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Poder Administrativo
• PODER ADMINISTRATIVO
* Estado Liberal: antes das Guerras Mundiais o Estado tinha dois grande objectivos, a segurança
e a justiça;
* Estado Pós-Social de Direito: houve uma regressão, pois o Estado na poderia ser omnipresente,
tendo-se agora um Estado fundamentalmente regulador dos termos em que os privados actuam
(ex. CMVM, Banco de Portugal).
ex. o Estado regula o funcionamento dos hospitais privados: não podem descriminar pessoas, têm
de atender todas as pessoas.
• DIREITO ADMINISTRATIVO
* quanto ao critério da posição de sujeito: todos os sujeitos que compõem o Direito Administrativo
são pessoas coletivas públicas.
ex. no Século XIX, a cidade de Marselha celebrou um contracto de circulação de autocarros com
uma empresa privada, mas no Verão, com o aumento da procura por autocarros, o município
queria alterar o contracto e aumentar assim o número de autocarros, contra a vontade da empresa
privada e por decisão judicial entendeu-se que, as duas partes não estariam em posições iguais,
pois o Município prosseguia o interesse público, assim, o tribunal mesmo não havendo nenhuma
lei que o permitisse fazer, alterou-o, o que levou ao “poder de modificação unilateral do contracto”.
Mais tarde, esse conjunto de decisões judicias acabaram por ser codificadas.
• ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
A Administração Pública não é uma atividade exclusiva do Estado, existindo vários órgãos e
serviços locais espalhados pelo país, desenvolvendo de forma desconcentrada funções de
interesse geral ajustadas às realidades locais.
Assim, a Administração Pública é o conjunto de órgãos, serviços e agentes do Estado, bem como
outras pessoas coletivas públicas, que prosseguem o interesse público.
Corresponde à atividade, ou seja, no conjunto de acções e decisões tomadas típica dos serviços
públicos e agentes administrativos (ex. municípios, freguesias, Ministérios, Institutos Públicos,
etc.) desenvolvida com o intuito de realizar o interesse público e, para tal, tomar decisões que
permitam uma alocação eficiente de recursos, devendo a Administração Pública garantir a
satisfação das necessidades coletivas, definidas pela política do Estado, mas movendo-se nos
termos da lei e sem ofender a legalidade vigente.
Embora, a Administração Pública, com o surgimento de mais pessoas, tenha vindo a complexificar
a sua organização, pois:
* o Estado relaciona-se com outras pessoas colectivas, sendo umas relações mais intensas que
outras.
ex. segundo o seu Estatuto, a Ordem dos Advogados é tutelada pelo Ministério da Justiça.
ex. uma lei diz que todos os estrangeiros, com mais de 25 anos e um contrato de trabalho sem
termo que residam em Portugal há mais de 5 anos, que requisitem o visto de residência, a
Administração Pública tem de atribuir o visto, não podendo violar a lei.
ex. ex. uma lei diz que todos os estrangeiros, com mais de 25 anos e um contrato de trabalho sem
termo que residam em Portugal há mais de 5 anos, que demonstre se enquadrar socialmente no
sítio onde reside, a Administração Pública pode atribuir o visto, abrindo um espaço para o
interesse público.
* Contracto administrativo
ex. a Administração quer que um particular construa uma estrada, então, abre um concurso
público, firmando-se depois um contracto com certos direitos e deveres: estrada pintada de 3 em 3
anos, ter uma área de serviço de 10 em 10 quilómetros, etc.
ex. para abrir qualquer (geral e abstracto) supermercado é necessário existir certos requisitos
como ter um frigorífico térmico.
ex. uma determinada pessoa para um terreno, pede em especifico uma decisão que a
Administração decide, é concreta e individual.
ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA
- Conceitos
* Órgão é o conjunto de pessoas que toma decisões em nome das pessoas colectivas. São
auxiliadas pelos Serviços.
ex. existe uma norma legal que diz que é o DGPescas (órgão) que tem de decidir se um barco
pode ou não pescar a meio da noite.
ex. Mas o DGPescas para tomar a sua decisão tem o auxilio de técnicos e pessoas que estudem
as redes, analisem questões jurídicas sobre seguros, etc, emitindo depois um parecer ao
DGPescas (órgão) que lê o relatório e decide.
* Estado é uma pessoa colectiva e como tal, dentro deste encontramos órgãos e serviços, assim,
na sua acepção administrativa corresponde à pessoa colectiva pública que, sob a direcção do
Governo desempenha a actividade administrativa.
O que mais releva do ponto de vista administrativo, para além da orientação superior do Governo
é a distribuição de competências - estas poderes funcionais atribuídos por lei para que se
prossigam as atribuições da pessoa colectiva - pelos órgãos centrais e locais, assim como a sua
separação ante a outras pessoas colectivas públicas que integram a Administração mas estão
autonomizadas dessa.
Ainda assim, a qualificação do Estado enquanto pessoa coletiva, significa que existe:
2) essa lei diz quais as atribuições/finalidades dessa pessoa colectiva, bem como os órgãos e
suas competências, assim como a dos seus serviços.
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Direito Administrativo
Recorde-se que, o que distingue uma pessoa colectiva doutra são as atribuições.
ex. a Ordem dos Advogados e a Ordem dos Médicos podem ter competências iguais - ter um
bastonário - mas as suas atribuições são distintas.
1) o Estado ser a única pessoa colectiva que não foi criado pelo Estado
2) nenhuma lei atribuir finalidades e atribuições ao Estado, mas tal não significa que não as
tenha, pois quando os órgãos exercem as suas competências têm de respeitá-las. Essas
atribuições ou finalidades organizam-se por temas, bem como os seus órgãos e serviços.
Assim, os ministérios são módulos de organização dentro da pessoa colectiva. Não são uma
pessoa colectiva, um órgão, ou um serviço, mas sim um departamento com vários órgãos e
serviços, que se agrupam no domínio próprio e, se somássemos todas as atribuições de cada
ministério teríamos o role de atribuições do Estado.
ex. no Ministério da Justiça, uma matéria deveria ter sido decidida pelo Ministro (órgão), mas foi o
Director Geral (órgão) que a decidiu. A decisão é ilegal pelo vício da incompetência do Director
Geral, pois não era o órgão competente para a tomar. No entanto, esse vício não é tão grave
como, se um DGJustiça tivesse tomado uma decisão da competência do DGSaúde, havendo aqui
um duplo vício: não partilham as mesmas atribuições, nem era o DG a tomar a decisão.
Ambos os actos são ilegais, mas o primeiro vício é sanável se passar 1 ano, o segundo não.
Consiste na atividade exercida pelos órgãos e serviços integrados na pessoa colectiva do Estado,
isto é, o funcionamento da Administração dentro dos Ministérios, através dos órgãos e serviços do
Estado, organizados tematicamente. Caracteriza-se pela:
* Caráter originário: ao contrário das outras pessoas coletivas públicas, que são criadas ou
reconhecidas por lei, a pessoa coletiva Estado tem natureza originária.
* Territorialidade: ao Estado corresponde todo o território nacional, de tal forma que todas as
parcelas territoriais estão sujeitas ao seu poder.
* Organização em ministérios: dado que prossegue muitas atividades, o Estado está dividido
em ministérios (departamentos governamentais), cada um especializando-se em determinada
matéria.
- Atribuições do Estado
As atribuições do Estado, apesar de dispersas, têm sempre de resultar expressamente da lei, seja
da Constituição, seja de leis ordinárias.
As suas atribuições estão ao nível dos ministérios e não do Estado per se, dada a organização
destes consoante o tipo de finalidades a serem prosseguidas pelo Estado, bem como o elevado
número destas.
Assim, as atribuições do Estado podem encontrar-se nas leis orgânicas dos diferentes ministérios
e nas leis orgânicas das direções-gerais dos ministérios
Os ministérios não são pessoas colectivas públicas, estando antes integradas numa pessoa
colectiva pública, o Estado.
- Governo
- Primeiro Ministro
- Ministros
São membros do Governo que exercem funções políticas e administrativas, tendo assento no
Conselho de Ministros, estando todos em posição de igualdade, sendo iguais entre si, em
categoria oficial e estatuto jurídico. Têm as suas funções previstas no artigo 201º.2 da CRP.
Na prática, as suas funções centram-se em:
- Secretários de Estado
Não são órgãos com competências administrativas porque a lei lhes atribui competências, têm
sim, funções políticas. A nível administrativo só têm as competências que o Ministro lhe delegar.
Embora não estejam hierarquicamente subordinados aos Ministros, estão sujeitos à sua
supremacia política pois só podem atura mediante o âmbito da delegação de poderes concedida
por estes.
- Conselho de Ministros
É um órgão colegial constituída pela reunião de todos os Ministros sob a presidência do Primeiro
Ministro, não é um órgão hierarquicamente superior a cada Ministro, podendo, no entanto,
deliberar sobre assuntos de determinado Ministério se o Ministro competente assim o propuser
numa lógica de exercício individual da competência governamental, cabendo ao Ministro a
decisão efectiva.
- Ministérios
Ministro
(órgão
A Lei 3/2004 de 15 de Janeiro procurou organizar as denominações dadas aos vários órgãos,
facilitando assim as terminologias (ex. Instituto/Agência, Gabinete/Direcção Geral).
* Direção-Geral: trata-se dos serviços executivos isto é, quem leva a diante as políticas, quem as
executa dentro de vários temas (ex. Educação: Infra-estruturas, Ensino Básico, Ensino
Secundário, Investigação, etc).
Estas entidades, apesar de serem serviços, podem funcionar como órgãos (se tal lhes for
permitido por lei ou por delegação de poderes).
A sua estrutura é, como vemos hierarquizada verticalmente, unindo dois ou mais órgãos com
atribuições comuns, isto é, dentro da mesma pessoa colectiva ou Ministério, atribuindo ao
superior hierárquico poderes sobre o seu inferior e a este o dever de obediência ante o superior
Ministro > Director Geral > Director de Serviços.
ex. o DG indeferiu o pedido de visto de certa pessoa de um país necessitado e o Ministro pode
revogar ou substituir a decisão por uma favorável.
Não há recurso hierárquico das decisões dos Ministros porque estes não têm superiores
hierárquicos.
Não há dever de obediência quando este implique a prática de um crime ou quando as ordens ou
instruções provenham de ato nulo.
Contudo, se as ordens ou instruções conduzirem à prática de um ato ilegal (que não seja crime
nem produza nulidade) o inferior que as cumpriu pode ser subtraído à responsabilidade.
Assim, fala-se, na doutrina em dois modelos:
3. Cessa o dever de obediência sempre que o cumprimento das ordens ou instruções implique a prática de
qualquer crime.
Aliás, dar uma ordem que é um crime, é já, só por si, uma ordem que extravasa as relações
profissionais entre um superior e um inferior hierárquico, no entanto, as ilegalidades não são tão
evidentes.
ex. um ministro diz para, se um jornalista pedir dados sobre pessoas, dar-los, mas não sei se as
informações são confidenciais, logo, não sei se será crime ou não.
Deste modo, regra geral, o inferior tem de cumprir a ordem, mas, em situações em que ache
serem ilegais, antes de cumprir a ordem ou instrução, pede para que esta seja redigida por
escrito, salvaguardando-se, e, mesmo com a ordem dada por escrito, se não concordar, deve
reclamar e pedir a confirmação da ordem, cumprindo-a, sem que seja responsabilizado por isso,
evitando-se que o inferior hierárquico fique em situações menos agradáveis.
O Estado para prosseguir determinadas atribuições (dado o elevado número destas), entende ser
preferível autonomizá-las criando para o efeito outras pessoas colectivas públicas que beneficiam
de personalidade jurídica própria, não fazendo parte da pessoa colectiva “Estado”.
Esses poderes que o Estado confere a esses organismos autónomos ficam a cargo destes, sem
prejuízo da possibilidade de avocação mediante lei ou decreto.
Esta administração indirecta surge numa senda de pragmatismo, já que essas funções podem e
devem ser desenvolvidas por meio de organismos diferentes dos Ministros, criando-se para tal
verdadeiros centros autónomos de decisão e gestão que, apesar de não pertencerem à pessoa
colectiva Estado, continuam ligados a este e com ele colaboram.
ex. existem Fundações Públicas e Institutos Púbicos porque assim o Estado quis, que, através de
um acto administrativo ou acto legislativo criou-lhes, dando-lhes autonomia face ao governo: com
património próprio, funcionários próprias, sem que o Ministro possa lhes dar ordens ou instruções.
As pessoas colectivas públicas que se enquadram na administração indirecta do Estado não são
independentes, isto é, apesar de disporem de autonomia de gestão, dependem do Governo,
embora o modo como coincide com este não seja sempre igual, exercendo os Ministros exercem
alguns poderes sobre essas, nomeadamente:
ex. se a Lei o permitir, o Ministro dá orientações ao INFARMED: que deve procurar aumentar o
número de farmácias no país, definindo a linha de rumo.
Não procura “guiar” a mão desse instituto, pois se o Ministro quisesse incorporar esse campo de
atividade, extinguiria o Instituto e incorporava tudo no seu Ministério.
Segundo Freitas do Amaral, este é um poder mais amplo, mais intenso e mais forte que a tutela
administrativa, pois esta tem apenas por fim controlar a atuação das entidades a ela sujeitas, ao
passo que, a superintendência se destina a orientar a ação das entidades a ela submetidas.
Distingue-se do Poder de Supervisão por não poder revogar ou substituir os actos praticados pelo
inferior hierárquico (que nem existe neste caso).
ex. o Ministro da Agricultura pode ter mais poderes ante o Instituto do Vinho do Porto que o
Ministro da Saúde tem sobre o INFARMED.
Distingue-se do Poder de Supervisão por não dar orientações, mas sim fiscalizar actos.
Distingue-se do Poder de Supervisão por não dar orientações, mas sim fiscalizar actos.
> tutela de mérito - visa controlar o mérito das decisões administrativas da entidade tutelada.
Distingue-se a tutela integrativa a priori (poder de autorizar a prática dos actos da entidade tutelada) da
tutela a posteriori (poder de aprovar os actos da entidade tutelada).
Isto é, na tutela a priori um acto da entidade tutelada está sujeito a autorização, o acto só pode ser praticado
quando obtiver a autorização da entidade tutelar. Por outro lado na tutela a posteriori a entidade tutelada
pode praticar um acto antes de obter autorização, mas não o pode pôr em prática nem executá-lo sem que
esteja devidamente aprovado pela entidade tutelar.
> Tutela inspectiva - a possibilidade de realizar inspeções aos órgãos, serviços, documentos e
contas da entidade tutelada
ex. A queixa-se ao ministro que o INFARMED pediu-lhe dinheiro para abrir uma farmácia e o
Ministro, caso a lei o preveja, pode pedir que se faça uma inspecção, analisando as últimas 300
decisões.
> Tutela sancionatória - a possibilidade de, após se efectivar a tutela inspectiva, reagir, de forma a
sancionar a pessoa coletiva pública
> Tutela revogatória - a possibilidade de revogar atos administrativos praticados pela entidade
tutelada (é o tipo de tutela que permite a existência de recursos tutelares). Divide-se ainda em
duas modalidades:
> tutela revogatória por legalidade - quando o ato pode ser revogado por ser considerado
ilegal
> tutela revogatória por mérito - quando o ato pode ser revogado porque, mesmo não
sendo ilegal, não permite uma prossecução adequada do interesse público
> Tutela substitutiva - a possibilidade de o órgão tutelar se substituir ao órgão competente no caso
de este não actuar (por inércia), ou seja, é o poder da entidade tutelar suprir as omissões da
entidade tutelada, praticando, em vez dela e por conta dela, os actos que forem legalmente
devidos
Recorde-se então que, seja qual for o poder de tutela para que este seja efectivado é necessário
que a lei o preveja expressamente, incluindo assim os casos de recurso.
ex. se a lei atribuir o poder de tutela inspetiva ao Ministro X sobre o Instituto Público Y, a q u e l e
não pode revogar os atos praticados pelo Y, IP, pode apenas realizar inspeções.
De recordar que se tratam de pessoas colectivas do Estado, criadas por lei e com o dever de
superintendência e tutela pelo Ministro da Tutela, com serviços próprios.
Os institutos públicos são pessoas coletivas públicas de cariz institucional criadas para assegurar
o desempenho de funções administrativas (e não privadas), embora sejam entidades de fins
singulares, já que só podem se ocupar de matérias que a lei lhes remeta.
Assim, a sua criação, modificação e extinção só pode ocorrer mediante ato legislativo.
Podem, pela Lei-Quadro dos Institutos Públicos, conceder ou delegar alguma das suas atribuições
a entidades privadas.
Há na verdade dois tipos de institutos públicos, que se distinguem pelo seu fim, nomeadamente:
Até 2013, havia uma distinção entre as Entidades Públicas Empresariais e as Sociedades
Anónimas, pertencendo, ambas às chamadas Empresas Públicas, onde, o Estado, a par dos seus
poderes de autoridade pública, criava um sector empresarial, onde se enquadram as empresas
públicas, autonomizadas a fim de terem uma maior capacidade competitiva e empresarial.
Estas regem-se pelo Direito Privado e são criadas numa lógica concorrencial com as empresas
privadas sendo unidades produtivas cuja finalidade institucional é o lucro, preocupando-se
também em alcançar níveis adequados de satisfação das necessidades colectivas.
Uma empresa é considerada pública se a maioria dos seus capitais provier do Estado ou se,
quando o Estado ou outras entidades públicas não detiveram a maioria do capital, o Estado
possuir direitos especiais de controlo, sendo que, em ambas, há uma sujeição legal ou estatuária
da empresa ao controlo da Administração Pública.
A sua criação e extinção faz-se através de ato legislativo.
Existem dois tipos de empresas públicas:
* Sociedades Anónimas (SA): que revestem forma jurídica privada, embora sejam empresas
públicas, pois são criadas da mesma forma que as empresas privadas, estando sujeitas às
mesmas regras com a peculiaridade de ser o Estado o seu dono, podendo vender acções
destas, sendo através do Conselho de Administração que o Estado diz qual o plano de
atividades e não ao abrigo dum poder de superintendência ou tutela. (ex. CGD).
ex. Hospital Público - pessoa coletiva diferente do Estado, sujeita a poderes de tutela por parte do
Ministro das Finanças e pelo Ministro da Saúde, tendo este último poderes de superintendência
São pessoas colectivas distintas do Estado, independentes a este, logo capazes de definir a
orientação das suas atividades sem estarem sujeitas a hierarquia ou superintendência do
Governo, sendo autónomas deste mesmo. Têm atribuições próprias e originais, reconhecendo o
Estado, depois de estas se formarem ou associarem autonomia.
Têm então órgãos próprios e que se relacionam com o Ministro da tutela, com a especificidade de
a entidade tutelar apenas exercer poderes de tutela e incluem:
- Associações Públicas
São pessoas colectivas constituídas pelo conjunto de pessoas (singulares ou colectivas) que não
têm por fim o lucro económicos destas, isto é, dos seus associados. Destinam a assegurar os
interesses públicos comuns às pessoas que as integram, tendo fins singulares, pois são criadas
para a prossecução de interesses públicos determinados.
São criadas pelo Estado através de ato legislativo que eles atribui um conjunto de poderes
públicos a exercer em relação aos seus membros ou em relação a terceiros, estando sujeitas a
especiais restrições de caráter público, embora nem todas as associações cujas associados
sejam entidades públicas sejam associações públicas.
ex 2. a Associação dos Amigos dos Professores de Direito Administrativo, criada pelo Tiago, pelo
João e pela Maria, não tem nada haver com a Administração Pública, é uma associação privada.
As associações públicas regem-se tanto pelo Direito Público como pelo Direito Privado, não
podendo os seus associados abandonar a associação, podendo-se encontrar:
ex. Áreas Metropolitanas: os membros são os municípios (pessoas colectivas públicas), mas a
associação não foi criada por estes, foram, sim, criadas pelo Estado.
‣ Ordens Profissionais: pessoas coletivas públicas criadas pelo Estado para garantir a
qualidade do serviço prestado, satisfazer necessidades específicas (ex. igualdade nas
condições de acesso à profissão), bem como para assegurar que os profissionais
associados cumprem as regras deontológicas. As funções do Estado neste contexto são
as de fiscalização, não sendo exercido o poder de superintendência, ou seja, estão
sujeitas ao poder de tutela do Ministro em causa. Mais, o Estado garante que a
organização está regulada para se manter pública. Estamos então perante um poder de
tutela de legalidade. No fundo servem para organizar e fiscalizar a atividade profissional,
daí-se exigir que quem não estiver inscrito na Ordem, não possa exercer a profissão
assim como, quem não cumpra com as ordens podem ser alvo de sanções. Beneficiam
do privilégio da unicidade (só há uma por profissão) e beneficiam da quotização
obrigaria, fixada pelo Bastonário.
- Autarquias Locais
> Câmara Municipal: é um órgão colegial, eleita pela população, sendo composta pelos
membros do partido mais votado, mas também por membros de outros partidos
(vereadores), contido os vários pelouros são entregues apenas aos membros do partido
mais votado, competindo a esta a gestão permanente dos assuntos municipais.
> Presidente da Câmara Municipal: é o primeiro candidato da lista mais votada nas
eleições da Câmara municipal e tem competências próprias e delegadas pela Câmara
> Assembleia Municipal: funciona como um parlamento municipal, sendo uma parte eleita
diretamente pela população e outra constituída pelos Presidentes das juntas de
freguesia, embora o número de membros diretamente eleitos não possa ser inferior ao
nº de membros por inerência. Reúne ordinariamente 5 vezes por ano e aprova o
programa anual, o orçamento do Município e fiscaliza a actuação da Câmara Municipal.
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Direito Administrativo
A reforma autárquica mostra-se desadequada para os dias que correm: a Assembleia Municipal é quase um parlamento
com deputados municipais eleitos e, enquanto a Câmara Municipal deveria ser apenas um órgão executivo, apenas
composto por membros que ganharam as eleições, esta é, na verdade, eleita independentemente da Assembleia
Municipal, funcionado quase como uma mini-assembleia municipal.
ex. Câmara Municipal: Partido A (vencedor) - 4 vareadores, Partido B - 2 vareadores, Partido C - 1 vareador.
O normal seria que, quem ganhasse, governasse na totalidade e a oposição se fizesse na Assembleia Municipal (ex. o
Orçamento seria aprovado na Assembleia Municipal).
No entanto, o que hoje acontece, é que o Presidente da Câmara atribui pelouros apenas aos vereadores do seu partido,
ficando os outros sem funções executivas, havendo uma repetição da Assembleia Municipal na reunião de Câmara,
onde se vota, decide-se, faz-se oposição, etc.
A Assembleia Municipal não foi vista como um órgão permanente, daí que se reuna apenas 5 vezes por ano, logo tem
de ser a própria Câmara a fiscalizar a sua governação.
Tiago Duarte defende a reforma, propondo que a Assembleia Municipal se reunisse semanalmente, fiscalizando a
Câmara, entretanto transformada num órgão executivo.
* Freguesia: consiste na autarquia local que existe dentro do município e que visa a prossecução
de interesses próprios da população residente na sua circunscrição. As suas atribuições são
autónomas em relação às do município em que se insere, contando-se a realização do
recenseamento eleitoral e os processos eleitorais, tendo também funções de caráter económico
e de caráter cultural e social. Além das suas competências próprias, pode ainda ter
competências delegadas pelo município. Tem como órgãos a Assembleia da Freguesia, a Junta
de Freguesia e o Presidente da Junta de Freguesia, embora só se vote para a Assembleia de
Freguesia, sendo o Presidente da Junta de Freguesia o número 1 da lista candidata à
Assembleia da Freguesia.
* cada associação pública está ligada a um Ministro, sendo esta puramente temática
* nas autarquias locais o poder de tutela do Estado remete apenas para a legalidade nos termos
da CRP, não estando atualmente prevista a tutela revogatória, logo para se revogar um ato ilegal
é necessário recorrer aos tribunais administrativos. Aliás, a única modalidade de tutela prevista
para as autarquias locais é a inspetiva. Este caso reporta-se apenas à legalidade e não ao
mérito, preservando a autonomia constitucionalmente prevista das autarquias.
As autarquias locais estão protegidas na Constituição (Art. 235º CRP e seguintes), relacionando-
se com o Governo (Art. 182º CRP), limitado ao regime de Tutela Administrativa (Art. 242º CRP).
2. As autarquias locais são pessoas colectivas territoriais dotadas de órgãos representativos, que visam a
prossecução de interesses próprios das populações respectivas.
2. As regiões autónomas dos Açores e da Madeira compreendem (apenas as) freguesias e municípios.
3. Nas grandes áreas urbanas e nas ilhas, a lei poderá estabelecer, de acordo com as suas condições
específicas, outras formas de organização territorial autárquica.
O Governo é o órgão de condução da política geral do país e o órgão superior da administração pública.
2. As medidas tutelares restritivas da autonomia local são precedidas de parecer de um órgão autárquico,
nos termos a definir por lei.
3. A dissolução de órgãos autárquicos só pode ter por causa acções ou omissões ilegais graves.
O termo "periferia" é usado para designar áreas territoriais situadas fora da capital do País, em
que a Administração atua. Correspondem ao conjunto de órgãos e serviços de pessoas coletivas
públicas que dispõem de uma competência limitada a uma área territorial e funcionam sob a
direção dos correspondentes órgãos centrais, numa lógica de hierarquia
Não se confunde com a administração local autárquica, mesmo que ambas se dediquem a
atividades de natureza semelhante numa certa área pois são sempre formas de administração
distintas. Os órgãos periféricos podem ser:
Refere-se na prática a órgãos e serviços desconcentrados em que a sua atividade está espalhada
pelo país, ou seja, com um conjunto grande de órgãos e serviços espalhados pelo país.
CENTRALIZAÇÃO E DESCENTRALIZAÇÃO
ex. Freguesias, Ordens Profissionais, se existissem Regiões Administrativas seria ainda mais.
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Direito Administrativo
- Centralização
- Descentralização
ex. criação de um Instituto Público (descentralização - nova pessoa colectiva) com competência
para a Região Norte (territorial).
CONCENTRAÇÃO E DESCONCENTRAÇÃO
São conceitos que remetem para a organização administrativa, nomeadamente para a distribuição
de competências dentro da mesma pessoa colectiva pública. A sua base é a organização vertical
dos serviços públicos, consistindo na existência ou ausência de distribuição vertical de
competência entre os diversos graus ou escalões hierárquicos, relacionando-se com a tomada de
decisões e por consequência, no numero de órgãos de uma dada pessoa colectiva.
Aliás, em rigor, não existem sistemas plenamente concentrados nem sistemas plenamente
desconcentrados: o que existe, de facto, são sistemas mais ou menos concentrados e sistemas
mais ou menos desconcentrados.
- Concentração
A sua definição pura diz-nos que, concentração é o sistema em que o mais alto superior
hierárquico é detentor de todas as competências existentes na pessoa coletiva, sendo por isso o
único órgão com poder decisório, ficando os inferiores hierárquicos limitados às tarefas de
preparação e execução de decisões daquele. No fundo, traduz-se na existência de um número
pouco significativo de órgãos (com competência).
- Desconcentração
Consiste no sistema em que o poder decisório é repartido entre o superior hierárquico e vários
órgãos inferiores, não obstante a existência de poderes de direcção e supervisão, assim, é
desconcentrado se tiver mais que um órgão que toma decisões dentro da pessoa colectiva (ex. 3
órgãos em vez de apenas 1), sendo um processo de descongestionamento de competências.
Distingue-se a desconcentração originária/superveniente ou material/territorial:
ex. Conselho Directivo dum Instituto para o Norte, outro para o Sul, para o Centro e para as Ilhas.
CENTRALIZAÇÃO/DESCENTRALIZAÇÃO + CONCENTRAÇÃO/DESCONCENTRAÇÃO
- Centralização com concentração: uma só pessoa colectiva pública (Estado) com o Governo
encarregue da plenitude das competências.
ex. só o Estado (uma pessoa colectiva), mas dentro deste, vários órgãos (ex. Directores
Regionais) têm competência para tomar decisões
ex. várias pessoas colectivas (ex. Câmara Municipal, Ordem dos Advogados), mas cada uma
delas só com órgão que toma decisões (ex. Presidente da Câmara, Bastonário) destas.
ex. várias pessoas colectivas dentro do Estado e cada uma delas com mais que um órgão com
competência para tomar decisões (ex. Ministros, Directores Gerais e Director de Serviços).
- O Sistema Português
2. Para efeito do disposto no número anterior, a lei estabelecerá adequadas formas de descentralização
(a descentralização e a desconcentração terá de ser adequada, não podendo ser pulverizada,
limitando-a) e desconcentração administrativas, sem prejuízo da necessária eficácia e unidade de
acção da Administração (com órgãos e competências definidas, mas pouco burocrática, eficaz e
unitária) e dos poderes de direcção, superintendência e tutela dos órgãos competentes.
Tratam-se de empresas privadas com fins lucrativos, mas com finalidades de interesse público
actuando em áreas de interesse coletivo, estando sujeitas a um regime especial do Direito
Administrativo por se dedicarem, de foram estatutária ou contratual ao exercício de poderes
públicos que a Administração transferiu para elas. Nestas destacam-se as:
ex. BRISA
1. Os órgãos administrativos (se são órgãos administrativos têm competências, competências essas que
podem delegar) normalmente competentes para decidir em determinada matéria podem (é uma
possibilidade, se assim o quiserem), sempre que para tal estejam habilitados por lei (1º requisito -
habitação legal), permitir, através de um ato de delegação de poderes (2º requisito - praticar um acto
de delegação), que outro órgão ou agente da mesma pessoa coletiva ou outro órgão de diferente
pessoa coletiva pratique atos administrativos sobre a mesma matéria.
2. Para efeitos do disposto no número anterior (= Agente), considera-se agente aquele que, a qualquer
título, exerça funções públicas ao serviço da pessoa coletiva, em regime de subordinação jurídica (=
inferior hierárquico, logo tem de haver uma linha hierárquica).
4. O disposto no número anterior (o .3 e o .4 deveriam estar juntos) vale igualmente para a delegação de
poderes dos órgãos colegiais nos respetivos presidentes (quando o órgão colegial quer delegar no
seu presidente), salvo havendo lei de habilitação específica que estabeleça uma particular repartição de
competências entre os diversos órgãos. - este numero tem na verdade um duplo critério: aqueles
delegantes para aqueles delegados + Administração Ordinária.
5. Os atos praticados ao abrigo de delegação ou subdelegação de poderes valem como se tivessem sido
praticados pelo delegante ou subdelegante.
➡ tenha já competência atribuída por lei, sendo ele próprio, por si, um órgão, podendo ser um
órgão da mesma pessoa colectiva (ex.. Director Geral) ou de outra (ex. Instituto Público).
➡ não tenha ainda competência por lei, aos Agentes, passando a ter competência para decidir
sobre aquela matéria. O agente tem de pertencer à mesma pessoa colectiva que quem delega
(ex. Ministro da Agricultura delega competências no Director dos Serviços Jurídicos do seu
Ministério)
Há também situações excepcionais em que não se exige habitação legal nessa delegação - Artigo
44º.3 e 44º.4:, podendo os órgãos competentes delegar determinada matérias ao seu:
➡ imediato inferior hierárquico, adjunto ou substituto (ex. Ministro -> DGeral - por ser o inferior
hierárquico, mesmo que a lei não o diga)
➡ Presidente - quando se trata de órgãos colegiais
No entanto coloca um limite: esta possibilidade de delegação sem habitação legal está
circunscrita apenas a actos de administração ordinária, isto é, aqueles que não exijam uma opção
autónoma de ponderação autónoma de requisitos ou critérios, é como se tivesse o órgão
competente praticado o acto (Artigo 44º.5).
ex. se se verificar o pagamento de X quantia de 2 em 2 anos, a licença é atribuída (renovada).
b) Os poderes suscetíveis de serem exercidos sobre o próprio delegado - ex. poder de sanção;
c) Poderes a exercer pelo delegado fora do âmbito da respetiva competência territorial - algo territorial não
passa para a ter competência para o país inteiro: ex. delegar ao Director da Região Norte a competência
para atribuir licenças em todo o país
2. O subdelegado pode subdelegar as competências que lhe tenham sido subdelegadas, salvo
disposição legal em contrário ou reserva expressa do delegante ou subdelegante (não precisa dum acto
para isso mesmo, apenas não o pode fazer se houver impedimento: lei ou reserva expressa).
ex.
Delegado
Director Geral
Subdelegante
Subdelegado
Director Serviços
Subsubdelegante
O Ministro se quisesse poderia ter delegado os poderes logo ao DServiços, mas, se optou por delegar ao DGeral, seria
quase uma fraude, passá-la directamente, daí ser necessário que o Ministro autorize que o DG delegue.
O subdelegado pode ainda subdelegar as competências que lhe tenham sido subdelegadas, caso
não haja impedimento, ou seja, uma reserva expressa do delegante ou subdelegante: Artigo 46º.2.
- Artigo 47º: Trata do conteúdo obrigatório do acto de delegação ou subdelegação, tendo que:
2. Os atos de delegação ou subdelegação de poderes estão sujeitos a publicação, nos termos do artigo
159.º
- Artigo 48º: (Artigo 159º - quando a lei impuser a publicação do acto, mas não regular os
termos, esta deve ser feita em Diário da República ou na publicação oficial da entidade pública e
no site da Internet da entidade em causa, no prazo de 30 dias, contendo os elementos referidos
no 151º.1)
- Artigo 49º:
1. O órgão delegante ou subdelegante pode emitir diretivas (poder de superintendência - definir as linhas
gerais, as prioridades) ou instruções vinculativas (poder de direcção: poder de dar ordens: gerais e
abstractas) para o delegado ou subdelegado sobre o modo como devem ser exercidos os poderes
delegados ou subdelegados.
2. O órgão delegante ou subdelegante tem o poder de avocar (é o poder que o delegante tem de voltar a
chamar a si a competência delegada), bem como o de anular (trata-se da revogação dos actos por
ilegitimidade/ilegalidade: anulação administrativa), revogar (revogação por considerar que a decisão não
era a conveniente para o interesse público) ou substituir (2 actos num só: revogo e troco o acto
desfavorável por um acto favorável - Artigo 173º) o ato praticado pelo delegado ou subdelegado ao
abrigo da delegação ou subdelegação.
Não esquecer que os poderes são os típicos de delegação de poderes, não se tratando de outras
relações como as hierárquicas ou de superintenderia.
ex. se o Ministro delegar no Director Geral, esquecemos que um é Ministro e outro é Director
Geral, são sim delegante e delegado).
Percebe-se este poder que o órgão delegante tem de emitir directas ou fixar instruções
vinculativas sobre o modo como as questões devem ser decididas.
ex. Ministro delega ao director dos SEF sobre asilos, o Ministro (delegante) pode dar uma
instrução vinculativa (geral e abstracta) onde diz em que situações devem ser tomadas certas
decisões: a todas as pessoas que venham da Síria deve-se atribuir o asilo.
Assim, o delegante controla o procedimento já que pode, a todo o momento recuperar o exercito
da competência delegada que, efectivamente pertence-lhe, podendo:
ex. DG delegou ao Director do SEF que deve conceder asilo se o requerente vive num país em
guerra e o delegado ao receber o pedido, analisa-o e decide, mas o líder da oposição síria,
possível futuro presidente requer asilo, numa delegação de poderes, o delegante não pode dar
ordens ao delegado, mas pode chamar a si a decisão desse caso antes que a decisão seja
tomada, pois a avocação surge sempre antes antes da tomada de decisão
* anular: associa-se à revogação dos actos por parte da Administração por considerá-los ilegais.
* revogar: associa-se à revogação dos actos por parte da Administração por conveniência
No antigo CPA quem anulava as decisões era apenas o Tribunal e sempre com base na lei,
podendo a Administração revogar o acto por ilegalidade ou inconveniência.
No novo CPA faz-se a distinção entre anulação e revogação, tendo a Administração dois critérios:
Esses poderes de anulação e de revogação advém de órgãos que estão ao abrigo da delegação
de poderes, tendo apenas esses poderes enquanto delegantes ou subdelegantes.
ex. delegação de poderes em Janeiro de 2015 e uma subdelegação em Fevereiro de 2015, tendo
o subsubdelegado praticado um acto a 1 de Março. A 2 de Março o delegante revoga a delegação
de poderes o que implica que todas as delegações caduquem, não podendo o subdelegante
revogar o acto do subsubdelegado por já não ser o subdelegante.
1 - Os atos administrativos podem ser objeto de revogação ou anulação administrativas por iniciativa dos
órgãos competentes, ou a pedido dos interessados, mediante reclamação ou recurso administrativo.
2 - Salvo disposição especial e sem prejuízo do disposto nos números seguintes, são competentes para a
revogação dos atos administrativos os seus autores e os respetivos superiores hierárquicos, desde que não
se trate de ato da competência exclusiva do subalterno.
3 - Os atos administrativos podem ser objeto de anulação administrativa pelo órgão que os praticou e pelo
respetivo superior hierárquico.
5 - Nos casos expressamente permitidos por lei, os atos administrativos praticados por órgãos sujeitos a
superintendência ou tutela administrativa podem ser objeto de revogação ou de anulação administrativa
pelos órgãos com poderes de superintendência ou tutela.
6 - Os atos administrativos praticados por órgão incompetente podem ser objeto de revogação ou de
anulação administrativa pelo órgão competente para a sua prática.
* substituir: trocando um acto desfavorável por um favorável. Ver o regime do Artigo 173º
Mas como novo CPA e face ao recurso do particular dentro da própria Administração, o particular
ao achar a decisão ilegal ou inconveniente só pode recorrer “por expressa disposição legal”,
isto é, se houve uma norma que permita essa recurso, como nos diz o Artigo 199º:
b) Para o órgão colegial, de atos ou omissões de qualquer dos seus membros, comissões ou secções;
c) Para órgão de outra pessoa coletiva que exerça poderes de tutela ou superintendência.
2 - Sem prejuízo dos recursos previstos no número anterior, pode ainda haver lugar, por expressa
disposição legal, a recurso para o delegante ou subdelegante dos atos praticados pelo delegado ou
subdelegado.
3 - O recurso tutelar previsto na alínea c) do n.º 1 só pode ter por fundamento a inconveniência ou
inoportunidade do ato ou da omissão nos casos em que a lei estabeleça uma tutela de mérito.
5 - Aos recursos previstos no presente artigo são aplicáveis as disposições reguladoras do recurso
hierárquico, mas, quanto ao recurso tutelar, apenas na parte em que não contrariem a natureza própria
deste e o respeito devido à autonomia da entidade tutelada.
O que acaba por ser algo deficiente e contraditório já que o delegante pode, por iniciativa revogar
um acto praticado pelo delegado, mas há não o pode revogar se alguém pedir que este analise,
portanto, em suma, o CPA “exige” que o delegante pede a si mesmo.
No entanto, o delegante, ao ter poder de supervisão sob o delegado, em vez de apresentar o
recurso ao abrigo do Artigo 169º.2, apresento-o ao abrigo do Artigo 199º.1.a) no caso de delegado
e delegante estarem na mesma pessoa colectiva, mas coloca-se uma vez mais um limite:
apenas “nos casos expressamente previstos na lei”.
2. O órgão delegante ou subdelegante tem o poder de avocar, bem como o de anular, revogar ou
substituir o ato praticado pelo delegado ou subdelegado ao abrigo da delegação ou subdelegação.
Mas a revogação de um acto praticado pelo delegado (Artigo 49º), distingue-se da revogação do
acto de delegação de competências (Artigo 50º), usando o legislador a palavra extinção:
a) Por anulação ou revogação do ato de delegação ou subdelegação; - delegante acha que a delegação
afinal era inválida, anulando-a (ex. não havia lei para a delegação de poderes nesse despacho) ou então
revoga se quiser mudar a delegação (ex. fez a delegação de poderes há 2 anos, mas agora quer de volta).
b) Por caducidade, resultante de se terem esgotado os seus efeitos ou da mudança dos titulares dos
órgãos delegante ou delegado, subdelegante ou subdelegado. - se mudar alguns dos titulares dos órgão a
delegação caduca (ex. A era subdelegado de B, A demite-se, logo cessa essa delegação).
O PODER ADMINISTRATIVO
A Administração caracteriza-se como um poder, uma vez que está habilitada por lei a traçar a sua
própria conduta para alcançar os fins que lhe são adstritos, podendo-os impor à generalidade dos
cidadãos o respeito dessa mesma conduta.
A Administração, deve, como não poderia deixar de ser, de obedecer a uma serie de princípios
constitucionalmente previstos como o:
- Princípio da Legalidade
1 - Os órgãos da Administração Pública devem atuar em obediência à lei e ao direito, dentro dos limites
dos poderes que lhes darem conferidos e em conformidade com os respectivos fins.
2 - Os atos administrativos praticados em estado de necessidade, com preterição das regras estabelecidas
no presente Código, são válidos, desde que os seus resultados não pudessem ter sido alcançados de
outro modo, mas os lesados têm o direito de ser indemnizados nos termos gerais da responsabilidade da
Administração.
* Princípio da Preferência de Lei (Artigo 266º CRP + Artigo 3º CPA): segundo o qual, é vedado
à Administração uma actuação num sentido contrário à lei, funcionando esta como limite à dita
atuação, ou seja, nenhum ato de categoria inferior à lei pode contrariar o bloco de legalidade:
num conflito entre um ato administrativo e uma lei, dá-se preferência à lei.
ex. uma lei diz que não é possível haver roulotes nos campus, o reitor não pode autorizar uma.
* Princípio da Reserva de Lei: segundo o qual nenhuma ato administrativo pode ser praticado
sem ter como fundamento a lei.
Até meados do Século XX alguns autores entendiam que a Administração teria de ser agressiva
exigindo previamente uma lei (ex. cobrando taxas antes de cada requerimento de um particular
que pretenda actuar), outros entendiam que a Administração deveria era ser prestadora (ex.
atribuir um subsídio aos alunos com menos de 1m70) não sendo necessário ser precedida por lei.
Mas com a evolução entendeu-se que a Administração prestadora acabara por gerar
desigualdades e como os recursos são limitados, haveria sempre uns que beneficiaram e outros
que sairam prejudicados (ex. os alunos com mais de 1m70 saíram prejudicados).
Assim, entendeu-se que o princípio de reserva da lei seria o fundamento da actuação da
Administração, exigindo-se que, para todos os actos que se façam seja necessário uma lei que
permita lhe praticar esse acto administrativo.
Este subprincípio subdivide-se também em dois, sendo estes complementares um ao outro:
‣ Princípio da precedência de lei: dado que todas as matérias estão reservadas à lei, tem
sempre de existir atividade legislativa antes de existir atividade administrativa, daí o
termo “precedência”
ex. primeiro tem de haver uma lei que diga que se deve incentivar a produtividade dos alunos, só
havendo depois o acto administrativo: os alunos a requererem o apoio à Administração por terem
tido uma média superior a 16.
‣ Princípio da densificação normativa: as leis não podem ser vazias, devem ter conteúdo
suficiente, não sendo nem castradoras da Administração - sendo demasiado
detalhadas -, nem abstractas ao ponto de, na prática, deixar a atuação da
Administração totalmente livre.
ex. uma lei que diga que as universidades podem atribuir apoios aos alunos os subsídios que
quisessem faria com que não houvesse nenhum caso contrário à lei, podendo a Administração
fazer tudo o que quisesse, daí ser necessário que a lei seja densa, tenha algum conteúdo.
Assim, a lei deve estabelecer regras e princípios, cabendo ao legislador decidir se concederá mais
ou menos espaço de atuação (ex. matéria penal ou matéria fiscal: não diz que a Administração
tribute se assim achar justo) à Administração - se as leis não forem suficientemente densas, esta
poderá criar regulamentos que as complementem.
O interesse público pode ser sucintamente descrito como o bem comum, o interesse geral da
comunidade, devendo-se assim procurar satisfazer uma serie de necessidades colectivas.
É a lei que define os interesses públicos a cargo da Administração - embora esta possa, ser
também habilitada por lei a defini-los autonomamente - esta prossecução é tida como obrigatória
para a Administração, a par desta está ainda o dever de boa administração - o dever da
Administração em prosseguir interesse público da forma mais eficiente possível.
Fixe-se que só os interesses públicos definidos por lei podem constituir motivos determinantes dos
atos administrativos.
Artigo 4º CPA (Princípio da prossecução do interesse público e da proteção dos direitos e interesses
dos cidadãos)
Compete aos órgãos da Administração Pública prosseguir o interesse público, no respeito pelos direitos e
interesses legalmente protegidos dos cidadãos.
A grande diferença entre estes dois princípios prende-se no facto de o princípio da legalidade
ser também um dos princípios nucleares do poder judicial e o segundo, o da prossecução do
interesse público, competir apenas à Administração.
Assim, a avaliação do mérito pertence em exclusivo ao Estado.
ex. em tempos houve uma polémica sobre uns líquidos que não se poderiam colocar em lado
nenhum, então a Administração decidiu que esses seriam queimados em fornos de cimento, não
podendo o Tribunal nada fazer, já que não avalia se é bom ou mau para o interesse público.
Artigo 4º CPA (Princípio da prossecução do interesse público e da proteção dos direitos e interesses
dos cidadãos)
Compete aos órgãos da Administração Pública prosseguir o interesse público, no respeito pelos direitos e
interesses legalmente protegidos dos cidadãos.
A ponderação do interesse público varia com o tempo e com o órgão (ex. energia nuclear).
A grande diferença entre estes dois princípios prende-se no facto de o princípio da legalidade
ser também um dos princípios nucleares do poder judicial e o segundo, o da prossecução do
interesse público, competir apenas à Administração.
Assim, a avaliação do mérito pertence em exclusivo ao Estado.
ex. em tempos houve uma polémica sobre uns líquidos que não se poderiam colocar em lado
nenhum, então a Administração decidiu que esses seriam queimados em fornos de cimento, não
podendo o Tribunal nada fazer, já que não avalia se é bom ou mau para o interesse público.
Apesar de a Administração estar subordinada à lei, a verdade é que esta não regula sempre do
mesmo modo a atividade daquela: há casos em que a lei pode regular todos os aspetos e nesses
a atuação da Administração é mecânica e dedutiva, traduzindo-se na mera aplicação da lei
abstrata ao caso concreto. Mas na maioria dos casos o legislador reconhece a sua incapacidade
para prever todas as circunstâncias em que a Administração terá de atuar e, como tal, é-lhe
impossível dispor sobre qual será a melhor solução.
Assim, os actos vinculados são aqueles onde a ponderação do interesse pública é feita pelo
legislador, já os actos discricionários são aqueles onde a decisão da Administração tem de
respeitar o interesse público, mas a sua ponderação não é totalmente feita pelo legislador.
- Actos vinculados
Quando só há uma solução legalmente possível (resultante de uma regulamentação precisa), tem-
se que a lei vincula totalmente a Administração pois eta não tem outra possibilidade senão chegar
àquele resultado.
Aliás, quem decide o nível de densificação da lei é o próprio legislador e, em certos casos
concretos, o legislador não deixa à Administração nenhuma ponderação, sendo as leis de tal
maneira densas que fazem com que a actuação da administração seja uma actuação vinculada,
preferindo o legislador que a actuação da Administração seja quase automática, entendendo que,
aquelas regras seriam as que melhor prosseguiam o interesse público.
É mais previsível, dando maior segurança, mas é muito menos maleável, levando a certas
situações contraditórias.
ex. entrada dos alunos na faculdade: não há espaço para uma entrevista com os candidatos
- Actos discricionários
Quando, por outro lado, a lei é mais imprecisa, atribuindo uma maior margem de autonomia
decisória à Administração, deixando que esta decida quais os critérios que melhor se adequam ao
caso para prosseguir o interesse público, havendo assim discricionaridade.
O legislador entendeu que deveria haver uma apreciação do caso concreto por parte da
Administração, tranferindo a ponderação do interesse público do legislador para a Administração,
utilizando palavras mais amplas, valorizando a maleabilidade.
ex. possibilidade do encerramento da faculdade: a lei diz que se o quadro clínico existente for
muito grave, isto é, se colocar em causa a saúde pública, deve-se encerrar a escola, deixando
essa ponderação de gravidade para a Directora da Faculdade.
Do ponto de vista da Administração, essa ponderação perante o caso concreto não é aleatória,
devendo escolher a melhor decisão que poderia tomar perante o dado caso concreto.
ex. a directora decide fechar a faculdade num dia em que estava previsto que uma companhia de
teatro actuasse, tendo esta um grande prejuízo, então decide ir para tribunal por achar que os
alunos estavam eram muito nervosos e não com uma gastroenterite: o Tribunal nada pode fazer
pois não lhe pertence a competência de mérito, não podendo esta ser reavaliada nos tribunais.
Na verdade, não há atos que sejam totalmente discricionários e atos que sejam totalmente
vinculados, todos são, em medidas diferentes, vinculados em relação a certos aspectos e
discricionários em relação a outros.
Ainda assim, não se deve confundir a discricionaridade com liberdade ou aleatoridade, pois a
decisão do órgão está condicionada pelos princípios e regras gerais que vinculam a Administração
Pública.
Portanto, na prática, continua a haver apenas uma solução: a mais adequada para o interesse
público, embora nos actos vinculados, independente do órgão esta é sempre a já determinada e
nos actos discricionários, o preenchimento deste critério deferir consoante os órgãos titulares d
poder de exercício de tal acto.
* incompetência do autor do ato: a lei fixa qual é o órgão com competência para decidir (não
obstante a possibilidade de delegação de poderes)
ex. O Plano Director Municipal diz que só podem ser licenciados edifícios que mantenham a
harmonia e coerência da paisagem, podendo o Presidente da Câmara indeferir um pedido de
construção se essa colocar em causa a harmonia paisagística, mas o promotor imobiliário recebe
uma resposta de indeferimento assinada pelo vereador e não pelo Presidente da Câmara e, não
tendo sido praticado pelo órgão competente, pode o ato ser anulável.
* vícios de forma: a lei estabelece qual a forma que o ato administrativo deve tomar
ex. a decisão seria tomada por Resolução de Conselho de Ministros, mas foi decidida por
despacho assinado pelo Ministro das Finanças: não respeitaria a forma exigida.
ex. perante os elementos de facto (achava que cada torre teria 200 andares, mas na verdade só
teria 5) o Presidente da Câmara indefere o pedido sem ter feito uma audiência prévia ao particular
em questão: o acto não respeitaria uma das formalidades exigidas.
* vícios da vontade: corresponde a todos os elementos que perturbem a vontade de tomar uma
decisão, como os casos de erro de facto, coacção moral ou incapacidade acidental, etc.
ex. o Presidente da Câmara após um almoço com amigos em que bebeu demais indefere o
pedido por ver duas torres e achar demasiadas, quando na verdade no projecto só se previa a
construção de uma torre: ao ser uma decisão discricionária, ver-se-ia se a decisão teria sido ou
não de acordo com a lei.
ex. para duas situações iguais, decide-se de maneira, violando-se o Princípio da Igualdade
* desvio de poder (ou desvio de fim): tratam-se dos casos em que ao tomar a decisão o órgão
não tem em conta a prossecução do interesse público específico, dando-se quando se usa o
poder para alcançar benefícios privados (corrupção) ou quando, mesmo ponderando sobre
interesses público, o órgão pondera interesses públicos sobre os quais não tem competência
para ponderar - a existência deste vício comprova a importância da fundamentação dos atos
administrativos.
ex. o Presidente da Câmara decide a favor da construção de um hotel junto ao mar por, o
promotor imobiliário ter oferecido 1 milhão de dólares numa conta off-shore: podendo a decisão
ser anulável, por ter havido um desvio da actuação, não prosseguindo o interesse público, mas
sim o seu interesse privado.
ex 1. uma dei diz que a decisão sobre determinadas obras perto de edifícios de interesse
público só poderiam ser aprovados se não perturbar esse edifico e o Presidente da Câmara
autoriza a licença para a construção de um túnel próximo de um museu com a fundamentação de
que seria bom para a fluidez do transito: desviando-se do seu foco: o museu (e não o trânsito)
Assim, em síntese, a matéria de discricionaridade implica uma actuação imune à actuação dos
tribunais, recordando-se os dois elementos estruturantes:
ex 1. vinculação em ambos os lados: “quem circular a 150 km/h tem uma coima de 500€”
ex 2. vinculação na previsão e discricionaridade na estatuição: “quem circular a 150 km/h tem uma
sanção adequada ao perigo provocado nessa situação concreta”
* Norma que atribuía poderes aos governadores civis: onde, a Administração desconcentrada do
Estado, com funções territorialmente estabelecidas e com competências exercidas pelos
ministros, estavam atribuídos legalmente aos governadores civis que actuavam territorialmente.
ex. inundação em Bragança: até que o Ministro se impusesse, o Governador Civil “comandava” a
situação.
“Sempre que o exija (não é sempre que queira) circunstâncias excepcionais e urgentes (2
premissas) de interesse público, o governador civil, pode praticar todos os actos ou tomar todas
as providências administrativas indispensáveis (sem abusar), solicitando, logo que lhe seja
possível (podia definir um prazo, 1 dia, 24 horas, etc etc, mas não o faz, é logo que lhe seja
possível), a ratificação pelo órgão normalmente competente”
O legislador não conseguindo prever o que aconteceria (ex. inundações, incêndios, etc), pensou
que o melhor seria criar uma norma que fosse útil em qualquer circunstância, havendo elementos
discricionários tanto na previsão como na estatuição, apresentando-se uma estatuição aberta
onde se pudesse realizar todos os actos e providências administrativas indispensáveis.
* “margem de livre decisão” - Marcelo Rebelo de Sousa considera tão central como a actuação
vinculada, quando, no entender de Tiago Duarte tem uma componente de excepcionalidade, de
reduzida importância, relacionando-se com os conceitos vagos e indeterminados da
discricionaridade.
* “margem de livre decisão” - discorda por completo por entender que não se trata de um
preenchimento livre, pois, apesar de discricionário, vincula a Administração à concepção que
acha ser a mais correcta, devendo-se estudar, ponderar e depois sim decidir.
Quanto à liberdade na avaliação, Marcelo Rebelo de Sousa induz a ideia de uma decisão
arbitrária, sendo refutada esta concepção por Freitas do Amaral que se baseia na justiça da nota.
- Auto-Limitação da Administração
A Administração pode, ela própria querer fazer regras num domínio que o legislador não previu,
sendo esta uma situação livre, tendo, no caso de serem criados regulamentos que os cumprir.
ex. quem estiver em velocidade excessiva vê-lhe aplicada uma sanção adequada, mas a
Administração, por iniciativa própria e por questões de igualdade faz ela própria um conjunto de
regras, dizendo que entre 120 e 150 kms/h tem uma sanção de 500€, entre 151 e 200 kms/h uma
de 1000€ e superior a 200 apreende-se a carta.
Esses regulamentos não são ilegais, embora há quem entenda que são abusivos pois o que o
legislador quis foi, perante uma dada situação que se tomasse uma solução concreta.
Escusado será dizer que esses regulamentos podem ser sempre revogados e que, uma vez
criados têm de ser respeitados.
MARCHA DO PROCEDIMENTO
Os procedimentos administrativos vão do muito simples ao muito complexo, mas todos eles
cumprem uma determinada etapa:
1) Início do Procedimento
2) Instrução: fase em que os serviços preparam a decisão, vendo a lei, os factos, pedindo outras
informações necessárias, etc.
3) Audiência Prévia dos Interessados: quando a Administração já formulou a decisão, mas antes
de decidir ouve o interessado cujo pedido será, à partida, indeferida (se a decisão for favorável
não se necessita de ouvir o particular)
4) a Decisão ou Não Decisão (sendo esta uma anormalidade, pois, se está previsto na lei então
tem de haver uma solução, mas acaba por haver uma omissão)
5) Notificação: comunicação da decisão ao interessado
(6) se a decisão for desfavorável, o particular pode impugnar o acto na Administração ou então
dirigir-se ao Tribunal, procurando a anulação da decisão:
1. INÍCIO DO PROCEDIMENTO
O requerimento inicial deve ser formulado por escrito e conter uma série de disposições previstas
no Artigo 102º:
1 - O requerimento inicial dos interessados, salvo nos casos em que a lei admite o pedido verbal, deve ser
formulado por escrito e conter:
a) A designação do órgão administrativo a que se dirige; - qual o órgão a que se dirige (ex. Ministro)
b) A identificação do requerente, pela indicação do nome, domicílio, bem como, se possível, dos números
de identificação civil e identificação fiscal; - quem está a requerer (ex. pode ser uma empresa, domicílio, etc)
c) A exposição dos factos em que se baseia o pedido e, quando tal seja possível ao requerente, os
respetivos fundamentos de direito; - a exposição dos factos é obrigatória, já a fundamentação, isto é, a
causa do pedido, o motivo pelo qual o particular requer, não se dá como obrigatória permitindo que um
maior número de pessoas requeira (nem todos os requerimentos são feitos por um advogado)
e) A data e a assinatura do requerente, ou de outrem a seu rogo, se o mesmo não souber ou não puder
assinar;
g) A indicação do número de telefax ou telefone ou a identificação da sua caixa postal eletrónica, para os
efeitos previstos no n.º 1 do artigo 63.º - para comunicação
2 - Podem ser formulados num único requerimento vários pedidos, desde que entre eles exista conexão.
3 - Salvo disposição em contrário, podem ser formuladas num único requerimento as pretensões
correspondentes a uma pluralidade de pessoas que tenham conteúdo e fundamento idênticos ou
substancialmente similares.
Os requerimentos devem ser apresentados, isto é, entregues, nos serviços dos órgãos aos quais
sejam dirigidos, como enuncia o Artigo 103º:
1 - Os requerimentos devem ser apresentados nos serviços dos órgãos aos quais são dirigidos, salvo o
disposto nos números seguintes.
2 - Os requerimentos dirigidos aos órgãos centrais podem ser apresentados nos serviços locais
desconcentrados do mesmo ministério ou organismo, quando os interessados residam na área da
competência destes, ou nos gabinetes de apoio aos representantes da República nas regiões autónomas.
3 - Os requerimentos apresentados nos termos previstos no número anterior são remetidos aos órgãos
competentes pelo registo do correio, ou por via eletrónica, no prazo de três dias após o seu recebimento,
com a indicação da data em que este se verificou.
4 - Os requerimentos podem ser apresentados nos serviços das representações diplomáticas ou consulares
sediadas no país em que residam ou se encontrem os interessados.
No entanto, resta acrescentar que no novo CPA, houve uma equiparação, valendo a:
1 - Os requerimentos dirigidos a órgãos administrativos podem ser apresentados por uma das seguintes
formas:
b) Remessa pelo correio, sob registo, valendo como data da apresentação a da efetivação do respetivo
registo postal;
c) Envio através de telefax ou transmissão eletrónica de dados, valendo como data da apresentação a
do termo da expedição;
d) Envio por transmissão eletrónica de dados, valendo como data da apresentação a da respetiva
expedição;
2 - Os requerimentos enviados por telefax ou transmissão eletrónica de dados podem ser apresentados em
qualquer dia e independentemente da hora da abertura e do encerramento dos serviços.
4 - Os requerentes podem juntar os elementos que considerem convenientes para precisar ou completar os
dados do modelo, os quais devem ser admitidos e tidos em conta pelo órgão ao qual se dirige o
requerimento.
5 - O requerimento eletrónico deve observar o formato definido, para cada caso, no sítio institucional da
entidade pública.
6 - Quando a lei admita a formulação verbal do requerimento, é lavrado termo para este efeito, o qual deve
conter as menções previstas no n.º 1 do artigo 102.º e ser assinado, depois de datado, pelo requerente e
pelo agente que receba o pedido.
Cada vez que se entrega algo à Administração deve-se ficar com um registo de entrega do
requerimento, protegendo-me e tendo-se como provar que efectivamente este foi entregue.
2 - O recibo pode ser passado em duplicado ou em fotocópia do requerimento que o requerente apresente
para esse fim.
1 - Se o requerimento inicial não satisfizer o disposto no artigo 102.º, o requerente é convidado a suprir as
deficiências existentes (ex. referência a uma lei de 2027, quando se queria dizer 2007).
2 - Sem prejuízo do disposto no número anterior, devem os órgãos e agentes administrativos procurar suprir
oficiosamente as deficiências dos requerimentos, de modo a evitar que os interessados sofram prejuízos
por virtude de simples irregularidades ou de mera imperfeição na formulação dos seus pedidos.
3 - São liminarmente rejeitados os requerimentos não identificados e aqueles cujo pedido seja ininteligível
(ex. conjunto de ofensas gratuitas ao órgão competente para decidir sem nenhum pedido sério).
A Administração deve verificar se o requerimento sofre de algum problema que impeça aquele
órgão da Administração decidir, fazendo uma triagem do que está ou não em condições de ser
apreciado.
1 - O órgão competente para a decisão final, logo que estejam apurados os elementos necessários,
conhece de qualquer questão que prejudique o desenvolvimento normal do procedimento ou impeça a
tomada de decisão sobre o seu objeto e, nomeadamente, das seguintes questões:
a) Incompetência do órgão administrativo; - ex. dirigido ao Ministro da Defesa quando deveria ter sido
enviado para o Ministro da Justiça
c) Ilegitimidade dos requerentes; ex. pedido de licença para abrir um supermercado sem ser o proprietário
do terreno.
2 - Quando o requerimento haja sido apresentado a órgão incompetente, é aplicável o disposto no artigo
41.º
2 - Nos casos previstos nos números anteriores, vale a data da apresentação inicial do requerimento para
efeitos da sua tempestividade. - para efeitos de prazos, vale a data da entrega no primeiro órgão a que se
enviou, independentemente de o particular ter estado de boa ou má fé.
2. INSTRUÇÃO DO PROCEDIMENTO
• Direcção do Procedimento
A direcção do procedimento não precisa necessariamente de ser feita pelo órgão competente,
podendo este delegar no seu inferior hierárquico, que assim dirige o procedimento (ex. analisa
documentos técnicos, tira fotografias, estuda a lei, etc), como enuncia o Artigo 55º:
1 - A direção do procedimento cabe ao órgão competente para a decisão final, sem prejuízo do disposto
nos números seguintes.
2 - O órgão competente para a decisão final delega em inferior hierárquico seu, o poder de direção do
procedimento, salvo disposição legal, regulamentar ou estatutária em contrário ou quando a isso obviarem
as condições de serviço ou outras razões ponderosas, invocadas fundamentadamente no procedimento
concreto ou em diretiva interna respeitante a certos procedimentos. - Tiago Duarte considera que da leitura
deste numero 2, o órgão competente é obrigado a delegar num inferior hierárquico, sendo o dever seu
delegar, entendendo que seria mais fácil se se dissesse que a competência seria do inferior hierárquico.
3 - O responsável pela direção do procedimento pode encarregar inferior hierárquico seu da realização de
diligências instrutórias específicas.
4 - No órgão colegial, a delegação prevista no n.º 2 é conferida a membro do órgão ou a agente dele
dependente.
Na ausência de normas injuntivas, o Artigo 56º diz-nos que o responsável pela direcção goza de
discricionaridade, esta nunca arbitrária e sempre limitada
O responsável pela orientação do procedimento deve actuar sob uma perspectiva pró-activa,
procedendo às diligências que se revelem adequadas e necessárias para a preparação da
decisão legal.
O responsável pela direção do procedimento e os outros órgãos que participem na instrução podem,
mesmo que o procedimento seja instaurado por iniciativa dos interessados, proceder a quaisquer
diligências que se revelem adequadas e necessárias à preparação de uma decisão legal e justa, ainda
que respeitantes a matérias não mencionadas nos requerimentos ou nas respostas dos interessados
• Prova
ex. A pede asilo em Portugal, sendo um dos requisitos deste um conhecimento suficiente de
português, então A deve juntar ao requerimento a prova de ter esse conhecimento.
1 - Cabe aos interessados provar os factos que tenham alegado, sem prejuízo do dever cometido ao
responsável pela direção do procedimento nos termos do n.º 1 do artigo anterior.
2 - Quando os elementos de prova dos factos estiverem em poder da Administração, o ónus previsto no
número anterior considera-se satisfeito desde que o interessado proceda à sua correta identificação junto
do responsável pela direção do procedimento.
3 - Os interessados podem juntar documentos e pareceres ou requerer diligências de prova úteis (requerer
auxílio, pedindo a outra entidade que o auxilie: ex. requerer aos bombeiros uma ambulância para prova)
para o esclarecimento dos factos com interesse para a decisão.
4 - Sendo necessário juntar documento passado em país estrangeiro, a lei que rege a produção da forma
especial desse documento é a lei do Estado de emissão, aferindo-se a suficiência daquela forma especial
por equiparação funcional à forma exigida pela lei nacional.
5 - As despesas resultantes das diligências de prova são suportadas pelos interessados que as tiverem
requerido, sem prejuízo do disposto no n.º 2 do artigo 15.º
O Artigo 117º em suma concretiza o Artigo 58º, enunciando que o responsável pela direcção do
Procedimento pode, se considerar que faltam provas, requerê-las aos interessados.
b) Implicar o esclarecimento de factos cuja revelação esteja proibida ou dispensada por lei;
c) Importar a revelação de factos puníveis, praticados pelo próprio interessado, pelo seu cônjuge ou por seu
ascendente ou descendente, irmão ou afim nos mesmos graus;
d) For suscetível de causar dano moral ou material ao próprio interessado ou a alguma das pessoas
referidas na alínea anterior.
• Acordos Endoprocedimentais
Assenta na ideia de que o procedimento administrativo não tem de ter uma lógica unilateral,
podendo haver momentos de contracto dentro (“endo”) do próprio procedimento em que as partes
fazer pequenos acordos.
ex. uma lei diz que, para situações de construção de edifícios em terrenos inclinado a decisão
depende de um parecer técnico, não dizendo como deve essa peritagem ser feita: o Particular
pode fazer um acordo com a Administração de que esse será feito pela Ordem dos Engenheiros.
ex 2. requerimento para que uma casa seja reconhecida como hotel, acordando-se que para ser
considerado um quarto este deve ter pelo menos uma janela com mais de 1 metro.
É também comum encontrar-se acordos quanto à própria decisão quando esta é discricionária.
ex. para a construção de um edifício, a Administração pode acordar com o Particular que, em caso
de decisão favorável, o particular terá de construir um parque infantil à frente.
2 - Os acordos referidos no número anterior têm efeito vinculativo e o seu objeto pode, designadamente,
consistir na organização de audiências orais para exercício do contraditório entre os interessados que
pretendam uma certa decisão e aqueles que se lhe oponham.
3 - Durante o procedimento, o órgão competente para a decisão final e os interessados também podem
celebrar contrato para determinar, no todo ou em parte, o conteúdo discricionário do ato
administrativo a praticar no termo do procedimento.
• Auxílio Administrativo
Trata-se um novo artigo no CPA que legisla a “cooperação administrativa”, isto é, aquelas
situações em que o órgão com competência para decidir requere a ajuda de outro órgão para
decidir, podendo este auxílio ser requerido por iniciativa própria ou por proposta deste (ao superior
hierárquico que decide o procedimento) ou pelo próprio particular nas situações descritas.
1 - Para além dos casos em que a lei imponha a intervenção de outros órgãos no procedimento, o órgão
competente para a decisão final deve, por iniciativa própria, por proposta do responsável pela direção do
procedimento ou a requerimento de um sujeito privado da relação jurídica procedimental, solicitar o auxílio
de quaisquer outros órgãos da Administração Pública, indicando um prazo útil, quando:
a) O melhor conhecimento da matéria relevante exija uma investigação para a qual o órgão a quem é
dirigida a solicitação disponha de competência exclusiva ou de conhecimentos aprofundados aos quais o
órgão solicitante não tenha acesso; - questões técnicas que o órgão que decide não domina (ex. técnicos
da marinha auxiliam o Ministro da Economia na aprovação ou não da construção de um porto em Cascais,
precisando este de saber se a construção prejudicaria ou não as marés
b) Só o órgão a quem é dirigida a solicitação tenha em seu poder documentos ou dados cujo conhecimento
seja necessário à preparação da decisão; - documentos ou dados na posse de outro órgão.
3 - Em caso de recusa de auxílio administrativo requerido nos termos do n.º 1, ou de dilação na sua
prestação, a questão é resolvida, consoante o caso, pela autoridade competente para a resolução de
conflitos de atribuições ou de competência entre os órgãos solicitante e solicitado ou, não a havendo, por
órgão que exerça poderes de direção, superintendência ou tutela sobre o órgão solicitado.
• Pareceres
1 - Os pareceres são obrigatórios ou facultativos, consoante sejam ou não exigidos por lei, e são
vinculativos ou não vinculativos, conforme as respetivas conclusões tenham ou não de ser seguidas pelo
órgão competente para a decisão.
Os pareceres distinguem-se dos auxílios já que nos últimos é o próprio órgão que decide a sua
necessidade, enquanto que os pareceres tanto podem estar previstos na lei (obrigatórios) - só
podendo a decisão ser tomada após parecer -, como resultar da opção do órgão competente para
a decisão (facultativos). Assim, os pareceres podem ser:
> obrigatórios: aqueles que a própria lei impõe que sejam requisitados, não podendo
haver decisão sem estes. No entanto, quanto a pareceres obrigatórios não tratamos do
seu conteúdo, mas sim na obrigatoriedade de ser requerido. Assim, distingue-se:
Ainda assim, o Artigo 91º.2 esclarece que, regra geral, se da leitura não se conseguir perceber se
se trata de uma acto vinculativo ou não vinculativo, o parecer será tido como não vinculativo.
ex. o Presidente de Câmara decide após parecer da Liga dos Bombeiros, como não explicita a
sua obrigatoriedade, sigo a regra geral, não sendo vinculativo, podendo-o afastar.
Ainda assim, no caso da lei previr a necessidade de parecer favorável (vinculativo), isso não
significa que a decisão terá de ser obrigatoriamente favorável já que existem outros critérios
necessários a serem cumpridos.
ex. para a licenciação da construção de um centro comercial exige-se parecer favorável da Liga
dos Bombeiros (vinculativo) que assim é dado, mas não cumpre com outros critérios como o
numero de lugares de estacionamentos necessário ou a existência de elevadores, não sendo
deferido. Já se o parecer fosse desfavorável, o processo caria por isso mesmo, matando o
procedimento.
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Direito Administrativo
> facultativos: aqueles que não estão previstos na lei, mas, caso pedidos, são não
vinculativos.
ex. DGPescas recebe um requerimento duma empresa de pesca pedindo a autorização para
pescar com redes especiais, pedindo este um parecer à Associação de Defesa da Fauna e Flora,
mas caso o parecer não chegue no prazo legal de 30 dias previsto no Artigo 92º.3, o órgão deve
decidir o requerimento. Também, em caso de chegada e parecer negativo, o órgão pode decidir a
favor ou contra o parecer, pois este, ao ser facultativo é não vinculativo.
Os pareceres devem ser sempre fundamentados, claros e inequívocos, tendo-se de tomar partido
por uma decisão
1 - Os pareceres devem ser sempre fundamentados e concluir de modo expresso e claro sobre todas as
questões indicadas na consulta.
2 - O responsável pela direção do procedimento deve solicitar, sempre que possível em simultâneo, aos
órgãos competentes a emissão dos pareceres a que haja lugar logo que, perante a marcha do
procedimento, estejam reunidos os pressupostos para tanto. - procura-se que haja um certo consenso nos
pareceres, sendo de bom senso que o órgão competente peça os pareceres, de preferência, ao mesmo
tempo, isto é, no mesmo dia.
3 - Na falta de disposição especial, os pareceres são emitidos no prazo de 30 dias, exceto quando o
responsável pela direção do procedimento fixar, fundamentadamente, prazo diferente.
4 - O prazo diferente previsto no número anterior não deve ser inferior a 15 dias nem superior a 45 dias.
5 - Quando um parecer obrigatório não for emitido dentro dos prazos previstos no número anterior,
pode o procedimento prosseguir e vir a ser decido sem o parecer, salvo disposição legal expressa em
contrário. - nos pareceres obrigatórios estabeleceu-se um prazo, após o qual, no caso de não entrega, a
decisão possa surgir sem o parecer, desbloqueando na prática o “veto” que evitava ou bloqueava a decisão
no antigo CPA, verdadeiramente omisso nestas situações
6 - No caso de o parecer obrigatório ser vinculativo, a decisão final só pode ser proferida sem a prévia
emissão daquele desde que o responsável pela direção do procedimento tenha interpelado, no prazo de 10
dias, o órgão competente para o emitir, sem que este o tenha feito no prazo de 20 dias a contar dessa
interpelação. - caso o parecer seja obrigatório e vinculativo a decisão só pode ser tomada, se tiver havido
uma interpelação ao órgão competente para o emitir, 10 dias após ter passado o prazo, tendo o órgão
competente para entregar 20 dias e só, caso este não tenha entregue é que a Administração pode decidir.
A acrescentar apenas que Tiago Duarte não concorda com a imposição dos 10 dias por entender
serem curtos demais.
Todos os prazos no CPA são prazos procedimentais, estando a sua contagem prevista nos Artigos 86º, 87º e 88º,
começando o prazo a ser contado no dia seguinte em dias úteis.
Antes da tomada de decisão o particular deve ser notificado com o projecto de decisão, dando-se
espaço, finda a instrução, a uma audiência desse mesmo interessado, distinguindo-se de um
simples esclarecimento na análise do procedimento (ex. são 4 ou 5 andares de garagem?).
A jurisprudência com o antigo CPA era algo dúbia e controversa pela utilização da expressão
“secção distinta da instrução”, entendendo que, no caso de um acto imediato, sem necessidade
de instrução, não havendo por isso audiência prévia, mas tal dúvida foi dissipada com o Art. 121º:
1 - Sem prejuízo do disposto no artigo 124.º, os interessados têm o direito de ser ouvidos no
procedimento antes de ser tomada a decisão final, devendo ser informados, nomeadamente, sobre o
sentido provável (se é favorável ou desfavorável e porquê) desta. - se não forem ouvidos, é suficiente para
que o Tribunal anule a decisão
2 - No exercício do direito de audiência, os interessados podem pronunciar-se sobre todas as questões com
interesse para a decisão, em matéria de facto e de direito, bem como requerer diligências complementares
e juntar documentos. - pode juntar documentos ou demonstrar situações de erro da decisão.
A notificação é geralmente feita por escrita, tendo o particular, um prazo não inferior a 10 dias
úteis para se pronunciar.
O antigo CPA falava apenas em sentido provável de decisão, exigindo-se apenas que se
transmitisse o sentido provável da decisão, assim, neste novo artigo o .2) clarifica a interpretação
feita e o sentido do Artigo 121º.
1 - Para efeitos do disposto no artigo anterior, o órgão responsável pela direção do procedimento
determina, em cada caso, se a audiência se processa por forma escrita ou oral e manda notificar os
interessados para, em prazo não inferior a 10 dias, dizerem o que se lhes oferecer.
2 - A notificação fornece o projeto de decisão e demais elementos necessários para que os interessados
possam conhecer todos os aspetos relevantes para a decisão, em matéria de facto e de direito, indicando
também as horas e o local onde o processo pode ser consultado.
3 - No caso de haver sítio na Internet da entidade em causa onde o processo possa ser consultado, a
notificação referida no número anterior deve incluir a indicação do mesmo para efeitos de o processo poder
também ser consultado pelos interessados pela via eletrónica.
Ainda assim, existem certas situações onde se dispensa a audiência dos interessados.
1 - O responsável pela direção do procedimento (ver Artigo 55º.2) pode não proceder à audiência dos
interessados quando:
b) Os interessados tenham solicitado o adiamento a que se refere o n.º 2 do artigo anterior e, por facto
imputável a eles, não tenha sido possível fixar-se nova data nos termos do n.º 3 do mesmo artigo;
c) Seja razoavelmente de prever que a diligência possa comprometer a execução ou a utilidade da decisão
- ex. Banco de Portugal e BES: a existência de audiência prévia comprometeria a execução da decisão.
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Direito Administrativo
d) O número de interessados a ouvir seja de tal forma elevado que a audiência se torne impraticável,
devendo nesse caso proceder-se a consulta pública, quando possível (Tiago Duarte não encontra nenhuma
situação em que não seja possível fazer uma consulta pública), pela forma mais adequada;
2 - Nas situações previstas no número anterior, a decisão final deve indicar as razões da não realização da
audiência. - muitas vezes a Administração decidia sem verificar a audiência prévia e o legislador entendeu,
bem, que a não realização da audiência prévia só seria relevante se tal premissa fosse bem justificada.
Ainda assim, quando se chega à anulação judicial por não ter existindo audiência prévia, a
jurisprudência tem feito um compasso de espera, procurando saber se, apesar do ausência, a
decisão tomada teria sido ou não a mesma, havendo o princípio do aproveitamento dos actos,
dizendo que apesar da ilegalidade, este não anula a decisão.
> incumprimento do dever de decidir (a regra geral: Artigo 129º): podendo o particular,
findo os 90 dias úteis e no pressuposto de não ter apresentado um requerimento igual
no prazo de 2 anos (Artigo 13º.2), impugnar o silêncio junto:
Recordando que caso haja decisão abandona-se o prazo e vamos para a decisão expressa.
> Deferimento tácito (Artigo 130º): apenas nos casos previstos na lei, surgindo quando
não há nenhuma decisão expressa, mas a própria lei diz que, o o silêncio equivale a um
deferimento tácito, equivalendo então a um deferimento expresso.
➡ Decisão Expressa
1 - Os órgãos da Administração Pública têm o dever de se pronunciar sobre todos os assuntos da sua
competência que lhes sejam apresentados e, nomeadamente, sobre os assuntos que aos interessados
digam diretamente respeito, bem como sobre quaisquer petições, representações, reclamações ou queixas
formuladas em defesa da Constituição, das leis ou do interesse público. - se não decidirem aplica-se o 129º.
2 - Não existe o dever de decisão quando, há menos de dois anos, contados da data da apresentação do
requerimento, o órgão competente tenha praticado um ato administrativo sobre o mesmo pedido,
formulado pelo mesmo particular com os mesmos fundamentos.
3 - Os órgãos da Administração Pública podem decidir sobre coisa diferente ou mais ampla do que a
pedida, quando o interesse público assim o exija.
O órgão responsável pela direcção do procedimento, se existir, apresenta um relatório para que o
órgão competente da decisão tome a decisão, podendo este concordar ou não com a proposta de
decisão.
Geralmente o órgão com competência para decidir, assina a manuscrito em cima do relatório:
“concordo/indefiro”, juntamente com a fundamentação apresentada, esta sempre exigida pelo
Artigo 153º.
Quando o responsável pela direção do procedimento não for o órgão competente para a decisão final,
elabora um relatório no qual indica o pedido do interessado, resume o conteúdo do procedimento,
incluindo a fundamentação da dispensa da audiência dos interessados, quando esta não tiver ocorrido, e
formula uma proposta de decisão, sintetizando as razões de facto e de direito que a justificam.
O prazo para a decisão é, em regra de 90 dias, podendo este ser prorrogado por, no máximo,
mais 90 dias, mediante autorização do órgão competente para a decisão final, contando-se o
prazo desde a chegada do documento à Administração.
Caso não decida temos um incumprimento do dever de decisão
1 - Os procedimentos de iniciativa particular devem ser decididos no prazo de 90 dias, salvo se outro
prazo decorrer da lei, podendo o prazo, em circunstâncias excecionais, ser prorrogado pelo responsável
pela direção do procedimento, por um ou mais períodos, até ao limite máximo de 90 dias, mediante
autorização do órgão competente para a decisão final, quando as duas funções não coincidam no mesmo
órgão.
4 - No caso previsto na parte final do número anterior, o prazo conta-se do termo do prazo fixado para a
conclusão daquelas formalidades.
5 - Para eventual apuramento de responsabilidade disciplinar, a inobservância dos prazos referidos nos
números anteriores deve ser justificada pelo órgão responsável dentro dos 10 dias seguintes ao termo dos
mesmos prazos.
6 - Os procedimentos de iniciativa oficiosa, passíveis de conduzir à emissão de uma decisão com efeitos
desfavoráveis para os interessados caducam, na ausência de decisão, no prazo de 180 dias.
Até 2004, a única coisa que os tribunais poderiam fazer era anular o acto caso fosse um acto
expresso, mas na verdade isso não traria grandes vantagens pois o particular teria de voltar ao
início, apresentando um novo requerimento à Administração, assim, a partir de 2004, permitiu-se
que os tribunais, para além de anularem actos administrativos poderiam condenar a Administração
a praticar actos administrativos.
ex. até 2004: articular faz um requerimento para construir uma casa que a Administração
indefere, o particular vê o Tribunal a considerar o acto inválido, eliminando a decisão, tendo o
particular que fazer um novo pedido e começar tudo de novo.
depois de 2004: o Tribunal avaliaria o pedido do particular e não só o anularia, como
proferiria uma sentença condenaria, obrigando a Administração a responder afirmamente ao
pedido do particular
Nos acto discricionário, a sentença é condenatória, mas apenas naquilo a que pode condenar.
ex. construção duma casa perto dum rio, só podendo o pedido ser indeferido se não prejudicasse
demasiado a visibilidade dos prédios que estão atrás e o Tribunal anula o pedido por considera
que não está fundamentada e depois condena a Administração a praticar um acto administrativo,
que até pode não ser favorável, podendo apenas condenar a Administração a praticar o acto
competente (Câmara e não Presidente), bem fundamentado.
Como o próprio conceito de ato administrativo enuncia, supõe-se neste a existência duma decisão
Para efeitos do disposto no presente Código, consideram-se atos administrativos as decisões que, no
exercício de poderes jurídico-administrativos, visem produzir efeitos jurídicos externos numa situação
individual e concreta.
Ainda assim, quer seja um órgão colegial ou singular, quem toma a decisão é um órgão pelo seu
titular, devendo este órgão ser o competente e o titular deste aquele com poderes para decidir.
ex. mulher do Presidente da Câmara faz um requerimento, pode o Presidente da Câmara, sendo
este o órgão competente para tal, não pode decidir.
ex 2. A era DG tendo tomado uma decisão que o particular recorreu para o Ministro, mas A foi
promovido a Ministro não podendo analisar a decisão.
Encontrando-se esse conjunto de situações em que o órgão competente para decidir não
pode nos Artigos 69º e 73º.
1 - Salvo o disposto no n.º 2, os titulares de órgãos da Administração Pública e os respetivos agentes, bem
como quaisquer outras entidades que, independentemente da sua natureza, se encontrem no exercício de
poderes públicos, não podem intervir em procedimento administrativo ou em ato ou contrato de direito
público ou privado da Administração Pública, nos seguintes casos:
a) Quando nele tenham interesse, por si, como representantes ou como gestores de negócios de outra
pessoa;
b) Quando, por si ou como representantes ou gestores de negócios de outra pessoa, nele tenham
interesse o seu cônjuge ou pessoa com quem viva em condições análogas às dos cônjuges, algum parente
ou afim em linha reta ou até ao segundo grau da linha colateral, bem como qualquer pessoa com quem
vivam em economia comum ou com a qual tenham uma relação de adoção, tutela ou apadrinhamento civil;
c) Quando, por si ou como representantes ou gestores de negócios de outra pessoa, tenham interesse em
questão semelhante à que deva ser decidida, ou quando tal situação se verifique em relação a pessoa
abrangida pela alínea anterior;
d) Quanto tenham intervindo no procedimento como perito ou mandatário ou hajam dado parecer sobre
questão a resolver;
e) Quando tenha intervindo no procedimento como perito ou mandatário o seu cônjuge ou pessoa com
quem viva em condições análogas às dos cônjuges, parente ou afim em linha reta ou até ao segundo grau
da linha colateral, bem como qualquer pessoa com quem vivam em economia comum ou com a qual
tenham uma relação de adoção, tutela ou apadrinhamento civil;
f) Quando se trate de recurso de decisão proferida por si, ou com a sua intervenção, ou proferida por
qualquer das pessoas referidas na alínea b) ou com intervenção destas.
b) A emissão de parecer, na qualidade de membro do órgão colegial competente para a decisão final,
quando tal formalidade seja requerida pelas normas aplicáveis;
3 - Sob pena das sanções cominadas pelos n.os 1 e 3 do artigo 76.º, não pode haver lugar, no âmbito
do procedimento administrativo, à prestação de serviços de consultoria, ou outros, a favor do responsável
pela respetiva direção ou de quaisquer sujeitos públicos da relação jurídica procedimental, por parte de
entidades relativamente às quais se verifique qualquer das situações previstas no n.º 1, ou que hajam
prestado serviços, há menos de três anos, a qualquer dos sujeitos privados participantes na relação jurídica
procedimental.
5 - Sempre que a situação de incompatibilidade prevista no n.º 3 ocorrer já após o início do procedimento,
deve a entidade prestadora de serviços comunicar desde logo o facto ao responsável pela direção do
procedimento e cessar toda a sua atividade relacionada com o mesmo.
1 - Os titulares de órgãos da Administração Pública e respetivos agentes, bem como quaisquer outras
entidades que, independentemente da sua natureza, se encontrem no exercício de poderes públicos devem
pedir dispensa de intervir no procedimento ou em ato ou contrato de direito público ou privado da
Administração Pública quando ocorra circunstância pela qual se possa com razoabilidade duvidar
seriamente da imparcialidade da sua conduta ou decisão e, designadamente:
João Bernardo Silva 45 de 68
Direito Administrativo
a) Quando, por si ou como representante ou gestor de negócios de outra pessoa, nele tenha interesse
parente ou afim em linha reta ou até ao terceiro grau da linha colateral, ou tutelado ou curatelado dele, do
seu cônjuge ou de pessoa com quem viva em condições análogas às dos cônjuges;
b) Quando o titular do órgão ou agente, o seu cônjuge ou pessoa com quem viva em condições análogas às
dos cônjuges, ou algum parente ou afim na linha reta, for credor ou devedor de pessoa singular ou
coletiva com interesse direto no procedimento, ato ou contrato;
c) Quando tenha havido lugar ao recebimento de dádivas, antes ou depois de instaurado o procedimento,
pelo titular do órgão ou agente, seu cônjuge ou pessoa com quem viva em condições análogas às dos
cônjuges, parente ou afim na linha reta;
d) Se houver inimizade grave ou grande intimidade entre o titular do órgão ou agente, ou o seu cônjuge
ou pessoa com quem viva em condições análogas às dos cônjuges, e a pessoa com interesse direto no
procedimento, ato ou contrato;
e) Quando penda em juízo ação em que sejam parte o titular do órgão ou agente, o seu cônjuge ou pessoa
com quem viva em condições análogas às dos cônjuges, parente em linha reta ou pessoa com quem viva
em economia comum, de um lado, e, do outro, o interessado, o seu cônjuge ou pessoa com quem viva em
condições análogas às dos cônjuges, parente em linha reta ou pessoa com quem viva em economia
comum.
2 - Com fundamento semelhante, pode qualquer interessado na relação jurídica procedimental deduzir
suspeição quanto a titulares de órgãos da Administração Pública, respetivos agentes ou outras entidades
no exercício de poderes públicos que intervenham no procedimento, ato ou contrato.
1 - Sem prejuízo de outras referências especialmente exigidas por lei, devem constar do ato:
c) A enunciação dos factos ou atos que lhe deram origem, quando relevantes;
2 - As menções exigidas no número anterior devem ser enunciadas de forma clara, de modo a poderem
determinar-se de forma inequívoca o seu sentido e alcance e os efeitos jurídicos do ato administrativo.
1 - Os atos administrativos devem ser praticados por escrito, desde que outra forma não seja prevista por
lei ou imposta pela natureza e circunstâncias do ato.
2 - A forma escrita só é obrigatória para os atos dos órgãos colegiais quando a lei expressamente a
determinar, mas esses atos devem ser sempre consignados em ata, sem o que não produzem efeitos
Os actos administrativos estão, por vezes, sujeitos a cláusulas acessórias, fazendo depender
uma decisão de outra condição, embora hajam alguns limites, distinguindo-se ainda se o acto é
vinculado ou discricionário.
1 - Os atos administrativos podem ser sujeitos, pelo seu autor, mediante decisão fundamentada, a
condição (efeitos dependentes de um facto futuro e incerto, podendo ser suspensiva ou resolutiva: ex.
autorizo a inscrição, na condição de trazerem o comprovativo da nota recebida), termo (dependente de um
facto futuro e certo: ex. decido favoravelmente à possibilidade de fazerem exames em português e não
inglês até 31 de dezembro de 2015), modo (ou encargo, é um peso que se coloca na decisão: ex. decido
favoravelmente a construção de um edifício, mas com o encargo de fazer uma contribuição mensal para os
bombeiros volutários) ou reserva (uma decisão sujeita a uma reserva: ex. a administração decide, mas
coloca uma reserva dizendo que o acto pode ser revogado mais tarde se contrário ao interesse público),
desde que estes não sejam contrários à lei ou ao fim a que o ato se destina, tenham relação direta com o
conteúdo principal do ato e respeitem os princípios jurídicos aplicáveis, designadamente o princípio da
proporcionalidade (ex. para construir 2 andares teria de entregar 5 terrenos do campo de futebol). - actos
discricionários, logo posso dizer que: “sim, desde que..”
1 - Para além dos casos em que a lei especialmente o exija, devem ser fundamentados os atos
administrativos que, total ou parcialmente:
a) Neguem, extingam, restrinjam ou afetem por qualquer modo direitos ou interesses legalmente protegidos,
ou imponham ou agravem deveres, encargos, ónus, sujeições ou sanções; - o principio geral é o que as
decisões negativas ou penalizadoras (Tiago Duarte discorda do uso de exemplos) para o particular devem
ser fundamentadas.
ex. o particular recorreu havendo uma segunda decisão e esse recurso deve ser SEMPRE fundamentado,
mesmo que a decisão seja favorável para o particular.
ex. Administração costuma proibir os edifícios que destruam a paisagem, negando qualquer requerimento
para edifícios com mais de 10 andares, mas aprova um com 12 andares tendo de a fundamentar,
mostrando que não viola o princípio da igualdade por exemplo.
2 - Salvo disposição legal em contrário, não carecem de ser fundamentados os atos de homologação (é
tudo ou nada, ou concorda com o acto todo ou então não aceita nada) de deliberações tomadas por júris
(pois o júri - na fase da instrução - diz qual o concorrente que deve ser contratado com base em certos
critérios que este próprio estabelece: ex. candidatos A, B, C e D e o júri na fase da instrução adjudica a A,
há audiência prévia e à decisão chama-se de acto de homologação de deliberação tomada por júri, pois o
órgão simplesmente assume a proposta do júri, concordando com esta, fazendo quase um carimbo na
proposta do júri), bem como as ordens dadas pelos superiores hierárquicos aos seus subalternos (associa-
se ao poder hierárquico, onde se inclui o poder de dar ordens ou instruções ao inferior hierárquico e, em
matéria de serviço ou legal o superior não tem de justificar essa ordem) em matéria de serviço e com a
forma legal. - deve ser lido em articulação com o nº1 do Art. 153
1 - A fundamentação deve ser expressa, através de sucinta exposição dos fundamentos de facto e de
direito da decisão, podendo consistir em mera declaração de concordância com os fundamentos de
anteriores pareceres, informações ou propostas, que constituem, neste caso, parte integrante do respetivo
ato. - tem de ser explicita e pode absorver a fundamentação de outro
3 - Na resolução de assuntos da mesma natureza, pode utilizar-se qualquer meio mecânico que reproduza
os fundamentos das decisões, desde que tal não envolva diminuição das garantias dos interessados.
➡ Não Decisão
Sem prejuízo do disposto no n.º 2 do artigo 13.º e no artigo seguinte, a falta, no prazo legal, de decisão
final sobre pretensão dirigida a órgão administrativo competente / 1ª consequência constitui
incumprimento do dever de decisão, / 2ª consequência ou consequência da consequência: conferindo ao
interessado a possibilidade (o particular é que decide se quer utilizar tais meios ou se prefere esperar) de
João Bernardo Silva 48 de 68
Direito Administrativo
utilizar os meios de tutela administrativa e jurisdicional adequados (a ida para tribunal tem o prazo de 1 ano
após o fim do prazo para a decisão, tendo 3 meses após a decisão expressa para pedir a anulação da
decisão).
Até 2004, permanecia a regra de que, em caso de incumprimento do dever de decisão, haveria
indeferimento tácito, ou seja, considerava-se que o pedido haveria sido indeferido tacitamente,
tendo o requerimento o pior de dois mundos: seria indeferido, nem poderia ser impugnado porque
não teria decisão,
Mas a partir de 2004 passou-se a aceitar o silêncio naquilo que ele verdadeiramente é: um
silêncio, permitindo o reconhecimento do incumprimento do dever de decidir, abrindo as portas ao
particular do Tribunal ao fim de 90 dias sem decisão.
Não houve decisão nos 90 dias, tendo o particular esperado, surgindo uma decisão expressa
negativa para o particular e o prazo de 1 ano a partir dos 90 dias é para os silêncio da
Administração, por isso, agora com a decisão expressa tem 3 meses para apresentar em tribunal
a impugnação da decisão.
Ao contrário das decisões expressa onde a data da decisão é fixa, é clara, nas situações de
silêncio, dá-se um prazo razoavelmente amplo de 90 dias.
No que respeita às impugnações em tribunal, este é fixado em 90 dias, seja dentro ou fora do
prazo para decisão.
3 - No caso previsto no número anterior, o prazo corre desde a notificação do acto, sendo aplicável o
disposto nos artigos 59.º e 60.º
Aliás o CPTA prevê que, em caso de silêncio ou de decisões desfavoráveis, espera-se que o
Tribunal faça mais do que devolver a questão ao acto competente, anulando e impondo a prático
do acto devido.
1 - Ainda que o requerimento apresentado não tenha obtido resposta ou a sua apreciação tenha sido
recusada, o tribunal não se limita a devolver a questão ao órgão administrativo competente, anulando ou
declarando nulo ou inexistente o eventual acto de indeferimento, mas pronuncia-se sobre a pretensão
material do interessado, impondo a prática do acto devido.
João Bernardo Silva 49 de 68
Direito Administrativo
• Actos Tácitos
Há ainda uma situação excepcional a dar ao silêncio, solução essa que só vigora nos casos
previstos na lei que é a de dar ao silêncio o valor de uma decisão favorável, associada aos actos
tácitos ou diferimento tácito
ex. A e B querem fazer investigação, fazendo um requerimento à faculdade para tal e esta
responde afirmante a A, mas não responde a B, tendo-se de ir à lei ver se lá se dizia que, em caso
de silêncio há deferimento tácito, equiparando este a uma decisão favorável.
1 - Existe deferimento tácito quando a lei ou regulamento determine que a ausência de notificação da
decisão final sobre pretensão dirigida a órgão competente dentro do prazo legal tem o valor de
deferimento.
2 - Considera-se que há deferimento tácito se a notificação do ato não for expedida até ao primeiro dia
útil seguinte ao termo do prazo da decisão.
3 - O prazo legal de produção de deferimento tácito suspende-se se o procedimento estiver parado por
motivo imputável ao interessado e só se interrompe com a notificação de decisão expressa.
4 - Quando a prática de um ato administrativo dependa de autorização prévia ou um ato esteja sujeito à
aprovação de um órgão da Administração Pública ou de outra entidade no exercício de poderes públicos,
prescinde-se da autorização prévia ou da aprovação desde que o órgão que as solicitou tenha interpelado
o órgão competente para as emitir. - se a continuação do procedimento depender de outro órgão e esse não
participar dentro do prazo, notifica-se esse órgão para o emitir.
5 - A interpelação a que se refere o número anterior deve ser efetuada decorridos 10 dias, a contar do
termo do prazo para a autorização ou aprovação, devendo o órgão competente, nesse caso, emiti-las no
prazo de 20 dias.
O antigo CPA descrevia uma serie de exemplos em que haveria deferimento tácito, já este CPA
opta por remeter para legislação especial que possa ocorrer.
Em síntese, no novo CPA, só existem actos tácitos deferidos nos casos previstos na lei, fixando o
legislador dois requisitos:
‣ a pretensão tenha sido dirigida ao órgão competente: isto é, o particular ter apresentado
o requerimento ao órgão competente (caso tenha enviado ao que achava ser o
competente, mas não o era, esse tem a responsabilidade de enviar para órgão
competente), entendo Tiago Duarte que o prazo deveria ser contado desde o dia em que
o requerimento chega à posse do órgão competente (Artigo 130º.3), suspendendo-se o
prazo de 90 dias para a formação do pedido tácito até que este entre no órgão
competente.
‣ tenha sido dentro do prazo legal: o legislador colocou o foco, não na data da decisão
mas na notificação ao particular, falando-se em deferimento tácito na ausência de
notificação no prazo adequado.
ex. alunos têm no máximo 30 dias após o inicio do ano lectivo par pedir a transferência, se não
houver decisão, então há diferimento tácito - o pressuposto legal são os 30 dias: se não cumpre o
prazo não pode esperar que seja cumprido.
A notificação do acto tem de ser enviada até o primeiro dia útil seguinte ao termo (dia 90) do prazo
da decisão:
No antigo CPA ou conseguia-se mostrar que o dia 89 era fictício ou então nada se poderia fazer.
No novo CPA, o legislador optou por beneficiar o particular, dizendo que o relevante é a data em
que se expediu por correio a decisão, estabelecendo o máximo de um dia após o termo do prazo
Havia ainda, na doutrina, a dúvida sobre como se contaria esses 90 dias, divida esse que não foi
clarificada neste novo CPA. Assim, tomemos os vários exemplos agora apresentados:
20 10 …………… 90 dias…………….
I____I__I________I_________________I Os 90 dias só começam a contar quando o particular
…….. 90 dias……. junta todos os documentos obrigatórios
O particular não pode querer beneficiar como se tivesse juntado todos os documentos
necessários, já que a Administração não teve 90 dias para decidir pois o documento era essencial.
20 10
I____I__I________I Não se justifica a suspensão, ignorando-se os 10 dias pois o processo foi
…….. 90 dias……. parado por motivo imputável à Administração.
20 10 5 5
I____I__I_I_______I__I Suspende-se por 5 dias, pois o processo esteve parado por motivo
…….. 90 dias……….+5. imputável ao interessado.
Como vimos decisão expressa equivale a um deferimento tácito, sendo que as suas decisões
podem ser também ilegais, podendo o particular impugnar uma decisão que lhe é favorável por
achar ilegal.
ex. um vizinho crê que um deferimento que permita a construção de 3 andares tirar-lhe-ia a vista,
sendo para eles o deferimento desfavorável.
De recordar também que, após um ano na presença de uma invalidade não impugnada, esta
invalidade “torna-se” “válida”
ex. um requerimento para construir uma torre de 30 andares é deferido, sendo o máximo 5
andares, dizendo que, no caso de silêncio, este vale como um deferimento tácito, a decisão é
ilegal.
João Bernardo Silva 51 de 68
Direito Administrativo
Assim, tanto viola a lei um acto expresso como uma acto tácito.
Enquanto que nas decisões expressas quem tem de decidir pondera a legalidade e o mérito das
decisões (consoante o interesse público), podendo o particular, numa questão de legalidade
dirigir-se aos tribunais e numa questão de mérito ao superior hierárquico, no silêncio enquanto
decisão tácita de deferimento e, não tendo havido ponderação de mérito, o deferimento pode ser
anulado pelo tribunal numa questão de ilegalidade, mas quanto ao mérito, este deferimento tácito
pode ser altamente prejudicial para o interesse público e, não tendo havido decisão da
Administração nada se pode fazer.
Só existe a possibilidade de alterar uma decisão tácita sem ponderação de mérito se for útil ou
beneficiar o particular.
Se há uma decisão tácita, houve já decisão, não podendo a Administração dizer que afinal não
decidiu, assim, no caso dum silêncio por deferimento tácito, juridicamente o pedido não está à
espera de ser decidido, assim, encara-se a decisão expressa como uma revogação da decisão
tácita, sendo esta substituída, só podendo a Administração substituir um deferimento por um
indeferimento caso este tenha sido ilegal.
Assim, caso o deferimento seja legal e confira um direito nada se pode fazer, pelo contrario, se o
acto tácito é ele próprio inválido, este pode ser anulado pela Administração e ser substituído por
outra decisão, tendo o particular 3 meses para impugnar a decisão.
No antigo CPA, se a decisão expressa tivesse vindo com data de 8 de Maio, não teria havido
deferimento tácito, “falsificando” muitas vezes a Administração essa decisão, colocando uma
decisão de 15 de Maio com data de 8 de Maio.
1 - É declarado deserto o procedimento que, por causa imputável ao interessado, esteja parado por mais
de seis meses, salvo se houver interesse público na decisão do procedimento.
2 - A deserção não extingue o direito que o particular pretendia fazer valer. - se o direito não estiver
sujeitos a um prazo, o particular pode voltar a requerê-lo: ex. A, professor, deixa o processo parado porque
pediram que continuasse a dar aulas, A pode passado 2 anos começar um novo procedimento
* Falta de pagamentos de Taxas ou Despesas: quando o particular não paga o que deveria pagar,
ressalvando que o .2 foi já tido pela doutrina como inconstitucional por violar o princípio da
proporcionalidade.
ex. A tem 15 dias para pagar, ao não pagar o direito extingue-se, mas, pode readquiri-lo se, nos
próximos 10 dias pagar em dobro.
5. NOTIFICAÇÃO
O artigo mais relevante é o 114º, explicando o 112º e o 113º a sua forma e a sua perfeição.
a) O texto integral do ato administrativo, incluindo a respetiva fundamentação, quando deva existir;
c) A indicação do órgão competente para apreciar a impugnação administrativa do ato e o respetivo prazo,
no caso de o ato estar sujeito a impugnação administrativa necessária.
3 - O texto integral do ato pode ser substituído pela indicação resumida do seu conteúdo e objeto, quando
o ato tiver deferido integralmente a pretensão formulada pelo interessado.
5 - Quando não haja prazo fixado na lei, os atos administrativos devem ser notificados no prazo de 8 dias.
Também nas relações poligonais, ou seja, aquelas onde pode haver mais que um interessado na
decisão, impõe-se a publicação desse acto administrativo.
Quando a lei impuser a publicação do ato, mas não regular os respetivos termos, deve a mesma ser feita
no Diário da República ou na publicação oficial da entidade pública, e na Internet, no sítio institucional da
entidade em causa, no prazo de 30 dias, e conter todos os elementos referidos no n.º 1 do artigo 151.º
O Artigo 160º acrescenta que se impõe a publicação se o acto administrativo tiver como conteúdo
a imposição de certas situações, só contando o efeito a partir do momento da notificação
Independentemente da sua forma, os atos que imponham deveres, encargos, ónus, sujeições ou sanções,
que causem prejuízos ou restrinjam direitos ou interesses legalmente protegidos, ou afetem as condições
do seu exercício, só são oponíveis aos destinatários a partir da respetiva notificação.
2 - Fora dos casos abrangidos pelo número anterior, o autor do ato administrativo só pode atribuir-lhe
eficácia retroativa:
a) Quando a retroatividade seja favorável para os interessados e não lese direitos ou interesses
legalmente protegidos de terceiros, desde que à data a que se pretende fazer remontar a eficácia do ato
já existissem os pressupostos justificativos dos efeitos a produzir;
ex. A deve receber mais 500€ do que recebia - não é prejudicial ao particular
b) Quando estejam em causa decisões revogatórias de atos administrativos tomadas por órgãos ou agentes
que os praticaram, na sequência de reclamação ou recurso hierárquico;
ex. aplicaram a A uma coima de 50€ por dia, não tido A culpa de nada, recorrendo para o Reitor da
faculdade e, tendo razão, a revogação tem efeitos retroactivos permitindo a A reaver os 50€ por dia.
c) Quando tal seja devido para dar cumprimento a deveres, encargos, ónus ou sujeições constituídos no
passado, designadamente em execução de decisões dos tribunais ou na sequência de anulação
administrativa, e não envolva a imposição de deveres, a aplicação de sanções, ou a restrição de direitos ou
interesses legalmente protegidos. - semelhante a b), tendo efeitos retroactivos as decisões que revoguem
ou anulem a decisão anterior, assim como a anulação das decisões pelas quais se recorre para Tribunal.
O Acto Administrativo pode ser válido - embora alguns possam ser revogados por motivos de
mérito - ou inválidos, podendo estes últimos ser:
> nulos (regra geral): podendo esta ser declarada a qualquer tempo: Artigo 161º e 162º
> anulável (excepção): podendo ser pedido a sua anulação no prazo de 1 ano: Artigo 163º
• Nulidade
1 - São nulos os atos para os quais a lei comine expressamente essa forma de invalidade.
a) Os atos viciados de usurpação de poder; - a usurpação de poderes só surge quando há uma usurpação
na separação de poderes: ex. Ministro quer revogar uma decisão da competência dos tribunais ou o
Tribunal querer decidir um acato administrativo.
b) Os atos estranhos às atribuições dos ministérios, ou das pessoas coletivas referidas no artigo 2.º, em
que o seu autor se integre; - incompetência absoluta.
ex. Câmara Municipal de Lisboa e Câmara Municipal de Cascais com atribuições de Município, mas um
partilha as de Lisboa e o outro de Cascais, tendo cada município as suas próprias atribuições, logo
estaríamos perante uma incompetência absoluta e um acto nulo.
c) Os atos cujo objeto ou conteúdo seja impossível, ininteligível ou constitua ou seja determinado pela
prática de um crime;
d) Os atos que ofendam o conteúdo essencial de um direito fundamental; - Tiago Duarte critica este
alínea por desconhecer saber o que é um acto que careça em absoluto de forma legal.
e) Os atos praticados com desvio de poder para fins de interesse privado; - Artigo novo no CPA:
devendo-se procurar saber se há ou não desvio de poder e porquê, afectando apenas actos discricionários,
sendo nulo por exemplo um acto de corrupção, mas anulável um acto decidido por interesse público como
pela fluidez do trânsito.
j) Os atos certificativos de factos inverídicos ou inexistentes; - outra inovação do CPA, onde, perante
factos inexistentes ou inverídicos com um documento da decisão, certificando-a, esse mesmo acto não se
consolidaria: ex. A consegue que um órgão administrativo certificasse que ele era o proprietário da Lua - o
acto certificativo não tem qualquer valor.
l) Os atos praticados, salvo em estado de necessidade, com preterição total do procedimento legalmente
exigido.
A usurpação referida na alínea a) do Artigo 161º não pode ser confundida com questões de
competência, recordando a distinção entre:
> incompetência relativa: actos em que apesar de ter sido um órgão incompetente a
praticar o acto, este partilha as mesmas atribuições que o órgão competente, podendo o
vício ser anulado.
ex. acto que deveria ter sido praticado pela Assembleia Municipal foi praticado pela Câmara
Municipal
> incompetência absoluta: actos em que atém de ter sido o órgão incompetente a praticar
o acto, este prossegue diferentes atribuições do órgão competente, sendo o vício nulo.
ex. Ministro da Saúde e Ministro da Educação - dois órgãos distintos, da mesma: Estado, mas
com atribuições a organização distinta.
Os actos nulos podem ser invocados como tal a todo o tempo por qualquer interessado, podendo
ainda esta ser conhecida por qualquer autoridade ou declarada pelos tribunais ou órgãos
administrativos competentes para tal
1 - O ato nulo não produz quaisquer efeitos jurídicos, independentemente da declaração de nulidade.
2 - Salvo disposição legal em contrário, a nulidade é invocável a todo o tempo (não se sana ao longo do
tempo, podendo ser conhecido a qualquer momento) por qualquer interessado e pode, também a todo o
tempo, ser conhecida por qualquer autoridade e declarada pelos tribunais administrativos ou pelos órgãos
administrativos competentes para a anulação. - a nulidade pode ser declarada pela Administração e
Tribunais
3 - O disposto nos números anteriores não prejudica a possibilidade de atribuição de efeitos jurídicos a
situações de facto decorrentes de atos nulos, de harmonia com os princípios da boa-fé, da proteção da
confiança e da proporcionalidade ou outros princípios jurídicos constitucionais, designadamente associados
ao decurso do tempo. - um acto nulo quando fundamenta uma situação de facto, já ter ou não passado um
um certo tempo sem que se soubesse que o que estava na base eram um acto nulo seria violador do
principio da boa-fé, protecção da confiança e da proporcionalidade por estar a desfazer uma situação criada
no mundo dos factos apenas por não ter sustentação jurídica.
ex. a nomeação para um cargo (directora de especialidade) é ilegal, mas A exerceu-no de facto por 10
anos, estando A de boa-fé, respeitando todos os princípios, então reconhece-se os efeitos jurídicos não ao
acto nulo, mas à situação de facto constituída, regularizando a situação com a devida fundamentação,
chamando-se a isto os efeitos potativos dos actos nulos.
Assim, retenha-se que um acto potativo é aquele que atribui efeitos que os actos nulos
produziriam se não fossem nulos, sendo, para que estes se verifiquem, necessários que:
Aliás, usa-se a expressão “efeitos/situações de facto” justamente para os contrapor aos efeitos
jurídicos
ex. A era diplomata em Paris, mas passado 3 anos conclui-se que deveria era estar na Noruega -
não se pode evitar, que, de facto que ele tenha estado em Paris, mas podemos emendar,
colocando-o na Noruega no próximo triénio.
• Anulação
1 - São anuláveis os atos administrativos praticados com ofensa dos princípios ou outras normas jurídicas
aplicáveis, para cuja violação se não preveja outra sanção. - são anuláveis aqueles aos quais a lei não
preveja outra sanção que não a anulabilidade
2 - O ato anulável produz efeitos jurídicos, que podem ser destruídos com eficácia retroativa se o ato vier
a ser anulado por decisão proferida pelos tribunais administrativos ou pela própria Administração. - os
efeitos jurídicos dos actos anuláveis podem ser destruídos retroactivamente pela Administração e pelos
Tribunais se anulados.
3 - Os atos anuláveis podem ser impugnados perante a própria Administração (ver Artigo 168º e ss.) ou
perante o tribunal administrativo (ver Artigo 68º do CPTA) competente, dentro dos prazos legalmente
estabelecidos.
4 - Os atos anuláveis podem ser anulados pela Administração nos prazos legalmente estabelecidos.
5 - Não se produz o efeito anulatório quando: - artigo novo no CPA correspondendo a situações onde não
se produz efeitos anulatórios, havendo a corporizarão de um princípio geral, o do aproveitamento dos actos
a) O conteúdo do ato anulável não possa ser outro, por o ato ser de conteúdo vinculado ou a apreciação
do caso concreto (actos discricionários) permita identificar apenas uma solução como legalmente possível;
ex. existiam 4 candidatos, mas 3 desistem, naquela situação concreta só há uma hipótese possível de
decidir-se por aquele que se manteve.
b) O fim visado pela exigência procedimental ou formal preterida tenha sido alcançado por outra via;
ex. havia uma exigência formal de pedido um parecer, mas ao invés, colocou-se num site para consulta
pública e aquele que deveria emitir um parecer comentou, pronunciando-se sobre essa situação.
c) Se comprove, sem margem para dúvidas, que, mesmo sem o vício, o ato teria sido praticado com o
mesmo conteúdo.
O Artigo 164º, apresenta-nos 3 maneiras de salvar um acto inválido, sem declarar a sua nulidade:
ex. a lei permitia que essas licenças fossem emitidas com reserva de revogação, mas a licença foi
atribuída sem essa reserva, muda-se o acto, passando a ser válido, havendo uma modificação de
forma a legitimar a legalidade que esse acto deveria ter.
1 - São aplicáveis à ratificação, reforma e conversão dos atos administrativos as normas que regulam a
competência para a anulação administrativa dos atos inválidos e a sua tempestividade.
3 - Em caso de incompetência, o poder de ratificar o ato cabe ao órgão competente para a sua prática.
5 - Desde que não tenha havido alteração ao regime legal, a ratificação, reforma e a conversão retroagem
os seus efeitos à data dos atos a que respeitam, mas não prejudicam a possibilidade de anulação dos
efeitos lesivos produzidos durante o período de tempo que as tiver precedido, quando ocorram na
pendência de processo impugnatório e respeitem a atos que envolvam a imposição de deveres, encargos,
ónus ou sujeições, a aplicação de sanções ou a restrição de direitos e interesses legalmente protegidos.
Por revogação entende-se um ato administrativo que visa à cessação de um acto administrativo
por interesse público e não por legalidade.
Já anulação administrativa é o ato administrativo que determina a destruição dos efeitos de outro
acto com fundamento em invalidade
1 - A revogação é o ato administrativo que determina a cessação dos efeitos de outro ato, por razões de
mérito, conveniência ou oportunidade. - regra geral a revogação não é retroactiva
2 - A anulação administrativa é o ato administrativo que determina a destruição dos efeitos de outro ato,
com fundamento em invalidade. - a anulação tem efeitos retroactivos
O Artigo 166º descreve quais os actos que não são susceptíveis de serem revogados ou
anuláveis
a) Os atos nulos;
b) Os atos anulados contenciosamente; - aqueles que foram já anulados anteriormente pelo Tribunal
c) Os atos revogados com eficácia retroativa. - não faz sentido revogar o acto pela segunda vez:
podendo ser revogados os actos revogados sem eficácia retroactiva, desde que essa procure destruir os
efeitos para o passado
2 - Os atos cujos efeitos tenham caducado ou se encontrem esgotados só podem ser objeto de anulação
administrativa ou de revogação com eficácia retroativa. - por terem tido um período de tempo limitado,
cessando ou esgotando os seus efeitos no futuro, só faz sentido que estes possam destruir os efeitos
criados anteriores (retroactivos)
Criticava-se o antigo CPA, por ser demasiado protector dos efeitos dos particulares em
contraponto com a protecção do interesse público, entendendo-se que a Administração poderia
terminar um contracto atempadamente por motivos de interesse público, compensando o
particular, mas que tal não seria possível nos actos administrativos, não podendo estes serem
revogados por motivos de interesse público mesmo que se compensasse com o particular, assim
surgiu o Artigo 167º neste novo CPA:
1 - Os atos administrativos não podem ser revogados quando a sua irrevogabilipdade resulte de
vinculação legal ou quando deles resultem, para a Administração, obrigações legais ou direitos
irrenunciáveis. - se a lei impõe um acto administrativo e esse foi praticado, não o podemos revogar
a) Na parte em que sejam desfavoráveis aos interesses dos beneficiários; - ex. pagar renda de 500€
b) Quando todos os beneficiários manifestem a sua concordância e não estejam em causa direitos
indisponíveis; - quando o beneficiário aceita o acto (ex. carrinha de street food que teria de estar parada no
mesmo sítio, mas o reitor queria que esta andasse pelo campus todo, revogando o acto, criando outro, com
o consentimento do dono da carrinha, dando algo que lhe beneficia)
d) Com fundamento em reserva de revogação, na medida em que o quadro normativo aplicável consinta
a precarização do ato em causa e se verifique o circunstancialismo específico previsto na própria cláusula. -
deve ser articulado com o Artigo 149º, sendo que, um acto administrativo aprovado com reserva de
revogação é aquele que, ao ser aprovado é um acto administrativo constitutivo de direitos, diz-se ao
particular que se aprova esse acto, mas que este não fica com esse direito porque a Administração reserva
o direito de revogação.
ex. A, proprietário da carrinha de street food quer tê-la no campus por 5 anos e o Reitor atribui a licença,
mas com reserva de revogação, ou seja, o reitor, pode, a qualquer momento, revogar com pré-aviso essa
licença mesmo que não tenham passado os 5 anos.
4 - A revogação prevista na alínea c) do n.º 2 deve ser proferida no prazo de um ano, a contar da data do
conhecimento da superveniência ou da alteração das circunstâncias, podendo esse prazo ser prorrogado,
por mais dois anos, por razões fundamentadas. - o prazo conta-se a partir do momento que a Administração
está na posse desse conhecimento concreto ou circunstancia de facto, tendo 1 ano, período o qual deve
revogar o acto, embora esse prazo possa ser prorrogado por 2 anos - esse prazo explica-se pelo intuito de
encontrar uma situação menos absoluta ou menos bruta, resolvendo o problema, sem que se tenha de
revogar o acto, ou seja, dando algum tempo à entidade privada para se adaptar às novas circunstancias e
evitar a revogação.
5 - Na situação prevista na alínea c) do n.º 2, os beneficiários de boa-fé do ato revogado têm direito a ser
indemnizados, nos termos do regime geral aplicável às situações de indemnização pelo sacrifício, mas
quando a afetação do direito, pela sua gravidade ou intensidade, elimine ou restrinja o conteúdo
essencial desse direito, o beneficiário de boa-fé do ato revogado tem direito a uma indemnização
correspondente ao valor económico do direito eliminado ou da parte do direito que tiver sido restringida. -
no regime da responsabilidade civil do Estado, prevê-se como se indemniza os danos que o Estado faça
que possam prejudicar os particulares, prevendo-se, nas indemnizações ao Estado por actuação legal uma
indemnização por sacrifício que pode ser requerida pelo particular.
A segunda parte do numero 5 dá a entender que quando a afectação do direito seja “grave ou intensa”,
haveria outra consequência, mas se a primeira parte fala de um regime especial em prejuízos especiais e
anormais porque é que a norma diz que no caso de ser grave e intenso a consequência é outra? É algo
contraditório, repetindo, na verdade o disposto na primeira parte.
6 - Para efeitos do disposto no número anterior, consideram-se de boa-fé os beneficiários que, à data da
prática do ato revogado, desconheciam sem culpa a existência de fundamentos passíveis de determinar a
revogação do ato. - explica quem são os beneficiários de boa fé, mas Tiago Duarte entende esse numero
não se aplica, tomemos o seguinte exemplo:
ex. é atribuída uma licença a um particular em 2000 por 30 anos, mas chega-se a 2015 e temos o acto de
revogação da licença, revogando a licença dada e a razão pela qual podemos revogar é porque em 2014
houve uma alteração de circunstancias ou conhecimentos científicos novos e esses, SE tivessem sido
conhecidos em 2000, impediriam que a licença tivesse sido atribuída, mas não se sabia… sendo assim,
Tiago Duarte não consegue perceber porque é que a lei diz que aquele que recebeu a licença em 2000 tem
direito a indemnização se tiver de boa fé e o que é estar de boa fé? É ter conhecimento que surgiriam novos
conhecimentos científicos ou novas alterações de circunstancia, mas claro que este desconhecia o facto
porque só mais tarde é que este veio a ser descoberto.
O Artigo 169º, aplica-se tanto à revogação como à anulação, mas nem sempre da mesma
maneira.
1 - Os atos administrativos podem ser objeto de revogação ou anulação administrativas por iniciativa dos
órgãos competentes, ou a pedido dos interessados, mediante reclamação ou recurso administrativo.
2 - Salvo disposição especial e sem prejuízo do disposto nos números seguintes, são competentes para a
revogação dos atos administrativos os seus autores e os respetivos superiores hierárquicos, desde que não
se trate de ato da competência exclusiva do subalterno (desde que a lei diga que não se trata de um acto
exclusivo do subalterno, podendo o seu superior hierárquico revogá-lo).
3 - Os atos administrativos podem ser objeto de anulação administrativa pelo órgão que os praticou e pelo
respetivo superior hierárquico. - semelhante ao nº2, adaptando as críticas do nº4 à anulação e não à
revogação.
4 - Enquanto vigorar a delegação ou subdelegação (só tendo tais competências sobre dada matéria devido
à delegação: ex: delegado tinha delegação de poderes e realizou um acto administrativo: indeferiu o poder
de um particular, mas o delegante revogou a delegação, o delegado, ao não estar ja ao abrigo duma
delegação de competências, já não é o competente, não podendo revogar as decisões tomadas.), os atos
administrativos praticados por delegação ou subdelegação de poderes podem ser objeto de revogação ou
de anulação administrativa pelo órgão delegante ou subdelegante, bem como pelo delegado ou
subdelegado.
Tiago Duarte levanta a questão de, se o delegado enquanto autor poderia revogar o acto ao abrigo do nº2,
enquanto autor, entendendo que este nº 4 serve para que o delegado não revogue actos praticados por si
quando já não está sob o manto da delegação de poderes, pois trata-se de uma situação limitada, que
necessita da delegação de poderes para poder ser praticado, entendendo ainda que o delegante pode
revogar os actos do delegado quer exista ou não delegação de poderes, pois o delegante não ganha ou
perde poderes por causa da delegação.
5 - Nos casos expressamente permitidos por lei, os atos administrativos praticados por órgãos sujeitos a
superintendência ou tutela administrativa (dever-se-ia falar apenas nos poderes de tutela porque a
superintendência, per si, nunca dá poderes de revogação) podem ser objeto de revogação ou de anulação
administrativa pelos órgãos com poderes de superintendência ou tutela.
6 - Os atos administrativos praticados por órgão incompetente podem ser objeto de revogação ou de
anulação administrativa pelo órgão competente para a sua prática.
Havia duas posições na doutrina face a esta situação; uma entendia que fazia sentido que o órgão
incompetente revogasse o acto e uma outra, que pelo contrário, entendia que se se permitisse tal situação
chegar-se-ia ao cúmulo, onde qualquer órgão poderia revogar a actuação de outro órgão por se “achar
competente”, tendo o legislador entendendo que os actos praticado por órgão incompetente poderiam ser
revogados ou anulados pelos órgãos competentes, mas Tiago Duarte não entende porque poderia ser
revogado, não entende como é que o órgão competente poderia revogar um acto praticado por um órgão
incompetente que acha ser competente, admitindo apenas que se poderia anular tais actos.
- Revogação
Em princípio não está sujeita a prazos, podendo ser revogada a qualquer altura por questões de
mérito, estando apenas sujeita a prazos se for penalizadora para os particulares, tendo 1 ano ou
no máximo 2 (caso se justifique) a partir da “data de conhecimento”, tal como nos diz o Art. 167º.4:
4 - A revogação prevista na alínea c) do n.º 2 deve ser proferida no prazo de um ano, a contar da data do
conhecimento da superveniência ou da alteração das circunstâncias, podendo esse prazo ser prorrogado,
por mais dois anos, por razões fundamentadas. - o prazo conta-se a partir do momento que a Administração
está na posse desse conhecimento concreto ou circunstancia de facto, tendo 1 ano, período o qual deve
revogar o acto, embora esse prazo possa ser prorrogado por 2 anos.
- Anulação Administrativa
1 - Os atos administrativos podem ser objeto de anulação administrativa no prazo de seis meses, a contar
da data do conhecimento pelo órgão competente da causa de invalidade, ou, nos casos de invalidade
resultante de erro do agente, desde o momento da cessação do erro, em qualquer dos casos desde que
não tenham decorrido cinco anos, a contar da respetiva emissão. - regra geral
2 - Salvo nos casos previstos nos números seguintes, os atos constitutivos de direitos só podem ser objeto
de anulação administrativa dentro do prazo de um ano, a contar da data da respetiva emissão. - para os
atos constitutivos de direitos, mas, se os actos são objecto de anulação administrativos são actos inválidos.
3 - Quando o ato tenha sido objeto de impugnação jurisdicional, a anulação administrativa só pode ter lugar
até ao encerramento da discussão. - nos casos de impugnação judicial é até o o processo estar fechado.
4 - Salvo se a lei ou o direito da União Europeia prescreverem prazo diferente, os atos constitutivos de
direitos podem ser objeto de anulação administrativa no prazo de cinco anos, a contar da data da
respetiva emissão, nas seguintes circunstâncias:
a) Quando o respetivo beneficiário tenha utilizado artifício fraudulento com vista à obtenção da sua
prática;
b) Apenas com eficácia para o futuro, quando se trate de atos constitutivos de direitos à obtenção de
prestações periódicas, no âmbito de uma relação continuada;
c) Quando se trate de atos constitutivos de direitos de conteúdo pecuniário cuja legalidade, nos termos da
legislação aplicável, possa ser objeto de fiscalização administrativa para além do prazo de um ano, com
imposição do dever de restituição das quantias indevidamente auferidas.
5 - Quando, nos casos previstos nos n.os 1 e 4, o ato se tenha tornado inimpugnável por via jurisdicional,
o mesmo só pode ser objeto de anulação administrativa oficiosa.
7 - Desde que ainda o possa fazer, a Administração tem o dever de anular o ato administrativo que tenha
sido julgado válido por sentença transitada em julgado, proferida por um tribunal administrativo com base na
interpretação do direito da União Europeia, invocando para o efeito nova interpretação desse direito em
sentença posterior, transitada em julgado, proferida por um tribunal administrativo que, julgando em última
instância, tenha dado execução a uma sentença de um tribunal da União Europeia vinculativa para o Estado
português.
Recordar apenas que um acto de revogação é um acto administrativo estando sujeito a toda a
Marcha do Procedimento, incluindo-se a audiência prévia dos interessados e o dever de
fundamentação.
1 - Por regra, a revogação apenas produz efeitos para o futuro, mas o autor da revogação pode, no
próprio ato, atribuir-lhe eficácia retroativa quando esta seja favorável (ex. revogação da taxa que os
alunos têm de pagar quando se inscrevem à partida teria efeitos apenas para o futuro, mas por terem
causado benefícios ao particular pode ter efeitos retroactivos se assim o autor do acto o fixar) aos
interessados ou quando estes concordem expressamente com a retroatividade e não estejam em causa
direitos ou interesses indisponíveis. - a revogação apenas produz tem efeito para o futuro, nas fazendo
sentido destruir, sendo esses actos válidos, os efeitos anteriores à revogação, mas o autor da revogação
pode atribuir eficácia retroactiva caso essa favorável ao particular ou estes concordem com essa
3 - Salvo disposição especial, a anulação administrativa produz efeitos retroativos, mas o autor da
anulação pode, na própria decisão, atribuir-lhe eficácia para o futuro, quando o ato se tenha tornado
inimpugnável por via jurisdicional. - uma anulação administrativa produz efeitos retroactivos, fazendo
sentido, pois, sendo a norma inválida, é normal que se destrua os efeitos produzidos, mas o autor do acto,
pode, na sua decisão, dizer que essa anulação vale para o futuro caso se tenha tornado inimpugnável por
via jurisdicional, ou seja, não podendo o acto ser anulado pela Tribunal, a Administração pode entender se a
sua anulação destrói tudo ou não.
ex. A é inválido e B anula A, não se aplicando mais A daí em diante, destruindo-se, em princípio, os efeitos
produzidos por A, embora possa haver situações em que B anula A, mas não se destrói os efeitos
retroactivos.
4 - A anulação administrativa produz efeitos repristinatórios e, quando tenha por objeto a anulação de um
ato revogatório, só não determina a repristinação do ato revogado se a lei ou o ato de anulação assim
expressamente dispuserem. - a anulação administrativa só não produz efeitos represtinatórios se o autor
do acto assim o entender ou a lei expressamente o dispuser.
De destacar apenas o Artigo 173º, onde há uma nota de equiparação dizendo-se que tudo aquilo
que se leu (Artigo 165, 167, 169, etc.) sobre a revogação aplica-se também à substituição
1 - Salvo disposição especial, são aplicáveis à alteração e substituição dos atos administrativos as normas
reguladoras da revogação.
2 - A substituição de um ato administrativo anulável, ainda que na pendência de processo jurisdicional, por
um ato válido com o mesmo conteúdo sana os efeitos por ele produzidos, assim como os respetivos atos
consequentes.
3 - No caso previsto no número anterior, se o ato substituído tiver tido por objeto a imposição de deveres,
encargos, ónus ou sujeições, a aplicação de sanções ou a restrição de direitos ou interesses legalmente
protegidos, a renovação não prejudica a possibilidade da anulação dos efeitos lesivos produzidos durante o
período de tempo que precedeu a substituição do ato.
• RECURSOS
Como se sabe, o destinatário de um acto administrativo pode estar descontente com o acto
recebido ou porque:
> entende que o acto é inválido, podendo se dirigir: à Administração ou aos Tribunais
> entende que o acto apesar de válido, não é a decisão que mais lhe favorece,
associando-se aos actos discricionários, podendo se dirigir apenas à Administração
- Administração
Quer seja um acto válido ou inválido, o particular pode dirigir-se à Administração, sob duas
hipóteses, podendo:
> apresentar uma reclamação, pedindo ao autor do acto que reaprecie o acto, voltando a
decidir sobre a matéria perante a qual pode anular (169º.3) ou revogar (169º.2).
> apresentar um recurso, dirigindo-se a outro órgão que não o autor do acto.
Antes de os distinguir, de referir apenas que segundo o Artigo 185º.2, em princípio, isto é, caso a
lei nada diga, a reclamação e o recurso são facultativos.
Assim, o particular perante actos inválidos tanto pode primeiro apresentar um recurso ou uma
reclamação na Administração, como pode dirigir-se para o tribunal. Já perante actos válidos que
sejam contrários ao seu interesse, recurso é também facultativo, embora só possa, se assim
pretender, recorrer para a Administração.
1 - As reclamações e os recursos são necessários ou facultativos, conforme dependa, ou não, da sua prévia
utilização a possibilidade de acesso aos meios contenciosos de impugnação ou condenação à prática de
ato devido.
2 - As reclamações e os recursos têm caráter facultativo, salvo se a lei os denominar como necessários.
3 - Sempre que a lei não determine o contrário, as reclamações e os recursos de atos administrativos
podem ter por fundamento a ilegalidade ou inconveniência do ato praticado.
> Reclamação
O seu prazo é de 15 dias, começando a ser contado desde o dia seguinte à recepção da
notificação: Artigo 191º.3: “quando a lei não estabeleça prazo diferente, a reclamação deve ser
apresentada no prazo de 15 dias”
1 - O prazo da reclamação e dos recursos pelos interessados a quem o ato administrativo deva ser
notificado só corre a partir da data da notificação, ainda que o ato tenha sido objeto de publicação
obrigatória.
2 - O prazo da reclamação e dos recursos por quaisquer outros interessados dos atos que não tenham de
ser obrigatoriamente publicados começa a correr do seguinte facto que primeiro se verifique:
b) 3 - O prazo da reclamação e dos recursos contra a omissão ilegal de ato administrativo conta-se da
data do incumprimento do dever de decisão.
João Bernardo Silva 64 de 68
Direito Administrativo
> Recurso
* recurso hierárquico impróprio: com as mesmas regras do recurso hierárquico mas com a
especificidade de se recorrer a um órgão que não era superior hierárquico (ex. delegado ->
delegante ou Presidente da Câmara -> Câmara enquanto órgão colegial)
* recurso tutelar quando se recorria para o órgão de tutela, se existisse e se tivesse tutela
revogatória (ex. Instituto Público -> Ministro)
1 - Sempre que a lei não exclua tal possibilidade, o recurso hierárquico pode ser utilizado para:
a) Impugnar atos administrativos praticados por órgãos sujeitos aos poderes hierárquicos de outros
órgãos; - percebendo-se que, um ato pratico por um órgão sujeito a uma relação hierárquica, o particular
pode recorrer automaticamente ao superior hierárquico
b) Reagir contra a omissão ilegal de atos administrativos, por parte de órgãos sujeitos aos poderes
hierárquicos de outros órgãos.
2 - Quando a lei não estabeleça prazo diferente, o recurso hierárquico necessário dos atos administrativos
deve ser interposto no prazo de 30 dias e o recurso hierárquico facultativo, no prazo de impugnação
contenciosa do ato em causa.
> Recursos Administrativos especiais - Artigo 199º, aplicando-se nestes, salvo excepções o
regime do recurso hierárquico.
Só existem nos casos previstos na lei, podendo-se recorrer para o Tribunal caso não esteja
previsto qualquer tipo de recurso administrativo.
Distingue-se fundamente quatro tipos de recursos administrativos especiais:
No antigo CPA esta alínea justificava-se quando o delegante tem poder de supervisão pelo
delegado, mas ainda assim, ter-de-ia de pertencer à mesma pessoa colectiva.
Ainda assim, na nova redação deste CPA encontra-se dois problemas:
‣ mantém a referência à mesma pessoa colectiva o que não faz sentido pois o poder de
supervisão existe mesmo que não sejam da mesma pessoa colectiva.
‣ o artigo acabou, na verdade esvaziado porque servia, no antigo CPA, para os actos
praticados pelo delegado, permitindo o seu recurso ao delegante, mas agora existe o
numero 2 do 199º que é exclusivo para essa situações.
* recurso para o delegante ou subdelegante dos actos praticados pelo delegado ou subdelegado -
Artigo 199º.2
É supérfluo pois, se não existisse, aplicar-se-ia a alínea a), e, verificando-se também, apenas nos
casos previstos na lei, Tiago Duarte não percebe porque se criou o número 2 em vez de ter
adicionado uma alínea nos casos previstos no numero 1.
Do antigo CPA abandonou-se a expressão da “mesma pessoa colectiva”, mas passou-se a dizer
que esse recurso só existe nos casos previstos na lei.
a) Para órgão da mesma pessoa coletiva que exerça poderes de supervisão; - ex. B praticou o acto e o
particular quer recorrer do acto de B, tendo A o poder de supervisão sob B, podendo por isso revogar ou
substituir os actos praticados por B
b) Para o órgão colegial, de atos ou omissões de qualquer dos seus membros, comissões ou secções; -
ex. se a lei previr é possível que, a um acto praticado pelo Presidente da câmara se recorra para a Câmara.
c) Para órgão de outra pessoa coletiva que exerça poderes de tutela ou superintendência. - numa relação
de tutela, existe também superintendência, não se percebendo o sentido de falar-se em “poderes de tutela
ou de superintendência”
2 - Sem prejuízo dos recursos previstos no número anterior, pode ainda haver lugar, por expressa
disposição legal, a recurso para o delegante ou subdelegante dos atos praticados pelo delegado ou
subdelegado. - ex. se previsto na lei, a um acto de A, delegado, pode se recorrer para B, delegante.
3 - O recurso tutelar previsto na alínea c) do n.º 1 só pode ter por fundamento a inconveniência ou
inoportunidade do ato ou da omissão nos casos em que a lei estabeleça uma tutela de mérito. - o recurso
para o órgão de outra pessoa colectiva que exerça poderes de tutela ou superintendência só pode
acontecer por fundamento de inconveniência ou inoportunidade do acto se o órgão tiver tutela de mérito.
5 - Aos recursos previstos no presente artigo são aplicáveis as disposições reguladoras do recurso
hierárquico, mas, quanto ao recurso tutelar, apenas na parte em que não contrariem a natureza própria
deste e o respeito devido à autonomia da entidade tutelada. - a tudo o que não estiver especificado, aplica-
se o regime do recurso hierárquico.
• Prazos
O Artigo 185º.2 diz-nos que os recursos e as reclamações têm caráter facultativo, salvo se a lei os
denomine como necessários.
2 - Quando a lei não estabeleça prazo diferente, o recurso hierárquico necessário dos atos administrativos
deve ser interposto no prazo de 30 dias e o recurso hierárquico facultativo, no prazo de impugnação
contenciosa do ato em causa.
João Bernardo Silva 66 de 68
Direito Administrativo
O recurso é sempre dirigido ao mais elevado superior hierárquico, isto é, aquele que
verdadeiramente decide, salvo a competência para a decisão estar sob uma acto de delegação.
1 - O recurso é dirigido ao mais elevado superior hierárquico do autor do ato ou da omissão, salvo se a
competência para a decisão se encontrar delegada ou subdelegada.
1 - Recebido o requerimento, o autor do ato ou da omissão deve notificar aqueles que possam ser
prejudicados pela sua procedência para alegarem, no prazo de 15 dias, o que tiverem por conveniente
sobre o pedido e os seus fundamentos. - quem praticou o acto tem a oportunidade de se defender da
decisão tomada que foi a recurso
4 - Para efeitos do disposto no número anterior, o autor do ato recorrido não pode modificar ou substituir o
ato recorrido em sentido menos favorável ao recorrente.
5 - O órgão responsável pelo incumprimento do dever de decisão pode praticar o ato ilegalmente omitido
na pendência do recurso hierárquico, disso dando conhecimento ao órgão competente para conhecer do
recurso e notificando o recorrente e os contrainteressados que hajam deduzido oposição.
7 - O requerimento a que se refere o número anterior deve ser apresentado dentro do prazo previsto para a
interposição de recurso hierárquico contra o ato praticado.
• Decisão do Recurso
Em geral, o órgão com competência para decidir o recurso ou confirma a decisão ou modifica-a,
revoga-a ou substitui-lhe.
1 - O órgão competente para conhecer do recurso pode, salvas as exceções previstas na lei, confirmar ou
anular o ato recorrido e, se a competência do autor do ato recorrido não for exclusiva, pode também
revogá-lo, modificá-lo ou substituí-lo, ainda que em sentido desfavorável ao recorrente.
2 - O órgão competente para conhecer do recurso não fica obrigado à proposta de pronúncia do autor do
ato ou da omissão, e deve respeitar, na fundamentação da decisão que venha a tomar, quando não opte
por aquela proposta, os requisitos previstos no artigo 153.º
3 - O órgão competente para decidir o recurso pode, se for caso disso, anular, no todo ou em parte, o
procedimento administrativo e determinar a realização de nova instrução ou de diligências
complementares.
4 - No caso de ter havido incumprimento do dever de decisão, o órgão competente para decidir o recurso
pode substituir-se ao órgão omisso na prática desse ato, se a competência não for exclusiva deste, ou
ordenar a prática do ato ilegalmente omitido.
Devendo a decisão sobre o recurso ser feita no prazo de 30 dias, começando este a ser contado
deste a chegada do recurso ao órgão competente
1 - Quando a lei não fixe prazo diferente, o recurso hierárquico deve ser decidido no prazo de 30 dias, a
contar da data da remessa do processo ao órgão competente para dele conhecer.
2 - O prazo referido no número anterior é elevado até ao máximo de 90 dias, quando haja lugar à realização
de nova instrução ou de diligências complementares.
3 - No âmbito do recurso hierárquico necessário, o superior hierárquico deve apreciar todas as questões
suscitadas pelo recorrente, excetuadas aquelas cuja decisão esteja prejudicada pela solução dada a outras.
4 - O indeferimento do recurso hierárquico necessário ou o decurso dos prazos referidos nos n.os 1 e 2,
sem que haja sido tomada uma decisão, conferem ao interessado a possibilidade de impugnar
contenciosamente o ato do órgão subalterno ou de fazer valer o seu direito ao cumprimento, por aquele
órgão, do dever de decisão.
Resta acrescentar que, quando os particulares recorrem para a Administração, o prazo para que
estes recorram ao Tribunal fica suspenso até que a Administração o decida. Assim, caso a
Administração decida desfavoravelmente ao particular o prazo para que este possa recorrer ao
tribunal volta a contar.
No entanto, caso a Administração decida o recurso ou quando tenham passado 30 dias úteis sem
que se tenha tido decisão esse prazo é descongelado, segundo o Artigo 59º.4 do CPTA.
Tiago Duarte entende que, caso a Administração tenha entendido prolongar o prazo da decisão, o
prazo suspende-se durante esse prolongamento, pois o artigo 59º.4 do CPTA estabelece o prazo
legal e não os 30 dias
Conceitos recorrentes: desvio de poder, poder de tutela / direcção, entidade pública empresarial,
principio de preferência de lei, desconcentração de poderes, sanação do ato administrativo