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DIREITO ADMINISTRATIVO

Ano Letivo de - 2000/2001

Bibliografia: Curso de Direito Administrativo do Prof. Doutor Freitas do Amaral

INTRODUÇÃO

HISTÓRIA:

A atividade Administrativa é a execução das Leis, um Direito de Gestão dos


assuntos Públicos.

A sua origem vem da Revolução Francesa, cujo Governo e Juizes, são órgãos
executivos da Lei, que é emanada da Assembléia da República, nascendo
assim o Direito Administrativo (DA).

Há sectores da atividade administrativa, que não é só Direito de mera


Execução, pois têm também alguma autonomia, p. Ex. A Atribuição de
Subsídios.

Há, no entanto, o Código do Procedimento Administrativo, que regula o modo


de execução Administrativa.

Uma das características do DA é o privilégio da Execução Prévia, pois sendo a


Lei a expressão da vontade popular, ou seja, a Legitimidade do Poder, tem a
ver com a sua origem no modelo Legislativo, deve então a Administração em
1º lugar executar a Lei, beneficiando assim da sua autoridade, (herança da
Rev. Francesa), em contraposição ao Sistema Inglês, em que a Administração
e o cidadão, estão em paridade perante a Lei, é o chamado Regime
Administrativo Judicial, pois é o Tribunal que sanciona.

Atualmente, a tendência, é para adotar o modelo Liberal (Inglês de Jonh


Locke), limitando a legitimidade do Poder: á Propriedade Privada e aos Direitos
Individuais, sendo o principal poder, o Judicial (evolução do sistema inglês).

Em Portugal, é o modelo Francês que caracteriza o Direito Administrativo

O DA é um Direito Público, o qual é utilizado pela Administração Pública, a


qual também utiliza o Direito Privado, nomeadamente quando utiliza o
“Contrato”, (negociação bilateral, p. Ex. Lei Mateus, Soc. Parque Expo, ...), o
qual embora seja regulado pelo D. Privado, a Administração ainda assim está
numa posição de força, embora mais limitadamente.

PARTE GERAL:

Execução de Leis: A administração compõe-se de um conjunto de órgãos para


realizar tal tarefa, mas não são unicamente órgãos do Estado, são entidades
de outra natureza, p. Ex.: Autarquias Locais, Institutos Públicos, Empresas
Privadas, etc.

Administração Pública Administração Privada


Objetivos Satisfazer necessidades Necessidades particulares
básicas
Fins Prossecução de fins públicos Interesses particulares
Meios Atua com poderes de Contrato de duas vontades
autoridade

A função Política do Estado compete a vários órgãos do Estado,


nomeadamente o PR, que estão subordinados a CRP

A função Executiva do Estado são os Atos Administrativos, que estão


subordinados a CRP e a Legislação e são passíveis de recurso.

Tipos de Atos da Função Administrativa:

- Atos Normativos (Regulamentos, conteúdo Geral e Abstrato)


- Atos Individuais e Concretos (Atos Adminis. propriamente
ditos)
- Atos de Fato (Gestão corrente, informais, Avisos,
Recomendações)
- Atos Adminis. em forma de Lei (Leis de conteúdo individual e
concreto; Criação, Extinção de Empresas Públicas)

o Atos Adminis. e Sentenças (Função Judicial Estado),


são idênticos, pois têm conteúdo individual e concreto,
Ex.: de Atos da Função Judicial Estado, executados por
agentes da Administração: Decretar Divórcios é feita
pelo Conservador, Executar Penas de Prisão é feita
pelo Diretor da Prisão.

Direito Administrativo Geral e Especial: Especial é o Econômico,


Urbanismo, Função Pública, Militar, Educação e Ensino, ...

Distinção entre Direito Adm. e Ciência da Administração é que esta visa


estudar a orgânica e funcionamento dos órgãos Adm. Em ordem a maximizar
resultados e diminuir custos.

Não há Códigos de DA, porque é um Direito recente, só havendo


codificações parciais, p. Ex.: Código do Procedimento Administrativo.

ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA

Orgânica – Subjetivo, Pessoas Coletivas – PC – Vários Tipos:

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- Estado – Cujo órgão principal é o Governo. Criado pelo
Costume (Povo, Território e poder Político org)
- Regiões Autônomas – Criadas pela CRP
- Autarquias Locais – PC Territoriais do interesse das
populações
o Municípios
o Juntas de Freguesia
o Regiões Administrativas
Administração Pública – Conjunto pessoal e estrutural da organização
Administrativa: PC, Órgãos e Serviços Públicos.

Objetivo / Material – Atividade típica dos organismos e indivíduos, que


sob a direção ou fiscalização do poder Político, desempenham serviços
de satisfação regular e continua, das necessidades coletivas: 3
necessidades:

Segurança, Cultura e Bem Estar, nos termos da lei e sob controle


judicial através de: Atos Contratos e Procedimentos

Função – Executar a Lei, subordinada á Lei, que é o fundamento, o


critério e limite de toda a atividade administrativa-

PC – Pública: Criada por iniciativa Pública, com vista á prossecução de


interesses públicos (Fins), para o que está dotada de poderes e deveres
públicos.

Serviços Públicos – Estrutura organizativa, encarregada de preparar e


executar, as decisões dos órgãos das PC

Órgão – Centro de decisão / poder, da vontade da PC

Atribuição – Fins legais, prosseguidos pela PC

Competências – Poderes jurídicos dos órgãos, para prossecução das


Atribuições

Hierarquia – Tipo de relacionamento interorgânico, que caracteriza a


burocracia, modelo organizativo vertical, que consubstancia a relação jurídico
funcional, entre PC ou serviços, empenhados na prossecução de determinadas
atribuições comuns e agentes envolvidos nas mesmas tarefas e que se traduz
essencialmente, no poder de direção do superior hierárquico e no dever de
obediência (mesmo de ato ilegal), do subordinado.

Poderes: Supervisão – Revogar ou suspender o Ato,


Disciplinar – Inquéritos, Processos e sancionar disciplinarmente

Órgãos que desempenham funções Adm. e que não pertencem ao Estado


(Aut. Locais, Institutos,.), dado que o Estado Português é Descentralizado ou

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Plural, com diversas fontes de legitimidade Política, que pressupõem a
concorrência de diversas maiorias Políticas (AR, Aut. Locais, Sufrágios
Nacionais e Regionais)

Características Cumulativas da Descentralização:

1 – Personalidade Jurídica Autônoma das Entidades Locais / Regionais


2 – Reconhecimento do Estado, que esta Autonomia dispõe de uma
esfera de interesses próprios, que não se confundem com o Estado, e
de uma correspondente capacidade para tratamento desses interesses,
através de atos concretos
3 – Elegibilidade dos órgãos dessas mesmas entidades
4 – Meios financeiros suficientes para exercício concreto dessa
autonomia
O Estado Português elege na CRP de 1976 o sistema Político Constitucional
da Descentralização de Poder Local, quer:

- Político / Territorial: Regiões Autônomas e Autarquias Locais,


quer:

- Administrativo / Devolução de Poderes: Serv. Estado,


Institutos Públicos, Associações Públicas e...(Universidade)

Art.º 267 CRP – Princípios da Estrutura Administrativa do Estado, que


estabelece a Descentralização e Desconcentração, tendo ficado consignado,
que este princípio Constitucional, não pode ser revisto

Desconcentração – Transferência de atribuições por parte dos órgãos


superiores do Governo, que Hierarquicamente ou por Delegação de Poderes,
quer delegando competências aos escalões mais baixos, quer atribuindo
competência a entidades periféricas, p. Ex.: Direções Regionais de vários
Ministérios.

Pretende-se assim:
- Desonerar os órgãos superiores do Estado dos assuntos de
rotina, ficando assim mais livres politicamente.
- Aproximar os serviços públicos das populações Locais
- Tornar mais eficiente a Administração Publica

Administração Autônoma – Interesses próprios e não do Estado, tal


como nas Autarquias Locais, pode no entanto e Estado transferir
poderes a estas entidades.

Concentrada = Poder decisório confiado a um


órgão
Direta
Central Desconcentrada – Poder decisório
repartido por órgãos

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Periférica – Governadores Civis
Ad. Estado
Institutos Públicos – Inst. da Vinha e do
Vinho PC Públicas Associativa – Ordens Profissionais, Univ.
Hosp
Descent. EP – Sector Empresarial do Estado –
CP, RTP
Indirecta (Poderes de Superintendência e Tutela de
Mérito)

PC Privadas - Fundações

Municípios
Territorial – Autarquias Locais Freguesias
Descentral. (Tutela da Legalidade Inspectiva) Regiões Administrativas
Administração
Autônoma Política e Territorial – Regiões Autônomas
Não Territorial – Autoridades Adm. Independentes – AAC
Social

Entidades Autônomas - Competências próprias de serviços públicos

Entidades Privadas – Administração Pública que se exerce, recorrendo a


entidades Privadas.

Institutos Públicos, e Empresas Públicas, que o Estado cria, e a que atribui


actividades que eram do Estado, de interesse público (Banco de Portugal, Inst.
Vinha e do Vinho, Casa do Douro).

Institutos Públicos – Têm tarefas que não são comerciais

Empresas Públicas – Têm caracter comercial, cuja maior parte eram empresas
privadas que posteriormente vieram a ser nacionalizadas (1975).
Mais tarde as EP foram extintas, sendo substituídas por soc. Privadas, para as
quais transferiram o seu património.
Actualmente são empresas de actividades de interesse público, embora o
Estado, tenha vendido a quase totalidade do seu Capital, mantendo no entanto
uma Gold Share, que lhe permite gerir o seu controle, o qual é compatível com
a forma jurídico privada de atividade, através das quais ela se exerce

Vantagens:
- Não estão sujeitas ao controle público
- Não necessitam de autorizações governamentais
- Não estão sujeitas ás regras de EP
- Não respondem perante o Tribunal de Contas

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Associações Públicas: Administração exercida por entidades privadas, que não
foram criadas pelo estado e que já existiam na sociedade, e que levam a cabo
um conjunto de atribuições, que transcendem os meros interesses dos
respectivos associados, e ás quais e em consequência disso, são pelo
legislador integradas numa esfera de interesse público. P. Ex. Ordens; Casa
do Douro; Comissão Vitivinícola da Bairrada, Estabelecimentos Público, Ex.
Universidades, Hospitais, etc. Têm autorização legislativa para poderes
disciplinares.

Ordens Profissionais - Consequências do reconhecimento legal:

- Unicidade (inscrição obrigatória)


- Poderes Disciplinares – Aplicação de Sanções
- Regulamentação de Acesso
- Quotizações Obrigatórias

Autarquias Locais, AL: Lei 159/99 de 14.09 Lei de Bases das AL e 169/99 de
18.09 Competência das AL.

- Município – PC Pública de população e território, que visa a


satisfação das necessidades coletivas da população residente
na circunscrição concelhia.
- Freguesia – PC Pública de população e território que visa a
satisfação das necessidades coletivas da população residente
na circunscrição paroquial.

3 Sistemas de Atribuições das AL – Art.º 237 CRP e Leis 159 e 169/99

- 1 – Inumeração taxativa das atribuições


- 2 – Clausula Geral ou Abstracta, em que se traçam as
fronteiras de que as AL dispõe
- 3 – Misto – Conjugação dos 2 sistemas anteriores (sistema
português

Fases Legislativas da AL:

- CRP
- Leis 159 e 169/99
- Direito Administrativo
o Regulamentos
o Aplicação de Coimas

Entidades Autárquicas Institucionais: Serviços Municipalizados

Poderes do Estado:

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Administração Direta – Quer seja Concentrado, quer seja
Desconcentrado/Periférica, os poderes são de hierarquia, pois tem a
capacidade de emitir directivas, instruções concretas e poderes disciplinares
intensos.

Administração Indirecta – Os poderes do Estado dizem-se de


Superintendência

Administração Autônoma – Os poderes do Estado dizem-se de Tutela


(inspectiva), ou seja ver se cumprem as Leis que as regulam, no caso das
Autarquias Locais, são estas inspeccionadas pelos Governadores Civis.

FONTES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

1 – CRP
2 – Lei /Decreto – Lei
3 – Princípios Gerais de Direito
4 – Regulamento

Princípios Fundamentais e Gerais de Direito:

1. Considerações gerais

Princípios gerais de Direito Administrativo


Como fontes de direito permitem ampliar a lei, levando a uma aplicação
mais ponderada – apresentam-se argumentos.

Porquê é que os princípios gerais de D. Administrativo aparecem?

Aparecem em França, no Conselho de Estado (Espécie de Tribunal


Administrativo).
A partir de 1946/1958 – O Conselho de Estado insiste nos princípios gerais
como fonte – Deve-se a uma razão de direito positivo – O Governo tem
competência reservada ( O Parlamento tem menos e relativa). E no art.º 47.º
da CR Francesa “ Fora da reserva do Parlamento é do Governo” Þ Não existe
competência concorrencial – Tem a ver com De Gaulle, que era todo anti -
parlamentar.

O Governo em França não faz normas com força de lei. Só faz


regulamentos. Coloca-se o problema de se saber quem é que controla os
regulamentos? E entendem que são regulamentos administrativos, há que
controlá-los não em função de lei parlamentar, mas controla-se em função de
princípios gerais de Direito Administrativo Þ Conselho de Estado.

Os princípios gerais não estão na CR Francesa, mas estão no seu


preâmbulo e na tradição da República Francesa.
Os Princípios gerais são a única forma de controlar os regulamentos
independentes do Governo.

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Princípios Gerais de Direito Administrativo

No início os Princípios gerais de D. Administrativo eram de natureza criativa


dos juizes. Mas o Positivismo jurídico (que faz a ligação entre a liberdade e a
subjectividade, mas mal) não aceita, diz que os princípios são os que estão na
lei.

Há uma liberdade objectiva, a liberdade jurídica, o cumprimento da lei e


fazendo-se uma interpretação objectiva, encontra-se o sentido da lei. O
preenchimento de lacunas, no D. Administrativo, não pode ser utilizado os
métodos que se utilizam no D. Civil. O Direito Administrativo é autónomo em
relação ao D. Civil (ao privado) ÞNo D. Administrativo pode haver uma
interpretação correctiva.

Diferença entre Arbítrio e discricionaridade – o primeiro o agente actua, com


pleno conhecimento da lei, mas deliberadamente, não a cumpre. No segundo,
por vários motivos, existe uma opção pessoal do agente, mas não se pode
provar que o mesmo não tenha cumprido a lei.

No nosso sistema os Tribunais não podem dar ordens há Administração (111.º


da CRP), apenas podem anular os seus atos. A execução dessas anulações é
que é mais problemática.

2. O Princípio da Prossecução do Interesse Público

Princípio da Prossecução do interesse público e da protecção dos


direitos e interesses dos cidadãos – art.º 4 CPA

Art.º 266.º n.º 1 da CRP e Art.º 4 CPA


1. A Administração Pública visa a prossecução do interesse público, no
respeito pelos direitos e interesses legalmente protegidos dos cidadãos.
2. 2. Os órgãos e agentes administrativos estão subordinados à
Constituição e à lei e devem actuar, no exercício das suas funções, com
respeito pelos princípios da igualdade, da proporcionalidade, da justiça,
da imparcialidade e da boa-fé.

Este princípio é o calcanhar de Aquiles da Administração Pública,


porque tem que ter em conta dois pesos:

· Prossecução do interesse público


· Respeitando os direitos protegidos dos cidadãos

O interesse público não pode colidir com os interesses dos particulares.

1.º - Só a lei pode definir os interesses públicos a cargo da Administração, não


pode ser a Administração a defini-los

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2.º- Onde a lei não defina de forma completa e exaustiva, compete à
Administração interpretar dentro dos limites em que a lei tenha definido.
3.º- A noção de interesse público é uma noção variável, o de hoje pode não ser
o de amanhã.
4.º- Definido o interesse público a sua prossecução é obrigatória pela a
Administração.
5.º- o interesse público delimita a capacidade jurídica das pessoas coletivas
(princípio da especialidade)
6.º- Só o interesse público pode constituir motivo principal determinante para o
acto administrativo- senão leva a desvio de poder.
7.º- a prossecução de interesses privados em vez do interesse público, por
parte de um órgão ou agente leva à corrupção.
8.º- A obrigação de prosseguir o interesse público, exige que a administração
adopte as melhores opçõesÞ Dever de boa administração

Dever de Boa administração - É um dever jurídico imperfeito, porque não


comporta uma sanção jurisdicional. Mas:
1. Existem recursos graciosos;
2. A violação dos funcionários do dever de zelo é uma infracção disciplinar
3. Responsabilidade civil da Administração

3. O Princípio do Respeito pelos Direitos e Interesses Legalmente


Protegidos dos
Cidadãos.

Direitos subjectivos dos particulares – Quando existe uma determinada norma


jurídica que tutela o interesse dos particulares, numa determinada coisa, o
particular pode exigir de outros ou da

Administração as condutas conformes o direito em causa.


Direito Subjetivo: É necessário:
- Que exista um interesse próprio de um sujeito de direito
- Que a lei proteja directamente esse interesse
- Que, em consequência disso, o seu titular possa legalmente exigir de
outrem um ou mais comportamentos que satisfaçam o seu interesse
legítimo
- Que a lei imponha aos restantes sujeitos de direito a obrigação de
adoptar um comportamento que satisfaçam o titular do direito subjectivo
- Que a lei dê ao titular do direito subjectivo o poder de obter a sua plena
realização em caso de violação ou não cumprimento

Interesses legalmente protegidos – Existe um conjunto de normas jurídicas que


defendem o interesse público – e ao serem executadas as normas jurídicas,
os particulares acabam por verem defendidos os seus interesses, embora por
via indirecta.
Interesse legítimo- para que exista:

- Existir um interesse próprio de um sujeito de direito

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- Que a lei proteja directamente um interesse público que se for
correctamente prosseguido, implicará a satisfação simultânea de um
interesse individual referido;
- Que o titular do interesse privado não possa legalmente exigir que
satisfaça o seu interesse, mas possa exigir-lhe que não prejudique esse
interesse ilegalmente;
- Que a lei não impondo à administração que satisfaça o interesse
particular, a proíba de realizar o interesse público com ele conexo de
forma ilegal;
- Que a lei, em consequência disso, dê ao particular o poder de obter a
anulação dos atos pelos quais a administração tenha prejudicado
ilegalmente o interesse privado. Þ implica uma segunda volta, mas não
implica que seja favorável a quem venceu o recurso,

Ex. Avaliação curricular de um funcionário. O Chefe dá Muito Bom a um


funcionário que não merece, outro recorre, não implica que dê ao recorrente
aquela classificação, mas foi reposta a legalidade. Concursos públicos e
“cunhas”, e ganha quem não tem requisitos. 2.º volta, e ganha outro com os
requisitos, que não o recorrente, mas é resposta a legalidade.

Em resumo:
No direito subjectivo – o que existe é um direito à satisfação de um interesse
próprio;
No interesse legítimo – é apenas um direito à legalidade das decisões que
versem sobre um interesse próprio.

Interesse prático, em países como Itália:


Violação de um direito subjectivo – recurso para os tribunais judiciais
Violação de um interesse legítimo – recurso para os tribunais administrativos.

Em Portugal não é assim :


· Retroactividade das leis, art.º 18.º, n.º 3 da CRP – proíbe a
retroactividade das leis restritivas de direitos, mas não proíbe a
retroactividade de interesses legítimos.
· Polícia, 272.º- as actividades estão limitadas pelos direitos dos
cidadãos, mas não pelos seus interesses legítimos.
· Responsabilidade civil da administração, 22.º da CRP, responde por
violação de direitos, mas não por violação de interesses legítimos
· Em princípio não é permitida a revogação de atos constitutivos de
direitos, mas os constitutivos de interesses legítimos, são revogáveis.
· Execução de sentenças dos tribunais administrativosÞ a sentença
anula um acto administrativo, a administração tem que executar essa
sentença, o conteúdo do dever de executar a sentença anulatória varia
conforme se o acto anulado viola um direito subjectivo ou um interesse
legítimo. (Caso da demissão de um funcionário – é reintegrado, mas
volta a decorrer o processo disciplinar)

3. O Princípio da Legalidade:

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(a) Sentido essencial do principio;
(b) Prevalência e Precedência de lei;
(c) O Princípio da Legalidade e o bloco legal;
(d) Vinculação e Discricionaridade Administrativas;
(e) O Princípio da Legalidade e os atos de governo;
(f) O Princípio da Legalidade e as circunstâncias
extraordinárias.

Princípio da Legalidade – Art.º 3.º CPA

É o primeiro de todos os princípios gerais, porque toda a actuação da


Administração Pública está subordinada ao cumprimento da lei. Para
prosseguir o interesse público em obediência à lei.

1.ª vertente – Implica que há necessidade de a Administração Pública cumprir


sempre a lei. (preferência de lei)

2.ª vertente – A Administração Pública não pode actuar sem cobertura legal,
não por violar, mas por não ter suporte legal.(reserva de lei).

A lei não é apenas um limite à acção administrativa, é também o seu


fundamento.
O princípio da legalidade de um Estado de Direito, é diferente do princípio de
legalidade de um Estado com características autoritária.
A diferença é que no Estado de Direito, veja-se art.º 3.º, n.º 1 “...em
obediência à lei e o direito...”, tem em conta a ordem jurídica na sua
globalidade, o que implica que os direitos subjectivos individuais são um limite
também. No Estado autoritário está subordinado, apenas à lei, não tem em
conta a ordem jurídica global.Þ O Governo também pode fazer lei.

A subordinação ao direito Þ é não só o dever de obediência à lei,


mas também à Constituição, ao Direito internacional recebido na ordem
interna, os princípios gerais de direito, regulamentos, direitos resultantes dos
contratos e atos administrativos, a que MAURICE HAURIOU, chamou de
Bloco Legal.

Modalidades do princípio da legalidade:


- A preferência da lei – que consiste em que nenhum acto de categoria
inferior à da lei, pode contrariar a lei sob pena de ilegalidade.
- A reserva de lei – que consiste, em que nenhum acto de categoria
inferior á da lei pode ser praticado sem fundamento na lei.

Existem situações de excepções ao princípio da legalidade Þ não dá lugar ao


puro arbítrio Þ há situações em que a Administração viola o princípio da
legalidade, quando ocorram estados de necessidade, art.º 3.º, n.º 2 CPA.
Em que o valor a sacrificar tem que ser manifestamente inferior (exemplo –

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sacrificar a propriedade em prol da vida. E quem é sacrificado tem direito a
uma indemnização.

Pressupostos do Estado de Necessidade:

1. A ocorrência de factos incontestavelmente graves e anormais, e que


representem um perigo eminente, para um manifestamente superior, em
relação ao sacrificado.
2. Impossibilidade de fazer face ao facto com recurso aos meios normais.

4 - O Princípio da Justiça

Princípio da Justiça (266.º CRP) – 6.º do CPA

Apela à consideração da Administração pública, dos valores fundamentais,


como a dignidade da pessoa humana (veja-se art.º 3.º a referência ao
“Direito”).
Comporta pelo menos 3 corolários:
- Princípio da justiça “stripto sensu”- que consiste em que todo o acto
administrativo com base em manifesta injustiça, é contrário à
Constituição
- Princípio da igualdade
- Princípio da proporcionalidade.

5 - O Princípio da Igualdade

Princípio da igualdade – art.º 5.º, n.º 1 do CPA e 266 CRP

Implica tratar de forma igual o que é igual e tratar de forma desigual o que é
desigual. Traduz-se em 4 vertentes:

· Igualdade da repartição de encargos e deveres dos particulares


· Exigência de igualdade de sacrifícios concedidos pela Administração
· Utilizar critérios idênticos a casos idênticos
· Direito à compensação de sacrifícios

6 - O princípio da Proporcionalidade

Ou também Chamado princípio da proibição do excesso (art.º 5.º, n.º 2 CPA)


A administração deve fazer tudo para não prejudicar os particulares, no
entanto, se não houver alternativa para prosseguir o interesse público, o
sacrifício do particular é balizado, tendo sempre de existir uma proporção entre
encargo/sacrifício e benefício, se a administração impõe um encargo especial
a um cidadão com a anuência da Lei, deve indemniza-lo.

Toda a actuação da Administração implica uma decisão, e esta tem que


ser:

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Adequada – a lesão dos direitos subjectivos privados tem que ser apta à
prossecução do interesse público;
Necessária – A dita lesão terá que ser necessária, quando não há outro
meio:
Proporcional – proporcional e justa, em relação ao benefício que foi
alcançado com a prossecução do interesse público.

7 - O Princípio da Imparcialidade

Princípio da Imparcialidade (266.º da CRP) 6.º do CPA

Este princípio tem que se encarar em duas vertentes:

Vertente negativa Þdiz-nos que o princípio da imparcialidade se traduz numa


espécie de abstenção (non facere), art.º s 44.º e ss do CPA – Impedimentos
absolutos e impedimentos relativos. Em respeito ao princípio da imparcialidade
os funcionários, agentes ou titulares da Administração pública, não poderão
tomar parte em contrato/procedimento administrativo, quando existirem
condições que ponham em causa a isenção do autuante. (Que possam fazer
recair suspeita). O funcionar deve arguir a suspeição (45.º e 46.º CPA), se não
o fizer (51.ºCPA). Nos impedimentos relativos (48.º, n.º 1, deve arguir a
suspeição, 49.º e 50.º CPA).

Vertente positiva Þ Através de dois deveres da Administração pública Þ


Ponderação e Abstenção.
Dever de ponderação – A Administração Pública nas suas opções deve tomar
em conta tudo o que os particulares trazem para o procedimento administrativo
– encontra-se previsto no artigo 100.º do CPA – Audiência dos interessados.
Dever de Abstenção – A Administração Pública não pode tomar em
consideração interesses de carácter político, religioso, etc. (ou seja, estranhos
à função administrativa)

8 - O Princípio da Boa-Fé e o Princípio da Protecção da Confiança

Estes princípios decorrem da natureza contratual dos contratos


administrativos. (266, n. 2 da CRP e 6.º-A CPA)
Boa fé objectiva – envolve os princípios da justiça, igualdade, da
proporcionalidade, mas não se confunde com eles. é um imperativo para
procurar o equilíbrio das relações bilaterais.Þ A violação deste princípio,
envolve responsabilidade civil da Administração.

Protecção e confiança – é um corolário da Boa-fé – e tem vindo a autonomizar-


se em relação à Boa-fé, e assume principal relevância, na proibição da
retroactividade de algumas normas administrativas.

Lei Positiva – Direito Positivista:

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Pontos de vista comuns, Tópicos de aceitação generalizada, para
orientação e resolução de questões, para as quais não há resposta imediata.

3 – Concepções:

- Conceitos Transcendentes – por comparação com o direito


natural, ordem natural/divina
- Orientação Positivista – A ciência jurídica é a elaboração das
Leis, ou seja o direito reduz-se á Lei.(assim resolvem as
lacunas).
- O Produto /Resultado do diálogo democrático, que chega a
plantaformas de entendimento entre os cidadãos, legitimando
assim as situações, que o agente administrativo leva a cabo,
ou seja o dialogo, como eliminação da ignorância e do erro.

Assim os Princípios Gerais, servem para legitimar o trabalho do jurista,


do agente administrativo, na interpretação dos textos, no caso do Juiz.

4 – Regulamento:

Norma secundária, dimanada de órgãos administrativos, de caracter


geral e abstracto, que visa completar, desenvolver ou executar uma Lei.

Evolução Histórica:

- Após a revolução francesa, cujo governo era de mera execução, o


regulamento foi considerado uma norma de mera execução, o Parlamento é
que fazia as Leis e regulamentos.

A Constituição Francesa de 1958, Gaullista (Actual), consagra as


matérias da AR, o Art.º37, diz que as matérias que não são da exclusiva
competência da AR, são da competência do Governo, mas que as normas
emitidas pelo Governo, não se chamam Leis, mas sim Regulamentos, que são
Independentes/Autónomos, mas têm a mesma força da Lei.

- Na Alemanha, a monarquia auto – limitou-se, o Rei atribuiu ao


Parlamento (Burguês), competências para legislar sobre certas matérias, e
reservou as restantes matérias para si, o Parlamento fazia as Leis e o Rei fazia
Regulamentos Independentes.

Actualmente o governo só pode fazer regulamentos de mera execução,


pelo que precisa de Lei prévia, e é o Parlamento que tem todo o poder
Legislativo, pelo que o regulamento tem pouca força, pois está subordinado á
Lei.

- Em Portugal, até 1945 o Governo só podia emitir Decretos sob


autorização, depois de 1945, o governo passa a estar autorizado, em certas
matérias, a fazer decretos Lei.

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Até 1976, o Regulamento Independente, era uma norma indispensável
para a dinamização da ordem jurídica especial, executando as Leis em Geral e
não uma Lei em especial, não podendo ser contrário a Lei.

Com a CRP de 1976 (Art.º 199 al. c)), Princípio da Legalidade, através
da legitimidade democrática, tem o Governo poderes para fazer regulamentos.

Os regulamentos podem ser:


Jurídicos e Externos – Eficácia jurídica Bilateral
Administrativos e Internos – Eficácia Jurídica Interna, esgota-se na própria
Administ.

Art.º 199 Alínea g) CRP – Outorga á Administração a possibilidade


de fazer RI, para dinamização administrativa, da satisfação das necessidades
coletivas, tarefa que o governo tem a seu cargo, visando assim uma maior
simplicidade do processo da sua produção. Pelo que no Art.º 112-7 CRP o
legislador constituinte os volta a referir.

Tendo no entanto o Governo também poderes para fazer Decretos Lei,


então pergunta-se, porque razão faz o governo Regulamentos
Independentes?...

Porque os Regulamentos e Dec. Regulamentares (Excepto os


Regionais):

- Não estão sujeitos á Fiscalização Preventiva da CRP Art.º 134


g)
- Não estão sujeitos á “ “ da AR Art.º 169
- Com excepção dos Dec. Reg., não necessitam de ser
Promulgados pelo PR , Art.º 134 b)

Por estas razões, tal situação não nos parece muito correcta, pois se o
governo tem necessidade de legislar, e é Democrata, então que faça
Dec. Lei, razão pela qual, então não se devia admitir Regulamentos
Independentes (RI)

Existem os RI e os Reg. de mera Execução, existiram também os Reg.


Complementares ou de Desenvolvimento de Leis, que servem para:

Regulamentos de Execução – Não inovam, servem para uma mais clara


interpretação da Lei e integração de Lacunas, são necessários a boa
execução das Leis.

Regululamentos Complementares ou de Desenvolvimento – O Art.º 198-1


c) CRP, define que as normas complementares de Leis Quadro, devem
assumir a forma de Dec.- Lei. e referir a lei habilitante

15
Art.º 112 - 8, da CRP – Apesar de o Legislador lhes chamar RI, obriga-
os a estar vinculados á Lei, pelo que, então não pode haver Regulamentos
sem Lei. Pelo que se supõe, que no caso dos RI, a Lei em concreto é
substituída pelos Princípios G. D. Administrativo, ou pelo Art.º 199 al. g) da Lei
Constitucional.

A CRP ao prever competências administrativas ao Governo, admite


também, que essas competências possam ser exercidas por Atos materiais
(Avisos e Recomendações)

Art.º 112-6 da CRP – Deve-se fazer uma interpretação restritiva e


objectiva á 1ª parte deste artigo, assim: Os Regulamentos só têm eficácia
interna, ou seja só são vinculativos no interior da própria administração,
podendo ser impostos pelos escalões superiores aos órgãos e agentes
subalternos no que se refere só a:

Interpretar ou Integrar uma Lei que lhe deu origem, mas no entanto
acabam por ter efeitos exteriores para os cidadãos, tendo assim eficácia
externa, pois o que o legislador pretendeu, foi evitar a Interpretação Autêntica
das Leis “por atos de outra natureza”, que podem tanto ser Administrativos -
Regulamentares, como jurisdicionais, sentenças, daqui decorrendo a
inconstitucionalidade dos Assentos

Em relação á 2ª parte deste Art.º 112-6, o Regulamento nunca pode


com eficácia interna, Alterar, Modificar ou Extinguir uma Lei, pois se assim
fosse estaríamos na presença de um “Regulamento Delegado”, o que seria
inconstitucional, pois contraria o Princípio da Legalidade, ou seja a primazia da
Lei.

É questionável a existência de Regulamentos individuais e concretos, em


sentido formal, pois estes seriam antes um Ato Administrativo.

Competência para fazer Regulamentos:

- Governo – Competência Administrativa


- Assembleia Legislativa Regional – Reg. de Leis Gerais da
Republica
- Governo Regional – Reg. de um Dec. Legislativo Regional
- Autarquias Locais – Assembleias de: Freguesia, Municipal e
CM
- Institutos Públicos – Ent. P. Empresariais e Associações
Públicas

Forma dos Regulamentos:

- Regulamentos Governamentais: Externos, são publicados no


DR

16
o Decreto Regulamentar – Forma que deve tomar o RI
o Resoluções do Conselho de Ministros
o Portaria – Autoria dos Ministros em nome Governo
o Despacho Normativo – Autoria dos Ministros, nome
próprio
o Despacho Simples
o Circulares

- Assembleias Legislativas Regionais: Publicação no DR


o Decreto Regional

- Autarquias Locais:
o Regulamentos
o Derramas
o Posturas Municipais
o PDM

- Institutos Públicos Autónomos:


o Avisos (B. Portugal)
o Regulamentos

Inderrogabilidade Singular dos Regulamentos (Externos): A Administração está


vinculada, consequência do principio Geral da Auto Vinculação da
Administração (princípio da Legalidade), não o podendo assim desaplicar em
qualquer caso concreto.

Regulamentos Delegados ou Autorizados: Proibidos pelo Art.º 112-6 CRP, mas


no entanto a Administração continua a faze-los,

O Contrato:

Durante muito tempo o contrato foi visto como uma figura de Direito Civil
e por isso era visto como incompatível com a Administração. E por isso alguns
autores dizem que o contrato não é fonte de Direito Administrativo.
Era uma verdade até há pouco tempo ( no que respeita aos contratos
como prática de atos de direito público, porque na gestão privada da
Administração pública, nunca foi posto em causa.

Foi o Direito Administrativo francês que mais cedo admitiu a contrato no


Direito Administrativo, mas com o contrato na gestão pública, não se demitia a
função pública, era um contrato administrativo, porque continua a prosseguir
finalidades públicas. (para a gestão privada é o contrato civil)

Distinção entre Contratos de D. Público e D. Privado:

- Contratos D. Público têm competência os Tribunais


Administrativos

17
- Contratos de D. Privado Têm competência os Tribunais
Comuns

3 Tópicos de Distinção:

1 – Natureza da Entidade interveniente


2 – Regime Jurídico utilizado
3 – Fim prosseguido

1 – Quando uma entidade é a Administração, é uma presunção de


Contrato Administrativo, no entanto este critério tem pouco valor, pois a
Administração celebra cada vez mais contratos Privados, e bem assim
Entidades Privadas a fazer contratos Públicos.

2 – Se o regime jurídico utilizado é o Código Civil ou o Comercial, é um


contrato Privado, se não é de Direito Público, é este o critério mais
seguro. Pode-se ver a existência de cláusulas exorbitantes, que não
existem no Código Civil, ou seja a sujeição do contratante.

3 – Se o fim for Privado é Contrato Privado, se o fim for Público é


contrato Público, é no entanto este critério de difícil distinção.

Contratos Administrativos Típicos – Nominados: Art.º 178 CPA

1. Contrato de empreitada de Obras Públicas


2. Contrato de concessão de obras públicas;
3. Contrato de gestão de serviços públicos;
4. Contrato de exploração de subsolo;
5. Contrato de exploração de bens do domínio público.
6. Contrato de Fornecimento de bens e serviços á Administração Pública
7. Contrato de Prestação de Serviços
8. Contratos Fiscais ou para cobrança de impostos
9. Contratos de Concessão de Exploração de Empresas Públicas
10. Contratos de Investimento Estrangeiro
11. Contratos de Concessão de Jogos de Fortuna e Azar

Foi-se no entanto admitindo novos contratos administrativos, (Por ex.


contratos económicos; contratos - programa, contratos para o
desenvolvimento da exportação) e que a lei os foi admitindo como
novos contratos administrativos.

No contrato administrativo a Administração Pública e o particular não estão no


mesmo patamar.

Princípio da substituição do Ato pelo Contrato

O Contrato Administrativo cresceu, e hoje em dia no CPA admite-se o


recurso ao contrato em geralÞ e pode ser substituído o acto pelo contrato,

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excepto em algumas situações(Atos de polícia por exemplo). É vantajoso para
o particular, cuja posição melhora com o contrato, facto que não aconteceria se
fosse apenas o Ato.

O regime jurídico do contrato oscila em torno de 2 princípios: Art.180


CPA

· O Princípio da Alteração do Contrato: A presença de poderes


especiais da Administração pública (tem ius imperii, prossegue o
interesse público), que podem consistir na capacidade de modificar o
valor das cláusulas acordadas, evocando o interesse público. No limite a
administração pode impor o fim ao contrato – resgate da concessão.

· O Princípio da Indemnização: O particular está sujeito, não se pode


opor, mas pode pedir indemnização, quer por danos emergentes e por
lucros cessantes, e pode pôr uma acção contra o Estado (no tribunal
Administrativo), em que o juiz deverá condenar uma indemnização, para
que seja restabelecido o equilíbrio financeiro do contrato, a legitima
expectativa.

Em resumo – sujeição ao poder público e equilíbrio financeiro, não podendo


no entanto o objecto ser modificado

O resgate é feito através de um acto administrativo unilateral. É um acto


administrativo como outro qualquer sujeitos a Recurso administrativo a ao
procedimento administrativo adequado. (Tem de haver a audição prévia).

Estes poderes unilaterais da Administração Þ são poderes que não


precisam estar no contrato Þ são implícitos Þ está obrigado ao interesse
público. Estes poderes são irrenunciáveis, mesmo por contrato.

Sérvulo Correia distinguia dois tipos de contrato administrativo:

· Contratos de Sujeição ou Subordinação – D. Administrativo


· Contratos de colaboração dos particulares com a Administração;
· Contratos de coordenação da atividade privada.

Através dos contratos coordenação o Estado não queria


propriamente colaborar, mas coordenar os particulares, para conseguir atingir
as suas metas.

Mesmo no Estado Liberal, este tinha algum património, e nos casos de


concessões de exploração, eram contratos de colaboração. As obras públicas,
concessão e empreitadas, de uso privativo do domínio público e fornecimento
de certos bens e serviços, continua a prosseguir interesses públicos e por isso
têm Ius imperii, são os Contratos de Sujeição.

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Podem haver ainda outros contratos (inominados) – são os contratos
económicos (Ex. de Urbanismo).

Regime Típico do Contrato do Procedimento Administrativo: Art.º 178


CPA
A Relação jurídica administrativa, é aquela, que constitui o particular um
prolongamento de fins administrativos

N.º 2 – Termo de Clausula Geral

Principais poderes de autoridade na execução do contrato administrativo: Art.º


180 CPA

1. Poder de fiscalização, dirigindo o modo de execução das prestações


2. Poder de modificação unilateral do conteúdo das prestações
3. Poder de aplicar sanções, rescindindo o contrato, Resgate, desde que
fundamentado

Formação do Contrato – Art.º 181 CPA

Procedimento Administrativo – Princípios do Processo:

Sucessão de formalidades, que a administração deve observar, de que


vai resultar o acto final.

O Procedimento Contratual, deve aproximar-se tanto quanto possível do


procedimento unilateral, o Ato, conjunto de finalidades que o distingue dos
restantes, a Administração tem de utilizar um procedimento Consensual;
Concurso Público, (enquanto que o contrato Privado, contrata com quem quer)
ou por Ajuste Directo, pelo que o Contrato deve ser sempre precedido de
Concurso Público.

Depois do Concurso Público, há ainda um Ato prévio de escolha, que é


a Adjudicação – Ato Administrativo.

ACTO ADMINISTRATIVO

Prática mediante a qual, o Estado modifica a situação jurídica dos particulares.

Tem conteúdo individual e concreto, em contraposição ao regulamento de


conteúdo geral e abstracto, no entanto também há Atos Administrativos Gerais,
mas não se devem confundir com os Atos de Administração (consultas,
pareceres, avisos, recomendações..)

O Ato e precedido do Direito Prévio do particular á Informação .

Fases do Ato Administrativo:

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1 – Fase Instrumental – Formalização

2 – Fundamentação do Ato – Não pode ser praticado, sem a justificação


da Administração, requisito de fundamentação do Ato, o qual pode ser
recorrido contenciosamente pelo particular, ou impugnado.

3 – Auto Tutela Administrativa – A Administração tem o poder de


revogar o Ato, quer por razões de legalidade, quer por razões de
Mérito/Conveniência, mas tal poder é limitado. Regra da livre
revogabilidade do Ato, na defesa dos interesses públicos, adaptando-a
ás necessidades.

4 – Teoria das Invalidades dos Ato – Quando contraria as normas, pode


ser declarada, quer a Nulidade, quer a Anulabilidade. Sempre que está
em causa a violação de um Direito Fundamental (Direitos Liberdades e
Garantias - CRP), o Ato é Nulo.

Tipicidade do Ato – Discricionaridade da Administração:

Tipicidade - Determinação do Ato Administrativo, Atividade individual e


concreta, através da Lei/norma. – Regulamento.

Discricionaridade – Ato discricionário, problemática de interpretação e


aplicação da Lei.
Interpretação é a concretização da Lei, levada á prática, que
possibilita uma aplicação.

Razões do Legislador:
· Princípio da Legalidade
· Parâmetros Tecnológicos, Funcionais
· Intencional, caracter vago, indeterminado,
para maior liberdade á Administração
(verbo poder)

2 Formas Típicas possíveis de cumprir a Lei:

- A Atividade está toda regulamentada. Ato como consequência


da aplicação da Lei, chama-se Ato Vinculado – Sanções:
Multas, Coimas

- Ato Aberto ou discricionário, Com predominância da


discricionaridade, mas a qual é hoje em dia única e exclusiva
consequência da Lei

O poder Discricionário é Livre mas não é Autónomo, que o legislador


deu á Lei, para que a Administração possa encontrar a melhor solução,
dentro dos Princípios Gerais, para o caso concreto.

21
O Método é a utilização:

- O verbo Poder: Poderá a ... Pode a ... pode-se ....

- Cláusulas Gerais e Conceitos Indeterminados. (Não Jurídicos)


Ex. Pequenas e Médias Empresas, em situação Económica
Difícil; Área critica de Reconversão e Recuperação
Urbanística, Imóvel de interesse Arquitectónico Regional, etc.

Distinção Doutrinária:
Conceito Indeterminado; é um conceito determinável através de
conceitos objectivos, e o que está em causa é uma mera interpretação da Lei,
e o agente não utiliza a sua subjectividade, vontade pessoal, pelo que não há
liberdade do agente, ou seja no Poder Discricionário o que está em causa é a
Interpretação da Lei, pelo que não há liberdade do agente da Administração.

Prof. A. G. Pereira; Se há Indeterminação, é porque há


discricionaridade, a discricionaridade começa onde acaba a
interpretação.

Otto Barchoff: Tese do “Espaço de livre apreciação “.Há conceitos


Indetermináveis mais determináveis, e há conceitos indetermináveis
mais indetermináveis, há uma escala de conceitos, pelo que:

A Distinção entre Discricionaridade e Conceitos Indetermináveis, não


existe.

Dado que, os Conceitos Indetermináveis são tão Indetermináveis, que


se assemelham á Discricionaridade, prevista pela Lei.

O vício da Discricionaridade. É o Desvio do Poder

No vício do Conceito Indeterminado, ver se o Conceito é mais ou menos


Indeterminado, ser for:
Determinável: É Ato Vinculativo, sendo o vício a violação da Lei

Indeterminável: O Agente da Administração tem o Beneficio da


Dúvida, Conceito de Oportunidade ou Mérito.

Desvio de Poder: A Lei exige 2 provas:

Negativa – Provar o desvio de Poder


Positiva – O que se devia ter feito (difícil de conseguir)

Actualmente o Desvio de Poder, evoluiu já em alguns países, para a


forma de “Erro Manifesto de Apreciação”, o qual só exige a prova
Negativa.

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A Discricionaridade é uma consequência da Oportunidade ou do Mérito
da acção da administração e também uma consequência da Lei.

O que se pode controlar não é a Discricionaridade, mas sim a parte


vinculada, existente no interior do Ato Discricionário, nomeadamente Orgânica
e Formalmente.

Definição de Ato Administrativo:

Estatuição, unilateral, autoritária, praticado por órgão da Administração,


no exercício do poder administrativo, de conteúdo individual e concreto.

Ato – Conduta voluntária, não material

Unilateral – Embora possa haver aceitação, esta só o torna eficaz e não


bilateral

Órgão Administrativo – Governo (função administrativa), Autarquia


Local, Regiões Autônomas, Administração Autônoma, Concessionários,
EP, mas só os órgãos de graus superiores.

Não são Atos Administrativos: Art.º 272 CPA

- Praticados por Usurpadores, são Nulos, inexistência jurídica

- Praticados por Órgãos não Administrativos (PR, P.AR ..), que


embora sendo atos de matéria Administrativa, são por isso
passíveis de recurso para Contencioso Administrativo, por
determinação da Lei. (pág. 77, III Volume – Prof. FA)

Exercício de poder Administrativo – Gestão Pública: A gestão não é privada,


mas os Atos de Gestão Privada, quando praticados pela Administração, são
sempre enquadrados, quer previamente quer no futuro por Atos
Administrativos.

Características gerais(ou comuns):

- Subordinado à lei(em sentido amplo)Þ não pode ser


expontâneo, tem que ser conforme com a lei.
- Presunção de legalidade(porque em princípio executa a
lei)presume-se legal até decisão em contrário da entidade
competente.
- Imperativo Þpoderes imperativos da Administração por estar
de acordo com a lei
- Revogável Þ (existem excepções, que são atos irrevogáveis,
os que constituem direitos subjectivos aos particulares)

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- Sanáveis Þ passado que seja certo prazo, mesmo que ilegal
considera-se sanado (segurança jurídica)

Características específicas a alguns atos(definitivos e


executórios):

- Impugnabilidade contenciosa Þ só depois do acto definitivo e


eficaz
- Ato Executório - Possibilidade da execução forçadaÞ se o
acto não for acatado pode ser imposto por meios coactivos,
mas é uma característica acidental.
- Condição necessária do uso da força Þ só depois de ter
adquirido a legitimidade necessária;
Qual é a natureza do acto administrativo?

É um acto unilateral, da autoridade pública ao serviço de um fim


administrativo, mas às vezes depende da aceitação a sua eficácia (receptício).

Tem que se distinguir acto administrativo de sentença judicial.


Tradicionalmente:

Sentença Þ acto de direito (pág. 103 e seg.)


Ato administrativo Þ fins de interesse público.
(Dizem que o acto Administrativo é discricionário e a sentença não. (Pág.
81)

É esta a visão de F.A. Contudo C. M. refere que esta visão é errada,


porquanto no interesse público, também há direito, e por isso não há diferença
entre Sentença e acto administrativo, pois também este visa aplicar o direito Þ
não se distinguem, são aproximativos, ambos concretizam a Lei.

Diferença: Distinção difícil, ver situação dos reclusos, Diretor da Prisão e


Juiz

Papel da vontade no acto administrativo

É um elemento pouco característico, a vontade do agente não interessa Þ o


que interessa é a vontade da lei, a não ser que o acto se manifeste ilegal ou
inconstitucional, então este pode desaplica-lo.

Para as lacunas do acto – não interessa reconstituir a vontade do agente,


mas sim da lei – é puramente objectivo, embora aqui sendo Ato Discricionário,
releve a vontade do agente

24
Vícios de vontade
Neste caso é que a vontade do agente pode ter alguma relevância. Pode o particular
pretender que o poder discricionário do agente não ser do seu agrado- e assim tem
que provar oque o agente quis (em casos de desvio de poder)Þ a vontade
psicológica
Elementos Estruturais do Ato administrativo – 4
1) Subjectivos : Dois sujeitos - Um dos sujeitos é sempre uma
pessoa colectiva pública (Estado ou outro sujeito público)- em
regra o outro é o particular/destinatário.

2) Formais: exteriorização do acto - Os atos administrativos


normalmente têm a forma escrita, mas podem ser orais e
depois reduzidos a escrito - Despacho, alvará, etc. – tem
além da forma formalidades - Integram o próprio acto, com
significado garantístico – Ex. A notificação - procedimento
administrativo

3) Objectivos: O conteúdo – Decisão: Substância da conduta


voluntária em que o acto consiste (Ex. Expropriação) e o
objecto: Realidade exterior em que incide o acto, tem que ser
fundamentado (Ex. Terreno).

4) Funcionais ou Pressupostos do Ato: 3 (Pág. 118 a 122)

a. A causa( função jurídico - social de cada tipo de acto


administrativo),
b. os motivos(razões de agir que impelem o órgão da
administração a praticar um certo acto administrativo ou
a dotá-lo de um determinado conteúdo),
c. o fim( objectivo ou finalidade a prosseguir através da
prática do acto administrativo), por interpretação da Lei

Classificação dos Atos administrativos(Tipologia):

Primários – aqueles que versam a primeira vez sobre uma


determinada situação da vida

Secundários (ou atos sobre atos)- São aqueles que versam sobre
um acto anteriormente praticado- Ex. A revogação (Pág. 121)

Os atos primários subdividem-se em 3 categorias:

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- Atos Impositivos Þ impõem a alguém uma determinada
conduta, positiva ou negativa ou sujeição a determinados
efeitos jurídicos.

o Atos de comando – ordens ou proibições


o Punitivos – impõem uma sanção a alguém
o Ablativos – os que impõem o sacrificio de um direito (ex.
Expropriação)
o Juízos – qualificam segundo critérios , atos colocados à
disposição (exemplo exames, concursos), tem um poder
discricionário impróprio.

- Atos permissivos Þ possibilitam a alguém a adopção de


uma conduta ou omissão, que em princípio lhe estaria
vedada, que conferem vantagens.

o Autorização – Ato pelo qual a Administração pública


permite a alguém um direito que já existia, pré-existente
(ex. Carta de Condução; Autorização de obras em
propriedade própria) há quem diga que o direito a
edificação faz parte do direito de propriedade (Doutrina),
o STA diz que não.
o Licença – Ato pelo qual a Administração Pública atribui
a alguém o exercício de um direito que não existe (ex.
Uso e porte de arma)
o Concessão – Contratos administrativos entre a AP e o
particular, em que a AP transfere uma atividade do
Estado, para uma entidade particular por sua conta e
risco – é uma atividade pública
o Delegação – A autoridade administrativa competente
permite que outra autoridade pratique atos da sua
competência (desconcentração de poderes)
o Admissão – Através do qual um órgão admite uma
matrícula, etc.- investe um particular numa determinada
categoria legal, da qual decorre certos direitos e
deveres. Ex. Ensino Superior; Posse de funcionário..
o Dispensa – Amplia a vantagens. Poder arbitrário. A
Administração pública permite a outrem o não
cumprimento de uma obrigação.(pode revestir a forma
de isenção(é dada a um particular) escusa concedida a
outro órgão ou agente administrativo. Não tem nada a

26
ver com a renúncia – que é um acto pelo qual ela se
despoja da titularidade de um direito.

- Meros atos administrativos –Incluem-se os atos que não


traduzem uma afirmação de vontade, mas simples
declarações de conhecimento ou de inteligênciaÞ

o Declarações de conhecimento – através das quais uma


autoridade participa a outra os atos de que tem
conhecimento, ou emite um registo.- Participações,
certificados, certidões, atestados, etc.
o Atos opinativos – Atos através dos quais a
Administração Pública exprime uma opinião técnica ou
jurídica, (declaração, pareceres, recomendações).
Regra geral os pareceres não são vinculativos, mas
podem ser.

Atos secundários – versam sobre um acto primário( acto sobre


acto)
A revogação é o acto mais importante. De uma maneira geral
os atos são sempre revogáveis.

Os atos secundários podem ser: integrativos, saneadores e não


integrativos.
(Só se dão os acto integrativos) (Pág. 139 e seguintes)

Atos integrativos – Aqueles que complementam, integram, atos


anteriores, incompletos, falta-lhes a eficácia. Revestem as
seguintes categorias principais.

Homologação – que é o acto através do qual uma autoridade


concorda ou não com os fundamentos e conclusões de uma
proposta ou de parecer dados por outra e que por vezes consiste
num despacho “Concordo”. Normalmente, isto acontece no
âmbito da hierarquia administrativa em que um órgão superior pede
um parecer a um órgão inferior e depois emite um despacho a
concordar. Quando há discordância a entidade competente para
praticar o acto tem que fundamentar a sua decisão. Raramente
acontece, porque a entidade superior, por motivos funcionais, não
pretende desautorizar a entidade inferior. O acto pode ser
impugnado contenciosamente é o acto homologado, porque o acto

27
de homologação é um acto preparatório, antes da homologação
não existe Ato. Ex. Proposta ou Pareceres.

Aprovação – Ato através do qual uma entidade administrativa


aprova um acto de outra entidade que o transforma de acto
definitivo em acto eficaz. Sendo a aprovação que dá eficácia ao
acto aprovado. Antes da aprovação já existe Ato. (Pág. 141)
A autorização/aprovação – a autorização é necessária para a
validade do acto, a aprovação é necessária para a eficácia do acto,
porque este já é válido. A autorização é um direito fundamental pré
– existente.

Visto – Ato semelhante à aprovação (visto do Tribunal de Contas


que é necessário para aprovar o cabimento orçamental da despesa
que o Governo quer fazer, ou seja se há dinheiro e se a mesma
estava prevista) é praticado por um órgão de controle. (tendência
para o Mérito)

Confirmação – Ato através do qual a Administração reitera um acto


anterior (acto confirmado é o principal, e o acto confirmativo, em
rigor, nada acrescenta ao acto confirmado), Ex. Ato de Recurso
Hierárquico, que pode ser confirmado.

Ratificação – acto excepcional (acto praticado pelo Governador


Civil, que já é válido e eficaz, mas carece de ratificação pelo
Governo) – ratificação confirmativa, que o torna definitivo, se não é
dada ratificação o acto caduca, porque até à ratificação é
provisório. O acto não pode ser contenciosamente impugnado
enquanto não for notificado.

No acto sujeito a aprovação o acto primário é definitivo, mas não


eficaz

No acto sujeito a ratificação o acto primário é eficaz, mas não


definitivo.
Ato Executório – É o acto eficaz, susceptível de ser executado
com recurso á força

Regime Jurídico do Ato:

- Procedimento
- Revogação

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- Invalidade
- Fundamentação

Procedimento Administrativo quanto ao Ato:

Sucessão de atos, teve inicio na Áustria e Espanha vindo a desenvolver-se na EUA

Funções:

- Aumentar a garantia dos administrados, sob pena de invalidade

- Racionalizar a decisão da Administração, impondo-se o conhecimento do


ponto de vista do destinatário.

4 - Fases:
1 – Fase Inicial – Requerimento
2 – Instrução
3 – Audiência Prévia
4 – Decisão Final
Se o Ato ainda não é eficaz:
Fase integrativa do Ato

Classificação quanto ao Autor:

Provenientes de órgãos individuais- decisões

Provenientes de órgãos colegiais Þ deliberações.- neste caso tem o mesmo de estar


inscrito na ordem do dia e haver quórum, para o acto ser existente.

Atos simples/ Complexos

Simples – Os que provém de um só órgão administrativo

Complexos – Os que provém de dois ou mais órgãos.

Órgão igual – Co- autoria


Órgãos desiguais – Co- responsabilidade
Retractação – é uma revogação pela própria entidade

Classificação quanto aos Destinatários

Atos singulares- individuais e concretos


Atos gerais – abstractos e gerais
Não se pode classificar assim, pois há atos, que sendo gerais, acabam por ser
concretos.

Classificação quanto aos Efeitos:

Internos – atos para vigorarem no interior da administração


Externos – atos que são susceptíveis de afectar os direitos ou interesses dos
particulares – segundo F. Amaral, só estes são recorríveis.Þ atenção que existem

29
atos internos, que afectam terceiros , e pelo art.º 268.º da CRP, são recorríveis
todos os atos.

Atos de execução instantânea – os que se esgotam num acto ou facto isolado


(demolição, despejo)
Os atos de execução instantânea já executados, não podem em princípio serem
revogados.

Atos de execução continuada – quando os efeitos perduram no tempo, Ex. Carta de


Condução

Atos Positivos/Negativos:

Positivos – Produzem uma alteração na ordem jurídica (nomeação, demissão)

Negativos – Aqueles que consistem na recusa de introduzir uma alteração na ordem


jurídica.
Os efeitos da anulação de um acto negativo é que a administração tem que
praticar o acto que se recusou a praticar. No caso de anulação de um acto positivo, é
a destruição dos efeitos produzidos.

Atos Declarativos/Constitutivos:
Declarativos – Aqueles se limitam a verificar a existência ou a reconhecer a validade
de direitos ou situações jurídicas já existentes.Þ têm eficácia retroactiva, e não são
inovadores

Constitutivos – São aqueles que criam, modificam, ou extinguem direitos ou situações


jurídicas.Þ não têm eficácia retroactiva mas ultractiva – segurança jurídica
REGIME DE INVALIDADE DOS ACTOS ADMINISTRATIVOS

CPA Art.º 133 Nulidade e 135 Anulabilidade - A Invalidade dos Atos


Administrativos, pode ter outros ainda outros valores negativos:
Ineficácia e Inexistência
Origens de Invalidade:

1 – Ilegalidade
2 – Ilicitude
3 – Vícios de Vontade

- Ilegalidade:
o Orgânicos (relativos ao autor)
1. Incompetência
1. 1 Relativa
2. 2 Absoluta
2. Usurpação de Poderes – Legislativos/Judiciais

o Formais – Vício de Forma: Relativa e Absoluta

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o Substanciais – Materiais - Desvio de Poder e Violação
de Lei

- Ilicitude – Ato contrário á Ordem Pública ou Bons Costumes

- Vícios da Vontade – Erro, Dolo e Coacção

1) IncompetênciaÞ orgânico
2) Usurpação de Poder Judicial ou Legislativo (mais
aparatoso);Þ orgânico
3) Vício de forma ( não cumpridas as formalidades)Þ formal
4) Desvio de poder ( nos atos discricionários)Þ material
5) Violação da lei (é o mais abrangente- cabe neste a
violação dos princípios gerais e dos direitos subjectivos
fundamentais –é um vício residual – cabe todos os
outros)Þ material
Esta tipologia não tem valor absoluto (Cabral Moncada),
porque pode haver situações que não caibam nela, mas é
possível ser mais ampla, na 5.ª situação.

1- Incompetência(Orgânica)

O vício que consiste na prática, por um órgão da administração, de


um acto incluído nas atribuições ou na competência de outro órgão
da administração.
Pode ser subjectivo ou objectivo
Pode ser absoluta ou relativa
Pode reportar-se ao exercício de competência de outro órgão da
administração ou de outra autoridade vindo do mesmo órgão. Por
exemplo a administração local praticar um acto de competência do
governo

Pode ser absoluta (se a atribuição é de outra pessoa colectiva da


administração, ou de outro Ministério), quando há falta de
atribuições, como por exemplo, o Governo pratica um acto de
competências no urbanismo que não as tem.(Nulidade)133.º, 2
CPA

31
Relativa: Se o acto está for a da competência do órgão, mas
pertence a outro órgão da mesma pessoa colectiva - quando não
há falta de atribuições mas há falta de competência concreta.

Exemplos: quando um órgão da administração pratica um acto fora


das atribuições da pessoa colectiva a que pertence =
Absoluta/Nulidade; outro exemplo, um órgão da administração não
pode nomear hoje um funcionário para um cargo que só vagará
daqui a 10 anos = Relativa/anulabilidade

Pode ser ainda em razão de:

Matéria – quando um órgão da administração invade os poderes


conferidos a outros órgãos da administração em função da
natureza dos assuntos.
Razão da hierarquia – quando invadem os poderes conferidos a
outro órgão em função do grau hierárquico.
Em razão do lugar – quando um órgão da administração invade os
poderes conferidos a outro órgão em função do território. Por
exemplo a câmara de Sintra toma deliberações da Câmara de
Cascais.
Em razão do tempo – quando um órgão da administração exerce
os seus poderes legais em relação ao passado ou em relação ao
futuro.

2- Usurpação de Poderes – Ofensa ao Princípio da


separação de poder (Orgânica)

É o vício que consiste na prática por um órgão da administração


de um acto incluído nas atribuições do poder legislativo ou do
poder judicial.

Temos dois tipos de usurpação de poderes :


- Usurpação do poder legislativo : a administração pratica um
acto que pertence às atribuições do poder legislativo;
- Usurpação do poder judicial: a administração pratica um acto
que pertence às atribuições dos tribunais.
Este vício de usurpação de poderes gera nulidade.
3- Vícios de Forma - Violação de Formalidades (formal)

32
É o vício que consiste na preterição de formalidades essenciais ou
na carência absoluta de forma legal. Composta por 3 modalidades :
Art.º 133 CPA

1- Preterição de formalidades anteriores à prática do acto ( por ex.


Falta de audiência do arguido, em processo disciplinar) -
Nulidade por ser uma violação a um princípio análogo de um
direito fundamental
2- Preterição de formalidades relativas à prática do acto ( por ex.
Regras sobre votação, em órgãos colegiais) gera a Nulidade
3- Carência de forma legal ( por ex. Prática, por despacho, de atos
em relação aos quais a lei exija a forma de portaria ou de
regulamento). Nulidade

Insuficiência de fundamentação – 124.º e 125.º do CPA -


Anulabilidade
Preterição das formalidade essenciais isto é todas as formas que a
lei exigir. Quer sejam anteriores ou contemporâneas à prática do
acto. A preterição das formalidades posteriores à pratica do acto
que gera ineficácia e não invalidade isto para o Prof. F. A. O Prof.
C.M. não pensa assim, por exemplo a ausência de notificação
gera a nulidade do acto e não a simples ineficácia. Já a
Fundamentação incorrecta (contraditória, ou que não é clara..) gera
só a Anulabilidade.

A Jurisprudência tem aceite que os atos praticados por órgãos


colegiais, de cujas deliberações foram lavradas actas, o seu
extracto serve como fundamentação suficiente.

4- Desvio do Poder - (material, vício exclusivo do acto


discricionário)

Vício que consiste no exercício de um poder discricionário por


um motivo principalmente determinante que não condiz com o fim
que a lei e o Direito, ou seja o fim jurídico, visou ao conferir aquele
poder.
É exclusivo dos atos discricionários. O acto vinculado não pode
estar ferido de desvio do poder. Há desvio de poder quando o
agente se desvia do fim legal. Ou quando o motivo principal
determinante não coincide com o fim legal. Há irrelevância dos
motivos acessórios enquanto motivos de prova. É exclusividade do

33
desvio de poder para os atos discricionários não quer dizer que o
acto não tenha outros vícios, que podem incidir sobre a parte
vinculada (formal).

Nota: O desvio de poder é de difícil aceitação na prática nos


tribunais, porque a prova do desvio de poder é muito difícil. Não
basta provar que o agente não cumpriu o fim da lei e do direito (
prova negativa).

Mas se constituir um Crime, a sanção é a Nulidade al. c) Art.º


133 CPA
É preciso saber aquilo que o agente quis ( prova positiva). Não
basta provar que ele agiu de má fé, é preciso aquilo que ele quis,
o que é muito difícil. Pode ser entre Público e Privado. Quando é
privado tem de ser provado o Dolo ( consciência ilicitude).

É difícil prova porque subentende a prova negativa ou positiva (


isto é saber aqui que o agente pretendeu, que não está de acordo
com o que a lei pretendeu).

Pelo que actualmente, dada a dificuldade de prova, o Desvio de


Poder, está a ser substituído pelo Erro Manifesto de Apreciação, de
prova mais fácil (prova negativa), que é um vício de Violação de
Lei.

Há dois tipos de provas:


- Negativa
- Positiva

Quando o fim do agente é de interesse particular e exigir prova do


dolo ( que ele agiu dolosamente), é uma prova mais difícil que a
prova de mera culpa. Assim o dolo de poder tem poucas hipóteses
de ser provado. Mas, não quer isto dizer que a discricionaridade da
administração não seja controlada. Este vício tende a ser
substituído por outros vícios.

O Prof. F. A., diz que o desvio de poder é exclusivo dos atos


discricionários mas isto não justifica., que os atos discricionários
não sejam controlados por outros vícios, isto é, podem ser
invalidados por outras razões para além do desvio de poder. O acto
discricionário pode ser controlado também por violação de lei, isto

34
significa que é aquele vício do acto através do qual se controla os
requisitos substanciais e formais e pressupostos de direito ou de
facto. Segundo o Prof. F.A. diz que “ o erro de facto não cai na
violação da lei”. Mas o Prof. C.M. não concorda com isto,
substituímos o desvio de poder por vícios de conteúdo mais
objectivos, para através destes controlar adequadamente o
exercício dos poderes discricionários.

Que vícios são estes?


Como o desvio de poder é difícil de prova temos de controlar o acto
discricionário através de outro vício, que seria o vício de lei. Ao
metermos o controlo do poder discricionário na violação da lei,
temos que aceitar que o erro de facto ou de direito também
cabe na vinculação de lei, logo esta afirmação das lições não
está certa. Dada as características particulares dos poderes
discricionários. Então como se controla o poder discricionário
através da vinculação de lei?

Vamos ver quais os vícios que podemos intervir para conseguir um


controlo substitutivo do desvio de poder já que este é de prova
difícil em relação ao poder discricionário ?
Nos países onde não há uma tipologia rigorosa e efectivada
dos vícios do acto, como aquele que existiu entre nós é muito fácil
à jurisprudência e doutrina de debatê-la, porque eles são
constituídos à medida das necessidades. Em França há um vício
com uma alternativa ao desvio de poder nos atos discricionários e
que é o Erro Manifesto de Apreciação e erro de direito quanto
aos factos, daí que o Prof. C.M. não aceite que não seja um
erro de facto nem de direito, como diz o Prof. F.A. É qualquer
vício administrativo. É uma distinção meramente aproximativa. Só
apreciam as questões de direito mas é acidente que ao apreciar a
questão de direito faz-se um pré-juízo dos factos porque se
configura quais os atos relevantes para um juízo jurídico. Para
determinar se houver homicídio por exemplo, não é relevante se
esteve a chover nesse dia. Ao relacionar-se os atos já não está a
ter em conta os factos. A distinção entre erro de facto e erro de
direito é uma vinculação aproximada e não absoluta.

Erro Manifesto de Apreciação quer dizer que se vão invalidar


aqueles atos resultantes do exercício do poder discricionário
ou de outros titulados administrativos, através dos quais a

35
administração manifestamente se enganou. Este vício de Erro
Manifesto , se basta como prova negativa. Basta provar que a
administração se enganou não basta provar aquilo que a
administração quis. É para aqui que são chamados os princípios
gerais, como a imparcialidade, justiça etc., cuja violação gera o
vício de Violação de Lei

O problema seguinte :
Onde se coloca o erro manifesto nos vícios que se conhece em
Portugal?
É no Vício de Lei porque este é residual, não cabe nos atos.
Seria melhor deixar essa tipologia dos vícios à medida das
necessidades da prática. O Erro Manifesto de Apreciação é um
vício de formação jurisprudencial. O problema é que este erro
não resolve tudo, conhece limites.
EX.: Atribuir subsídios a companhias de fins culturais ou atribuir
subsídio a um cineasta. Atende ao mérito.

5- Violação da lei (Lei, Regulamento e Princípios Gerais) –


Subsidiário (material)

É o vício que consiste na discrepância entre o conteúdo ou objecto


do acto e as normas jurídicas que lhe são aplicáveis. Consiste uma
ilegalidade de natureza material : neste caso, é a própria
substância do acto administrativo, é a decisão em que o acto
consiste, que contraria a lei. A ofensa a lei não se verifica aqui nem
na competência do órgão, nem nas formalidades ou na forma que o
acto reveste, nem no fim tido em vista, mas no próprio conteúdo ou
no objecto do acto. O vício de violação de lei produz-se
normalmente quando, no exercício de poderes vinculados, a
administração decida coisa diversa do que a lei estabelece ou nada
decide quando a lei manda decidir algo. Por exemplo : a lei diz que
as pessoas que preenchem determinadas condições têm direito a
uma pensão; uma pessoa nessas condições requer a pensão e a
administração recusa-a porque, interpretando mal a lei, entende
que ela não está nas condições legais. Neste caso foi o próprio
conteúdo da decisão – recusa da pensão – que contrariou a
lei.

Mas também pode ocorrer um vício de violação de lei no exercício


de poderes discricionários. Quando sejam infringidos os princípios

36
gerais que limitam ou condicionam, de forma genérica, a
discricionaridade Administrativa, designadamente os princípios
constitucionais : o da imparcialidade; igualdade; da justiça etc.

Todos estes princípios são regras que, de um modo genérico,


condicionam ou limitam o poder discricionário. De tal forma que é
bem possível que, no exercício de um poder discricionário, a
administração pratique um acto administrativo que, sem estar ferido
de desvio de poder, ofende o princípio da justiça ou o princípio da
imparcialidade, ou algum outro. E se ofende qualquer desses
princípios, há violação de lei. O vício nesses casos será a violação
de lei, não o desvio de poder.

Em consequência, o desvio de poder continua a ser um vício que


só se verifica no âmbito do poder discricionário, mas a violação de
lei deixou de ser um vício acantonado, exclusivamente, no âmbito
dos poderes vinculados da administração, passou a ser um vício
que tanto pode ocorrer no exercício de poderes vinculados, como
no exercício de poderes discricionários.

A violação de lei, assim definida, comporta várias modalidades:

1- A falta de base legal, isto é, a prática de um acto


administrativo quando nenhuma lei autoriza a prática de um
acto desse tipo;
2- A incerteza, ilegalidade ou impossibilidade do conteúdo do
acto administrativo;
3- A incerteza, ilegalidade ou impossibilidade do objecto do acto
administrativo;
4- A inexistência ou ilegalidade dos pressupostos relativos ao
conteúdo ou ao objecto do acto administrativo;
5- A ilegalidade dos elementos acessórios incluídos pela
administração no conteúdo do acto designadamente,
condição, termo ou modo;
6- Qualquer outra ilegalidade do acto administrativo
insusceptível de ser reconduzido a outro vício. Este último
aspecto significa o vício de violação de lei tem um carácter
residual.

A Jurisprudência exige a especificação do recurso do


acto.ÞHá quem diga que é inconstitucional a obrigação por parte

37
dos particulares da especificação dos vícios do acto. (FA) admite a
especificação, mas também admite a não especificação.(CM) diz
que os particulares não deviam ser obrigados a especificar os
vícios do acto, porque reverte contra o particular.
A violação de lei produz-se normalmente no exercício de
poderes vinculados. Mas também pode ocorrer no exercício de
poderes discricionários

Erro Manifesto de Direito – Erro Manifesto de Apreciação – De


influência francesa, aplica-se em relação aos Conceitos
Indeterminados, quando aos factos é atribuído um apuramento de
verdade dos factos, não coincidente com a norma.

Quais são as vantagens do erro manifesto de apreciação Þ


permitir aos tribunais, um controlo mínimo das liberdades
discricionárias ou de indeterminação da Administração. Deixa fora
de controlo as situações de dúvida – dispensa por completo a prova
positiva (o que o agente quis, devendo este actuar de acordo com o
princípio do conceito do “Bonus Pater Familias”) apreciando
somente a prova negativa.

O erro manifesto de apreciação é aplicável quer aos atos


discricionários, quer aos Conceitos Indeterminados, quer aos atos
vinculados. Não é para controlar o poder discricionário.

Um acto administrativo pode estar ferido simultaneamente de várias


ilegalidades, sofrer diversos vícios – acumulação de vícios –
interessa apenas por causa dos prazos de recurso.
FORMAS DE INVALIDADE

Nulidade Þ O acto nulo é ineficaz desde início; insanável, pode


ser desobedecido (resistência passiva), pode ser impugnado a todo
o tempo. O pedido pode ser feito junto de qualquer tribunal.Þ a
existir implica a declaração de nulidade.

Anulabilidade Þ O acto é juridicamente eficaz até ao momento


que venha a ser anulado; é sanável, é obrigatório enquanto não for
anulado, pelo que não se pode opor resistência, só pode ser
impugnado dentro de certo prazo. O pedido só pode ser feito

38
perante um tribunal administrativo.Þ a existir implica a sentença de
anulação.

Um acto pode ser nulo e anulável ao mesmo tempo.

Correspondência entre os vícios e as formas de invalidade

Usurpação de poder Þ NULIDADE


Incompetência (absoluta) Þ NULIDADE
Incompetência (relativa) Þ ANULABILIDADE
Vício de Forma Þ NULIDADE (se for absoluta)
Desvio de Poder Þ ANULABILIDADE
Violação da Lei Þ NULIDADE ( al. c), d) e e) do Art.º 133
CPA)
Violação de Lei AULABILIDADE (restantes casos)

Excepção: Vicio de forma pela preterição da audiência do


interessado, Art.º100, em processo disciplinar, pode produzir a
Nulidade, dado ser um direito Constitucional.

Atenção: A Nulidade – não é sanável, mas a Anulabilidade – É


sanável

A sanação pode ocorrer:


- Por um segundo acto administrativo
- Por efeito da lei (decurso de prazo)
DEFINITIVIDADE E EXECUTORIEDADE DO ACTO

Ato Executório – O Ato que subentende a adopção de medidas coercivas para


execução do acto, só previsto para entrega de coisas ou para prestação de um facto.
Não é executório o acto para entrega de quantia certa.

Definitividade – 3 Conceitos:

- Horizontal
- Material
- Vertical

Horizontal – É quando se põe termo ao processo, ou que se põe termo a um incidente


autónomo dentro do mesmo processo, ou quando decorrem efeitos para um
particular, que têm por consequência, a impossibilidade de ele actuar como parte de
um processo, pelo que, quanto a esta pessoa (excluída) o acto é definitivo.

39
Material – É aquele que se verifica, quando o acto define situações jurídicas, que
tanto se pode verificar do lado particular, quer em relação á administração. Ex. Listas
de antiguidade, pois ficam definidas as situações jurídicas dos funcionários; a
administração se declarar incompetente; acto sujeito a condição ou a termo, ainda
não é eficaz, mas é definitivo em relação ao particular.

Vertical – É quando o acto foi praticado pelo topo da hierarquia Administrativa, última
palavra da administração, ou seja a administração já não pode alterar o acto
Para impugnação contenciosa ou recurso, o acto carece de ser lesivo para o
particular, não carecendo de ser nem definitivo nem executório, embora careça de
definitividade material.
Atos não definitivos. Preparatórios, Decisões Provisórias:
Atos que ainda não são definitivos, mas são transformáveis :

- Ato sujeito a confirmação – não é executório


- Ato sujeito a ratificação – já é executório
- Ato sujeito a reclamação necessária
- Ato de execução – Posterior a um definitivo
- Ato Complementar – Posterior ao definitivo

FUNDAMENTAÇÃO DO ACTO

A Fundamentação do Ato, é um requisito de forma do Ato.

- Formalidades do Ato:
o Essenciais – As que a Lei prevê (o prazo para a aplicação de sanções,
não é essencial, mas o Prof. CM, considera-o)
§ Insupríveis – São as que têm de estar cumpridas, no momento
em que a Lei assim o determina.
§ Supríveis – Podem estar cumpridas em momento posterior

o Não Essenciais – Não previstas legalmente

A obrigação de fundamentar foi instituída pelo Dec. Lei, 256-A/77, e consta também
do N.º 3 Art.º 268 CRP.

A regra, é que todos os Atos para protecção dos particulares, estão sujeitos a
fundamentação, que é um dever da Administração, a que ela não se pode esquivar,
tendo de o fazer dentro de certo prazo, podendo assim o particular requere-lo.

Critério da Fundamentação:

- Ser Expressa
- Expor sucintamente os direitos e factos inerentes
- Ser clara, coerente, completa e suficiente

Tem por objectivo principal, facultar o recurso contencioso ao particular, porque


assim, ele fica a saber, porque é que a Administração o preteriu.

A Fundamentação é obrigatória no acto escrito, mas não no acto oral, só que o


particular pode requerer a redução a escrito do acto oral, mas caso conste de acta,
basta o extracto da acta.

40
A Fundamentação considera-se legal, se ela foi dada por despacho de concordância
prévia, neste caso ela fez seus os critérios do parecer.
ACTO TÁCITO

Em caso de silêncio da Administração, a Lei presume que a administração tenha


respondido, negativa ou positiva.

A regra são os efeitos Negativos do silêncio, sendo os efeitos Positivos a excepção,


caso a administração não responder no prazo de 90 dias.
Em Portugal o silêncio é vulgar no domínio do urbanismo.

O Ato Tácito, é um Ato negativo de indeferimento, tem a finalidade de proporcionar o


recurso Contencioso.

O acto Tácito é um verdadeiro acto Administrativo, ou um pressuposto processual,


para possibilitar o recurso contencioso? Tudo leva a crer que é um pressuposto
processual, pois a administração, não fez nada. No entanto pode ser revogado
posteriormente, o que leva a supor uma posição intermédia, não é um acto mas
também não é um pressuposto.

Casos em que pode haver Ato Tácito, pressupostos comulativos:

- A iniciativa de um particular
- Quando o órgão interpelado, tem competência e o dever legal de decidir
- Que tenha decorrido o prazo para a decisão, e que a Lei atribua ao decurso
desse prazo um efeito negativo.

Prazo para decisão: Atos do Governo e Órgãos dependentes - 90 dias, 108 CPA
Atos das Autarquias Locais – 60 dias

A administração tendo o dever legal de decidir, Art.º 9 CPA, através do silêncio com
efeitos negativos, ela recusa assumir posição, violando assim a Lei, pelo que o vício
da Ato Tácito, é a Violação de Lei (vício residual).

No vício de recurso do acto Tácito, O STA, alega que o Ato Tácito Negativo, por
definição não é fundamentável, porque é um simples pressuposto processual, para
possibilitar o recurso contencioso, é uma ficção jurídica criada por Lei, e portanto a
Administração não está obrigada a fundamentar um Ato que não fez.

Pelo que o vício que se pode alegar é o residual, Vicio de Lei, pelo dever de
decidir, mas se o Ato for Discricionário, e a Lei conceder á Administração um prazo
mais dilatado para decidir, então o recurso do acto Tácito não dará muitas garantias
ao particular.

A Alternativa, segundo o Prof. C.M., será a solução alemã, para a qual, não há acto
Tácito de indeferimento, sendo essa figura substituída por outra, que protege melhor o
particular, e que é um meio processual específico, destinado a obter do Juiz, uma
intimação para que a administração pratique em tempo útil, o acto legalmente devido
(não discricionário).

Em Portugal, as únicas intimações permitidas, são para passagem de Certidões e


consulta de Documentos.

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Requisitos de Eficácia do Ato:

- Notificação – Requisitos da Notificação: ( Art.º 268 CRP)


§ Identificar o assunto
§ Identificar o órgão competente
§ Exposição sucinta

A Vontade no Direito Administrativo

- Releva nos Contratos


- Não releva no Ato, pois este é vinculado, a não ser no acto discricionário, nos
motivos do agente que traduz a vontade (motivação subjectiva).

O STA, normalmente exige a prova de Dolo (intenção deliberada), no Desvio de Poder


quando se prossegue o interesse particular, mas no caso de interesse público já não
faz essa exigência, pois o fim está previsto na Lei. Com esta atitude, dificulta-se a
prova, beneficiando assim a Administração.

REVOGAÇÃO DO ACTO

A Revogabilidade é a regra, todo o acto é revogável sendo um Ato sobre outro acto,
mas tem limites.

Noutros extinguem-se quando decorrido certo tempo Þ atos de


execução continuada.
Existe um outro acto expressamente destinado a extinguir os
efeitos de um acto anterior.Þ A revogação.

Revogação Þ É um segundo acto administrativo que se destina a extinguir os


efeitos de um outro acto administrativo anterior. (acto revogatório) Daí serem
chamados de actos secundários ou actos sobre actos.

O conteúdo da revogação é a extinção dos efeitos jurídicos


do acto revogado.
O Objecto é sempre o acto revogado.
A revogação é ela mesma um acto administrativo e por isso sujeita
às mesmas regras do acto administrativo. Os juizes não podem
revogar atos, a não ser a titulo secundário.

A revogação tem limites, pois de acordo com a CRP. Tem de se


respeitar o Princípio da Confiança,

A revogabilidade é uma característica específica do acto


administrativo, em contraste com a irrevogabilidade da sentença.
No entanto há situações em que a revogação é impossível ou
casos em que é proibida(Limites):

42
Revogação impossível (impossibilidade de conteúdo) Art.º 139
CPA:
- atos inexistentes ou atos nulos
- atos cujos efeitos já tenham sido destruídos(Ex. Já ter sido
anulado por sentença)
- atos já integralmente executados( ex. caso de atos de
execução instantânea)
- atos caducados

Revogação proibida (Atos irrevogáveis) Art.º 140 CPA:


- Quando seja proibida a revogação por lei (quando o 1.º acto é
vinculado e obedeceu à lei), pois caso contrário, estava-se a
revogar a Lei

- Atos constitutivos de direitos Þ Direitos subjectivos


fundamentais, que não podem ser revogados, não são
revogáveis por respeito ao princípio da Legalidade e da
Confiança e o respeito pelos direitos adquiridos, a menos
que sejam ilegais, Violação da Lei, neste caso só serão
revogáveis dentro do prazo de recurso contencioso.(Art.º 28.º
LPTA), 1 ano, findo o qual o acto torna-se definitivo.

São atos constitutivos de direitos – Todos os atos


administrativos que atribuam a outrem (em sentido restrito),
direitos subjectivos de vantagem, novos, ou ampliem ou
reforcem direitos subjectivos existentes, ou extingam, o exercício
dum direito já existente (retirem autorizações), (Para o Prof. F.A.
– Os atos meramente declarativos que reconhecem a existência
de direitos, também são constitutivos de direitos) ex. Carta de
Condução, Atribuição de reforma, Licenças..

Atos não constitutivos de Direitos – Revogáveis a todo o tempo:

- Atos internos – com fundamento em Mérito e em ilegalidade


- Licenças em matéria Policial
- Atos Precários
- Atos em que a Administração constitui uma reserva de
revogação
- Ato Tácito, por acto expresso

43
Competência para a Revogação – Art.º 142 CPA:

Quem dispõe de competência revogatória:

a) O Autor do acto - retractação


b) O Superior hierárquico( Competência dispositiva e
poder de supervisão)
c) O Delegante (Em relação a atos praticados pelo
delegado, no âmbito dos poderes cujo exercício lhe foi
transferido- se pode revogar o acto de delegação, pode
revogar os atos praticados pelo delegado)
d) Órgão de Tutela ou Superintendência ÞNÃO, só nos
casos em que excepcionalmente for prevista por Lei a
tutela revogatória.
Nota: Para o Prof. Cabral Moncada, o Órgão competente para praticar um Ato,
pode revogar o acto praticado pelo órgão incompetente, mas para o Prof.
Freitas do Amaral, não pode.

Figuras afins:

1- Ato administrativo de conteúdo contrário


2. Declaração de caducidade de um acto administrativo anterior(
cessam os efeitos ou a impossibilidade de preencher
requisitos)
3. A Administração declara a inexistência ou a nulidade de um
acto administrativo anterior
4. Suspensão do acto administrativo
5. Rectificação ou aclaração de acto administrativo anterior

ESPÉCIES DE REVOGAÇÃO:

1. Critério da iniciativa – pode ser:


a. Expontânea – revogação oficiosa, pelo órgão
independentemente de solicitação
b. Provocada – A requerimento de um interessado, dirigida
ao órgão com competência

2. Critério do autor – pode ser:


a. Retractação – efectuada pelo órgão que produziu o acto
revogado

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b. Ato revogatório – praticado pelo superior hierárquico do
autor do acto revogado, ou o delegante relativamente
ao acto praticado pelo delegado,

3. Critério do fundamento – baseada:


a. Na ilegalidade – anulação graciosa, ex-tunc
b. Na inconveniência( juízo de mérito) – anulação oficiosa,
ex-nunc

4. Critério do Conteúdo – Duas modalidades:


a. Mera cessação – ad futurum/ex nunc – revogação
abrogatória
b. Destruição total dos efeitos – anular os efeitos do
passado/ Ex tunc – revogação anulatória

No caso de direitos protegidos a revogação só pode ser para futuroÞ


revogação ab-rogatória.

FORMAS E FORMALIDADES DA REVOGAÇÃO:

A Administração em vez de Revogar o Ato, pode optar por:


Reformar, Rectificar, ou Converter o Ato (Figuras Afins da
Revogação), o que faz da Revogação um Ato Discricionário, pois a
Administração pode sempre utilizar uma destas figuras alternativas.

Tem que ter a forma do acto revogado, se não houver vício de


forma do acto revogado. Mesmo que este não tenha a forma
devida, a revogação deve tê-lo.Þprincípio da identidade ou do
paralelismo das formas, mas se houver vício de forma do acto
revogado, o acto revogatório deve ter a forma devida, que devia ter
o acto revogado, Art.º 143 CPA, mas atenção ao Primado das
Normas.

Formalidades: As formalidades necessárias para revogar o Ato, são


as mesmas que eram necessárias para o Ato revogado, Art.º 144
CPA
Efeitos jurídicos da revogação: 2 Tipos:

Revogação Anulatória – Ex tunc, retroage os seus efeitos


jurídicos ao momento do acto revogadoÞ Em consequência, os
efeitos dos acto revogado têm-se como não produzidos, logo os

45
atos de execução e atos consequentes ao acto revogado tornam-se
ilegais. Havendo assim lugar á represtinação (se a Lei assim o
determinar), mas os atos ilegais, não são represtinados. Art.º 146
CPA

Revogação Ab-rogatória – Vícios de Mérito, Ex nunc –


respeitam-se os efeitos já produzidos, apenas cessando os efeitos
para o futuro. No entanto a Administração pode atribuir efeitos
retroactivos (N.º 3 Art.º 145 CPA), caso seja favorável aos
interessados e estes concordarem, Poder Discricionário. O art.º
48,º da LPTA – permite a interposição de recurso.

Para as Figuras Afins é aplicável “Mutatis Mutandis”(Mudando, o


que deve ser mudado)
Fim da revogação:

A Administração tem o dever de revogar os atos?


Atos ilegais – É obrigada a revogá-los ( mas pode optar entre
revogá-los e saná-los, pelo tempo, opinião de Cabral Moncada, que
é contrária á de Freitas do Amaral).

Atos no exercício do poder discricionário (mérito) – Mera


faculdade. Revogação Ab-rogatória, mas se afecta os direitos de
um particular, este pode pedir a Anulação dos seus efeitos, através
de Recurso Contencioso Art.º 48 LPTA.

FIM da revogação: (um de dois)


- Defesa da legalidade
- Melhor prossecução do interesse público

RESPONSABILIDADE CIVIL DA ADMINISTRAÇÃO

Evolução:

Desde 1867 com o 1º Código Civil, a Administração só era


responsável civilmente, por atos de Gestão Privada, excluindo-se
assim a responsabilidade civil por Atos de Gestão Pública.

1930 – Com a 1ª revisão do Código Civil, consagra-se a


Responsabilidade Civil do Estado e dos seus Agentes, no exercício

46
das suas funções, responsabilidade Solidária, com caracter geral,
por Atos Ilícitos (violação de Lei) e Culposos.

No Código Administrativo do Estado Novo, as Autarquias


Locais respondem directamente.

Responsabilidade Civil Objectiva – Responsabilidade


Administrativa: Caracter Excepcional – Para casos sem culpa, mas
só em casos em que a Lei o admita, que decorre dos risco (ex.
transporte de materiais explosivos), que são Atos Licitos.

1967 – Com a entrada em vigor do Código Civil actual, houve


uma grande modificação

A expressão civil, não é para fazer referência a certo ramo de


direito, mas para significar que se trata de responsabilidade por
perdas e danos, que se traduz na obrigação de indemnizar os
prejuízos causados pela Administração aos particulares.

A responsabilidade civil distingue-se da responsabilidade


disciplinar e da responsabilidade penal.

A Responsabilidade Civil da Administração, é a obrigação


que recai sobre qualquer pessoa colectiva pública, de indemnizar
os particulares, pelos danos que lhes tiver causado, no
desempenho das suas funções.

Actualmente a Responsabilidade Civil divide-se em 2 Tipos:

- Contratual – Pelo incumprimento de Contratos


Administrativos

- Extra Contratual – Aquiliana – = Instituto Jurídico, por


intermédio do qual se visa a reestruturação da ordem jurídica
violada, através da activa gestão pública, levada a cabo pelo
órgão ou agente da PC de direito Administrativo.

o Que subdivide em 2 Grupos:

Esta responsabilidade esta prevista Constitucionalmente


no Art.º 22 CRP, em virtude da protecção de Direitos

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Liberdades e Garantias previstas no Art.º 18 CRP
(Aplicabilidade Direta).

1 - Atos praticados no âmbito da Gestão Privada; (nos


termos dos Art.º 483 e 501 C. Civil) logo tribunais
comuns. O Estado ou outra pessoa colectiva pública é
solidariamente responsável com os seus órgãos, agentes e
representantes, pelos danos por estes causados aos
particulares no exercício das suas funções.(depois de
indemnizar, pode a pessoa colectiva exigir ao funcionário
do direito de regresso, quando haja culpa do funcionário.
Existe responsabilidade objectiva da pessoa colectiva
pública e responsabilidade subjectiva dos autores.

2 - Atos praticados no âmbito da Gestão Pública,


prescreve no prazo de 3 anos (Dec.- Lei n.º 48051, 21
NOV67 e Código Administrativo Art.º 366/7, no que se
refere as Autarquias Locais) perante os Tribunais
Administrativos de Circulo. Sendo 2 as razões:

§ Operações Materiais – Formas de actuação não


jurídicas, ex. Abrir buracos, fazer obras, despoluir
rios,...

§ Atos Ilícitos

Tipos de R. Civil Extra Contratual – PC de Direito Público - 3:


1 – Atos Ilícitos (Regra)- Subjectiva
2 – Atos Lícitos Danosos - Objectiva
3 – Risco - Objectiva

1 – Atos Ilícitos – Art.º 2,3,4,5 e 6 - Pressupostos Comulativos


- 5:

1.1 – Factos Omissivos ou Comissivos (Acção) –


Controlável pela vontade humana:

1.1.1 Omissão – Negligência


1.1.2 Acção – Dolo

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1.2 – Fato Ilícito – Conduta ou comportamento que viola a
Lei – Art.º6

1.3 – Culpa do Agente – Por Negligência ou Dolo. Em


determinados casos não é possível imputar a Culpa,
pois esta só abrange os indivíduos, e por isso quando
não é possível apurar o responsável fala-se em Culpa
de Serviço ou Falha do Serviço “Faut du Service”, culpa
colectiva ou anónima. A Administração pode exigir o
direito de regresso se existir Dolo ou Culpa grave do
agente. Art.º 4

1.3.1 Dolo – Sempre que o agente prevê dado resultado


e quer esse mesmo resultado (intenção).
1.3.2 Negligência – Sempre que o agente prevê um
resultado possível, mas não pensa que ele se
venha a verificar, não quer esse resultado.

1.4 – Prejuízo – Resultantes de tais atos, que podem ser:

1.4.1 – Directos – Imediatos


1.4.1.1 – Danos Emergentes – Que resultam
directa ou indirectamente

1.4.2 – Indirectos – Decorrentes dos directos


1.4.2.1 – Lucros Cessantes – Benefícios ou
vantagens que os interessados deixaram
de auferir, em virtude do comportamento
lesivo.
1.4.2.1.1 Danos Patrimoniais – Avaliação
Pecuniária
1.4.2.1.2 Danos Morais – Dores, Angústia,
... (compensáveis

1.5 – Nexo de causalidade entre o Fato e o Prejuízo – Só


os Danos que resultam da conduta é que são
indemnizáveis

Sempre que em sede de Recurso Contencioso, se declara a


Nulidade de um Ato, este cai na Responsabilidade Civil por
Atos Ilícitos.

49
2 – Atos Lícitos Danosos – Art.º 9 – Prejuízo causado por
um comportamento administrativo, praticado no interesse
público. Ex. Obras que geram prejuízos para 3ºs., Estado de
Necessidade, expropriação no interesse público,..

2.1 – Requisitos – 4:
2.1.1– Exercício de Atos de satisfação de
necessidades coletivas
2.1.2 – Que o acto ou operação sejam legais
2.1.3 – Quer pela prática desse acto resultem
prejuízos para 3.ºs
2.1.4 – Que o prejuízo, seja especial ou anormal

3 – Risco – Art.º 8 – Em consequência do exercício de


atividade perigosa, independentemente de haver ou não
culpa, Ex. Por danos decorrentes de explosões, queda de
aviões, invocação do Estado de Necessidade, etc.

3.1 – Requisitos Comulativos - 3:


3.1.1 – Serviços, actividades ou posse de coisas
perigosas
3.1.2 – Que dessa atividade, resultem prejuízos:
Especiais: Sacrifício não imposto á
generalidade das pessoas, princípio da
igualdade e justiça distributiva, e
Anormais: Só são ressarcíveis prejuízos de
relevância
3.1.3 - Que o prejuízo não resulte de força maior,
e desde que a culpa não seja do lesado ou do 3.º

Responsabilidade do Legislador – Responsabilidade do Estado


na sua função legislativa, podendo considerar-se por analogia, igual
á responsabilidade civil do Estado Administrador.

A CRP Art.º 271, consagra o direito do particular á


indemnização, por atos lesivos, sem fazer qualquer distinção, daqui
se pode retirar a ilação, da responsabilidade estadual, por
aplicabilidade directa de uma lei, lesiva dos direitos legítimos dos
particulares, dar direito a uma indemnização, conforme Art.º 22
CRP, cujo regime está no Art.º 18.

50
Artigo 18.º

1- Os preceitos constitucionais respeitantes aos direitos, liberdades e garantias são


directamente aplicáveis e vinculam as entidades públicas e privadas.

2- A lei só pode restringir os direitos, liberdades e garantias nos casos expressamente


previstos na Constituição, devendo as restrições limitar-se ao necessário para salvaguardar
outros direitos ou interesses constitucionalmente protegidos.

3 - As leis restritivas de direitos, liberdades e garantias têm de revestir carácter geral e


abstracto e não podem ter efeito retroactivo nem diminuir a extensão e o alcance do conteúdo
essencial dos preceitos constitucionais.

Artigo 22.º

O Estado e as demais entidades públicas são civilmente responsáveis, em forma solidária


com os titulares dos seus órgãos, funcionários ou agentes, por acções ou omissões
praticadas no exercício das suas funções e por causa desse exercício, de que resulte
violação dos direitos, liberdades e garantias ou prejuízo para outrem.

Regime jurídico aplicável, 2 hipóteses:

- Regime análogo á Responsabilidade Civil do Estado Administrador, cujo


conceito é o da responsabilidade civil
- Ou em alternativa, não se invoca a analogia, e procura-se a disciplina jurídica
com outro fundamento.

o Pressupostos:
§ Nexo Casualidade
§ Lesão

A culpa não deve ser aplicada a atos legislativos, á qual é alheia, pelo que ,
desde que haja uma relação entre a atividade legislativa, e um dano sofrido
pelo particular, o Estado incorre no dever de indemnizar.

Em alternativa: Violação de um Direito Subjetivo do particular, fundado no


direito Constitucional, no caso do Estado lhe causar um dano manifesto, e
caso se prove, que esse Dano é consequência de uma Lei ou de uma
Omissão.

Existe aqui uma analogia com o determinado pelo Direito Comunitário, pelo
que o TJC, atribui aos Estados membros, a responsabilidade pela não
transposição de legislação comunitária, pois daqui decorre o efeito da
aplicabilidade directa aos particulares, dai resultando assim, danos (prejuízos)
evidentes causados pela Omissão da Lei (Acqua Park)

GARANTIAS DOS PARTICULARES


Conjunto de meios que os particulares, dispõem contra a Administração, para
assegurar Direitos ou repor a Legalidade, os quais podem ser:

- Preventivos ou Repressivos

51
Classificação quanto ao Órgão autor:

- Políticas – Órgãos políticos


- Graciosas – Administração
- Contenciosas – Tribunais

Políticos: São pouco eficazes, ex. Rectificação, Aprovação, visto do T. Contas,


Direito de Petição junto a órgãos de soberania, Art.º 52.º CRP, Direito de Resistência,
Art.º 21.º CRP (contra impostos inconstitucionais, etc..)

Graciosas: (Graça Real) Auto Tutela Administrativa, são mais eficazes que os
políticos, 2 Tipos:

- Petitórios – Não há acto administrativo


- Impugnatórios – Já existe o acto que vai se impugnado

Petitórios:

- Direito de Petição á autoridade administrativa – Pede-se uma tomada de


decisão ou de providências.
- Direito de Respeitosa representação – Chamada de atenção, para a
consequência negativa de uma decisão, obtendo do seu autor a confirmação
por escrito.

- Queixa – Capacidade que qualquer cidadão tem de promover a abertura de


um processo (ex. disciplinar)

- Denúncia – Ato pelo qual o particular, leva ao conhecimento da administração,


de determinada ocorrência ou comportamento de um agente administrativo,
para ser investigado (ex. acto de corrupção)

- Oposição Administrativa – Capacidade que qualquer particular, tem em


intervir num processo, para contestar certas peças processuais, ou projectos,
mesmo sem ser directamente interessado (ex. Urbanismo).

Impugnatórias:

Garantias impugnatória ( Há um acto administrativo já praticado)


são despoletadas pelos particulares e são designadas por
procedimento administrativo de 2.º grauÞ os fundamentos são a
ilegalidade ou o mérito, Art.º 159.º do CPA.

Legitimidade – (art.º 160.º do CPA) – os titulares dos direitos


subjectivos ou interesses legítimos afectados.
Os particulares pedem a revogação ou a modificação do acto –
158.º, n.º 1 do CPA

52
1 – Reclamação - meio de impugnação de um acto administrativo
perante o autor do acto impugnado;(163.º e 164.º CPA) –
Fundamento do Dever de Boa Administração, Mérito e Direito,
interposição 15 dias – decisão 30 dias.
É uma reapreciação do acto administrativo, por parte de quem o
praticou.

Até 1977, era facultativa, excepcionalmente a lei exigia 1.º para o


recurso hierárquico ou para recurso contencioso.

Depois com a entrada do Dec.-Lei n.º 256-A/77, deu origem à


figura da reclamação necessária, tinha que existir para ser possível
o recurso contencioso.(limitou os particulares a Administração
levava meses a dar respostas.)

Com a LPTA, em 1985, revogou a disposição que obrigava à


reclamação necessária.
Após a lei 6/96Þ Quando não cabe recurso contencioso – tem
efeito suspensivo dos efeitos do acto objecto de reclamação, e do
prazo do recurso hierárquico necessário.
Quando cabe recurso contencioso, em regra, não é suspensivo,
mas há excepções, n.º 2 do art.º 163.º CPA

2 - Recurso Hierárquico – Art.º 166 CPA- Meio de impugnação de


um acto administrativo praticado por um órgão subalterno, perante
o respectivo superior a fim de obter a revogação ou a substituição
do acto recorrido (logo tem que haver, ou hierarquia, ou poder
de supervisão), podem ser de mérito, de legalidade ou mistos.
Estrutura tripartidária
1- recorrente
2- Autoridade que praticou o acto – “ a quo”
3- Autoridade para quem se recorre (devolução de poderes) – “ ad
quem”

Também a lei (art.º 167.º CPA) fala em recursos necessários ou


facultativos, para o caso de recurso contencioso.
Efeitos – Suspensivos (Necessários) e Devolutivos (Facultativos)

Interposição: 30 dias para o necessário ou de 2 meses para o


facultativo.(168.º CPA)

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Atenção aos casos de competência exclusiva do recorrido( Revoga
ou confirma) se não for exclusiva, (modifica-o ou substitui-o)– 142.º
e 174.º, n.º 1 CPA

2.1 - Recursos Hierárquico Necessário – para ter um acto


administrativo definitivo, no plano vertical, e ser preciso para o
recurso contencioso. ( os atos dos subalternos não são
verticalmente definitivos) se for interposto fora de prazo, preclude o
Recurso Contencioso.

Os recursos necessários- suspendem a eficácia do acto.

Também deve haver Recurso Hierárquico do Ato Tácito

Em face do Recurso, a Administração pode decidir:

- Rejeita o Recurso – Indeferimento Liminar


- Nega Provimento – Decisão desfavorável
- Concede Provimento – Decisão favorável, revoga-se o acto
recorrido

Quando haja vários escalões, pode recorrer-se directamente para o


órgão com competência para a decisão final ( 34.º da LPTA) ex.
Directamente para o Ministro.

Natureza do Recurso: - Revisão (Cassação) e Reexame

O recurso necessário e de tipo reexame, o facultativo é de


revisão.

Saber se na sua estrutura é um recurso de tipo reexame ou tipo de


revisão;

O de reexame , vai ser reapreciado pelo órgão ad quem, é de


substituição, de efeito devolutivo, pois devolve as competências ao
superior hierárquico.

No de revisão a entidade ad quem não pode substituir a entidade a


quo, limita-se a apreciar a legalidade ou conveniência, sem tomar
nova decisão, na de revisão apenas confirma, ou revoga (anula),
não pode substitui-la como no caso de tipo reexame.

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Se na sua função é um recurso predominantemente objectivo ou
predominantemente subjectivo; Tem sempre as duas funções, mas
é predominantemente com a função objectiva, pois está
consagrada a figura do “reformatio in pejus”( reforma para pior, ou
seja, a decisão da autoridade “ad quem” pode ser pior do que a
proferida pela autoridade “ad quo”), pois o objectivo é repor a
legalidade.

O Recurso Hierárquico, é um exercício da função administrativa.

3 - Recursos Facultativos – Quando o Ato já é contenciosamente


recorrível, impugna-se ou seja, já são verticalmente definitivos.
3.1 - Recurso Hierárquico Impróprio – Recurso administrativo,
mas de carácter excepcional, pois tem de ter previsão legal,
mediante o qual se impugna um acto praticado por um órgão de
certa pessoa colectiva, perante um outro órgão da mesma pessoa
colectiva, que não sendo seu superior, exerce sobre o autor do acto
impugnado poderes de supervisão, ), pode ainda ser o caso do
recurso para um órgão colegial, de um Ato praticado por membros
desse mesmo órgão, é um recurso Facultativo.

Art.º 176 n.º 1 do CPA – por disposição legal (Lei 169/99, art.º 64.º
n.º 1 n) e 65.º n.º 6)

Existem Recursos hierárquicos impróprios por natureza (poderes


de supervisão), é os que não estão expressamente previstos na lei,
mas as relações permitem-lhe (É o caso de um recurso do
despacho de um secretário de Estado, que é apreciado pelo
Ministro, não há relações de hierarquia, mas os poderes são
delegados, e o Delegante tem o poder de supervisão, pelo que o
Ato praticado pelo Delegado pode ser Revogado ou Modificado
Aos recursos hierárquicos impróprios é aplicado o regime do
recurso hierárquico.

3.2 - Recurso Tutelar - Art.º 177 CPA – Recurso administrativo


facultativo, mediante qual se impugna um acto de uma pessoa
colectiva pública, perante um órgão de outra pessoa colectiva
pública, que tem sobre esta, poderes de tutela ou superintendência
(poderes revogatórias)

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É um recurso de natureza excepcional, e só quando a lei o
prever, não basta a relação de tutela ou superintendência, e só
pode ser de mérito, nos casos do art.º 177.º, n.º 2 ,3 e 5 , é
aplicado o regime do recurso hierárquico.

QUEIXA AO PROVEDOR DE JUSTIÇA

Foi criado a segui ao 25 de Abril, cuja figura é de origem


Sueca.

Recebe queixas informais, (petições) sobre questões referentes à


actuação, por acção ou omissão dos poderes públicos.
A sua actuação, fiscalização, é sobretudo na zona de mérito da
acção administrativa, é inamovível, tem estatuto de independência,
o mandato é de 8 anos, e presta contas á AR, que o elege.
Não tem poder decisório, os seus poderes são apenas
persuasórios, não vinculam, emite recomendações.

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