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Resumo Mini-Teste I (22 de novembro 2022)

1) O Direito Administrativo
Em Portugal, a parte mais representativa da atividade da administração, isto é, a atividade
de gestão pública, encontra-se subordinada ao Direito Administrativo.
Com a Revolução Francesa, o conceito de Direito – e do próprio Direito Administrativo –
sofreu uma evolução considerável, baseando-se na filosofia política de então e nos ideais
da liberdade, igualdade e da fraternidade.
Estado de Direito – Estado subordinado ao Direito
Sendo ainda que o princípio da legalidade foi evoluindo.
Estado Social de Direito – O Estado passou a ter cada vez mais preocupações sociais,
sem perder de vista o respeito pela lei.
O Direito Administrativo português pode definir-se como o sistema das normas jurídicas
que regulam a organização e o processo próprio de agir da Administração Pública e
disciplinam as relações pelas quais ela prossiga interesses coletivos podendo usar de
iniciativa e do privilégio da execução prévia.
O Direito Administrativo é o ramo do Direito Público que regula a organização, o
funcionamento e a atividade da AP, que visa prosseguir o interesse público, sem – no
entanto – perder de vista as garantias dos particulares.

2) A Administração Pública
Quando se fala em administração pública, tem-se presente todo um conjunto de
necessidades coletivas cuja satisfação é assumida como tarefa fundamental pela
coletividade, através de serviços por esta organizados e mantidos.
Ou
Conjunto complexo de atividades e organismos que visam satisfazer necessidades
coletivas.
As necessidades coletivas podem reconduzir-se a: segurança, cultura, bem-estar
económico e social e progresso.
Onde quer que exista e se manifeste com intensidade suficiente uma necessidade
coletiva, aí surgirá um serviço público destinado a satisfazê-la, em nome e no interesse
da coletividade.
Contudo, nem todos os serviços que funcionam para a satisfação das necessidades
coletivas são criados e geridos pelo Estado.
Fica excluído do âmbito administrativo a necessidade coletiva de realização da justiça, já
que esta pertence exclusivamente ao poder judicial.

3) AP em sentido objetivo e subjetivo


Em sentido objetivo, material ou de atividade administrativa: conjunto de decisões e
operações mediante as quais o Estado e outras entidades públicas procuram assegurar a
satisfação regular das necessidades coletivas de segurança e de bem-estar dos
indivíduos, obtendo e empregando racionalmente para esse efeito os recursos adequados.
A atividade de administrar.

Em sentido subjetivo, orgânico, ou de organização administrativa: conjunto de


organismos que existe e funciona para satisfação das necessidades coletivas. Sistema de
serviços e entidades. Denomina-se (vulgarmente) por burocracia ou função pública, o
conjunto dos indivíduos que trabalham ao serviço da administração.
Da atuação desses indivíduos nasce a atividade administrativa → administração em
sentido material ou objetivo.

4) A Administração Pública e a administração privada


A AP apresenta características próprias e específicas que tornam impossível a sua
submissão aos mesmos princípios que regem a administração Privada, que advém
principalmente de a AP ser um instrumento de poder político.
Distinguem-se pelo objeto que incidem, pelo fim que visam prosseguir e pelos meios que
utilizam.
AP A. PRIVADA
Qt. ao Objeto - Versa sobre necessidades coletivas, - Versa sobre necessidades
assumidas como tarefa e individuais.
responsabilidade própria da coletividade.
Qt. aos Fins - Tem necessariamente de prosseguir - Tem em vista fins
um interesse público. pessoais ou particulares
sem vinculação.
Qt. aos Meios - A lei permite-lhe a utilização de - Os meios jurídicos que
determinados meios de autoridade, que cada pessoa utiliza para
possibilitam às entidades e serviços atuar caraterizam-se pela
públicos impor-se aos particulares sem igualdade entre as partes,
ter de aguardar o seu consentimento, ou sendo o contrato o seu
mesmo, fazê-lo contra a sua vontade instrumento típico.

Formas típicas da AP:


- Regulamentos;
- Atos Administrativos;
- Contratos Administrativos;
- Operações materiais.
5) Normas orgânicas, funcionais e relacionais
Normas orgânicas: regulam a organização da AP. Definem a sua estrutura, os seus
órgãos, serviços, etc. Definem ainda as atribuições das pessoas coletivas públicas e as
competências dos respetivos órgãos. Tratam-se de verdadeiras normas jurídicas, pois,
sendo violadas, geram o vício de incompetência.

Normas funcionais: regulam o modo de agir específico da AP (o seu funcionamento).


Destacam-se: normas processuais. Estas normas estabelecem o procedimento a seguir
pela AP, bem como a racionalização dos meios a utilizar pelos serviços.
n.º 5 do art.º 267.º da CRP
Normas relacionais: regulam as relações da AP com outros sujeitos de Direito,
nomeadamente os particulares, reconhecendo poderes de autoridade à AP, impondo ónus
ou encargos à AP, e atribuindo direitos subjetivos ou reconhecendo interesses legítimos
aos particulares face à AP.

Três tipos de relações jurídicas reguladas pelo Direito Administrativo:


- As relações entre a AP e os particulares;
- As relações entre duas ou mais pessoas coletivas públicas;
- Certas relações entre dois ou mais particulares (ex. concessionário e utente).

6) A AP e as Funções do Estado

Função Política (GOV, PR, AR)


Funções primárias
Função Legislativa (GOV, AR,
Funções do Estado órgãos Reg. Aut.)

Função Jurisdicional (Tribunais)


Funções secundárias
Função Administrativa
(Autarquias, EP)

a) Função política e função administrativa


A política, enquanto atividade pública do Estado, tem um fim específico: definir o
interesse geral da coletividade. A AP existe para prosseguir outro objetivo: Realizar em
termos concretos o interesse geral definido pela política.

A Política tem como objeto as grandes opções que o país enfrenta ao traçar rumos do seu
destino coletivo.

b) Função legislativa e função administrativa


A função legislativa encontra-se no mesmo plano/nível que a função política.
- Na verdade, também a legislação define opções/objetivos, normas abstratas,
enquanto que a administração aplica e executa o que lhe superiormente for determinado.
- A diferença principal entre legislação e administração está em que, nos dias de
hoje, a AP é uma atividade totalmente subordinada à lei:
A lei é o fundamento, o critério e o limite de toda a atividade administrativa.

c) Função jurisdicional e função administrativa


Traços comuns: ambas são secundárias, executivas e subordinadas à lei.
Traços que as distinguem: uma consiste em julgar, outra em gerir.
- A justiça visa aplicar o direito aos casos concretos, a AP visa prosseguir interesses
gerais da coletividade.
- A justiça está acima dos interesses, é desinteressada, não é parte nos conflitos
que decide.
- A AP defende e prossegue os interesses coletivos a seu cargo, é parte
interessada.

A justiça é assegurada por tribunais cujos juízes são inamovíveis no seu cargo.
A AP é exercida por órgãos e agentes hierarquizados;

É importante acentuar que do princípio da submissão da AP à lei, decorre outro princípio –


o da submissão da AP aos tribunais para apreciação e fiscalização dos seus atos e
comportamentos.

Concluindo:
A função administrativa é instrumental da função política.
A função administrativa encontra-se subordinada à função legislativa.
A função administrativa é controlada pela função jurisdicional.

7) Pessoa coletiva de direito público


Uma pessoa coletiva de direito público é aquela que prossegue o interesse público de
forma imediata, necessária e originária, que exerce poderes públicos e está sujeita a
deveres públicos em nome próprio.
Para que uma pessoa coletiva seja pública não basta que prossiga um qualquer interesse
social, tendo que prosseguir o interesse público, ou seja, o interesse social que a
coletividade política entende dever prosseguir através da função administrativa. A
dimensão social do interesse respeita apenas à sua compatibilidade com os valores que
norteiam a vida coletiva, pois para que a natureza pública do interesse possa ser afirmada
tem que se verificar a titularidade e modo de prossecução a cargo de uma pessoa coletiva
pública.
Todas as pessoas coletivas de Direito público prosseguem o interesse público, mas não
prosseguem, em regra, todos os interesses públicos. As pessoas coletivas públicas têm
específicas atribuições, que são os concretos fins de interesse público que uma
determinada pessoa coletiva está incumbida de prosseguir.
As atribuições das pessoas coletivas públicas vinculam quer os seus órgãos, quer os seus
serviços, sendo ilegal a atuação de uns e de outros que as extravase ou desrespeite,
sendo nisto que consiste o princípio da especialidade.
Quando numa pessoa coletiva predomine o elemento pessoal essa pessoa coletiva diz-se
de tipo associativo ou corporacional, e quando predomine o elemento patrimonial ela diz-se
de tipo institucional. O Estado-administração, as regiões autónomas, as autarquias locais,
as associações públicas e as universidades públicas são pessoas coletivas de tipo
associativo ou corporacional, enquanto os institutos públicos e as empresas públicas são
pessoas coletivas de tipo institucional.
Cinco tipos de Pessoas Coletivas Públicas:
- Estado;
- Autarquias locais;
- Associações Públicas;
- Institutos Públicos;
- Empresas Públicas.

8) Atos de gestão pública vs atos de gestão privada


Atos de gestão pública:

9) Características do atual sistema de administração português


O sistema de administração português encontra-se fortemente influenciado pelo sistema
francês/sistema de administração executiva.
Com o tempo, este sistema foi recebendo influências do sistema
anglo-saxónico/administração judiciária.

Características:

Direito Administrativo é o Direito aplicável às relações entra a AP e os particulares.


AP atua provida dos seus poderes de soberania → Direito de supra-infra-ordenação

Privilégio da execução prévia – deriva da presunção da legalidade da atuação


administrativa. Trata-se de uma prerrogativa que goza a AP que lhe permite impor os seus
atos.

Providência cautelar para a suspensão da eficácia de um ato administrativo ou de uma


norma.
Requisitos:
-Que a suspensão do ato não cause grave prejuízo para o interesse público;
-Que a execução imediata do ato cause um prejuízo grave e de difícil reparação;
-Que o ato seja claramente ilegal e que quem solicita o decretamento da providência
cautelar tenha legitimidade para tal;
-Ideia de proporcionalidade (necessidade, adequação e proporcionalidade em sentido
estrito/proibição do excesso).
Verificados todos os requisitos, o tribunal pode suspender a eficácia do ato administrativo.

O Direito Administrativo não reconhece apenas direitos e privilégios à AP:


Também lhe impõe encargos, ónus, sujeições, deveres diferentes dos deveres a que os
particulares se encontram sujeitos.

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