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ESCOLA SUPERIOR DE GOVERNAÇÃO

Licenciatura em Administração Pública


3˚ Ano Laboral
Direito Administrativo II
Tema: Resolução de Exercícios

Discente:
Yure Baltazar Jonas José

Docente:
Dr. Vasco Machoco

Maputo, Outubro de 2023


1. Em tese, as pessoas colectivas públicas regem-se pelo princípio da especialidade.
Fundamente a afirmação acima descrita.
R: A afirmação "Em tese, as pessoas coletivas públicas regem-se pelo princípio da
especialidade" significa que as entidades públicas devem actuar apenas nas áreas específicas
em que foram criadas, não podendo extrapolar suas competências para outras áreas. Este
princípio é uma das características do Direito Administrativo, que é o ramo do direito que
regula a atuação do Estado na sociedade.
O Direito Administrativo é dividido em duas partes: o Direito Administrativo geral, que
inclui as normas fundamentais deste ramo de direito, os conceitos basilares, o seu princípio
geral, as regras genéricas aplicáveis a todas as situações, quaisquer que sejam as suas
características particulares ou específicas – normas reguladoras da organização
administrativa, da atividade administrativa em geral e das garantias dos particulares face à
Administração Pública; e o Direito Administrativo especial, que são as normas que versam
sobre cada um dos setores específicos da administração pública (Amaral:2005). O princípio
da especialidade é uma das normas fundamentais do Direito Administrativo, que visa garantir
que as entidades públicas actuem apenas nas áreas específicas em que foram criadas, evitando
assim o abuso de poder e a extrapolação de competências. Se a lei não obriga a desempenhar
umas atribuições de preferência a outras, os órgãos da pessoa colectiva tem liberdade de
escolha contanto que os seus actos sejam sempre praticados na intenção de realizar qualquer
dos fins colectivos.
Um exemplo do princípio da especialidade é a actuação das autarquias locais, como as
câmaras municipais. Essas entidades foram criadas para gerir os assuntos de interesse local,
como urbanismo, educação, saúde e cultura. Portanto, elas devem se limitar a essas áreas
específicas e não podem extrapolar suas competências para questões de âmbito nacional ou
internacional. Por exemplo, uma câmara municipal não pode tomar decisões sobre política
externa ou assuntos relacionados à defesa nacional, pois essas são competências do governo
central. O princípio da especialidade garante que cada entidade pública actue dentro de sua
esfera de competência, evitando assim o abuso de poder e a extrapolação de suas atribuições.

2. Na base da doutrina do direito administrativo, a pessoa colectiva pública


Estado e Autarquias Locais, ambos detêm multiplicidades de atribuições. Discuta a
proposição.
R: A doutrina do direito administrativo estabelece que a pessoa colectiva pública é uma
entidade criada por lei, dotada de personalidade jurídica, que tem como objetivo principal a
prossecução do interesse público de forma imediata, necessária e originária. Tanto o Estado
como as Autarquias Locais são exemplos de pessoas coletivas públicas, e ambas detêm
multiplicidades de atribuições.
As atribuições das pessoas colectivas públicas correspondem ao conjunto de fins (interesses
públicos) que a lei coloca a cargo dessas entidades. No caso do Estado, suas atribuições são
mais amplas e abrangem a gestão dos assuntos de interesse nacional, como a defesa, a
segurança, a justiça, a educação, a saúde, entre outros. Já as Autarquias Locais têm
atribuições mais específicas, relacionadas com a gestão dos assuntos de interesse local, como
a organização do território, o planeamento urbano, a gestão de equipamentos e serviços
públicos, entre outros.
Para a prossecução dessas atribuições, as pessoas colectivas públicas dispõem de órgãos a
quem a lei confere poderes ou competências. Além disso, as pessoas coletivas públicas
podem ter o estatuto de utilidade pública, que é atribuído por lei e confere determinados
direitos e deveres. Esse estatuto pode ser atribuído a pessoas coletivas de direito público ou
de direito privado, desde que atendam aos requisitos estabelecidos na legislação.
No contexto das Autarquias Locais, a sua natureza de pessoa colectiva pública está
relacionada com a satisfação regular e contínua das necessidades coletivas das populações
locais. Isso significa que essas entidades têm a responsabilidade de garantir o bem-estar e o
desenvolvimento das comunidades locais, actuando de forma descentralizada e próxima dos
cidadãos.
Pode se dizer assim, que a doutrina do direito administrativo reconhece que tanto o Estado
como as Autarquias Locais são pessoas colectivas públicas que detêm multiplicidades de
atribuições, sendo responsáveis pela prossecução do interesse público em diferentes níveis
(nacional e local) e áreas de actuação. Essas atribuições são definidas por lei e visam garantir
o bem-estar e o desenvolvimento das comunidades que essas entidades representam.

3. Distinga a administração directa do Estado vs. Administraçúo indirecta.


A administração pública pode ser dividida em administração direta e indireta. A
administração direta do Estado é composta pelos serviços integrados na pessoa colectiva
Estado, enquanto a administração indireta é composta por pessoas colectivas públicas
distintas do Estado, mas que são criadas para a realização dos fins do Estado.
De acordo com a Lei n.° 14/2009, de 17 de Março. A administração directa é composta
pelos serviços integrados na pessoa coletciva Estado, enquanto a administração indirecta é
composta por pessoas coletivas públicas distintas do Estado, mas que são criadas para a
realização dos fins do Estado.
Um exemplo prático da administração direta é Ministério da Economia e Finanças, que é o
órgão responsável pela política econômica do país dentro de sua estrutura existem diversos
órgãos subordinados, que cuidam da arrecadação dos tributos públicos.
Exemplos de pessoas colectivas públicas da administração indirecta em Moçambique
incluem:
- Empresas públicas: São entidades com personalidade jurídica própria e patrimônio próprio,
criadas para a realização de actividades de interesse público, como a prestação de serviços
essenciais, a exploração de recursos naturais, entre outros.
- Autarquias locais: São entidades territoriais com autonomia administrativa e financeira,
responsáveis pela gestão dos interesses das populações a nível local, como municípios e
distritos.
- Fundações públicas: São entidades com personalidade jurídica própria, criadas para a
realização de fins de interesse público, como a promoção da educação, da cultura, da saúde,
entre outros.
Tanto a administração directa como a administração indirecta são regidas pelo Direito
Administrativo, que é o ramo do direito que regula a atuação do Estado na sociedade.

4. Em que consiste as atribuições das pessoas colectivas públicas das competências


dos Seus Órgão.
As atribuições das pessoas coletivas públicas estão relacionadas com a realização de funções
de interesse público, que visam atender às necessidades da sociedade em diferentes níveis e
áreas de atuação. Essas atribuições podem ser divididas em quatro grupos principais:
atribuições de soberania, que incluem defesa nacional, polícia e outras; atribuições
econômicas, que envolvem a moeda, o crédito, o imposto, o comércio externo, os preços e a
produção nos diversos setores produtivos; atribuições sociais, que abrangem a saúde, a
segurança social, a habitação, o urbanismo e ao trabalho; e atribuições educativas e culturais,
que incluem o ensino e a cultura.
Segundo Amaral (2005) As atribuições das pessoas colectivas públicas e as competências de
seus órgãos variam de acordo com a natureza e o propósito de cada entidade. No caso das
autarquias locais, por exemplo, seus órgãos representativos próprios visam a prossecução dos
interesses das comunidades locais, atcuando em áreas como planejamento urbano, serviços
públicos locais e desenvolvimento social. As pessoas coletivas públicas são regidas pelo
Direito Administrativo e possuem personalidade jurídica própria e patrimônio próprio. A
administração pública pode ser dividida em administração direta e indireta, sendo que a
administração direta é composta pelos serviços integrados na pessoa colectiva Estado,
enquanto a administração indireta é composta por pessoas colectivas públicas distintas do
Estado, mas que são criadas para a realização dos fins do Estado.
5. Analise a legalidade da competência dos órgãos da administração pública.
A legalidade da competência dos órgãos da administração pública Moçambicana é
estabelecida por um conjunto de leis e regulamentos. Alguns dos principais instrumentos
legais que estabelecem o quadro jurídico para a competência dos órgãos da administração
pública em Moçambique incluem:
Lei nº 7/2012: Esta lei estabelece a base da organização e funcionamento da administração
pública em Moçambique. Ela define as formas de interação e cooperação entre os órgãos da
administração pública e estabelece as competências dos órgãos centrais, como a
administração central do estado, e dos órgãos locais, como a administração provincial e a
administração local
Lei nº 14/2011: Esta lei regula a formação da vontade da administração pública e estabelece
as regras para a defesa dos direitos e interesses dos particulares. Ela estabelece os princípios
que regem as ações dos órgãos da administração pública, incluindo os princípios da
legalidade, imparcialidade, eficiência, transparência e responsabilidade
Decreto nº 60/2020: Este decreto delega a competência do exercício da tutela administrativa
do Estado sobre os Órgãos de Governação Descentralizada. Isso significa que os órgãos
locais têm a responsabilidade de tomar decisões e implementar políticas em sua área de
atuação, dentro dos limites estabelecidos pela legislação
Constituição da República de Moçambique: A Constituição estabelece os princípios que
regem as ações dos órgãos da administração pública. Esses princípios incluem os princípios
da legalidade, imparcialidade, eficiência, transparência e responsabilidade.
Os órgãos da administração pública Moçambicana têm competências específicas, que variam
de acordo com sua natureza e nível de atuação. Por exemplo, o Conselho de Ministros, como
órgão central do governo, tem a responsabilidade de garantir o gozo dos direitos e liberdades
dos cidadãos, assegurar a ordem pública e a disciplina social, preparar propostas de lei,
aprovar decretos-leis, preparar o Plano Econômico e Social e o Orçamento do Estado,
promover e regulamentar a atividade econômica e dos setores sociais, entre outras.
Já os órgãos locais, como o Governo da Cidade de Maputo, têm competências específicas
relacionadas à gestão e desenvolvimento da cidade, como aprovar a proposta do plano e
orçamento da cidade, supervisionar sua execução e promover o bem-estar do cidadão.
A legalidade da competência dos órgãos da administração pública Moçambicana é
estabelecida por um conjunto de leis e regulamentos, que definem as responsabilidades e
poderes desses órgãos, garantindo assim o bom funcionamento do Estado e a proteção dos
direitos e interesses dos cidadãos.

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