafo único. O consumidor cobrado em quantia indevida tem direito à repetição
do indébito, por valor igual ao dobro do que pagou em excesso, acrescido de
correção monetária e juros legais, salvo hipótese de engano justificável. (Grifamos)

Resolução 414/2010 - ANELL


Seção XV
Do Faturamento Incorreto
Art. 113. A distribuidora quando, por motivo de sua responsabilidade, faturar
valores incorretos, faturar pela média dos últimos faturamentos sem que haja
previsão nesta Resolução ou não apresentar fatura, sem prejuízo das sanções
cabíveis, deve observar os seguintes procedimentos:
I - ...
II – Faturamento a maior: providenciar a devolução ao consumidor, até o segundo
ciclo de faturamento posterior à constatação, das quantias recebidas indevidamente
nos últimos 36 (trinta e seis) ciclos de faturamento imediatamente anteriores à
constatação. (Redação dada pela REN ANEEL 479, de 03.04.2012).
§ 2º Na hipótese do inciso II, a distribuidora deve providenciar a devolução das
quantias recebidas indevidamente acrescidas de atualização monetária com base na
variação do IGP-M e juros de mora de 1% (um por cento) ao mês calculados pro
rata die, em valor igual ao dobro do que foi pago em excesso, salvo hipótese de
engano justificável. (Redação dada pela REN ANEEL 479, de 03.04.2012).
§ 3º Caso o valor a devolver seja superior ao valor da fatura, o crédito remanescente
deve ser compensado nos ciclos de faturamento subsequentes, sempre considerando
o máximo de crédito possível em cada ciclo. (Redação dada pela REN ANEEL 479,
de 03.04.2012)

XIII. Seja, assim, julgado procedente o pedido no sentido de condenar a empresa ré


a pagar à parte autora uma indenização no valor de R$ 24.240,00, referentes a
20 salários-mínimos, a título de danos morais, com base que o referido TOI,
com a descrição de “Desvio de Energia” no relógio do cliente, o que
caracteriza uma grave acusação de furto de energia, crime descrito no
art. 155, §3° do Código Penal, sendo ainda tal acusação capitulada como
crime de CALUNIA.

XIV. Sobre este tópico vale a seguinte reflexão:

XV. O crime de calúnia está previsto no artigo 138 do Código Penal, e consiste em
atribuir falsamente a alguém a autoria de fato definido como crime.

XVI. Para que se configure o crime de calúnia, é preciso que seja narrado
publicamente um fato criminoso, como quer fazer parecer que foi o que
aconteceu e que cometeu ora autor, a empresa ré.

XVII. Caso alguém seja acusado de calúnia, e puder apresentar provas de que o fato
criminoso narrado não é verdadeiro, é possível que se defenda judicialmente,
em processo criminal.

XVIII. O art. 129 da Resolução Normativa 414/2010, citado pela empresa ré,
refere-se ao procedimento de Caracterização de Irregularidade e da
Recuperação de Receita.
CAPÍTULO XI
DOS PROCEDIMENTOS IRREGULARES
Seção I Da Caracterização da Irregularidade e da Recuperação da Receita
Art. 129. Na ocorrência de indício de procedimento irregular, a distribuidora
deve adotar as providências necessárias para sua fiel caracterização e apuração do
consumo não faturado ou faturado a menor.
§ 1o A distribuidora deve compor conjunto de evidências para a caracterização de
eventual irregularidade por meio dos seguintes procedimentos:
I – Emitir o Termo de Ocorrência e Inspeção – TOI, em formulário próprio,
elaborado conforme Anexo V desta Resolução;
II – Solicitar perícia técnica, a seu critério, ou quando requerida pelo consumidor ou
por seu representante legal;
III – elaborar relatório de avaliação técnica, quando constatada a violação do
medidor ou demais equipamentos de medição, exceto quando for solicitada a perícia
técnica de que trata o inciso II; (Redação dada pela REN ANEEL 479, de
03.04.2012)
IV – Efetuar a avaliação do histórico de consumo e grandezas elétricas; e
V – Implementar, quando julgar necessário, os seguintes procedimentos:
a) medição fiscalizadora, com registros de fornecimento em memória de
massa de, no mínimo, 15 (quinze) dias consecutivos; e
b) recursos visuais, tais como fotografias e vídeos.
§ 2º Uma cópia do TOI deve ser entregue ao consumidor ou àquele que
acompanhar a inspeção, no ato da sua emissão, mediante recibo.
§ 3º Quando da recusa do consumidor em receber a cópia do TOI, esta deve ser
enviada em até 15 (quinze) dias por qualquer modalidade que permita a
comprovação do recebimento.
§ 4º O consumidor tem 15 (quinze) dias, a partir do recebimento do TOI, para
informar à distribuidora a opção pela perícia técnica no medidor e demais
equipamentos, quando for o caso, desde que não se tenha manifestado
expressamente no ato de sua emissão. (Redação dada pela REN ANEEL 418, de
23.11.2010)
§ 5º Nos casos em que houver a necessidade de retirada do medidor ou demais
equipamentos de medição, a distribuidora deve acondicioná-los em invólucro
específico, a ser lacrado no ato da retirada, mediante entrega de comprovante desse
procedimento ao consumidor ou àquele que acompanhar a inspeção, e
encaminhá-los por meio de transporte adequado para realização da avaliação
técnica.
§ 6º A avaliação técnica dos equipamentos de medição pode ser realizada pela Rede
de Laboratórios Acreditados ou pelo laboratório da distribuidora, desde que com
pessoal tecnicamente habilitado e equipamentos calibrados conforme padrões do
órgão metrológico, devendo o processo ter certificação na norma ABNT NBR ISO
9001, preservado o direito de o consumidor requerer a perícia técnica de que trata o
inciso II do § 1o . (Redação dada pela REN ANEEL 479, de 03.04.2012).
§ 7º Na hipótese do § 6º, a distribuidora deve comunicar ao consumidor, por
escrito, mediante comprovação, com pelo menos 10 (dez) dias de antecedência, o
local, data e hora da realização da avaliação técnica, para que ele possa, caso deseje,
acompanhá-la pessoalmente ou por meio de representante nomeado.
§ 8º O consumidor pode solicitar, antes da data previamente informada pela
distribuidora, uma única vez, novo agendamento para realização da avaliação
técnica do equipamento.
§ 9º Caso o consumidor não compareça à data previamente informada, faculta-se à
distribuidora seguir cronograma próprio para realização da avaliação técnica do
equipamento, desde que observado o disposto no § 7º. § 10º. Comprovada a
irregularidade nos equipamentos de medição, o consumidor será responsável pelos
custos de frete e da perícia técnica, caso tenha optado por ela, devendo a
distribuidora informá-lo previamente destes custos, vedada a cobrança de demais
custos.
§ 11º Os custos de frete de que trata o §10º devem ser limitados ao disposto no §
10º do art. 137. (grifamos)

XIX. Ou seja, é pressuposto na lavratura do TOI a responsabilidade do autor


quanto a irregularidade encontrada.
XX. Entretanto, o Tribunal de Justiça desse Estado tem entendido, conforme
Súmula 256 TJRJ, que a lavratura do TOI de modo unilateral é
considerada ilegítima, salvo prova em contrário, pois viola os princípios
constitucionais do contraditório e da ampla defesa:
SÚMULA 256
DIREITO DO CONSUMIDOR
TOI
INEXISTÊNCIA DE PRESUNÇÃO DE LEGITIMIDADE

"O termo de ocorrência de irregularidade, emanado de concessionária, não


ostenta o atributo da presunção de legitimidade, ainda que subscrito pelo
usuário."

REFERÊNCIA: Processo Administrativo


nº. 0032040 50.2011.8.19.0000
Julgamento em 16/01//2012 - Relator: Desembargadora Letícia Sardas. Votação
unânime.
Este texto não substitui o publicado no Diário Oficial.
XXI. O Superior Tribunal de Justiça (STJ), por sua vez, no que tange a
processos envolvendo TOI (STJ – REsp 1605703 / SP Recurso Especial
2015/0278756-0. Órgão julgador T2 – segunda turma. Publicação DJe
17/11/2016. Data do Relator Ministro Herman Benjamin), entende que caso o
consumidor negue a existência do furto de energia a responsabilidade de
comprovar a prática do crime é de quem acusa.
XXII. Portanto, é da concessionária o dever de comprovar a fraude no medidor,
pois o TOI unilateralmente emitido é insuficiente para embasar a
condenação do crime de furto, motivo pelo qual o autor realizou o pedido
de Tutela Antecipada, que, aliada a solicitação de apresentação das fotos da
vistoria, uma vez que a inexistência de tais fotos, ou a apresentação de fotos
que não sejam referentes à instalação do autor serão provas inequívocas de
que a alegada vistoria não ocorreu, de que não há prova alguma de
irregularidade e de que houve má fé por parte da empresa ré no
estabelecimento do procedimento de cobrança.
XXIII. Configura-se, assim, tal acusação existente no TOI, sem o necessário
contraditório e sem a apresentação de provas, como crime de calúnia,
tipificado no CP art. 138, tendo causado imensos transtornos ao autor.
XXIV. Quanto à necessidade material de tornar pública a acusação caluniosa, de
forma a ofender a honra, concorreu para isto a atitude da empresa ré de negar
todas as tentativas de dar solução amigável à questão, obrigando ao autor
comunicar a situação à diversas outras pessoas, onde reside para ter acesso e
poder obter as fotos da instalação, e para solicitar à sua chefia a concessão de
se ausentar do trabalho no horário de expediente com objetivo de esclarecer o
ocorrido na agência da Light, e inclusive para dar início a esta presente ação.
XXV. Fato importante a ser levado em conta em relação aos danos morais, embora
entenda o autor não ser objeto da presente discussão:
XXVI. O autor goza de ótimo conceito junto à comunidade em que vive e labora,
sofrendo uma imputação de crime como o “furto de “energia” (gato), pode,
e com certeza traz e trará sérias consequências para a continuidade de sua
vida pessoal, moral e profissional.
XXVII. Portanto, diante da configuração do dano, o autor pede a condenação da
empresa ré por danos morais conforme art. 186, 187, 927 e 953 do Código
Civil.
XXVIII. Embora pessoa jurídica não possa cometer crimes tipificados no Código
Penal, tais como a calúnia, é outrossim responsável pela reparação civil,
conforme indicado pelo art. 932 III do Código Civil, uma vez que a calúnia
foi iniciada, declarada e ANUNCIADA por empregado ou preposto, no
exercício do trabalho que lhe competia, ou em razão dele.
XXIX. Cabe esclarecer que o autor aguarda o atendimento do pedido da Tutela
Antecipada para entrar com a devida queixa-crime contra o autor da calúnia,
em ação durante a qual poderá ser esclarecido pelo empregado ou preposto se
ele fora induzido ao cometimento do crime por interesse financeiro da
empresa ré.
Das Provas:
Requer como provas todas em Direito admitidas, em especial as de caráter documental,
testemunhal, depoimento pessoal de partes, na amplitude do artigo 32 da Lei 9.099/95.

Valor da causa: R$ 3.725,25

Rio de Janeiro, 13 de maio,2022.

Rosenalva Lopes da Motta


Advogada
OAB-RJ:113.514

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