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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

1. Administração pública . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Atos administrativos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 06
3. Licitações: princípios, definições, compras, alienações, modalidades, tipos, limites, dispensa, inexigibilidade, fases e processo licita-
tório e contratos administrativos. Lei nº 14.133/2021, Lei 10.520/2002. Decreto 3.555/2000 E decreto 10.024/2019 E suas alterações
posteriores até a data de publicação do edital de abertura . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
4. Organizações e administração. Conceitos básicos da administração. Organização. Fundamentos da administração. Noções de planeja-
mento e controle . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
5. Correspondência, redação oficial e padrão ofício segundo o manual de redação da presidência da república (2018); abreviações e
formas de tratamento; expressões e vocábulos latinos de uso frequente nas comunicações administrativas. Digitação qualitativa;
modelos e documentos. Envelope e endereçamento postal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47
6. Qualidade na prestação de serviços e no atendimento presencial, virtual e telefônico; técnic as de atendimento ao público: recep-
ção,procedimentos profissionais e padrões de atendimento; técnicas secretariais: atendimento online, telefônico, agenda e e-mail56
7. Secretariar reuniões . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68
8. Documentação e arquivo: pesquisa, documentação, arquivo, sistema e métodos de arquivamento e normas para arquivo; noções de
arquivística . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71
9. Administração de materiais: patrimônio, almoxarifado, compras e estoque; inventário; logística; bens patrimoniais; segurança na área
de materiais; conceitos relacionados à administração de materiais e a logística . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 82
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

A Administração Pública também possui elementos que a


ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA compõe, são eles: as pessoas jurídicas de direito público e de
direito privado por delegação, órgãos e agentes públicos que
Administração pública exercem a função administrativa estatal.

Conceito — Observação importante:


Administração Pública em sentido geral e objetivo, é a ativi- Pessoas jurídicas de direito público são entidades estatais
dade que o Estado pratica sob regime público, para a realização acopladas ao Estado, exercendo finalidades de interesse ime-
dos interesses coletivos, por intermédio das pessoas jurídicas, diato da coletividade. Em se tratando do direito público externo,
órgãos e agentes públicos. possuem a personalidade jurídica de direito público cometida
A Administração Pública pode ser definida em sentido am- à diversas nações estrangeiras, como à Santa Sé, bem como a
plo e estrito, além disso, é conceituada por Di Pietro (2009, p. organismos internacionais como a ONU, OEA, UNESCO.(art. 42
57), como “a atividade concreta e imediata que o Estado desen- do CC).
volve, sob regime jurídico total ou parcialmente público, para a No direito público interno encontra-se, no âmbito da admi-
consecução dos interesses coletivos”. nistração direta, que cuida-se da Nação brasileira: União, Esta-
Nos dizeres de Di Pietro (2009, p. 54), em sentido amplo, a dos, Distrito Federal, Territórios e Municípios (art. 41, incs. I, II
Administração Pública é subdividida em órgãos governamentais e III, do CC).
e órgãos administrativos, o que a destaca em seu sentido subjetivo, No âmbito do direito público interno encontram-se, no cam-
sendo ainda subdividida pela sua função política e administrativa po da administração indireta, as autarquias e associações públi-
em sentido objetivo. cas (art. 41, inc. IV, do CC). Posto que as associações públicas,
Já em sentido estrito, a Administração Pública se subdivide em pessoas jurídicas de direito público interno dispostas no inc. IV
órgãos, pessoas jurídicas e agentes públicos que praticam funções do art. 41 do CC, pela Lei n.º 11.107/2005,7 foram sancionadas
administrativas em sentido subjetivo, sendo subdividida também para auxiliar ao consórcio público a ser firmado entre entes pú-
na atividade exercida por esses entes em sentido objetivo. blicos (União, Estados, Municípios e Distrito Federal).
Em suma, temos:
Princípios da administração pública
SENTIDO Sentido amplo {órgãos governamentais e De acordo com o administrativista Alexandre Mazza (2017),
SUBJETIVO órgãos administrativos}. princípios são regras condensadoras dos valores fundamentais
SENTIDO Sentido estrito {pessoas jurídicas, órgãos e de um sistema. Sua função é informar e materializar o ordena-
SUBJETIVO agentes públicos}. mento jurídico bem como o modo de atuação dos aplicadores e
intérpretes do direito, sendo que a atribuição de informar de-
SENTIDO Sentido amplo {função política e adminis- corre do fato de que os princípios possuem um núcleo de valor
OBJETIVO trativa}. essencial da ordem jurídica, ao passo que a atribuição de enfor-
SENTIDO Sentido estrito {atividade exercida por mar é denotada pelos contornos que conferem à determinada
OBJETIVO esses entes}. seara jurídica.
Desta forma, o administrativista atribui dupla aplicabilidade
Existem funções na Administração Pública que são exercidas aos princípios da função hermenêutica e da função integrativa.
pelas pessoas jurídicas, órgãos e agentes da Administração que
são subdivididas em três grupos: fomento, polícia administrativa Referente à função hermenêutica, os princípios são ampla-
e serviço público. mente responsáveis por explicitar o conteúdo dos demais pa-
Para melhor compreensão e conhecimento, detalharemos râmetros legais, isso se os mesmos se apresentarem obscuros
cada uma das funções. Vejamos: no ato de tutela dos casos concretos. Por meio da função inte-
a. Fomento: É a atividade administrativa incentivadora do grativa, por sua vez, os princípios cumprem a tarefa de suprir
desenvolvimento dos entes e pessoas que exercem funções de eventuais lacunas legais observadas em matérias específicas ou
utilidade ou de interesse público. diante das particularidades que permeiam a aplicação das nor-
b. Polícia administrativa: É a atividade de polícia adminis- mas aos casos existentes.
trativa. São os atos da Administração que limitam interesses in-
dividuais em prol do interesse coletivo. Os princípios colocam em prática as função hermenêuticas
c. Serviço público: resume-se em toda atividade que a Ad- e integrativas, bem como cumprem o papel de esboçar os dispo-
ministração Pública executa, de forma direta ou indireta, para sitivos legais disseminados que compõe a seara do Direito Admi-
satisfazer os anseios e as necessidades coletivas do povo, sob nistrativo, dando-lhe unicidade e coerência.
o regime jurídico e com predominância pública. O serviço pú-
blico também regula a atividade permanente de edição de atos
Além disso, os princípios do Direito Administrativo podem
normativos e concretos sobre atividades públicas e privadas, de ser expressos e positivados escritos na lei, ou ainda, implícitos,
forma implementativa de políticas de governo. não positivados e não escritos na lei de forma expressa.
A finalidade de todas essas funções é executar as políticas
— Observação importante:
de governo e desempenhar a função administrativa em favor do
Não existe hierarquia entre os princípios expressos e implí-
interesse público, dentre outros atributos essenciais ao bom an-
citos. Comprova tal afirmação, o fato de que os dois princípios
damento da Administração Pública como um todo com o incen-
que dão forma o Regime Jurídico Administrativo, são meramen-
tivo das atividades privadas de interesse social, visando sempre
o interesse público. te implícitos.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Regime Jurídico Administrativo: é composto por todos os O princípio da moralidade exige que o administrador tenha
princípios e demais dispositivos legais que formam o Direito Ad- conduta pautada de acordo com a ética, com o bom senso, bons
ministrativo. As diretrizes desse regime são lançadas por dois costumes e com a honestidade. O ato administrativo terá que
princípios centrais, ou supraprincípios que são a Supremacia do obedecer a Lei, bem como a ética da própria instituição em que
Interesse Público e a Indisponibilidade do Interesse Público. o agente atua. Entretanto, não é suficiente que o ato seja prati-
cado apenas nos parâmetros da Lei, devendo, ainda, obedecer
Conclama a necessidade da à moralidade.
SUPREMACIA DO sobreposição dos interesses da
INTERESSE PÚBLICO – Princípio da Publicidade: Trata-se de um mecanismo de
coletividade sobre os individuais.
controle dos atos administrativos por meio da sociedade. A pu-
Sua principal função é orientar a blicidade está associada à prestação de satisfação e informação
INDISPONIBILIDADE
atuação dos agentes públicos para da atuação pública aos administrados. Via de regra é que a atua-
DO INTERESSE que atuem em nome e em prol dos
PÚBLICO ção da Administração seja pública, tornando assim, possível o
interesses da Administração Pública. controle da sociedade sobre os seus atos.
Ocorre que, no entanto, o princípio em estudo não é ab-
Ademais, tendo o agente público usufruído das prerrogati- soluto. Isso ocorre pelo fato deste acabar por admitir exceções
vas de atuação conferidas pela supremacia do interesse público, previstas em lei. Assim, em situações nas quais, por exemplo,
a indisponibilidade do interesse público, com o fito de impedir devam ser preservadas a segurança nacional, relevante interes-
que tais prerrogativas sejam utilizadas para a consecução de in- se coletivo e intimidade, honra e vida privada, o princípio da
teresses privados, termina por colocar limitações aos agentes publicidade deverá ser afastado.
públicos no campo de sua atuação, como por exemplo, a ne-
cessidade de aprovação em concurso público para o provimento Sendo a publicidade requisito de eficácia dos atos admi-
dos cargos públicos. nistrativos que se voltam para a sociedade, pondera-se que os
mesmos não poderão produzir efeitos enquanto não forem pu-
Princípios Administrativos blicados.
Nos parâmetros do art. 37, caput da Constituição Federal,
a Administração Pública deverá obedecer aos princípios da Le- – Princípio da Eficiência: A atividade administrativa deverá
galidade, Impessoalidade, Moralidade, Publicidade e Eficiência. ser exercida com presteza, perfeição, rendimento, qualidade e
Vejamos: economicidade. Anteriormente era um princípio implícito, po-
– Princípio da Legalidade: Esse princípio no Direito Admi- rém, hodiernamente, foi acrescentado, de forma expressa, na
nistrativo, apresenta um significado diverso do que apresenta CFB/88, com a EC n. 19/1998.
no Direito Privado. No Direito Privado, toda e qualquer conduta
do indivíduo que não esteja proibida em lei e que não esteja São decorrentes do princípio da eficiência:
contrária à lei, é considerada legal. O termo legalidade para o Di- a. A possibilidade de ampliação da autonomia gerencial,
reito Administrativo, significa subordinação à lei, o que faz com orçamentária e financeira de órgãos, bem como de entidades
que o administrador deva atuar somente no instante e da forma administrativas, desde que haja a celebração de contrato de
que a lei permitir. gestão.
— Observação importante: O princípio da legalidade con- b. A real exigência de avaliação por meio de comissão es-
sidera a lei em sentido amplo. Nesse diapasão, compreende-se pecial para a aquisição da estabilidade do servidor Efetivo, nos
como lei, toda e qualquer espécie normativa expressamente dis- termos do art. 41, § 4º da CFB/88.
posta pelo art. 59 da Constituição Federal.
Administração direta e indireta
– Princípio da Impessoalidade: Deve ser analisado sob duas A princípio, infere-se que Administração Direta é corres-
óticas: pondente aos órgãos que compõem a estrutura das pessoas fe-
a) Sob a ótica da atuação da Administração Pública em re- derativas que executam a atividade administrativa de maneira
lação aos administrados: Em sua atuação, deve o administrador centralizada. O vocábulo “Administração Direta” possui sentido
pautar na não discriminação e na não concessão de privilégios abrangente vindo a compreender todos os órgãos e agentes dos
àqueles que o ato atingirá. Sua atuação deverá estar baseada na entes federados, tanto os que fazem parte do Poder Executivo,
neutralidade e na objetividade. do Poder Legislativo ou do Poder Judiciário, que são os respon-
b) Em relação à sua própria atuação, administrador deve sáveis por praticar a atividade administrativa de maneira cen-
executar atos de forma impessoal, como dispõe e exige o pa- tralizada.
rágrafo primeiro do art. 37 da CF/88 ao afirmar que: ‘‘A publi- Já a Administração Indireta, é equivalente às pessoas jurídi-
cidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos cas criadas pelos entes federados, que possuem ligação com as
órgãos públicos deverá ter caráter educativo, informativo ou de Administrações Diretas, cujo fulcro é praticar a função adminis-
orientação social, dela não podendo constar nomes, símbolos ou trativa de maneira descentralizada.
imagens que caracterizem promoção pessoal de autoridades ou Tendo o Estado a convicção de que atividades podem ser
servidores públicos.’’ exercidas de forma mais eficaz por entidade autônoma e com
personalidade jurídica própria, o Estado transfere tais atribui-
– Princípio da Moralidade: Dispõe que a atuação adminis- ções a particulares e, ainda pode criar outras pessoas jurídicas,
trativa deve ser totalmente pautada nos princípios da ética, ho- de direito público ou de direito privado para esta finalidade. Op-
nestidade, probidade e boa-fé. Esse princípio está conexo à não tando pela segunda opção, as novas entidades passarão a com-
corrupção na Administração Pública. por a Administração Indireta do ente que as criou e, por possuí-

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

rem como destino a execução especializado de certas atividades, ÓRGÃO — é criado por meio de lei.
são consideradas como sendo manifestação da descentralização ORGANIZAÇÃO INTERNA — pode ser feita por DECRETO,
por serviço, funcional ou técnica, de modo geral. desde que não provoque aumento de despesas, bem como a
criação ou a extinção de outros órgãos.
Desconcentração e Descentralização ÓRGÃOS DE CONTROLE — Trata-se dos prepostos a fiscali-
Consiste a desconcentração administrativa na distribuição zar e controlar a atividade de outros órgãos e agentes”. Exem-
interna de competências, na esfera da mesma pessoa jurídica. plo: Tribunal de Contas da União.
Assim sendo, na desconcentração administrativa, o trabalho é
distribuído entre os órgãos que integram a mesma instituição, Pessoas administrativas
fato que ocorre de forma diferente na descentralização admi- Explicita-se que as entidades administrativas são a própria
nistrativa, que impõe a distribuição de competência para outra Administração Indireta, composta de forma taxativa pelas au-
pessoa, física ou jurídica. tarquias, fundações públicas, empresas públicas e sociedades de
Ocorre a desconcentração administrativa tanto na adminis- economia mista.
tração direta como na administração indireta de todos os entes De forma contrária às pessoas políticas, tais entidades, nao
federativos do Estado. Pode-se citar a título de exemplo de des- são reguladas pelo Direito Administrativo, não detendo poder
concentração administrativa no âmbito da Administração Direta político e encontram-se vinculadas à entidade política que as
da União, os vários ministérios e a Casa Civil da Presidência da criou. Não existe hierarquia entre as entidades da Administra-
República; em âmbito estadual, o Ministério Público e as secre- ção Pública indireta e os entes federativos que as criou. Ocorre,
tarias estaduais, dentre outros; no âmbito municipal, as secre- nesse sentido, uma vinculação administrativa em tais situações,
tarias municipais e as câmaras municipais; na administração de maneira que os entes federativos somente conseguem man-
indireta federal, as várias agências do Banco do Brasil que são ter-se no controle se as entidades da Administração Indireta es-
sociedade de economia mista, ou do INSS com localização em tiverem desempenhando as funções para as quais foram criadas
todos os Estados da Federação. de forma correta.
Ocorre que a desconcentração enseja a existência de vários
órgãos, sejam eles órgãos da Administração Direta ou das pes- Pessoas políticas
soas jurídicas da Administração Indireta, e devido ao fato des- As pessoas políticas são os entes federativos previstos na
ses órgãos estarem dispostos de forma interna, segundo uma Constituição Federal. São eles a União, os Estados, o Distrito Fe-
relação de subordinação de hierarquia, entende-se que a des- deral e os Municípios. Denota-se que tais pessoas ou entes, são
concentração administrativa está diretamente relacionada ao regidos pelo Direito Constitucional, vindo a deter uma parcela
princípio da hierarquia. do poder político. Por esse motivo, afirma-se que tais entes são
Registra-se que na descentralização administrativa, ao invés autônomos, vindo a se organizar de forma particular para alcan-
de executar suas atividades administrativas por si mesmo, o Es- çar as finalidades avençadas na Constituição Federal.
tado transfere a execução dessas atividades para particulares e, Assim sendo, não se confunde autonomia com soberania,
ainda a outras pessoas jurídicas, de direito público ou privado. pois, ao passo que a autonomia consiste na possibilidade de
Explicita-se que, mesmo que o ente que se encontre distri- cada um dos entes federativos organizar-se de forma interna,
buindo suas atribuições e detenha controle sobre as atividades elaborando suas leis e exercendo as competências que a eles são
ou serviços transferidos, não existe relação de hierarquia entre determinadas pela Constituição Federal, a soberania nada mais
a pessoa que transfere e a que acolhe as atribuições. é do que uma característica que se encontra presente somente
no âmbito da República Federativa do Brasil, que é formada pe-
Criação, extinção e capacidade processual dos órgãos pú- los referidos entes federativos.
blicos
Os arts. 48, XI e 61, § 1º da CFB/1988 dispõem que a criação Autarquias
e a extinção de órgãos da administração pública dependem de As autarquias são pessoas jurídicas de direito público inter-
lei de iniciativa privativa do chefe do Executivo a quem com- no, criadas por lei específica para a execução de atividades es-
pete, de forma privada, e por meio de decreto, dispor sobre a peciais e típicas da Administração Pública como um todo. Com
organização e funcionamento desses órgãos públicos, quando as autarquias, a impressão que se tem, é a de que o Estado veio
não ensejar aumento de despesas nem criação ou extinção de a descentralizar determinadas atividades para entidades eivadas
órgãos públicos (art. 84, VI, b, CF/1988). Desta forma, para que de maior especialização.
haja a criação e extinção de órgãos, existe a necessidade de lei, As autarquias são especializadas em sua área de atuação,
no entanto, para dispor sobre a organização e o funcionamento, dando a ideia de que os serviços por elas prestados são feitos
denota-se que poderá ser utilizado ato normativo inferior à lei, de forma mais eficaz e venham com isso, a atingir de maneira
que se trata do decreto. Caso o Poder Executivo Federal desejar contundente a sua finalidade, que é o bem comum da coletivi-
criar um Ministério a mais, o presidente da República deverá dade como um todo. Por esse motivo, aduz-se que as autarquias
encaminhar projeto de lei ao Congresso Nacional. Porém, caso são um serviço público descentralizado. Assim, devido ao fato
esse órgão seja criado, sua estruturação interna deverá ser fei- de prestarem esse serviço público especializado, as autarquias
ta por decreto. Na realidade, todos os regimentos internos dos acabam por se assemelhar em tudo o que lhes é possível, ao
ministérios são realizados por intermédio de decreto, pelo fato entidade estatal a que estiverem servindo. Assim sendo, as au-
de tal ato se tratar de organização interna do órgão. Vejamos: tarquias se encontram sujeitas ao mesmo regime jurídico que
o Estado. Nos dizeres de Hely Lopes Meirelles, as autarquias
são uma “longa manus” do Estado, ou seja, são executoras de
ordens determinadas pelo respectivo ente da Federação a que
estão vinculadas.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

As autarquias são criadas por lei específica, que de forma III – licitação e contratação de obras, serviços, compras e
obrigacional deverá ser de iniciativa do Chefe do Poder Exe- alienações, observados os princípios da Administração Pública;
cutivo do ente federativo a que estiver vinculada. Explicita-se IV – a constituição e o funcionamento dos conselhos de Ad-
também que a função administrativa, mesmo que esteja sendo ministração e fiscal, com a participação de acionistas minoritá-
exercida tipicamente pelo Poder Executivo, pode vir a ser de- rios;
sempenhada, em regime totalmente atípico pelos demais Po- V – os mandatos, a avaliação de desempenho e a responsa-
deres da República. Em tais situações, infere-se que é possível bilidade dos administradores
que sejam criadas autarquias no âmbito do Poder Legislativo e
do Poder Judiciário, oportunidade na qual a iniciativa para a lei Vejamos em síntese, algumas características em comum das
destinada à sua criação, deverá, obrigatoriamente, segundo os empresas públicas e das sociedades de economia mista:
parâmetros legais, ser feita pelo respectivo Poder. • Devem realizar concurso público para admissão de seus
empregados;
Empresas Públicas • Não estão alcançadas pela exigência de obedecer ao teto
Sociedades de Economia Mista constitucional;
São a parte da Administração Indireta mais voltada para o • Estão sujeitas ao controle efetuado pelos Tribunais de
direito privado, sendo também chamadas pela maioria doutriná- Contas, bem como ao controle do Poder Legislativo;
ria de empresas estatais. • Não estão sujeitas à falência;
Tanto a empresas públicas, quanto as sociedades de econo- • Devem obedecer às normas de licitação e contrato admi-
mia mista, no que se refere à sua área de atuação, podem ser nistrativo no que se refere às suas atividades-meio;
divididas entre prestadoras diversas de serviço público e plena- • Devem obedecer à vedação à acumulação de cargos pre-
mente atuantes na atividade econômica de modo geral. Assim vista constitucionalmente;
sendo, obtemos dois tipos de empresas públicas e dois tipos de • Não podem exigir aprovação prévia, por parte do Poder
sociedades de economia mista. Legislativo, para nomeação ou exoneração de seus diretores.
Ressalta-se que ao passo que as empresas estatais explora-
doras de atividade econômica estão sob a égide, no plano cons- Fundações e outras entidades privadas delegatárias
titucional, pelo art. 173, sendo que a sua atividade se encontra Identifica-se no processo de criação das fundações privadas,
regida pelo direito privado de maneira prioritária, as empresas duas características que se encontram presentes de forma con-
estatais prestadoras de serviço público são reguladas, pelo mes- tundente, sendo elas a doação patrimonial por parte de um ins-
mo diploma legal, pelo art. 175, de maneira que sua atividade é tituidor e a impossibilidade de terem finalidade lucrativa.
regida de forma exclusiva e prioritária pelo direito público. O Decreto 200/1967 e a Constituição Federal Brasileira de
1988 conceituam Fundação Pública como sendo um ente de di-
Observação importante: todas as empresas estatais, sejam reito predominantemente de direito privado, sendo que a Cons-
prestadoras de serviços públicos ou exploradoras de atividade tituição Federal dá à Fundação o mesmo tratamento oferecido
econômica, possuem personalidade jurídica de direito privado. às Sociedades de Economia Mista e às Empresas Públicas, que
permite autorização da criação, por lei e não a criação direta por
O que diferencia as empresas estatais exploradoras de ati- lei, como no caso das autarquias.
vidade econômica das empresas estatais prestadoras de serviço Entretanto, a doutrina majoritária e o STF aduzem que a
público é a atividade que exercem. Assim, sendo ela prestadora Fundação Pública poderá ser criada de forma direta por meio de
de serviço público, a atividade desempenhada é regida pelo di- lei específica, adquirindo, desta forma, personalidade jurídica
reito público, nos ditames do artigo 175 da Constituição Federal de direito público, vindo a criar uma Autarquia Fundacional ou
que determina que “incumbe ao Poder Público, na forma da lei, Fundação Autárquica.
diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, sempre
através de licitação, a prestação de serviços públicos.” Já se for Observação importante: a autarquia é definida como ser-
exploradora de atividade econômica, como maneira de evitar viço personificado, ao passo que uma autarquia fundacional é
que o princípio da livre concorrência reste-se prejudicado, as conceituada como sendo um patrimônio de forma personificada
referidas atividades deverão ser reguladas pelo direito privado, destinado a uma finalidade específica de interesse social.
nos ditames do artigo 173 da Constituição Federal, que assim
determina: Vejamos como o Código Civil determina:
Art. 173. Ressalvados os casos previstos nesta Constituição, Art. 41 - São pessoas jurídicas de direito público interno:(...)
a exploração direta de atividade econômica pelo Estado só será IV - as autarquias, inclusive as associações públicas;
permitida quando necessária aos imperativos da segurança na- V - as demais entidades de caráter público criadas por lei.
cional ou a relevante interesse coletivo, conforme definidos em
lei. § 1º A lei estabelecerá o estatuto jurídico da empresa públi- No condizente à Constituição, denota-se que esta não faz
ca, da sociedade de economia mista e de suas subsidiárias que distinção entre as Fundações de direito público ou de direito pri-
explorem atividade econômica de produção ou comercialização vado. O termo Fundação Pública é utilizado para diferenciar as
de bens ou de prestação de serviços, dispondo sobre: fundações da iniciativa privada, sem que haja qualquer tipo de
I – sua função social e formas de fiscalização pelo Estado e ligação com a Administração Pública.
pela sociedade; No entanto, determinadas distinções poderão ser feitas,
II – a sujeição ao regime jurídico próprio das empresas priva- como por exemplo, a imunidade tributária recíproca que é des-
das, inclusive quanto aos direitos e obrigações civis, comerciais, tinada somente às entidades de direito público como um todo.
trabalhistas e tributários; Registra-se que o foro de ambas é na Justiça Federal.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Delegação Social X – promoção de direitos estabelecidos, construção de novos


Organizações sociais direitos e assessoria jurídica gratuita de interesse suplementar;
As organizações sociais são entidades privadas que recebem XI – promoção da ética, da paz, da cidadania, dos direitos
o atributo de Organização Social. Várias são as entidades cria- humanos, da democracia e de outros valores universais;
das por particulares sob a forma de associação ou fundação que XII – estudos e pesquisas, desenvolvimento de tecnologias
desempenham atividades de interesse público sem fins lucrati- alternativas, produção e divulgação de informações e conheci-
vos. Ao passo que algumas existem e conseguem se manter sem mentos técnicos e científicos que digam respeito às atividades
nenhuma ligação com o Estado, existem outras que buscam se mencionadas neste artigo.
aproximar do Estado com o fito de receber verbas públicas ou A lei das Oscips apresenta um rol de entidades que não po-
bens públicos com o objetivo de continuarem a desempenhar dem receber a qualificação. Vejamos:
sua atividade social. Nos parâmetros da Lei 9.637/1998, o Poder Art. 2º Não são passíveis de qualificação como Organizações
Executivo Federal poderá constituir como Organizações Sociais da Sociedade Civil de Interesse Público, ainda que se dediquem
pessoas jurídicas de direito privado, que não sejam de fins lu- de qualquer forma às atividades descritas no art. 3º desta Lei:
crativos, cujas atividades sejam dirigidas ao ensino, à pesquisa I – as sociedades comerciais;
científica, ao desenvolvimento tecnológico, à proteção e preser- II – os sindicatos, as associações de classe ou de representa-
vação do meio ambiente, à cultura e à saúde, atendidos os re- ção de categoria profissional;
quisitos da lei. Ressalte-se que as entidades privadas que vierem III – as instituições religiosas ou voltadas para a dissemina-
a atuar nessas áreas poderão receber a qualificação de OSs. ção de credos, cultos, práticas e visões devocionais e confessio-
Lembremos que a Lei 9.637/1998 teve como fulcro trans- nais;
ferir os serviços que não são exclusivos do Estado para o setor IV – as organizações partidárias e assemelhadas, inclusive
privado, por intermédio da absorção de órgãos públicos, vindo a suas fundações;
substituí-los por entidades privadas. Tal fenômeno é conhecido V – as entidades de benefício mútuo destinadas a propor-
como publicização. Com a publicização, quando um órgão pú- cionar bens ou serviços a um círculo restrito de associados ou
blico é extinto, logo, outra entidade de direito privado o substi- sócios;
tui no serviço anteriormente prestado. Denota-se que o vínculo VI – as entidades e empresas que comercializam planos de
com o poder público para que seja feita a qualificação da entida- saúde e assemelhados;
de como organização social é estabelecido com a celebração de VII – as instituições hospitalares privadas não gratuitas e
contrato de gestão. Outrossim, as Organizações Sociais podem suas mantenedoras;
receber recursos orçamentários, utilização de bens públicos e VIII – as escolas privadas dedicadas ao ensino formal não
servidores públicos. gratuito e suas mantenedoras;
IX – as Organizações Sociais;
Organizações da sociedade civil de interesse público X – as cooperativas;
São conceituadas como pessoas jurídicas de direito priva-
do, sem fins lucrativos, nas quais os objetivos sociais e normas Por fim, registre-se que o vínculo de união entre a entida-
estatutárias devem obedecer aos requisitos determinados pelo de e o Estado é denominado termo de parceria e que para a
art. 3º da Lei n. 9.790/1999. Denota-se que a qualificação é de qualificação de uma entidade como Oscip, é exigido que esta
competência do Ministério da Justiça e o seu âmbito de atuação tenha sido constituída e se encontre em funcionamento regular
é parecido com o da OS, entretanto, é mais amplo. Vejamos: há, pelo menos, três anos nos termos do art. 1º, com redação
Art. 3º A qualificação instituída por esta Lei, observado dada pela Lei n. 13.019/2014. O Tribunal de Contas da União
em qualquer caso, o princípio da universalização dos serviços, tem entendido que o vínculo firmado pelo termo de parceria
no respectivo âmbito de atuação das Organizações, somente por órgãos ou entidades da Administração Pública com Organi-
será conferida às pessoas jurídicas de direito privado, sem fins zações da Sociedade Civil de Interesse Público não é demandan-
lucrativos, cujos objetivos sociais tenham pelo menos uma das te de processo de licitação. De acordo com o que preceitua o
seguintes finalidades: art. 23 do Decreto n. 3.100/1999, deverá haver a realização de
I – promoção da assistência social; concurso de projetos pelo órgão estatal interessado em cons-
II – promoção da cultura, defesa e conservação do patrimô- truir parceria com Oscips para que venha a obter bens e serviços
nio histórico e artístico; para a realização de atividades, eventos, consultorias, coopera-
III – promoção gratuita da educação, observando-se a forma ção técnica e assessoria.
complementar de participação das organizações de que trata
esta Lei; Entidades de utilidade pública
IV – promoção gratuita da saúde, observando-se a forma O Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado trouxe
complementar de participação das organizações de que trata em seu bojo, dentre várias diretrizes, a publicização dos serviços
esta Lei; estatais não exclusivos, ou seja, a transferência destes serviços
V – promoção da segurança alimentar e nutricional; para o setor público não estatal, o denominado Terceiro Setor.
VI – defesa, preservação e conservação do meio ambiente e Podemos incluir entre as entidades que compõem o Tercei-
promoção do desenvolvimento sustentável; VII – promoção do ro Setor, aquelas que são declaradas como sendo de utilidade
voluntariado; pública, os serviços sociais autônomos, como SESI, SESC, SENAI,
VIII – promoção do desenvolvimento econômico e social e por exemplo, as organizações sociais (OS) e as organizações da
combate à pobreza; sociedade civil de interesse público (OSCIP).
IX – experimentação, não lucrativa, de novos modelos so- É importante explicitar que o crescimento do terceiro setor
cioprodutivos e de sistemas alternativos de produção, comércio, está diretamente ligado à aplicação do princípio da subsidiarie-
emprego e crédito; dade na esfera da Administração Pública. Por meio do princípio

5
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

da subsidiariedade, cabe de forma primária aos indivíduos e às Já Maria Sylvia Zanella Di Pietro explana esse tema, como:
organizações civis o atendimento dos interesses individuais e “a declaração do Estado ou de quem o represente, que produz
coletivos. Assim sendo, o Estado atua apenas de forma subsi- efeitos jurídicos imediatos, com observância da lei, sob regime
diária nas demandas que, devido à sua própria natureza e com- jurídico de direito público e sujeita a controle pelo Poder Judi-
plexidade, não puderam ser atendidas de maneira primária pela ciário”.
sociedade. Dessa maneira, o limite de ação do Estado se encon- O renomado, Celso Antônio Bandeira de Mello, por sua vez,
traria na autossuficiência da sociedade. explica o conceito de ato administrativo de duas formas. São
Em relação ao Terceiro Setor, o Plano Diretor do Aparelho elas:
do Estado previa de forma explícita a publicização de serviços A) Primeira: em sentido amplo, na qual há a predominância
públicos estatais que não são exclusivos. A expressão publiciza- de atos gerais e abstratos. Exemplos: os contratos administrati-
ção significa a transferência, do Estado para o Terceiro Setor, ou vos e os regulamentos.
seja um setor público não estatal, da execução de serviços que No sentido amplo, de acordo com o mencionado autor, o
não são exclusivos do Estado, vindo a estabelecer um sistema de ato administrativo pode, ainda, ser considerado como a “de-
parceria entre o Estado e a sociedade para o seu financiamento claração do Estado (ou de quem lhe faça as vezes – como, por
e controle, como um todo. Tal parceria foi posteriormente mo- exemplo, um concessionário de serviço público), no exercício de
dernizada com as leis que instituíram as organizações sociais e prerrogativas públicas, manifestada mediante providências jurí-
as organizações da sociedade civil de interesse público. dicas complementares da lei a título de lhe dar cumprimento, e
O termo publicização também é atribuído a um segundo sujeitas a controle de legitimidade por órgão jurisdicional”.
sentido adotado por algumas correntes doutrinárias, que cor- B) Segunda: em sentido estrito, no qual acrescenta à defi-
responde à transformação de entidades públicas em entidades nição anterior, os atributos da unilateralidade e da concreção.
privadas sem fins lucrativos. Desta forma, no entendimento estrito de ato administrativo
No que condizente às características das entidades que por ele exposta, ficam excluídos os atos convencionais, como os
compõem o Terceiro Setor, a ilustre Maria Sylvia Zanella Di Pie- contratos, por exemplo, bem como os atos abstratos.
tro entende que todas elas possuem os mesmos traços, sendo Embora haja ausência de uniformidade doutrinária, a partir
eles: da análise lúcida do tópico anterior, acoplada aos estudos dos
conceitos retro apresentados, é possível extrair alguns elemen-
1. Não são criadas pelo Estado, ainda que algumas delas te- tos fundamentais para a definição dos conceitos do ato admi-
nham sido autorizadas por lei; nistrativo.
2. Em regra, desempenham atividade privada de interesse De antemão, é importante observar que, embora o exercício
público (serviços sociais não exclusivos do Estado); da função administrativa consista na atividade típica do Poder
3. Recebem algum tipo de incentivo do Poder Público; Executivo, os Poderes Legislativo e Judiciário, praticam esta fun-
4. Muitas possuem algum vínculo com o Poder Público e, ção de forma atípica, vindo a praticar, também, atos administra-
por isso, são obrigadas a prestar contas dos recursos públicos à tivos. Exemplo: ao realizar concursos públicos, os três Poderes
Administração devem nomear os aprovados, promovendo licitações e forne-
5. Pública e ao Tribunal de Contas; cendo benefícios legais aos servidores, dentre outras atividades.
6. Possuem regime jurídico de direito privado, porém derro- Acontece que em todas essas atividades, a função administrati-
gado parcialmente por normas direito público; va estará sendo exercida que, mesmo sendo função típica, mas,
recordemos, não é função exclusiva do Poder Executivo.
Assim, estas entidades integram o Terceiro Setor pelo fato Denota-se também, que nem todo ato praticado no exercí-
de não se enquadrarem inteiramente como entidades privadas cio da função administrativa é ato administrativo, isso por que
e também porque não integram a Administração Pública Direta em inúmeras situações, o Poder Público pratica atos de caráter
ou Indireta. privado, desvestindo-se das prerrogativas que conformam o re-
Convém mencionar que, como as entidades do Terceiro Se- gime jurídico de direito público e assemelhando-se aos particu-
tor são constituídas sob a forma de pessoa jurídica de direito lares. Exemplo: a emissão de um cheque pelo Estado, uma vez
privado, seu regime jurídico, normalmente, via regra geral, é de que a referida providência deve ser disciplinada exclusivamente
direito privado. Acontece que pelo fato de estas gozarem nor- por normas de direito privado e não público.
malmente de algum incentivo do setor público, também podem Há de se desvencilhar ainda que o ato administrativo pode
lhes ser aplicáveis algumas normas de direito público. Esse é o ser praticado não apenas pelo Estado, mas também por aquele
motivo pelo qual a conceituada professora afirma que o regime que o represente. Exemplo: os órgãos da Administração Direta,
jurídico aplicado às entidades que integram o Terceiro Setor é bem como, os entes da Administração Indireta e particulares,
de direito privado, podendo ser modificado de maneira parcial como acontece com as permissionárias e com as concessionárias
por normas de direito público. de serviços públicos.
Destaca-se, finalmente, que o ato administrativo por não
apresentar caráter de definitividade, está sujeito a controle por
ATOS ADMINISTRATIVOS órgão jurisdicional. Em obediência a essas diretrizes, compreen-
demos que ato administrativo é a manifestação unilateral de
Conceito vontade proveniente de entidade arremetida em prerrogativas
Hely Lopes Meirelles conceitua ato administrativo como estatais amparadas pelos atributos provenientes do regime jurí-
sendo “toda manifestação unilateral de vontade da Administra- dico de direito público, destinadas à produção de efeitos jurídi-
ção Pública que, agindo nessa qualidade, tenha por fim imediato cos e sujeitos a controle judicial específico.
adquirir, resguardar, transferir, modificar, extinguir e declarar
direitos, ou impor obrigações aos administrados ou a si própria”.

6
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Em suma, temos: Em relação às fontes, temos as competências primária e se-


ATO ADMINISTRATIVO: é a manifestação unilateral de von- cundária. Vejamos a definição de cada uma delas nos tópicos
tade proveniente de entidade arremetida em prerrogativas es- abaixo:
tatais amparadas pelos atributos provenientes do regime jurídi- a) Competência primária: quando a competência é estabe-
co de direito público, destinadas à produção de efeitos jurídicos lecida pela lei ou pela Constituição Federal.
e sujeitos a controle judicial específico. b) Competência Secundária: a competência vem expressa
em normas de organização, editadas pelos órgãos de competên-
cia primária, uma vez que é produto de um ato derivado de um
ATOS ADMINISTRATIVOS EM SENTIDO AMPLO
órgão ou agente que possui competência primária.
Atos de Direito Privado
Atos materiais Entretanto, a distribuição de competência não ocorre de
Atos de opinião, conhecimento, juízo ou valor forma aleatória, de forma que sempre haverá um critério lógico
informando a distribuição de competências, como a matéria, o
Atos políticos território, a hierarquia e o tempo. Exemplo disso, concernente
Contratos ao critério da matéria, é a criação do Ministério da Saúde.
Atos normativos Em relação ao critério territorial, a criação de Superinten-
dências Regionais da Polícia Federal e, ainda, pelo critério da
Atos normativos em sentido estrito e propriamente ditos hierarquia, a criação do Conselho Administrativo de Recursos
Fiscais (CARF), órgão julgador de recursos contra as decisões
Requisitos das Delegacias da Receita Federal de Julgamento criação da
A lei da Ação Popular, Lei nº 4.717/1965, aponta a existência Comissão Nacional da Verdade que trabalham na investigação
de cinco requisitos do ato administrativo. São eles: competên- de violações graves de Direitos Humanos nos períodos entre
cia, finalidade, forma, motivo e objeto. É importante esclarecer 18.09.1946 e 05.10.1988, que resulta na combinação dos crité-
que a falta ou o defeito desses elementos pode resultar. rios da matéria e do tempo.
De acordo com o a gravidade do caso em consideração, em A competência possui como características:
simples irregularidade com possibilidade de ser sanada, invali- a) Exercício obrigatório: pelos órgãos e agentes públicos,
dando o ato do ato, ou até mesmo o tornando inexistente.
uma vez que se trata de um poder-dever de ambos.
No condizente à competência, no sentido jurídico, esta pa- b) Irrenunciável ou inderrogável: isso ocorre, seja pela von-
lavra designa a prerrogativa de poder e autorização de alguém tade da Administração, ou mesmo por acordo com terceiros,
que está legalmente autorizado a fazer algo. Da mesma maneira, uma vez que é estabelecida em decorrência do interesse públi-
qualquer pessoa, ainda que possua capacidade e excelente ren- co. Exemplo: diante de um excessivo aumento da ocorrência de
dimento para fazer algo, mas não alçada legal para tal, deve ser crimes graves e da sua diminuição de pessoal, uma delegacia de
considerada incompetente em termos jurídicos para executar polícia não poderá jamais optar por não mais registrar boletins
tal tarefa. de ocorrência relativos a crimes considerados menos graves.
Pensamento idêntico é válido para os órgãos e entidades c) Intransferível: não pode ser objeto de transação ou acor-
públicas, de forma que, por exemplo, a Agência Nacional de do com o fulcro de ser repassada a responsabilidade a outra
Aviação Civil (ANAC) não possui competência para conferir o pessoa. Frise-se que a delegação de competência não provoca a
passaporte e liberar a entrada de um estrangeiro no Brasil, ten- transferência de sua titularidade, porém, autoriza o exercício de
do em vista que o controle de imigração brasileiro é atividade determinadas atribuições não exclusivas da autoridade delegan-
exclusiva e privativa da Polícia Federal. te, que poderá, conforme critérios próprios e a qualquer tempo,
Nesse sentido, podemos conceituar competência como sen- revogar a delegação.
do o acoplado de atribuições designadas pelo ordenamento ju- d) Imodificável: não admite ser modificada por ato do agen-
rídico às pessoas jurídicas, órgãos e agentes públicos, com o fito te, quando fixada pela lei ou pela Constituição, uma vez que so-
de facilitar o desempenho de suas atividades. mente estas normas poderão alterá-la.
A competência possui como fundamento do seu instituto a e) Imprescritível: o agente continua competente, mesmo
divisão do trabalho com ampla necessidade de distribuição do que não tenha sido utilizada por muito tempo.
conjunto das tarefas entre os agentes públicos. Desta forma, a f) Improrrogável: com exceção de disposição expressa pre-
distribuição de competências possibilita a organização adminis- vista em lei, o agente incompetente não passa a ser competente
trativa do Poder Público, definindo quais as tarefas cabíveis a pelo mero fato de ter praticado o ato ou, ainda, de ter sido o
cada pessoa política, órgão ou agente. primeiro a tomar conhecimento dos fatos que implicariam a mo-
Relativo à competência com aplicação de multa por infração tivação de sua prática.
à legislação do imposto de renda, dentre as pessoas políticas,
a União é a competente para instituir, fiscalizar e arrecadar o Cabem dentro dos critérios de competência a delegação e a
imposto e também para estabelecer as respectivas infrações e avocação, que podem ser definidas da seguinte forma:
penalidades. Já em relação à instituição do tributo e cominação a) Delegação de competência: trata-se do fenômeno por in-
de penalidades, que é de competência do legislativo, dentre os termédio do qual um órgão administrativo ou um agente público
Órgãos Constitucionais da União, o Órgão que possui tal compe- delega a outros órgãos ou agentes públicos a tarefa de executar
tência, é o Congresso Nacional no que condizente à fiscalização parte das funções que lhes foram atribuídas. Em geral, a dele-
e aplicação das respectivas penalidades. gação é transferida para órgão ou agente de plano hierárqui-
co inferior. No entanto, a doutrina contemporânea considera,
quando justificadamente necessário, a admissão da delegação
fora da linha hierárquica.

7
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Considera-se ainda que o ato de delegação não suprime a Com fundamento nessa orientação, o STF decidiu no julga-
atribuição da autoridade delegante, que continua competente mento do MS 24.732 MC/DF, que o foro da autoridade delegan-
para o exercício das funções cumulativamente com a autoridade te não poderá ser transmitido de forma alguma à autoridade de-
a que foi delegada a função. Entretanto, cada agente público, na legada. Desta forma, tendo sido o ato praticado pela autoridade
prática de atos com fulcro nos poderes que lhe foram atribuídos, delegada, todas e quaisquer medidas judiciais propostas contra
agirá sempre em nome próprio e, respectivamente irá respon- este ato deverão respeitar o respectivo foro da autoridade de-
der por seus atos. legada.
Por todas as decisões que tomar. Do mesmo modo, adotan- Seguindo temos:
do cautelas parecidas, a autoridade delegante da ação também a) Avocação: trata-se do fenômeno contrário ao da dele-
poderá revogar a qualquer tempo a delegação realizada ante- gação e se resume na possibilidade de o superior hierárquico
riormente. Desta maneira, a regra geral é a possibilidade de de- trazer para si de forma temporária o devido exercício de compe-
legação de competências, só deixando esta de ser possível se tências legalmente estabelecidas para órgãos ou agentes hierar-
houver quaisquer impedimentos legais vigentes. quicamente inferiores. Diferentemente da delegação, não cabe
avocação fora da linha de hierarquia, posto que a utilização do
É importante conhecer a respeito da delegação de compe- instituto é dependente de poder de vigilância e controle nas re-
tência o disposto na Lei 9.784/1999, Lei do Processo Administra- lações hierarquizadas.
tivo Federal, que tendo tal norma aplicada somente no âmbito Vejamos a diferença entre a avocação com revogação de
federal, incorporou grande parte da orientação doutrinária exis- delegação:
tente, dispondo em seus arts. 11 a 14: • Na avocação, sendo sua providência de forma excepcional
e temporária, nos termos do art. 15 da Lei 9.787/1999, a com-
Art. 11. A competência é irrenunciável e se exerce pelos ór- petência é de forma originária e advém do órgão ou agente su-
gãos administrativos a que foi atribuída como própria, salvo os bordinado, sendo que de forma temporária, passa a ser exercida
casos de delegação e avocação legalmente admitidos. pelo órgão ou autoridade avocante.
Art. 12. Um órgão administrativo e seu titular poderão, se • Já na revogação de delegação, anteriormente, a compe-
não houver impedimento legal, delegar parte da sua competên- tência já era de forma original da autoridade ou órgão delegan-
cia a outros órgãos ou titulares, ainda que estes não lhe sejam te, que achou por conveniência e oportunidade revogar o ato de
hierarquicamente subordinados, quando for conveniente, em delegação, voltando, por conseguinte a exercer suas atribuições
razão de circunstâncias de índole técnica, social, econômica, ju- legais por cunho de mão própria.
rídica ou territorial.
Parágrafo único. O disposto no caput deste artigo aplica-se Finalmente, adverte-se que, apesar de ser um dever ser
à delegação de competência dos órgãos colegiados aos respec- exercido com autocontrole, o poder originário de avocar com-
tivos presidentes. petência também se constitui em regra na Administração Públi-
Art. 13. Não podem ser objeto de delegação: ca, uma vez que é inerente à organização hierárquica como um
I - a edição de atos de caráter normativo; todo. Entretanto, conforme a doutrina de forma geral, o órgão
II - a decisão de recursos administrativos; superior não pode avocar a competência do órgão subordina-
III - as matérias de competência exclusiva do órgão ou au- do em se tratando de competências exclusivas do órgão ou de
toridade. agentes inferiores atribuídas por lei. Exemplo: Secretário de Se-
Art. 14. O ato de delegação e sua revogação deverão ser gurança Pública, mesmo estando alguns degraus hierárquicos
publicados no meio oficial. acima de todos os Delegados da Polícia Civil, não poderá jamais
§ 1º O ato de delegação especificará as matérias e poderes avocar para si a competência para presidir determinado inquéri-
transferidos, os limites da atuação do delegado, a duração e os to policial, tendo em vista que esta competência é exclusiva dos
objetivos da delegação e o recurso cabível, podendo conter res- titulares desses cargos.
salva de exercício da atribuição delegada. Não convém encerrar esse tópico acerca da competência
§ 2º O ato de delegação é revogável a qualquer tempo pela sem mencionarmos a respeito dos vícios de competência que é
autoridade delegante. conceituado como o sofrimento de algum defeito em razão de
§ 3º As decisões adotadas por delegação devem mencionar problemas com a competência do agente que o pratica que se
explicitamente esta qualidade e considerar-se-ão editadas pelo subdivide em:
delegado. a) Excesso de poder: acontece quando o agente que pratica
Convém registrar que a delegação é ato discricionário, que o ato acaba por exceder os limites de sua competência, agindo
leva em conta para sua prática circunstâncias de índole técnica, além das providências que poderia adotar no caso concreto, vin-
social, econômica, jurídica ou territorial, bem como é ato revo- do a praticar abuso de poder. O vício de excesso de poder nem
gável a qualquer tempo pela autoridade delegante, sendo que sempre poderá resultar em anulação do ato administrativo, ten-
o ato de delegação bem como a sua revogação deverão ser ex- do em vista que em algumas situações será possível convalidar
pressamente publicados no meio oficial, especificando em seu o ato defeituoso.
ato as matérias e poderes delegados, os parâmetros de limites b) Usurpação de função: ocorre quando uma pessoa exerce
da atuação do delegado, o recurso cabível, a duração e os obje- atribuições próprias de um agente público, sem que tenha esse
tivos da delegação. atributo ou competência. Exemplo: uma pessoa que celebra ca-
samentos civis fingindo ser titular do cargo de juiz.
Importante ressaltar: c) Função de fato: ocorre quando a pessoa que pratica o
Súmula 510 do STF: Praticado o ato por autoridade, no exer- ato está irregularmente investida no cargo, emprego ou fun-
cício de competência delegada, contra ela cabe o mandado de ção pública ou ainda que, mesmo devidamente investida, exis-
segurança ou a medida judicial. te qualquer tipo de impedimento jurídico para a prática do ato

8
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

naquele momento. Na função de fato, o agente pratica o ato Em resumo, temos:


num contexto que tem toda a aparência de legalidade. Por esse
motivo, em decorrência da teoria da aparência, desde que haja Específica ou Imediata e
boa-fé do administrado, esta deve ser respeitada, devendo, por FINALIDADE PÚBLICA
Geral ou Mediata
conseguinte, ser considerados válidos os atos, como se fossem
praticados pelo funcionário de fato. Ato praticado com finalidade
Em suma, temos: diversa da prevista em Lei.
e
DESVIO DE FINALIDADE
Ato praticado formalmente com
VÍCIOS DE COMPETÊNCIA OU DESVIO DE PODER finalidade prevista em Lei, porém,
Em determinadas situações é visando a atender a fins pessoais
EXCESSO DE PODER de autoridade.
possível a convalidação
USURPAÇÃO DE FUNÇÃO Ato inexistente
Concernente à forma, averígua-se na doutrina duas formas
Ato válido, se houver boa-fé do distintas de definição como requisito do ato administrativo. São
FUNÇÃO DE FATO
administrado elas:
ABUSO DE AUTORIDADE
A) De caráter mais restrito, demonstrando que a forma é o
EXCESSO DE PODER Vício de competência
modo de exteriorização do ato administrativo.
DESVIO DE PODER Desvio de finalidade B) Considera a forma de natureza mais ampla, incluindo no
conceito de forma apenas o modo de exteriorização do ato, bem
Relativo à finalidade, denota-se que a finalidade pública é como todas as formalidades que devem ser destacadas e obser-
uma das características do princípio da impessoalidade. Nesse vadas no seu curso de formação.
diapasão, a Administração não pode atuar com o objetivo de
beneficiar ou prejudicar determinadas pessoas, tendo em vista Ambas as acepções estão meramente corretas, cuidando-
que seu comportamento deverá sempre ser norteado pela busca -se simplesmente de modos diferentes de examinar a questão,
do interesse público. Além disso, existe determinada finalidade sendo que a primeira analisa a forma do ato administrativo sob
típica para cada tipo de ato administrativo. o aspecto exterior do ato já formado e a segunda, analisa a dinâ-
Assim sendo, identifica-se no ato administrativo duas espé- mica da formação do ato administrativo.
cies de finalidade pública. São elas:
a) Geral ou mediata: consiste na satisfação do interesse pú- Via de regra, no Direito Privado, o que prevalece é a liber-
blico considerado de forma geral. dade de forma do ato jurídico, ao passo que no Direito Públi-
b) Pública específica ou imediata: é o resultado específico co, a regra é o formalismo moderado. O ato administrativo não
previsto na lei, que deve ser alcançado com a prática de determi- precisa ser revestido de formas rígidas e solenes, mas é impres-
nado ato. cindível que ele seja escrito. Ainda assim, tal exigência, não é
Está relacionada ao atributo da tipicidade, por meio do qual a absoluta, tendo em vista que em alguns casos, via de regra, o
lei dispõe uma finalidade a ser alcançada para cada espécie de ato. agente público tem a possibilidade de se manifestar de outra
forma, como acontece nas ordens verbais transmitidas de forma
Destaca-se que o descumprimento de qualquer dessas fi- emergencial aos subordinados, ou, ainda, por exemplo, quando
nalidades, seja geral ou específica, resulta no vício denominado um agente de trânsito transmite orientações para os condutores
desvio de poder ou desvio de finalidade. O desvio de poder é de veículos através de silvos e gestos.
vício que não pode ser sanado, e por esse motivo, não pode ser Pondera-se ainda, que o ato administrativo é denominado
convalidado. vício de forma quando é enviado ou emitido sem a obediência à
A Lei de Ação Popular, Lei 4.717/1965 em seu art. 2º, pa- forma e sem cumprimento das formalidades previstas em lei. Via
rágrafo único, alínea e, estabelece que “o desvio de finalidade de regra, considera-se plenamente possível a convalidação do
se verifica quando o agente pratica o ato visando a fim diverso ato administrativo que contenha vício de forma. No entanto, tal
daquele previsto, explícita ou implicitamente, na regra de com- convalidação não será possível nos casos em que a lei estabele-
petência”. Destaque-se que por via de regra legal atributiva de cer que a forma é requisito primordial à validade do ato.
competência estatui de forma explícita ou implicitamente, os Devemos explanar também que a motivação declarada e es-
fins que devem ser seguidos e obedecidos pelo agente público. crita dos motivos que possibilitaram a prática do ato, quando
Caso o ato venha a ser praticado visando a fins diversos, verifi- for de caráter obrigatório, integra a própria forma do ato. Desta
car-se-á a presença do vício de finalidade. maneira, quando for obrigatória, a ausência de motivação ense-
O desvio de finalidade, segundo grandes doutrinadores, se ja vício de forma, mas não vício de motivo.
verifica em duas hipóteses. São elas: Porém, de forma diferente, sendo o motivo declinado pela
a) o ato é formalmente praticado com finalidade diversa da autoridade e comprovadamente ilícito ou falso, o vício consistirá
prevista por lei. Exemplo: remover um funcionário com o obje- no elemento motivo.
tivo de punição.
b) ocorre quando o ato, mesmo formalmente editado com Motivo
a finalidade legal, possui, na prática, o foco de atender a fim de O motivo diz respeito aos pressupostos de fato e de direito
interesse particular da autoridade. Exemplo: com o objetivo de que estabelecem ou autorizam a edição do ato administrativo.
perseguir inimigo, ocorre a desapropriação de imóvel alegando
interesse público.

9
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Quando a autoridade administrativa não tem margem para A motivação dos atos administrativos
decidir a respeito da conveniência e oportunidade para editar É a teoria dos motivos determinantes. Convém explicitar a
o ato administrativo, diz-se que este é ato vinculado. No condi- respeito da motivação dos atos administrativo e da teoria dos
zente ao ato discricionário, como há espaço de decisão para a motivos determinantes que se baseia na ideia de que mesmo a
autoridade administrativa, a presença do motivo simplesmente lei não exigindo a motivação, se o ato administrativo for moti-
autoriza a prática do ato. vado, ele só terá validade se os motivos declarados forem ver-
dadeiros.
Nesse diapasão, existem também o motivo de direito que
se trata da abstrata previsão normativa de uma situação que ao Exemplo
ser verificada no mundo concreto que autoriza ou determina a A doutrina cita o caso do ato de exoneração ad nutum de
prática do ato, ao passo que o motivo de fato é a concretização servidor ocupante de cargo comissionado, uma vez que esse
no mundo empírico da situação prevista em lei. tipo de ato não exige motivação. Entretanto, caso a autoridade
Assim sendo, podemos esclarecer que a prática do ato ad- competente venha a alegar que a exoneração transcorre da fal-
ministrativo depende da presença adjunta dos motivos de fato e ta de pontualidade habitual do comissionado, a validade do ato
de direito, posto que para isso, são imprescindíveis à existência exoneratório virá a ficar na dependência da existência do motivo
abstrata de previsão normativa bem como a ocorrência, de fato declarado. Já se o interessado apresentar a folha de ponto com-
concreto que se integre à tal previsão. provando sua pontualidade, a exoneração, seja por via adminis-
De acordo com a doutrina, o vício de motivo é passível de trativa ou judicial, deverá ser anulada.
ocorrer nas seguintes situações: É importante registrar que a teoria dos motivos determinan-
a) quando o motivo é inexistente. tes pode ser aplicada tanto aos atos administrativos vinculados
b) quando o motivo é falso. quanto aos discricionários, para que o ato tenha sido motivado.
c) quando o motivo é inadequado. Em suma, temos:
É de suma importância estabelecer a diferença entre motivo
e motivação. Vejamos: • Motivo do ato administrativo
• Motivo: situação que autoriza ou determina a produção — Definição: pressuposto de fato e direito que fundamenta
do ato administrativo. Sempre deve estar previsto no ato ad- a edição do ato administrativo.
ministrativo, sob pena de nulidade, sendo que sua ausência de — Motivo de Direito: é a situação prevista na lei, de forma
motivo legítimo ou ilegítimo é causa de invalidação do ato ad- abstrata que autoriza ou determina a prática do ato administra-
ministrativo. tivo.
• Motivação: é a declinação de forma expressa do motivo, — Motivo de fato: circunstância que se realiza no mundo
sendo a declaração das razões que motivaram à edição do ato. real que corresponde à descrição contida de forma abstrata na
Já a motivação declarada e expressa dos motivos dos atos ad- lei, caracterizando o motivo de direito.
ministrativos, via de regra, nem sempre é exigida. Porém, se for
obrigatória pela lei, sua ausência causará invalidade do ato ad- VÍCIOS DE MOTIVO DO ATO ADMINISTRATIVO
ministrativo por vício de forma, e não de motivo.
Inexistente
Convém ressaltar que a Lei 9.784/1999, que regulamenta o Falso
processo administrativo na esfera federal, dispõe no art. 50, o Inadequado
seguinte:
Art. 50. Os atos administrativos deverão ser motivados, com • Teoria dos motivos determinantes
indicação dos fatos e dos fundamentos jurídicos, quando: — O ato administrativo possui sua validade vinculada aos
I - neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses; motivos expostos mesmo que não seja exigida a motivação.
II - imponham ou agravem deveres, encargos ou sanções; — Só é aplicada apenas se o ato conter motivação.
III - decidam processos administrativos de concurso ou se- — STJ: “Não se decreta a invalidade de um ato administra-
leção pública; tivo quando apenas um, entre os diversos motivos determinan-
IV - dispensem ou declarem a inexigibilidade de processo tes, não está adequado à realidade fática”.
licitatório;
V - decidam recursos administrativos; Objeto
VI - decorram de reexame de ofício; O objeto do ato administrativo pode ser conceituado como
VII - deixem de aplicar jurisprudência firmada sobre a ques- sendo o efeito jurídico imediato produzido pelo ato. Em outras
tão ou discrepem de pareceres, laudos, propostas e relatórios palavras, podemos afirmar que o objeto do ato administrativo
oficiais;
cuida-se da alteração da situação jurídica que o ato administrati-
VIII - importem anulação, revogação, suspensão ou convali- vo se propõe a realizar. Desta forma, no ato impositivo de multa,
dação de ato administrativo. por exemplo, o objeto é a punição do transgressor.
Para que o ato administrativo tenha validade, seu objeto
Prevê a mencionada norma em seu § 1º, que a motivação deve ser lícito, possível, certo e revestido de moralidade confor-
deve ser explícita, clara e congruente, podendo consistir em de- me os padrões aceitos como éticos e justos.
claração de concordância com fundamentos de anteriores pa- Havendo o descumprimento dessas exigências, podem in-
receres, informações, decisões ou propostas, que, nesse caso, cidir os esporádicos vícios de objeto dos atos administrativos.
serão parte integrante do ato. Tal hipótese é denominada pela Nesse sentido, podemos afirmar que serão viciados os atos que
doutrina de “motivação aliunde” que significa motivação “em possuam os seguintes objetos, seguidos com alguns exemplos:
outro local”, mas que está sendo admitida no direito brasileiro.

10
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

a) Objeto lícito: punição de um servidor público com sus- • Imperatividade


pensão por prazo superior ao máximo estabelecido por lei es- Em decorrência desse do atributo, os atos administrativos
pecífica. são impostos pelo Poder Público a terceiros, independente-
b) Objeto impossível: determinação aos subordinados para mente da concordância destes. Infere-se que a imperatividade
evitar o acontecimento de chuva durante algum evento espor- é proveniente do poder extroverso do Estado, ou seja, o Poder
tivo. Público poderá editar atos, de modo unilateral e com isso, cons-
c) Objeto incerto: em ato unificado, a suspensão do direito tituir obrigações para terceiros. A imperatividade representa um
de dirigir das pessoas que por ventura tenham dirigido alcooliza- traço diferenciado em relação aos atos de direito privado, uma
das nos últimos 12 meses, tanto as que tenham sido abordadas vez que estes somente possuem o condão de obrigar os tercei-
por autoridade pública ou flagradas no teste do bafômetro. ros que manifestarem sua expressa concordância.
d) Objeto moral: a autorização concedida a um grupo de Entretanto, nem todo ato administrativo possui imperativi-
pessoas específicas para a ocupação noturna de determinado dade, característica presente exclusivamente nos atos que im-
trecho de calçada para o exercício da prostituição. Nesse exem- põem obrigações ou restrições aos administrados. Pelo contrá-
plo, o objeto é tido como imoral. rio, se o ato administrativo tiver por objetivo conferir direitos,
como por exemplo: licença, admissão, autorização ou permis-
Atributos do Ato Administrativo são, ou, ainda, quando possuir conteúdo apenas enunciativo
Tendo em vista os pormenores do regime jurídico de direito como certidão, atestado ou parecer, por exemplo, não haverá
público ou regime jurídico administrativo, os atos administrati- imperatividade.
vos são dotados de alguns atributos que os se diferenciam dos
atos privados. • Autoexecutoriedade
Acontece que não há unanimidade doutrinária no condizen- Consiste na possibilidade de os atos administrativos serem
te ao rol desses atributos. Entretanto, para efeito de conheci- executados diretamente pela Administração Pública, por inter-
mento, bem como a enumeração que tem sido mais cobrada em médio de meios coercitivos próprios, sem que seja necessário a
concursos públicos, bem como em teses, abordaremos o concei- intervenção prévia do Poder Judiciário.
to utilizado pela Professora Maria Sylvia Zanella Di Pietro.
Esse atributo é decorrente do princípio da supremacia do in-
Nos dizeres da mencionada administrativista, os atributos teresse público, típico do regime de direito administrativo, fato
dos atos administrativos são: que acaba por possibilitar a atuação do Poder Público no condi-
zente à rapidez e eficiência.
• Presunção de legitimidade
Decorre do próprio princípio da legalidade e milita em favor
dos atos administrativos. É o único atributo presente em todos
No entender de Maria Sylvia Zanella Di Pietro, a autoexe-
os atos administrativos. Pelo fato de a administração poder agir
cutoriedade somente é possível quando estiver expressamente
somente quando autorizada por lei, presume-se, por conseguin-
prevista em lei, ou, quando se tratar de medida urgente, que
te que se a administração agiu e executou tal ato, observando os
não sendo adotada de imediato, ocasionará, por sua vez, prejuí-
parâmetros legais. Desta forma, em decorrência da presunção
zo maior ao interesse público.
de legitimidade, os atos administrativos presumem-se editados
em conformidade com a lei, até que se prove o contrário.
De forma parecida, por efeito dos princípios da moralidade EXEMPLOS DE ATOS ADMINISTRATIVOS AUTOEXECUTÓRIOS
e da legalidade, quando a administração alega algo, presume-se Apreensão de mercadorias impróprias para o consumo humano
que suas alegações são verdadeiras. É o que a doutrina concei-
tua como presunção de veracidade dos atos administrativos que Demolição de edifício em situação de risco
se cuida da presunção de que o ato administrativo foi editado Internação de pessoa com doença contagiosa
em conformidade com a lei, gerando a desconfiança de que as Dissolução de reunião que ameace a segurança
alegações produzidas pela administração são verdadeiras.
As presunções de legitimidade e de veracidade são elemen-
Por fim, ressalta-se que o princípio da inafastabilidade da
tos e qualificadoras presentes em todos os atos administrativos.
prestação jurisdicional possui o condão de garantir ao particular
No entanto, ambas serão sempre relativas ou juris tantum, po-
que considere que algum direito seu foi lesionado ou ameaçado,
dendo ser afastadas em decorrência da apresentação de prova
possa livremente levar a questão ao Poder Judiciário em busca
em sentido contrário. Assim sendo, se o administrado se sen-
da defesa dos seus direitos.
tir prejudicado por algum ato que refutar ilegal ou fundado em
mentiras, poderá submetê-lo ao controle pela própria adminis-
tração pública, bem como pelo Judiciário. Já se o órgão provoca- Tipicidade
do alegar que a prática não está em conformidade com a lei ou é De antemão, infere-se que a maior parte dos autores não
fundada em alegações falsas, poderá proclamará a nulidade do cita a tipicidade como atributo do ato administrativo. Isso ocor-
ato, desfazendo os seus efeitos. re pelo fato de tal característica não estabelecer um privilégio
Denota-se que a principal consequência da presunção de da administração, mas sim uma restrição. Se adotarmos o en-
veracidade é a inversão do ônus da prova. Nesse sentido, relem- tendimento de que a título de “atributos” devemos estudar as
bremos que em regra, segundo os parâmetros jurídicos, o dever particularidades dos atos administrativos que os divergem dos
de provar é de quem alega o fato a ser provado. Desta maneira, demais atos jurídicos, deveremos incluir a tipicidade na lista.
se o particular “X” alega que o particular “Y” cometeu ato ilícito Entretanto, se entendermos que apenas são considerados atri-
em prejuízo do próprio “X”, incumbe a “X” comprovar o que está butos as prerrogativas que acabam por verticularizar as relações
alegando, de maneira que, em nada conseguir provar os fatos, jurídicas nas quais a administração toma parte, a tipicidade não
“Y” não poderá ser punido. poderia ser considerada.

11
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Nos termos da primeira corrente, para a Professora Maria c) Em relação às prerrogativas da Administração, os atos
Sylvia Zanella Di Pietro, a “tipicidade é o atributo pelo qual o administrativos podem ser atos de império, de gestão e de ex-
ato administrativo deve corresponder a figuras definidas previa- pediente.
mente pela lei como aptas a produzir determinados resultados”. • Atos de império são atos por meio dos quais a Administra-
Assim sendo, em consonância com esse atributo, para cada fina- ção Pública pratica no uso das prerrogativas tipicamente esta-
lidade que a Administração Pública pretender alcançar, deverá tais usando o poder de império para impô-los de modo unilate-
haver um ato previamente definido na lei. ral e coercitivo aos seus administrados. Exemplo: interdição de
Denota-se que a tipicidade é uma consequência do prin- estabelecimentos comerciais.
cípio da legalidade. Esse atributo não permite à Administração
praticar atos em desacordo com os parâmetros legais, motivo d) Em relação aos atos de gestão, são atos por meio dos
pelo qual o atributo da tipicidade é considerado como uma ideia quais a Administração Pública atua sem o uso das prerrogativas
contrária à da autonomia da vontade, por meio da qual o parti- provenientes do regime jurídico administrativo. Exemplo: atos
cular tem liberdade para praticar atos desprovidos de disciplina de administração dos bens e serviços públicos e dos atos nego-
legal, inclusive atos inominados. ciais com os particulares.
Ainda nos trâmites com o entendimento exposto, ressalta- Quando praticados de forma regular os atos de gestão, pas-
-se que a tipicidade só existe nos atos unilaterais, não se encon- sam a ter caráter vinculante e geram direitos subjetivos.
trando presente nos contratos. Isso ocorre porque não existe
qualquer impedimento de ordem jurídica para que a Adminis- Exemplo:
tração venha a firmar com o particular um contrato inomina- Uma autarquia ao alugar um imóvel a ela pertencente, de
do desprovido de regulamentação legal, desde que esta seja a forma vinculante entre a administração e o locatário aos termos
melhor maneira de atender tanto ao interesse público como ao do contrato, acaba por gerar direitos e deveres para ambos.
interesse particular. • Já os atos de expediente são tidos como aqueles que im-
pulsionam a rotina interna da repartição, sem caráter vinculante
Classificação dos Atos Administrativos e sem forma especial, cujo objetivo é dar andamento aos pro-
A Doutrina não é uniforme no que condiz à atribuição dada cessos e papéis que tramitam internamente nos órgãos públicos.
à diversidade dos critérios adotados com esse objetivo. Por esse
motivo, sem esgotar o assunto, apresentamos algumas classifi-
Exemplo:
cações mais relevantes, tanto no que se refere a uma maior uti-
Um despacho com o teor: “ao setor de contabilidade para
lidade prática na análise dos regimes jurídicos, tanto pela conco-
mitante abordagem nas provas de concursos públicos. as devidas análises”.

e) Quanto à formação, os atos administrativos podem ser


a) Em relação aos destinatários: atos gerais e individuais. Os
atos simples, complexos e compostos.
atos gerais ou normativos, são expedidos sem destinatários de-
• O ato simples decorre da declaração de vontade de ape-
terminados ou determináveis e aplicáveis a todas as pessoas que
de uma forma ou de outra se coloquem em situações concretas nas um órgão da administração pública, pouco importando se
que correspondam às situações reguladas pelo ato. Exemplo: o esse órgão é unipessoal ou colegiado. Assim sendo, a nomeação
Regulamento do Imposto de Renda. de um servidor público pelo Prefeito de um Município, será con-
siderada como ato simples singular, ao passo que a decisão de
• Atos individuais ou especiais: são dirigidos a destinatá- um processo administrativo por órgão colegiado será apenas ato
rios individualizados, podendo ser singulares ou plúrimos. Sendo simples colegiado.
que será singular quando alcançar um único sujeito determina- • O ato complexo é constituído pela manifestação de dois
do e será plúrimo, quando for designado a uma pluralidade de ou mais órgãos, por meio dos quais as vontades se unem em
sujeitos determinados em si. todos os sentidos para formar um só ato. Exemplo: um decreto
assinado pelo Presidente da República e referendado pelo Mi-
Exemplo: nistro de Estado.
O decreto de desapropriação que atinja um único imóvel. Por É importante não confundir ato complexo com procedimen-
outro lado, como hipótese de ato individual plúrimo, cita-se: o ato to administrativo. Nos dizeres de Hely Lopes Meirelles, “no ato
de nomeação de servidores em forma de lista. Quanto aos destina- complexo integram-se as vontades de vários órgãos para a ob-
tários: ATOS GERAIS, ATOS INDIVIDUAIS, SINGULARES PLÚRIMOS tenção de um mesmo ato, ao passo que no procedimento ad-
ministrativo praticam-se diversos atos intermediários e autôno-
b) Em relação ao grau de liberdade do agente, os atos po- mos para a obtenção de um ato final e principal”.
dem ser atos vinculados e discricionários.
• Os atos vinculados são aqueles nos quais a Administra- f) Em relação ao ato administrativo composto, pondera que
ção Pública fica sem liberdade de escolha, nos quais, desde que este também decorre do resultado da manifestação de vontade
comprovados os requisitos legais, a edição do ato se torna obri- de dois ou mais órgãos. O que o diferencia do ato complexo é
gatória, nos parâmetros previstos na lei. Exemplo: licença para a o fato de que, ao passo que no ato complexo as vontades dos
construção de imóvel. órgãos se unem para formar um só ato, no ato composto são
• Já os discricionários são aqueles em que a Administração praticados dois atos, um principal e outro acessório.
Pública possui um pouco mais de liberdade para, em consonân-
cia com critérios subjetivos de conveniência e oportunidade, Ademais, é importante explicar a definição de Hely Lopes
tomar decisões quando e como o ato será praticado, com a defi- Meirelles, para quem o ato administrativo composto “é o que
nição de seu conteúdo, destinatários, a motivação e a forma de resulta da vontade única de um órgão, mas depende da verifica-
sua prática. ção por parte de outro, para se tornar exequível”. A mencionada

12
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

definição, embora seja discutível, vem sendo muito utilizada pe- • Atos ordinatórios
las bancas examinadoras na elaboração de questões de provas Os atos administrativos ordinatórios são aqueles que po-
de concurso público. Isso ocorreu na aplicação da prova para As- dem ser editados no exercício do poder hierárquico, com o ful-
sistente Jurídico do DF, elaborada pelo CESPE em 2001, que foi cro de disciplinar as relações internas da Administração Pública.
considerado correto o seguinte tópico: “Ao ato administrativo Detalharemos aqui os principais atos ordinatórios. São eles: as
cuja prática dependa de vontade única de um órgão da adminis- instruções, as circulares, os avisos, as portarias, as ordens de
tração, mas cuja exequibilidade dependa da verificação de outro serviço, os ofícios e os despachos.
órgão, dá-se o nome de ato administrativo composto”. Instruções: tratam-se de atos administrativos editados pela
autoridade hierarquicamente superior, com o fulcro de ordenar
Espécies a atuação dos agentes que lhes são subordinados. Exemplo: as
O saudoso jurista Hely Lopes Meirelles propõe que os atos instruções que ordenam os atos que devem ser usados de forma
administrativos sejam divididos em cinco espécies. São elas: interna na análise do pedido de utilização de bem público for-
atos normativos, atos ordinatórios, atos negociais, atos enun- malizado unicamente por particular.
ciativos e atos punitivos. Circulares: são consideradas idênticas às instruções, entre-
tanto, de modo geral se encontram dotadas de menor abran-
• Atos normativos gência.
Os atos normativos são aqueles cuja finalidade imediata é Avisos: tratam-se de atos administrativos que são editados
esmiuçar os procedimentos e comportamentos para a fiel exe- por Ministros de Estados com o objetivo de tratarem de assuntos
cução da lei, posto que as dispostas e utilizadas por tais atos são correlatos aos respectivos Ministérios.
gerais, não possuem destinatários específicos e determinados, Portarias: são atos administrativos respectivamente editados
e abstratas, versando sobre hipóteses e nunca sobre casos con- por autoridades administrativas, porém, diferentes das do chefe
cretos. do Poder Executivo. Exemplo: determinação por meio de portaria
determinando a instauração de processo disciplinar específico.
Ordens de serviço: tratam-se de atos administrativos or-
Em relação à forma jurídica adotada, os atos normativos po-
denadores da adoção de conduta específica em circunstâncias
dem ser:
especiais. Exemplo: ordem de serviço determinadora de início
a) Decreto: é ato administrativo de competência privativa
de obra pública.
dos chefes do Poder Executivo utilizados para regulamentar si-
Ofícios: são especificamente, atos administrativos que se
tuação geral ou individual prevista na legislação, englobando
responsabilizam pela formalização da comunicação de forma es-
também de forma ampla, o decreto legislativo, cuja competên-
crita e oficial existente entre os diversos órgãos públicos, bem
cia é privativa das Casas Legislativas.
como de entidades administrativas como um todo. Exemplo: re-
O decreto é de suma importância no direito brasileiro, mo-
quisição de informações necessárias para a defesa do Estado em
tivo pelo qual, de acordo com seu conteúdo, os decretos podem
juízo por meio de ofício enviado pela Procuradoria do Estado à
ser classificados em decreto geral e individual. Vejamos:
Secretaria de Saúde.
b) Decreto geral: possui caráter normativo veiculando re-
Despachos: são atos administrativos eivados de poder de-
gras gerais e abstratas, fato que visa facilitar ou detalhar a cor- cisório ou apenas de mero expediente praticados em processos
reta aplicação da Lei. Exemplo: o decreto que institui o “Regula- administrativos. Exemplo: quando da ocorrência de processo
mento do Imposto de Renda”. disciplinar, é emitido despacho especifico determinando a oitiva
c) Decreto individual: seu objetivo é tratar da situação es- de testemunhas.
pecífica de pessoas ou grupos determinados, sendo que a sua
publicação produz de imediato, efeitos concretos. • Atos negociais
Exemplo: Também chamados de atos receptícios, são atos adminis-
Decreto que declara a utilidade pública de determinado trativos de caráter administrativo editados a pedido do particu-
bem para fim de desapropriação. lar, com o fulcro de viabilizar o exercício de atividade específica,
Nesse ponto, passaremos a verificar a respeito do decreto bem como a utilização de bens públicos. Nesse ato, a vontade
regulamentar, também designado de decreto de execução. A da Administração Pública é pertinente com a pretensão do par-
doutrina o conceitua como sendo aquele que introduz um re- ticular. Fazem parte desta categoria, a licença, a permissão, a
gulamento, não permitindo que o seu conteúdo e o seu alcance autorização e a admissão. Vejamos:
possam ir além daqueles do que é permitido por Lei. a) Licença: possui algumas características. São elas:
Por sua vez, o decreto autônomo é aquele que dispõe sobre — Ato vinculado: desde que sejam preenchidos os requisi-
matéria não regulada em lei, passando a criar um novo direito. tos legais por parte do particular, o Poder Público deverá editar
Pondera-se que atualmente, as únicas hipóteses de decreto au- a licença;
tônomo admitidas no direito brasileiro, são as disposta no art. — Ato de consentimento estatal: ato por meio do qual a
84, VI, “a”, da Constituição Federal, incluída pela Emenda Cons- Administração se torna conivente com o exercício da atividade
titucional 32/2001, que predispõe a competência privativa do privada como um todo;
Presidente da República para dispor, mediante decreto, sobre a — Ato declaratório: ato que reconhece o direito subjetivo
organização e funcionamento da administração federal, quando do particular, vindo a autorizar a habilitação do seu exercício.
não incorrer em aumento de despesa nem criação ou extinção
de órgãos públicos. b) Permissão: trata-se de ato administrativo discricionário
dotado da permissão do exercício de atividades específicas rea-
lizadas pelo particular ou, ainda, o uso privativo de determina-
do bem público. Exemplo: a permissão para uso de bem público
específico.

13
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

A permissão é dotada de características essenciais. São elas: c) Atestados: tratam-se de atos administrativos similares às
— Ato de consentimento estatal: ato por meio do qual a Ad- certidões, posto que também declaram a existência ou inexis-
ministração Pública concorda com o exercício da atividade pri- tência de fatos. Entretanto, os atestados não se confundem com
vada, bem como da utilização de bem público por particulares; as certidões, uma vez que nas certidões, o agente público utiliza-
— Ato discricionário: ato por intermédio do qual a autorida- -se do ato de emitir declaração sobre ato ou fato constante dos
de administrativa é dotada de liberdade de análise referente à arquivos públicos, ao passo que os atestados se incumbem da
conveniência e à oportunidade do ato administrativo; tarefa de retratar fatos que não constam de forma antecipada
— Ato constitutivo: ato por meio do qual, o particular possui dos arquivos da Administração Pública.
somente expectativa de direito antes da edição do ato, e não
apenas de direito subjetivo ao ato. d) Apostilamento: tratam-se atos administrativos que pos-
suem o objetivo de averbar determinados fatos ou direitos re-
c) Autorização: é detentora de características iguais às da conhecidos pela norma jurídica como um todo. Como exemplo,
permissão, vindo a constituir ato administrativo discricionário podemos citar o apostilamento, via de regra, feito no verso da
permissionário do exercício de atividade específica pelo particu- última página dos contratos administrativos, da variação do va-
lar ou, ainda, o uso particular de bem público. Da mesma forma lor contratual advinda de reajuste previsto no contrato, nos pa-
que a permissão, a autorização possui como características: o râmetros do art. 65, § 8.°, da Lei 8.666/1993, Lei de Licitações.
ato de consentimento estatal, o ato discricionário e o ato cons-
titutivo. • Atos punitivos
Também chamados de atos sancionatórios, os atos puniti-
d) Admissão: trata-se de ato administrativo vinculado por- vos são aqueles que atuam na restrição de direitos, bem como
tador do reconhecimento do direito ao recebimento de serviço de interesses dos administrados que vierem a atuar em desa-
público específico pelo particular, que deve ser editado na hi- lento com a ordem jurídica de modo geral. Entretanto, exige-se,
pótese na qual o particular preencha devidamente os requisitos de qualquer forma, o devido respeito à ampla defesa e ao con-
legais traditório na edição de atos punitivos, nos trâmites do art. 5.°,
LV, da Constituição Federal Brasileira, bem como que as sanções
administrativas tenham previsão legal expressa cumprindo os
• Atos enunciativos
ditames do princípio da legalidade.
São atos administrativos que expressam opiniões ou,
Podemos dividir as sanções em dois grupos:
ainda, que certificam fatos no campo da Administração Pública.
1) Sanções de polícia: de modo geral são aplicadas com su-
A doutrina reconhece como espécies de atos enunciativos: os
pedâneo no poder de polícia, bem como são relacionadas aos
pareceres, as certidões, os atestados e o apostilamento. Veja-
particulares em geral. Exemplo: multa de trânsito.
mos:
2) Sanções funcionais ou disciplinares: são aplicadas com
a) Pareceres: são atos administrativos que buscam expres-
embasamento no poder disciplinar aos servidores públicos e às
sar a opinião do agente público a respeito de determinada ques- demais pessoas que se encontram especialmente vinculadas à
tão de ordem fática, técnica ou jurídica. Exemplo: no curso de Administração Pública. Exemplo: reprimenda imposta à deter-
processo de licenciamento ambiental é apresentado parecer minada empresa contratada pela Administração.
técnico. Em relação aos atos punitivos, pode-se citar como exem-
De forma geral, a doutrina pondera a existência de três es- plos, as multas, as interdições de atividades, as apreensões ou
pécies de pareceres. São eles: destruições de coisas e as sanções disciplinares. Vejamos resu-
1) Parecer facultativo: esta espécie não é exigida pela legis- midamente cada espécie:
lação para formulação da decisão administrativa. Ao ser elabo- Multas: tratam-se de sanções pecuniárias que são impostas
rado, não vincula a autoridade competente; aos administrados.
2) Parecer obrigatório: é o parecer que deve ser necessaria- Interdições de atividades: são atos que proibitivos ou sus-
mente elaborado nas hipóteses mencionadas na legislação, mas pensivos do exercício de atividades diversas.
a opinião nele contida não vincula de forma definitiva a autori- Apreensão ou destruição de coisas: cuidam-se de sanções
dade responsável pela decisão administrativa, que pode contra- aplicadas pela Administração relacionadas às coisas que colo-
riar o parecer de forma motivada; cam a população em risco.
3) Parecer vinculante: é o parecer que deve ser elaborado Ressalta-se que em se tratando de perigo público iminente,
de forma obrigatória contendo teor que vincule a autoridade ad- a autoridade pública deterá o poder de destruir as coisas nocivas
ministrativa com o dever de acatá-lo. à coletividade, havendo ou não, processo administrativo prévio,
situação hipotética na qual a ampla defesa será delongada para
b) Certidões: tratam-se de atos administrativos que pos- momento posterior. Entretanto, estando ausente a urgência da
suem o condão de declarar a existência ou inexistência de atos medida, denota-se que a sua aplicação dependerá da formaliza-
ou fatos administrativos. As certidões são atos que retratam a ção feita de forma prévia no processo administrativo, situação
realidade, porém, não são capazes de criar ou extinguir relações por intermédio da qual, a ampla defesa será postergada para
jurídicas. momento ulterior.
*Nota importante: o art. 5, XXXIV, “b”, da Constituição Fe- Sanções disciplinares: também chamadas de sanções funcio-
deral consagra o direito de certidão no âmbito de direitos fun- nais, as sanções disciplinares são aplicadas aos servidores públi-
damentais, no qual assegura a todo e qualquer cidadão interes- cos e aos administrados possuidores de relação jurídica especial
sado, independentemente do pagamento de taxas, “a obtenção com a Administração Pública, desde que tenha sido constatada
de certidões em repartições públicas, para defesa de direitos e a violação ao ordenamento jurídico, bem como aos termos do
esclarecimento de situações de interesse pessoal”. negócio jurídico. Um exemplo disso, é a demissão de servidor
público que tenha cometido falta grave.

14
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

*Nota importante: Diferentemente das sanções aplicadas Anulação


aos particulares, de modo geral, no exercício do poder de polí- É a retirada ou supressão do ato administrativo, pelo mo-
cia, as sanções disciplinares são aplicadas no campo das relações tivo de ele ter sido produzido com ausência de conformidade
de sujeição especial de administrados específicos do poder dis- com a lei e com o ordenamento jurídico. A anulação é resulta-
ciplinar da Administração Pública, como é o caso dos servidores do do controle de legalidade ou legitimidade do ato. O controle
e contratados. Ao passo que as sanções de polícia são aplicadas de legalidade ou legitimidade não permite que se aprofunde na
para o exterior da Administração - as chamadas sanções exter- análise do mérito do ato, posto que, se a Administração contiver
nas - as sanções disciplinares são aplicadas no interior da Admi- por objetivo retirar o ato por razões de conveniência e oportuni-
nistração Pública, - as denominadas sanções internas. dade, deverá, por conseguinte, revogá-lo, e não o anular.
Diferentemente da revogação, que mantém incidência so-
Extinção do ato administrativo mente sobre atos discricionários, a anulação pode atingir tanto
Diversas são as causas que causam e determinam a extinção os atos discricionários quanto os vinculados. Isso que é expli-
dos atos administrativos ou de seus efeitos. No entendimento cado pelo fato de que ambos deterem a prerrogativa de conter
de Celso Antônio Bandeira de Mello, o ato administrativo eficaz vícios de legalidade.
poderá ser extinto pelos seguintes motivos: cumprimento de Em relação à competência, a anulação do ato administrativo
seus efeitos, vindo a se extinguir naturalmente; desaparecimen- viciado pode ser promovida tanto pela Administração como pelo
to do sujeito, vindo a causar a extinção subjetiva, ou sendo do Poder Judiciário.
objeto, extinção objetiva; retirada do ato pelo Poder Público e Muitas vezes, a Administração anula o seu próprio ato.
pela renúncia do beneficiário. Quando isso acontece, dizemos que ela agiu com base no seu
poder de autotutela, devidamente paramentado nas seguintes
Nesse tópico trataremos do condizente a outras situações Súmulas do STF:
por meio das quais a extinção do ato administrativo ou de seus
efeitos ocorre pelo fato do Poder Público ter emitido novo ato PODER DE AUTOTUTELA DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
que surtiu efeito extintivo sobre o ato anterior. Isso pode ocor-
rer nas seguintes situações: A Administração Pública pode
SÚMULA 346 declarar a nulidade dos seus próprios
atos.
Cassação
É a supressão do ato pelo fato do destinatário ter descum- A Administração pode anular seus
prido condições que deveriam permanecer atendidas com o fito próprios atos, quando eivados
de dar continuidade à0situação jurídica. Como modalidade de de vícios que os tornam ilegais,
extinção do ato administrativo, a cassação relaciona-se ao ato porque deles não se originam
que, mesmo sendo legítimo na sua origem e formação, tornou- SÚMULA 473 direitos; ou revogá-los, por motivo
-se ilegal na sua execução. Exemplo: cassação de uma licença de conveniência ou oportunidade,
para funcionamento de hotel que passou a funcionar ilegalmen- respeitados os direitos adquiridos,
te como casa de prostituição. e ressalvada, em todos os casos, a
apreciação judicial.
Vale ressaltar que um dos principais requisitos da cassação
de um ato administrativo é a preeminente necessidade de sua Assim, percebe-se que o instituto da autotutela pode ser
vinculação obrigatória às hipóteses previstas em lei ou norma si- invocado para anular o ato administrativo por motivo de ilega-
milar. Desta forma, a Administração Pública não detém o poder lidade, bem como para revogá-lo por razões de conveniência e
de demonstrar ou indicar motivos diferentes dos previstos para oportunidade.
justificar a cassação, estando, desta maneira, limitada ao que A anulação do ato administrativo pode se dar de ofício ou
houver sido fixado nas referidas leis ou normas similares. Esse por provocação do interessado.
entendimento, e m geral, evita que os particulares sejam coa- Tendo em vista o princípio da inércia Poder Judiciário, no
gidos a conviver com extravagante insegurança jurídica, posto exercício de função jurisdicional, este apenas poderá anular o
que, a qualquer momento a administração estaria apta a propor ato administrativo havendo pedido do interessado.
a cassação do ato administrativo. Destaque-se que a anulação de ato administrativo pela pró-
Relativo à sua natureza jurídica, sendo a cassação consi- pria Administração, somente pode ser realizada dentro do prazo
derada como um ato sancionatório, uma vez que a cassação só legalmente estabelecido. À vista da autonomia administrativa
poderia ser proposta contra particulares que tenham sido fla- atribuída de forma igual à União, Estados, Distrito Federal e Mu-
grados pelos agentes de fiscalização em descumprimento às nicípios, cada uma dessas esferas tem a possibilidade de, obser-
condições de subsistência do ato, bem como por ato revisional vado o princípio da razoabilidade e mediante legislação própria,
que implicasse auditoria, acoplando até mesmo questões relati- fixar os prazos para o exercício da autotutela.
vas à intercepção de bases de dados públicas.
Vale ressaltar que a cassação e a anulação possuem efeitos Em decorrência do disposto no art. 54 da Lei 9.784/1999, no
parecidos, porém não são equivalentes, uma vez que a cassação âmbito federal, em razão do direito de a Administração anular
advém do não cumprimento ou alteração dos requisitos neces- os atos administrativos de que decorram efeitos favoráveis para
sários para a formação ou manutenção de uma situação jurídica, os destinatários de boa-fé, o prazo de anulação decai em cinco
ao passo que a anulação tem parte quando é verificado que o anos, contados da data em que foram praticados. Infere-se que
defeito do ato ocorreu na formação do ato. como tal norma não possui caráter nacional, não há impedimen-
tos para a estipulação de prazos diferentes em outras esferas.

15
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Revogação À vista da atual predominância doutrinária, a teoria dualista


É a extinção do ato administrativo válido, promovido pela foi incorporada formalmente à legislação brasileira. Nesse dia-
própria Administração, por motivos de conveniência e oportuni- pasão, o art. 55 da Lei 9.784/1999 atribui à Administração públi-
dade, sendo que o ato é suprimido pelo Poder Público por mo- ca a possibilidade de convalidar os atos que apresentarem defei-
tivações de conveniência e oportunidade, sempre relacionadas tos sanáveis, levando em conta que tal providência não acarrete
ao atendimento do interesse público. Assim, se um ato admi- lesão ao interesse público nem prejuízo a terceiros. Embora tal
nistrativo legal e perfeito se torna inconveniente ao interesse regra seja destinada à aplicação no âmbito da União, o mesmo
público, a administração pública poderá suprimi-lo por meio da entendimento tem sido aplicado em todas as esferas, tanto em
revogação. decorrência da existência de dispositivo similar nas leis locais,
A revogação resulta de um controle de conveniência e opor- quanto mediante analogia com a esfera federal e também com
tunidade do ato administrativo promovido pela própria Adminis- fundamento na prevalência doutrinária vigente.
tração que o editou. Assim, é de suma importância esclarecermos que a jurispru-
É fundamental compreender que a revogação somente dência tem entendido que mesmo o ato nulo pode, em determi-
pode atingir os atos administrativos discricionários. Isso ocorre nadas lides, deixar de ter sua nulidade proclamada em decorrên-
por que quando a administração está à frente do motivo que cia do princípio da segurança jurídica.
ordena a prática do ato vinculado, ela deve praticá-lo de forma
obrigatória, não lhe sendo de forma alguma, facultada a possibi- Decadência Administrativa
lidade de analisar a conveniência e nem mesmo a oportunidade O instituto da decadência consiste na perda efetiva de um
de fazê-lo. Desta maneira, não havendo possibilidade de análise direito existente, pela falta de seu exercício, no período de tem-
de mérito para a edição do ato, essa abertura passará a não exis- po determinado em lei e também pela vontade das próprias par-
tir para que o ato seja desfeito pela revogação. tes e, ainda no fim de um direito subjetivo em face da inércia
de seu titular, que não ajuizou uma ação constitutiva no prazo
Mesmo não se submetendo a qualquer limite de prazo, a estabelecido pela lei.
princípio, a revogação do ato administrativo pode ser realizada a Celso Antônio Bandeira de Mello considera esse instituto
qualquer tempo. Nesse sentido, a doutrina infere a existência de como sendo a “perda do próprio direito, em si, por não o utilizar
certos limites ao poder de revogar. Nos dizeres de Maria Sylvia no prazo previsto para o seu exercício, evento, este, que sucede
Zanella Di Pietro12, não são revogáveis os seguintes atos: quando a única forma de expressão do direito coincide conatu-
a) Os atos vinculados, porque sobre eles não é possível a ralmente com o direito de ação”. Ou seja, “quando o exercício
análise de conveniência e oportunidade; do direito se confunde com o exercício da ação para manifestá-
b) Os atos que exauriram seus efeitos, como a revogação -lo”.
não retroage e os atos já produziram todos os efeitos que lhe Nos trâmites do artigo 54 da Lei 9.784/99, encontramos o
seriam próprios, não há que falar em revogação; é o que ocorre disposto legal sobre a decadência do direito de a administração
quando transcorre o prazo de uma licença concedida ao servidor pública anular seus próprios atos, a partir do momento em que
público, após o gozo do direito, não há como revogar o ato; esses vierem a gerar efeitos favoráveis a seus destinatários. Ve-
c) Quando a prática do ato exauriu a competência de quem jamos:
o praticou, o que ocorre quando o ato está sob apreciação de Artigo 54. O direito da administração de anular os atos ad-
autoridade superior, hipótese em que a autoridade inferior que ministrativos de que decorram efeitos favoráveis para os desti-
o praticou deixou de ser competente para revogá-lo; natários decai em cinco anos, contados da data em que foram
d) Os meros atos administrativos, como certidões, atesta- praticados, salvo comprovada má-fé.
dos, votos, porque os efeitos deles decorrentes são estabeleci- § 1° - No caso de efeitos patrimoniais contínuos, o prazo de
dos pela lei; decadência contar-se-á da percepção do primeiro pagamento.
e) Os atos que integram um procedimento, porque a cada § 2° - Considera-se exercício do direito de anular qualquer
novo ato ocorre a preclusão com relação ao ato anterior; medida de autoridade administrativa que importe impugnação
f) Os atos que geram direitos a terceiros, (o chamado di- à validade do ato.”
reito adquirido), conforme estabelecido na Súmula 473 do STF. O mencionado direito de anulação do ato administrativo de-
cai no prazo de cinco anos, contados da data em que o ato foi
Convalidação praticado. Isso significa que durante esse decurso, o adminis-
É a providência tomada para purificar o ato viciado, afas- trado permanecerá submetido a revisões ou anulações do ato
tando por sua vez, o vício que o maculava e mantendo seus efei- administrativo que o beneficia.
tos, inclusive aqueles que foram gerados antes da providência Entretanto, após o encerramento do prazo decadencial, o
saneadora. Em sentido técnico, a convalidação gera efeitos ex administrado poderá ter suas relações com a administração con-
tunc, uma vez que retroage à data da edição do ato original, solidadas contando com a proteção da segurança jurídica.
mantendo-lhe todos os efeitos. Anote-se que o Supremo Tribunal Federal, no julgamento
Sendo admitida a convalidação, a convalidação perderia sua do Mandado de Segurança 28.953, adotou o seguinte entendi-
razão de ser, equivalendo em tudo a uma anulação, apagando os mento sobre a matéria na qual o ministro Luiz Fux desta forma
efeitos passados, seguida da edição de novo ato que por sua vez, esclareceu:
passaria a gerar os seus tradicionais efeitos prospectivos. “No próprio Superior Tribunal de Justiça, onde ocupei du-
Por meio da teoria dualista é admitida a existência de vícios rante dez anos a Turma de Direito Público, a minha leitura era
sanáveis e insanáveis, bem como de atos administrativos nulos exatamente essa, igual à da ministra Carmen Lúcia; quer dizer, a
e anuláveis. administração tem cinco anos para concluir e anular o ato admi-
nistrativo, e não para iniciar o procedimento administrativo. Em
cinco anos tem que estar anulado o ato administrativo, sob pena

16
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

de incorrer em decadência (grifo aditado). Eu registro também Denota-se que a quantidade de princípios previstos na lei
que é da doutrina do Supremo Tribunal Federal o postulado da não é exaustiva, aceitando-se quando for necessário, a aplicação
segurança jurídica e da proteção da confiança, que são expres- de outros princípios que tenham relação com aqueles dispostos
sões do Estado Democrático de Direito, revelando-se impreg- de forma expressa no texto legal.
nados de elevado conteúdo ético, social e jurídico, projetando Verificamos, por oportuno, que a redação original do caput
sobre as relações jurídicas, inclusive, as de Direito Público. De do art. 3º da Lei 8.666/1993 não continha o princípio da promo-
sorte que é absolutamente insustentável o fato de que o Poder ção do desenvolvimento nacional sustentável e que tal menção
Público não se submente também a essa consolidação das si- expressa, apenas foi inserida com a edição da Lei 12.349/2010,
tuações eventualmente antijurídicas pelo decurso do tempo.” contexto no qual foi criada a “margem de preferência”, facilitan-
Destaca-se que ao afirmar que a Administração Pública dis- do a concessão de vantagens competitivas para empresas pro-
põe de cinco anos para anular o ato administrativo, o ministro dutoras de bens e serviços nacionais.
Luiz Fux promoveu maior confiabilidade na relação entre o ad-
ministrado e Administração Pública, suprimindo da administra- Princípio da legalidade
ção o poder de usar abusivamente sua prerrogativa de anulação A legalidade, que na sua visão moderna é chamado também
do ato administrativo, o que proporciona maior equilíbrio entre de juridicidade, é um princípio que pode ser aplicado à toda ati-
as partes interessadas. vidade de ordem administrativa, vindo a incluir o procedimento
licitatório. A lei serve para ser usada como limite de base à atua-
Em resumo, é de grande importância o posicionamento ado- ção do gestor público, representando, desta forma, uma garan-
tado pela Corte Suprema, levando em conta que ao mesmo só tia aos administrados contra as condutas abusivas do Estado.
tempo, propicia maior segurança jurídica e respeita a regra geral No âmbito das licitações, pondera-se que o princípio da lega-
de contagem do prazo decadencial. lidade é fundamental, posto que todas as fases do procedimento
licitatório se encontram estabelecidas na legislação. Considera-
-se que todos os entes que participarem do certame, têm direi-
LICITAÇÕES: PRINCÍPIOS, DEFINIÇÕES, COMPRAS, to público subjetivo de fiel observância do procedimento para-
ALIENAÇÕES, MODALIDADES, TIPOS, LIMITES, DISPEN- mentado na legislação por meio do art. 4° da Lei 8.666/1993,
SA, INEXIGIBILIDADE, FASES E PROCESSO LICITATÓRIO podendo, caso venham a se sentir prejudicados pela ausência
E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS. LEI Nº 14.133/2021, de observância de alguma regra, impugnar a ação ou omissão na
LEI 10.520/2002. DECRETO 3.555/2000 E DECRETO esfera administrativa ou judicial.
10.024/2019 E SUAS ALTERAÇÕES POSTERIORES ATÉ A Diga-se de passagem, não apenas os participantes, mas
DATA DE PUBLICAÇÃO DO EDITAL DE ABERTURA qualquer cidadão, pode por direito, impugnar edital de licita-
ção em decorrência de irregularidade na aplicação da lei, vir a
Princípios representar ao Ministério Público, aos Tribunais de Contas ou
Diante do cenário atual, pondera-se que ocorreram diversas aos órgãos de controle interno em face de irregularidades em
mudanças na Lei de Licitações. Porém, como estamos em fase de licitações públicas, nos termos dos arts. 41, § 1º, 101 e 113, § 1º
transição em relação às duas leis, posto que nos dois primeiros da Lei 8666/1993.
anos, as duas se encontrarão válidas, tendo em vista que na apli-
cação para processos que começaram na Lei anterior, deverão Princípio da impessoalidade
continuar a ser resolvidos com a aplicação dela, e, processos que Com ligação umbilical ao princípio da isonomia, o princípio
começarem após a aprovação da nova Lei, deverão ser resolvi- da impessoalidade demonstra, em primeiro lugar, que a Admi-
dos com a aplicação da nova Lei. nistração deve adotar o mesmo tratamento a todos os admi-
Aprovada recentemente, a Nova Lei de Licitações sob o nº. nistrados que estejam em uma mesma situação jurídica, sem a
14.133/2.021, passou por significativas mudanças, entretanto, prerrogativa de quaisquer privilégios ou perseguições. Por outro
no que tange aos princípios, manteve o mesmo rol do art. 3º da ângulo, ligado ao princípio do julgamento objetivo, registra-se
Lei nº. 8.666/1.993, porém, dispondo sobre o assunto, no Capí- que todas as decisões administrativas tomadas no contexto de
tulo II, art. 5º, da seguinte forma: uma licitação, deverão observar os critérios objetivos estabele-
Art. 5º Na aplicação desta Lei, serão observados os princí- cidos de forma prévia no edital do certame. Desta forma, ainda
pios da legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da pu- que determinado licitante venha a apresentar uma vantagem
blicidade, da eficiência, do interesse público, da probidade ad- relevante para a consecução do objeto do contrato, afirma-se
ministrativa, da igualdade, do planejamento, da transparência, que esta não poderá ser levada em consideração, caso não haja
da eficácia, da segregação de funções, da motivação, da vincu- regra editalícia ou legal que a preveja como passível de fazer
lação ao edital, do julgamento objetivo, da segurança jurídica, interferências no julgamento das propostas.
da razoabilidade, da competitividade, da proporcionalidade, da
celeridade, da economicidade e do desenvolvimento nacional Princípios da moralidade e da probidade administrativa
sustentável, assim como as disposições do Decreto-Lei nº 4.657, A Lei 8.666/1993, Lei de Licitações, considera que os prin-
de 4 de setembro de 1.942, (Lei de Introdução às Normas do Di- cípios da moralidade e da probidade administrativa possuem
reito Brasileiro). realidades distintas. Na realidade, os dois princípios passam a
O objetivo da Lei de Licitações é regular a seleção da pro- informação de que a licitação deve ser pautada pela honestida-
posta que for mais vantajosa para a Administração Pública. No de, boa-fé e ética, isso, tanto por parte da Administração como
condizente à promoção do desenvolvimento nacional sustentá- por parte dos entes licitantes. Sendo assim, para que um com-
vel, entende-se que este possui como foco, determinar que a portamento seja considerado válido, é imprescindível que, além
licitação seja destinada com o objetivo de garantir a observância de ser legalizado, esteja nos ditames da lei e de acordo com a
do princípio constitucional da isonomia. ética e os bons costumes. Existem desentendimentos doutriná-

17
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

rios acerca da distinção entre esses dois princípios. Alguns au- Existe divergência quanto à distinção entre esses dois prin-
tores empregam as duas expressões com o mesmo significado, cípios. Alguns doutrinadores usam as duas expressões com o
ao passo que outros procuram diferenciar os conceitos. O que mesmo significado, ao passo que outros procuram diferenciar
perdura, é que, ao passo que a moralidade é constituída em um os conceitos. O correto é que, enquanto a moralidade se cons-
conceito vago e sem definição legal, a probidade administrativa, titui num conceito vago, a probidade administrativa, ou melhor
ou melhor dizendo, a improbidade administrativa possui contor- dizendo, a improbidade administrativa se encontra eivada de
nos paramentados na Lei 8.429/1992. contornos definidos na Lei 8.429/1992.
Princípio da igualdade
Princípio da Publicidade Conhecido como princípio da isonomia, decorre do fato de
Possui a Administração Pública o dever de realizar seus atos que a Administração Pública deve tratar, de forma igual, todos
publicamente de forma a garantir aos administrados o conheci- os licitantes que estiverem na mesma situação jurídica. O princí-
mento do que os administradores estão realizando, e também pio da igualdade garante a oportunidade de participar do certa-
de maneira a possibilitar o controle social da conduta adminis- me de licitação, todos os que tem condições de adimplir o futuro
trativa. Em se tratando especificamente de licitação, determi- contrato e proíbe, ainda a feitura de discriminações injustifica-
na o art. 3º, § 3º, da Lei 8.666/1993 que “a licitação não será das no julgamento das propostas.
sigilosa, sendo públicos e acessíveis ao público os atos de seu Aplicando o princípio da igualdade, o art. 3º, I, da Lei
procedimento, salvo quanto ao conteúdo das propostas, até a 8.666/1993, veda de forma expressa aos agentes públicos admi-
respectiva abertura”. tir, prever, incluir ou tolerar, nos atos de convocação por meio
Advindo do mesmo princípio, qualquer cidadão tem o direi- de edital ou convite, as cláusulas que comprometam, restrinjam
to de acompanhar o desenvolvimento da licitação, desde que ou frustrem o seu caráter de competição, inclusive nos casos
não interfira de modo a atrapalhar ou impedir a realização dos de sociedades cooperativas, e estabeleçam preferências ou dife-
trabalhos (Lei 8.666/1993, art. 4º, in fine). renças em decorrência da naturalidade, da sede ou do domicílio
A ilustre Maria Sylvia Zanella Di Pietro esclarece que “a pu- dos licitantes ou de “qualquer outra circunstância impertinente
blicidade é tanto maior, quanto maior for a competição propi- ou irrelevante para o específico objeto do contrato”, com ressal-
ciada pela modalidade de licitação; ela é a mais ampla possível va ao disposto nos §§ 5º a 12 do mesmo artigo, e no art. 3º da
na concorrência, em que o interesse maior da Administração é Lei 8.248, de 23.10.1991.
o de atrair maior número de licitantes, e se reduz ao mínimo no Ante o exposto, conclui-se que, mesmo que a circunstância
convite, em que o valor do contrato dispensa maior divulgação. restrinja o caráter de competição do certame, se for pertinente
“ ou relevante para o objeto do contrato, poderá ser incluída no
Todo ato da Administração deve ser publicado de forma a instrumento de convocação do certame.
fornecer ao cidadão, informações acerca do que se passa com as O princípio da isonomia não impõe somente tratamento
verbas públicas e sua aplicação em prol do bem comum e tam- igualitário aos assemelhados, mas também a diferenciação dos
bém por obediência ao princípio da publicidade. desiguais, na medida de suas desigualdades.

Princípio da eficiência do interesse público Princípio do Planejamento


Trata-se de um dos princípios norteadores da administração A princípio, infere-se que o princípio do planejamento se en-
pública acoplado aos da legalidade, finalidade, motivação, ra- contra dotado de conteúdo jurídico, sendo que é seu dever fixar
zoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, con- o dever legal do planejamento como um todo.
traditório, da segurança jurídica e do interesse público. Registra-se que a partir deste princípio, é possível com-
Assim sendo, não basta que o Estado atue sobre o manto preender que a Administração Pública tem o dever de planejar
da legalidade, posto que quando se refere serviço público, é es- toda a licitação e também toda a contratação pública de forma
sencial que o agente público atue de forma mais eficaz, bem adequada e satisfatória. Assim, o planejamento exigido, é o que
como que haja melhor organização e estruturação advinda da se mostre de forma eficaz e eficiente, bem como que se encaixe
administração pública. a todos os outros princípios previstos na CFB/1.988 e na jurisdi-
Vale ressaltar que o princípio da eficiência deve estar sub- ção pátria como um todo.
metido ao princípio da legalidade, pois nunca se poderá justifi- Desta forma, na ausência de justificativa para realizar o pla-
car a atuação administrativa agindo de forma contrária ao orde- nejamento adequado da licitação e do contrato, ressalta-se que
namento jurídico, posto que por mais eficiente que seja, ambos a ausência, bem como a insuficiência dele poderá vir a motivar a
os princípios devem atuar de forma acoplada e não sobreposta. responsabilidade do agente público.
Por ser o objeto da licitação a escolha da proposta mais van-
tajosa, o administrador deverá se encontrar eivado de honesti-
dade ao cuidar da Administração Pública. Princípio da transparência
O princípio da transparência pode ser encontrado dentro da
Princípio da Probidade Administrativa aplicação de outros princípios, como os princípios da publicida-
A Lei de Licitações trata dos princípios da moralidade e da de, imparcialidade, eficiência, dentre outros.
probidade administrativa como formas distintas uma da outra. Boa parte da doutrina afirma o princípio da transparência
Os dois princípios passam a noção de que a licitação deve ser não é um princípio independente, o incorporando ao princípio
configurada pela honestidade, boa-fé e ética, tanto por parte da da publicidade, posto ser o seu entendimento que uma das inú-
Administração Pública, como por parte dos licitantes. Desta for- meras funções do princípio da publicidade é o dever de manter
ma, para que um comportamento tenha validade, é necessário intacta a transparência dos atos das entidades públicas. Entre-
que seja legal e esteja em conformidade com a ética e os bons tanto, o princípio da transparência pode ser diferenciado do
costumes. princípio da publicidade pelo fato de que por intermédio da pu-

18
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

blicidade, existe o dever das entidades públicas consistente na Nos ditames do art. 3º da Lei nº 8.666/93, a licitação des-
obrigação de divulgar os seus atos, uma vez que nem sempre a tina-se a garantir a observância do princípio constitucional da
divulgação de informações é feita de forma transparente. isonomia, a seleção da proposta mais vantajosa para a adminis-
O Superior Tribunal de Justiça entende que o “direito à in- tração e a promoção do desenvolvimento nacional sustentável e
formação, abrigado expressamente pelo art. 5°, XIV, da Cons- será processada e julgada em estrita conformidade com os prin-
tituição Federal, é uma das formas de expressão concreta do cípios básicos da legalidade, da impessoalidade, da moralidade,
Princípio da Transparência, sendo também corolário do Princí- da igualdade, da publicidade, da probidade administrativa, da
pio da Boa-fé Objetiva e do Princípio da Confiança […].” (STJ. vinculação ao instrumento convocatório, do julgamento objeti-
RESP 200301612085, Herman Benjamin – Segunda Turma, DJE vo e dos que lhes são correlatos.
DATA:19/03/2009). O princípio da vinculação ao instrumento convocatório prin-
cípio se destaca por impor à Administração a não acatar qualquer
proposta que não se encaixe nas exigências do ato convocatório,
Princípio da eficácia sendo que tais exigências deverão possuir total relação com o
Por meio desse princípio, deverá o agente público agir de objeto da licitação, com a lei e com a Constituição Federal.
forma eficaz e organizada promovendo uma melhor estrutura-
ção por parte da Administração Pública, mantendo a atuação do Princípio do julgamento objetivo
Estado dentro da legalidade. O objetivo desse princípio é a lisura do processo licitatório.
Vale ressaltar que o princípio da eficácia deve estar subme- De acordo com o princípio do julgamento objetivo, o processo
tido ao princípio da legalidade, pois nunca se poderá justificar a licitatório deve observar critérios objetivos definidos no ato
atuação administrativa contrária ao ordenamento jurídico, por convocatório, para o julgamento das propostas apresentadas,
mais eficiente que seja, na medida em que ambos os princípios devendo seguir de forma fiel ao disposto no edital quando for
devem atuar de maneira conjunta e não sobrepostas. julgar as propostas.
Esse princípio possui o condão de impedir quaisquer inter-
Princípio da segregação de funções pretações subjetivas do edital que possam favorecer um con-
Trata-se de uma norma de controle interno com o fito de corrente e, por consequência, vir a prejudicar de forma desleal
evitar falhas ou fraudes no processo de licitação, vindo a des- a outros.
centralizar o poder e criando independência para as funções de
execução operacional, custódia física, bem como de contabili- Princípio da razoabilidade
zação Trata-se de um princípio de grande importância para o con-
Assim sendo, cada setor ou servidor incumbido de determi- trole da atividade administrativa dentro do processo licitatório,
nada tarefa, fará a sua parte no condizente ao desempenho de posto que se incumbe de impor ao administrador, a atuação
funções, evitando que nenhum empregado ou seção adminis- dentro dos requisitos aceitáveis sob o ponto de vista racional,
trativa venha a participar ou controlar todas as fases relativas à uma vez que ao trabalhar na interdição de decisões ou práticas
execução e controle da despesa pública, vindo assim, a possibili- discrepantes do mínimo plausível, prova mais uma vez ser um
tar a realização de uma verificação cruzada. veículo de suma importância do respeito à legalidade, na medi-
O princípio da segregação de funções, advém do Princípio da em que é a lei que determina os parâmetros por intermédio
da moralidade administrativa e se encontra previsto no art. 37, dos quais é construída a razão administrativa como um todo.
caput, da CFB/1.988 e o da moralidade, no Capítulo VII, seção Pondera-se que o princípio da razoabilidade se encontra
VIII, item 3, inciso IV, da IN nº 001/2001 da Secretaria Federal acoplado ao princípio da proporcionalidade, além de manter re-
de Controle Interno do Ministério da Fazenda. lação com o princípio da finalidade, uma vez que, caso não seja
atendida a razoabilidade, a finalidade também irá ficar ferida.
Princípio da motivação
O princípio da motivação predispõe que a administração no Princípio da competitividade
processo licitatório possui o dever de justificar os seus atos, vin- O princípio da competição se encontra relacionado à com-
do a apresentar os motivos que a levou a decidir sobre os fatos, petitividade e às cláusulas que são responsáveis por garantir a
com a observância da legalidade estatal. Desta forma, é necessá- igualdade de condições para todos os concorrentes licitatórios.
rio que haja motivo para que os atos administrativos licitatórios Esse princípio se encontra ligado ao princípio da livre concorrên-
tenham sido realizados, sempre levando em conta as razões de cia nos termos do inciso IV do art. 170 da Constituição Federal
direito que levaram o agente público a proceder daquele modo. Brasileira. Desta maneira, devido ao fato da lei recalcar o abuso
do poder econômico que pretenda eliminar a concorrência, a lei
Princípio da vinculação ao edital e os demais atos normativos pertinentes não poderão agir com
Trata-se do corolário do princípio da legalidade e da objeti- o fulcro de limitar a competitividade na licitação.
vidade das determinações de habilidades, que possui o condão Assim, havendo cláusula que possa favorecer, excluir ou
de impor tanto à Administração, quanto ao licitante, a imposi- infringir a impessoalidade exigida do gestor público, denota-se
ção de que este venha a cumprir as normas contidas no edital que esta poderá recair sobre a questão da restrição de competi-
de maneira objetiva, porém, sempre zelando pelo princípio da ção no processo licitatório.
competitividade.
Denota-se que todos os requisitos do ato convocatório de- Obs. importante: De acordo com o Tribunal de Contas, não
vem estar em conformidade com as leis e a Constituição, tendo é aceitável a discriminação arbitrária no processo de seleção do
em vista que se trata de ato concretizador e de hierarquia infe- contratante, posto que é indispensável o tratamento uniforme
rior a essas entidades. para situações uniformes, uma vez que a licitação se encontra
destinada a garantir não apenas a seleção da proposta mais van-

19
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

tajosa para a Administração Pública, como também a observân- F) acessibilidade para o uso por pessoas com deficiência ou
cia do princípio constitucional da isonomia. Acórdão 1631/2007 com mobilidade reduzida.
Plenário (Sumário).
Princípios correlatos
Princípio da proporcionalidade Além dos princípios anteriores determinados pela Lei
O princípio da proporcionalidade, conhecido como princípio 8.666/1993, a doutrina revela a existência de outros princípios
da razoabilidade, possui como objetivo evitar que as peculiari- que também são atinentes aos procedimentos licitatórios, den-
dades determinadas pela Constituição Federal Brasileira sejam tre os quais se destacamos:
feridas ou suprimidas por ato legislativo, administrativo ou judi-
cial que possa exceder os limites por ela determinados e avance, Princípio da obrigatoriedade
sem permissão no âmbito dos direitos fundamentais. Consagrado no art. 37, XXI, da CF, esse princípio está dis-
posto no art. 2º do Estatuto das Licitações. A determinação ge-
Princípio da celeridade ral é que as obras, serviços, compras, alienações, concessões,
Devidamente consagrado pela Lei nº 10.520/2.002 e consi- permissões e locações da Administração Pública, quando forem
derado um dos direcionadores de licitações na modalidade pre- contratadas por terceiros, sejam precedidas da realização de
gão, o princípio da celeridade trabalha na busca da simplifica- certame licitatório, com exceção somente dos casos previstos
ção de procedimentos, formalidades desnecessárias, bem como pela legislação vigente.
de intransigências excessivas, tendo em vista que as decisões,
sempre que for possível, deverão ser aplicadas no momento da Princípio do formalismo
sessão. Por meio desse princípio, a licitação se desenvolve de acor-
Princípio da economicidade do com o procedimento formal previsto na legislação. Assim
Sendo o fim da licitação a escolha da proposta que seja mais sendo, o art. 4º, parágrafo único, da Lei 8.666/1993 determina
vantajosa para a Administração Pública, pondera-se que é ne- que “o procedimento licitatório previsto nesta lei caracteriza ato
cessário que o administrador esteja dotado de honestidade ao administrativo formal, seja ele praticado em qualquer esfera da
cuidar coisa pública. O princípio da economicidade encontra-se Administração Pública”.
relacionado ao princípio da moralidade e da eficiência. Princípio do sigilo das propostas
Sobre o assunto, no que condiz ao princípio da economici- Até a abertura dos envelopes licitatórios e m ato público
dade, entende o jurista Marçal Justen Filho, que “… Não basta antecipadamente designado, o conteúdo das propostas apre-
honestidade e boas intenções para validação de atos adminis- sentadas pelos licitantes deve ser mantido em sigilo nos termos
trativos. A economicidade impõe adoção da solução mais con- do art. 43, § 1º, da Lei 8.666/1993. Deixando claro que violar o
veniente e eficiente sob o ponto de vista da gestão dos recursos sigilo de propostas apresentadas em procedimento licitatório,
públicos”. (Justen Filho, 1998, p.66). ou oportunizar a terceiro a oportunidade de devassá-lo, além
de prejudicar os demais licitantes, constitui crime tipificado no
Princípio da licitação sustentável art. 94 do Estatuto das Licitações, vindo a sujeitar os infratores à
Segundo Maria Sylvia Zanella Di Pietro, “o princípio da sus- pena de detenção, de 2 (dois) a 3 (três) anos, e multa;
tentabilidade da licitação ou da licitação sustentável liga-se à
ideia de que é possível, por meio do procedimento licitatório, Princípio da adjudicação compulsória ao vencedor
incentivar a preservação do meio ambiente”. Significa que a Administração não pode, ao concluir o pro-
Esse princípio passou a constar de maneira expressa do con- cedimento, atribuir o objeto da licitação a outro agente ou ente
tido na Lei 8.666/1993 depois que o seu art. 3º sofreu alteração que não seja o vencedor. Esse princípio, também impede que
pela Lei 12.349/2010, que incluiu entre os objetivos da licitação seja aberta nova licitação enquanto for válida a adjudicação an-
a promoção do desenvolvimento nacional sustentável. terior.
Da mesma maneira, a Lei 12.462/2011, que institui o Regi- Registra-se que a adjudicação é um ato declaratório que
me Diferenciado de Contratações Públicas (RDC), dispõe o de- garante ao vencedor que, vindo a Administração a celebrar um
senvolvimento nacional sustentável como forma de princípio a contrato, o fará com o agente ou ente a quem foi adjudicado o
ser observado nas licitações e contratações regidas por seu di- objeto. Entretanto, mesmo que o objeto licitado tenha sido ad-
ploma legal. Assim, prevê a mencionada Lei que as contratações judicado, é possível que não aconteça a celebração do contrato,
realizadas com fito no Regime Jurídico Diferenciado de Contra- posto que a licitação pode vir a ser revogada de forma lícita por
tações Públicas devem respeitar, em especial, as normas relati- motivos de interesse público, ou anulada, caso seja constatada
vas ao art. 4º, § 1º: alguma irregularidade Insanável.
A) disposição final ambientalmente adequada dos resíduos
sólidos gerados pelas obras contratadas; Princípio da competitividade
B) mitigação por condicionantes e compensação ambien- É advindo do princípio da isonomia. Em outras palavras,
tal, que serão definidas no procedimento de licenciamento am- havendo restrição à competição, de maneira a privilegiar de-
biental; c) utilização de produtos, equipamentos e serviços que, terminado licitante, consequentemente ocorrerá violação ao
comprovadamente, reduzam o consumo de energia e recursos princípio da isonomia. Por esse motivo, como manifestação do
naturais; princípio da competitividade, tem-se a regra de que é proibi-
D) avaliação de impactos de vizinhança, na forma da legis- do aos agentes públicos “admitir, prever, incluir ou tolerar, nos
lação urbanística; atos de convocação, cláusulas ou condições que comprometam,
E) proteção do patrimônio cultural, histórico, arqueológico e restrinjam ou frustrem o seu caráter competitivo, inclusive nos
imaterial, inclusive por meio da avaliação do impacto direto ou casos de sociedades cooperativas, e estabeleçam preferências
indireto causado pelas obras contratadas; ou distinções em razão da naturalidade, da sede ou domicílio

20
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

dos licitantes ou de qualquer outra circunstância impertinente De acordo com as regras e normas da Lei 13.303/2016, tais
ou irrelevante para o específico objeto do contrato”, com ex- empresas públicas e sociedades de economia mista não estão
ceção do disposto nos §§ 5º a 12 deste art. e no art. 3º da Lei dispensadas do dever de licitar. Mas estão somente adimplin-
8.248, de 23.10.1991” . do tal obrigação com seguimento em procedimentos mais fle-
Convém mencionar que José dos Santos Carvalho Filho, en- xíveis e adequados a sua natureza jurídica. Assim sendo, a Lei
tende que o dispositivo legal mencionado anteriormente é tido 8.666/1993 acabou por não mais ser aplicada às estatais e às
como manifestação do princípio da indistinção. suas subsidiárias.
Entretanto, com a entrada em vigor da nova Lei de Licitações
Princípio da vedação à oferta de vantagens imprevistas de nº. 14.133/2.021, advinda do Projeto de Lei nº 4.253/2020,
É um corolário do princípio do julgamento objetivo. No refe- observa-se que ocorreu um impacto bastante concreto para as
rente ao julgamento das propostas, a comissão de licitação não estatais naquilo que se refere ao que a Lei nº 13.303/16 ex-
poderá, por exemplo, considerar qualquer oferta de vantagem pressa ao remeter à aplicação das Leis nº 8.666/93 e Lei nº
que não esteja prevista no edital ou no convite, inclusive finan- 10.520/02.
ciamentos subsidiados ou a fundo perdido, nem preço ou vanta- Nesse sentido, denota-se em relação ao assunto acima que
gem baseada nas ofertas dos demais licitantes, nos ditames do são pontos de destaque com a aprovação da Nova Lei de Licita-
art. 44, parag. 2°da Lei 8.666/1993. ções de nº. 14.133/2.021:
1) O pregão, sendo que esta modalidade não será mais re-
Competência Legislativa gulada pela Lei nº 10.520/02, que consta de forma expressa no
A União é munida de competência privativa para legislar so- art. 32, IV, da Lei nº 13.303/16;
bre normas gerais de licitações, em todas as modalidades, para 2) As normas de direito penal que deverão ser aplicadas na
a administração pública direta e indireta da União, dos Estados, seara dos processos de contratação, que, por sua vez, deixarão
do Distrito Federal e dos Municípios, conforme determinação do de ser regulados pelos arts. 89 a 99 da Lei nº 8.666/93; e
art. 22, XXVII, da CFB/1988. 3) Os critérios de desempate de propostas, sendo que a Lei
Desse modo, denota-se que de modo geral, as normas edita- nº 13.303/16 dispõe de forma expressa, dentre os critérios de
das pela União são de observância obrigatória por todos os entes desempate contidos no art. 55, inc. III, a adoção da previsão que
federados, competindo a estes, editar normas específicas que são se encontra inserida no § 2º do art. 3º da Lei nº 8.666/93, que
aplicáveis somente às suas próprias licitações, de modo a com-
por sua vez, passará a ter outro tratamento pela Nova Lei de
plementar a disciplina prevista na norma geral sem contrariá-la.
Licitações.
Nessa linha, a título de exemplo, a competência para legislar
Dispensa e inexigibilidade
supletivamente não permite: a) a criação de novas modalidades
Verificar-se-á a inexigibilidade de licitação sempre que hou-
licitatórias ou de novas hipóteses de dispensa de licitação; b) o
ver inviabilidade de competição. Com a entrada em vigor da
estabelecimento de novos tipos de licitação (critérios de julga-
mento das propostas); c) a redução dos prazos de publicidade Nova Lei de Licitações, Lei nº. 14.133/2.021 no art. 74, I, II e
ou de recursos. III, foi disposto as hipóteses por meio das quais a competição
é inviável e que, portanto, nesses casos, a licitação é inexigível.
É importante registrar que a EC 19/1998, em alteração ao
art. 173, § 1º, da Constituição Federal, anteviu que deverá ser Vejamos:
editada lei com o fulcro de disciplinar o estatuto jurídico da em-
presa pública, da sociedade de economia mista e de suas subsi- Art. 74. É inexigível a licitação quando inviável a competi-
diárias que explorem atividade econômica de produção ou co- ção, em especial nos casos de:
mercialização de bens ou de prestação de serviços, sendo que I - aquisição de materiais, de equipamentos ou de gêneros
esse estatuto deverá dispor a respeito de licitação e contratação ou contratação de serviços que só possam ser fornecidos por
de obras, serviços, compras e alienações, desde que observados produtor, empresa ou representante comercial exclusivos;
os princípios da administração pública. II - contratação de profissional do setor artístico, diretamen-
A mencionada modificação constitucional, teve como obje- te ou por meio de empresário exclusivo, desde que consagrado
tivo possibilitar a criação de normas mais flexíveis sobre licitação pela crítica especializada ou pela opinião pública;
e contratos e com maior adequação condizente à natureza jurí- III - contratação dos seguintes serviços técnicos especializa-
dica das entidades exploradoras de atividades econômicas, que dos de natureza predominantemente intelectual com profissio-
trabalham sob sistema jurídico predominantemente de direito nais ou empresas de notória especialização, vedada a inexigibili-
privado. O Maior obstáculo, é o fato de que essas instituições dade para serviços de publicidade e divulgação:
na maioria das vezes entram em concorrência com a iniciativa a) estudos técnicos, planejamentos, projetos básicos ou pro-
privada e precisam ter uma agilidade que pode, na maioria das jetos executivos;
situações, ser prejudicada pela necessidade de submissão aos b) pareceres, perícias e avaliações em geral;
procedimentos burocráticos da administração direta, autárquica c) assessorias ou consultorias técnicas e auditorias financei-
e fundacional. ras ou tributárias;
Em observância e cumprimento à determinação da Consti- d) fiscalização, supervisão ou gerenciamento de obras ou
tuição Federal, foi promulgada a Lei 13.303/2016, Lei das Esta- serviços;
tais, que criou regras e normas específicas paras as licitações e) patrocínio ou defesa de causas judiciais ou administrati-
que são dirigidas por qualquer empresa pública e sociedade vas;
de economia mista da União, dos Estados, do Distrito Federal f) treinamento e aperfeiçoamento de pessoal;
e dos Municípios. Pondera-se que tais regras forma mantidas g) restauração de obras de arte e de bens de valor histórico;
pela nova Lei de Licitações, Lei nº: 14.133/2.021 em seu art. 1º,
inciso I.

21
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

h) controles de qualidade e tecnológico, análises, testes e a lei acaba por dispensar o procedimento, o que é verificado, por
ensaios de campo e laboratoriais, instrumentação e monitora- exemplo, na hipótese da doação de um bem para outro órgão ou
mento de parâmetros específicos de obras e do meio ambiente entidade da Administração Pública de qualquer esfera de gover-
e demais serviços de engenharia que se enquadrem no disposto no. Ocorre que nesse caso, a Administração já determinou previa-
neste inciso; mente para qual órgão ou entidade irá doar o bem. Assim sendo,
IV - objetos que devam ou possam ser contratados por meio não existe a necessidade de realização do certame licitatório.
de credenciamento;
V - aquisição ou locação de imóvel cujas características de Critérios de Julgamento
instalações e de localização tornem necessária sua escolha. Os novos critérios de julgamento tratam-se das referências
Em entendimento ao inc. I, afirma-se que o fornecedor ex- que são utilizadas para a avaliação das propostas de licitação. Re-
clusivo, vedada a preferência de marca, deverá a comprovar a gistra-se que as espécies de licitação encontram-se dotadas de
exclusividade por meio de atestado fornecido pelo órgão de re- características e exigências diversas, sendo que as espécies de lici-
gistro do comércio do local em que se realizaria a licitação ou a tação tendem sempre a variam de acordo com seus prazos e ritos
obra ou o serviço, pelo Sindicato, Federação ou Confederação específicos como um todo. Com a aprovação da Lei 14.133/2.021
Patronal, ou, ainda, pelas entidades equivalentes. em seu art. 33, foram criados novos tipos de licitação designados
Em relação ao inc. II do referido diploma legal, verifica-se para a compra de bens e serviços. Sendo eles: menor preço, maior
a dispensabilidade da exigência de licitação para a contratação desconto, melhor técnica ou conteúdo artístico, técnica e preço,
de profissionais da seara artística de forma direta ou através de maior lance (leilão), maior retorno econômico.
empresário, levando em conta que este deverá ser reconhecido Vejamos:
publicamente.
Por fim, o inc. III, aduz sobre a contratação de serviços téc- Menor preço
nicos especializados, de natureza singular, com profissionais ou Trata-se do principal objetivo da Administração Pública que
empresas de notória especialização, vedada a inexigibilidade é o de comprar pelo menor preço possível. É o critério padrão
para serviços de publicidade e divulgação. básico e o mais utilizado em qualquer espécie de licitação, in-
clusive o pregão. Desta forma, vence, aquele que apresentar o
Ressalta-se que além das mencionadas hipóteses previstas preço menor entre os participantes do certame, desde que a
de forma exemplificativa na legislação, sempre que for impossí- empresa licitante atenda a todos os requisitos estipulados no
vel a competição, o procedimento de inexigibilidade de licitação edital.
deverá ser adotado. Nesta espécie de licitação, vencerá a proposta que oferecer
Vale destacar com grande importância, ainda, em relação ao e comprovar maiores vantagens para a Administração Pública,
inc. III da Nova Lei de Licitações, que nem todo serviço técnico apenas em questões de valores, o que, na maioria das vezes, ter-
especializado está apto a ensejar a inexigibilidade de licitação, mina por prejudicar a população, tendo em vista que ao analisar
fato que se verificará apenas se ao mesmo tempo, tal serviço for apenas a questão de menor preço, nem sempre irá conseguir
de natureza singular e o seu prestador for dotado de notória es- contratar um trabalho de qualidade.
pecialização. O serviço de natureza singular é reconhecido pela
sua complexidade, relevância ou pelos interesses públicos que Maior desconto
estiverem em jogo, vindo demandar a contratação de prestador Pondera-se que caso a licitação seja julgada pelo critério
com a devida e notória especialização. de maior desconto, o preço com o valor estimado ou o máximo
Por sua vez, a legislação considera como sendo de notória aceitável, deverá constar expressamente do edital. Isso aconte-
especialização, aquele profissional ou empresa que o conceito ce, por que nessas situações específicas, a publicação do valor
no âmbito de sua especialidade, advindo de desempenho fei- de referência da Administração Pública é extremamente essen-
to anteriormente como estudos, experiências, publicações, or- cial para que os proponentes venham a oferecer seus descontos.
ganização, equipe técnica, ou de outros atributos e requisitos Denota-se que o texto de lei determina que a administração
pertinentes com suas atividades, que permitam demonstrar e licitante forneça o orçamento original da contratação, mesmo
comprovar que o seu trabalho é essencial e o mais adequado à que tal orçamento tenha sido declarado sigiloso, a qualquer ins-
plena satisfação do objeto do contrato. tante tanto para os órgãos de controle interno quanto externo.
Vale mencionar que em situações práticas, a contratação de Esse fato é de grande importância para a administração Pública,
serviços especializados por inexigibilidade de licitação tem cria- tendo em vista que a depender do mercado, a divulgação do or-
do várias controvérsias, principalmente quando se refere à con- çamento original no instante de ocorrência da licitação acarre-
tratação de serviços de advocacia e também de contabilidade. tará o efeito âncora, fazendo com que os valores das propostas
Conforme já estudado, a licitação é tida como dispensada sejam elevados ao patamar mais aproximado possível no que diz
quando, mesmo a competição sendo viável, o certame deixou de respeito ao valor máximo que a Administração admite.
ser realizado pelo fato da própria lei o dispensar. Tem natureza
diferente da ausência de exigibilidade da licitação dispensável Melhor técnica ou conteúdo artístico
porque nesta, o gestor tem a possibilidade de decidir por reali- Nesse tipo de licitação, a escolha da empresa vencedora
zar ou não o procedimento. leva em consideração a proposta que oferecer mais vantagem
A licitação dispensada está acoplada às hipóteses de alie- em questão de fatores de ordem técnica e artística. Denota-se
nação de bens móveis ou imóveis da Administração Pública. Em que esta espécie de licitação deve ser aplicada com exclusivi-
grande parte das vezes, quando, ao pretender a Administração dade para serviços de cunho intelectual, como ocorre na ela-
alienar bens de sua propriedade, sejam estes móveis ou imóveis, boração de projetos, por exemplo incluindo-se nesse rol, tanto
deverá proceder à realização de licitação. No entanto, em algu- os básicos como os executivos como: cálculos, gerenciamento,
mas situações, em razão das peculiaridades do caso especifico, supervisão, fiscalização e outros pertinentes à matéria.

22
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Técnica e preço tação acontece em razão do valor do contrato. Ocorre que quan-
Depreende-se que esta espécie de licitação é de cunho to maiores forem os valores envolvidos, mais altos e maiores se-
obrigatório quando da contratação de bens e serviços na área rão o nível de publicidade bem como os prazos estipulados para
tecnológica como de informática e áreas afins, e também nas a realização do procedimento. Em alguns casos, não obstante, é
modalidade de concorrência, segundo a nova lei de Licitações. permitido uso da modalidade de maior publicidade no lugar das
Nesse caso específico, o licitante demonstra e apresenta a sua de menor publicidade, jamais o contrário.
proposta e a documentação usando três envelopes distintos, Nesta linha de pensamento, a regra passa a exigir o uso da
sendo eles: o primeiro para a habilitação, o segundo para o des- concorrência para valores elevados, vindo a permitir que seja rea-
linde da proposta técnica e o terceiro, com o preço, que deverão lizada a tomada de preços ou concorrência para montantes de
ser avaliados nessa respectiva ordem. cunho intermediário e convite (ou tomada de preços ou concor-
rência), para contratos de valores mais reduzidos. Os gestores,
Maior lance (leilão) na prática, geralmente optam por utilizar a modalidade licitatória
Nos ditames da nova Lei de Licitações, esse critério se en- que seja mais simplificada dentro do possível, de maneira a evitar
contra restrito à modalidade de leilão, disciplina que estudare- a submissão a prazos mais extensos de publicidade do certame.
mos nos próximos tópicos.
Concurso
Maior retorno econômico Disposto no art. 30 da Nova Lei de Licitações, esta modali-
Registra-se que esse tema se trata de uma das maiores novi- dade de licitação pode ser utilizada para a escolha de trabalho
dades advindas da Nova Lei de Licitações, pelo fato desse requi- técnico, científico ou artístico. Vejamos o que dispõe a Nova Lei
sito ser um tipo de licitação de uso para licitações cujo objeto e de Licitações:
fulcro sejam uma espécie de contrato de eficiência. Art. 30. O concurso observará as regras e condições previs-
Assim dispõe o inc. LIII do Art. 6º da Nova Lei de Licitações: tas em edital, que indicará:
LIII - contrato de eficiência: contrato cujo objeto é a presta- I - a qualificação exigida dos participantes;
ção de serviços, que pode incluir a realização de obras e o for- II - as diretrizes e formas de apresentação do trabalho;
necimento de bens, com o objetivo de proporcionar economia III - as condições de realização e o prêmio ou remuneração a
ao contratante, na forma de redução de despesas correntes, re- ser concedida ao vencedor.
munerado o contratado com base em percentual da economia Parágrafo único. Nos concursos destinados à elaboração de
gerada; projeto, o vencedor deverá ceder à Administração Pública, nos
Desta forma, depreende-se que a pretensão da Administra- termos do art. 93 desta Lei, todos os direitos patrimoniais re-
ção não se trata somente da obra, do serviço ou do bem propria- lativos ao projeto e autorizar sua execução conforme juízo de
mente dito, mas sim do resultado econômico que tenha mais conveniência e oportunidade das autoridades competentes.
vantagens advindas dessas prestações, razão pela qual, a melhor
proposta de ajuste trata-se daquela que oferece maior retorno Leilão
econômico à maquina pública. Disposto no art. 31 da Nova Lei de Licitações, o leilão pode-
rá ser cometido a leiloeiro oficial ou a servidor designado pela
Modalidades autoridade competente da Administração, sendo que seu regu-
De antemão, infere-se que com o advento da nova Lei de lamento deverá dispor sobre seus procedimentos operacionais.
Licitações de nº. 14.133/2.021, foram excluídas do diploma le- Se optar pela realização de leilão por intermédio de leiloei-
gal da Lei 8.666/1.993 as seguintes modalidades de licitação: ro oficial, a Administração deverá selecioná-lo mediante creden-
tomada de preços, convite e RDC – Lei 12.462/2.011. Desta for- ciamento ou licitação na modalidade pregão e adotar o critério
ma, de acordo com a Nova Lei de Licitações, são modalidades de julgamento de maior desconto para as comissões a serem
de licitação: concorrência, concurso, leilão, pregão e diálogo cobradas, utilizados como parâmetro máximo, os percentuais
competitivo. definidos na lei que regula a referida profissão e observados os
Lembrando que conforme afirmado no início desse estudo, valores dos bens a serem leiloados
pelo fato do ordenamento jurídico administrativo estar em fase O leilão não exigirá registro cadastral prévio, não terá fase
de transição em relação às duas leis, posto que nos dois primei- de habilitação e deverá ser homologado assim que concluída a
ros anos as duas se encontrarão válidas, tendo em vista que na fase de lances, superada a fase recursal e efetivado o pagamen-
aplicação para processos que começaram na Lei anterior, deve- to pelo licitante vencedor, na forma definida no edital.
rão continuar a ser resolvidos com a aplicação dela, e, processos
que começarem após a aprovação da nova Lei, deverão ser re- Quaisquer interessados podem participar do leilão. Denota-
solvidos com a aplicação da nova Lei. -se que o bem será vendido para o licitante que fizer a oferta de
maior lance, o qual deverá obrigatoriamente ser igual ou supe-
Concorrência rior ao valor de avaliação do bem.
Com fundamento no art. 29 da Lei 14.133/2.021, concor- A realização do leilão poderá ser por meio de leiloeiro ofi-
rência é a modalidade de licitação entre quaisquer interessa- cial ou por servidor indicado pela Administração, procedendo-se
dos que, na fase inicial de habilitação preliminar, comprovem conforme os ditames da legislação pertinente.
possuir os requisitos mínimos de qualificação exigidos no edital
para execução de seu objeto. Destaca-se ainda, que algumas entidades financeiras da Ad-
Em termos práticos, trata-se a concorrência de modalida- ministração indireta executam contratos de mútuo que são ga-
de licitatória conveniente para contratações de grande aspecto. rantidos por penhor e que, restando-se vencido o contrato, se a
Isso ocorre, por que a Lei de Licitações e Contratos dispôs uma dívida não for liquidada, promover-se-á o leilão do bem empe-
espécie de hierarquia quando a definição da modalidade de lici- nhado que deverá seguir as regras pertinentes à Lei de licitações.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Pregão Diálogo competitivo


Com fundamento no art. 29 da Nova Lei de Licitações, tra- Com supedâneo no art. 32 da Nova Lei de Licitações, moda-
ta-se o pregão de uma modalidade de licitação do tipo menor lidade diálogo competitivo é restrita a contratações em que a
preço, designada ao aferimento de aquisição de bens e serviços Administração:
comuns. Existem duas maneiras de ocorrência dos pregões, sen- Art. 32. A modalidade diálogo competitivo é restrita a con-
do estas nas formas eletrônica e presencial. tratações em que a Administração:
Pondera-se que a Lei geral que rege os pregões é a Lei I - vise a contratar objeto que envolva as seguintes condi-
10.520/02. No entanto, em âmbito federal, o pregão presencial ções:
é fundamentado e regulamentado pelo Decreto3.555/00, já o a) inovação tecnológica ou técnica;
pregão eletrônico, por meio do Decreto 5.450/05. b) impossibilidade de o órgão ou entidade ter sua necessi-
Os referidos decretos, em razão da natureza institucional de dade satisfeita sem a adaptação de soluções disponíveis no mer-
processamento dos pregões, são estabelecidos por meio de re- cado; e
gras diferentes que serão adotadas pelo Poder Público. c) impossibilidade de as especificações técnicas serem defi-
Em âmbito federal, a modalidade pregão é obrigatória para nidas com precisão suficiente pela Administração;
contratação de serviços e bens comuns. No entanto, o Decreto II - verifique a necessidade de definir e identificar os meios
5.459/05 determina que a forma eletrônica é, via de regra, pre- e as alternativas que possam satisfazer suas necessidades, com
ferencial. destaque para os seguintes aspectos:
Ressalta-se que aqueles que estiverem interessados em a) a solução técnica mais adequada;
participar do pregão presencial, deverão comparecer em hora e b) os requisitos técnicos aptos a concretizar a solução já de-
local nos quais deverá ocorrer a Sessão Pública, onde será feito finida;
o credenciamento, devendo ainda, apresentar os envelopes de c) a estrutura jurídica ou financeira do contrato.
proposta, bem como os documentos pertinentes.
Referente ao pregão eletrônico, deverão os interessados Obs. Importante: § 1º, inc. VIII , Lei 14.133/2021- a Admi-
fazer cadastro no sistema de compras a ser usado pelo ente lici- nistração deverá, ao declarar que o diálogo foi concluído, juntar
tante, vindo, por conseguinte, cadastrar a sua proposta. aos autos do processo licitatório os registros e as gravações da
A classificação a respeito das formas de pregão está tam- fase de diálogo, iniciar a fase competitiva com a divulgação de
bém eivada de diferenças. Infere-se que no pregão presencial, edital contendo a especificação da solução que atenda às suas
o pregoeiro deverá fazer a seleção de todas as propostas de até necessidades e os critérios objetivos a serem utilizados para
10% acima da melhor proposta e as classificar para a fase de lan- seleção da proposta mais vantajosa e abrir prazo, não inferior
ces. Havendo ausência de propostas que venham a atingir esses a 60 (sessenta) dias úteis, para todos os licitantes pré-selecio-
10%, restarão selecionadas, por conseguinte, as três melhores nados na forma do inciso II deste parágrafo apresentarem suas
propostas. propostas, que deverão conter os elementos necessários para a
Diversamente do que ocorre no pregão eletrônico, levando realização do projeto.
em conta que todos os participantes são classificados e tem o
direito de participar da fase na qual ocorrem os lances por meio Habilitação, Julgamento e recursos
do sistema, dentro dos parâmetros pertinentes ao horário indi-
cado no edital ou carta convite. Habilitação
Inicia-se a fase de lances do pregão presencial com o lance Com determinação expressa no Capítulo VI da Nova Lei de
da licitação que possui a maior proposta, vindo a seguir, por con- Licitações, art. 62, denota-se que a habilitação se mostra como a
seguinte, a lista decrescente até alcançar ao menor valor. fase da licitação por meio da qual se verifica o conjunto de infor-
É importante destacar que no pregão eletrônico, os lances mações e documentos necessários e suficientes para demons-
são lançados no sistema na medida em que os participantes vão trar a capacidade do licitante de realizar o objeto da licitação.
ofertando, devendo ser sempre de menor valor ao último lance Registra-se no dispositivo legal, que os critérios inseridos fo-
que por este foi ofertado. Assim, lances são lançados e registra- ram renovados pela Nova Lei, como por exemplo, a previsão em
dos no sistema, até que esta fase venha a se encerrar. lei de aceitação de balanço de abertura.
Desde o início da Sessão, no pregão presencial o pregoei- No que condiz à habilitação econômico-financeira, com
ro deverá se informar de antemão, quem são os participantes, supedâneo legal no art. 68 da Nova Lei, observa-se que possui
tendo em vista que estes se identificam no momento do em que utilidade para demonstrar que o licitante se encontra dotado
fazem o credenciamento. de capacidade para sintetizar com suas possíveis obrigações fu-
No pregão eletrônico, até que chegue a fase de habilitação, turas, devendo a mesma ser comprovada de forma objetiva, por
o pregoeiro não possui a informação sobre quem são os licitan- intermédio de coeficientes e índices econômicos que deverão
tes participantes, para evitar conluio. estar previstos no edital e devidamente justificados no processo
A intenção de recorrer no pregão presencial, deverá por pa- de licitação.
râmetros legais, ser manifestada e eivada com as motivações ao De acordo com a Nova lei, os documentos exigidos para a
final da Sessão. habilitação são: a certidão negativa de feitos a respeito de fa-
No pregão eletrônico, havendo a intenção de recorrer, de- lência expedida pelo distribuidor da sede do licitante, e, por úl-
verá de imediato a parte interessada se manifestar, devendo ser timo, exige-se o balanço patrimonial dos últimos dois exercícios
registrado no campo do sistema de compras pertinente, no qual sociais, salvo das empresas que foram constituídas no lapso de
deverá conter as exposições com a motivação da interposição. menos de dois anos.
Registra-se que base legal no art. 66 da referida Lei, habili-
tação jurídica visa a demonstrar a capacidade de o licitante exer-
cer direitos e assumir obrigações, e a documentação a ser apre-

24
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

sentada por ele limita-se à comprovação de existência jurídica Caso os licitantes desejem recorrer a despeito dos atos do
da pessoa e, quando cabível, de autorização para o exercício da julgamento da proposta e da habilitação, denota-se que deverão
atividade a ser contratada. se manifestar de imediato o seu desejo de recorrer, logo após o
Já o art. 67, dispõe de forma clara a respeito da documen- término de cada sessão, sob pena de preclusão
tação exigida para a qualificação técnico-profissional e técnico-
-operacional. Vejamos: Havendo a inversão das fases com a habilitação de forma
Art. 67. A documentação relativa à qualificação técnico-pro- precedente à apresentação das propostas, bem como o julga-
fissional e técnico-operacional será restrita a: mento, afirma-se que os recursos terão que ser apresentados
I - apresentação de profissional, devidamente registrado no em dois intervalos de tempo, após a fase de habilitação e após o
conselho profissional competente, quando for o caso, detentor julgamento das propostas.
de atestado de responsabilidade técnica por execução de obra
ou serviço de características semelhantes, para fins de contra- Adjudicação e homologação
tação; O Direito Civil Brasileiro conceitua a adjudicação como sen-
II - certidões ou atestados, regularmente emitidos pelo con- do o ato por meio do qual se declara, cede ou transfere a pro-
selho profissional competente, quando for o caso, que demons- priedade de uma pessoa para outra. Já o Direito Processual Civil
trem capacidade operacional na execução de serviços similares a conceitua como uma forma de pagamento feito ao exequente
de complexidade tecnológica e operacional equivalente ou supe- ou a terceira pessoa, por meio da transferência dos bens sobre
rior, bem como documentos comprobatórios emitidos na forma os quais incide a execução.
do § 3º do art. 88 desta Lei; Ressalta-se que os procedimentos legais de adjudicação têm
III - indicação do pessoal técnico, das instalações e do apa- início com o fim da fase de classificação das propostas. Adilson
relhamento adequados e disponíveis para a realização do objeto Dallari (1992:106), doutrinariamente separando as fases de clas-
da licitação, bem como da qualificação de cada membro da equi- sificação e adjudicação, ensina que esta não é de cunho obriga-
pe técnica que se responsabilizará pelos trabalhos; tório, embora não seja livre.
IV - prova do atendimento de requisitos previstos em lei es- Podemos conceituar a homologação como o ato que perfaz
pecial, quando for o caso; o encerramento da licitação, abrindo espaço para a contratação.
V - registro ou inscrição na entidade profissional competen- Homologação é a aprovação determinada por autoridade judi-
te, quando for o caso; cial ou administrativa a determinados atos particulares com o
VI - declaração de que o licitante tomou conhecimento de fulcro de produzir os efeitos jurídicos que lhes são pertinentes.
todas as informações e das condições locais para o cumprimento Considera-se que a homologação do processo de licitação
das obrigações objeto da licitação. representa a aceitação da proposta. De acordo com Sílvio Rodri-
gues (1979:69), a aceitação consiste na “formulação da vontade
Julgamento concordante e envolve adesão integral à proposta recebida.”
Sob a vigência do nº. 14.133/2.021, a Nova Lei de Licitações Registre-se por fim, que a homologação vincula tanto a Ad-
trouxe em seu art. 33, a nova forma de julgamento, sendo que ministração como o licitante, para buscar o aperfeiçoamento do
de agora em diante, as propostas deverão ser julgadas de acordo contrato.
sob os seguintes critérios:
1. Menor preço; Registro de preços
2. Maior desconto; Registro de preços é a modalidade de licitação que se en-
3. Melhor técnica ou conteúdo artístico; contra apropriada para possibilitar diversas contratações que
4. Técnica e preço; sejam concomitantes ou sucessivas, sem que haja a realização
5. Maior lance, no caso de leilão; de procedimento de licitação de forma específica para cada uma
6. Maior retorno econômico. destas contratações.
Registra-se que o referido sistema é útil tanto a um, quanto
Observa-se que os títulos por si só já dão a noção a respeito a mais órgãos pertencentes à Administração.
do seu funcionamento, bem como já foram estudados anterior- De modo geral, o registro de preços é usado para compras
mente nesta obra. Entretanto, é possível afirmar que a maior corriqueiras de bens ou serviços específicos, em se tratando da-
novidade, trata-se do critério de maior retorno econômico, que queles que não se sabe a quantidade que será preciso adqui-
é uma espécie de licitação usada somente para certames cujo rir, bem como quando tais compras estiverem sob a condição
objeto seja contrato de eficiência de forma geral. de entregas parceladas. O objetivo destas ações é evitar que se
Nesta espécie de contrato, busca-se o resultado econômico formem estoques, uma vez que estes geram alto custo de ma-
que proporcione a maior vantagem advinda de uma obra, ser- nutenção, além do risco de tais bens vir a perecer ou deteriorar.
viço ou bem, motivo pelo qual, a melhor proposta deverá ser Por fim, vejamos os dispositivos legais contidos na Nova lei
aquela que trouxer um maior retorno econômico. de Lictações que regem o sistema de registro de preços:
Art. 82. O edital de licitação para registro de preços observa-
Recursos rá as regras gerais desta Lei e deverá dispor sobre:
Com base legal no art. 71 da nova Lei de Licitações, não I - as especificidades da licitação e de seu objeto, inclusive
ocorrendo inversão de fases na licitação, pondera-se que os re- a quantidade máxima de cada item que poderá ser adquirida;
cursos em face dos atos de julgamento ou habilitação, deverão II - a quantidade mínima a ser cotada de unidades de bens
ser apresentados no término da fase de habilitação, tendo em ou, no caso de serviços, de unidades de medida;
vista que tal ato deverá acontecer em apenas uma etapa. III - a possibilidade de prever preços diferentes:
a) quando o objeto for realizado ou entregue em locais di-
ferentes;

25
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

b) em razão da forma e do local de acondicionamento; Art. 83. A existência de preços registrados implicará com-
c) quando admitida cotação variável em razão do tamanho promisso de fornecimento nas condições estabelecidas, mas não
do lote; obrigará a Administração a contratar, facultada a realização de
d) por outros motivos justificados no processo; licitação específica para a aquisição pretendida, desde que devi-
IV - a possibilidade de o licitante oferecer ou não proposta damente motivada.
em quantitativo inferior ao máximo previsto no edital, obrigan- Art. 84. O prazo de vigência da ata de registro de preços será
do-se nos limites dela; de 1 (um) ano e poderá ser prorrogado, por igual período, desde
que comprovado o preço vantajoso.
V - o critério de julgamento da licitação, que será o de menor Parágrafo único. O contrato decorrente da ata de registro de
preço ou o de maior desconto sobre tabela de preços praticada preços terá sua vigência estabelecida em conformidade com as
no mercado; disposições nela contidas.
VI - as condições para alteração de preços registrados;
VII - o registro de mais de um fornecedor ou prestador de Revogação e anulação da licitação
serviço, desde que aceitem cotar o objeto em preço igual ao do De antemão, em relação à revogação e a anulação do pro-
licitante vencedor, assegurada a preferência de contratação de cedimento licitatório, aplica-se o mesmo raciocínio, posto que
caso tenha havido vício no procedimento, busca-se por vias le-
acordo com a ordem de classificação;
gais o a possibilidade de corrigi-lo. Em se tratando de caso de ví-
VIII - a vedação à participação do órgão ou entidade em
cio que não se possa sanar, ou haja a impossibilidade de saná-lo,
mais de uma ata de registro de preços com o mesmo objeto no
a anulação se impõe. Entretanto, caso não exista qualquer espé-
prazo de validade daquela de que já tiver participado, salvo na cie de vício no certame, mas, a contratação tenha sido deixada
ocorrência de ata que tenha registrado quantitativo inferior ao de ser considerada de interesse público, impõe-se a aplicação
máximo previsto no edital; da revogação.
IX - as hipóteses de cancelamento da ata de registro de pre- Nos ditames do art. 62 da Lei nº 13.303/2016, após o início
ços e suas consequências da fase de apresentação de lances ou propostas, “a revogação
§ 1º O critério de julgamento de menor preço por grupo de ou a anulação da licitação somente será efetivada depois de se
itens somente poderá ser adotado quando for demonstrada a conceder aos licitantes que manifestem interesse em contestar
inviabilidade de se promover a adjudicação por item e for evi- o respectivo ato prazo apto a lhes assegurar o exercício do direito
denciada a sua vantagem técnica e econômica, e o critério de ao contraditório e à ampla defesa”.
aceitabilidade de preços unitários máximos deverá ser indicado Já na seara da lei nº 8.666/93, ressalta-se que a norma tratou
no edital. de limitar a indicar, por meio do art. 49, §3º, que em caso de des-
§ 2º Na hipótese de que trata o § 1º deste artigo, observa- fazimento do processo licitatório, ficará assegurado o contraditó-
dos os parâmetros estabelecidos nos §§ 1º, 2º e 3º do art. 23 rio e a ampla defesa.
desta Lei, a contratação posterior de item específico constante Por fim, registra-se que em se tratando da obrigatoriedade
de grupo de itens exigirá prévia pesquisa de mercado e demons- da aprovação de espaço aos licitantes interessados no exercício
tração de sua vantagem para o órgão ou entidade. do direito ao contraditório e à ampla defesa, de forma anterior
§ 3º É permitido registro de preços com indicação limitada a ao ato de decisório de revogação e anulação, criou-se de forma
unidades de contratação, sem indicação do total a ser adquirido, tradicional diversos debates tanto na doutrina quanto na juris-
apenas nas seguintes situações: prudência nacional. Um exemplo da informação acima, trata-se
I - quando for a primeira licitação para o objeto e o órgão ou dos diversos julgados que ressalvam a aplicação contida no art.
entidade não tiver registro de demandas anteriores; 49, §3º da Lei 8.666/1.993 nas situações de revogação de licitação
antes de sua homologação. Pondera-se que esse entendimento
II - no caso de alimento perecível;
afirma que o contraditório e a ampla defesa apenas seriam exi-
III - no caso em que o serviço estiver integrado ao forneci-
gíveis quando o procedimento de licitação tiver sido concluído.
mento de bens.
§ 4º Nas situações referidas no § 3º deste artigo, é obri-
Obs. Importante: Ainda que em situações por meio das
gatória a indicação do valor máximo da despesa e é vedada a
quais é considerado dispensável dar a oportunidade aos licitan-
participação de outro órgão ou entidade na ata.
tes do contraditório e a ampla defesa, a obrigação da adminis-
§ 5º O sistema de registro de preços poderá ser usado para tração em motivar o ato revogatório não será afastada, uma vez
a contratação de bens e serviços, inclusive de obras e serviços de que devendo se ater aos princípios da transparência e da mo-
engenharia, observadas as seguintes condições: tivação, o gestor por força de lei, deverá sempre evidenciar as
I - realização prévia de ampla pesquisa de mercado; razões pelas quais foram fundamentadas a conclusão pela revo-
II - seleção de acordo com os procedimentos previstos em gação do certame, bem como os motivos de não prosseguir com
regulamento; o processo licitatório.
III - desenvolvimento obrigatório de rotina de controle;
IV - atualização periódica dos preços registrados; Breves considerações adicionais acerca das mudanças no
V - definição do período de validade do registro de preços; processo de licitação após a aprovação da Lei 14.133/2.021
VI - inclusão, em ata de registro de preços, do licitante que • Com a aprovação da Nova Lei, nos ditames do §2º do art.
aceitar cotar os bens ou serviços em preços iguais aos do licitan- 17, será utilizada como regra geral, a forma eletrônica de con-
te vencedor na sequência de classificação da licitação e inclusão tratação para todos os procedimentos licitatórios.
do licitante que mantiver sua proposta original. • Como exceção, caso seja preciso que a forma de contrata-
§ 6º O sistema de registro de preços poderá, na forma de ção seja feita presencialmente, o órgão deverá expor os motivos
regulamento, ser utilizado nas hipóteses de inexigibilidade e de de fato e de direito no processo administrativo, porém, ficará
dispensa de licitação para a aquisição de bens ou para a contra- incumbido da obrigação de gravar a sessão em áudio e também
tação de serviços por mais de um órgão ou entidade. em vídeo.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

• O foco da Nova Lei, é buscar o incentivo para o uso do § 2º Será facultado, nos termos de regulamentos próprios
sistema virtual nos certames, vindo, assim, a dar mais competi- da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, a participação
tividade, segurança e isonomia para as licitações de forma geral. de bolsas de mercadorias no apoio técnico e operacional aos ór-
• A Nova Lei de Licitações criou o PNCP (Portal Nacional de gãos e entidades promotores da modalidade de pregão, utilizan-
Contratações Públicas), que irá servir como um portal obrigató- do-se de recursos de tecnologia da informação.
rio. § 3º As bolsas a que se referem o § 2o deverão estar organi-
• Todos os órgãos terão obrigação de divulgar suas licita- zadas sob a forma de sociedades civis sem fins lucrativos e com
ções, sejam eles federais, estaduais ou municipais. a participação plural de corretoras que operem sistemas eletrô-
• Art. 20. Os itens de consumo adquiridos para suprir as nicos unificados de pregões.
demandas das estruturas da Administração Pública deverão ser Art. 3º A fase preparatória do pregão observará o seguinte:
de qualidade comum, não superior à necessária para cumprir as I - a autoridade competente justificará a necessidade de
finalidades às quais se destinam, vedada a aquisição de artigos contratação e definirá o objeto do certame, as exigências de
de luxo. habilitação, os critérios de aceitação das propostas, as sanções
• Art. 95, § 2º É nulo e de nenhum efeito o contrato ver- por inadimplemento e as cláusulas do contrato, inclusive com
bal com a Administração, salvo o de pequenas compras ou o de fixação dos prazos para fornecimento;
prestação de serviços de pronto pagamento, assim entendidos II - a definição do objeto deverá ser precisa, suficiente e cla-
aqueles de valor não superior a R$ 10.000,00 (dez mil reais). ra, vedadas especificações que, por excessivas, irrelevantes ou
• São atos da Administração Pública antes de formalizar desnecessárias, limitem a competição;
ou prorrogar contratos administrativos: verificar a regularidade
fiscal do contratado; consultar o Cadastro Nacional de Empresas III - dos autos do procedimento constarão a justificativa das
idôneas e suspensas (CEIS) e punidas (CNEP). definições referidas no inciso I deste artigo e os indispensáveis
• A Nova Lei de Licitações inseriu vários crimes do Código elementos técnicos sobre os quais estiverem apoiados, bem
Penal, no que se refere às licitações, dentre eles, o art. 337-H do como o orçamento, elaborado pelo órgão ou entidade promoto-
Código Penal de 1.940: ra da licitação, dos bens ou serviços a serem licitados; e
Art. 337-H. Admitir, possibilitar ou dar causa a qualquer mo- IV - a autoridade competente designará, dentre os servido-
dificação ou vantagem, inclusive prorrogação contratual, em fa- res do órgão ou entidade promotora da licitação, o pregoeiro e
vor do contratado, durante a execução dos contratos celebrados respectiva equipe de apoio, cuja atribuição inclui, dentre outras,
com a Administração Pública sem autorização em lei, no edital o recebimento das propostas e lances, a análise de sua aceitabi-
lidade e sua classificação, bem como a habilitação e a adjudica-
da licitação ou nos respectivos instrumentos contratuais, ou,
ção do objeto do certame ao licitante vencedor.
ainda, pagar fatura com preterição da ordem cronológica de sua
exigibilidade: § 1º A equipe de apoio deverá ser integrada em sua maioria
por servidores ocupantes de cargo efetivo ou emprego da ad-
Pena – reclusão, de 4 (quatro) anos a 8 (oito) anos, e multa.
ministração, preferencialmente pertencentes ao quadro perma-
nente do órgão ou entidade promotora do evento.
Perturbação de processo licitatório
§ 2º No âmbito do Ministério da Defesa, as funções de pre-
• Os valores fixados na Lei, serão anualmente corrigidos
goeiro e de membro da equipe de apoio poderão ser desempe-
pelo IPCA-E, nos termos do art. 182: O Poder Executivo fede-
nhadas por militares
ral atualizará, a cada dia 1º de janeiro, pelo Índice Nacional de
Art. 4º A fase externa do pregão será iniciada com a convo-
Preços ao Consumidor Amplo Especial (IPCA-E) ou por índice que
cação dos interessados e observará as seguintes regras:
venha a substituí-lo, os valores fixados por esta Lei, os quais se-
I - a convocação dos interessados será efetuada por meio de
rão divulgados no PNCP. publicação de aviso em diário oficial do respectivo ente federa-
do ou, não existindo, em jornal de circulação local, e facultati-
LEI N° 10.520, DE 17 DE JULHO DE 2002 vamente, por meios eletrônicos e conforme o vulto da licitação,
em jornal de grande circulação, nos termos do regulamento de
Institui, no âmbito da União, Estados, Distrito Federal e que trata o art. 2º;
Municípios, nos termos do art. 37, inciso XXI, da Constituição II - do aviso constarão a definição do objeto da licitação,
Federal, modalidade de licitação denominada pregão, para a indicação do local, dias e horários em que poderá ser lida ou
aquisição de bens e serviços comuns, e dá outras providências. obtida a íntegra do edital;
III - do edital constarão todos os elementos definidos na for-
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso ma do inciso I do art. 3º, as normas que disciplinarem o procedi-
Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: mento e a minuta do contrato, quando for o caso;
IV - cópias do edital e do respectivo aviso serão colocadas
Art. 1º Para aquisição de bens e serviços comuns, poderá ser à disposição de qualquer pessoa para consulta e divulgadas na
adotada a licitação na modalidade de pregão, que será regida forma da Lei no 9.755, de 16 de dezembro de 1998;
por esta Lei. V - o prazo fixado para a apresentação das propostas, con-
Parágrafo único. Consideram-se bens e serviços comuns, tado a partir da publicação do aviso, não será inferior a 8 (oito)
para os fins e efeitos deste artigo, aqueles cujos padrões de de- dias úteis;
sempenho e qualidade possam ser objetivamente definidos pelo VI - no dia, hora e local designados, será realizada sessão
edital, por meio de especificações usuais no mercado. pública para recebimento das propostas, devendo o interessa-
Art. 2º (VETADO) do, ou seu representante, identificar-se e, se for o caso, com-
§ 1º Poderá ser realizado o pregão por meio da utilização provar a existência dos necessários poderes para formulação de
de recursos de tecnologia da informação, nos termos de regula- propostas e para a prática de todos os demais atos inerentes ao
mentação específica. certame;

27
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

VII - aberta a sessão, os interessados ou seus representan- XXI - decididos os recursos, a autoridade competente fará a
tes, apresentarão declaração dando ciência de que cumprem adjudicação do objeto da licitação ao licitante vencedor;
plenamente os requisitos de habilitação e entregarão os enve- XXII - homologada a licitação pela autoridade competente,
lopes contendo a indicação do objeto e do preço oferecidos, o adjudicatário será convocado para assinar o contrato no prazo
procedendo-se à sua imediata abertura e à verificação da con- definido em edital; e
formidade das propostas com os requisitos estabelecidos no ins- XXIII - se o licitante vencedor, convocado dentro do prazo de
trumento convocatório; validade da sua proposta, não celebrar o contrato, aplicar-se-á o
VIII - no curso da sessão, o autor da oferta de valor mais disposto no inciso XVI.
baixo e os das ofertas com preços até 10% (dez por cento) supe- Art. 5º É vedada a exigência de:
riores àquela poderão fazer novos lances verbais e sucessivos, I - garantia de proposta;
até a proclamação do vencedor; II - aquisição do edital pelos licitantes, como condição para
IX - não havendo pelo menos 3 (três) ofertas nas condições participação no certame; e
definidas no inciso anterior, poderão os autores das melhores III - pagamento de taxas e emolumentos, salvo os referentes
propostas, até o máximo de 3 (três), oferecer novos lances ver- a fornecimento do edital, que não serão superiores ao custo de
bais e sucessivos, quaisquer que sejam os preços oferecidos; sua reprodução gráfica, e aos custos de utilização de recursos de
X - para julgamento e classificação das propostas, será ado- tecnologia da informação, quando for o caso.
tado o critério de menor preço, observados os prazos máximos Art. 6º O prazo de validade das propostas será de 60 (ses-
para fornecimento, as especificações técnicas e parâmetros mí- senta) dias, se outro não estiver fixado no edital.
nimos de desempenho e qualidade definidos no edital; Art. 7º Quem, convocado dentro do prazo de validade da
XI - examinada a proposta classificada em primeiro lugar, sua proposta, não celebrar o contrato, deixar de entregar ou
quanto ao objeto e valor, caberá ao pregoeiro decidir motivada- apresentar documentação falsa exigida para o certame, ensejar
mente a respeito da sua aceitabilidade; o retardamento da execução de seu objeto, não mantiver a pro-
XII - encerrada a etapa competitiva e ordenadas as ofertas, posta, falhar ou fraudar na execução do contrato, comportar-
o pregoeiro procederá à abertura do invólucro contendo os do- -se de modo inidôneo ou cometer fraude fiscal, ficará impedido
cumentos de habilitação do licitante que apresentou a melhor de licitar e contratar com a União, Estados, Distrito Federal ou
proposta, para verificação do atendimento das condições fixa- Municípios e, será descredenciado no Sicaf, ou nos sistemas de
das no edital; cadastramento de fornecedores a que se refere o inciso XIV do
XIII - a habilitação far-se-á com a verificação de que o licitan- art. 4o desta Lei, pelo prazo de até 5 (cinco) anos, sem prejuízo
te está em situação regular perante a Fazenda Nacional, a Segu- das multas previstas em edital e no contrato e das demais comi-
ridade Social e o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço - FGTS, nações legais.
e as Fazendas Estaduais e Municipais, quando for o caso, com a Art. 8º Os atos essenciais do pregão, inclusive os decorren-
comprovação de que atende às exigências do edital quanto à ha- tes de meios eletrônicos, serão documentados no processo res-
bilitação jurídica e qualificações técnica e econômico-financeira; pectivo, com vistas à aferição de sua regularidade pelos agentes
XIV - os licitantes poderão deixar de apresentar os docu- de controle, nos termos do regulamento previsto no art. 2º.
mentos de habilitação que já constem do Sistema de Cadas- Art. 9º Aplicam-se subsidiariamente, para a modalidade de
tramento Unificado de Fornecedores – Sicaf e sistemas seme- pregão, as normas da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993.
lhantes mantidos por Estados, Distrito Federal ou Municípios, Art. 10. Ficam convalidados os atos praticados com base na
assegurado aos demais licitantes o direito de acesso aos dados Medida Provisória nº 2.182-18, de 23 de agosto de 2001.
nele constantes; Art. 11. As compras e contratações de bens e serviços co-
XV - verificado o atendimento das exigências fixadas no edi- muns, no âmbito da União, dos Estados, do Distrito Federal e
tal, o licitante será declarado vencedor; dos Municípios, quando efetuadas pelo sistema de registro de
XVI - se a oferta não for aceitável ou se o licitante desaten- preços previsto no art. 15 da Lei nº 8.666, de 21 de junho de
der às exigências habilitatórias, o pregoeiro examinará as ofer- 1993, poderão adotar a modalidade de pregão, conforme regu-
tas subseqüentes e a qualificação dos licitantes, na ordem de lamento específico.
classificação, e assim sucessivamente, até a apuração de uma Art. 12. A Lei nº 10.191, de 14 de fevereiro de 2001, passa a
que atenda ao edital, sendo o respectivo licitante declarado ven- vigorar acrescida do seguinte artigo:
cedor; “Art. 2-A. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Mu-
XVII - nas situações previstas nos incisos XI e XVI, o pregoei- nicípios poderão adotar, nas licitações de registro de preços
ro poderá negociar diretamente com o proponente para que destinadas à aquisição de bens e serviços comuns da área da
seja obtido preço melhor; saúde, a modalidade do pregão, inclusive por meio eletrônico,
XVIII - declarado o vencedor, qualquer licitante poderá observando-se o seguinte:
manifestar imediata e motivadamente a intenção de recorrer, I - são considerados bens e serviços comuns da área da saú-
quando lhe será concedido o prazo de 3 (três) dias para apresen- de, aqueles necessários ao atendimento dos órgãos que inte-
tação das razões do recurso, ficando os demais licitantes desde gram o Sistema Único de Saúde, cujos padrões de desempenho
logo intimados para apresentar contra-razões em igual número e qualidade possam ser objetivamente definidos no edital, por
de dias, que começarão a correr do término do prazo do recor- meio de especificações usuais do mercado.
rente, sendo-lhes assegurada vista imediata dos autos; II - quando o quantitativo total estimado para a contratação
XIX - o acolhimento de recurso importará a invalidação ape- ou fornecimento não puder ser atendido pelo licitante vencedor,
nas dos atos insuscetíveis de aproveitamento; admitir-se-á a convocação de tantos licitantes quantos forem
XX - a falta de manifestação imediata e motivada do licitante necessários para o atingimento da totalidade do quantitativo,
importará a decadência do direito de recurso e a adjudicação do respeitada a ordem de classificação, desde que os referidos lici-
objeto da licitação pelo pregoeiro ao vencedor; tantes aceitem praticar o mesmo preço da proposta vencedora.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

III - na impossibilidade do atendimento ao disposto no inci- § 2o Consideram-se bens e serviços comuns aqueles cujos
so II, excepcionalmente, poderão ser registrados outros preços padrões de desempenho e qualidade possam ser objetivamente
diferentes da proposta vencedora, desde que se trate de objetos definidos no edital, por meio de especificações usuais praticadas
de qualidade ou desempenho superior, devidamente justificada no mercado. (Redação dada pelo Decreto nº 7.174, de 2010)
e comprovada a vantagem, e que as ofertas sejam em valor infe- § 3o Os bens e serviços de informática e automação adqui-
rior ao limite máximo admitido.” ridos nesta modalidade deverão observar o disposto no art. 3º
Art. 13. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. da Lei nº 8.248, de 23 de outubro de 1991, e a regulamentação
específica. (Redação dada pelo Decreto nº 7.174, de 2010)
§ 4o Para efeito de comprovação do requisito referido no
DECRETO Nº 3.555, DE 8 DE AGOSTO DE 2000. parágrafo anterior, o produto deverá estar habilitado a usufruir
do incentivo de isenção do Imposto sobre Produtos Industria-
Aprova o Regulamento para a modalidade de licitação de- lizados - IPI, de que trata o art. 4o da Lei no 8.248, de 1991,
nominada pregão, para aquisição de bens e serviços comuns. nos termos da regulamentação estabelecida pelo Ministério da
Ciência e Tecnologia. (Incluído pelo Decreto nº 3.693, de 2000)
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso das atribuições que § 5o Alternativamente ao disposto no § 4o, o Ministério da
lhe confere o art. 84, incisos IV e VI, da Constituição e tendo em Ciência e Tecnologia poderá reconhecer, mediante requerimen-
vista o disposto na Medida Provisória nº 2.026-3, de 28 de julho to do fabricante, a conformidade do produto com o requisito
de 2000, referido no § 3o.” (Incluído pelo Decreto nº 3.693, de 2000)
DECRETA: Art. 4º A licitação na modalidade de pregão é juridicamente
condicionada aos princípios básicos da legalidade, da impessoa-
Art. 1º Fica aprovado, na forma dos Anexos I e II a este De- lidade, da moralidade, da igualdade, da publicidade, da probida-
creto, o Regulamento para a modalidade de licitação denomi- de administrativa, da vinculação ao instrumento convocatório,
nada pregão, para a aquisição de bens e serviços comuns, no do julgamento objetivo, bem assim aos princípios correlatos da
âmbito da União. celeridade, finalidade, razoabilidade, proporcionalidade, com-
Parágrafo único. Subordinam-se ao regime deste Decreto, petitividade, justo preço, seletividade e comparação objetiva
além dos órgãos da Administração Federal direta, os fundos es- das propostas.
peciais, as autarquias, as fundações, as empresas públicas, as so- Parágrafo único. As normas disciplinadoras da licitação se-
ciedades de economia mista e as demais entidades controladas rão sempre interpretadas em favor da ampliação da disputa en-
direta ou indiretamente pela União. tre os interessados, desde que não comprometam o interesse da
Art. 2º Compete ao Ministério do Planejamento, Orçamento Administração, a finalidade e a segurança da contratação.
e Gestão estabelecer normas e orientações complementares so- Art. 5º A licitação na modalidade de pregão não se aplica às
bre a matéria regulada por este Decreto. contratações de obras e serviços de engenharia, bem como às
Art. 3º Este Decreto entra em vigor na data de sua publica- locações imobiliárias e alienações em geral, que serão regidas
ção. pela legislação geral da Administração.
Art. 6º Todos quantos participem de licitação na modalida-
ANEXO I de de pregão têm direito público subjetivo à fiel observância do
REGULAMENTO DA LICITAÇÃO procedimento estabelecido neste Regulamento, podendo qual-
NA MODALIDADE DE PREGÃO quer interessado acompanhar o seu desenvolvimento, desde
que não interfira de modo a perturbar ou impedir a realização
Art. 1º Este Regulamento estabelece normas e procedimen- dos trabalhos.
tos relativos à licitação na modalidade de pregão, destinada à
aquisição de bens e serviços comuns, no âmbito da União, qual- Art. 7º À autoridade competente, designada de acordo com
quer que seja o valor estimado. as atribuições previstas no regimento ou estatuto do órgão ou
Parágrafo único. Subordinam-se ao regime deste Regula- da entidade, cabe:
mento, além dos órgãos da administração direta, os fundos es- I - determinar a abertura de licitação;
peciais, as autarquias, as fundações, as empresas públicas, as II - designar o pregoeiro e os componentes da equipe de
sociedades de economia mista e as entidades controladas direta apoio;
e indiretamente pela União. III - decidir os recursos contra atos do pregoeiro; e
Art. 2º Pregão é a modalidade de licitação em que a disputa IV - homologar o resultado da licitação e promover a cele-
pelo fornecimento de bens ou serviços comuns é feita em ses- bração do contrato.
são pública, por meio de propostas de preços escritas e lances Parágrafo único. Somente poderá atuar como pregoeiro o
verbais. servidor que tenha realizado capacitação específica para exercer
Art. 3º Os contratos celebrados pela União, para a aquisição a atribuição.
de bens e serviços comuns, serão precedidos, prioritariamente, Art. 8º A fase preparatória do pregão observará as seguintes
de licitação pública na modalidade de pregão, que se destina a regras:
garantir, por meio de disputa justa entre os interessados, a com- I - a definição do objeto deverá ser precisa, suficiente e
pra mais econômica, segura e eficiente. clara, vedadas especificações que, por excessivas, irrelevantes
§ 1º Dependerá de regulamentação específica a utilização ou desnecessárias, limitem ou frustrem a competição ou a rea-
de recursos eletrônicos ou de tecnologia da informação para a lização do fornecimento, devendo estar refletida no termo de
realização de licitação na modalidade de pregão. referência;

29
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

II - o termo de referência é o documento que deverá conter 2. meio eletrônico, na Internet;


elementos capazes de propiciar a avaliação do custo pela Ad- b) para bens e serviços de valores estimados acima de R$
ministração, diante de orçamento detalhado, considerando os 160.000,00 (cento e sessenta mil reais) até R$ 650.000,00 (seis-
preços praticados no mercado, a definição dos métodos, a estra- centos e cinqüenta mil reais): (Redação dada pelo Decreto nº
tégia de suprimento e o prazo de execução do contrato; 3.693, de 2000)
III - a autoridade competente ou, por delegação de compe- 1. Diário Oficial da União;
tência, o ordenador de despesa ou, ainda, o agente encarregado 2. meio eletrônico, na Internet; e
da compra no âmbito da Administração, deverá: 3. jornal de grande circulação local;
a) definir o objeto do certame e o seu valor estimado em c) para bens e serviços de valores estimados superiores a
planilhas, de forma clara, concisa e objetiva, de acordo com ter- R$ 650.000,00 (seiscentos e cinqüenta mil reais): (Redação dada
mo de referência elaborado pelo requisitante, em conjunto com pelo Decreto nº 3.693, de 2000)
a área de compras, obedecidas as especificações praticadas no 1. Diário Oficial da União;
mercado; 2. meio eletrônico, na Internet; e
b) justificar a necessidade da aquisição; 3. jornal de grande circulação regional ou nacional;
c) estabelecer os critérios de aceitação das propostas, as d) em se tratando de órgão ou entidade integrante do Sis-
exigências de habilitação, as sanções administrativas aplicáveis tema de Serviços Gerais - SISG, a íntegra do edital deverá estar
por inadimplemento e as cláusulas do contrato, inclusive com disponível em meio eletrônico, na Internet, no site www.com-
fixação dos prazos e das demais condições essenciais para o for- prasnet.gov.br, independentemente do valor estimado; (Reda-
necimento; e ção dada pelo Decreto nº 3.693, de 2000)
d) designar, dentre os servidores do órgão ou da entidade II - do edital e do aviso constarão definição precisa, sufi-
promotora da licitação, o pregoeiro responsável pelos trabalhos ciente e clara do objeto, bem como a indicação dos locais, dias e
do pregão e a sua equipe de apoio; horários em que poderá ser lida ou obtida a íntegra do edital, e
IV - constarão dos autos a motivação de cada um dos atos o local onde será realizada a sessão pública do pregão;
especificados no inciso anterior e os indispensáveis elementos III - o edital fixará prazo não inferior a oito dias úteis, con-
técnicos sobre os quais estiverem apoiados, bem como o orça- tados da publicação do aviso, para os interessados prepararem
mento estimativo e o cronograma físico-financeiro de desem- suas propostas;
bolso, se for o caso, elaborados pela Administração; e IV - no dia, hora e local designados no edital, será realizada
V - para julgamento, será adotado o critério de menor pre- sessão pública para recebimento das propostas e da documenta-
ço, observados os prazos máximos para fornecimento, as especi- ção de habilitação, devendo o interessado ou seu representante
ficações técnicas e os parâmetros mínimos de desempenho e de legal proceder ao respectivo credenciamento, comprovando, se
qualidade e as demais condições definidas no edital. for o caso, possuir os necessários poderes para formulação de
Art. 9º As atribuições do pregoeiro incluem: propostas e para a prática de todos os demais atos inerentes ao
I - o credenciamento dos interessados; certame;
II - o recebimento dos envelopes das propostas de preços e V - aberta a sessão, os interessados ou seus representantes
da documentação de habilitação; legais entregarão ao pregoeiro, em envelopes separados, a pro-
III - a abertura dos envelopes das propostas de preços, o seu posta de preços e a documentação de habilitação;
exame e a classificação dos proponentes; VI - o pregoeiro procederá à abertura dos envelopes conten-
IV - a condução dos procedimentos relativos aos lances e à do as propostas de preços e classificará o autor da proposta de
escolha da proposta ou do lance de menor preço; menor preço e aqueles que tenham apresentado propostas em
V - a adjudicação da proposta de menor preço; valores sucessivos e superiores em até dez por cento, relativa-
VI - a elaboração de ata; mente à de menor preço;
VII - a condução dos trabalhos da equipe de apoio; VII - quando não forem verificadas, no mínimo, três propos-
VIII - o recebimento, o exame e a decisão sobre recursos; e tas escritas de preços nas condições definidas no inciso anterior,
IX - o encaminhamento do processo devidamente instruído, o pregoeiro classificará as melhores propostas subsequentes,
após a adjudicação, à autoridade superior, visando a homologa- até o máximo de três, para que seus autores participem dos
ção e a contratação. lances verbais, quaisquer que sejam os preços oferecidos nas
propostas escritas;
Art. 10. A equipe de apoio deverá ser integrada em sua VIII - em seguida, será dado início à etapa de apresentação
maioria por servidores ocupantes de cargo efetivo ou emprego de lances verbais pelos proponentes, que deverão ser formu-
da Administração, preferencialmente pertencentes ao quadro lados de forma sucessiva, em valores distintos e decrescentes;
permanente do órgão ou da entidade promotora do pregão, IX - o pregoeiro convidará individualmente os licitantes
para prestar a necessária assistência ao pregoeiro. classificados, de forma seqüencial, a apresentar lances verbais,
Parágrafo único. No âmbito do Ministério da Defesa, as fun- a partir do autor da proposta classificada de maior preço e os
ções de pregoeiro e de membro da equipe de apoio poderão ser demais, em ordem decrescente de valor;
desempenhadas por militares. X - a desistência em apresentar lance verbal, quando convo-
Art. 11. A fase externa do pregão será iniciada com a convo- cado pelo pregoeiro, implicará a exclusão do licitante da etapa
cação dos interessados e observará as seguintes regras: de lances verbais e na manutenção do último preço apresentado
I - a convocação dos interessados será efetuada por meio de pelo licitante, para efeito de ordenação das propostas; (Redação
publicação de aviso em função dos seguintes limites: dada pelo Decreto nº 3.693, de 2000)
a) para bens e serviços de valores estimados e m até R$ XI - caso não se realizem lances verbais, será verificada a
160.000,00 (cento e sessenta mil reais): conformidade entre a proposta escrita de menor preço e o valor
1. Diário Oficial da União; e estimado para a contratação;

30
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

XII - declarada encerrada a etapa competitiva e ordenadas IV - regularidade fiscal; e


as propostas, o pregoeiro examinará a aceitabilidade da primei- V - cumprimento do disposto no inciso XXXIII do art. 7º da
ra classificada, quanto ao objeto e valor, decidindo motivada- Constituição e na Lei nº 9.854, de 27 de outubro de 1999.
mente a respeito; Parágrafo único. A documentação exigida para atender ao
XIII - sendo aceitável a proposta de menor preço, será aberto disposto nos incisos I, III e IV deste artigo deverá ser substituída
o envelope contendo a documentação de habilitação do licitan- pelo registro cadastral do SICAF ou, em se tratando de órgão ou
te que a tiver formulado, para confirmação das suas condições entidade não abrangido pelo referido Sistema, por certificado
habilitatórias, com base no Sistema de Cadastramento Unificado de registro cadastral que atenda aos requisitos previstos na le-
de Fornecedores - SICAF, ou nos dados cadastrais da Adminis- gislação geral.
tração, assegurado ao já cadastrado o direito de apresentar a Art. 14. O licitante que ensejar o retardamento da execução
documentação atualizada e regularizada na própria sessão; do certame, não mantiver a proposta, falhar ou fraudar na exe-
XIV - constatado o atendimento das exigências fixadas no cução do contrato, comportar-se de modo inidôneo, fizer decla-
edital, o licitante será declarado vencedor, sendo-lhe adjudica- ração falsa ou cometer fraude fiscal, garantido o direito prévio
do o objeto do certame; da citação e da ampla defesa, ficará impedido de licitar e contra-
XV - se a oferta não for aceitável ou se o licitante desaten- tar com a Administração, pelo prazo de até cinco anos, enquanto
der às exigências habilitatórias, o pregoeiro examinará a oferta perdurarem os motivos determinantes da punição ou até que
subseqüente, verificando a sua aceitabilidade e procedendo à seja promovida a reabilitação perante a própria autoridade que
habilitação do proponente, na ordem de classificação, e assim aplicou a penalidade.
sucessivamente, até a apuração de uma proposta que atenda ao Parágrafo único. As penalidades serão obrigatoriamente re-
edital, sendo o respectivo licitante declarado vencedor e a ele gistradas no SICAF, e no caso de suspensão de licitar, o licitante
adjudicado o objeto do certame; deverá ser descredenciado por igual período, sem prejuízo das
XVI - nas situações previstas nos incisos XI, XII e XV, o pre- multas previstas no edital e no contrato e das demais comina-
goeiro poderá negociar diretamente com o proponente para ções legais.
que seja obtido preço melhor; Art. 15. É vedada a exigência de:
XVII - a manifestação da intenção de interpor recurso será I - garantia de proposta;
feita no final da sessão, com registro em ata da síntese das suas II - aquisição do edital pelos licitantes, como condição para
razões, podendo os interessados juntar memoriais no prazo de participação no certame; e
três dias úteis; III - pagamento de taxas e emolumentos, salvo os referentes
XVIII - o recurso contra decisão do pregoeiro não terá efeito a fornecimento do edital, que não serão superiores ao custo de
suspensivo; sua reprodução gráfica, e aos custos de utilização de recursos de
XIX - o acolhimento de recurso importará a invalidação ape- tecnologia da informação, quando for o caso.
nas dos atos insuscetíveis de aproveitamento; Art. 16. Quando permitida a participação de empresas es-
XX - decididos os recursos e constatada a regularidade dos trangeiras na licitação, as exigências de habilitação serão aten-
atos procedimentais, a autoridade competente homologará a didas mediante documentos equivalentes, autenticados pelos
adjudicação para determinar a contratação; respectivos consulados e traduzidos por tradutor juramentado.
XXI - como condição para celebração do contrato, o licitante Parágrafo único. O licitante deverá ter procurador residente
vencedor deverá manter as mesmas condições de habilitação; e domiciliado no País, com poderes para receber citação, inti-
XXII - quando o proponente vencedor não apresentar situa- mação e responder administrativa e judicialmente por seus atos,
ção regular, no ato da assinatura do contrato, será convocado juntando os instrumentos de mandato com os documentos de
outro licitante, observada a ordem de classificação, para cele- habilitação.
brar o contrato, e assim sucessivamente, sem prejuízo da aplica- Art. 17. Quando permitida a participação de empresas reu-
ção das sanções cabíveis, observado o disposto nos incisos XV e nidas em consórcio, serão observadas as seguintes normas:
XVI deste artigo; I - deverá ser comprovada a existência de compromisso pú-
XXIII - se o licitante vencedor recusar-se a assinar o contra- blico ou particular de constituição de consórcio, com indicação
to, injustificadamente, será aplicada a regra estabelecida no in- da empresa-líder, que deverá atender às condições de liderança
ciso XXII; (Redação dada pelo Decreto nº 3.693, de 2000) estipuladas no edital e será a representante das consorciadas
XXIV - o prazo de validade das propostas será de sessenta perante a União;
dias, se outro não estiver fixado no edital. II - cada empresa consorciada deverá apresentar a docu-
Art. 12. Até dois dias úteis antes da data fixada para rece- mentação de habilitação exigida no ato convocatório;
bimento das propostas, qualquer pessoa poderá solicitar escla- III - a capacidade técnica do consórcio será representada
recimentos, providências ou impugnar o ato convocatório do pela soma da capacidade técnica das empresas consorciadas;
pregão. IV - para fins de qualificação econômico-financeira, cada
§ 1º Caberá ao pregoeiro decidir sobre a petição no prazo de uma das empresas deverá atender aos índices contábeis defini-
vinte e quatro horas. dos no edital, nas mesmas condições estipuladas no SICAF;
§ 2º Acolhida a petição contra o ato convocatório, será de- V - as empresas consorciadas não poderão participar, na
signada nova data para a realização do certame. mesma licitação, de mais de um consórcio ou isoladamente;
Art. 13. Para habilitação dos licitantes, será exigida, exclu- VI - as empresas consorciadas serão solidariamente respon-
sivamente, a documentação prevista na legislação geral para a sáveis pelas obrigações do consórcio nas fases de licitação e du-
Administração, relativa à: rante a vigência do contrato; e
I - habilitação jurídica; VII - no consórcio de empresas brasileiras e estrangeiras, a
II - qualificação técnica; liderança caberá, obrigatoriamente, à empresa brasileira, obser-
III - qualificação econômico-financeira; vado o disposto no inciso I deste artigo.

31
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Parágrafo único. Antes da celebração do contrato, deverá DECRETO Nº 5.450, DE 31 DE MAIO DE 2005.
ser promovida a constituição e o registro do consórcio, nos ter- (Revogado pelo Decreto nº 10.024, de 2019)
mos do compromisso referido no inciso I deste artigo.
Art. 18. A autoridade competente para determinar a con- DECRETO Nº 10.024, DE 20 DE SETEMBRO DE 2019
tratação poderá revogar a licitação em face de razões de inte-
resse público, derivadas de fato superveniente devidamente Regulamenta a licitação, na modalidade pregão, na forma
comprovado, pertinente e suficiente para justificar tal conduta, eletrônica, para a aquisição de bens e a contratação de serviços
devendo anulá-la por ilegalidade, de ofício ou por provocação de comuns, incluídos os serviços comuns de engenharia, e dispõe
qualquer pessoa, mediante ato escrito e fundamentado. sobre o uso da dispensa eletrônica, no âmbito da administra-
§ 1º A anulação do procedimento licitatório induz à do con- ção pública federal.
trato. O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso das atribuições que
§ 2º Os licitantes não terão direito à indenização em de- lhe confere o art. 84, caput, incisos II, IV e VI, alínea “a”, da Cons-
corrência da anulação do procedimento licitatório, ressalvado o tituição, e tendo em vista o disposto no art. 2º, § 1º, da Lei nº
direito do contratado de boa-fé de ser ressarcido pelos encargos 10.520, de 17 de julho de 2002, e na Lei nº 8.666, de 21 de junho
que tiver suportado no cumprimento do contrato. de 1993,
Art. 19. Nenhum contrato será celebrado sem a efetiva dis- DECRETA:
ponibilidade de recursos orçamentários para pagamento dos
encargos, dele decorrentes, no exercício financeiro em curso. CAPÍTULO I
Art. 20. A União publicará, no Diário Oficial da União, o ex- DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
trato dos contratos celebrados, no prazo de até vinte dias da
data de sua assinatura, com indicação da modalidade de licita- Objeto e âmbito de aplicação
ção e de seu número de referência. Art. 1º Este Decreto regulamenta a licitação, na modalidade
Parágrafo único. O descumprimento do disposto neste arti- de pregão, na forma eletrônica, para a aquisição de bens e a
go sujeitará o servidor responsável a sanção administrativa. contratação de serviços comuns, incluídos os serviços comuns
Art. 21. Os atos essenciais do pregão, inclusive os decorren- de engenharia, e dispõe sobre o uso da dispensa eletrônica, no
tes de meios eletrônicos, serão documentados ou juntados no âmbito da administração pública federal.
respectivo processo, cada qual oportunamente, compreenden- § 1º A utilização da modalidade de pregão, na forma eletrô-
do, sem prejuízo de outros, o seguinte: nica, pelos órgãos da administração pública federal direta, pelas
I - justificativa da contratação; autarquias, pelas fundações e pelos fundos especiais é obriga-
II - termo de referência, contendo descrição detalhada do tória.
objeto, orçamento estimativo de custos e cronograma físico-fi- § 2º As empresas públicas, as sociedades de economia mista
nanceiro de desembolso, se for o caso; e suas subsidiárias, nos termos do regulamento interno de que
III - planilhas de custo; trata o art. 40 da Lei nº 13.303, de 30 de junho de 2016, poderão
IV - garantia de reserva orçamentária, com a indicação das adotar, no que couber, as disposições deste Decreto, inclusive o
respectivas rubricas; disposto no Capítulo XVII, observados os limites de que trata o
V - autorização de abertura da licitação; art. 29 da referida Lei.
VI - designação do pregoeiro e equipe de apoio; § 3º Para a aquisição de bens e a contratação de serviços
VII - parecer jurídico; comuns pelos entes federativos, com a utilização de recursos
VIII - edital e respectivos anexos, quando for o caso; da União decorrentes de transferências voluntárias, tais como
IX - minuta do termo do contrato ou instrumento equivalen- convênios e contratos de repasse, a utilização da modalidade
te, conforme o caso; de pregão, na forma eletrônica, ou da dispensa eletrônica será
X - originais das propostas escritas, da documentação de ha- obrigatória, exceto nos casos em que a lei ou a regulamenta-
bilitação analisada e dos documentos que a instruírem; ção específica que dispuser sobre a modalidade de transferência
XI - ata da sessão do pregão, contendo, sem prejuízo de ou- discipline de forma diversa as contratações com os recursos do
tros, o registro dos licitantes credenciados, das propostas escri- repasse.
tas e verbais apresentadas, na ordem de classificação, da análise § 4º Será admitida, excepcionalmente, mediante prévia jus-
da documentação exigida para habilitação e dos recursos inter- tificativa da autoridade competente, a utilização da forma de
postos; e pregão presencial nas licitações de que trata o caput ou a não
XII - comprovantes da publicação do aviso do edital, do re- adoção do sistema de dispensa eletrônica, desde que fique com-
sultado da licitação, do extrato do contrato e dos demais atos provada a inviabilidade técnica ou a desvantagem para a admi-
relativos a publicidade do certame, conforme o caso. nistração na realização da forma eletrônica.
Art. 22. Os casos omissos neste Regulamento serão resolvi-
dos pelo Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Princípios
Art. 2º O pregão, na forma eletrônica, é condicionado aos
princípios da legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da
igualdade, da publicidade, da eficiência, da probidade adminis-
trativa, do desenvolvimento sustentável, da vinculação ao ins-
trumento convocatório, do julgamento objetivo, da razoabilida-
de, da competitividade, da proporcionalidade e aos que lhes são
correlatos.

32
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

§ 1º O princípio do desenvolvimento sustentável será ob- a) os elementos que embasam a avaliação do custo pela
servado nas etapas do processo de contratação, em suas dimen- administração pública, a partir dos padrões de desempenho e
sões econômica, social, ambiental e cultural, no mínimo, com qualidade estabelecidos e das condições de entrega do objeto,
base nos planos de gestão de logística sustentável dos órgãos e com as seguintes informações:
das entidades. 1. a definição do objeto contratual e dos métodos para a
§ 2º As normas disciplinadoras da licitação serão interpre- sua execução, vedadas especificações excessivas, irrelevantes
tadas em favor da ampliação da disputa entre os interessados, ou desnecessárias, que limitem ou frustrem a competição ou a
resguardados o interesse da administração, o princípio da isono- realização do certame;
mia, a finalidade e a segurança da contratação. 2. o valor estimado do objeto da licitação demonstrado em
planilhas, de acordo com o preço de mercado; e
Definições 3. o cronograma físico-financeiro, se necessário;
Art. 3º Para fins do disposto neste Decreto, considera-se: b) o critério de aceitação do objeto;
I - aviso do edital - documento que contém: c) os deveres do contratado e do contratante;
a) a definição precisa, suficiente e clara do objeto; d) a relação dos documentos essenciais à verificação da qua-
b) a indicação dos locais, das datas e dos horários em que lificação técnica e econômico-financeira, se necessária;
poderá ser lido ou obtido o edital; e e) os procedimentos de fiscalização e gerenciamento do
c) o endereço eletrônico no qual ocorrerá a sessão pública contrato ou da ata de registro de preços;
com a data e o horário de sua realização; f) o prazo para execução do contrato; e
II - bens e serviços comuns - bens cujos padrões de desempe- g) as sanções previstas de forma objetiva, suficiente e clara.
nho e qualidade possam ser objetivamente definidos pelo edital, § 1º A classificação de bens e serviços como comuns depen-
por meio de especificações reconhecidas e usuais do mercado; de de exame predominantemente fático e de natureza técnica.
III - bens e serviços especiais - bens que, por sua alta hetero- § 2º Os bens e serviços que envolverem o desenvolvimento
geneidade ou complexidade técnica, não podem ser considera- de soluções específicas de natureza intelectual, científica e téc-
dos bens e serviços comuns, nos termos do inciso II; nica, caso possam ser definidos nos termos do disposto no inciso
IV - estudo técnico preliminar - documento constitutivo da II do caput, serão licitados por pregão, na forma eletrônica.
primeira etapa do planejamento de uma contratação, que ca-
racteriza o interesse público envolvido e a melhor solução ao Vedações
problema a ser resolvido e que, na hipótese de conclusão pela Art. 4º O pregão, na forma eletrônica, não se aplica a:
viabilidade da contratação, fundamenta o termo de referência; I - contratações de obras;
V - lances intermediários - lances iguais ou superiores ao II - locações imobiliárias e alienações; e
menor já ofertado, porém inferiores ao último lance dado pelo III - bens e serviços especiais, incluídos os serviços de enge-
próprio licitante; nharia enquadrados no disposto no inciso III do caput do art. 3º.
VI - obra - construção, reforma, fabricação, recuperação ou
ampliação de bem imóvel, realizada por execução direta ou in- CAPÍTULO II
direta; DOS PROCEDIMENTOS
VII - serviço - atividade ou conjunto de atividades destinadas
a obter determinada utilidade, intelectual ou material, de inte- Forma de realização
resse da administração pública; Art. 5º O pregão, na forma eletrônica, será realizado quan-
VIII - serviço comum de engenharia - atividade ou conjun- do a disputa pelo fornecimento de bens ou pela contratação de
to de atividades que necessitam da participação e do acompa- serviços comuns ocorrer à distância e em sessão pública, por
nhamento de profissional engenheiro habilitado, nos termos do meio do Sistema de Compras do Governo federal, disponível no
disposto na Lei nº 5.194, de 24 de dezembro de 1966, e cujos endereço eletrônico www.comprasgovernamentais.gov.br.
padrões de desempenho e qualidade possam ser objetivamente § 1º O sistema de que trata o caput será dotado de recursos
definidos pela administração pública, mediante especificações de criptografia e de autenticação que garantam as condições de
usuais de mercado; segurança nas etapas do certame.
IX - Sistema de Cadastramento Unificado de Fornecedores § 2º Na hipótese de que trata o § 3º do art. 1º, além do
- Sicaf - ferramenta informatizada, integrante da plataforma do disposto no caput, poderão ser utilizados sistemas próprios ou
Sistema Integrado de Administração de Serviços Gerais - Siasg, outros sistemas disponíveis no mercado, desde que estejam in-
disponibilizada pelo Ministério da Economia, para cadastramen- tegrados à plataforma de operacionalização das modalidades de
to dos órgãos e das entidades da administração pública, das transferências voluntárias.
empresas públicas e dos participantes de procedimentos de li-
citação, dispensa ou inexigibilidade promovidos pelos órgãos e Etapas
pelas entidades integrantes do Sistema de Serviços Gerais - Sisg; Art. 6º A realização do pregão, na forma eletrônica, obser-
X - sistema de dispensa eletrônica - ferramenta informati- vará as seguintes etapas sucessivas:
zada, integrante da plataforma do Siasg, disponibilizada pelo I - planejamento da contratação;
Ministério da Economia, para a realização dos processos de con- II - publicação do aviso de edital;
tratação direta de bens e serviços comuns, incluídos os serviços III - apresentação de propostas e de documentos de habili-
comuns de engenharia; e tação;
XI - termo de referência - documento elaborado com base IV – abertura da sessão pública e envio de lances, ou fase
nos estudos técnicos preliminares, que deverá conter: competitiva;
V - julgamento;
VI - habilitação;

33
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

VII - recursal; CAPÍTULO III


VIII - adjudicação; e DO ACESSO AO SISTEMA ELETRÔNICO
IX - homologação.
Credenciamento
Critérios de julgamento das propostas Art. 9º A autoridade competente do órgão ou da entidade
Art. 7º Os critérios de julgamento empregados na seleção promotora da licitação, o pregoeiro, os membros da equipe de
da proposta mais vantajosa para a administração serão os de apoio e os licitantes que participarem do pregão, na forma ele-
menor preço ou maior desconto, conforme dispuser o edital. trônica, serão previamente credenciados, perante o provedor
Parágrafo único. Serão fixados critérios objetivos para defi- do sistema eletrônico.
nição do melhor preço, considerados os prazos para a execução § 1º O credenciamento para acesso ao sistema ocorrerá pela
do contrato e do fornecimento, as especificações técnicas, os atribuição de chave de identificação e de senha pessoal e in-
parâmetros mínimos de desempenho e de qualidade, as dire- transferível.
trizes do plano de gestão de logística sustentável e as demais § 2º Caberá à autoridade competente do órgão ou da enti-
condições estabelecidas no edital. dade promotora da licitação solicitar, junto ao provedor do sis-
tema, o seu credenciamento, o do pregoeiro e o dos membros
Documentação da equipe de apoio.
Art. 8º O processo relativo ao pregão, na forma eletrônica,
será instruído com os seguintes documentos, no mínimo: Licitante
I - estudo técnico preliminar, quando necessário; Art. 10. Na hipótese de pregão promovido por órgão ou en-
II - termo de referência; tidade integrante do Sisg, o credenciamento do licitante e sua
III - planilha estimativa de despesa; manutenção dependerão de registro prévio e atualizado no Si-
IV - previsão dos recursos orçamentários necessários, com caf.
a indicação das rubricas, exceto na hipótese de pregão para re- Art. 11. O credenciamento no Sicaf permite a participação
gistro de preços; dos interessados em qualquer pregão, na forma eletrônica, ex-
V - autorização de abertura da licitação; ceto quando o seu cadastro no Sicaf tenha sido inativado ou ex-
VI - designação do pregoeiro e da equipe de apoio; cluído por solicitação do credenciado ou por determinação legal.
VII - edital e respectivos anexos;
VIII - minuta do termo do contrato, ou instrumento equiva- CAPÍTULO IV
lente, ou minuta da ata de registro de preços, conforme o caso; DA CONDUÇÃO DO PROCESSO
IX - parecer jurídico;
X - documentação exigida e apresentada para a habilitação; Órgão ou entidade promotora da licitação
XI- proposta de preços do licitante; Art. 12. O pregão, na forma eletrônica, será conduzido pelo
XII - ata da sessão pública, que conterá os seguintes regis- órgão ou pela entidade promotora da licitação, com apoio téc-
tros, entre outros: nico e operacional do órgão central do Sisg, que atuará como
a) os licitantes participantes; provedor do Sistema de Compras do Governo federal para os
b) as propostas apresentadas; órgãos e entidades integrantes do Sisg.
c) os avisos, os esclarecimentos e as impugnações; Autoridade competente
d) os lances ofertados, na ordem de classificação; Art. 13. Caberá à autoridade competente, de acordo com as
e) a suspensão e o reinício da sessão, se for o caso; atribuições previstas no regimento ou no estatuto do órgão ou
f) a aceitabilidade da proposta de preço; da entidade promotora da licitação:
g) a habilitação; I - designar o pregoeiro e os membros da equipe de apoio;
h) a decisão sobre o saneamento de erros ou falhas na pro- II - indicar o provedor do sistema;
posta ou na documentação; III - determinar a abertura do processo licitatório;
i) os recursos interpostos, as respectivas análises e as deci- IV - decidir os recursos contra os atos do pregoeiro, quando
sões; e este mantiver sua decisão;
j) o resultado da licitação; V - adjudicar o objeto da licitação, quando houver recurso;
XIII - comprovantes das publicações: VI - homologar o resultado da licitação; e
a) do aviso do edital; VII - celebrar o contrato ou assinar a ata de registro de pre-
b) do extrato do contrato; e ços.
c) dos demais atos cuja publicidade seja exigida; e
XIV - ato de homologação. CAPÍTULO V
§ 1º A instrução do processo licitatório poderá ser realiza- DO PLANEJAMENTO DA CONTRATAÇÃO
da por meio de sistema eletrônico, de modo que os atos e os
documentos de que trata este artigo, constantes dos arquivos Orientações gerais
e registros digitais, serão válidos para todos os efeitos legais, Art. 14. No planejamento do pregão, na forma eletrônica,
inclusive para comprovação e prestação de contas. será observado o seguinte:
§ 2º A ata da sessão pública será disponibilizada na internet I - elaboração do estudo técnico preliminar e do termo de
imediatamente após o seu encerramento, para acesso livre. referência;
II - aprovação do estudo técnico preliminar e do termo de
referência pela autoridade competente ou por quem esta de-
legar;

34
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

III - elaboração do edital, que estabelecerá os critérios de Do pregoeiro


julgamento e a aceitação das propostas, o modo de disputa e, Art. 17. Caberá ao pregoeiro, em especial:
quando necessário, o intervalo mínimo de diferença de valores I - conduzir a sessão pública;
ou de percentuais entre os lances, que incidirá tanto em relação II - receber, examinar e decidir as impugnações e os pedidos
aos lances intermediários quanto em relação ao lance que cobrir de esclarecimentos ao edital e aos anexos, além de poder requi-
a melhor oferta; sitar subsídios formais aos responsáveis pela elaboração desses
IV - definição das exigências de habilitação, das sanções documentos;
aplicáveis, dos prazos e das condições que, pelas suas particu- III - verificar a conformidade da proposta em relação aos
laridades, sejam consideradas relevantes para a celebração e a requisitos estabelecidos no edital;
execução do contrato e o atendimento das necessidades da ad- IV - coordenar a sessão pública e o envio de lances;
ministração pública; e V - verificar e julgar as condições de habilitação;
V - designação do pregoeiro e de sua equipe de apoio. VI - sanear erros ou falhas que não alterem a substância das
propostas, dos documentos de habilitação e sua validade jurí-
Valor estimado ou valor máximo aceitável dica;
Art. 15. O valor estimado ou o valor máximo aceitável para VII - receber, examinar e decidir os recursos e encaminhá-
a contratação, se não constar expressamente do edital, possuirá -los à autoridade competente quando mantiver sua decisão;
caráter sigiloso e será disponibilizado exclusiva e permanente- VIII - indicar o vencedor do certame;
mente aos órgãos de controle externo e interno. IX - adjudicar o objeto, quando não houver recurso;
§ 1º O caráter sigiloso do valor estimado ou do valor máxi- X - conduzir os trabalhos da equipe de apoio; e
mo aceitável para a contratação será fundamentado no § 3º do XI - encaminhar o processo devidamente instruído à autori-
art. 7º da Lei nº 12.527, de 18 de novembro de 2011, e no art. 20 dade competente e propor a sua homologação.
do Decreto nº 7.724, de 16 de maio de 2012. Parágrafo único. O pregoeiro poderá solicitar manifestação
§ 2º Para fins do disposto no caput, o valor estimado ou o técnica da assessoria jurídica ou de outros setores do órgão ou
valor máximo aceitável para a contratação será tornado públi- da entidade, a fim de subsidiar sua decisão.
co apenas e imediatamente após o encerramento do envio de
lances, sem prejuízo da divulgação do detalhamento dos quan- Da equipe de apoio
titativos e das demais informações necessárias à elaboração das Art. 18. Caberá à equipe de apoio auxiliar o pregoeiro nas
propostas. etapas do processo licitatório.
§ 3º Nas hipóteses em que for adotado o critério de julga-
mento pelo maior desconto, o valor estimado, o valor máximo Do licitante
aceitável ou o valor de referência para aplicação do desconto Art. 19. Caberá ao licitante interessado em participar do
constará obrigatoriamente do instrumento convocatório. pregão, na forma eletrônica:
I - credenciar-se previamente no Sicaf ou, na hipótese de
Designações do pregoeiro e da equipe de apoio que trata o §2º do art. 5º, no sistema eletrônico utilizado no
Art. 16. Caberá à autoridade máxima do órgão ou da entida- certame;
de, ou a quem possuir a competência, designar agentes públicos II - remeter, no prazo estabelecido, exclusivamente via sis-
para o desempenho das funções deste Decreto, observados os tema, os documentos de habilitação e a proposta e, quando ne-
seguintes requisitos: cessário, os documentos complementares;
I - o pregoeiro e os membros da equipe de apoio serão servi- III - responsabilizar-se formalmente pelas transações efe-
dores do órgão ou da entidade promotora da licitação; e tuadas em seu nome, assumir como firmes e verdadeiras suas
II - os membros da equipe de apoio serão, em sua maioria, propostas e seus lances, inclusive os atos praticados diretamen-
servidores ocupantes de cargo efetivo, preferencialmente per- te ou por seu representante, excluída a responsabilidade do pro-
tencentes aos quadros permanentes do órgão ou da entidade vedor do sistema ou do órgão ou entidade promotora da licita-
promotora da licitação. ção por eventuais danos decorrentes de uso indevido da senha,
§ 1º No âmbito do Ministério da Defesa, as funções de pre- ainda que por terceiros;
goeiro e de membro da equipe de apoio poderão ser desempe- IV - acompanhar as operações no sistema eletrônico duran-
nhadas por militares. te o processo licitatório e responsabilizar-se pelo ônus decor-
§ 2º A critério da autoridade competente, o pregoeiro e os rente da perda de negócios diante da inobservância de mensa-
membros da equipe de apoio poderão ser designados para uma gens emitidas pelo sistema ou de sua desconexão;
licitação específica, para um período determinado, admitidas V - comunicar imediatamente ao provedor do sistema qual-
reconduções, ou por período indeterminado, permitida a revo- quer acontecimento que possa comprometer o sigilo ou a in-
gação da designação a qualquer tempo. viabilidade do uso da senha, para imediato bloqueio de acesso;
§ 3º Os órgãos e as entidades de que trata o § 1º do art. VI - utilizar a chave de identificação e a senha de acesso para
1º estabelecerão planos de capacitação que contenham inicia- participar do pregão na forma eletrônica; e
tivas de treinamento para a formação e a atualização técnica VII - solicitar o cancelamento da chave de identificação ou
de pregoeiros, membros da equipe de apoio e demais agentes da senha de acesso por interesse próprio.
encarregados da instrução do processo licitatório, a serem im- Parágrafo único. O fornecedor descredenciado no Sicaf terá
plementadas com base em gestão por competências. sua chave de identificação e senha suspensas automaticamente.

35
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

CAPÍTULO VI CAPÍTULO VII


DA PUBLICAÇÃO DO AVISO DO EDITAL DA APRESENTAÇÃO DA PROPOSTA E DOS DOCUMENTOS
DE HABILITAÇÃO
Publicação
Art. 20. A fase externa do pregão, na forma eletrônica, será Prazo
iniciada com a convocação dos interessados por meio da publi- Art. 25. O prazo fixado para a apresentação das propostas
cação do aviso do edital no Diário Oficial da União e no sítio ele- e dos documentos de habilitação não será inferior a oito dias
trônico oficial do órgão ou da entidade promotora da licitação. úteis, contado da data de publicação do aviso do edital.
Parágrafo único. Na hipótese de que trata o § 3º do art. 1º,
a publicação ocorrerá na imprensa oficial do respectivo Estado, Apresentação da proposta e dos documentos de habilita-
do Distrito Federal ou do Município e no sítio eletrônico oficial ção pelo licitante
do órgão ou da entidade promotora da licitação. Art. 26. Após a divulgação do edital no sítio eletrônico, os
licitantes encaminharão, exclusivamente por meio do sistema,
Edital concomitantemente com os documentos de habilitação exigidos
Art. 21. Os órgãos ou as entidades integrantes do Sisg e no edital, proposta com a descrição do objeto ofertado e o pre-
aqueles que aderirem ao Sistema Compras do Governo fede- ço, até a data e o horário estabelecidos para abertura da sessão
ral disponibilizarão a íntegra do edital no endereço eletrônico pública.
www.comprasgovernamentais.gov.br e no sítio eletrônico do § 1º A etapa de que trata o caput será encerrada com a
órgão ou da entidade promotora do pregão. abertura da sessão pública.
Parágrafo único. Na hipótese do § 2º do art. 5º, o edital será § 2º Os licitantes poderão deixar de apresentar os documen-
disponibilizado na íntegra no sítio eletrônico do órgão ou da tos de habilitação que constem do Sicaf e de sistemas seme-
entidade promotora do pregão e no portal do sistema utilizado lhantes mantidos pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos
para a realização do pregão. Municípios, quando a licitação for realizada por esses entes fe-
derativos, assegurado aos demais licitantes o direito de acesso
Modificação do edital aos dados constantes dos sistemas.
Art. 22. Modificações no edital serão divulgadas pelo mes- § 3º O envio da proposta, acompanhada dos documentos de
mo instrumento de publicação utilizado para divulgação do tex- habilitação exigidos no edital, nos termos do disposto no caput,
to original e o prazo inicialmente estabelecido será reaberto, ocorrerá por meio de chave de acesso e senha.
exceto se, inquestionavelmente, a alteração não afetar a formu- § 4º O licitante declarará, em campo próprio do sistema, o
lação das propostas, resguardado o tratamento isonômico aos cumprimento dos requisitos para a habilitação e a conformidade
licitantes. de sua proposta com as exigências do edital.
§ 5º A falsidade da declaração de que trata o § 4º sujeitará
Esclarecimentos o licitante às sanções previstas neste Decreto.
Art. 23. Os pedidos de esclarecimentos referentes ao pro- § 6º Os licitantes poderão retirar ou substituir a proposta e
cesso licitatório serão enviados ao pregoeiro, até três dias úteis os documentos de habilitação anteriormente inseridos no siste-
anteriores à data fixada para abertura da sessão pública, por ma, até a abertura da sessão pública.
meio eletrônico, na forma do edital. § 7º Na etapa de apresentação da proposta e dos documen-
§ 1º O pregoeiro responderá aos pedidos de esclarecimen- tos de habilitação pelo licitante, observado o disposto no caput,
tos no prazo de dois dias úteis, contado da data de recebimento não haverá ordem de classificação das propostas, o que ocorrerá
do pedido, e poderá requisitar subsídios formais aos responsá- somente após os procedimentos de que trata o Capítulo IX.
veis pela elaboração do edital e dos anexos. § 8º Os documentos que compõem a proposta e a habilita-
§ 2º As respostas aos pedidos de esclarecimentos serão di- ção do licitante melhor classificado somente serão disponibili-
vulgadas pelo sistema e vincularão os participantes e a adminis- zados para avaliação do pregoeiro e para acesso público após o
tração. encerramento do envio de lances.
§ 9º Os documentos complementares à proposta e à habili-
Impugnação tação, quando necessários à confirmação daqueles exigidos no
Art. 24. Qualquer pessoa poderá impugnar os termos do edi- edital e já apresentados, serão encaminhados pelo licitante me-
tal do pregão, por meio eletrônico, na forma prevista no edital, lhor classificado após o encerramento do envio de lances, obser-
até três dias úteis anteriores à data fixada para abertura da ses- vado o prazo de que trata o § 2º do art. 38.
são pública.
§ 1º A impugnação não possui efeito suspensivo e caberá CAPÍTULO VIII
ao pregoeiro, auxiliado pelos responsáveis pela elaboração do DA ABERTURA DA SESSÃO PÚBLICA E DO ENVIO DE LANCES
edital e dos anexos, decidir sobre a impugnação no prazo de dois
dias úteis, contado do data de recebimento da impugnação. Horário de abertura
§ 2º A concessão de efeito suspensivo à impugnação é medi- Art. 27. A partir do horário previsto no edital, a sessão pú-
da excepcional e deverá ser motivada pelo pregoeiro, nos autos blica na internet será aberta pelo pregoeiro com a utilização de
do processo de licitação. sua chave de acesso e senha.
§ 3º Acolhida a impugnação contra o edital, será definida e § 1º Os licitantes poderão participar da sessão pública na
publicada nova data para realização do certame. internet, mediante a utilização de sua chave de acesso e senha.
§ 2º O sistema disponibilizará campo próprio para troca de
mensagens entre o pregoeiro e os licitantes.

36
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Conformidade das propostas § 2º Na hipótese de não haver novos lances na forma es-
Art. 28. O pregoeiro verificará as propostas apresentadas e tabelecida no caput e no § 1º, a sessão pública será encerrada
desclassificará aquelas que não estejam em conformidade com automaticamente.
os requisitos estabelecidos no edital.
Parágrafo único. A desclassificação da proposta será funda- § 3º Encerrada a sessão pública sem prorrogação automá-
mentada e registrada no sistema, acompanhado em tempo real tica pelo sistema, nos termos do disposto no § 1º, o pregoeiro
por todos os participantes. poderá, assessorado pela equipe de apoio, admitir o reinício da
etapa de envio de lances, em prol da consecução do melhor pre-
Ordenação e classificação das propostas ço disposto no parágrafo único do art. 7º, mediante justificativa.
Art. 29. O sistema ordenará automaticamente as propostas
classificadas pelo pregoeiro. Modo de disputa aberto e fechado
Parágrafo único. Somente as propostas classificadas pelo Art. 33. No modo de disputa aberto e fechado, de que trata
pregoeiro participarão da etapa de envio de lances. o inciso II do caput do art. 31, a etapa de envio de lances da ses-
são pública terá duração de quinze minutos.
Início da fase competitiva § 1º Encerrado o prazo previsto no caput, o sistema encami-
Art. 30. Classificadas as propostas, o pregoeiro dará início nhará o aviso de fechamento iminente dos lances e, transcorrido
à fase competitiva, oportunidade em que os licitantes poderão o período de até dez minutos, aleatoriamente determinado, a
encaminhar lances exclusivamente por meio do sistema eletrô- recepção de lances será automaticamente encerrada.
nico. § 2º Encerrado o prazo de que trata o § 1º, o sistema abrirá
§ 1º O licitante será imediatamente informado do recebi- a oportunidade para que o autor da oferta de valor mais baixo e
mento do lance e do valor consignado no registro. os autores das ofertas com valores até dez por cento superiores
§ 2º Os licitantes poderão oferecer lances sucessivos, ob- àquela possam ofertar um lance final e fechado em até cinco
servados o horário fixado para abertura da sessão pública e as minutos, que será sigiloso até o encerramento deste prazo.
regras estabelecidas no edital. § 3º Na ausência de, no mínimo, três ofertas nas condições
§ 3º O licitante somente poderá oferecer valor inferior ou de que trata o § 2º, os autores dos melhores lances subsequen-
maior percentual de desconto ao último lance por ele ofertado tes, na ordem de classificação, até o máximo de três, poderão
e registrado pelo sistema, observado, quando houver, o inter- oferecer um lance final e fechado em até cinco minutos, que
valo mínimo de diferença de valores ou de percentuais entre os será sigiloso até o encerramento do prazo.
lances, que incidirá tanto em relação aos lances intermediários § 4º Encerrados os prazos estabelecidos nos § 2º e § 3º, o
quanto em relação ao lance que cobrir a melhor oferta. sistema ordenará os lances em ordem crescente de vantajosi-
§ 4º Não serão aceitos dois ou mais lances iguais e prevale- dade.
cerá aquele que for recebido e registrado primeiro. § 5º Na ausência de lance final e fechado classificado nos
§ 5º Durante a sessão pública, os licitantes serão informa- termos dos § 2º e § 3º, haverá o reinício da etapa fechada para
dos, em tempo real, do valor do menor lance registrado, vedada que os demais licitantes, até o máximo de três, na ordem de
a identificação do licitante. classificação, possam ofertar um lance final e fechado em até
cinco minutos, que será sigiloso até o encerramento deste pra-
Modos de disputa zo, observado, após esta etapa, o disposto no § 4º.
Art. 31. Serão adotados para o envio de lances no pregão § 6º Na hipótese de não haver licitante classificado na eta-
eletrônico os seguintes modos de disputa: pa de lance fechado que atenda às exigências para habilitação,
I - aberto - os licitantes apresentarão lances públicos e su- o pregoeiro poderá, auxiliado pela equipe de apoio, mediante
cessivos, com prorrogações, conforme o critério de julgamento justificativa, admitir o reinício da etapa fechada, nos termos do
adotado no edital; ou disposto no § 5º.
II - aberto e fechado - os licitantes apresentarão lances pú-
blicos e sucessivos, com lance final e fechado, conforme o crité- Desconexão do sistema na etapa de lances
rio de julgamento adotado no edital. Art. 34. Na hipótese de o sistema eletrônico desconectar
Parágrafo único. No modo de disputa aberto, o edital preve- para o pregoeiro no decorrer da etapa de envio de lances da
rá intervalo mínimo de diferença de valores ou de percentuais sessão pública e permanecer acessível aos licitantes, os lances
entre os lances, que incidirá tanto em relação aos lances inter- continuarão sendo recebidos, sem prejuízo dos atos realizados.
mediários quanto em relação ao lance que cobrir a melhor ofer- Art. 35. Quando a desconexão do sistema eletrônico para o
ta. pregoeiro persistir por tempo superior a dez minutos, a sessão
pública será suspensa e reiniciada somente decorridas vinte e
Modo de disputa aberto quatro horas após a comunicação do fato aos participantes, no
Art. 32. No modo de disputa aberto, de que trata o inciso I sítio eletrônico utilizado para divulgação.
do caput do art. 31, a etapa de envio de lances na sessão pública
durará dez minutos e, após isso, será prorrogada automatica- Critérios de desempate
mente pelo sistema quando houver lance ofertado nos últimos Art. 36. Após a etapa de envio de lances, haverá a aplicação
dois minutos do período de duração da sessão pública. dos critérios de desempate previstos nos art. 44 e art. 45 da Lei
§ 1º A prorrogação automática da etapa de envio de lances, Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006, seguido da
de que trata o caput, será de dois minutos e ocorrerá sucessi- aplicação do critério estabelecido no § 2º do art. 3º da Lei nº
vamente sempre que houver lances enviados nesse período de 8.666, de 1993, se não houver licitante que atenda à primeira
prorrogação, inclusive quando se tratar de lances intermediá- hipótese.
rios.

37
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Art. 37. Os critérios de desempate serão aplicados nos ter- termos do dispostos no Decreto nº 8.660, de 29 de janeiro de
mos do art. 36, caso não haja envio de lances após o início da 2016, ou de outro que venha a substituí-lo, ou consularizados
fase competitiva. pelos respectivos consulados ou embaixadas.
Parágrafo único. Na hipótese de persistir o empate, a pro- Art. 42. Quando permitida a participação de consórcio de
posta vencedora será sorteada pelo sistema eletrônico dentre as empresas, serão exigidas:
propostas empatadas. I - a comprovação da existência de compromisso público ou
particular de constituição de consórcio, com indicação da em-
presa líder, que atenderá às condições de liderança estabeleci-
CAPÍTULO IX das no edital e representará as consorciadas perante a União;
DO JULGAMENTO
II - a apresentação da documentação de habilitação especi-
Negociação da proposta ficada no edital por empresa consorciada;
Art. 38. Encerrada a etapa de envio de lances da sessão pú- III - a comprovação da capacidade técnica do consórcio pelo
blica, o pregoeiro deverá encaminhar, pelo sistema eletrônico, somatório dos quantitativos de cada empresa consorciada, na
contraproposta ao licitante que tenha apresentado o melhor forma estabelecida no edital;
preço, para que seja obtida melhor proposta, vedada a negocia- IV - a demonstração, por cada empresa consorciada, do
ção em condições diferentes das previstas no edital. atendimento aos índices contábeis definidos no edital, para fins
§ 1º A negociação será realizada por meio do sistema e po- de qualificação econômico-financeira;
derá ser acompanhada pelos demais licitantes. V - a responsabilidade solidária das empresas consorciadas
§ 2º O instrumento convocatório deverá estabelecer prazo pelas obrigações do consórcio, nas etapas da licitação e durante
de, no mínimo, duas horas, contado da solicitação do pregoeiro a vigência do contrato;
no sistema, para envio da proposta e, se necessário, dos docu- VI - a obrigatoriedade de liderança por empresa brasileira
mentos complementares, adequada ao último lance ofertado no consórcio formado por empresas brasileiras e estrangeiras,
após a negociação de que trata o caput. observado o disposto no inciso I; e
VII - a constituição e o registro do consórcio antes da cele-
Julgamento da proposta bração do contrato.
Art. 39. Encerrada a etapa de negociação de que trata o art. Parágrafo único. Fica vedada a participação de empresa
38, o pregoeiro examinará a proposta classificada em primeiro consorciada, na mesma licitação, por meio de mais de um con-
lugar quanto à adequação ao objeto e à compatibilidade do pre- sórcio ou isoladamente.
ço em relação ao máximo estipulado para contratação no edital,
observado o disposto no parágrafo único do art. 7º e no § 9º do
art. 26, e verificará a habilitação do licitante conforme disposi- Procedimentos de verificação
ções do edital, observado o disposto no Capítulo X. Art. 43. A habilitação dos licitantes será verificada por meio
do Sicaf, nos documentos por ele abrangidos, quando os proce-
CAPÍTULO X dimentos licitatórios forem realizados por órgãos ou entidades
DA HABILITAÇÃO integrantes do Sisg ou por aqueles que aderirem ao Sicaf.
§ 1º Os documentos exigidos para habilitação que não es-
Documentação obrigatória tejam contemplados no Sicaf serão enviados nos termos do dis-
Art. 40. Para habilitação dos licitantes, será exigida, exclusi- posto no art. 26.
vamente, a documentação relativa: § 2º Na hipótese de necessidade de envio de documentos
I - à habilitação jurídica; complementares após o julgamento da proposta, os documen-
II - à qualificação técnica; tos deverão ser apresentados em formato digital, via sistema,
III - à qualificação econômico-financeira; no prazo definido no edital, após solicitação do pregoeiro no sis-
IV - à regularidade fiscal e trabalhista; tema eletrônico, observado o prazo disposto no § 2º do art. 38.
V - à regularidade fiscal perante as Fazendas Públicas esta- § 3º A verificação pelo órgão ou entidade promotora do cer-
duais, distrital e municipais, quando necessário; e tame nos sítios eletrônicos oficiais de órgãos e entidades emis-
VI - ao cumprimento do disposto no inciso XXXIII do caput sores de certidões constitui meio legal de prova, para fins de
do art. 7º da Constituição e no inciso XVIII do caput do art. 78 da habilitação.
Lei nº 8.666, de 1993. § 4º Na hipótese de a proposta vencedora não for aceitá-
Parágrafo único. A documentação exigida para atender ao vel ou o licitante não atender às exigências para habilitação, o
disposto nos incisos I, III, IV e V do caput poderá ser substituída pregoeiro examinará a proposta subsequente e assim sucessiva-
pelo registro cadastral no Sicaf e em sistemas semelhantes man- mente, na ordem de classificação, até a apuração de uma pro-
tidos pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios, posta que atenda ao edital.
quando a licitação for realizada por esses entes federativos. § 5º Na hipótese de contratação de serviços comuns em que
Art. 41. Quando permitida a participação de empresas es- a legislação ou o edital exija apresentação de planilha de com-
trangeiras na licitação, as exigências de habilitação serão atendi- posição de preços, esta deverá ser encaminhada exclusivamente
das mediante documentos equivalentes, inicialmente apresen- via sistema, no prazo fixado no edital, com os respectivos valo-
tados com tradução livre. res readequados ao lance vencedor.
Parágrafo único. Na hipótese de o licitante vencedor ser § 6º No pregão, na forma eletrônica, realizado para o siste-
estrangeiro, para fins de assinatura do contrato ou da ata de ma de registro de preços, quando a proposta do licitante vence-
registro de preços, os documentos de que trata o caput serão dor não atender ao quantitativo total estimado para a contrata-
traduzidos por tradutor juramentado no País e apostilados nos ção, poderá ser convocada a quantidade de licitantes necessária

38
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

para alcançar o total estimado, respeitada a ordem de classifi- CAPÍTULO XIV


cação, observado o preço da proposta vencedora, precedida de DA CONTRATAÇÃO
posterior habilitação, nos termos do disposto no Capítulo X.
§ 7º A comprovação de regularidade fiscal e trabalhista das Assinatura do contrato ou da ata de registro de preços
microempresas e das empresas de pequeno porte será exigida Art. 48. Após a homologação, o adjudicatário será convo-
nos termos do disposto no art. 4º do Decreto nº 8.538, de 6 de cado para assinar o contrato ou a ata de registro de preços no
outubro de 2015. prazo estabelecido no edital.
§ 8º Constatado o atendimento às exigências estabelecidas § 1º Na assinatura do contrato ou da ata de registro de pre-
no edital, o licitante será declarado vencedor. ços, será exigida a comprovação das condições de habilitação
consignadas no edital, que deverão ser mantidas pelo licitante
CAPÍTULO XI durante a vigência do contrato ou da ata de registro de preços.
DO RECURSO § 2º Na hipótese de o vencedor da licitação não comprovar
as condições de habilitação consignadas no edital ou se recusar
Intenção de recorrer e prazo para recurso a assinar o contrato ou a ata de registro de preços, outro lici-
Art. 44. Declarado o vencedor, qualquer licitante poderá, tante poderá ser convocado, respeitada a ordem de classifica-
durante o prazo concedido na sessão pública, de forma imedia- ção, para, após a comprovação dos requisitos para habilitação,
ta, em campo próprio do sistema, manifestar sua intenção de analisada a proposta e eventuais documentos complementares
recorrer. e, feita a negociação, assinar o contrato ou a ata de registro de
§ 1º As razões do recurso de que trata o caput deverão ser preços, sem prejuízo da aplicação das sanções de que trata o
apresentadas no prazo de três dias. art. 49.
§ 2º Os demais licitantes ficarão intimados para, se deseja- § 3º O prazo de validade das propostas será de sessenta
rem, apresentar suas contrarrazões, no prazo de três dias, con- dias, permitida a fixação de prazo diverso no edital.
tado da data final do prazo do recorrente, assegurada vista ime-
diata dos elementos indispensáveis à defesa dos seus interesses.
CAPÍTULO XV
§ 3º A ausência de manifestação imediata e motivada do lici-
DA SANÇÃO
tante quanto à intenção de recorrer, nos termos do disposto no
caput, importará na decadência desse direito, e o pregoeiro estará
Impedimento de licitar e contratar
autorizado a adjudicar o objeto ao licitante declarado vencedor.
Art. 49. Ficará impedido de licitar e de contratar com a
§ 4º O acolhimento do recurso importará na invalidação
União e será descredenciado no Sicaf, pelo prazo de até cinco
apenas dos atos que não podem ser aproveitados.
anos, sem prejuízo das multas previstas em edital e no contra-
to e das demais cominações legais, garantido o direito à ampla
CAPÍTULO XII
defesa, o licitante que, convocado dentro do prazo de validade
DA ADJUDICAÇÃO E DA HOMOLOGAÇÃO
de sua proposta:
Autoridade competente I - não assinar o contrato ou a ata de registro de preços;
Art. 45. Decididos os recursos e constatada a regularidade II - não entregar a documentação exigida no edital;
dos atos praticados, a autoridade competente adjudicará o ob- III - apresentar documentação falsa;
jeto e homologará o procedimento licitatório, nos termos do dis- IV - causar o atraso na execução do objeto;
posto no inciso V do caput do art. 13. V - não mantiver a proposta;
VI - falhar na execução do contrato;
Pregoeiro VII - fraudar a execução do contrato;
Art. 46. Na ausência de recurso, caberá ao pregoeiro adju- VIII - comportar-se de modo inidôneo;
dicar o objeto e encaminhar o processo devidamente instruído IX - declarar informações falsas; e
à autoridade superior e propor a homologação, nos termos do X - cometer fraude fiscal.
disposto no inciso IX do caput do art. 17. § 1º As sanções descritas no caput também se aplicam aos
integrantes do cadastro de reserva, em pregão para registro de
CAPÍTULO XIII preços que, convocados, não honrarem o compromisso assumi-
DO SANEAMENTO DA PROPOSTA E DA HABILITAÇÃO do sem justificativa ou com justificativa recusada pela adminis-
tração pública.
Erros ou falhas § 2º As sanções serão registradas e publicadas no Sicaf.
Art. 47. O pregoeiro poderá, no julgamento da habilitação
e das propostas, sanar erros ou falhas que não alterem a subs- CAPÍTULO XVI
tância das propostas, dos documentos e sua validade jurídica, DA REVOGAÇÃO E DA ANULAÇÃO
mediante decisão fundamentada, registrada em ata e acessível
aos licitantes, e lhes atribuirá validade e eficácia para fins de Revogação e anulação
habilitação e classificação, observado o disposto na Lei nº 9.784, Art. 50. A autoridade competente para homologar o proce-
de 29 de janeiro de 1999. dimento licitatório de que trata este Decreto poderá revogá-lo
Parágrafo único. Na hipótese de necessidade de suspensão somente em razão do interesse público, por motivo de fato su-
da sessão pública para a realização de diligências, com vistas ao perveniente devidamente comprovado, pertinente e suficiente
saneamento de que trata o caput, a sessão pública somente po- para justificar a revogação, e deverá anulá-lo por ilegalidade, de
derá ser reiniciada mediante aviso prévio no sistema com, no ofício ou por provocação de qualquer pessoa, por meio de ato
mínimo, vinte e quatro horas de antecedência, e a ocorrência escrito e fundamentado.
será registrada em ata.

39
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Parágrafo único. Os licitantes não terão direito à indeniza- Art. 58. Os arquivos e os registros digitais relativos ao pro-
ção em decorrência da anulação do procedimento licitatório, cesso licitatório permanecerão à disposição dos órgãos de con-
ressalvado o direito do contratado de boa-fé ao ressarcimento trole interno e externo.
dos encargos que tiver suportado no cumprimento do contrato. Art. 59. A Secretaria de Gestão da Secretaria Especial de
Desburocratização, Gestão e Governo Digital do Ministério da
CAPÍTULO XVII Economia poderá editar normas complementares ao disposto
DO SISTEMA DE DISPENSA ELETRÔNICA neste Decreto e disponibilizar informações adicionais, em meio
eletrônico.
Aplicação
Art. 51. As unidades gestoras integrantes do Sisg adotarão o Revogação
sistema de dispensa eletrônica, nas seguintes hipóteses: Art. 60. Ficam revogados:
I - contratação de serviços comuns de engenharia, nos ter- I - o Decreto nº 5.450, de 31 de maio de 2005; e
mos do disposto no inciso I do caput do art. 24 da Lei nº 8.666, II - o Decreto nº 5.504, de 5 de agosto de 2005.
de 1993;
II - aquisição de bens e contratação de serviços comuns, nos Vigência
termos do disposto no inciso II do caput do art. 24 da Lei nº Art. 61. Este Decreto entra em vigor em 28 de outubro de
8.666, de 1993; e 2019.
III - aquisição de bens e contratação de serviços comuns, § 1º Os editais publicados após a data de entrada em vigor
incluídos os serviços comuns de engenharia, nos termos do dis- deste Decreto serão ajustados aos termos deste Decreto.
posto no inciso III e seguintes do caput do art. 24 da Lei nº 8.666, § 2º As licitações cujos editais tenham sido publicados até
de 1993, quando cabível. 28 de outubro de 2019 permanecem regidos pelo Decreto nº
§ 1º Ato do Secretário de Gestão da Secretaria Especial de 5.450, de 2005.
Desburocratização, Gestão e Governo Digital do Ministério da
Economia regulamentará o funcionamento do sistema de dis-
pensa eletrônica. ORGANIZAÇÕES E ADMINISTRAÇÃO. CONCEITOS BÁ-
§ 2º A obrigatoriedade da utilização do sistema de dispensa SICOS DA ADMINISTRAÇÃO. ORGANIZAÇÃO. FUNDA-
eletrônica ocorrerá a partir da data de publicação do ato de que MENTOS DA ADMINISTRAÇÃO. NOÇÕES DE PLANEJA-
trata o § 1º. MENTO E CONTROLE
§ 3º Fica vedada a utilização do sistema de dispensa eletrô-
nica nas hipóteses de que trata o art. 4º. Funções de administração

CAPÍTULO XVIII • Planejamento, organizaçãop, direção e controle


DISPOSIÇÕES FINAIS

Orientações gerais
Art. 52. Ato do Secretário de Gestão da Secretaria Especial
de Desburocratização, Gestão e Governo Digital do Ministério
da Economia estabelecerá os prazos para implementação das
regras decorrentes do disposto neste Decreto quando se tratar
de licitações realizadas com a utilização de transferências de re-
cursos da União de que trata o § 3º do art. 1º.
Art. 53. Os horários estabelecidos no edital, no aviso e du- • PLANEJAMENTO, ORGANIZAÇÃO, DIREÇÃO E CONTROLE
rante a sessão pública observarão o horário de Brasília, Distrito
Federal, inclusive para contagem de tempo e registro no sistema
eletrônico e na documentação relativa ao certame. — Planejamento
Art. 54. Os participantes de licitação na modalidade de pre- Processo desenvolvido para o alcance de uma situação futu-
gão, na forma eletrônica, têm direito público subjetivo à fiel ob- ra desejada. A organização estabelece num primeiro momento,
servância do procedimento estabelecido neste Decreto e qual- através de um processo de definição de situação atual, de opor-
quer interessado poderá acompanhar o seu desenvolvimento tunidades, ameaças, forças e fraquezas, que são os objetos do
em tempo real, por meio da internet. processo de planejamento. O planejamento não é uma tarefa
Art. 55. Os entes federativos usuários dos sistemas de que isolada, é um processo, uma sequência encadeada de atividades
trata o § 2º do art. 5º poderão utilizar o Sicaf para fins habilita- que trará um plano.
tórios. • Ele é o passo inicial;
Art. 56. A Secretaria de Gestão da Secretaria Especial de • É uma maneira de ampliar as chances de sucesso;
Desburocratização, Gestão e Governo Digital do Ministério da • Reduzir a incerteza, jamais eliminá-la;
Economia poderá ceder o uso do seu sistema eletrônico a ór- • Lida com o futuro: Porém, não se trata de adivinhar o fu-
gão ou entidade dos Poderes da União, dos Estados, do Distri- turo;
to Federal e dos Municípios, mediante celebração de termo de • Reconhece como o presente pode influenciar o futuro,
acesso. como as ações presentes podem desenhar o futuro;
Art. 57. As propostas que contenham a descrição do objeto, • Organização ser PROATIVA e não REATIVA;
o valor e os documentos complementares estarão disponíveis na • Onde a Organização reconhecerá seus limites e suas com-
internet, após a homologação. petências;

40
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

• O processo de Planejamento é muito mais importante do — Observa o Planejamento Estratégico e Tático;


que seu produto final (assertiva); — Determina ações específicas necessárias para cada ativi-
dade ou tarefa importante;
Idalberto Chiavenato diz: “Planejamento é um processo de — Seus objetivos são bem detalhados e específicos.
estabelecer objetivos e definir a maneira como alcança-los”.
• Processo: Sequência de etapas que levam a um determi- Com a ação de planejar, busca-se:
nado fim. O resultado final do processo de planejamento é o • Eficiência: medida do rendimento individual dos compo-
PLANO; nentes do sistema. É fazer certo o que está sendo feito. Refe-
• Estabelecer objetivos: Processo de estabelecer um fim; re-se à otimização dos recursos utilizados para a obtenção dos
• Definir a maneira: um meio, maneira de como alcançar. resultados.
• Eficácia: medida do rendimento global do sistema. É fazer
• Passos do Planejamento o que é preciso ser feito. Refere-se à contribuição dos resultados
— Definição dos objetivos: O que quer, onde quer chegar. obtidos para alcance dos objetivos globais da empresa.
— Determinar a situação atual: Situar a Organização. • Efetividade: refere-se à relação entre os resultados alcan-
— Desenvolver possibilidades sobre o futuro: Antecipar çados e os objetivos propostos ao longo do tempo.
eventos. No setor privado, os conceitos de eficiência, eficácia e efeti-
— Analisar e escolher entre as alternativas. vidade são assim resumidos por Oliveira (1999):
— Implementar o plano e avaliar o resultado.
Eficiência
• Vantagens do Planejamento - fazer as coisas de maneira adequada;
— Dar um “norte” – direcionamento; - resolver problemas;
— Ajudar a focar esforços; - salvaguardar os recursos aplicados;
— Definir parâmetro de controle; - cumprir o seu dever; e
— Ajuda na motivação; - reduzir os custos.
— Auxilia no autoconhecimento da organização.
Eficácia
- fazer as coisas certas;
- produzir alternativas criativas;
- maximizar a utilização de recursos;
— Processo de planejamento - obter resultados; e
• Planejamento estratégico ou institucional - aumentar o lucro.
Estratégia é o caminho escolhido para que a organização
possa chegar no destino desejado pela visão estratégica. É o ní-
vel mais amplo de planejamento, focado a longo prazo. É desdo- Efetividade
brado no Planejamento Tático, e o Planejamento Tático é desdo- - manter-se no ambiente; e
brado no Planejamento Operacional. - apresentar resultados globais positivos ao longo do tempo
— Global — Objetivos gerais e genéricos — Diretrizes estra- (permanentemente)
tégicas — Longo prazo — Visão forte do ambiente externo.
Eficiência – relação entre o custo e o benefício envolvido na
Fases do Planejamento Estratégico: execução de um procedimento ou na prestação de um serviço.
— Definição do negócio, missão, visão e valores organiza-
cionais; Eficácia – grau de atingimento de uma meta ou dos resulta-
— Diagnóstico estratégico (análise interna e externa); dos institucionais da organização.
— Formulação da estratégia;
— Implantação; Efetividade – eliminar ou reduzir sensivelmente o problema
— Controle. que afeta a sociedade, alcançando a satisfação do cidadão.

• Planejamento tático ou intermediário


Complexidade menor que o nível estratégico e maior que o
operacional, de média complexidade e compõe uma abrangên-
cia departamental, focada em médio prazo.
— Observa as diretrizes do Planejamento Estratégico;
— Determina objetivos específicos de cada unidade ou de-
partamento;
— Médio prazo.

• Planejamento operacional ou chão de fábrica


Baixa complexidade, uma vez que falamos de somente uma
única tarefa, focado no curto ou curtíssimo prazo. Planejamento
mais diário, tarefa a tarefa de cada dia para o alcance dos obje-
tivos. Desdobramento minucioso do Planejamento Estratégico.

41
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

• Negócio, Missão, Visão e Valores


Negócio, Visão, Missão e Valores fazem parte do Referencial estratégico: A definição da identidade a organização.
— Negócio = O que é a organização e qual o seu campo de atuação. Atividade efetiva. Aspecto mais objetivo.
— Missão = Razão de ser da organização. Função maior. A Missão contempla o Negócio, é através do Negócio que a organização
alcança a sua Missão. Aspecto mais subjetivo. Missão é a função do presente.
— Visão = Qual objetivo e a visão de futuro. Define o “grande plano”, onde a organização quer chegar e como se vê no futuro,
no destino desejado. Direção mais geral. Visão é a função do futuro.
— Valores = Crenças, Princípios da organização. Atitudes básicas que sem elas, não há negócio, não há convivência. Tutoriza a
escolha das estratégias da organização.

• Análise SWOT
Strenghs – Weaknesses – Opportunities – Threats.
Ou FFOA
Forças – Fraquezas – Oportunidades – Ameaças.

É a principal ferramenta para perceber qual estratégia a organização deve ter.


É a análise que prescreve um comportamento a partir do cruzamento de 4 variáveis, sendo 2 do ambiente interno e 2 do am-
biente externo. Tem por intenção perceber a posição da organização em relação às suas ameaças e oportunidades, perceber quais
são as forças e as fraquezas organizacionais, para que a partir disso, a organização possa estabelecer posicionamento no mercado,
sendo elas: Posição de Sobrevivência, de Manutenção, de Crescimento ou Desenvolvimento. Em que para cada uma das posições a
organização terá uma estratégia definida.
Ambiente Interno: É tudo o que influencia o negócio da organização e ela tem o poder de controle. Pontos Fortes: Elementos
que influenciam positivamente. Pontos Fracos: Elementos que influenciam negativamente.
Ambiente Externo: É tudo o que influencia o negócio da organização e ela NÃO tem o poder de controle. Oportunidades: Ele-
mentos que influenciam positivamente. Ameaças: Elementos que influenciam negativamente.

• Matriz GUT
Gravidade + Urgência + Tendência
Gravidade: Pode afetar os resultados da Organização.
Urgência: Quando ocorrerá o problema.
Tendência: Irá se agravar com o passar do tempo.
Determinar essas 3 métricas plicando uma nota de 1-5, sendo 5 mais crítico, impactante e 1 menos crítico e com menos impac-
to. Somando essas notas. Levando em consideração o problema que obtiver maior total.

PROBLEMA GRAVIDADE URGÊNCIA TENDÊNCIA TOTAL


X 1 3 3 7
Y 3 2 1 6

• Ferramenta 5W2H
Ferramenta que ajuda o gestor a construir um Plano de Ação. Facilitando a definição das tarefas e dos responsáveis por cada
uma delas. Funciona para todos os tipos de negócio, visando atingir objetivos e metas.

42
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

5W: What? – O que será feito? - Why? Porque será feito? - Where? Onde será feito? - When? Quando será feito? – Who? Quem
fará? 2H: How? Como será feito? – How much? Quanto irá custar para fazer?
Não é uma ferramenta para buscar causa de problemas, mas sim elaborar o Plano de Ação.

WHAT WHY WHERE WHEN WHO HOW HOW MUCH


Padronização Otimizar Coordenação Agosto 2021 João Silva Contratação 2.500,00
de Rotinas tempo de Assessoria
externa
Sistema de Impedir Setor Compras 20/08/21 Paulo Compra de 4.000,00
Segurança entrada de Santos equipamentos e
Portaria pessoas não instalação
Central autorizadas

• Análise competitiva e estratégias genéricas


Gestão Estratégica: “É um processo que consiste no conjunto de decisões e ações que visam proporcionar uma adequação
competitivamente superior entre a organização e seu ambiente, de forma a permitir que a organização alcance seus objetivos”.
Michael Porter, Economista e professor norte-americano, nascido em 1947, propõe o segundo grande essencial conceito para
a compreensão da vantagem competitiva, o conceito das “estratégias competitivas genéricas”.
Porter apresenta a estratégia competitiva como sendo sinônimo de decisões, onde devem acontecer ações ofensivas ou defen-
sivas com finalidade de criar uma posição que possibilite se defender no mercado, para conseguir lidar com as cinco forças compe-
titivas e com isso conseguir e expandir o retorno sobre o investimento.
Observa ainda, que há distintas maneiras de posicionar-se estrategicamente, diversificando de acordo com o setor de atuação,
capacidade e características da Organização. No entanto, Porter desenha que há três grandes pilares estratégicos que atuarão dire-
tamente no âmbito da criação da vantagem competitiva.
As 3 Estratégias genéricas de Porter são:
1. Estratégia de Diferenciação: Aumentar o valor – valor é a percepção que você tem em relação a determinado produto. Exem-
plo: Existem determinadas marcas que se posicionam no mercado com este alto valor agregado.
2. Estratégia de Liderança em custos: Baixar o preço – preço é quanto custo, ser o produto mais barato no mercado. Quanto
vai custar na etiqueta.
3. Estratégia de Foco ou Enfoque: Significa perceber todo o mercado e selecionar uma fatia dele para atuar especificamente.

• As 5 forças Estratégicas
Chamada de as 5 Forças de Porter (Michael Porter) – é uma análise em relação a determinado mercado, levando em considera-
ção 5 elementos, que vão descrever como aquele mercado funciona.
1. Grau de Rivalidade entre os concorrentes: com que intensidade eles competem pelos clientes e consumidores. Essa força
tenciona as demais forças.
2. Ameaça de Produtos substitutos: ameaça de que novas tecnologias venham a substituir o produto ou serviço que o mercado
oferece.
3. Ameaça de novos entrantes: ameaças de que novas organizações, ou pessoas façam aquilo que já está sendo feito.
4. Poder de Barganha dos Fornecedores: Capacidade negocial das empresas que oferecem matéria-prima à organização, poder
de negociar preços e condições.
5. Poder de Barganha dos Clientes: Capacidade negocial dos clientes, poder de negociar preços e condições.

• Redes e alianças
Formações que as demais organizações fazem para que tenham uma espécie de fortalecimento estratégico em conjunto. A
formação de redes e alianças estratégicas de modo a poder compartilhar recursos e competências, além de reduzir seus custos.
Redes possibilitam um fortalecimento estratégico da organização diante de seus concorrentes, sem aumento significativo de
custos. Permite que a organização dê saltos maiores do que seriam capazes sozinhas, ou que demorariam mais tempo para alcançar
individualmente.
Tipos: Joint ventures – Contratos de fornecimento de longo prazo – Investimentos acionários minoritário – Contratos de forne-
cimento de insumos/ serviços – Pesquisas e desenvolvimento em conjunto – Funções e aquisições.
Vantagens: Ganho na posição de barganha (negociação) com seus fornecedores e Aumento do custo de entrada dos potenciais
concorrentes em um mercado = barreira de entrada.

• Administração por objetivos


A Administração por objetivos (APO) foi criada por Peter Ducker que se trata do esforço administrativo que vem de baixo para
cima, para fazer com que as organizações possam ser geridas através dos objetivos.
Trata-se do envolvimento de todos os membros organizacionais no processo de definição dos objetivos. Parte da premissa de
que se os colaboradores absorverem a ideia e negociarem os objetivos, estarão mais dispostos e comprometidos com o atingimento
dos mesmos.

43
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Fases: Especificação dos objetivos – Desenvolvimento de Vantagens: especialização das pessoas na função, facilitan-
planos de ação – Monitoramento do processo – Avaliação dos do a cooperação técnica; economia de escala e produtividade,
resultados. mais indicada para ambientes estáveis.
Desvantagens: falta de sinergia entre os diferentes departa-
• Balanced scorecard mentos e uma visão limitada do ambiente organizacional como
Percepção de Kaplan e Norton de que existem bens que são um todo, com cada departamento estando focado apenas nos
intangíveis e que também precisam ser medidos. É necessário seus próprios objetivos e problemas.
apresentar mais do que dados financeiros, porém, o financeiro
ainda faz parte do Balanced scorecard. • Por clientes ou clientela: Este tipo de departamentalização
Ativos tangíveis são importantes, porém ativos intangíveis ocorre em função dos diferentes tipos de clientes que a orga-
merecem atenção e podem ser ponto de diferenciação de uma nização possui. Justificando-se assim, quando há necessidades
organização para a outra. heterogêneas entre os diversos públicos da organização. Por
Por fim, é a criação de um modelo que complementa os da- exemplo (loja de roupas): departamento masculino, departa-
dos financeiros do passado com indicadores que buscam medir mento feminino, departamento infantil.
os fatores que levarão a organização a ter sucesso no futuro. Vantagem: facilitar a flexibilidade no atendimento às de-
mandas específicas de cada nicho de clientes.
• Processo decisório Desvantagens: dificuldade de coordenação com os objetivos
É o processo de escolha do caminho mais adequado à orga- globais da organização e multiplicação de funções semelhantes
nização em determinada circunstância. nos diferentes departamentos, prejudicando a eficiência, além
Uma organização precisa estar capacitada a otimizar recur- de poder gerar uma disputa entre as chefias de cada departa-
sos e atividades, assim como criar um modelo competitivo que a mento diferente, por cada uma querer maiores benefícios ao
possibilite superar os rivais. Julgando que o mercado é dinâmico seu tipo de cliente.
e vive em constante mudança, onde as ideias emergem devido
às pressões. • Por processos: Resume-se em agregar as atividades da or-
Para que um negócio ganhe a vantagem competitiva é ne- ganização nos processos mais importantes para a organização.
cessário que ele alcance um desempenho superior. Para tanto, a Sendo assim, busca ganhar eficiência e agilidade na produção de
organização deve estabelecer uma estratégia adequada, toman- produtos/serviços, evitando o desperdício de recursos na pro-
do as decisões certas.
dução organizacional. É muito utilizada em linhas de produção.
Vantagem: facilita o emprego de tecnologia, das máquinas e
— Organização equipamentos, do conhecimento e da mão-de-obra e possibilita
um melhor arranjo físico e disposição racional dos recursos, au-
• Estrutura organizacional
mentando a eficiência e ganhos em produtividade.
A estrutura organizacional na administração é classificada
como o conjunto de ordenações, ou conjunto de responsabilida-
• Departamentalização por produtos: A organização se es-
des, sejam elas de autoridade, das comunicações e das decisões
trutura em torno de seus diferentes tipos de produtos ou ser-
de uma organização ou empresa.
viços. Justificando-se quando a organização possui uma gama
É estabelecido através da estrutura organizacional o desen-
muito variada de produtos que utilizem tecnologias bem diver-
volvimento das atividades da organização, adaptando toda e
qualquer alteração ou mudança dentro da organização, porém sas entre si, ou mesmo que tenham especificidades na forma de
essa estrutura pode não ser estabelecida unicamente, deve-se escoamento da produção ou na prestação de cada serviço.
estar pronta para qualquer transformação. Vantagem: facilitar a coordenação entre os departamentos
Essa estrutura é dividida em duas formas, estrutura infor- envolvidos em um determinado nicho de produto ou serviço,
mal e estrutura formal, a estrutura informal é estável e está su- possibilitando maior inovação na produção.
jeita a controle, porém a estrutura formal é instável e não está Desvantagem: a “pulverização” de especialistas ao longo da
sujeita a controle. organização, dificultando a coordenação entre eles.

• Tipos de departamentalização • Departamentalização geográfica: Ou departamentalização


É uma forma de sistematização da estrutura organizacional, territorial, trata-se de critério de departamentalização em que
visa agrupar atividades que possuem uma mesma linha de ação a empresa se estabelece em diferentes pontos do país ou do
com o objetivo de melhorar a eficiência operacional da empre- mundo, alocando recursos, esforços e produtos conforme a de-
sa. Assim, a organização junta recursos, unidades e pessoas que manda da região.
tenham esse ponto em comum. Aqui, pensando em uma organização Multinacional, pressu-
Quando tratamos sobre organogramas, entramos em con- pondo-se que há uma filial em Israel e outra no Brasil. Obvia-
ceitos de divisão do trabalho no sentido vertical, ou seja, ligado mente, os interesses, hábitos e costumes de cada povo justifica-
aos níveis de autoridade e hierarquia existentes. Quando fala- rão que cada filial tenha suas especificidades, exatamente para
mos sobre departamentalização tratamos da especialização ho- atender a cada povo. Assim, percebemos que, dentro de cada
rizontal, que tem relação com a divisão e variedade de tarefas. filial nacional, poderão existir subdivisões, para atender às dife-
• Departamentalização funcional ou por funções: É a forma rentes regiões de cada país, com seus costumes e desejos. Como
mais utilizada dentre as formas de departamentalização, se tra- cada filial estará estabelecida em uma determinada região geo-
tando do agrupamento feito sob uma lógica de identidade de gráfica e as filiais estarão focadas em atender ao público dessa
funções e semelhança de tarefas, sempre pensando na especia- região. Logo, provavelmente haverá dificuldade em conciliar os
lização, agrupando conforme as diferentes funções organizacio- interesses de cada filial geográfica com os objetivos gerais da
nais, tais como financeira, marketing, pessoal, dentre outras. empresa.

44
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

• Departamentalização por projetos: Os departamentos são Organização informal refere-se a uma estrutura social inter-
criados e os recursos alocados em cada projeto da organização. ligada que rege como as pessoas trabalham juntas na vida real. É
Exemplo (construtora): pode dividir sua organização em torno possível formar organizações informais dentro das organizações.
das construções “A”, “B” e “C”. Aqui, cada projeto tende a ter Além disso, esta organização consiste em compreensão mútua,
grande autonomia, o que viabiliza a melhor consecução dos ob- ajuda e amizade entre os membros devido ao relacionamento
jetivos de cada projeto. interpessoal que constroem entre si. Normas sociais, conexões
Vantagem: grande flexibilidade, facilita a execução do pro- e interações governam o relacionamento entre os membros, ao
jeto e proporciona melhores resultados. contrário da organização formal.
Desvantagem: as equipes perdem a visão da empresa como Embora os membros de uma organização informal tenham
um todo, focando apenas no seu projeto, duplicação de estru- responsabilidades oficiais, é mais provável que eles se relacio-
turas (sugando mais recursos), e insegurança nos empregados nem com seus próprios valores e interesses pessoais sem dis-
sobre sua continuidade ou não na empresa quando o projeto no criminação.
qual estão alocados se findar. A estrutura de uma organização informal é plana. Além dis-
so, as decisões são tomadas por todos os membros de forma co-
• Departamentalização matricial letiva. A unidade é a melhor característica de uma organização
Também é chamada de organização em grade, e é uma mis- informal, pois há confiança entre os membros. Além disso, não
tura da departamentalização funcional (mais verticalizada), com existem regras e regulamentos rígidos dentro das organizações
uma outra mais horizontalizada, que geralmente é a por proje- informais; regras e regulamentos são responsivos e adaptáveis
tos. às mudanças.
Nesse contexto, há sempre autoridade dupla ou dual, por Ambos os conceitos de organização estão inter-relaciona-
responder ao comando da linha funcional e ao gerente da ho- dos. Existem muitas organizações informais dentro de organiza-
rizontal. Assim, há a matricial forte, a fraca e a equilibrada ou ções formais, portanto, eles são mutuamente exclusivos.
balanceada:
• Forte – aqui, o responsável pelo projeto tem mais autori- • Cultura organizacional
dade; A cultura organizacional é responsável por reunir os hábitos,
• Fraca – aqui, o gerente funcional tem mais autoridade; comportamentos, crenças, valores éticos e morais e as políticas
• Equilibrada ou Balanceada – predomina o equilíbrio entre internas e externas da organização.
os gerentes de projeto e funcional.
— Direção
Porém, não há consenso na literatura se a departamentali- Direção essencialmente como uma função humana, apên-
zação matricial de fato é um critério de departamentalização, ou dice de psicologia organizacional. Recrutar e ajustar os esforços
um tipo de estrutura organizacional. para que os indivíduos consigam alcançar os resultados preten-
didos pela organização.
Desvantagens: filiais, ou projetos, possuírem grande auto- Direção = Rota – Intensidade = Grau – Persistência = Capaci-
nomia para realizar seu trabalho, dificultando o processo admi- dade de sobrevivência (gatilhos da motivação)
nistrativo geral da empresa. Além disso, a dupla subordinação a
que os empregados são submetidos pode gerar ambiguidade de • Motivação
decisões e dificuldade de coordenação. “Pode ser entendido como o conjunto de razões, causa e
motivos que são responsáveis pela direção, intensidade e per-
• Organização formal e informal sistência do comportamento humano em busca de resultados.
Organização formal trata-se de uma organização onde duas ” É o que desperta no ser a vontade de alcançar os objetivos
ou mais pessoas se reúnem para atingir um objetivo comum com pretendidos. Algo acontece no indivíduo e ele reage. Estímulos:
um relacionamento legal e oficial. A organização é liderada pela quanto mais atingível parecer o resultado maior a motivação e
alta administração e tem um conjunto de regras e regulamentos vice-e-versa.
a seguir. O principal objetivo da organização é atingir as metas A (Razão, Causas, Motivos) pode ser: Intrínseca (Interna):
estabelecidas. Como resultado, o trabalho é atribuído a cada do próprio ser ou, Extrínseca (Externa): algo que vem do meio.
indivíduo com base em suas capacidades. Em outras palavras, Porém a motivação é sempre um processo do indivíduo,
existe uma cadeia de comando com uma hierarquia organizacio- sempre uma resposta interna aos estímulos.
nal e as autoridades são delegadas para fazer o trabalho.
Além disso, a hierarquia organizacional determina a relação
lógica de autoridade da organização formal e a cadeia de coman-
do determina quem segue as ordens. A comunicação entre os
dois membros é apenas por meio de canais planejados.

Tipos de estruturas de organização formal:


— Organização de Linha
— Organização de linha e equipe
— Organização funcional
— Organização de Gerenciamento de Projetos
— Organização Matricial

45
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

• Comunicação
É a ligação entre a liderança e a motivação. Para motivar é
necessário comunicar-se bem. A comunicação é essencial para
o todo dentro da organização. A organização que possui uma
boa comunicação, tende a ser valorizada pelos indivíduos, con-
sequentemente gera melhores resultados.
A comunicação organizacional eficiente é fundamental para
o êxito na organização. Caso a comunicação seja deficiente,
acarretará um grau de incompreensão no ambiente organizacio-
nal, dificultando a organização de atingir seus objetivos.
Através da comunicação a organização, bem como sua li-
derança, obtém maior engajamento de seus colaboradores de
Liderança forma mais efetiva.
Fenômeno social, depende da relação das pessoas. Aspecto A comunicação interna tem como objetivo manter os indiví-
ligado a relação dos indivíduos. Capacidade de exercer liderança duos informados quanto as diretrizes, filosofia, cultura, valores
– influência: fazer com que as pessoas façam aquilo que elas não e resultados obtidos pela organização. Agregando valor e tor-
fariam sem a presença do líder. Importante utilização do poder nando a organização competitiva no mercado.
para influenciar o comportamento de outras pessoas, ocorrendo • Descentralização e delegação
em uma dada situação. Centralização ocorre quando uma organização decide que
— Liderança precisa de pessoas. a maioria das decisões deve ser tomadas pelos ocupantes dos
— Influência: capacidade de fazer com que o indivíduo cargos no topo somente. Descentralização ocorre quando o con-
mude de comportamento. trário acontece, ou seja, quando a autoridade para tomar as de-
— Poder: que não está relacionado ao cargo, pode ser por cisões está dispersa pela empresa, na base, através dos diversos
via informal. setores.
— Situação: em determinadas situações a liderança pode Delegação é o processo usado para transferir autoridade e
aparecer. responsabilidade para os membros organizacionais em níveis
hierárquicos inferiores.
Não confunda: Chefia (posição formal) – Autoridade (dada
por algum aspecto) – Liderança – Poder. — Controle
A influência acontece e gera a liderança, o poder é por onde Segundo Djalma de Oliveira:
essa influência acontece. Esse poder pode ser formal ou infor- “Controle é uma função do processo administrativo que,
mal. mediante a comparação com padrões previamente estabeleci-
Segundo Max Weber: “Poder é a capacidade de algo ou al- dos, procura medir e avaliar o desempenho e o resultado das
guém fazer com que um indivíduo ou algo, faça alguma coisa, ações, com a finalidade de realimentar os tomadores de deci-
mesmo que este ofereça resistência. ” – Exemplo: votação, alis- sões, de forma que possam corrigir ou reforçar esse desempe-
tamento militar para homens. nho ou interferir em funções do processo administrativo, para
— Poderes formais são aqueles que estão relacionados ao assegurar que os resultados satisfaçam aos desafios e aos obje-
cargo e ficam no cargo independente de quem o ocupe. Já pode- tivos estabelecidos. ”
res informais são aqueles que ficam com a pessoa, independen- Segundo Robbins e Coulter:
te do cargo que o indivíduo ocupe. “O processo de monitorar as atividades de forma a assegu-
— Autoridade: Direito formal e legítimo, que algo ou al- rar que elas estejam sendo realizadas conforme o planejado e
guém tem, para te dar ordens, alocar recursos, tomar decisões corrigir quaisquer desvios significativos. ”
e de conduzir ações. Segundo Maximiano:
— Dilema chefia e liderança: Chefe é aquele que toma “Consiste em fazer comparação e tomar a decisão de con-
ações baseadas em seu cargo, onde sofre a influência dos po- firmar ou modificar os objetivos e os recursos empregados em
deres formais. E o líder é aquele que toma as decisões, recebe sua realização. ”
e consegue liderar os indivíduos, através de seu poder informal,
independente do cargo que ocupe. No processo administrativo o controle aparece como a eta-
pa final, porém, o controle acontece durante todas as fases do
Conceito de Poder, segundo o Dilema chefia e liderança é o processo, é contínua.
que consegue agrupar os dois distintos tipos de poder, os pode-
res formais e informais. • Objetivo:
— Identificar os problemas, falhas, erros e desvios.
• Tipos de Liderança: — Fazer com que os resultados obtidos estejam próximos
Transacional: Baseada na troca. Liderança tradicional, in- dos resultados esperados.
centivos materiais. Funciona bem em ambientes estáveis, pois — Fazer com que a organização trabalhe de forma mais ade-
líderes e liderados precisam estar “satisfeitos” com o negócio quada.
em si. — Proporcionar informações gerenciais periódicas.
Transformacional: Baseada na mudança. Liderança atual: — Redefinir e retroalimentar os objetivos (feedback).
Inspira seus subordinados. Quando construída, gera resultados
acima da transacional, já que os subordinados alcançam uma po-
sição de agentes de mudança e inovação.

46
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

• Características O Decreto de nº 9.758 de 11 de abril de 2019 veio alte-


- Monitorar e avaliar ações. rar regras importantes, quanto aos substantivos de tratamento.
- Verificar desvios (positivos e negativos) Expressões usadas antes (como: Vossa Excelência ou Excelen-
- Promover mudanças (correção e aprimoramento) tíssimo, Vossa Senhoria, Vossa Magnificência, doutor, ilustre ou
ilustríssimo, digno ou digníssimo e respeitável) foram retiradas
• Tipos, vantagens e desvantagens. e substituídas apenas por: Senhor (a). Excepciona a nova regra
— Preventivo (ex-ante): Controle proativo. Objetiva preve- quando o agente público entender que não foi atendido pelo
nir, evitar e identificar possíveis problemas, antes que eles acon- decreto e exigir o tratamento diferenciado.
teçam.
A redação oficial é
— Simultâneo: Controle reativo. Acontece durante a exe-
cução das tarefas. Controle estatístico da produção, verificar as A maneira pela qual o Poder Público redige comunicações ofi-
margens de erro de produção. Avaliação, monitoramento. ciais e atos normativos e deve caracterizar-se pela: clareza e precisão,
objetividade, concisão, coesão e coerência, impessoalidade, formali-
— Posterior (ex-post): Controle reativo. Inspeção no final do
dade e padronização e uso da norma padrão da língua portuguesa.
processo produtivo se avalia o resultado dado. Acontece após.

• Sistema de medição de desempenho organizacional SINAIS E ABREVIATURAS EMPREGADOS


Faz parte das etapas do Processo de Controle os sistemas de • Indica forma (em geral sintática) inaceitável ou
medição de desempenho, onde pode-se: agramatical
— Estabelecer padrões: definição de objetivos, metas e de- § Parágrafo
sempenho esperado.
— Monitorar desempenho: acompanhar, coletar informa- adj. adv. Adjunto adverbial
ção, andar simultaneamente ao processo. Determinar o que me- arc. Arcaico
dir, como medir e quando medir. art.; arts. Artigo; artigos
— Comparação com o padrão: análise dos resultados reais cf. Confronte
em comparação com o objetivo previamente estabelecido. CN Congresso Nacional
— Medidas Corretivas: tomar as decisões que levem a orga- Cp. Compare
nização a atingir os resultados desejados. Caminhos: Não mudar
nada. Corrigir desempenho. Alterar padrões. EM Exposição de Motivos
f.v. Forma verbal
Cada vez mais, as equipes se tornam a forma básica de
fem. Feminino
trabalho nas organizações do mundo contemporâneo. As evi-
dências sugerem que as equipes são capazes de melhorar o ind. Indicativo
desempenho dos indivíduos quando a tarefa requer múltiplas ICP - Brasil Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira
habilidades, julgamentos e experiências. Quando as organiza-
masc. Masculino
ções se reestruturaram para competir de modo mais eficiente e
eficaz, escolheram as equipes como forma de utilizar melhor os obj. dir. Objeto direto
talentos dos seus funcionários. As empresas descobriram que as obj. ind. Objeto indireto
equipes são mais flexíveis e reagem melhor às mudanças do que
p. Página
os departamentos tradicionais ou outras formas de agrupamen-
tos permanentes. As equipes têm capacidade para se estruturar, p. us. Pouco usado
iniciar seu trabalho, redefinir seu foco e se dissolver rapidamen- pess. Pessoa
te. Outras características importantes é que as equipes são uma
forma eficaz de facilitar a participação dos trabalhadores nos pl. Plural
processos decisórios aumentar a motivação dos funcionários. pref. Prefixo
pres. Presente
CORRESPONDÊNCIA, REDAÇÃO OFICIAL E PADRÃO Res. Resolução do Congresso Nacional
OFÍCIO SEGUNDO O MANUAL DE REDAÇÃO DA PRESI- RICD Regimento Interno da Câmara dos Deputados
DÊNCIA DA REPÚBLICA (2018); ABREVIAÇÕES E FOR- RISF Regimento Interno do Senado Federal
MAS DE TRATAMENTO; EXPRESSÕES E VOCÁBULOS
LATINOS DE USO FREQUENTE NAS COMUNICAÇÕES s. Substantivo
ADMINISTRATIVAS. DIGITAÇÃO QUALITATIVA; MODE- s.f. Substantivo feminino
LOS E DOCUMENTOS. ENVELOPE E ENDEREÇAMENTO
s.m. Substantivo masculino
POSTAL
SEI! Sistema Eletrônico de Informações
A terceira edição do Manual de Redação da Presidência sing. Singular
da República foi lançado no final de 2018 e apresenta algumas tb. Também
mudanças quanto ao formato anterior. Para contextualizar, o
v. Ver ou verbo
manual foi criado em 1991 e surgiu de uma necessidade de pa-
dronizar os protocolos à moderna administração pública. Assim, v.g. verbi gratia
ele é referência quando se trata de Redação Oficial em todas as var. pop. Variante popular
esferas administrativas.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

A finalidade da língua é comunicar, quer pela fala, quer pela Conciso é o texto que consegue transmitir o máximo de in-
escrita. Para que haja comunicação, são necessários: formações com o mínimo de palavras. Não se deve de forma
a) alguém que comunique: o serviço público. alguma entendê-la como economia de pensamento, isto é, não
b) algo a ser comunicado: assunto relativo às atribuições do se deve eliminar passagens substanciais do texto com o único
órgão que comunica. objetivo de reduzi-lo em tamanho. Trata-se, exclusivamente,
c) alguém que receba essa comunicação: o público, uma ins- de excluir palavras inúteis, redundâncias e passagens que nada
tituição privada ou outro órgão ou entidade pública, do Poder acrescentem ao que já foi dito.
Executivo ou dos outros Poderes. É indispensável que o texto tenha coesão e coerência. Tais
atributos favorecem a conexão, a ligação, a harmonia entre os
Além disso, deve-se considerar a intenção do emissor e a elementos de um texto. Percebe-se que o texto tem coesão e
finalidade do documento, para que o texto esteja adequado à coerência quando se lê um texto e se verifica que as palavras, as
situação comunicativa. Os atos oficiais (atos de caráter norma- frases e os parágrafos estão entrelaçados, dando continuidade
tivo) estabelecem regras para a conduta dos cidadãos, regulam uns aos outros. Alguns mecanismos que estabelecem a coesão e
o funcionamento dos órgãos e entidades públicos. Para alcan- a coerência de um texto são:
çar tais objetivos, em sua elaboração, precisa ser empregada • Referência (termos que se relacionam a outros necessá-
a linguagem adequada. O mesmo ocorre com os expedientes rios à sua interpretação);
oficiais, cuja finalidade precípua é a de informar com clareza e • Substituição (colocação de um item lexical no lugar de ou-
objetividade. tro ou no lugar de uma oração);
• Elipse (omissão de um termo recuperável pelo contexto);
Atributos da redação oficial: • Uso de conjunção (estabelecer ligação entre orações, pe-
• clareza e precisão; ríodos ou parágrafos).
• objetividade;
• concisão; A redação oficial é elaborada sempre em nome do serviço
• coesão e coerência; público e sempre em atendimento ao interesse geral dos cida-
• impessoalidade; dãos. Sendo assim, os assuntos objetos dos expedientes oficiais
• formalidade e padronização; e não devem ser tratados de outra forma que não a estritamente
• uso da norma padrão da língua portuguesa. impessoal.
As comunicações administrativas devem ser sempre for-
CLAREZA PRECISÃO mais, isto é, obedecer a certas regras de forma. Isso é válido
tanto para as comunicações feitas em meio eletrônico, quanto
Para a obtenção de clareza, sugere-se: O atributo da precisão para os eventuais documentos impressos. Recomendações:
a) utilizar palavras e expressões simples, complementa a clareza • A língua culta é contra a pobreza de expressão e não con-
em seu sentido comum, salvo quando o e caracteriza-se por:
tra a sua simplicidade;
texto versar sobre assunto técnico, hipóte- a) articulação da lin-
• O uso do padrão culto não significa empregar a língua de
se em que se utilizará nomenclatura pró- guagem comum ou
modo rebuscado ou utilizar figuras de linguagem próprias do es-
pria da área; técnica para a perfeita tilo literário;
b) usar frases curtas, bem estruturadas; compreensão da ideia
veiculada no texto; • A consulta ao dicionário e à gramática é imperativa na re-
apresentar as orações na ordem direta e
evitar intercalações excessivas. Em certas b) manifestação do dação de um bom texto.
ocasiões, para evitar ambiguidade, sugere- pensamento ou da
-se a adoção da ordem inversa da oração; ideia com as mesmas O único pronome de tratamento utilizado na comunicação
c) buscar a uniformidade do tempo ver- palavras, evitando o com agentes públicos federais é “senhor”, independentemente
bal em todo o texto; emprego de sinonímia do nível hierárquico, da natureza do cargo ou da função ou da
d) não utilizar regionalismos e neologismos; com propósito mera- ocasião.
e) pontuar adequadamente o texto; mente estilístico; e
f) explicitar o significado da sigla na pri- c) escolha de expres- Obs. O pronome de tratamento é flexionado para o femini-
meira referência a ela; e são ou palavra que não no e para o plural.
g) utilizar palavras e expressões em outro confira duplo sentido
idioma apenas quando indispensáveis, em ao texto. São formas de tratamento vedadas:
razão de serem designações ou expressões I - Vossa Excelência ou Excelentíssimo;
de uso já consagrado ou de não terem exata II - Vossa Senhoria;
tradução. Nesse caso, grafe-as em itálico. III - Vossa Magnificência;
IV - doutor;
Por sua vez, ser objetivo é ir diretamente ao assunto que se V - ilustre ou ilustríssimo;
deseja abordar, sem voltas e sem redundâncias. Para conseguir VI - digno ou digníssimo; e
isso, é fundamental que o redator saiba de antemão qual é a VII - respeitável.
ideia principal e quais são as secundárias. A objetividade conduz
o leitor ao contato mais direto com o assunto e com as informa- Todavia, o agente público federal que exigir o uso dos pro-
ções, sem subterfúgios, sem excessos de palavras e de ideias. É nomes de tratamento, mediante invocação de normas especiais
errado supor que a objetividade suprime a delicadeza de expres- referentes ao cargo ou carreira, deverá tratar o interlocutor do
são ou torna o texto rude e grosseiro. mesmo modo. Ademais, é vedado negar a realização de ato ad-
ministrativo ou admoestar o interlocutor nos autos do expedien-
te caso haja erro na forma de tratamento empregada.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

O endereçamento das comunicações dirigidas a agentes pú- separação entre cidade e unidade da federação pode ser substi-
blicos federais não conterá pronome de tratamento ou o nome tuída a barra pelo ponto ou pelo travessão. No caso de ofício ao
do agente público. Poderão constar o pronome de tratamento e mesmo órgão, não é obrigatória a informação do CEP, podendo
o nome do destinatário nas hipóteses de: ficar apenas a informação da cidade/unidade da federação;
I – A mera indicação do cargo ou da função e do setor da e) alinhamento: à margem esquerda da página.
administração ser insuficiente para a identificação do destina-
tário; ou • Assunto: O assunto deve dar uma ideia geral do que trata
II - A correspondência ser dirigida à pessoa de agente públi- o documento, de forma sucinta. Ele deve ser grafado da seguinte
co específico. maneira:
a) título: a palavra Assunto deve anteceder a frase que defi-
Até a segunda edição deste Manual, havia três tipos de ex- ne o conteúdo do documento, seguida de dois-pontos;
pedientes que se diferenciavam antes pela finalidade do que b) descrição do assunto: a frase que descreve o conteúdo do
pela forma: o ofício, o aviso e o memorando. Com o objetivo documento deve ser escrita com inicial maiúscula, não se deve
de uniformizá-los, deve-se adotar nomenclatura e diagramação utilizar verbos e sugere-se utilizar de quatro a cinco palavras;
únicas, que sigam o que chamamos de padrão ofício. c) destaque: todo o texto referente ao assunto, inclusive o
título, deve ser destacado em negrito;
Consistem em partes do documento no padrão ofício: d) pontuação: coloca-se ponto-final depois do assunto;
• Cabeçalho: O cabeçalho é utilizado apenas na primeira e) alinhamento: à margem esquerda da página.
página do documento, centralizado na área determinada pela • Texto:
formatação. No cabeçalho deve constar o Brasão de Armas da
República no topo da página; nome do órgão principal; nomes NOS CASOS EM QUE QUANDO FOREM USADOS
dos órgãos secundários, quando necessários, da maior para a NÃO SEJA USADO PARA PARA ENCAMINHAMENTO
menor hierarquia; espaçamento entrelinhas simples (1,0). Os ENCAMINHAMENTO DE DOCUMENTOS, A
dados do órgão, tais como endereço, telefone, endereço de cor- DE DOCUMENTOS, O ESTRUTURA É MODIFICADA:
respondência eletrônica, sítio eletrônico oficial da instituição, EXPEDIENTE DEVE CONTER
podem ser informados no rodapé do documento, centralizados. A SEGUINTE ESTRUTURA:
a) introdução: em que é a) introdução: deve iniciar com
• Identificação do expediente: referência ao expediente que
apresentado o objetivo da
a) nome do documento: tipo de expediente por extenso, solicitou o encaminhamento.
comunicação. Evite o uso das
com todas as letras maiúsculas; Se a remessa do documento
formas: Tenho a honra de,
b) indicação de numeração: abreviatura da palavra “núme- Tenho o prazer de, Cumpre-me não tiver sido solicitada, deve
ro”, padronizada como Nº; informar que. Prefira empregar iniciar com a informação do
c) informações do documento: número, ano (com quatro a forma direta: Informo, motivo da comunicação, que
dígitos) e siglas usuais do setor que expede o documento, da Solicito, Comunico; é encaminhar, indicando a
menor para a maior hierarquia, separados por barra (/); b) desenvolvimento: em que o seguir os dados completos
d) alinhamento: à margem esquerda da página. assunto é detalhado; se o texto do documento encaminhado
contiver mais de uma ideia (tipo, data, origem ou
• Local e data: sobre o assunto, elas devem signatário e assunto de que se
a) composição: local e data do documento; ser tratadas em parágrafos trata) e a razão pela qual está
b) informação de local: nome da cidade onde foi expedido distintos, o que confere maior sendo encaminhado;
o documento, seguido de vírgula. Não se deve utilizar a sigla da clareza à exposição; e b) desenvolvimento: se o autor
unidade da federação depois do nome da cidade; c) conclusão: em que é da comunicação desejar fazer
c) dia do mês: em numeração ordinal se for o primeiro dia afirmada a posição sobre o algum comentário a respeito
do mês e em numeração cardinal para os demais dias do mês. assunto. do documento que encaminha,
Não se deve utilizar zero à esquerda do número que indica o dia poderá acrescentar parágrafos
do mês; de desenvolvimento. Caso
d) nome do mês: deve ser escrito com inicial minúscula; contrário, não há parágrafos
e) pontuação: coloca-se ponto-final depois da data; de desenvolvimento em
f) alinhamento: o texto da data deve ser alinhado à margem expediente usado para
direita da página. encaminhamento de
documentos.
• Endereçamento: O endereçamento é a parte do documen-
to que informa quem receberá o expediente. Nele deverão cons- Em qualquer uma das duas estruturas, o texto do documen-
tar : to deve ser formatado da seguinte maneira:
a) vocativo; a) alinhamento: justificado;
b) nome: nome do destinatário do expediente; b) espaçamento entre linhas: simples;
c) cargo: cargo do destinatário do expediente; c) parágrafos: espaçamento entre parágrafos: de 6 pontos
d) endereço: endereço postal de quem receberá o expe- após cada parágrafo; recuo de parágrafo: 2,5 cm de distância da
diente, dividido em duas linhas: primeira linha: informação de margem esquerda; numeração dos parágrafos: apenas quando
localidade/logradouro do destinatário ou, no caso de ofício ao o documento tiver três ou mais parágrafos, desde o primeiro
mesmo órgão, informação do setor; segunda linha: CEP e cida- parágrafo. Não se numeram o vocativo e o fecho;
de/unidade da federação, separados por espaço simples. Na

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

d) fonte: Calibri ou Carlito; corpo do texto: tamanho 12 pon- k) arquivamento: dentro do possível, todos os documentos
tos; citações recuadas: tamanho 11 pontos; notas de Rodapé: elaborados devem ter o arquivo de texto preservado para con-
tamanho 10 pontos. sulta posterior ou aproveitamento de trechos para casos análo-
e) símbolos: para símbolos não existentes nas fontes indica- gos. Deve ser utilizado, preferencialmente, formato de arquivo
das, pode-se utilizar as fontes Symbol e Wingdings. que possa ser lido e editado pela maioria dos editores de texto
utilizados no serviço público, tais como DOCX, ODT ou RTF.
• Fechos para comunicações: O fecho das comunicações ofi- l) nome do arquivo: para facilitar a localização, os nomes
ciais objetiva, além da finalidade óbvia de arrematar o texto, dos arquivos devem ser formados da seguinte maneira: tipo do
saudar o destinatário. documento + número do documento + ano do documento (com
a) Para autoridades de hierarquia superior a do remetente, 4 dígitos) + palavras-chaves do conteúdo.
inclusive o Presidente da República: Respeitosamente,
b) Para autoridades de mesma hierarquia, de hierarquia in-
ferior ou demais casos: Atenciosamente,

• Identificação do signatário: Excluídas as comunicações as-


sinadas pelo Presidente da República, todas as demais comuni-
cações oficiais devem informar o signatário segundo o padrão:
a) nome: nome da autoridade que as expede, grafado em
letras maiúsculas, sem negrito. Não se usa linha acima do nome
do signatário;
b) cargo: cargo da autoridade que expede o documento, re-
digido apenas com as iniciais maiúsculas. As preposições que li-
guem as palavras do cargo devem ser grafadas em minúsculas; e
c) alinhamento: a identificação do signatário deve ser cen-
tralizada na página. Para evitar equívocos, recomenda-se não
deixar a assinatura em página isolada do expediente. Transfira
para essa página ao menos a última frase anterior ao fecho.

• Numeração de páginas: A numeração das páginas é obri-


gatória apenas a partir da segunda página da comunicação. Ela
deve ser centralizada na página e obedecer à seguinte formata-
ção:
a) posição: no rodapé do documento, ou acima da área de 2
cm da margem inferior; e
b) fonte: Calibri ou Carlito.

Quanto a formatação e apresentação, os documentos do


padrão ofício devem obedecer à seguinte forma:
a) tamanho do papel: A4 (29,7 cm x 21 cm);
b) margem lateral esquerda: no mínimo, 3 cm de largura;
c) margem lateral direita: 1,5 cm;
d) margens superior e inferior: 2 cm;
e) área de cabeçalho: na primeira página, 5 cm a partir da
margem superior do papel;
f) área de rodapé: nos 2 cm da margem inferior do docu-
mento;
g) impressão: na correspondência oficial, a impressão pode
ocorrer em ambas as faces do papel. Nesse caso, as margens es-
querda e direita terão as distâncias invertidas nas páginas pares
(margem espelho);
h) cores: os textos devem ser impressos na cor preta em pa-
pel branco, reservando-se, se necessário, a impressão colorida
para gráficos e ilustrações;
i) destaques: para destaques deve-se utilizar, sem abuso, o
negrito. Deve-se evitar destaques com uso de itálico, sublinha-
do, letras maiúsculas, sombreado, sombra, relevo, bordas ou
qualquer outra forma de formatação que afete a sobriedade e a
padronização do documento;
j) palavras estrangeiras: palavras estrangeiras devem ser
grafadas em itálico;

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Minuta de mensagem pode ser encaminhada pelos minis-


térios à Presidência da República, a cujas assessorias caberá a
redação final. As mensagens mais usuais do Poder Executivo ao
Congresso Nacional têm as seguintes finalidades:
a) Encaminhamento de proposta de emenda constitucional,
de projeto de lei ordinária, de projeto de lei complementar e os
Os documentos oficiais podem ser identificados de acordo que compreendem plano plurianual, diretrizes orçamentárias,
com algumas possíveis variações: orçamentos anuais e créditos adicionais.
a) [NOME DO EXPEDIENTE] + CIRCULAR: Quando um órgão b) Encaminhamento de medida provisória.
envia o mesmo expediente para mais de um órgão receptor. A c) Indicação de autoridades.
sigla na epígrafe será apenas do órgão remetente. d) Pedido de autorização para o Presidente ou o Vice-Presi-
b) [NOME DO EXPEDIENTE] + CONJUNTO: Quando mais de dente da República se ausentarem do país por mais de 15 dias.
um órgão envia, conjuntamente, o mesmo expediente para um e) Encaminhamento de atos de concessão e de renovação
único órgão receptor. As siglas dos órgãos remetentes constarão de concessão de emissoras de rádio e TV.
na epígrafe. f) Encaminhamento das contas referentes ao exercício an-
c) [NOME DO EXPEDIENTE] + CONJUNTO CIRCULAR: Quando terior.
mais de um órgão envia, conjuntamente, o mesmo expediente g) Mensagem de abertura da sessão legislativa.
para mais de um órgão receptor. As siglas dos órgãos remeten- h) Comunicação de sanção (com restituição de autógrafos).
tes constarão na epígrafe. i) Comunicação de veto.
j) Outras mensagens remetidas ao Legislativo, ex. Aprecia-
Nos expedientes circulares, por haver mais de um receptor, ção de intervenção federal.
o órgão remetente poderá inserir no rodapé as siglas ou nomes As mensagens contêm:
dos órgãos que receberão o expediente. a) brasão: timbre em relevo branco;
b) identificação do expediente: MENSAGEM Nº, alinhada à
Exposição de motivos (EM) margem esquerda, no início do texto;
É o expediente dirigido ao Presidente da República ou ao Vi- c) vocativo: alinhado à margem esquerda, de acordo com o
cePresidente para: pronome de tratamento e o cargo do destinatário, com o recuo
a) propor alguma medida; de parágrafo dado ao texto;
b) submeter projeto de ato normativo à sua consideração; ou d) texto: iniciado a 2 cm do vocativo;
c) informa-lo de determinado assunto. e) local e data: posicionados a 2 cm do final do texto, ali-
nhados à margem direita. A mensagem, como os demais atos
A exposição de motivos é dirigida ao Presidente da Repú- assinados pelo Presidente da República, não traz identificação
blica por um Ministro de Estado. Nos casos em que o assunto de seu signatário.
tratado envolva mais de um ministério, a exposição de motivos
será assinada por todos os ministros envolvidos, sendo, por essa A utilização do e-mail para a comunicação tornou-se prática
razão, chamada de interministerial. Independentemente de ser comum, não só em âmbito privado, mas também na administra-
uma EM com apenas um autor ou uma EM interministerial, a ção pública. O termo e-mail pode ser empregado com três sen-
sequência numérica das exposições de motivos é única. A nume- tidos. Dependendo do contexto, pode significar gênero textual,
ração começa e termina dentro de um mesmo ano civil. endereço eletrônico ou sistema de transmissão de mensagem
A exposição de motivos é a principal modalidade de comuni- eletrônica. Como gênero textual, o e-mail pode ser considerado
cação dirigida ao Presidente da República pelos ministros. Além um documento oficial, assim como o ofício. Portanto, deve-se
disso, pode, em certos casos, ser encaminhada cópia ao Con- evitar o uso de linguagem incompatível com uma comunicação
gresso Nacional ou ao Poder Judiciário. oficial. Como endereço eletrônico utilizado pelos servidores pú-
O Sistema de Geração e Tramitação de Documentos Ofi- blicos, o e-mail deve ser oficial, utilizando-se a extensão “.gov.
ciais (Sidof) é a ferramenta eletrônica utilizada para a elabora- br”, por exemplo. Como sistema de transmissão de mensagens
ção, a redação, a alteração, o controle, a tramitação, a adminis- eletrônicas, por seu baixo custo e celeridade, transformou-se na
tração e a gerência das exposições de motivos com as propostas principal forma de envio e recebimento de documentos na ad-
de atos a serem encaminhadas pelos Ministérios à Presidência ministração pública.
da República. Nos termos da Medida Provisória nº 2.200-2, de 24 de agos-
Ao se utilizar o Sidof, a assinatura, o nome e o cargo do sig- to de 2001, para que o e-mail tenha valor documental, isto é,
natário são substituídos pela assinatura eletrônica que informa para que possa ser aceito como documento original, é necessá-
o nome do ministro que assinou a exposição de motivos e do rio existir certificação digital que ateste a identidade do reme-
consultor jurídico que assinou o parecer jurídico da Pasta. tente, segundo os parâmetros de integridade, autenticidade e
A Mensagem é o instrumento de comunicação oficial entre validade jurídica da Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira
os Chefes dos Poderes Públicos, notadamente as mensagens – ICPBrasil.
enviadas pelo Chefe do Poder Executivo ao Poder Legislativo O destinatário poderá reconhecer como válido o e-mail sem
para informar sobre fato da administração pública; para expor o certificação digital ou com certificação digital fora ICP-Brasil;
plano de governo por ocasião da abertura de sessão legislativa; contudo, caso haja questionamento, será obrigatório a repe-
para submeter ao Congresso Nacional matérias que dependem tição do ato por meio documento físico assinado ou por meio
de deliberação de suas Casas; para apresentar veto; enfim, fazer eletrônico reconhecido pela ICP-Brasil. Salvo lei específica, não
comunicações do que seja de interesse dos Poderes Públicos e é dado ao ente público impor a aceitação de documento eletrô-
da Nação. nico que não atenda os parâmetros da ICP-Brasil.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Um dos atrativos de comunicação por correio eletrônico é sua flexibilidade. Assim, não interessa definir padronização da men-
sagem comunicada. O assunto deve ser o mais claro e específico possível, relacionado ao conteúdo global da mensagem. Assim,
quem irá receber a mensagem identificará rapidamente do que se trata; quem a envia poderá, posteriormente, localizar a mensa-
gem na caixa do correio eletrônico.
O texto dos correios eletrônicos deve ser iniciado por uma saudação. Quando endereçado para outras instituições, para recep-
tores desconhecidos ou para particulares, deve-se utilizar o vocativo conforme os demais documentos oficiais, ou seja, “Senhor” ou
“Senhora”, seguido do cargo respectivo, ou “Prezado Senhor”, “Prezada Senhora”.

Atenciosamente é o fecho padrão em comunicações oficiais. Com o uso do e-mail, popularizou-se o uso de abreviações como
“Att.”, e de outros fechos, como “Abraços”, “Saudações”, que, apesar de amplamente usados, não são fechos oficiais e, portanto,
não devem ser utilizados em e-mails profissionais.
Sugere-se que todas as instituições da administração pública adotem um padrão de texto de assinatura. A assinatura do e-mail
deve conter o nome completo, o cargo, a unidade, o órgão e o telefone do remetente.
A possibilidade de anexar documentos, planilhas e imagens de diversos formatos é uma das vantagens do e-mail. A mensagem
que encaminha algum arquivo deve trazer informações mínimas sobre o conteúdo do anexo.
Os arquivos anexados devem estar em formatos usuais e que apresentem poucos riscos de segurança. Quando se tratar de
documento ainda em discussão, os arquivos devem, necessariamente, ser enviados, em formato que possa ser editado.
A correção ortográfica é requisito elementar de qualquer texto, e ainda mais importante quando se trata de textos oficiais.
Muitas vezes, uma simples troca de letras pode alterar não só o sentido da palavra, mas de toda uma frase. O que na correspondên-
cia particular seria apenas um lapso na digitação pode ter repercussões indesejáveis quando ocorre no texto de uma comunicação
oficial ou de um ato normativo. Assim, toda revisão que se faça em determinado documento ou expediente deve sempre levar em
conta também a correção ortográfica.

HÍFEN ASPAS ITÁLICO NEGRITO E SUBLINHADO


Emprega-se itálico em:
a) títulos de publicações
O hífen é um sinal usado para:
As aspas têm os seguintes (livros, revistas, jornais,
a) ligar os elementos de
empregos: periódicos etc.) ou títulos de
palavras compostas: vice-
a) antes e depois de uma congressos, conferências,
ministro;
citação textual direta, quando slogans, lemas sem o uso de Usa-se o negrito para realce
b) para unir pronomes átonos
esta tem até três linhas, sem aspas (com inicial maiúscula de palavras e trechos. Deve-se
a verbos: agradeceu-lhe; e
utilizar itálico; em todas as palavras, exceto evitar o uso de sublinhado para
c) para, no final de uma
b) quando necessário, para nas de ligação); realçar palavras e trechos em
linha, indicar a separação
diferenciar títulos, termos b) palavras e as expressões comunicações oficiais.
das sílabas de uma palavra
técnicos, expressões fixas, em latim ou em outras
em duas partes (a chamada
definições, exemplificações e línguas estrangeiras não
translineação): com-/parar,
assemelhados. incorporadas ao uso comum
gover-/no.
na língua portuguesa ou não
aportuguesadas.

PARÊNTESES E TRAVESSÃO USO DE SIGLAS E ACRÔNIMOS


Os parênteses são empregados para intercalar, em um texto, Para padronizar o uso de siglas e acrônimos nos atos normativos,
explicações, indicações, comentários, observações, como por serão adotados os conceitos sugeridos pelo Manual de
exemplo, indicar uma data, uma referência bibliográfica, uma sigla. Elaboração de Textos da Consultoria Legislativa do Senado Federal
O travessão, que é representado graficamente por um hífen (1999), em que:
prolongado (–), substitui parênteses, vírgulas, dois-pontos. a) sigla: constitui-se do resultado das somas das iniciais de um
título; e
b) acrônimo: constitui-se do resultado da soma de algumas
sílabas ou partes dos vocábulos de um título.

Sintaxe é a parte da Gramática que estuda a palavra, não em si, mas em relação às outras, que, com ela, se unem para exprimir
o pensamento. Temos, assim, a seguinte ordem de colocação dos elementos que compõem uma oração:

SUJEITO + VERBO + COMPLEMENTO + ADJUNTO ADVERBIAL

O sujeito é o ser de quem se fala ou que executa a ação enunciada na oração. De acordo com a gramática normativa, o sujeito
da oração não pode ser preposicionado. Ele pode ter complemento, mas não ser complemento.
Embora seja usada como recurso estilístico na literatura, a fragmentação de frases deve ser evitada nos textos oficiais, pois
muitas vezes dificulta a compreensão.
A omissão de certos termos, ao fazermos uma comparação, omissão própria da língua falada, deve ser evitada na língua escrita,
pois compromete a clareza do texto: nem sempre é possível identificar, pelo contexto, o termo omitido. A ausência indevida de um
termo pode impossibilitar o entendimento do sentido que se quer dar a uma frase.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Ambígua é a frase ou oração que pode ser tomada em mais f) Emprega-se aquele(a)/aquilo em relação a um tempo pas-
de um sentido. Como a clareza é requisito básico de todo texto sado mais longínquo, ou histórico.
oficial, deve-se atentar para as construções que possam gerar g) Usa-se este(a)/isto para introduzir referência que, no tex-
equívocos de compreensão. A ambiguidade decorre, em geral, to, ainda será mencionado;
da dificuldade de identificar-se a que palavra se refere um pro- h) Usa-se este(a)para se referir ao próprio texto;
nome que possui mais de um antecedente na terceira pessoa. i) Emprega-se esse(a)/isso quando a informação já foi men-
A concordância é o processo sintático segundo o qual certas cionada no texto.
palavras se acomodam, na sua forma, às palavras de que depen-
dem. Essa acomodação formal se chama flexão e se dá quanto a A Semântica estuda o sentido das palavras, expressões, fra-
gênero e número (nos adjetivos – nomes ou pronomes), núme- ses e unidades maiores da comunicação verbal, os significados
ros e pessoa (nos verbos). Daí, a divisão: concordância nominal que lhe são atribuídos. Ao considerarmos o significado de deter-
e concordância verbal. minada palavra, levamos em conta sua história, sua estrutura
(radical, prefixos, sufixos que participam da sua forma) e, por
CONCORDÂNCIA VERBAL CONCORDÂNCIA NOMINAL fim, o contexto em que se apresenta.
Sendo a clareza um dos requisitos fundamentais de todo
O verbo concorda com seu Adjetivos (nomes ou texto oficial, deve-se atentar para a tradição no emprego de
sujeito em pessoa e número. pronomes), artigos e numerais determinada expressão com determinado sentido. O emprego
concordam em gênero e de expressões ditas de uso consagrado confere uniformidade e
número com os substantivos transparência ao sentido do texto. Mas isso não quer dizer que
de que dependem. os textos oficiais devam limitar-se à repetição de chavões e de
clichês.
Regência é, em gramática, sinônimo de dependência, su- Verifique sempre o contexto em que as palavras estão sen-
bordinação. Assim, a sintaxe de regência trata das relações de do utilizadas. Certifique-se de que não há repetições desne-
dependência que as palavras mantêm na frase. Dizemos que um cessárias ou redundâncias. Procure sinônimos ou termos mais
termo rege o outro que o complementa. Numa frase, os termos precisos para as palavras repetidas; mas se sua substituição for
regentes ou subordinantes (substantivos, adjetivos, verbos) re- comprometer o sentido do texto, tornando-o ambíguo ou me-
gem os termos regidos ou subordinados (substantivos, adjeti- nos claro, não hesite em deixar o texto como está.
vos, preposições) que lhes completam o sentido. É importante lembrar que o idioma está em constante mu-
Os sinais de pontuação, ligados à estrutura sintática, têm as tação. A própria evolução dos costumes, das ideias, das ciências,
seguintes finalidades: da política, enfim da vida social em geral, impõe a criação de
a) assinalar as pausas e as inflexões da voz (a entoação) na novas palavras e de formas de dizer.
leitura; A redação oficial não pode alhear-se dessas transformações,
b) separar palavras, expressões e orações que, segundo o nem incorporá-las acriticamente. Quanto às novidades vocabu-
autor, devem merecer destaque; e lares, por um lado, elas devem sempre ser usadas com critério,
c) esclarecer o sentido da frase, eliminando ambiguidades. evitando-se aquelas que podem ser substituídas por vocábulos
já de uso consolidado sem prejuízo do sentido que se lhes quer
A vírgula serve para marcar as separações breves de sentido dar.
entre termos vizinhos, as inversões e as intercalações, quer na De outro lado, não se concebe que, em nome de suposto
oração, quer no período. O ponto e vírgula, em princípio, sepa- purismo, a linguagem das comunicações oficiais fique imune às
ra estruturas coordenadas já portadoras de vírgulas internas. É criações vocabulares ou a empréstimos de outras línguas. A ra-
também usado em lugar da vírgula para dar ênfase ao que se pidez do desenvolvimento tecnológico, por exemplo, impõe a
quer dizer. criação de inúmeros novos conceitos e termos, ditando de certa
Emprega-se este sinal de pontuação para introduzir cita- forma a velocidade com que a língua deve incorporá-los. O im-
ções, marcar enunciados de diálogo e indicar um esclarecimen- portante é usar o estrangeirismo de forma consciente, buscar o
to, um resumo ou uma consequência do que se afirmou.
equivalente português quando houver ou conformar a palavra
O ponto de interrogação, como se depreende de seu nome, estrangeira ao espírito da Língua Portuguesa.
é utilizado para marcar o final de uma frase interrogativa direta. O problema do abuso de estrangeirismos inúteis ou empre-
O ponto de exclamação é utilizado para indicar surpresa, espan- gados em contextos em que não cabem, é em geral causado ou
to, admiração, súplica etc. Seu uso na redação oficial fica geral- pelo desconhecimento da riqueza vocabular de nossa língua, ou
mente restrito aos discursos e às peças de retórica. pela incorporação acrítica do estrangeirismo.
O uso do pronome demonstrativo obedece às seguintes cir- • A homonímia é a designação geral para os casos em que
cunstâncias: palavras de sentidos diferentes têm a mesma grafia (os homô-
a) Emprega-se este(a)/isto quando o termo referente esti- nimos homógrafos) ou a mesma pronúncia (os homônimos ho-
ver próximo ao emissor, ou seja, de quem fala ou redige. mófonos).
b) Emprega-se esse(a)/isso quando o termo referente esti- • Os homógrafos podem coincidir ou não na pronúncia,
ver próximo ao receptor, ou seja, a quem se fala ou para quem como nos exemplos: quarto (aposento) e quarto (ordinal), man-
se redige. ga (fruta) e manga (de camisa), em que temos pronúncia idênti-
c) Emprega-se aquele(a)/aquilo quando o termo referente ca; e apelo (pedido) e apelo (com e aberto, 1ª pess. Do sing. Do
estiver distante tanto do emissor quanto do receptor da men- pres. Do ind. Do verbo apelar), consolo (alívio) e consolo (com
sagem. o aberto, 1ª pess. Do sing. Do pres. Do ind. Do verbo consolar),
d) Emprega-se este(a) para referir-se ao tempo presente; com pronúncia diferente. Os homógrafos de idêntica pronúncia
e) Emprega-se esse(a) para se referir ao tempo passado; diferenciam-se pelo contexto em que são empregados.

53
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

• Já o termo paronímia designa o fenômeno que ocorre com difere, fundamentalmente, da atuação do homem comum, que
palavras semelhantes (mas não idênticas) quanto à grafia ou à se caracteriza mais por saber exatamente o que não quer, sem
pronúncia. É fonte de muitas dúvidas, como entre descrição (ato precisar o que efetivamente pretende.
de descrever) e discrição (qualidade do que é discreto), retificar A avaliação emocional dos problemas, a crítica generaliza-
(corrigir) e ratificar (confirmar). da e, às vezes, irrefletida sobre o estado de coisas dominante
acabam por permitir que predominem as soluções negativistas,
No Estado de Direito, as normas jurídicas cumprem a tarefa que têm por escopo, fundamentalmente, suprimir a situação
de concretizar a Constituição. Elas devem criar os fundamentos questionada sem contemplar, de forma detida e racional, as al-
de justiça e de segurança que assegurem um desenvolvimento ternativas possíveis ou as causas determinantes desse estado de
social harmônico em um contexto de paz e de liberdade. Esses coisas negativo. Outras vezes, deixa-se orientar por sentimento
complexos objetivos da norma jurídica são expressos nas fun- inverso, buscando, pura e simplesmente, a preservação do sta-
ções: tus quo.
I) de integração: a lei cumpre função de integração ao com- Essas duas posições podem levar, nos seus extremos, a uma
pensar as diferenças jurídico-políticas no quadro de formação imprecisa definição dos objetivos. A definição da decisão legis-
da vontade do Estado (desigualdades sociais, regionais); lativa deve ser precedida de uma rigorosa avaliação das alterna-
II) de planificação: a lei é o instrumento básico de organiza- tivas existentes, seus prós e contras. A existência de diversas al-
ção, de definição e de distribuição de competências; ternativas para a solução do problema não só amplia a liberdade
III) de proteção: a lei cumpre função de proteção contra o do legislador, como também permite a melhoria da qualidade da
arbítrio ao vincular os próprios órgãos do Estado; decisão legislativa.
IV) de regulação: a lei cumpre função reguladora ao direcio- Antes de decidir sobre a alternativa a ser positivada, devem-
nar condutas por meio de modelos; -se avaliar e contrapor as alternativas existentes sob dois pontos
V) de inovação: a lei cumpre função de inovação na ordem de vista: a) De uma perspectiva puramente objetiva: verificar se
jurídica e no plano social. a análise sobre os dados fáticos e prognósticos se mostra consis-
tente; b) De uma perspectiva axiológica: aferir, com a utilização
Requisitos da elaboração normativa: de critérios de probabilidade (prognósticos), se os meios a se-
• Clareza e determinação da norma; rem empregados mostram-se adequados a produzir as conse-
• Princípio da reserva legal; quências desejadas. Devem-se contemplar, igualmente, as suas
• Reserva legal qualificada (algumas providências sejam pre- deficiências e os eventuais efeitos colaterais negativos.
cedidas de específica autorização legislativa, vinculada à deter- O processo de decisão normativa estará incompleto caso se
minada situação ou destinada a atingir determinado objetivo); entenda que a tarefa do legislador se encerre com a edição do
• Princípio da legalidade nos âmbitos penal, tributário e ad- ato normativo. Uma planificação mais rigorosa do processo de
ministrativo; elaboração normativa exige um cuidadoso controle das diversas
• Princípio da proporcionalidade; consequências produzidas pelo novo ato normativo.
• Densidade da norma (a previsão legal contenha uma disci- É recomendável que o legislador redija as leis dentro de um
plina suficientemente concreta); espírito de sistema, tendo em vista não só a coerência e a har-
• Respeito ao direito adquirido, ao ato jurídico perfeito e à monia interna de suas disposições, mas também a sua adequada
coisa julgada; inserção no sistema jurídico como um todo. Essa sistematização
• Remissões legislativas (se as remissões forem inevitáveis, expressa uma característica da cientificidade do Direito e cor-
sejam elas formuladas de tal modo que permitam ao intérprete responde às exigências mínimas de segurança jurídica, à medida
apreender o seu sentido sem ter de compulsar o texto referido). que impedem uma ruptura arbitrária com a sistemática adotada
na aplicação do Direito. Costuma-se distinguir a sistemática da
Além do processo legislativo disciplinado na Constituição lei em sistemática interna (compatibilidade teleológica e au-
(processo legislativo externo), a doutrina identifica o chamado sência de contradição lógica) e sistemática externa (estrutura
processo legislativo interno, que se refere à forma de fazer ado- da lei).
tada para a tomada da decisão legislativa. Regras básicas a serem observadas para a sistematização do
Antes de decidir sobre as providências a serem tomadas, é texto do ato normativo, com o objetivo de facilitar sua estrutu-
essencial identificar o problema a ser enfrentado. Realizada a ração:
identificação do problema em decorrência de impulsos exter- a) matérias que guardem afinidade objetiva devem ser tra-
nos (manifestações de órgãos de opinião pública, críticas de tadas em um mesmo contexto ou agrupamento;
segmentos especializados) ou graças à atuação dos mecanismos b) os procedimentos devem ser disciplinados segundo a or-
próprios de controle, o problema deve ser delimitado de forma dem cronológica, se possível;
precisa. c) a sistemática da lei deve ser concebida de modo a permi-
A análise da situação questionada deve contemplar as cau- tir que ela forneça resposta à questão jurídica a ser disciplinada;
sas ou o complexo de causas que eventualmente determinaram e
ou contribuíram para o seu desenvolvimento. Essas causas po- d) institutos diversos devem ser tratados separadamente.
dem ter influências diversas, tais como condutas humanas, de-
senvolvimentos sociais ou econômicos, influências da política • O artigo de alteração da norma deve fazer menção expres-
nacional ou internacional, consequências de novos problemas sa ao ato normativo que está sendo alterado.
técnicos, efeitos de leis antigas, mudanças de concepção etc. • Na hipótese de alteração parcial de artigo, os dispositivos
Para verificar a adequação dos meios a serem utilizados, de- que não terão o seu texto alterado serão substituídos por linha
ve-se realizar uma análise dos objetivos que se esperam com a pontilhada, cujo uso é obrigatório para indicar a manutenção e a
aprovação da proposta. A ação do legislador, nesse âmbito, não não alteração do trecho do artigo.

54
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

O termo “republicação” é utilizado para designar apenas a ato normativo com força de lei que pode ser editado pelo Presi-
hipótese de o texto publicado não corresponder ao original as- dente da República em caso de relevância e urgência. Decretos
sinado pela autoridade. Não se pode cogitar essa hipótese por são atos administrativos de competência exclusiva do Chefe do
motivo de erro já constante do documento subscrito pela auto- Executivo, destinados a prover as situações gerais ou individuais,
ridade ou, muito menos, por motivo de alteração na opinião da abstratamente previstas, de modo expresso ou implícito, na lei.
autoridade. Considerando que os atos normativos somente pro- • Decretos singulares ou de efeitos concretos: Os decretos
duzem efeitos após a publicação no Diário Oficial da União, mes- podem conter regras singulares ou concretas (por exemplo, de-
mo no caso de republicação, não se poderá cogitar a existên- cretos referentes à questão de pessoal, de abertura de crédito,
cia de efeitos retroativos com a publicação do texto corrigido. de desapropriação, de cessão de uso de imóvel, de indulto, de
Contudo, o texto publicado sem correspondência com aquele perda de nacionalidade, etc.).
subscrito pela autoridade poderá ser considerado inválido com • Decretos regulamentares: Os decretos regulamentares
efeitos retroativos. são atos normativos subordinados ou secundários.
Já a retificação se refere aos casos em que texto publicado • Decretos autônomos: Limita-se às hipóteses de organiza-
corresponde ao texto subscrito pela autoridade, mas que conti- ção e funcionamento da administração pública federal, quando
nha lapso manifesto. A retificação requer nova assinatura pelas não implicar aumento de despesa nem criação ou extinção de
autoridades envolvidas e, em muitos casos, é menos convenien- órgãos públicos, e de extinção de funções ou cargos públicos,
te do que a mera alteração da norma. quando vagos.
A correção de erro material que não afete a substância do
ato singular de caráter pessoal e as retificações ou alterações da Portaria é o instrumento pelo qual Ministros ou outras au-
denominação de cargos, funções ou órgãos que tenham tido a toridades expedem instruções sobre a organização e o funcio-
denominação modificada em decorrência de lei ou de decreto namento de serviço, sobre questões de pessoal e outros atos de
superveniente à expedição do ato pessoal a ser apostilado são sua competência.
realizadas por meio de apostila. O apostilamento é de compe-
tência do setor de recurso humanos do órgão, autarquia ou fun- O processo legislativo abrange não só a elaboração das leis
dação, e dispensa nova assinatura da autoridade que subscreveu propriamente ditas (leis ordinárias, leis complementares, leis
delegadas), mas também a elaboração das emendas constitu-
o ato originário.
cionais, das medidas provisórias, dos decretos legislativos e das
Atenção: Deve-se ter especial atenção quando do uso do
resoluções.
apostilamento para os atos relativos à vacância ou ao provimen-
A iniciativa é a proposta de edição de direito novo. A iniciati-
to decorrente de alteração de estrutura de órgão, autarquia ou
va comum ou concorrente compete ao Presidente da República, a
fundação pública. O apostilamento não se aplica aos casos nos
qualquer Deputado ou Senador, a qualquer comissão de qualquer
quais a essência do cargo em comissão ou da função de con-
das Casas do Congresso, e aos cidadãos – iniciativa popular. A Cons-
fiança tenham sido alterados, tais como nos casos de alteração
tituição confere a iniciativa da legislação sobre certas matérias,
do nível hierárquico, transformação de atribuição de assessora-
privativamente, a determinados órgãos, denominada de iniciativa
mento em atribuição de chefia (ou vice-versa) ou transferência
reservada. A Constituição prevê, ainda, sistema de iniciativa vincu-
de cargo para unidade com outras competências. Também de- lada, na qual a apresentação do projeto é obrigatória. Nesse caso, o
ve-se alertar para o fato que a praxe atual tem sido exigir que o Chefe do Executivo Federal deve encaminhar ao Congresso Nacio-
apostilamento decorrente de alteração em estrutura regimental nal os projetos referentes às leis orçamentárias (plano plurianual,
seja realizado na mesma data da entrada em vigor de seu de- lei de diretrizes orçamentárias e o orçamento anual).
creto.
A estrutura dos atos normativos é composta por dois ele- A disciplina sobre a discussão e a instrução do projeto de lei
mentos básicos: a ordem legislativa e a matéria legislada. A or- é confiada, fundamentalmente, aos Regimentos das Casas Le-
dem legislativa compreende a parte preliminar e o fecho da lei gislativas.
ou do decreto; a matéria legislada diz respeito ao texto ou ao Emenda é a proposição apresentada como acessória de
corpo do ato. outra proposição. Nem todo titular de iniciativa tem poder de
A lei ordinária é ato normativo primário e contém, em re- emenda. Essa faculdade é reservada aos parlamentares. Se, en-
gra, normas gerais e abstratas. Embora as leis sejam definidas, tretanto, for de iniciativa do Poder Executivo ou do Poder Ju-
normalmente, pela generalidade e pela abstração (lei material), diciário, o seu titular também pode apresentar modificações,
estas contêm, não raramente, normas singulares (lei formal ou acréscimos, o que fará por meio de mensagem aditiva, dirigida
ato normativo de efeitos concretos). ao Presidente da Câmara dos Deputados, que justifique a ne-
As leis complementares são um tipo de lei que não têm a cessidade do acréscimo. A apresentação de emendas a qualquer
rigidez dos preceitos constitucionais, e tampouco comportam projeto de lei oriundo de iniciativa reservada é autorizada, des-
a revogação por força de qualquer lei ordinária superveniente. de que não implique aumento de despesa e que tenha estrita
Com a instituição de lei complementar, o constituinte buscou pertinência temática.
resguardar determinadas matérias contra mudanças céleres ou
apressadas, sem deixá-las exageradamente rígidas, o que difi- A Constituição não impede a apresentação de emendas ao
cultaria sua modificação. A lei complementar deve ser aprovada projeto de lei orçamentária. Elas devem ser, todavia, compatí-
pela maioria absoluta de cada uma das Casas do Congresso Na- veis com o plano plurianual e com a lei de diretrizes orçamen-
cional. tárias e devem indicar os recursos necessários, sendo admitidos
Lei delegada é o ato normativo elaborado e editado pelo apenas aqueles provenientes de anulação de despesa. A Consti-
Presidente da República em decorrência de autorização do Po- tuição veda a propositura de emendas ao projeto de lei de dire-
der Legislativo, expedida por meio de resolução do Congresso trizes orçamentárias que não guardem compatibilidade com o
Nacional e dentro dos limites nela traçados. Medida provisória é plano plurianual.

55
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

A votação da matéria legislativa constitui ato coletivo das


Casas do Congresso. Realiza-se, normalmente, após a instrução QUALIDADE NA PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS E NO ATEN-
do projeto nas comissões e dos debates no plenário. A sanção DIMENTO PRESENCIAL, VIRTUAL E TELEFÔNICO; TÉC-
é o ato pelo qual o Chefe do Executivo manifesta a sua anuên- NICAS DE ATENDIMENTO AO PÚBLICO: RECEPÇÃO,
cia ao projeto de lei aprovado pelo Poder Legislativo. Verifica-se PROCEDIMENTOS PROFISSIONAIS E PADRÕES DE
aqui a fusão da vontade do Congresso Nacional com a do Presi- ATENDIMENTO; TÉCNICAS SECRETARIAIS: ATENDI-
dente, da qual resulta a formação da lei. MENTO ONLINE, TELEFÔNICO, AGENDA E E-MAIL
O veto é o ato pelo qual o Chefe do Poder Executivo nega
sanção ao projeto – ou a parte dele –, obstando à sua conversão
em lei. Dois são os fundamentos para a recusa de sanção: Quando se fala em comunicação interna organizacional, au-
a) inconstitucionalidade; ou tomaticamente relaciona ao profissional de Relações Públicas,
b) contrariedade ao interesse público. pois ele é o responsável pelo relacionamento da empresa com
os seus diversos públicos (internos, externos e misto).
O veto deve ser expresso e motivado, e oposto no prazo As organizações têm passado por diversas mudanças bus-
de 15 dias úteis, contado da data do recebimento do projeto, e cando a modernização e a sobrevivência no mundo dos negó-
comunicado ao Congresso Nacional nas 48 horas subsequentes à cios. Os maiores objetivos dessas transformações são: tornar a
sua oposição. O veto não impede a conversão do projeto em lei, empresa competitiva, flexível, capaz de responder as exigências
podendo ser superado por deliberação do Congresso Nacional. do mercado, reduzindo custos operacionais e apresentando pro-
A promulgação e a publicação constituem fases essenciais dutos competitivos e de qualidade.
da eficácia da lei. A promulgação das leis compete ao Presiden- A reestruturação das organizações gerou um público interno
te da República. Ela deverá ocorrer dentro do prazo de 48 ho- de novo perfil. Hoje, os empregados são muito mais conscientes,
ras, decorrido da sanção ou da superação do veto. Nesse último responsáveis, inseridos e atentos às cobranças das empresas em
caso, se o Presidente não promulgar a lei, competirá a promul- todos os setores. Diante desse novo modelo organizacional, é
gação ao Presidente do Senado Federal, que disporá, igualmen- que se propõe como atribuição do profissional de Relações Pú-
te, de 48 horas para fazê-lo; se este não o fizer, deverá fazê-lo o blicas ser o intermediador, o administrador dos relacionamen-
Vice-Presidente do Senado Federal, em prazo idêntico. tos institucionais e de negócios da empresa com os seus públi-
O período entre a publicação da lei e a sua entrada em vigor cos. Sendo assim, fica claro que esse profissional tem seu campo
é chamado de período de vacância ou vacatio legis. Na falta de de ação na política de relacionamento da organização.
disposição especial, vigora o princípio que reconhece o decurso A comunicação interna, portanto, deve ser entendida como
de um lapso de tempo entre a data da publicação e o termo ini- um feixe de propostas bem encadeadas, abrangentes, coisa sig-
cial da obrigatoriedade (45 dias). nificativamente maior que um simples programa de comunica-
Podem-se distinguir seis tipos de procedimento legislativo: ção impressa. Para que se desenvolva em toda sua plenitude, as
a) procedimento legislativo normal: Trata da elaboração empresas estão a exigir profissionais de comunicação sistêmi-
das leis ordinárias (excluídas as leis financeiras e os códigos) e cos, abertos, treinados, com visões integradas e em permanente
complementares. estado de alerta para as ameaças e oportunidades ditadas pelo
meio ambiente.
b) procedimento legislativo abreviado: Este procedimento
dispensa a competência do Plenário, ocorrendo, por isso, a de- Percebe-se com isso, a multivariedade das funções dos Rela-
liberação terminativa sobre o projeto de lei nas próprias Comis- ções Públicas: estratégica, política, institucional, mercadológica,
sões Permanentes. social, comunitária, cultural, etc.; atuando sempre para cumprir
os objetivos da organização e definir suas políticas gerais de re-
c) procedimento legislativo sumário: Entre as prerrogativas lacionamento.
regimentais das Casas do Congresso Nacional existe a de confe-
Em vista do que foi dito sobre o profissional de Relações Pú-
rir urgência a certas proposições.
blicas, destaca-se como principal objetivo liderar o processo de
d) procedimento legislativo sumaríssimo: Existe nas duas
comunicação total da empresa, tanto no nível do entendimento,
Casas do Congresso Nacional mecanismo que assegura delibe- como no nível de persuasão nos negócios.
ração instantânea sobre matérias submetidas à sua apreciação.
e) procedimento legislativo concentrado: O procedimento
Pronúncia correta das palavras
legislativo concentrado tipifica-se, basicamente, pela apresenta- Proferir as palavras corretamente. Isso envolve:
ção das matérias em reuniões conjuntas de deputados e senado- - Usar os sons corretos para vocalizar as palavras;
res. Ex. para leis financeiras e delegadas. - Enfatizar a sílaba certa;
f) procedimento legislativo especial: Nesse procedimento, - Dar a devida atenção aos sinais diacríticos
englobam-se dois ritos distintos com características próprias,
um destinado à elaboração de emendas à Constituição; outro, Por que é importante?
à de códigos. A pronúncia correta confere dignidade à mensagem que
pregamos. Permite que os ouvintes se concentrem no teor da
mensagem sem ser distraídos por erros de pronúncia.

Fatores a considerar. Não há um conjunto de regras de pro-


núncia que se aplique a todos os idiomas. Muitos idiomas utili-
zam um alfabeto. Além do alfabeto latino, há também os alfabe-
tos árabe, cirílico, grego e hebraico. No idioma chinês, a escrita
não é feita por meio de um alfabeto, mas por meio de caracteres
que podem ser compostos de vários elementos.

56
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Esses caracteres geralmente representam uma palavra ou núncias diferentes, dependendo do contexto. Alguns dicionários
parte de uma palavra. Embora os idiomas japonês e coreano indicam a pronúncia de letras que têm sons variáveis bem como
usem caracteres chineses, estes podem ser pronunciados de ma- a sílaba tônica. Antes de fechar o dicionário, repita a palavra
neiras bem diferentes e nem sempre ter o mesmo significado. várias vezes em voz alta.
Nos idiomas alfabéticos, a pronúncia adequada exige que Uma segunda maneira de melhorar a pronúncia é ler para
se use o som correto para cada letra ou combinação de letras. alguém que pronuncia bem as palavras e pedir-lhe que corrija
Quando o idioma segue regras coerentes, como é o caso do es- seus erros.
panhol, do grego e do zulu, a tarefa não é tão difícil. Contudo, as Um terceiro modo de aprimorar a pronúncia é prestar aten-
palavras estrangeiras incorporadas ao idioma às vezes mantêm ção aos bons oradores.
uma pronúncia parecida à original. Assim, determinadas letras, Pronúncia de números telefônicos
ou combinações de letras, podem ser pronunciadas de diver- O número de telefone deve ser pronunciado algarismo por
sas maneiras ou, às vezes, simplesmente não ser pronunciadas. algarismo.
Você talvez precise memorizar as exceções e então usá-las re- Deve-se dar uma pausa maior após o prefixo.
gularmente ao conversar. Em chinês, a pronúncia correta exige Lê-se em caso de uma sequencia de números de três em três
a memorização de milhares de caracteres. Em alguns idiomas, o algarismos, com exceção de uma sequencia de quatro números
significado de uma palavra muda de acordo com a entonação. juntos, onde damos uma pausa a cada dois algarismos.
Se a pessoa não der a devida atenção a esse aspecto do idioma, O número “6” deve ser pronunciado como “meia” e o nú-
poderá transmitir ideias erradas. mero “11”, que é outra exceção, deve ser pronunciado como
Se as palavras de um idioma forem compostas de sílabas, é “onze”.
importante enfatizar a sílaba correta. Muitos idiomas que usam Veja abaixo os exemplos
esse tipo de estrutura têm regras bem definidas sobre a posição 011.264.1003 – zero, onze – dois, meia, quatro – um, zero
da sílaba tônica (aquela que soa mais forte). As palavras que fo- – zero, três
gem a essas regras geralmente recebem um acento gráfico, o 021.271.3343 – zero, dois, um – dois, sete, um – três, três
que torna relativamente fácil pronunciá-las de maneira correta. – quatro, três
Contudo, se houver muitas exceções às regras, o problema fica 031.386.1198 – zero, três, um – três, oito, meia – onze –
mais complicado. Nesse caso, exige bastante memorização para nove, oito
se pronunciar corretamente as palavras.
Em alguns idiomas, é fundamental prestar bastante atenção Exceções
aos sinais diacríticos que aparecem acima e abaixo de determi- 110 -cento e dez
nadas letras, como: è, é, ô, ñ, ō, ŭ, ü, č, ç. 111 – cento e onze
Na questão da pronúncia, é preciso evitar algumas arma- 211 – duzentos e onze
dilhas. A precisão exagerada pode dar a impressão de afetação 118 – cento e dezoito
e até de esnobismo. O mesmo acontece com as pronúncias em 511 – quinhentos e onze
desuso. Tais coisas apenas chamam atenção para o orador. Por 0001 – mil ao contrario
outro lado, é bom evitar o outro extremo e relaxar tanto no uso
da linguagem quanto na pronúncia das palavras. Algumas dessas Atendimento telefônico
questões já foram discutidas no estudo “Articulação clara”. Na comunicação telefônica, é fundamental que o interlocu-
Em alguns idiomas, a pronúncia aceitável pode diferir de um tor se sinta acolhido e respeitado, sobretudo porque se trata da
país para outro — até mesmo de uma região para outra no mes- utilização de um canal de comunicação a distância. É preciso,
mo país. Um estrangeiro talvez fale o idioma local com sotaque. portanto, que o processo de comunicação ocorra da melhor ma-
Os dicionários às vezes admitem mais de uma pronúncia para neira possível para ambas as partes (emissor e receptor) e que
determinada palavra. Especialmente se a pessoa não teve muito as mensagens sejam sempre acolhidas e contextualizadas, de
acesso à instrução escolar ou se a sua língua materna for outra, modo que todos possam receber bom atendimento ao telefone.
ela se beneficiará muito por ouvir com atenção os que falam Alguns autores estabelecem as seguintes recomendações
bem o idioma local e imitar sua pronúncia. Como Testemunhas para o atendimento telefônico:
de Jeová queremos falar de uma maneira que dignifique a men- • não deixar o cliente esperando por um tempo muito lon-
sagem que pregamos e que seja prontamente entendida pelas go. É melhor explicar o motivo de não poder atendê-lo e retor-
pessoas da localidade. nar a ligação em seguida;
No dia-a-dia, é melhor usar palavras com as quais se está • o cliente não deve ser interrompido, e o funcionário tem
bem familiarizado. Normalmente, a pronúncia não constitui pro- de se empenhar em explicar corretamente produtos e serviços;
blema numa conversa, mas ao ler em voz alta você poderá se • atender às necessidades do cliente; se ele desejar algo que
deparar com palavras que não usa no cotidiano. o atendente não possa fornecer, é importante oferecer alterna-
tivas;
Maneiras de aprimorar • agir com cortesia. Cumprimentar com um “bom-dia” ou
Muitas pessoas que têm problemas de pronúncia não se “boa-tarde”, dizer o nome e o nome da empresa ou instituição
dão conta disso. são atitudes que tornam a conversa mais pessoal. Perguntar o
Em primeiro lugar, quando for designado a ler em público, nome do cliente e tratá-lo pelo nome transmitem a ideia de que
consulte num dicionário as palavras que não conhece. Se não ele é importante para a empresa ou instituição. O atendente
tiver prática em usar o dicionário, procure em suas páginas ini- deve também esperar que o seu interlocutor desligue o telefo-
ciais, ou finais, a explicação sobre as abreviaturas, as siglas e os ne. Isso garante que ele não interrompa o usuário ou o cliente.
símbolos fonéticos usados ou, se necessário, peça que alguém o Se ele quiser complementar alguma questão, terá tempo de re-
ajude a entendê-los. Em alguns casos, uma palavra pode ter pro- tomar a conversa.

57
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

No atendimento telefônico, a linguagem é o fator principal • Receptividade - demonstrar paciência e disposição para
para garantir a qualidade da comunicação. Portanto, é preciso servir, como, por exemplo, responder às dúvidas mais comuns
que o atendente saiba ouvir o interlocutor e responda a suas dos usuários como se as estivesse respondendo pela primeira
demandas de maneira cordial, simples, clara e objetiva. O uso vez. Da mesma forma é necessário evitar que interlocutor espe-
correto da língua portuguesa e a qualidade da dicção também re por respostas;
são fatores importantes para assegurar uma boa comunicação • Atenção – ouvir o interlocutor, evitando interrupções, di-
telefônica. É fundamental que o atendente transmita a seu in- zer palavras como “compreendo”, “entendo” e, se necessário,
terlocutor segurança, compromisso e credibilidade. anotar a mensagem do interlocutor);
• Empatia - para personalizar o atendimento, pode-se pro-
Além das recomendações anteriores, são citados, a seguir, nunciar o nome do usuário algumas vezes, mas, nunca, expres-
procedimentos para a excelência no atendimento telefônico: sões como “meu bem”, “meu querido, entre outras);
• Identificar e utilizar o nome do interlocutor: ninguém gos- • Concentração – sobretudo no que diz o interlocutor (evitar
ta de falar com um interlocutor desconhecido, por isso, o aten- distrair-se com outras pessoas, colegas ou situações, desvian-
dente da chamada deve identificar-se assim que atender ao te- do-se do tema da conversa, bem como evitar comer ou beber
lefone. Por outro lado, deve perguntar com quem está falando e enquanto se fala);
passar a tratar o interlocutor pelo nome. Esse toque pessoal faz • Comportamento ético na conversação – o que envolve
com que o interlocutor se sinta importante; também evitar promessas que não poderão ser cumpridas.
• assumir a responsabilidade pela resposta: a pessoa que
atende ao telefone deve considerar o assunto como seu, ou seja,
comprometer-se e, assim, garantir ao interlocutor uma resposta Atendimento e tratamento
rápida. Por exemplo: não deve dizer “não sei”, mas “vou imedia- O atendimento está diretamente relacionado aos negócios
tamente saber” ou “daremos uma resposta logo que seja possí- de uma organização, suas finalidades, produtos e serviços, de
vel”.Se não for mesmo possível dar uma resposta ao assunto, o acordo com suas normas e regras. O atendimento estabelece,
atendente deverá apresentar formas alternativas para o fazer, dessa forma, uma relação entre o atendente, a organização e o
como: fornecer o número do telefone direto de alguém capaz de cliente.
resolver o problema rapidamente, indicar o e-mail ou numero
da pessoa responsável procurado. A pessoa que ligou deve ter A qualidade do atendimento, de modo geral, é determinada
a garantia de que alguém confirmará a recepção do pedido ou por indicadores percebidos pelo próprio usuário relativamente
chamada; a:
• Não negar informações: nenhuma informação deve ser • competência – recursos humanos capacitados e recursos
negada, mas há que se identificar o interlocutor antes de a for- tecnológicos adequados;
necer, para confirmar a seriedade da chamada. Nessa situação, • confiabilidade – cumprimento de prazos e horários esta-
é adequada a seguinte frase: vamos anotar esses dados e depois belecidos previamente;
entraremos em contato com o senhor • credibilidade – honestidade no serviço proposto;
• Não apressar a chamada: é importante dar tempo ao tem- • segurança – sigilo das informações pessoais;
po, ouvir calmamente o que o cliente/usuário tem a dizer e mos- • facilidade de acesso – tanto aos serviços como ao pessoal
trar que o diálogo está sendo acompanhado com atenção, dando de contato;
feedback, mas não interrompendo o raciocínio do interlocutor; • comunicação – clareza nas instruções de utilização dos
• Sorrir: um simples sorriso reflete-se na voz e demonstra serviços.
que o atendente é uma pessoa amável, solícita e interessada;
• Ser sincero: qualquer falta de sinceridade pode ser catas- Fatores críticos de sucesso ao telefone:
trófica: as más palavras difundem-se mais rapidamente do que - A voz / respiração / ritmo do discurso
as boas; - A escolha das palavras
• Manter o cliente informado: como, nessa forma de comu- - A educação
nicação, não se estabele o contato visual, é necessário que o
atendente, se tiver mesmo que desviar a atenção do telefone Ao telefone, a sua voz é você. A pessoa que está do outro
durante alguns segundos, peça licença para interromper o diálo- lado da linha não pode ver as suas expressões faciais e gestos,
go e, depois, peça desculpa pela demora. Essa atitude é impor- mas você transmite através da voz o sentimento que está ali-
tante porque poucos segundos podem parecer uma eternidade mentando ao conversar com ela. As emoções positivas ou nega-
para quem está do outro lado da linha; tivas, podem ser reveladas, tais como:
• Ter as informações à mão: um atendente deve conservar a • Interesse ou desinteresse,
informação importante perto de si e ter sempre à mão as infor- • Confiança ou desconfiança,
mações mais significativas de seu setor. Isso permite aumentar • Alerta ou cansaço,
a rapidez de resposta e demonstra o profissionalismo do aten- • Calma ou agressividade,
dente; • Alegria ou tristeza,
• Estabelecer os encaminhamentos para a pessoa que liga: • Descontração ou embaraço,
quem atende a chamada deve definir quando é que a pessoa • Entusiasmo ou desânimo.
deve voltar a ligar (dia e hora) ou quando é que a empresa ou
instituição vai retornar a chamada. O ritmo habitual da comunicação oral é de 180 palavras por
minuto; ao telefone deve-se reduzir para 120 palavras por minu-
Todas estas recomendações envolvem as seguintes atitudes to aproximadamente, tornando o discurso mais claro.
no atendimento telefônico:

58
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

A fala muito rápida dificulta a compreensão da mensagem 8 - Controle o tempo: se precisar de um tempo, peça o clien-
e pode não ser perceptível; a fala muito lenta pode o outro a te para aguardar na linha, mas não demore uma eternidade,
julgar que não existe entusiasmo da sua parte. pois, o cliente pode se sentir desprestigiado e desligar o tele-
fone.
O tratamento é a maneira como o funcionário se dirige ao 9 - Atenda o telefone o mais rápido possível: o ideal é aten-
cliente e interage com ele, orientando-o, conquistando sua sim- der o telefone no máximo até o terceiro toque, pois, é um ato
patia. Está relacionada a: que demonstra afabilidade e empenho em tentar entregar para
• Presteza – demonstração do desejo de servir, valorizando o cliente a máxima eficiência.
prontamente a solicitação do usuário; 10 - Nunca cometa o erro de dizer “alô”: o ideal é dizer o
• Cortesia – manifestação de respeito ao usuário e de cor- nome da organização, o nome da própria pessoa seguido ainda,
dialidade; das tradicionais saudações (bom dia, boa tarde, etc.). Além dis-
• Flexibilidade – capacidade de lidar com situações não-pre- so, quando for encerrar a conversa lembre-se de ser amistoso,
vistas. agradecendo e reafirmando o que foi acordado.
11 - Seja pró ativo: se um cliente procurar por alguém que
A comunicação entre as pessoas é algo multíplice, haja vis- não está presente na sua empresa no momento da ligação, ja-
ta, que transmitir uma mensagem para outra pessoa e fazê-la mais peça a ele para ligar mais tarde, pois, essa é uma função do
compreender a essência da mesma é uma tarefa que envolve atendente, ou seja, a de retornar a ligação quando essa pessoa
inúmeras variáveis que transformam a comunicação humana em estiver de volta à organização.
um desafio constante para todos nós. 12 - Tenha sempre papel e caneta em mãos: a organização
E essa complexidade aumenta quando não há uma comu- é um dos princípios para um bom atendimento telefônico, haja
nicação visual, como na comunicação por telefone, onde a voz vista, que é necessário anotar o nome da pessoa e os pontos
é o único instrumento capaz de transmitir a mensagem de um principais que foram abordados.
emissor para um receptor. Sendo assim, inúmeras empresas co- 13 – Cumpra seus compromissos: um atendente que não
metem erros primários no atendimento telefônico, por se tratar tem responsabilidade de cumprir aquilo que foi acordado de-
de algo de difícil consecução. monstra desleixo e incompetência, comprometendo assim, a
Abaixo 16 dicas para aprimorar o atendimento telefônico, imagem da empresa. Sendo assim, se tiver que dar um recado,
de modo a atingirmos a excelência, confira: ou, retornar uma ligação lembre-se de sua responsabilidade,
1 - Profissionalismo: utilize-se sempre de uma linguagem evitando esquecimentos.
formal, privilegiando uma comunicação que transmita respeito e 14 – Tenha uma postura afetuosa e prestativa: ao atender o
seriedade. Evite brincadeiras, gírias, intimidades, etc, pois assim telefone, você deve demonstrar para o cliente uma postura de
fazendo, você estará gerando uma imagem positiva de si mesmo quem realmente busca ajudá-lo, ou seja, que se importa com
por conta do profissionalismo demonstrado. os problemas do mesmo. Atitudes negativas como um tom de
2 - Tenha cuidado com os ruídos: algo que é extremamente voz desinteressado, melancólico e enfadado contribuem para a
prejudicial ao cliente são as interferências, ou seja, tudo aquilo desmotivação do cliente, sendo assim, é necessário demonstrar
que atrapalha a comunicação entre as partes (chieira, sons de interesse e iniciativa para que a outra parte se sinta acolhida.
aparelhos eletrônicos ligados, etc.). Sendo assim, é necessário 15 – Não seja impaciente: busque ouvir o cliente atenta-
manter a linha “limpa” para que a comunicação seja eficiente, mente, sem interrompê-lo, pois, essa atitude contribui positi-
evitando desvios. vamente para a identificação dos problemas existentes e conse-
3 - Fale no tom certo: deve-se usar u m tom de voz que quentemente para as possíveis soluções que os mesmos exigem.
seja minimamente compreensível, evitando desconforto para o 16 – Mantenha sua linha desocupada: você já tentou ligar
cliente que por várias vezes é obrigado a “implorar” para que o para alguma empresa e teve que esperar um longo período de
atendente fale mais alto. tempo para que a linha fosse desocupada? Pois é, é algo ex-
4 - Fale no ritmo certo: não seja ansioso para que você não tremamente inconveniente e constrangedor. Por esse motivo,
cometa o erro de falar muito rapidamente, ou seja, procure en- busque não delongar as conversas e evite conversas pessoais,
contrar o meio termo (nem lento e nem rápido), de forma que o objetivando manter, na medida do possível, sua linha sempre
cliente entenda perfeitamente a mensagem, que deve ser trans- disponível para que o cliente não tenha que esperar muito tem-
mitida com clareza e objetividade. po para ser atendido.
5 - Tenha boa dicção: use as palavras com coerência e coe-
são para que a mensagem tenha organização, evitando possíveis Buscar a excelência constantemente na comunicação huma-
erros de interpretação por parte do cliente. na é um ato fundamental para todos nós, haja vista, que esta-
6 - Tenha equilíbrio: se você estiver atendendo um cliente mos nos comunicando o tempo todo com outras pessoas. Infeliz-
sem educação, use a inteligência, ou seja, seja paciente, ouça-o mente algumas pessoas não levam esse importante ato a sério,
atentamente, jamais seja hostil com o mesmo e tente acalmá- comprometendo assim, a capacidade humana de transmitir uma
-lo, pois assim, você estará mantendo sua imagem intacta, haja simples mensagem para outra pessoa. Sendo assim, devemos fi-
vista, que esses “dinossauros” não precisam ser atacados, pois, car atentos para não repetirmos esses erros e consequentemen-
eles se matam sozinhos. te aumentarmos nossa capacidade de comunicação com nosso
7 - Tenha carisma: seja uma pessoa empática e sorridente semelhante.
para que o cliente se sinta valorizado pela empresa, gerando um
clima confortável e harmônico. Para isso, use suas entonações
com criatividade, de modo a transmitir emoções inteligentes e
contagiantes.

59
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Resoluções de situações conflitantes ou problemas quanto puder atender , complete a ligação, se não, diga que a outra
ao atendimento de ligações ou transferências ligação ainda está em andamento e reafirme sua possibilidade
O agente de comunicação é o cartão de visita da empresa.. em auxiliar.
Por isso é muito importante prestar atenção a todos os detalhes
do seu trabalho. Geralmente você é a primeira pessoa a manter Lembre-se:
contato com o público. Sua maneira de falar e agir vai contribuir Você deve ser natural, mas não deve esquecer de certas
muito para a imagem que irão formar sobre sua empresa. Não formalidades como, por exemplo, dizer sempre “por favor” ,
esqueça: a primeira impressão é a que fica. “Queira desculpar”, “Senhor”, “Senhora”. Isso facilita a comu-
Alguns detalhes que podem passar despercebidos na rotina nicação e induz a outra pessoa a ter com você o mesmo tipo de
do seu trabalho: tratamento.
- Voz: deve ser clara, num tom agradável e o mais natural A conversa: existem expressões que nunca devem ser usa-
possível. Assim você fala só uma vez e evita perda de tempo. das, tais como gírias, meias palavras, e palavras com conotação
- Calma: Ás vezes pode não ser fácil mas é muito importante de intimidade. A conversa deve ser sempre mantida em nível
que você mantenha a calma e a paciência . A pessoa que esta profissional.
chamando merece ser atendida com toda a delicadeza. Não
deve ser apressada ou interrompida. Mesmo que ela seja um Equipamento básico
pouco grosseira, você não deve responder no mesmo tom. Pelo Além da sala, existem outras coisas necessárias para assegu-
contrário, procure acalmá-la. rar o bom andamento do seu trabalho:
- Interesse e iniciativa: Cada pessoa que chama merece - Listas telefônicas atualizadas.
atenção especial. E você, como toda boa telefonista, deve ser - Relação dos ramais por nomes de funcionários (em ordem
sempre simpática e demonstrar interesse em ajudar. alfabética).
- Sigilo: Na sua profissão, às vezes é preciso saber de deta- - Relação dos números de telefones mais chamados.
lhes importantes sobre o assunto que será tratado. Esses deta- - Tabela de tarifas telefônicas.
lhes são confidenciais e pertencem somente às pessoas envolvi- - Lápis e caneta
das. Você deve ser discreta e manter tudo em segredo. A quebra - Bloco para anotações
de sigilo nas ligações telefônicas é considerada uma falta grave, - Livro de registro de defeitos.
sujeita às penalidades legais.
O que você precisa saber:
O que dizer e como dizer O seu equipamento telefônico não é apenas parte do seu
Aqui seguem algumas sugestões de como atender as cha- material de trabalho. É o que há de mais importante. Por isso
madas externas: você deve saber como ele funciona. Tecnicamente, o equipa-
- Ao atender uma chamada externa, você deve dizer o nome mento que você usa é chamado de CPCT - Central Privada de
da sua empresa seguido de bom dia, boa tarde ou boa noite. Comunicação Telefônica, que permite você fazer ligações inter-
- Essa chamada externa vai solicitar um ramal ou pessoa. nas (de ramal para ramal) e externas. Atualmente existem dois
Você deve repetir esse número ou nome, para ter certeza de que tipos: PABX e KS.
entendeu corretamente. Em seguida diga: “ Um momento, por - PABX (Private Automatic Branch Exchange): neste sistema,
favor,” e transfira a ligação. todas as ligaçõesinternas e a maioria das ligações para fora da
empresa são feitas pelos usuários de ramais. Todas as ligações
Ao transferir as ligações, forneça as informações que já pos- que entram, passam pela telefonista.
sui; faça uso do seu vocabulário profissional; fale somente o ne- - KS (Key System): todas as ligações, sejam elas de entrada,
cessário e evite assuntos pessoais. de saída ou internas, são feitas sem passar pela telefonista
Nunca faça a transferência ligeiramente, sem informar ao
seu interlocutor o que vai fazer, para quem vai transferir a liga- Informações básicas adicionais
ção, mantenha-o ciente dos passos desse atendimento. - Ramal: são os terminais de onde saem e entram as ligações
Não se deve transferir uma ligação apenas para se livrar telefônicas. Eles se dividem em:
dela. Deve oferecer-se para auxiliar o interlocutor, colocar-se à * Ramais privilegiados: são os ramais de onde se podem fa-
disposição dele, e se acontecer de não ser possível, transfira-o zer ligações para fora sem passar pela telefonista
para quem realmente possa atendê-lo e resolver sua solicitação. * Ramais semi-privilegiados: nestes ramais é necessário o
Transferir o cliente de um setor para outro, quando essa ligação auxilio da telefonista para ligar para fora.
já tiver sido transferida várias vezes não favorece a imagem da * Ramais restritos: só fazem ligações internas.
empresa. Nesse caso, anote a situação e diga que irá retornar -Linha - Tronco: linha telefônica que ligaa CPCT à central Te-
com as informações solicitadas. lefônica Pública.
- Se o ramal estiver ocupado quando você fizer a transferên- - Número-Chave ou Piloto: Número que acessa automatica-
cia, diga à pessoa que chamou: “O ramal está ocupado. Posso mente as linhas que estão em busca automática, devendo ser o
anotar o recado e retornar a ligação.” É importante que você único número divulgado ao público.
não deixe uma linha ocupada com uma pessoa que está apenas - Enlace: Meio pelo qual se efetuam as ligações entre ramais
esperando a liberação de um ramal. Isso pode congestionar as e linhas-tronco.
linhas do equipamento, gerando perda de ligações. Mas caso - Bloqueador de Interurbanos: Aparelho que impede a reali-
essa pessoa insista em falar com o ramal ocupado, você deve zação de ligações interurbanas.
interromper a outra ligação e dizer: “Desculpe-me interromper - DDG: (Discagem Direta Gratuita), serviço interurbano fran-
sua ligação, mas há uma chamada urgente do (a) Sr.(a) Fulano(a) queado, cuja cobrança das ligações é feita no telefone chamado.
para este ramal. O (a) senhor (a) pode atender?” Se a pessoa

60
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

- DDR : (Discagem direta a Ramal) , as chamadas externas Uma maneira eficaz de não cair na tentação de “brigar” ou
vão direto para o ramal desejado, sem passar pela telefonista . “discutir” com um cliente é estar consciente – sempre alerta -,
Isto só é possível em algumas CPCTs do tipo PABX. de forma que se evite SINTONIZAR na mesma frequência emo-
- Pulso : Critério de medição de uma chamada por tempo, cional do Cliente, quando esta for negativa. Exemplos:
distância e horário.
- Consultores: empregados da Telems que dão orientação O Cliente está... Reaja de forma oposta
às empresas quanto ao melhor funcionamento dos sistemas de
telecomunicações. Falando alto, gritando. Fale baixo, pausadamente.
- Mantenedora: empresa habilitada para prestar serviço e Irritado Mantenha a calma.
dar assistência às CPCTs. Desafiando Não aceite. Ignore o desafio.
- Serviço Noturno: direciona as chamadas recebidas nos ho-
rários fora do expediente para determinados ramais. Só é possí- Diga-lhe que é possível resolver o
vel em CPCTs do tipo PBX e PABX. Ameaçando problema sem a necessidade de uma
ação extrema.
Em casos onde você se depara com uma situação que repre- Diga-lhe que o compreende, que gos-
sente conflito ou problema, é necessário adequar a sua reação à Ofendendo taria que ele lhe desse uma oportuni-
cada circunstância. Abaixo alguns exemplos. dade para ajudá-lo.

1ª - Um cliente chega nervoso – o que fazer? 6ª – Equilíbrio Emocional


- Não interrompa a fala do Cliente. Deixe-o liberar a raiva. Em uma época em que manter um excelente relaciona-
- Acima de tudo, mantenha-se calmo. mento com o Cliente é um pré-requisito de sucesso, ter um alto
- Por nenhuma hipótese, sintonize com o Cliente, em um coeficiente de IE (Inteligência Emocional) é muito importante
estado de nervosismo. para todos os profissionais, particularmente os que trabalham
- Jamais diga ao Cliente: “Calma, o (a) senhor (a) está muito diretamente no atendimento a Clientes.
nervoso (a), tente acalmar-se”.
- Use frases adequadas ao momento. Frases que ajudam Você exercerá melhor sua Inteligência Emocional à medida
acalmar o Cliente, deixando claro que você está ali para ajudá-lo que:
- For paciente e compreensivo com o Cliente.
2ª – Diante de um Cliente mal-educado – o que fazer? - Tiver uma crescente capacidade de separar as questões
- O tratamento deverá ser sempre positivo, independente- pessoais dos problemas da empresa.
mente das circunstâncias. - Entender que o foco de “fúria” do Cliente não é você, mas,
- Não fique envolvido emocionalmente. Aprenda a entender sim, a empresa. Que você só está ali como uma espécie de “pa-
que você não é o alvo. ra-raios”.
- Reaja com mais cortesia, com suavidade, cuidando para - Não fizer pré julgamentos dos clientes.
não parecer ironia. Quando você toma a iniciativa e age positiva- - Entender que cada cliente é diferente do outro.
mente, coloca uma pressão psicológica no Cliente, para que ele - Entender que para você o problema apresentado pelo
reaja de modo positivo. cliente é um entre dezenas de outros; para o cliente não, o pro-
blema é único, é o problema dele.
3ª – Diante de erros ou problemas causados pela empresa - Entender que seu trabalho é este: atender o melhor pos-
- ADMITA o erro, sem evasivas, o mais rápido possível. sível.
- Diga que LAMENTA muito e que fará tudo que estiver ao - Entender que você e a empresa dependem do cliente, não
seu alcance para que o problema seja resolvido. ele de vocês.
- CORRIJA o erro imediatamente, ou diga quando vai corri- - Entender que da qualidade de sua REAÇÃO vai depender o
gir. futuro da relação do cliente com a empresa.
- Diga QUEM e COMO vai corrigir o problema.
- EXPLIQUE o que ocorreu, evitando justificar. POSTURA DE ATENDIMENTO - (Conduta/Bom senso/Cor-
- Entretanto, se tiver uma boa justificativa, JUSTIFIQUE, mas dialidade)
com muita prudência. O Cliente não se interessa por “justificati-
vas”. Este é um problema da empresa. A FUGA DOS CLIENTES
4ª – O Cliente não está entendendo – o que fazer? As pesquisas revelam que 68% dos clientes das empresas
- Concentre-se para entender o que realmente o Cliente fogem delas por problemas relacionados à postura de atendi-
quer ou, exatamente, o que ele não está entendendo e o por- mento.
quê. Numa escala decrescente de importância, podemos obser-
- Caso necessário, explique novamente, de outro jeito, até var os seguintes percentuais:
que o Cliente entenda. - 68% dos clientes fogem das empresas por problemas de
- Alguma dificuldade maior? Peça Ajuda! Chame o gerente, postura no atendimento;
o chefe, o encarregado, mas evite, na medida do possível, que o 1. 14% fogem por não terem suas reclamações atendidas;
Cliente saia sem entender ou concordar com a resolução. 2. 9% fogem pelo preço;
3. 9% fogem por competição, mudança de endereço, morte.
5ª – Discussão com o Cliente
Em uma discussão com o Cliente, com ou sem razão, você
sempre perde!

61
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

A origem dos problemas está nos sistemas implantados Os três passos do verdadeiro profissional de atendimento:
nas organizações, muitas vezes obsoletos. Estes sistemas não 01. Entender o seu VERDADEIRO PAPEL, que é o de com-
definem uma política clara de serviços, não definem o que é o preender e atender as necessidades dos clientes, fazer com que
próprio serviço e qual é o seu produto. Sem isso, existe muita ele seja bem recebido, ajudá-lo a se sentir importante e pro-
dificuldade em satisfazer plenamente o cliente. porcioná-lo um ambiente agradável. Este profissional é voltado
Estas empresas que perdem 68% dos seus clientes, não con- completamente para a interação com o cliente, estando sempre
tratam profissionais com características básicas para atender o com as suas antenas ligadas neste, para perceber constante-
público, não treinam estes profissionais na postura adequada, mente as suas necessidades. Para este profissional, não basta
não criam um padrão de atendimento e este passa a ser realiza- apenas conhecer o produto ou serviço, mas o mais importante
do de acordo com as características individuais e o bom senso é demonstrar interesse em relação às necessidades dos clientes
de cada um. e atendê-las.
A falta de noção clara da causa primária da perda de clien- 02. Entender o lado HUMANO, conhecendo as necessidades
tes faz com que as empresas demitam os funcionários “porque dos clientes, aguçando a capacidade de perceber o cliente. Para
eles não sabem nem atender o cliente”. Parece até que o atendi- entender o lado humano, é necessário que este profissional te-
mento é a tarefa mais simples da empresa e que menos merece nha uma formação voltada para as pessoas e goste de lidar com
preocupação. Ao contrário, é a mais complexa e recheada de gente. Se espera que ele fique feliz em fazer o outro feliz, pois
nuances que perpassam pela condição individual e por condi- para este profissional, a felicidade de uma pessoa começa no
ções sistêmicas. mesmo instante em que ela cessa a busca de sua própria felici-
Estas condições sistêmicas estão relacionadas a: dade para buscar a felicidade do outro.
1. Falta de uma política clara de serviços; 03. Entender a necessidade de manter um ESTADO DE ESPÍ-
2. Indefinição do conceito de serviços; RITO POSITIVO, cultivando pensamentos e sentimentos positi-
3. Falta de um perfil adequado para o profissional de aten- vos, para ter atitudes adequadas no momento do atendimento.
dimento; Ele sabe que é fundamental separar os problemas particulares
4. Falta de um padrão de atendimento; do dia a dia do trabalho e, para isso, cultiva o estado de espírito
5. Inexistência do follow up; antes da chegada do cliente. O primeiro passo de cada dia, é
6. Falta de treinamento e qualificação de pessoal. iniciar o trabalho com a consciência de que o seu principal papel
é o de ajudar os clientes a solucionarem suas necessidades. A
Nas condições individuais, podemos encontrar a contrata- postura é de realizar serviços para o cliente.
ção de pessoas com características opostas ao necessário para
atender ao público, como: timidez, avareza, rebeldia... Os requisitos para contratação deste profissional
Para trabalhar com atendimento ao público, alguns requisi-
SERVIÇO E POSTURA DE ATENDIMENTO tos são essenciais ao atendente. São eles:
Observando estas duas condições principais que causam a - Gostar de SERVIR, de fazer o outro feliz.
vinculação ou o afastamento do cliente da empresa, podemos - Gostar de lidar com gente.
separar a estrutura de uma empresa de serviços em dois itens: - Ser extrovertido.
os serviços e a postura de atendimento. - Ter humildade.
O SERVIÇO assume uma dimensão macro nas organizações - Cultivar um estado de espírito positivo.
e, como tal, está diretamente relacionado ao próprio negócio. - Satisfazer as necessidades do cliente.
Nesta visão mais global, estão incluídas as políticas de servi- - Cuidar da aparência.
ços, a sua própria definição e filosofia. Aqui, também são trata-
dos os aspectos gerais da organização que dão peso ao negócio, Com estes requisitos, o sinal fica verde para o atendimento.
como: o ambiente físico, as cores (pintura), os jardins. Este item, A POSTURA pode ser entendida como a junção de todos os
portanto, depende mais diretamente da empresa e está mais aspectos relacionados com a nossa expressão corporal na sua
relacionado com as condições sistêmicas. totalidade e nossa condição emocional.
Podemos destacar 03 pontos necessários para falarmos de
Já a POSTURA DE ATENDIMENTO, que é o tratamento dis- POSTURA. São eles:
pensado às pessoas, está mais relacionado com o funcionário 01. Ter uma POSTURA DE ABERTURA: que se caracteriza por
em si, com as suas atitudes e o seu modo de agir com os clientes. um posicionamento de humildade, mostrando-se sempre dispo-
Portanto, está ligado às condições individuais. nível para atender e interagir prontamente com o cliente. Esta
É necessário unir estes dois pontos e estabelecer nas po- POSTURA DE ABERTURA do atendente suscita alguns sentimen-
líticas das empresas, o treinamento, a definição de um padrão tos positivos nos clientes, como por exemplo:
de atendimento e de um perfil básico para o profissional de a) postura do atendente de manter os ombros abertos e o
atendimento, como forma de avançar no próprio negócio. Dessa peito aberto, passa ao cliente um sentimento de receptividade
maneira, estes dois itens se tornam complementares e inter-re- e acolhimento;
lacionados, com dependência recíproca para terem peso. b) deixar a cabeça meio curva e o corpo ligeiramente inclina-
Para conhecermos melhor a postura de atendimento, faz-se do transmite ao cliente a humildade do atendente;
necessário falar do Verdadeiro profissional do atendimento. c) o olhar nos olhos e o aperto de mão firme traduzem res-
peito e segurança;
d) a fisionomia amistosa, alenta um sentimento de afetivi-
dade e calorosidade.

62
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

02. Ter SINTONIA ENTRE FALA E EXPRESSÃO CORPORAL: que Além do mais, deve ocorrer independentemente do funcio-
se caracteriza pela existência de uma unidade entre o que dize- nário estar ou não na sua área de trabalho. Estes requisitos para
mos e o que expressamos no nosso corpo. a interação, a tornam mais eficaz.
Esta interação pode se caracterizar por um cumprimento
Quando fazemos isso, nos sentimos mais harmônicos e con- verbal, uma saudação, um aceno de cabeça ou apenas por um
fortáveis. Não precisamos fingir, mentir ou encobrir os nossos aceno de mão. O objetivo com isso, é fazer o cliente sentir-se
sentimentos e eles fluem livremente. Dessa forma, nos sentimos acolhido e certo de estar recebendo toda a atenção necessária
mais livres do stress, das doenças, dos medos. para satisfazer os seus anseios.

03. As EXPRESSÕES FACIAIS: das quais podemos extrair dois Alguns exemplos são:
aspectos: o expressivo, ligado aos estados emocionais que elas 1. No hotel, a arrumadeira está no corredor com o carrinho
traduzem e a identificação destes estados pelas pessoas; e a sua de limpeza e o hóspede sai do seu apartamento. Ela prontamen-
função social que diz em que condições ocorreu a expressão, te olha para ele e diz com um sorriso: “bom dia!”.
seus efeitos sobre o observador e quem a expressa. 2. O caixa de uma loja que cumprimenta o cliente no mo-
Podemos concluir, entendendo que, qualquer comporta- mento do pagamento;
mento inclui posturas e é sempre fruto da interação complexa 3. O frentista do posto de gasolina que se aproxima ao ver o
entre o organismo e o seu meio ambiente. carro entrando no posto e faz uma sudação...

O olhar A INVASÃO
Os olhos transmitem o que está na nossa alma. Através do Mas, interagir no RAIO DE AÇÃO não tem nada a ver com
olhar, podemos passar para as pessoas os nossos sentimentos INVASÃO DE TERRITÓRIO.
mais profundos, pois ele reflete o nosso estado de espírito. Vamos entender melhor isso.
Ao analisar a expressão do olhar, não vamos nos prender so- Todo ser humano sente necessidade de definir um TERRITÓ-
mente a ele, mas a fisionomia como um todo para entendermos RIO, que é um certo espaço entre si e os estranhos. Este terri-
o real sentido dos olhos. tório não se configura apenas em um espaço físico demarcado,
Um olhar brilhante transmite ao cliente a sensação de aco- mas principalmente num espaço pessoal e social, o que pode-
lhimento, de interesse no atendimento das suas necessidades, mos traduzir como a necessidade de privacidade, de respeito, de
de vontade de ajudar. Ao contrário, um olhar apático, traduz fra- manter uma distância ideal entre si e os outros de acordo com
queza e desinteresse, dando ao cliente, a impressão de desgosto cada situação.
e dissabor pelo atendimento. Quando estes territórios são invadidos, ocorrem cortes na
Mas, você deve estar se perguntando: O que causa este bri- privacidade, o que normalmente traz consequências negativas.
lho nos nossos olhos ? A resposta é simples: Podemos exemplificar estas invasões com algumas situações
Gostar do que faz, gostar de prestar serviços ao outro, gos- corriqueiras: uma piada muito picante contada na presença de
tar de ajudar o próximo. pessoas estranhas a um grupo social; ficar muito próximo do ou-
Para atender ao público, é preciso que haja interesse e gos- tro, quase se encostando nele; dar um tapinha nas costas...
to, pois só assim conseguimos repassar uma sensação agradável Nas situações de atendimento, são bastante comuns as
para o cliente. Gostar de atender o público significa gostar de invasões de território pelos atendentes. Estas, na sua maioria,
atender as necessidades dos clientes, querer ver o cliente feliz causam mal-estar aos clientes, pois são traduzidas por eles como
e satisfeito. atitudes grosseiras e poucos sensíveis. Alguns são os exemplos
destas atitudes e situações mais comuns:
Como o olhar revela a atitude da mente, ele pode trans- - Insistência para o cliente levar um item ou adquirir um
mitir: bem;
01. Interesse quando: - Seguir o cliente por toda a loja;
- Brilha; - O motorista de taxi que não pára de falar com o cliente
- Tem atenção; passageiro;
- Vem acompanhado de aceno de cabeça. - O garçom que fica de pé ao lado da mesa sugerindo pratos
sem ser solicitado;
02. Desinteresse quando: - O funcionário que cumprimenta o cliente com dois beiji-
- É apático; nhos e tapinhas nas costas;
- É imóvel, rígido; - O funcionário que transfere a ligação ou desliga o telefone
- Não tem expressão. sem avisar.

O olhar desbloqueia o atendimento, pois quebra o gelo. O Estas situações não cabem na postura do verdadeiro profis-
olhar nos olhos dá credibilidade e não há como dissimular com sional do atendimento.
o olhar.
A aproximação - raio de ação.
A APROXIMAÇÃO do cliente está relacionada ao conceito de O sorriso
RAIO DE AÇÃO, que significa interagir com o público, indepen- O SORRISO abre portas e é considerado uma linguagem uni-
dente deste ser cliente ou não. versal.
Esta interação ocorre dentro de um espaço físico de 3 me- Imagine que você tem um exame de saúde muito importan-
tros de distância do público e de um tempo imediato, ou seja, te para receber e está apreensivo com o resultado. Você chega
prontamente. à clínica e é recebido por uma recepcionista que apresenta um

63
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

sorriso caloroso. Com certeza você se sentirá mais seguro e mais 01. Tomar um BANHO antes do trabalho diário: além da fun-
confiante, diminuindo um pouco a tensão inicial. Neste caso, o ção higiênica, também é revigorante e espanta a preguiça;
sorriso foi interpretado como um ato de apaziguamento. 02. Cuidar sempre da HIGIENE PESSOAL: unhas limpas, ca-
O sorriso tem a capacidade de mudar o estado de espírito belos cortados e penteados, dentes cuidados, hálito agradável,
das pessoas e as pesquisas revelam que as pessoas sorridentes axilas asseadas, barba feita;
são avaliadas mais favoravelmente do que as não sorridentes. 03. Roupas limpas e conservadas;
O sorriso é um tipo de linguagem corporal, um tipo de co- 04. Sapatos limpos;
municação não-verbal . Como tal, expressa as emoções e geral- 05. Usar o CRACHÁ DE IDENTIFICAÇÃO, em local visível pelo
mente informa mais do que a linguagem falada e a escrita. Dessa cliente.
forma, podemos passar vários tipos de sentimentos e acarretar
as mais diversas emoções no outro. Quando estes cuidados básicos não são tomados, o cliente
se questiona : “ puxa, se ele não cuida nem dele, da sua apa-
Ir ao encontro do cliente rência pessoal, como é que vai cuidar de me prestar um bom
Ir ao encontro do cliente é um forte sinal de compromisso serviço ? “
no atendimento, por parte do atendente. Este item traduz a im- A apresentação pessoal, a aparência, é um aspecto impor-
portância dada ao cliente no momento de atendimento, na qual tante para criar uma relação de proximidade e confiança entre o
o atendente faz tudo o que é possível para atender as suas ne- cliente e o atendente.
cessidades, pois ele compreende que satisfazê-las é fundamen-
tal. Indo ao encontro do cliente, o atendente demonstra o seu Cumprimento caloroso
interesse para com ele. O que você sente quando alguém aperta a sua mão sem fir-
meza ?
A primeira impressão Às vezes ouvimos as pessoas comentando que se conhece
Você já deve ter ouvido milhares de vezes esta frase: A PRI- alguém, a sua integridade moral, pela qualidade do seu aperto
MEIRA IMPRESSÃO É A QUE FICA. de mão.
Você concorda com ela? O aperto de mão “ frouxo “ transmite apatia, passividade,
No mínimo seremos obrigados a dizer que será difícil a em- baixa energia, desinteresse, pouca interação, falta de compro-
presa ter uma segunda chance para tentar mudar a impressão misso com o contato.
inicial, se esta foi negativa, pois dificilmente o cliente irá voltar. Ao contrário, o cumprimento muito forte, do tipo que ma-
É muito mais difícil e também mais caro, trazer de volta o chuca a mão, ao invés de trazer uma mensagem positiva, causa
cliente perdido, aquele que foi mal atendido ou que não teve os um mal estar, traduzindo hiperatividade, agressividade, invasão
seus desejos satisfeitos. e desrespeito. O ideal é ter um cumprimento firme, que prenda
Estes clientes perdem a confiança na empresa e normal- toda a mão, mas que a deixe livre, sem sufocá-la. Este aperto
mente os custos para resgatá-la, são altos. Alguns mecanismos de mão demonstra interesse pelo outro, firmeza, bom nível de
que as empresas adotam são os contatos via telemarketing, ma- energia, atividade e compromisso com o contato.
la-direta, visitas, mas nem sempre são eficazes. É importante lembrar que o cumprimento deve estar asso-
A maioria das empresas não têm noção da quantidade de ciado ao olhar nos olhos, a cabeça erguida, os ombros e o peito
clientes perdidos durante a sua existência, pois elas não adotam abertos, totalizando uma sintonia entre fala e expressão corpo-
mecanismos de identificação de reclamações e/ou insatisfações ral.
destes clientes. Assim, elas deixam escapar as armas que teriam Não se esqueça: apesar de haver uma forma adequada de
para reforçar os seus processos internos e o seu sistema de tra- cumprimentar, esta jamais deverá ser mecânica e automática.
balho.
Quando as organizações atentam para essa importância, Tom de voz
elas passam a aplicar instrumentos de medição. A voz é carregada de magnetismo e como tal, traz uma onda
Mas, estes coletores de dados nem sempre traduzem a rea- de intensa vibração. O tom de voz e a maneira como dizemos
lidade, pois muitas vezes trazem perguntas vagas, subjetivas ou as palavras, são mais importantes do que as próprias palavras.
pedem a opinião aberta sobre o assunto. Podemos dizer ao cliente: “a sua televisão deveria sair hoje
Dessa forma, fica difícil mensurar e acaba-se por não colher do conserto, mas por falta de uma peça, ela só estará pronta na
as informações reais. próxima semana “. De acordo com a maneira que dizemos e de
A saída seria criar medidores que traduzissem com fatos e acordo com o tom de voz que usamos, vamos perceber reações
dados, as verdadeiras opiniões do cliente sobre o serviço e o diferentes do cliente.
produto adquiridos da empresa. Se dizemos isso com simpatia, naturalmente nos desculpan-
do pela falha e assumindo uma postura de humildade, falando
Apresentação pessoal com calma e num tom amistoso e agradável, percebemos que a
Que imagem você acha que transmitimos ao cliente quando reação do cliente será de compreensão.
o atendemos com as unhas sujas, os cabelos despenteados, as Por outro lado, se a mesma frase é dita de forma mecânica,
roupas mal cuidadas... ? estudada, artificial, ríspida, fria e com arrogância, poderemos
O atendente está na linha de frente e é responsável pelo ter um cliente reagindo com raiva, procurando o gerente, gri-
contato, além de representar a empresa neste momento. Para tando...
transmitir confiabilidade, segurança, bons serviços e cuidado, se As palavras são símbolos com significados próprios. A forma
faz necessário, também, ter uma boa apresentação pessoal. como elas são utilizadas também traz o seu significado e com
Alguns cuidados são essenciais para tornar este item mais isso, cada palavra tem a sua vibração especial.
completo. São eles:

64
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Saber escutar O EFEITO BUMERANGUE é bastante comum em situações de


Você acha que existe diferença entre OUVIR e ESCUTAR? Se atendimento, pois ele reflete o nível de satisfação, ou não, do
você respondeu que não, você errou. cliente em relação ao atendente. Com este efeito, as atitudes
Escutar é muito mais do que ouvir, pois é captar o verdadei- batem e voltam, ou seja, se você atende bem, o cliente se sente
ro sentido, compreendendo e interpretando a essência, o con- bem e trata o atendente com respeito. Se este atende mal, o
teúdo da comunicação. cliente reage de forma negativa e hostil. O cliente não está na
O ato de ESCUTAR está diretamente relacionado com a nos- esteira da linha de produção, merecendo ser tratado com dife-
sa capacidade de perceber o outro. E, para percebermos o ou- renciação e apreço.
tro, o cliente que está diante de nós, precisamos nos despojar Precisamos ter em atendimento, pessoas descontraídas,
das barreiras que atrapalham e empobrecem o processo de co- que façam do ato de atender o seu verdadeiro sentido de vida,
municação. São elas: que é SERVIR AO PRÓXIMO.
* os nossos PRECONCEITOS; Atitudes de apatia, frieza, desconsideração e hostilidade,
* as DISTRAÇÕES; retratam bem a falta de calor do atendente. Com estas atitudes,
* os JULGAMENTOS PRÉVIOS; o atendente parece estar pedindo ao cliente que este se afaste,
* as ANTIPATIAS. vá embora, desapareça da sua frente, pois ele não é bem vindo.
Assim, o atendente esquece que a sua MISSÃO é SERVIR e fazer
Para interagirmos e nos comunicarmos a contento, precisa- o cliente FELIZ.
mos compreender o TODO, captando os estímulos que vêm do
outro, fazendo uma leitura completa da situação. As gafes no atendimento
Precisamos querer escutar, assumindo uma postura de re- Depois de conhecermos a postura correta de atendimento,
ceptividade e simpatia, afinal, nós temos dois ouvidos e uma também é importante sabermos quais são as formas erradas,
boca, o que nos sugere que é preciso escutar mais do que falar. para jamais praticá-las. Quem as pratica, com certeza não é um
Quando não sabemos escutar o cliente - interrompendo-o, verdadeiro profissional de atendimento. Podemos dividi-las em
falando mais que ele, dividindo a atenção com outras situações duas partes, que são:
- tiramos dele, a oportunidade de expressar os seus verdadeiros
anseios e necessidades e corremos o risco de aborrecê-lo, pois Postura inadequada
não iremos conseguir atende-las. A postura inadequada é abrangente, indo desde a postura
A mais poderosa forma de escutar é a empatia ( que vamos física ao mais sutil comentário negativo sobre a empresa na pre-
conhecer mais na frente ). Ela nos permite escutar de fato, os sença do cliente.
sentimentos por trás do que está sendo dito, mas, para isso, é Em relação à postura física, podemos destacar como inade-
preciso que o atendente esteja sintonizado emocionalmente quado, o atendente:
com o cliente. Esta sintonia se dá através do despojamento das * se escorar nas paredes da loja ou debruçar a cabeça no seu
barreiras que já falamos antes. birô por não estar com o cliente (esta atitude impede que ele
interaja no raio de ação);
Agilidade * mascar chicletes ou fumar no momento do atendimento;
Atender com agilidade significa ter rapidez sem perder a * cuspir ou tirar meleca na frente do cliente (estas coisas só
qualidade do serviço prestado. devem ser feitas no banheiro);
A agilidade no atendimento transmite ao cliente a idéia de * comer na frente do cliente (comum nas empresas que ofe-
respeito. Sendo ágil, o atendente reconhece a necessidade do recem lanches ou têm cantina);
cliente em relação à utilização adequada do seu tempo. * gritar para pedir alguma coisa;
Quando há agilidade, podemos destacar: * se coçar na frente do cliente;
- o atendimento personalizado; * bocejar (revela falta de interesse no atendimento).
- a atenção ao assunto;
- o saber escutar o cliente; Em relação aos itens mais sutis, podemos destacar:
- cuidar das solicitações e acompanhar o cliente durante * se achar íntimo do cliente a ponto de lhe pedir carona, por
todo o seu percurso na empresa. exemplo;
* receber presentes do cliente em troca de um bom serviço;
O calor no atendimento * fazer críticas a outros setores, pessoas, produtos ou servi-
O atendimento caloroso evita dissabores e situações cons- ços na frente do cliente;
trangedoras, além de ser a comunhão de todos os pontos estu- * desmerecer ou criticar o fabricante do produto que vende,
dados sobre postura. o parceiro da empresa, denegrindo a sua imagem para o cliente;
O atendente escolhe a condição de atender o cliente e para * falar mau das pessoas na sua ausência e na presença do
isto, é preciso sempre lembrar que o cliente deseja se sentir im- cliente;
portante e respeitado. Na situação de atendimento, o cliente * usar o cliente como desabafo dos problemas pessoais;
busca ser reconhecido e, transmitindo calorosidade nas atitu- * reclamar na frente do cliente;
des, o atendente satisfaz as necessidades do cliente de estima * lamentar;
e consideração. * colocar problemas salariais;
Ao contrário, o atendimento áspero, transmite ao cliente a * “ lavar a roupa suja “ na frente do cliente.
sensação de desagrado, descaso e desrespeito, além de retornar
ao atendente como um bumerangue. LEMBRE-SE: A ÉTICA DO TRABALHO É SERVIR AOS OUTROS E
NÃO SE SERVIR DOS OUTROS.

65
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Usar chavões O passado ficou para atrás, não podendo ser mudado e o
O mau profissional utiliza-se de alguns chavões como forma futuro não nos cabe conhecer. Então, só nos resta o presente
de fugir à sua responsabilidade no atendimento ao cliente. Cita- como fonte de atuação. Nele, podemos agir e transformar. O
mos aqui, os mais comuns: aqui e agora são os únicos momentos nos quais podemos intera-
gir e precisamos fazer isto da melhor forma.
PARE E REFLITA: VOCÊ GOSTARIA DE SER COMPARADO A
ESTE ATENDENTE? C ) a tarefa
* o senhor como cliente TEM QUE ENTENDER... Para finalizar, falamos da tarefa. A nossa tarefa mais impor-
* o senhor DEVERIA AGRADECER O QUE A EMPRESA FAZ tante diante desta pessoa mais importante para nós, na hora
PELO SENHOR... mais importante que é o aqui e o agora, é FAZER O CLIENTE FE-
* o CLIENTE É UM CHATO QUE SEMPRE QUER MAIS... LIZ, atendendo as suas necessidades.
* AÍ VEM ELE DE NOVO... Esta tríade se configura no fundamento dos Momentos da
Verdade e, para que estes sejam plenos, é necessário que os
Estas frases geram um bloqueio mental, dificultando a libe- funcionários de linha de frente, ou seja, que atendem os clien-
ração do lado bom da pessoa que atende o cliente. tes, tenham poder de decisão. É necessário que os chefes conce-
Aqui, podemos ter o efeito bumerangue, que torna um cír- dam autonomia aos seus subordinados para atuarem com preci-
culo vicioso na postura inadequada, pois, o atendente usa os são nos Momentos da Verdade.
chavões (pensa dessa forma em relação ao cliente e a situação
de atendimento ), o cliente se aborrece e descarrega no aten- Teleimagem
dente, ou simplesmente não volta mais. Através do telefone, o atendente transmite a TELEIMAGEM
Para quebrar este ciclo, é preciso haver uma mudança radi- da empresa e dele mesmo.
cal no pensamento e postura do atendente. TELEIMAGEM, então, é a imagem que o cliente forma na
sua mente ( imagem mental ) sobre quem o está atendendo e ,
Impressões finais do cliente consequentemente, sobre a empresa ( que é representada por
Toda a postura e comportamento do atendente vai levar este atendente).
o cliente a criar uma impressão sobre o atendimento e, conse- Quando a TELEIMAGEM é positiva, a facilidade do cliente
quentemente, sobre a empresa. encaminhar os seus negócios é maior, pois ele supõe que a em-
Duas são as formas de impressões finais mais comuns do presa é comprometida com o cliente. No entanto, se a imagem
cliente: é negativa, vemos normalmente o cliente fugindo da empresa.
1) MOMENTO DA VERDADE: através do contato direto (pes- Como no atendimento telefônico, o único meio de interação
soal) e/ou telefônico com o atendente; com o cliente, é através da palavra e sendo a palavra o instru-
2) TELEIMAGEM: através do contato telefônico. Vamos co- mento, faz-se necessário usá-la de forma adequada para satisfa-
nhecê-las com mais detalhes. zer as exigências do cliente. Dessa forma, classificamos 03 itens
básicos ligados a palavra e as atitudes, como fundamentais na
Momentos da verdade formação da TELEIMAGEM.
Segundo Karl Albrecht, Momento da Verdade é qualquer
episódio no qual o cliente entra em contato com qualquer as-
pecto da organização e obtem uma impressão da qualidade do São eles:
seu serviço. 01. O tom de voz: é através dele que transmitimos interesse
O funcionário tem poucos minutos para fixar na mente do e atenção ao cliente. Ao usarmos um tom frio e distante, passa-
cliente a imagem da empresa e do próprio serviço prestado. Este mos ao cliente, a ideia de desatenção e desinteresse.
é o momento que separa o grande profissional dos demais. Ao contrário, se falamos com entusiasmo, de forma decidi-
Este verdadeiro profissional trabalha em cada momento da da e atenciosamente, satisfazemos as necessidades do cliente
verdade, considerando-o único e fundamental para definir a sa- de sentir-se assistido, valorizado, respeitado, importante.
tisfação do cliente. Ele se fundamenta na chamada TRÍADE DO
ATENDIMENTO OU TRIÂNGULO DO ATENDIMENTO, que é com- 02. O uso de PALAVRAS ADEQUADAS: pois com elas o aten-
posto de elementos básicos do processo de interação, que são: dente passa a ideia de respeito pelo cliente. Aqui fica expressa-
mente PROIBIDO o uso de termos como: amor, bem, benzinho,
A ) a pessoa chuchu, mulherzinha, queridinha, colega...
A pessoa mais importante é aquela que está na sua fren-
te. Então, podemos entender que a pessoa mais importante é o 03. As ATITUDES CORRETAS: dando ao cliente, a impressão
cliente que está na frente e precisa de atenção. de educação e respeito. São INCORRETAS as atitudes de transfe-
No Momento da Verdade, o atendente se relaciona direta- rir a ligação antes do cliente concluir o que iniciou a falar; passar
mente com o cliente, tentando atender a todas as suas necessi- a ligação para a pessoa ou ramal errado ( mostrando com isso
dades. Não existe outra forma de atender, a não ser pelo con- que não ouviu o que ele disse ); desligar sem cumprimento ou
tato direto e, portanto, a pessoa fundamental neste momento saudação; dividir a atenção com outras conversas; deixar o te-
é o cliente. lefone tocar muitas vezes sem atender; dar risadas no telefone.

B ) a hora Aspectos psicológicos do atendente


A hora mais importante das nossas vidas é o agora, o pre- Nós falamos sobre a importância da postura de atendimen-
sente, pois somente nele podemos atuar. to. Porém, a base dela está nos aspectos psicológicos do atendi-
mento. Vamos a eles.

66
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Empatia do assim, mais próximos do outro. Mas, como é isso? Vamos


O termo empatia deriva da palavra grega EMPATHÉIA, que ficar vazios? É isso mesmo. Vamos ficar vazios dos nossos pre-
significa entrar no sentimento. Portanto, EMPATIA é a capaci- conceitos, das nossas antipatias, dos nossos medos, dos nossos
dade de nos colocarmos no lugar do outro, procurando sempre bloqueios, vamos observar as situações na sua totalidade, para
entender as suas necessidades, os seus anseios, os seus senti- entendermos melhor o que o cliente deseja. Vamos ilustrar com
mentos. Dessa forma, é uma aptidão pessoal fundamental na um exemplo real: certa vez, em uma loja de carros, entra um se-
relação atendente - cliente. Para conseguirmos ser empáticos, nhor de aproximadamente 65 anos, usando um chapéu de palha,
precisamos nos despojar dos nossos preconceitos e preferên- camiseta rasgada e calça amarrada na cintura por um barbante.
cias, evitando julgar o outro a partir de nossas referências e va- Ele entrou na sala do gerente, que imediatamente se levantou
lores. pedindo para ele se retirar, pois não era permitido “pedir es-
A empatia alimenta-se da autoconsciência, que significa es- molas ali “. O senhor com muita paciência, retirou de um saco
tarmos abertos para conhecermos as nossas emoções. Quanto plástico que carregava, um “bolo“ de dinheiro e disse: “eu quero
mais isto acontece, mais hábeis seremos na leitura dos senti- comprar aquele carro ali”.
mentos dos outros. Quando não temos certeza dos nossos pró- Este exemplo, apesar de extremo, é real e retrata claramen-
prios sentimentos, dificilmente conseguimos ver os dos outros. te o que podemos fazer com o outro quando pré-julgamos as
E, a chave para perceber os sentimentos dos outros, está situações.
na capacidade de interpretar os canais não verbais de comuni- Precisamos ver o TODO e não só as partes, pois o todo é
cação do outro, que são: os gestos, o tom de voz, as expressões muito mais do que a soma das partes. Ele nos diz o que é e não
faciais... é harmônico e com ele percebemos a essência dos fatos e situa-
Esta capacidade de empatizar-se com o outro, está ligada ções.
ao envolvimento: sentir com o outro é envolver-se. Isto requer Ainda falando em PERCEPÇÃO, devemos ter cuidado com
uma atitude muito sublime que se chama HUMILDADE. Sem ela a PERCEPÇÃO SELETIVA, que é uma distorção de percepção, na
é impossível ser empático. qual vemos, escutamos e sentimos apenas aquilo que nos inte-
Quando não somos humildes, vemos as pessoas de manei- ressa. Esta seleção age como um filtro, que deixa passar apenas
ra deturpada, pois olhamos através dos óculos do orgulho e do o que convém. Esta filtragem está diretamente relacionada com
egoísmo, com os quais enxergamos apenas o nosso pequenino a nossa condição física-psíquica emocional. Como é isso? Vamos
mundo. entender:
O orgulho e o egoísmo são dois males que atacam a huma- a)Se estou com medo de passar em rua deserta e escura, a
nidade, impedindo-a de ser feliz. sombra do galho de uma árvore pode me assustar, pois eu posso
Com eles, não conseguimos sair do nosso mundinho , crian- percebê-lo como um braço com uma faca para me apunhalar;
do uma couraça ao nosso redor para nos proteger. Com eles, nós b) Se estou com muita fome, posso ter a sensação de um
achamos que somos tudo o que importa e esquecemos de olhar cheiro agradável de comida;
para o outro e perguntar como ele está, do que ele precisa, em c) Se fiz algo errado e sou repreendida, posso ouvir a parte
que podemos ajudar. mais amena da repreensão e reprimir a mais severa.
Esquecemos de perceber principalmente os seus sentimen-
tos e necessidades. Com o orgulho e o egoísmo, nos tornamos Em alguns casos, a percepção seletiva age como mecanismo
vaidosos e passamos a ver os outros de acordo com o que estes de defesa.
óculos registram: os nossos preconceitos, nossos valores, nossos
sentimentos... O ESTADO INTERIOR
Sendo orgulhosos e egoístas não sabemos AMAR, não sabe- O ESTADO INTERIOR, como o próprio nome sugere, é a con-
mos repartir, não sabemos doar. dição interna, o estado de espírito diante das situações.
A atitude de quem atende o público está diretamente rela-
Só queremos tudo para nós, só “amamos” a nós mesmos, só cionada ao seu estado interior. Ou seja, se o atendente mantém
lembramos de nós. É aqui que a empatia se deteriora, quando os um equilíbrio interno, sem tensões ou preocupações excessivas,
nossos próprios sentimentos são tão fortes que não permitem as suas atitudes serão mais positivas frente ao cliente.
harmonização com o outro e passam por cima de tudo. Dessa forma, o estado interior está ligado aos pensamentos
OS EGOÍSTAS E ORGULHOSOS NÃO PODEM TRABALHAR e sentimentos cultivados pelo atendente. E estes, dão suporte
COM O PÚBLICO, POIS ELES NÃO TÊM CAPACIDADE DE SE COLO- as atitudes frente ao cliente.
CAR NO LUGAR DO OUTRO E ENTENDER OS SEUS SENTIMENTOS Se o estado de espírito supõe sentimentos e pensamentos
E NECESSIDADES. negativos, relacionados ao orgulho, egoísmo e vaidade, as atitu-
des advindas deste estado, sofrerão as suas influências e serão:
Ao contrário dos egoístas, os empáticos são altruístas, pois * Atitudes preconceituosas;
as raízes da moralidade estão na empatia. Para concluir, pode- * Atitudes de exclusão e repulsa;
mos lembrar a frase de Saint-Exupéry no livro O Pequeno Prín- * Atitudes de fechamento;
cipe: “Só se vê bem com o coração; o essencial é invisível aos * Atitudes de rejeição.
olhos“. Isto é empatia.
É necessário haver um equilíbrio interno, uma estabilidade,
PERCEPÇÃO para que o atendente consiga manter uma atitude positiva com
PERCEPÇÃO é a capacidade que temos de compreender e os clientes e as situações.
captar as situações, o que exige sintonia e é fundamental no
processo de atendimento ao público. Para percebermos melhor,
precisamos passar pelo “esvaziamento” de nós mesmos, fican-

67
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

O ENVOLVIMENTO Autonomia
A demonstração de interesse, prestando atenção ao cliente Na verdade, a autonomia não deveria estar no encantamen-
e voltando-se inteiramente ao seu atendimento, é o caminho to do cliente; ela deveria fazer parte da estrutura da empresa.
para o verdadeiro sentido de atender. Mas, nem sempre a realidade é esta. Colocamos aqui porque o
Na área de serviços, o produto é o próprio serviço prestado, consumidor brasileiro ainda se encanta ao encontrar numa loja,
que se traduz na INTERAÇÃO do funcionário com o cliente. Um um balconista que pode resolver as suas queixas sem se dirigir
serviço é, então, um resultado psicológico e pessoal que depen- ao gerente.
de de fatores relacionados com a interação com o outro. Quan- A AUTONOMIA está diretamente relacionada ao processo
do o atendente tem um envolvimento baixo com o cliente, este de tomada de decisão. Onde existir uma situação na qual o fun-
percebe com clareza a sua falta de compromisso. As preocupa- cionário precise decidir, deve haver autonomia.
ções excessivas, o trabalho estafante, as pressões exacerbadas, No atendimento ao público, é fundamental haver autono-
a falta deliderança, o nível de burocracia, são fatores que con- mia do pessoal de linha de frente e é uma das condições básicas
tribuem para uma interação fraca com o cliente. Esta fraqueza para o sucesso deste tipo de trabalho.
de envolvimento não permite captar a essência dos desejos do Mas, para ter autonomia se faz necessário um mínimo de
cliente, o que se traduz em insatisfação. Um exemplo simples poder para atuar de acordo com a situação e esse poder deve
disso é a divisão de atenção por parte do atendente. Quando ser conquistado. O poder aos funcionários serve para agilizar o
este divide a atenção no atendimento entre o cliente e os co- negócio. Às vezes, a falta de autonomia se relaciona com fraca
legas ou outras situações, o cliente sente-se desrespeitado, di- liderança do chefe.
minuído e ressentido. A sua impressão sobre a empresa é de
fraqueza e o Momento da Verdade é pobre. Para o cliente, a autonomia traduz a ideia de agilidade, des-
Esta ação traz consequências negativas como: impossibili- burocratização, respeito, compromisso, organização.
dade de escutar o cliente, falta de empatia, desrespeito com o Com ela, o cliente não é jogado de um lado para o outro
seu tempo, pouca agilidade, baixo compromisso com o atendi- , não precisa passear pela empresa, ouvindo dos atendentes:
mento. “Esse assunto eu não resolvo; é só com o fulano; procure outro
Às vezes, a própria empresa não oferece uma estrutura ade- setor...”
quada para o atendimento ao público, obrigando o atendente a A autonomia na ponta, na linha de frente, demonstra que
dividir o seu trabalho entre atendimento pessoal e telefônico, a empresa está totalmente voltada para o cliente, pois todo o
quando normalmente há um fluxo grande de ambos no setor. sistema funciona para atendê-lo integralmente, e essa postura
Neste caso, o ideal seria separar os dois tipos de atendimento, é vital, visto que a imagem transmitida pelo atendente é a ima-
evitando problemas desta espécie. gem que será gerada no cliente em relação à organização, dessa
Alguns exemplos comuns de divisão de atenção são: forma, ao atender, o atendente precisa se lembrar que naquele
* atender pessoalmente e interromper com o telefone cargo, ele representa uma marca, uma instituição, um nome, e
* atender o telefone e interromper com o contato direto que todas as suas atitudes devem estar em conformidade com a
* sair para tomar café ou lanchar proposta de visão que essa organização possui, focando sempre
* conversar com o colega do lado sobre o final de sema- em um atendimento efetivamente eficaz e de qualidade.
na, férias, namorado, tudo isso no momento de atendimento ao
cliente.

Estes exemplos, muitas vezes, soam ao cliente como um SECRETARIAR REUNIÕES


exibicionismo funcional, o que não agrega valor ao trabalho. O
cliente deve ser poupado dele. Na teoria, todos compreendem que a preparação pode
significar o sucesso ou o fracasso de uma reunião importante.
Os desafios do profissional de atendimento Quanto mais trabalho você faz antes de entrar na sala de reu-
Mas, nem tudo é tão fácil no trabalho de atender. Algumas niões, mais eficiente e produtivo será.
situações exigem um alto grau de maturidade do atendente e
é nestes momentos que este profissional tem a grande opor- Check-list para preparação de reunião
tunidade de mostrar o seu real valor. Aqui estão duas destas Você:
situações. -Identificou o objetivo da reunião?
-Certificou-se de que ela é realmente necessária?
Encantando o cliente -Elaborou uma pauta preliminar?
Fazer apenas o que está definido pela empresa como sendo -Selecionou os participantes corretos e designou papéis?
o seu padrão de atendimento, pode até satisfazer as necessida- -Decidiu onde e quando realizar a reunião?
des do cliente, mas talvez não ultrapasse o normal. -Confirmou a disponibilidade do espaço?
Encantar o cliente é exatamente aquele algo mais que faz a -Enviou o convite?
grande diferença no atendimento. -Enviou a pauta preliminar para os principais participantes
e interessados?
Atuação extra -Enviou leituras preliminares ou solicitações que exijam um
A ATUAÇÃO EXTRA é uma forma de encantar o cliente que preparo antecipado?
se caracteriza por atitudes ou ações do atendente, não estabe- -Acompanhou as questões junto aos convidados pessoal-
lecidas nos procedimentos de trabalho. É produzir um serviço mente, se apropriado?
acima da expectativa do cliente. -Escolheu o processo de tomada de decisão que será adota-
do (voto por maioria, consenso do grupo ou escolha do líder)?

68
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

-Identificou, organizou e testou qualquer equipamento que -Um controlador do tempo ajuda na evolução da discussão
seja necessário? de modo eficiente.
-Finalizou a pauta e a distribuiu a todos os participantes? - -Um colaborador mantém a discussão ativa e sem perder o
Verificou se todos os participantes principais estarão pre- foco.
sentes e saberão seus papéis? -Um especialista compartilha conhecimento sobre questões
-Preparou- se (elaborou apresentações, imprimiu o material específicas. Uma vantagem: pode-se pedir a um especialista que
a ser distribuído, etc…)? participe somente de parte da reunião, mantendo assim sua
contribuição enfocada.
Identifique o objetivo da reunião -Decida onde e quando realizar a reunião e confirme a dis-
Você precisa tomar uma decisão, resolver um problema, ponibilidade do espaço
encorajar a equipe, ou informá-la de uma nova iniciativa?Escla-
recer o objetivo de sua reunião é o primeiro e mais importante O espaço da reunião ajuda a dar o tom. Você quer que sua
passo do planejamento – ele é o fio condutor de todos os outros reunião seja informal e íntima? Escolha uma sala pequena e co-
elementos em sua preparação. loque as cadeiras em círculo. Formal e rigorosa? Uma sala de
conferência provavelmente funcionará melhor. A participação
Certifique-se de que a reunião é realmente necessária dos membros será de modo virtual? Certifique-se de que seu
Não acrescente uma outra reunião sem pensar em outras equipamento permite que todos ouçam, participem ou vejam as
maneiras de realizar seu objetivo primeiro. É melhor não fazer pessoas na sala (se utilizar a vídeo conferência).
reunião se:
-Não tiver tempo para preparar Envie o convite e pauta preliminar aos principais partici-
-Houver outro método de comunicação que também resolva pantes e interessados
a questão Assegure-se de que os participantes saibam o objetivo da
-Estiver lidando com um tópico sensível ou uma questão de reunião. Considere enviar um convite individual além do convite
pessoal em que uma abordagem individual seria a melhor opção pela agenda eletrônica- ou falar pessoalmente com o convida-
-For preciso solicitar uma série de opiniões individuais do- se houver alguma possibilidade de o convite passar desper-
cebido ou se quiser se certificar de que um participante-chave
Elaborar uma pauta preliminar
estará presente.
Estabeleça uma sequência para a reunião. Planeje o tempo
para uma breve introdução para contextualizar e uma discussão
Envie antecipadamente quaisquer relatórios, leituras preli-
dos próximos passos no final. Decida quanto tempo dedicar a
minares ou solicitações no caso de materiais que possam exigir
cada item e qual ordem faz sentido.Quanto mais longa a reunião
um preparo dos participantes
mais difícil será para as pessoas manterem o foco, de modo que
Envie qualquer leitura preliminar com um dia ou dois de an-
é sempre bom fazer um cálculo um pouco menor do quanto seu
tecedência de sua reunião e esclareça que a ideia é que os parti-
grupo é capaz de cobrir no tempo determinado.
cipantes analisem antes os materiais. Esteja preparado também
para enfatizar alguns trechos das leituras para aqueles que não
Selecionar os participantes corretos
Considere quem poderá ajudá-lo a alcançar o seu objetivo e tiveram tempo de ler.
quem será afetado pelo resultado da reunião. Identifique quem
são os principais tomadores de decisão, pessoas que têm conhe- Identifique o processo de tomada de decisão que será uti-
cimento (ou interesse) no tópico em questão, aqueles que pre- lizado na reunião
cisam ser informados a fim de desempenharem seus trabalhos Escolha um método de tomada de decisão com antecedên-
e qualquer pessoa que seja necessária para implementar as de- cia a fim de assegurar que a reunião seja concluída com um re-
cisões tomadas. E quanto ao tamanho? As reuniões para resolu- sultado claro.
ção de problemas devem envolver poucas pessoas (por volta de - O voto por maioria permite que todos sejam ouvidos e ge-
8). Inclua mais pessoas no caso de reuniões para brainstorming ralmente é considerado justo – mas esteja ciente de que pode
(até 18 pessoas).Se estiver fazendo atualizações ou encorajan- ser difícil para alguns declararem sua opinião em público.
do a equipe, inclua quantos quiser. Porém, lembre-se.Tempo é -O consenso do grupo permite aos participantes comparti-
dinheiro. Tenha consciência dos efeitos em cascata que sua re- lharem sua área de especialidade e aumenta a oportunidade de
união pode ter sobre o tempo das pessoas em toda a organiza- convencimento por parte de todos os indivíduos.
ção – e somente convide aqueles cuja presença é absolutamente -A escolha do líder costuma ser a abordagem mais rápida,
necessária. de modo que é a mais apropriada numa crise. O risco é que algu-
mas ideias deixam de ser ouvidas. Como resultado, pode ser que
Designe papéis aos participantes tenha que se esforçar mais para que os céticos embarquem na
Designar aos participantes u m papel específico a desem- empreitada, especialmente durante a implementação.
penhar pode aumentar o foco e o envolvimento. Considere os -Identificar, organizar e testar qualquer equipamento ne-
seguintes papéis: cessário
-Um facilitador conduz a discussão, assegurando-se de que
todos os lados da questão são levantados (esse é um bom traba- Decida se fará uso de ferramentas de colaboração ou pro-
lho para aqueles que estão desenvolvendo habilidades de lide- dutividade (como GoogleDocs, um serviço de compartilhamen-
rança e praticando a neutralidade). to de tela ou um dispositivo de gravação de áudio) durante sua
-Um anotador apreende as ideias e decisões principais e dis- reunião. Confirme e verifique o espaço da reunião e instale ou
tribui anotações (isso dá a chance às pessoas tímidas de parti- teste qualquer equipamento necessário com antecedência. Esse
ciparem). passo parece óbvio demais, mas algumas vezes é difícil reservar

69
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

tempo para detalhes logísticos — e você não vai querer desperdiçar Assim, a gestão do tempo no trabalho envolve providências
sua reunião cuidadosamente planejada tentando resolver questões essenciais:
tecnológicas. Se tiver alguma dificuldade com isso, peça a ajuda de
um colega que já utilizou o equipamento antes (ou convoque um • identificação dos desperdiçadores de tempo (obstáculos para
representante do departamento de tecnologia da informação). gerenciar o tempo com eficácia). Podem ser de ordem estrutural
(falta de clareza sobre os resultados esperados, indefinição dos níveis
de autoridade e responsabilidade), de ordem física (mobiliário inade-
Finalizar a pauta e distribuí-la a todos os participantes
quado, falta de máquinas e equipamentos, localização da empresa)
Se a pauta foi alterada, distribua a versão final aos partici- ou de ordem comportamental (os valores, a postura, os hábitos);
pantes. Assegure-se de que esteja pronto para conduzir a dis- • utilização de economizadores de tempo (ações que permi-
cussão para cada item da pauta ou de que designou os itens aos tem reduzir ou neutralizar os desperdiçadores);
participantes apropriados. • execução e acompanhamento de agenda.1

Acompanhar as questões com convidados pessoalmente,


DESPERDIÇADORES ECONOMIZADORES
se apropriado
DE TEMPO DE TEMPO
Confirmar pessoalmente com as pessoas que não responde-
ram ao seu convite ou que precisam estar na reunião a fim de • interrupções por telefone • Superar a procrastinação
que essa seja produtiva. Se você designou papéis, verifique se os • desrespeito aos horários (mostrando os danos
participantes compreenderam as funções que desempenharão. • falta de fixação de causados)
prioridades • Superar o perfeccionismo
Prepare-se • incapacidade para dizer não (usando o Princípio de
Você elaborou e praticou sua apresentação, imprimiu o ma- • uso inadequado da Pareto40 para noção de onde
terial a ser distribuído e cuidou de quaisquer outros detalhes de secretária empregar seu tempo e sua
última hora?O trabalho da preparação aumentará sua confiança energia)
e o fará com que esteja pronto para uma reunião bem sucedida. • solicitações da hierarquia • Aprender a dizer “não”
• solicitações dos (usando habilidades
Administração de tempo subordinados assertivas41)
A administração do tempo consiste em criar um sistema que • qualidade/quantidade de • Estabelecer prioridades
permita o controle sobre as horas do dia, de modo que o indivíduo reuniões (usando o sistema ABC42para
possa equilibrar as funções que desempenha, satisfazendo suas • envolvimento operacional fazer a lista de prioridades)
necessidades e cumprindo suas responsabilidades. • falta de consciência sobre a • Planejar (mesclando
O ponto de partida deste processo é o mapeamento da forma importância do tempo como atividades A, B e C,
como o tempo é gerenciado e o sentimento em relação ao mesmo, recurso essencial ao sucesso reavaliando as prioridades e
• procrastinação (adiar as metas impossíveis)
em termos de suficiência, recurso e fator de pressão. É preciso
uma tarefa até o último • Delegar (identificando as
fazer um investimento inicial neste diagnóstico do tempo para se
momento) tarefas rotineiras ou sem
traçar um plano, uma vez que se queira por fim à situação crítica
• perfeccionismo urgência, bem como as
de, por agir sob pressão, viver em pânico com relação aos prazos.
• sobrecarga de informações pessoas capacitadas, com
A pressão é benéfica quando age como fator de motivação, não • bagunça no escritório tempo e interesse)
como desencadeadora de problemas de saúde. • planejamento deficiente ou • Organizar o escritório
De fato, como alerta a consultora Alessandra Vieira Fonseca, as inexistente (modificando o ambiente
pessoas possuem diferentes personalidades ao lidar com as pressões físico, usando Tecnologias da
de tempo e “o estado constante de estresse de tempo prejudica a Informação e gerenciando
saúde: enfraquece o sistema imunológico, causa dores musculares, contatos, socialização,
insônia, dores de cabeça, pressão alta, doenças cardíacas e aumenta e-mails e telefonemas)
o risco de depressão e ansiedade. A gestão do tempo permite lidar • Gerenciar reuniões
com o problema da urgência do tempo e aqui também, a primeira (tomando cuidados
providência é verificar como estamos lidando com ela.” prévios, tais como planejar,
conferir os itens relativos
PERSONALIDADE TIPO A PERSONALIDADE TIPO B à preparação da reunião,
conhecer os participantes
Caracterizada pela Conseguem trabalhar sem e conhecer os tipos de
impaciência, agressividade, ficar ansiosas nem agitadas, manobras possíveis e como
competitividade, tensão e são tolerantes com atrasos e neutralizá-las)
hostilidade. relaxam sem culpa.

De acordo com Fonseca, a maior parte das pessoas passa


mais de 50% do seu tempo no trabalho, além de gastar tempo Principais desperdiçadores de tempo nas organizações brasilei-
com o trânsito em deslocamentos, reuniões e treinamentos, ras e economizadores de tempo
conclui-se que o gerenciamento do tempo é um apoio funda- Fonte: Alessandra Vieira Fonseca – ConsultaRH 23
mental para atingir suas metas. O não-cumprimento de prazos 1. O Princípio de Pareto, também conhecido também como a regra dos 80:20,
pode acarretar em perdas financeiras, enquanto que o estrito consiste na idéia de que 20% do tempo e do esforço geram 80% dos resultados.
cumprimento do horário de trabalho pode ser interpretado 2. Ser assertivo significa ser capaz de comunicar suas opiniões e sentimentos de
como displicência e falta de empenho. maneira franca e clara, sem desrespeitar os direitos e os sentimentos dos outros.
3. A = importante e urgente – tarefas que podem produzir resultados extraor-

70
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Mapa mental das reuniões produtivas


Fonte: Alessandra Vieira Fonseca – ConsultaRH

DOCUMENTAÇÃO E ARQUIVO: PESQUISA, DOCUMENTAÇÃO, ARQUIVO, SISTEMA E MÉTODOS DE ARQUIVAMENTO E


NORMAS PARA ARQUIVO; NOÇÕES DE ARQUIVÍSTICA

A arquivística é uma ciência que estuda as funções do arquivo, e também os princípios e técnicas a serem observados durante
a atuação de um arquivista sobre os arquivos e, tem por objetivo, gerenciar todas as informações que possam ser registradas em
documentos de arquivos.

A Lei nº 8.159/91 (dispõe sobre a política nacional de arquivos públicos e entidades privadas e dá outras providências) nos dá
sobre arquivo:
“Consideram-se arquivos, para os fins desta lei, os conjuntos de documentos produzidos e recebidos por órgãos públicos, insti-
tuições de caráter público e entidades privadas, em decorrência do exercício de atividades específicas, bem como por pessoa física,
qualquer que seja o suporte da informação ou a natureza dos documentos.”

Á título de conhecimento segue algumas outras definições de arquivo.


“Designação genérica de um conjunto de documentos produzidos e recebidos por uma pessoa física ou jurídica, pública ou pri-
vada, caracterizado pela natureza orgânica de sua acumulação e conservado por essas pessoas ou por seus sucessores, para fins de
prova ou informação”, CONARQ.
“É o conjunto de documentos oficialmente produzidos e recebidos por um governo, organização ou firma, no decorrer de suas
atividades, arquivados e conservados por si e seus sucessores para efeitos futuros”, Solon Buck (Souza, 1950) (citado por PAES, Ma-
rilena Leite, 1986).
“É a acumulação ordenada dos documentos, em sua maioria textuais, criados por uma instituição ou pessoa, no curso de sua
atividade, e preservados para a consecução dos seus objetivos, visando à utilidade que poderão oferecer no futuro.” (PAES, Marilena
Leite, 1986).

De acordo com uma das acepções existentes para arquivos, esse também pode designar local físico designado para conservar
o acervo.

A arquivística está embasada em princípios que a diferencia de outras ciências documentais existentes.
dinários e, se não forem cumpridas, as consequências podem gerar problemas sérios; B = tarefas importantes, mas não tão urgentes, mas se forem adiadas por muito
tempo, podem alcançar o nível A;
C = tarefas de rotina ou que podem ser adiadas sem consequências graves; algumas podem permanecer nesse nível indefinidamente e outras podem mudar de status
ao longo do tempo.

71
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Vejamos:

O princípio de proveniência nos remete a um conceito muito importante aos arquivistas: o Fundo de Arquivo, que se caracteri-
za como um conjunto de documentos de qualquer natureza – isto é, independentemente da sua idade, suporte, modo de produção,
utilização e conteúdo– reunidos automática e organicamente –ou seja, acumulados por um processo natural que decorre da própria
atividade da instituição–, criados e/ou acumulados e utilizados por uma pessoa física, jurídica ou poruma família no exercício das
suas atividades ou das suas funções.
Esse Fundo de Arquivo possui duas classificações a se destacar.
Fundo Fechado – quando a instituição foi extinta e não produz mais documentos estamos.
Fundo Aberto - quando a instituição continua a produzir documentos que se vão reunindo no seu arquivo.

Temos ainda outros aspectos relevantes ao arquivo, que por alguns autores, podem ser classificados como princípios e por
outros, como qualidades ou aspectos simplesmente, mas que, independente da classificação conceitual adotada, são relevantes
no estudo da arquivologia. São eles:
- Territorialidade: arquivos devem ser conservados o mais próximo possível do local que o gerou ou que influenciou sua pro-
dução.
- Imparcialidade: Os documentos administrativos são meios de ação e relativos a determinadas funções. Sua imparcialidade
explica-se pelo fato de que são relativos a determinadas funções; caso contrário, os procedimentos aos quais os documentos se
referem não funcionarão, não terão validade. Os documentos arquivísticos retratam com fidelidade os fatos e atos que atestam.
- Autenticidade: Um documento autêntico é aquele que se mantém da mesma forma como foi produzido e, portanto, apresenta
o mesmo grau de confiabilidade que tinha no momento de sua produção.

Por finalidade a arquivística visa servir de fonte de consulta, tornando possível a circulação de informação registrada, guardada
e preservada sob cuidados da Administração, garantida sua veracidade.

Costumeiramente ocorre uma confusão entre Arquivo e outros dois conceitos relacionados à Ciência da Informação, que são a
Biblioteca e o Museu, talvez pelo fato desses também manterem ali conteúdo guardados e conservados, porém, frisa-se que trata-
-se de conceitos distintos.

72
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
O quadro abaixo demonstra
bem essas distinções:

Arquivos Públicos
Segundo a Lei nº 8.159, de 8 de janeiro de 1991, art.7º, Capítulo II:
“Os arquivos públicos são os conjuntos de documentos produzidos e recebidos, no exercício de suas atividades, por órgãos
públicos de âmbito federal, estadual, do distrito federal e municipal, em decorrência de suas funções administrativas, legislativas
e judiciárias”.
Igualmente importante, os dois parágrafos do mesmo artigo diz:
“§ 1º São também públicos os conjuntos de documentos produzidos e recebidos por instituições de caráter público, por entida-
des privadas encarregadas da gestão de serviços públicos no exercício de suas atividades.
§ 2º A cessação de atividades de instituições públicas e de caráter público implica o recolhimento de sua documentação à
instituição arquivística pública ou a sua transferência à instituição sucessora.»
Todos os documentos produzidos e/ou recebidos por órgãos públicos ou entidades privadas (revestidas de caráter público –
mediante delegação de serviços públicos) são considerados arquivos públicos, independentemente da esfera de governo.

Arquivos Privados
De acordo com a mesma Lei citada acima:
“Consideram-se arquivos privados os conjuntos de documentos produzidos ou recebidos por pessoas físicas ou jurídicas, em
decorrência de suas atividades.”
Para elucidar possíveis dúvidas na definição do referido artigo, a pessoa jurídica a qual o enunciado se refere diz respeito à pes-
soa jurídica de direito privado, não se confundindo, portanto, com pessoa jurídica de direito público, pois os órgãos que compõe a
administração indireta da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, são também pessoas jurídicas, destituídas de poder político
e dotadas de personalidade jurídica própria, porém, de direito público.
Exemplos:
• Institucional: Igrejas, clubes, associações, etc.
• Pessoais: fotos de família, cartas, originais de trabalhos, etc.
• Comercial: companhias, empresas, etc.

A arquivística é desenvolvida pelo arquivista, profissional com formação em arquivologia ou experiência reconhecida pelo Esta-
do. Ele pode trabalhar em instituições públicas ou privadas, centros de documentação, arquivos privados ou públicos, instituições
culturais etc.
Ao arquivista compete gerenciar a informação, cuidar da gestão documental, conservação, preservação e disseminação da
informação contida nos documentos, assim como pela preservação do patrimônio documental de um pessoa (física ou jurídica),
institução e, em última instância, da sociedade como um todo.
Também é função do arquivista recuperar informações ou elaborar instrumentos de pesquisas arquivisticas. 4

GESTÃO DE DOCUMENTOS
Um documento (do latim documentum, derivado de docere “ensinar, demonstrar”) é qualquer meio, sobretudo gráfico, que
comprove a existência de um fato, a exatidão ou a verdade de uma afirmação etc. No meio jurídico, documentos são frequentemen-
te sinônimos de atos, cartas ou escritos que carregam um valor probatório.
Documento arquivístico: Informação registrada, independente da forma ou do suporte, produzida ou recebida no decorrer da
atividade de uma instituição ou pessoa e que possui conteúdo, contexto e estrutura suficientes para servir de prova dessa atividade.
Administrar, organizar e gerenciar a informação é uma tarefa de considerável importância para as organizações atuais, sejam
essas privadas ou públicas, tarefa essa que encontra suporte na Tecnologia da Gestão de Documentos, importante ferramenta que
auxilia na gestão e no processo decisório.
4Adaptado de George Melo Rodrigues

73
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

A gestão de documentos representa umconjunto de procedimentos e operações técnicas referentes à sua produção, trami-
tação, uso, avaliação e arquivamento em fase corrente e intermediária, visando a sua eliminação ou recolhimento para a guarda
permanente.
Através da Gestão Documental é possível definir qual a politica arquivistica adotada, através da qual, se constitui o patrimônio
arquivistico. Outro aspecto importante da gestão documental é definir os responsáveis pelo processo arquivistico.
A Gestão de Documentos é ainda responsável pela implantação do programa de gestão, que envolve ações como as de acesso,
preservação, conservação de arquivo, entre outras atividades.
Por assegurar que a informação produzida terá gestão adequada, sua confidencialidade garantida e com possibilidade de ser
rastreada, a Gestão de Documentos favorece o processo de Acreditação e Certificação ISO, processos esses que para determinadas
organizações são de extrema importância ser adquirido.
Outras vantagens de se adotar a gestão de documentos é a racionalização de espaço para guarda de documentos e o controle
deste a produção até arquivamento final dessas informações.
A implantação da Gestão de Documentos associada ao uso adequado da microfilmagem e das tecnologias do Gerenciamento
Eletrônico de Documentos deve ser efetiva visando à garantia no processo de atualização da documentação, interrupção no proces-
so de deterioração dos documentos e na eliminação do risco de perda do acervo, através de backup ou pela utilização de sistemas
que permitam acesso à informação pela internet e intranet.
A Gestão de Documentos no âmbito da administração pública atua na elaboração dos planos de classificação dos documentos,
TTD (Tabela Temporalidade Documental) e comissão permanente de avaliação. Desta forma é assegurado o acesso rápido à infor-
mação e preservação dos documentos.
Protocolo: recebimento, registro, distribuição, tramitação e expedição de documentos.
Esse processo acima descrito de gestão de informação e documentos segue um tramite para que possa ser aplicado de forma
eficaz, é o que chamamos de protocolo.
O protocolo é desenvolvido pelos encarregados das funções pertinentes aos documentos, como, recebimento, registro, distri-
buição e movimentação dos documentos em curso.
A finalidade principal do protocolo é permitir que as informações e documentos sejam administradas e coordenadas de forma
concisa, otimizada, evitando acúmulo de dados desnecessários, de forma que mesmo havendo um aumento de produção de docu-
mentos sua gestão seja feita com agilidade, rapidez e organização.
Para atender essa finalidade, as organizações adotam um sistema de base de dados, onde os documentos são registrados assim
que chegam à organização.
A partir do momento que a informação ou documento chega é adotado uma rotina lógica, evitando o descontrole ou problemas
decorrentes por falta de zelo com esses, como podemos perceber:

Recebimento:
Como o próprio nome diz, é onde se recebe os documentos e onde se separa o que é oficial e o que é pessoal.
Os pessoais são encaminhados aos seus destinatários.
Já os oficiais podem sem ostensivos e sigilosos. Os ostensivos são abertos e analisados, anexando mais informações e assim
encaminhados aos seus destinos e os sigilosos são enviados diretos para seus destinatários.

Registro:
Todos os documentos recebidos devem ser registrados eletronicamentecom seu número, nome do remetente, data, assunto
dentre outras informações.
Depois do registro o documento é numerado (autuado) em ordem de chegada.
Depois de analisado o documento ele é classificado em uma categoria de assuntopara que possam ser achados. Neste momen-
to pode-se ate dar um código a ele.
Distribuição:
Também conhecido como movimentação, é a entrega para seus destinatários internos da empresa. Caso fosse para fora da
empresa seria feita pela expedição.

Tramitação:
A tramitação são procedimentos formais definidas pela empresa.É o caminho que o documento percorre desde sua entrada na
empresa até chegar ao seu destinatário (cumprir sua função).Todas as etapas devem ser seguidas sem erro para que o protocolo
consiga localizar o documento. Quando os dados são colocados corretamente, como datas e setores em que o documento caminhou
por exemplo, ajudará aagilizar a sua localização.

Expedição de documentos:
A expedição é por onde sai o documento. Deve-se verificar se faltam folhas ou anexos. Também deve numerar e datar a cor-
respondência no original e nas cópias, pois as cópias são o acompanhamento da tramitação do documento na empresa e serão
encaminhadas ao arquivo. As originais são expedidas para seus destinatários.

74
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Após cumprirem suas respectivas funções, os documentos devem ter seu destino decidido, seja este a sua eliminação ou

Sistemas de classificação
O conceito de classificação e o respectivo sistema classificativo a ser adotado, são de uma importância decisiva na elaboração
de um plano de classificação que permita um bom funcionamento do arquivo.
Um bom plano de classificação deve possuir as seguintes características:
- Satisfazer as necessidades práticas do serviço, adotando critérios que potenciem a resolução dos problemas. Quanto mais
simples forem as regras de classificação adotadas, tanto melhor se efetuará a ordenação da documentação;
- A sua construção deve estar de acordo com as atribuições do organismo (divisão de competências) ou em última análise, fo-
cando a estrutura das entidades de onde provém a correspondência;
- Deverá ter em conta a evolução futura das atribuições do serviço deixando espaço livre para novas inclusões;
- Ser revista periodicamente, corrigindo os erros ou classificações mal efetuadas, e promover a sua atualização sempre que se
entender conveniente.

A classificação por assuntos é utilizada com o objetivo de agrupar os documentos sob um mesmo tema, como forma de agilizar
sua recuperação e facilitar as tarefas arquivísticas relacionadas com a avaliação, seleção, eliminação, transferência, recolhimento
e acesso a esses documentos, uma vez que o trabalho arquivístico é realizado com base no conteúdo do documento, o qual reflete
a atividade que o gerou e determina o uso da informação nele contida. A classificação define, portanto, a organização física dos
documentos arquivados, constituindo-se em referencial básico para sua recuperação.
Na classificação, as funções, atividades, espécies e tipos documentais distribuídos de acordo com as funções e atividades de-
sempenhadas pelo órgão.

A classificação deve ser realizada de acordo com as seguintes características:

De acordo com a entidade criadora


- PÚBLICO – arquivo de instituições públicas de âmbito federal ou estadual ou municipal.
- INSTITUCIONAL – arquivos pertencentes ou relacionados à instituições educacionais, igrejas, corporações não-lucrativas, so-
ciedades e associações.
- COMERCIAL- arquivo de empresas, corporações e companhias.
- FAMILIAR ou PESSOAL - arquivo organizado por grupos familiares ou pessoas individualmente.
.
De acordo com o estágio de evolução (considera-se o tempo de vida de um arquivo)
- ARQUIVO DE PRIMEIRA IDADE OU CORRENTE - guarda a documentação mais atual e frequentemente consultada. Pode ser
mantido em local de fácil acesso para facilitar a consulta.
- ARQUIVO DE SEGUNDA IDADE OU INTERMEDIÁRIO - inclui documentos que vieram do arquivo corrente, porque deixaram de
ser usados com frequência. Mas eles ainda podem ser consultados pelos órgãos que os produziram e os receberam, se surgir uma
situação idêntica àquela que os gerou.
- ARQUIVO DE TERCEIRA IDADE OU PERMANENTE - nele se encontram os documentos que perderam o valor administrativo e
cujo uso deixou de ser frequente, é esporádico. Eles são conservados somente por causa de seu valor histórico, informativo para
comprovar algo para fins de pesquisa em geral, permitindo que se conheça como os fatos evoluíram.
De acordo com a extensão da atenção
Os arquivos se dividem em:
- ARQUIVO SETORIAL - localizado junto aos órgãos operacionais, cumprindo as funções de um arquivo corrente.
- ARQUIVO CENTRAL OU GERAL - destina-se a receber os documentos correntes provenientes dos diversos órgãos que integram
a estrutura de uma instituição.

De acordo com a natureza de seus documentos


- ARQUIVO ESPECIAL - guarda documentos de variadas formas físicas como discos, fitas, disquetes, fotografias, microformas
(fichas microfilmadas), slides, filmes, entre outros. Eles merecem tratamento adequado não apenas quanto ao armazenamento das
peças, mas também quanto ao registro, acondicionamento, controle e conservação.
- ARQUIVO ESPECIALIZADO – também conhecido como arquivo técnico, é responsável pela guarda os documentos de um deter-
minado assunto ou setor/departamento específico.

75
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

De acordo com a natureza do assunto conteúdo e registrando a sua localização no documento que o
- OSTENSIVO: aqueles que ao serem divulgados não prejudi- encaminhou.
cam a administração; 8. Endereçamento - o endereço aponta para o local onde os
- SIGILOSO: em decorrência do assunto, o acesso é limitado, documentos/processos estão armazenados.
com divulgação restrita. Devemos considerar duas formas de arquivamento: A hori-
De acordo com a espécie zontal e a vertical.
- ADMINISTRATIVO: Referente às atividades puramente ad- - Arquivamento Horizontal: os documentos são dispostos
ministrativas; uns sobre os outros, ―deitados, dentro do mobiliário. É indica-
- JUDICIAL: Referente às ações judiciais e extrajudiciais; do para arquivos permanentes e para documentos de grandes
- CONSULTIVO: Referente ao assessoramento e orientação dimensões, pois evitam marcas e dobras nos mesmos.
jurídica. Busca dirimir dúvidas entre pareceres, busca alternati- - Arquivamento Vertical: os documentos são dispostos uns
vas para evitar a esfera judicial. atrás dos outros dentro do mobiliário. É indicado para arquivos
correntes, pois facilita a busca pela mobilidade na disposição
De acordo com o grau de sigilo dos documentos.
- RESERVADO: Dados ou informações cuja revelação não-
-autorizada possa comprometer planos, operações ou objetivos Para o arquivamento e ordenação dos documentos no arqui-
neles previstos; vo, devemos considerar tantos os métodos quanto os sistemas.
- SECRETO: Dados ou informações referentes a sistemas, ins- Os Sistemas de Arquivamento nada mais são do que a pos-
talações, projetos, planos ou operações de interesse nacional, a sibilidade ou não de recuperação da informação sem o uso de
assuntos diplomáticos e de inteligência e a planos ou detalhes, instrumentos.
programas ou instalações estratégicos, cujo conhecimento não Tudo o que isso quer dizer é apenas se precisa ou não de
autorizado possa acarretar dano grave à segurança da sociedade uma ferramenta (índice, tabela ou qualquer outro semelhante)
e do Estado; para localizar um documento em um arquivo.
- ULTRASSECRETO: Dados ou informações referentes à sobe- Quando NÃO HÁ essa necessidade, dizemos que é um sis-
rania e à integridade territorial nacional, a plano ou operações tema direto de busca e/ou recuperação, como por exemplo, os
militares, às relações internacionais do País, a projetos de pes- métodos alfabético e geográfico.
quisa e desenvolvimento científico e tecnológico de interesse da Quando HÁ essa necessidade, dizemos que é um sistema
defesa nacional e a programas econômicos, cujo conhecimento indireto de busca e/ou recuperação, como são os métodos nu-
não autorizado possa acarretar dano excepcionalmente grave à méricos.
segurança da sociedade e do Estado.
A ORDENAÇÃO é a reunião dos documentos que foram clas-
Arquivamento e ordenação de documentos sificados dentre de um mesmo assunto.
O arquivamento é o conjunto de técnicas e procedimentos Sua finalidade é agilizar o arquivamento, de forma organi-
que visa ao acondicionamento e armazenamento dos documen- zada e categorizada previamente para posterior arquivamento.
tos no arquivo. Para definir a forma da ordenação é considerada a natureza
Uma vez registrado, classificado e tramitado nas unidades dos documentos, podendo ser: 5
competentes, o documento deverá ser encaminhado ao seu des-
tino para arquivamento, após receber despacho final. 1. Arquivamento por assunto
O arquivamento é a guarda dos documentos no local esta- Uma das técnicas mais utilizadas para a gestão de docu-
belecido, de acordo com a classificação dada. Nesta etapa toda mentos é o arquivamento por assunto. Como o próprio nome já
a atenção é necessária, pois um documento arquivado erronea- adianta, essa técnica consiste em realizar o arquivamento dos
mente poderá ficar perdido quando solicitado posteriormente. documentos de acordo com o assunto tratado neles.
O documento ficará arquivado na unidade até que cumpra o Isso permite agrupar documentos que tratem de assuntos
prazo para transferência ao Arquivo Central ou sua eliminação. correlatos e permite encontrar informações completas sobre
determinada matéria de forma simples e direta, sendo especial-
As operações para arquivamento são: mente interessante para empresas que lidam com um grande
1. Verificar se o documento destina-se ao arquivamento; volume de documentos de um mesmo tema.
2. Checar a classificação do documento, caso não haja, atri-
buir um código conforme o assunto; 2. Método alfabético
3. Ordenar os documentos na ordem sequencial; Uma das mais conhecidas técnicas de arquivamento de do-
4. Ao arquivar o documento na pasta, verificar a existência cumentos é o método alfabético, que consiste em organizar os
de antecedentes na mesma pasta e agrupar aqueles que tratam documentos arquivados de acordo com a ordem alfabética des-
do mesmo assunto, por consequência, o mesmo código; ses, permitindo uma consulta mais intuitiva e eficiente.
5. Arquivar as pastas na sequência dos códigos atribuídos Como a própria denominação já indica, nesse esquema o
– usar uma pasta para cada código, evitando a classificação “di- elemento principal considerado é o nome. Estamos falando so-
versos”; bre um método muito usado nas empresas por apresentar a van-
6. Ordenar os documentos que não possuem antecedentes tagem de ser rápido e simples.
de acordo com a ordem estabelecida – cronológica, alfabética, No entanto, quando se armazena um número muito grande
geográfica, verificando a existência de cópias e eliminando-as. de informações, é comum que existam alguns erros. Isso acon-
Caso não exista o original manter uma única cópia; tece devido à grande variedade de grafia dos nomes e também
7. Arquivar o anexo do documento, quando volumoso, em ao cansaço visual do funcionário.
caixa ou pasta apropriada, identificando externamente o seu 5Adaptado de www.agu.gov.br

76
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Para que a localização e o armazenamento dos documentos - Norma do método geográfico 1


se tornem mais rápidos, é possível combinar esse método com Quando os documentos são organizados por país ou por es-
a escolha de cores. Dessa forma, fica mais simples encontrar a tado, eles precisam ser ordenados alfabeticamente. Dessa for-
letra procurada. ma, fica mais fácil localizá-los depois. Isso vale também para as
Esse método é conhecido como Variadex e utiliza as cores cidades de um mesmo país ou estado: sempre postas em ordem
como elementos auxiliares, com o objetivo de facilitar a locali- alfabética. Nesse caso, as capitais precisam aparecer no início da
zação e a recuperação dos documentos. Vale lembrar que essa é lista, uma vez que elas são, normalmente, as mais procuradas,
somente uma variação do método alfabético. É possível, ainda, tendo uma quantidade maior de documentos.
combinar esse método ao de arquivamento por assunto, usando
a ordem alfabética para subdividir a organização. - Norma do método geográfico 2
Ao realizar um arquivamento por cidades, quando não exis-
3. Método numérico te separação por estado, não há a exigência de que as capitais
O método numérico é outra opção de arquivamento e uma fiquem no início. A ordem vai ser simplesmente alfabética. En-
ótima escolha para empresas que lidam com um grande volu- tretanto, ao final de cada cidade, o estado a que ela corresponde
me de documentos. Ele consiste em determinar um número precisa aparecer na identificação.
sequencial para cada documento, permitindo sua consulta de
acordo com um índice numérico previamente determinado. 6. Método temático
Como o próprio nome indica, esse método é aquele usado Esse é um método que propõe a organização dos documen-
quando os documentos são ordenados por números. É possível tos por assunto. Assim, a classificação é elaborada pelos assun-
escolher três formas distintas de utilizá-lo: numérico simples, tos e temas básicos, que podem admitir diversas composições.
cronológico ou dígito-terminal.
7. Índice onomástico (opcional)
- Método numérico simples Índice de nomes próprios que aparecem no texto. Deve ser
Esse método é usado quando o modo de organizar é feito utilizado quando o Coordenador da coleção assim o decidir.
Deve ser organizado da mesma maneira que o índice remissivo.
pelo número da pasta ou do documento em que ele foi arqui-
vado. É muito utilizado na organização de prontuários médicos,
filmes, processos e pastas de funcionários. Tabela de temporalidade
Instrumento de destinação, que determina prazos e condi-
ções de guarda tendo em vista a transferência, recolhimento,
- Método numérico cronológico
descarte de documentos, com a finalidade de garantir o acesso
Um método usado para fazer a organização dos documentos
à informação a quantos dela necessitem.
por data. É extremamente utilizado para organizar documentos
É um instrumento resultante da atividade de avaliação de
financeiros, fotos e outros arquivos em que a data é o elemento
documentos, que consiste em identificar seus valores (primá-
essencial para buscar a informação.
rio/administrativo ou secundário/histórico) e definir prazos de
guarda, registrando dessa forma, o registra o ciclo de vida dos
- Método numérico dígito-terminal documentos.
A partir do momento em que se faz uso de números maio- Para que a tabela tenha validade precisa ser aprovada por
res, com diversos dígitos, o método simples não é eficiente. Isso autoridade competente e divulgada entre os funcionários na
ocorre porque ele acaba se tornando trabalhoso e lento. Por instituição.
isso, nesse caso, o mais indicado é utilizar o método dígito-ter- Sua estrutura básica deve necessariamente contemplar os
minal. conjuntos documentais produzidos e recebidos por uma insti-
Nesse método, a ordenação é realizada com base nos dois tuição no exercício de suas atividades, os prazos de guarda nas
últimos dígitos. Quando esses são idênticos, a ordenação é dada fases corrente e intermediária, a destinação final – eliminação
a partir dos dois dígitos anteriores. Isso acaba tornando o arqui- ou guarda permanente, além de um campo para observações
vamento mais ágil e eficiente. necessárias à sua compreensão e aplicação.

4. Método eletrônico Apresentam-se a seguir diretrizes para a correta utilização


O método eletrônico consiste em arquivar os documentos do instrumento:
de forma eletrônica, realizando sua digitalização — o que permi-
te não só organizá-los de diversas formas distintas e de acordo 1. Assunto: Apresenta-se aqui os conjuntos documentais
com o método que mais se encaixa na organização e nas neces- produzidos e recebidos, hierarquicamente distribuídos de acor-
sidades da empresa, mas fazer sua gestão online e até mesmo do com as funções e atividades desempenhadas pela instituição.
remota. Como instrumento auxiliar, pode ser utilizado o índice, que
contém os conjuntos documentais ordenados alfabeticamente
5. Método geográfico para agilizar a sua localização na tabela.
Esse método é aquele usado quando os documentos apre-
sentam a sua organização por meio do local, isto é, quando a 2. Prazos de guarda: Trata-se do tempo necessário para ar-
empresa escolhe classificar os documentos a partir de seu local quivamento dos documentos nas fases corrente e intermediária,
de origem. visando atender exclusivamente às necessidades da administra-
No entanto, de acordo com a literatura arquivística, duas ção que os gerou.
normas precisam ser empregadas para que o método geográfico Deve ser objetivo e direto na definição da ação – exemplos:
seja utilizado de forma adequada. Confira! até aprovação das contas; até homologação daaposentadoria; e
até quitação da dívida.

77
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

- Os prazos são preferencialmente em ANOS


- Os prazos são determinados pelas: - Normas
- Precaução
- Informações recaptulativas
- Frequência de uso

3. Destinação final: Registra-se a destinação estabelecida que pode ser:

4. Observações: Neste campo são registradas informações complementares e justificativas, necessárias à correta aplicação da
tabela. Incluem-se, ainda, orientações quanto à alteração do suporte da informação e aspectos elucidativos quanto à destinação
dos documentos, segundo a particularidade dos conjuntos documentais avaliados.

A definição dos prazos de guarda devem ser definidos com base na legislação vigente e nas necessidades administrativas.

ACONDICIONAMENTO E ARMAZENAMENTO DE DOCUMENTOS DE ARQUIVO.


Nos processos de produção, tramitação, organização e acesso aos documentos, deverão ser observados procedimentos es-
pecíficos, de acordo com os diferentes gêneros documentais, com vistas a assegurar sua preservação durante o prazo de guarda
estabelecido na tabela de temporalidade e destinação.

Não podemos nos esquecer dos documentos eletrônicos, que hoje em dia está cada vez mais presente. As alternativas são
diversas, como dispositivos externos de gravação,porém, o mais indicado hoje, é armazenar os dados em nuvem, que oferece além
da segurança, a facilidade de acesso.

Armazenamento

Áreas de armazenamento

Áreas Externas
A localização de um depósito de arquivo deve prever facilidades de acesso e de segurança contra perigos iminentes, evitando-
-se, por exemplo:
- áreas de risco de vendavais e outras intempéries, e de inundações, como margens de rios e subsolos;
- áreas de risco de incêndios, próximas a postos de combustíveis, depósitos e distribuidoras de gases, e construções irregulares;
- áreas próximas a indústrias pesadas com altos índices de poluição atmosférica, como refinarias de petróleo;

78
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

- áreas próximas a instalações estratégicas, como indústrias mecânicos bem dimensionados, sobretudo para a manutenção
e depósitos de munições, de material bélico e aeroportos. da estabilidade dessas condições, a saber: fotografias em preto
e branco T 12ºC ± 1ºC e UR 35% ± 5% fotografias em cor T 5ºC ±
Áreas Internas 1ºC e UR 35% ± 5% filmes e registros magnéticos T 18ºC ± 1ºC e
As áreas de trabalho e de circulação de público deverão UR 40% ± 5%.
atender às necessidades de funcionalidade e conforto, enquan-
to as de armazenamento de documentos devem ser totalmente Acondicionamento
independentes das demais. Os documentos devem ser acondicionados em mobiliário e
invólucros apropriados, que assegurem sua preservação.
Condições Ambientais A escolha deverá ser feita observando-se as características
Quanto às condições climáticas, as áreas de pesquisa e de físicas e a natureza de cada suporte. A confecção e a disposição
trabalho devem receber tratamento diferenciado das áreas dos do mobiliário deverão acatar as normas existentes sobre quali-
depósitos, as quais, por sua vez, também devem se diferenciar dade e resistência e sobre segurança no trabalho.
entre si, considerando-se as necessidades específicas de preser- O mobiliário facilita o acesso seguro aos documentos, pro-
vação para cada tipo de suporte. move a proteção contra danos físicos, químicos e mecânicos. Os
documentos devem ser guardados em arquivos, estantes, armá-
A deterioração natural dos suportes dos documentos, ao rios ou prateleiras, apropriados a cada suporte e formato.
longo do tempo, ocorre por reações químicas, que são acele- Os documentos de valor permanente que apresentam gran-
radas por flutuações e extremos de temperatura e umidade re- des formatos, como mapas, plantas e cartazes, devem ser ar-
lativa do ar e pela exposição aos poluentes atmosféricos e às mazenados horizontalmente, em mapotecas adequadas às suas
radiações luminosas, especialmente dos raios ultravioleta. medidas, ou enrolados sobre tubos confeccionados em cartão
A adoção dos parâmetros recomendados por diferentes au- alcalino e acondicionados em armários ou gavetas. Nenhum do-
tores (de temperatura entre 15° e 22° C e de umidade relativa cumento deve ser armazenado diretamente sobre o chão.
entre 45% e 60%) exige, nos climas quentes e úmidos, o empre- As mídias magnéticas, como fitas de vídeo, áudio e de com-
go de meios mecânicos sofisticados, resultando em altos custos putador, devem ser armazenadas longe de campos magnéticos
de investimento em equipamentos, manutenção e energia. que possam causar a distorção ou a perda de dados. O armaze-
Os índices muito elevados de temperatura e umidade relati- namento será preferencialmente em mobiliário de aço tratado
va do ar, as variações bruscas e a falta de ventilação promovem com pintura sintética, de efeito antiestático.
a ocorrência de infestações de insetos e o desenvolvimento de As embalagens protegem os documentos contra a poeira e
microorganismos, que aumentam as proporções dos danos. danos acidentais, minimizam as variações externas de tempera-
Com base nessas constatações, recomenda-se: tura e umidade relativa e reduzem os riscos de danos por água e
- armazenar todos os documentos em condições ambientais fogo em casos de desastre.
que assegurem sua preservação, pelo prazo de guarda estabele- As caixas de arquivo devem ser resistentes ao manuseio, ao
cido, isto é, em temperatura e umidade relativa do ar adequadas peso dos documentos e à pressão, caso tenham de ser empilha-
a cada suporte documental; das. Precisam ser mantidas em boas condições de conservação e
- monitorar as condições de temperatura e umidade relativa limpeza, de forma a proteger os documentos.
do ar, utilizando pessoal treinado, a partir de metodologia pre- As medidas de caixas, envelopes ou pastas devem respeitar
viamente definida; formatos padronizados, e devem ser sempre iguais às dos docu-
- utilizar preferencialmente soluções de baixo custo direcio- mentos que irão abrigar, ou, caso haja espaço, esses devem ser
nadas à obtenção de níveis de temperatura e umidade relativa preenchidos para proteger o documento.
estabilizados na média, evitando variações súbitas; Todos os materiais usados para o armazenamento de docu-
- reavaliar a utilidade de condicionadores mecânicos quan- mentos permanentes devem manter-se quimicamente estáveis
do os equipamentos de climatização não puderem ser mantidos ao longo do tempo, não podendo provocar quaisquer reações
em funcionamento sem interrupção; que afetem a preservação dos documentos.
- proteger os documentos e suas embalagens da incidência Os papéis e cartões empregados na produção de caixas e
direta de luz solar, por meio de filtros, persianas ou cortinas; invólucros devem ser alcalinos e corresponder às expectativas
- monitorar os níveis de luminosidade, em especial das ra- de preservação dos documentos.
diações ultravioleta; No caso de caixas não confeccionados em cartão alcalino, re-
- reduzir ao máximo a radiação UV emitida por lâmpadas comenda-se o uso de invólucros internos de papel alcalino, para
fluorescentes, aplicando filtros bloqueadores aos tubos ou às evitar o contato direto de documentos com materiais instáveis.6
luminárias;
- promover regularmente a limpeza e o controle de insetos PRESERVAÇÃO E CONSERVAÇÃO DE DOCUMENTOS DE AR-
rasteiros nas áreas de armazenamento; QUIVO
- manter um programa integrado de higienização do acervo A manutenção dos documentos pelo prazo determinado na
e de prevenção de insetos; tabela de temporalidade dependem de três aspectos:
- monitorar as condições do ar quanto à presença de poeira
e poluentes, procurando reduzir ao máximo os contaminantes, Fatores de deterioração em acervos de arquivos
utilizando cortinas, filtros, bem como realizando o fechamento Conhecendo-se a natureza dos materiais componentes dos
e a abertura controlada de janelas; acervos e seu comportamento diante dos fatores aos quais es-
- armazenar os acervos de fotografias, filmes, meios magné- tão expostos, torna-se bastante fácil detectar elementos noci-
ticos e ópticos em condições climáticas especiais, de baixa tem- vos e traçar políticas de conservação para minimizá-los.
peratura e umidade relativa, obtidas por meio de equipamentos 6Adaptado de CONARQ - Conselho Nacional de Arquivos/ www.eboxdigital.com.br

79
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

A grande maioria dos arquivos é constituída de documen- As medidas para proteger o acervo de infestação de fungos
tos impressos, e o papel é basicamente composto por fibras de são:
celulose, portanto, identificar os principais agentes nocivos da - estabelecer política de controle ambiental, principalmente
celulose e descobrir soluções para evita-los é um grande passo temperatura, umidade relativa e ar circulante
na preservação e na conservação documental. - praticar a higienização tanto do local quanto dos docu-
Essa degradação à qual os acervos estão sujeitos não se li- mentos, com metodologia e técnicas adequadas;
mita a um único fator, pelo contrário, são várias as formas dessa - instruir o usuário e os funcionários com relação ao manu-
degradação ocorrer, como veremos a seguir: seio dos documentos e regras de higiene do local;
- manter vigilância constante dos documentos contra aci-
1. Fatores ambientais dentes com água, secando-os imediatamente caso ocorram.
São os agentes encontrados no ambiente físico do acervo,
como por exemplo, Temperatura, Umidade Relativa do Ar, Ra- - Roedores
diação da Luz, Qualidade do Ar. A presença de roedores em recintos de bibliotecas e arqui-
vos ocorre pelos mesmos motivos citados acima. Tentar obstruir
- Temperatura e umidade relativa as possíveis entradas para os ambientes dos acervos é um co-
O calor e a umidade contribuem significativamente para a meço. As iscas são válidas, mas para que surtam efeito devem
destruição dos documentos, principalmente quando em supor- ser definidas por especialistas em zoonose. O produto deve ser
te-papel. O desequilíbrio de um interfere no equilíbrio do outro. eficiente, desde que não provoque a morte dos roedores no
O calor acelera a deterioração. A velocidade de muitas reações recinto. A profilaxia se faz nos mesmos moldes citados acima:
químicas, é dobrada a cada aumento de 10°C. A alteração da temperatura e umidade relativa controladas, além de higiene
umidade relativa proporciona as condições necessárias para de- periódica.
sencadear intensas reações químicas nos materiais.
A circulação do ar ambiente representa um fator bastante - Ataques de insetos
importante para amenizar os efeitos da temperatura e umidade Baratas – Esses insetos atacam tanto papel quanto reves-
relativa elevada. timentos, provocam perdas de superfície e manchas de excre-
mentos. As baratas se reproduzem no próprio local e se tornam
- Radiação da luz infestação muito rapidamente, caso não sejam combatidas.
Toda fonte de luz, emite radiação nociva aos materiais de Brocas (Anobídios) – São insetos que causam danos imen-
acervos, provocando consideráveis danos através da oxidação. sos em acervos, principalmente em livros. A fase de ataque ao
Algumas medidas podem ser tomadas para proteção dos acervo é a de larva. Esse inseto se reproduz por acasalamento,
acervos: que ocorre no próprio acervo. Uma vez instalado, ataca não só o
- As janelas devem ser protegidas por cortinas ou persianas papel e seus derivados, como também a madeira do mobiliário,
que bloqueiem totalmente o sol; portas, pisos e todos os materiais à base de celulose.
- Filtros feitos de filmes especiais também ajudam no con- O ataque causa perda de suporte. A larva digere os mate-
trole da radiação UV, tanto nos vidros de janelas quanto em lâm- riais para chegar à fase adulta. Na fase adulta, acasala e põe
padas fluorescentes. ovos. Os ovos eclodem e o ciclo se repete.
Cupins (Térmitas) – Os cupins representam risco não só para
- Qualidades do ar as coleções como para o prédio em si. Os cupins percorrem áreas
O controle da qualidade é muito importante porque os ga- internas de alvenaria, tubulações, conduítes de instalações elé-
ses e as partículas sólidas contribuem muito para a deterioração tricas, rodapés, batentes de portas e janelas etc., muitas vezes
de materiais de bibliotecas e arquivos, destacando que esses po- fora do alcance dos nossos olhos.
luentes podem tanto vir do ambiente externo como podem ser Chegam aos acervos em ataques massivos, através de estan-
gerando no próprio ambiente. tes coladas às paredes, caixas de interruptores de luz, assoalhos
etc.
2. Agentes biológicos
Os agentes biológicos de deterioração de acervos são, en- 3. Intervenções inadequadas nos acervos
tre outros, os insetos (baratas, brocas, cupins), os roedores e os Trata-se de procedimentos de conservação que realizamos
fungos, cuja presença depende quase que exclusivamente das em um conjunto de documentos com o objetivo de interromper
condições ambientais reinantes nas dependências onde se en- ou melhorar seu estado de degradação e que as vezes, resultam
contram os documentos. em danos ainda maiores.
Por isso, qualquer tratamento que se queira aplicar exige
- Fungos um conhecimento das características individuais dos documen-
Como qualquer outro ser vivo, necessitam de alimento e tos e dos materiais a serem empregados no processo de conser-
umidade para sobreviver e proliferar. O alimento provém dos vação.
papéis, amidos (colas), couros, pigmentos, tecidos etc. A umi-
dade é fator indispensável para o metabolismo dos nutrientes e 4. Problemas no manuseio de livros e documentos
para sua proliferação. Essa umidade é encontrada na atmosfe- O manuseio inadequado dos documentos é um fator de de-
ra local, nos materiais atacados e na própria colônia de fungos. gradação muito frequente em qualquer tipo de acervo.
Além da umidade e nutrientes, outras condições contribuem O manuseio abrange todas as ações de tocar no documento,
para o crescimento das colônias: temperatura elevada, falta de sejam elas durante a higienização pelos funcionários da institui-
circulação de ar e falta de higiene. ção, na remoção das estantes ou arquivos para uso do pesquisa-
dor, nas foto-reproduções, na pesquisa pelo usuário etc.

80
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

5. Fatores de deterioração tos de insetos ou outros depósitos de superfície.


Como podemos ver, os danos são intensos e muitos são ir- - Avaliação do objeto a ser limpo - cada objeto deve ser
reversíveis. Apesar de toda a problemática dos custos de uma avaliado individualmente para determinar se a higienização é
política de conservação, existem medidas que podemos tomar necessária e se pode ser realizada com segurança. No caso de
sem despender grandes somas de dinheiro, minimizando dras- termos as condições abaixo, provavelmente o tratamento não
ticamente os efeitos desses agentes. Alguns investimentos de será possível:
baixo custo devem ser feitos, a começar por: • Fragilidade física do suporte
• Papéis de textura muito porosa
- treinamento dos profissionais na área da conservação e - Materiais usados para limpeza de superfície - a remoção da
preservação; sujidade superficial (que está solta sobre o documento) é feita
- atualização desses profissionais (a conservação é uma através de pincéis, flanela macia, aspirador e inúmeras outras
ciência em desenvolvimento constante e a cada dia novas técni- ferramentas que se adaptam à técnica, como bisturi, pinça, es-
cas, materiais e equipamentos surgem para facilitar e melhorar pátula, agulha, cotonete;
a conservação dos documentos);
- monitoração do ambiente – temperatura e umidade relati- - Limpeza de livros
va em níveis aceitáveis; - Encadernação (capa do livro) – limpar com trincha, pincel
- uso de filtros e protetores contra a luz direta nos docu- macio, aspirador, flanela macia, conforme o estado da encader-
mentos; nação;
- adoção de política de higienização do ambiente e dos acer- - Miolo (livro em si) – segurar firmemente o livro pela lom-
vos; bada, apertando o miolo. Com uma trincha ou pincel, limpar os
- contato com profissionais experientes que possam asses- cortes, começando pela cabeça do livro, que é a área que está
sorar em caso de necessidade. mais exposta à sujidade. Quando a sujeira está muito incrustada
e intensa, utilizar, primeiramente, aspirador de pó de baixa po-
6. Características gerais dos materiais empregados em tência ou ainda um pedaço de carpete sem uso;
conservação - O miolo deve ser limpo com pincel folha a folha, numa pri-
Nos projetos de conservação/preservação de acervos de bi- meira higienização;
bliotecas, arquivos e museus, é recomendado apenas o uso de - Oxigenar as folhas várias vezes.
materiais de qualidade arquivística, isto é, daqueles materiais
livres de quaisquer impurezas, quimicamente estáveis, resisten- - Higienização de documentos de arquivo - materiais arqui-
tes, duráveis. Suas características, em relação aos documentos vísticos têm os seus suportes geralmente quebradiços, frágeis,
onde são aplicados, distinguem-se pela estabilidade, neutralida- distorcidos ou fragmentados. Isso se deve principalmente ao
de, reversibilidade e inércia.Dentro das especificações positivas, alto índice de acidez resultante do uso de papéis de baixa quali-
encontramos vários materiais: os papéis e cartões alcalinos, os dade. As más condições de armazenamento e o excesso de ma-
poliésteres inertes, os adesivos alcalinos e reversíveis, os papéis nuseio também contribuem para a degradação dos materiais.
orientais, borrachas plásticas etc., usados tanto para pequenas Tais documentos têm que ser higienizados com muito critério
intervenções sobre os documentos como para acondicionamen- e cuidado.
to.
- Documentos manuscritos - os mesmos cuidados para com
7. Critérios para a escolha de técnicas e de materiais para os livros devem ser tomados em relação aos manuscritos. O exa-
a conservação de acervos me dos documentos, testes de estabilidade de seus componen-
Como já enfatizamos anteriormente, é muito importante ter tes para o uso dos materiais de limpeza mecânica e critérios de
conhecimentos básicos sobre os materiais que integram nossos intervenção devem ser cuidadosamente realizados.
acervos para que não corramos o risco de lhes causar mais da-
nos. - Documentos em grande formato
Vários são os procedimentos que, apesar de simples, são de - Desenhos de Arquitetura – Os papéis de arquitetura (no
grande importância para a estabilização dos documentos. geral em papel vegetal) podem ser limpos com pó de borracha,
após testes. Pode-se também usar um cotonete - bem enxuto e
embebido em álcool. Muito sensíveis à água, esses papéis po-
8. Higienização dem ter distorções causadas pela umidade que são irreversíveis
A sujidade é o agente de deterioração que mais afeta os do- ou de difícil remoção.
cumentos. A sujidade não é inócua e, quando conjugada a con- - Posters (Cartazes) – As tintas e suportes de posters são
dições ambientais inadequadas, provoca reações de destruição muito frágeis. Não se recomenda limpar a área pictórica. Todo
de todos os suportes num acervo. Portanto, a higienização das cuidado é pouco, até mesmo na escolha de seu acondicionamen-
coleções deve ser um hábito de rotina na manutenção de biblio- to.
tecas ou arquivos, razão por que é considerada a conservação - Mapas – Os mapas coloridos à mão merecem uma atenção
preventiva por excelência. especial na limpeza. Em mapas impressos, desde que em boas
condições, o pó de borracha pode ser aplicado para tratar gran-
- Processos de higienização des áreas.
- Limpeza de superfície - o processo de limpeza de acervos
de bibliotecas e arquivos se restringe à limpeza de superfície e,
portanto, é mecânica, feita a seco, com o objetivo de reduzir
poeira, partículas sólidas, incrustações, resíduos de excremen-

81
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

9. Pequenos reparos Com a mecanização, racionalização e automação, o exce-


Os pequenos reparos são diminutas intervenções que pode- dente de produção se torna cada vez menos necessário, e nesse
mos executar visando interromper um processo de deterioração caso a Administração de Materiais é uma ferramenta fundamen-
em andamento. Essas pequenas intervenções devem obedecer a tal para manter o equilíbrio dos estoques, para que não falte a
critérios rigorosos de ética e técnica e têm a função de melhorar matéria-prima, porém não haja excedentes.
o estado de conservação dos documentos. Caso esses critérios Essa evolução da Administração de Materiais ao longo des-
não sejam obedecidos, o risco de aumentar os danos é muito sas fases produtivas baseou-se principalmente, pela necessidade
grande e muitas vezes de caráter irreversível. de produzir mais, com custos mais baixos. Atualmente a Admi-
Os livros raros e os documentos de arquivo mais antigos de- nistração de Materiais tem como função principal o controle de
vem ser tratados por especialistas da área. Os demais documen- produção e estoque, como também a distribuição dos mesmos.
tos permitem algumas intervenções, de simples a moderadas.
Os materiais utilizados para esse fim devem ser de qualidade As Três Fases da Administração de Recursos Materiais e Pa-
arquivística e de caráter reversível. Da mesma forma, toda a in- trimoniais
tervenção deve obedecer a técnicas e procedimentos reversí- 1 – Aumentar a produtividade. Busca pela eficiência.
veis. Isso significa que, caso seja necessário reverter o processo, 2 – Aumentar a qualidade sem preocupação em prejudicar
não pode existir nenhum obstáculo na técnica e nos materiais outras áreas da Organização. Busca pela eficácia.
utilizados. 3 – Gerar a quantidade certa, no momento certo par aten-
Toda e qualquer procedimento acima citada obrigatoria- der bem o cliente, sem desperdício. Busca pela efetividade.
mente deve ser feito com o uso dos EPIs – Equipamentos de
Proteção Individual – tais como avental, luva, máscara, toucas, Visão Operacional e Visão Estratégica
óculos de proteção e pró-pé/bota, a fim de evitar diversas ma- Na visão operacional busca-se a melhoria relacionada a ati-
nifestações alérgicas, como rinite, irritação ocular, problemas vidades específicas. Melhorar algo que já existe.
respiratórios, protegendo assim a saúde do profissional. 7 Na visão estratégica busca-se o diferencial. Fazer as coisas
de um modo novo. Aqui se preocupa em garantir a alta perfor-
mance de maneira sistêmica. Ou seja, envolvendo toda a organi-
zação de maneira interrelacional.
ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS: PATRIMÔNIO, AL- Com relação à Fábula de La Fontaine, a preocupação do au-
MOXARIFADO, COMPRAS E ESTOQUE; INVENTÁRIO; tor era, conforme sua época, garantir a melhoria quantitativa
LOGÍSTICA; BENS PATRIMONIAIS; SEGURANÇA NA das ações dos empregados. Aqueles que mantêm uma padro-
ÁREA DE MATERIAIS; CONCEITOS RELACIONADOS À nização de são recompensados pela Organização. Na moderna
ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS E A LOGÍSTICA interpretação da Fábula a autora passa a idéia de que precisa-
mos além de trabalhar investir no nosso talento de maneira dife-
ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS rencial. Assim, poderemos não só garantir a sustentabilidade da
Recurso – Conceito = É aquele que gera, potencialmente ou Organização para os diversos invernos como, também, fazê-los
de forma efetiva, riqueza. em Paris.
Historicamente, a administração de recursos materiais e pa-
Administração de Recursos - Conceitos - Atividade que pla- trimoniais tem seu foco na eficiência de processos – visão ope-
neja, executa e controla, nas condições mais eficientes e eco- racional. Hoje em dia, a administração de materiais passa a ser
nômicas, o fluxo de material, partindo das especificações dos chamada de área de logística dentro das Organizações devido à
artigos e comprar até a entrega do produto terminado para o ênfase na melhor maneira de facilitar o fluxo de produtos entre
cliente. produtores e consumidores, de forma a obter o melhor nível de
É um sistema integrado com a finalidade de prover à ad- rentabilidade para a organização e maior satisfação dos clientes.
ministração, de forma contínua, recursos, equipamentos e in- A Administração de Materiais possui hoje uma Visão Estra-
formações essenciais para a execução de todas as atividades da tégica. Ou seja, foco em ser a melhor por meio da INOVAÇÃO
Organização. e não baseado na melhor no que já existe. A partir da visão es-
tratégica a Administração de Recursos Materiais e Patrimoniais
Evolução da Administração de Recursos Materiais e Patri- passa ser conhecida por LOGISTICA.
moniais
A evolução da Administração de Materiais processou-se em Sendo assim:
várias fases:
- A Atividade exercida diretamente pelo proprietário da em- VISÃO OPERACIONAL VISÃO ESTRATÉGICA
presa, pois comprar era a essência do negócio;
- Atividades de compras como apoio às atividades produti- EFICIENCIA EFETIVIDADE
vas se, portanto, integradas à área de produção; ESPECIFICA SISTEMICA
- Condenação dos serviços envolvendo materiais, come-
QUANTITATIVA E
çando com o planejamento das matérias-primas e a entrega de QUANTITATIVA
QUALITATIVA
produtos acabados, em uma organização independente da área
produtiva; MELHORAR O QUE JÁ EXISTE INOVAÇÃO
- Agregação à área logística das atividades de suporte à área QUANTO QUANDO
de marketing.

7Adaptado de Norma Cianflone Cassares

82
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Princípios da Administração de Recursos Materiais e Patri- São tarefas da Administração de Materiais:


moniais - Controle da produção;
- Qualidade do material; - Controle de estoque;
- Quantidade necessária; - Compras;
- Prazo de entrega - Recepção;
- Preço; - Inspeção das entradas;
- Condições de pagamento. - Armazenamento;
- Movimentação;
Qualidade do Material - Inspeção de saída
O material deverá apresentar qualidade tal que possibilite - Distribuição.
sua aceitação dentro e fora da empresa (mercado).
Sem o estoque de certas quantidades de materiais que
Quantidade atendam regularmente às necessidades dos vários setores da
Deverá ser estritamente suficiente para suprir as necessi- organização, não se pode garantir um bom funcionamento e
dades da produção e estoque, evitando a falta de material para um padrão de atendimento desejável. Estes materiais, necessá-
o abastecimento geral da empresa bem como o excesso em es- rios à manutenção, aos serviços administrativos e à produção
toque. de bens e serviços, formam grupos ou classes que comumente
constituem a classificação de materiais. Estes grupos recebem
Prazo de Entrega denominação de acordo com o serviço a que se destinam (manu-
Deverá ser o menor possível, a fim de levar um melhor aten- tenção, limpeza, etc.), ou à natureza dos materiais que neles são
dimento aos consumidores e evitar falta do material. relacionados (tintas, ferragens, etc.), ou do tipo de demanda,
estocagem, etc.
Menor Preço
O preço do produto deverá ser tal que possa situá-lo em po- Classificação de Materiais
sição da concorrência no mercado, proporcionando à empresa Classificar um material então é agrupá-lo segundo sua for-
um lucro maior. ma, dimensão, peso, tipo, uso etc. A classificação não deve gerar
confusão, ou seja, um produto não poderá ser classificado de
Condições de pagamento modo que seja confundido com outro, mesmo sendo semelhan-
Deverão ser as melhores possíveis para que a empresa te- te. A classificação, ainda, deve ser feita de maneira que cada
nha maior flexibilidade na transformação ou venda do produto. gênero de material ocupe seu respectivo local. Por exemplo:
produtos químicos poderão estragar produtos alimentícios se
Diferença Básica entre Administração de Materiais e Admi- estiverem próximos entre si. Classificar material, em outras pa-
nistração Patrimonial lavras, significa ordená-lo segundo critérios adotados, agrupan-
A diferença básica entre Administração de Materiais e Ad- do-o de acordo com a semelhança, sem, contudo, causar confu-
ministração Patrimonial é que a primeira se tem por produto são ou dispersão no espaço e alteração na qualidade.
final a distribuição ao consumidor externo e a área patrimonial O objetivo da classificação de materiais é definir uma cata-
é responsável, apenas, pela parte interna da logística. Seu pro- logação, simplificação, especificação, normalização, padroniza-
duto final é a conservação e manutenção de bens. ção e codificação de todos os materiais componentes do esto-
A Administração de Materiais é, portanto um conjunto de que da empresa.
atividades desenvolvidas dentro de uma empresa, de forma cen- O sistema de classificação é primordial para qualquer De-
tralizada ou não, destinadas a suprir as diversas unidades, com partamento de Materiais, pois sem ele não poderia existir um
os materiais necessários ao desempenho normal das respectivas controle eficiente dos estoques, armazenagem adequada e fun-
atribuições. Tais atividades abrangem desde o circuito de rea- cionamento correto do almoxarifado.
provisionamento, inclusive compras, o recebimento, a armaze-
nagem dos materiais, o fornecimento dos mesmos aos órgãos O princípio da classificação de materiais está relacionado à:
requisitantes, até as operações gerais de controle de estoques
etc. Catalogação
A Administração de Materiais destina-se a dotar a admi- A Catalogação é a primeira fase do processo de classificação
nistração dos meios necessários ao suprimento de materiais de materiais e consiste em ordenar, de forma lógica, todo um
imprescindíveis ao funcionamento da organização, no tempo conjunto de dados relativos aos itens identificados, codificados
oportuno, na quantidade necessária, na qualidade requerida e e cadastrados, de modo a facilitar a sua consulta pelas diversas
pelo menor custo. áreas da empresa.
A oportunidade, no momento certo para o suprimento de Simplificar material é, por exemplo, reduzir a grande diver-
materiais, influi no tamanho dos estoques. Assim, suprir antes sidade de um item empregado para o mesmo fim. Assim, no caso
do momento oportuno acarretará, em regra, estoques altos, aci- de haver duas peças para uma finalidade qualquer, aconselha-se
ma das necessidades imediatas da organização. Por outro lado, a simplificação, ou seja, a opção pelo uso de uma delas. Ao sim-
a providência do suprimento após esse momento poderá levar plificarmos um material, favorecemos sua normalização, redu-
a falta do material necessário ao atendimento de determinada zimos as despesas ou evitamos que elas oscilem. Por exemplo,
necessidade da administração. cadernos com capa, número de folhas e formato idênticos con-
tribuem para que haja a normalização. Ao requisitar uma quanti-
dade desse material, o usuário irá fornecer todos os dados (tipo
de capa, número de folhas e formato), o que facilitará sobrema-

83
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

neira não somente sua aquisição, como também o desempenho - Tipos de estocagem
daqueles que se servem do material, pois a não simplificação - Dificuldade de aquisição
(padronização) pode confundir o usuário do material, se este um - Mercado fornecedor.
dia apresentar uma forma e outro dia outra forma de maneira
totalmente diferente. - Por tipo de demanda: A classificação por tipo de demanda
se divide em materiais não de estoque e materiais de estoque.
Especificação Materiais não de estoque: são materiais de demanda imprevisí-
Aliado a uma simplificação é necessária uma especificação vel para os quais não são definidos parâmetros para o ressupri-
do material, que é uma descrição minuciosa para possibilitar mento. Esses materiais são utilizados imediatamente, ou seja, a
melhor entendimento entre consumidor e o fornecedor quanto inexistência de regularidade de consumo faz com que a compra
ao tipo de material a ser requisitado. desses materiais somente seja feita por solicitação direta do
usuário, na ocasião em que isso se faça necessário. O usuário é
Normalização que solicita sua aquisição quando necessário. Devem ser com-
A normalização se ocupa da maneira pela qual devem ser prados para uso imediato e se forem utilizados posteriormente,
utilizados os materiais e m suas diversas finalidades e da pa- devem ficar temporariamente no estoque. A outra divisão são os
dronização e identificação do material, de modo que o usuário Materiais de estoques: são materiais que devem sempre existir
possa requisitar e o estoquista possa atender os itens utilizando nos estoques para uso futuro e para que não haja sua falta são
a mesma terminologia. A normalização é aplicada também no criadas regras e critérios de ressuprimento automático. Deve
caso de peso, medida e formato. existir no estoque, seu ressuprimento deve ser automático, com
base na demanda prevista e na importância para a empresa.
Codificação
É a apresentação de cada item através de um código, com Os materiais de estoque se subdividem ainda;
as informações necessárias e suficientes, por meio de números Quanto à aplicação eles podem ser: Materiais produtivos
e/ou letras. É utilizada para facilitar a localização de materiais que compreendem todo material ligado direta ou indiretamen-
armazenados no estoque, quando a quantidade de itens é muito te ao processo produtivo. Matéria prima que são materiais bási-
grande. Em função de uma boa classificação do material, pode- cos e insumos que constituem os itens iniciais e fazem parte do
remos partir para a codificação do mesmo, ou seja, representar processo produtivo. Produtos em fabricação que são também
todas as informações necessárias, suficientes e desejadas por conhecidos como materiais em processamento que estão sendo
meios de números e/ou letras. Os sistemas de codificação mais processados ao longo do processo produtivo. Não estão mais no
comumente usados são: o alfabético (procurando aprimorar estoque porque já não são mais matérias-primas, nem no esto-
o sistema de codificação, passou-se a adotar de uma ou mais que final porque ainda não são produtos acabados. Produtos aca-
letras o código numérico), alfanumérico e numérico, também bados: produtos já prontos. Materiais de manutenção: materiais
chamado “decimal”. A escolha do sistema utilizado deve estar aplicados em manutenção com utilização repetitiva. Materiais im-
voltada para obtenção de uma codificação clara e precisa, que produtivos: materiais não incorporados ao produto no processo
não gere confusão e evite interpretações duvidosas a respeito produtivo da empresa. Materiais de consumo geral: materiais de
do material. Este processo ficou conhecido como “código alfa- consumo, aplicados em diversos setores da empresa.
bético”. Entre as inúmeras vantagens da codificação está a de
afastar todos os elementos de confusão que porventura se apre- Quanto ao valor de consumo: Para que se alcance a eficá-
sentarem na pronta identificação de um material. cia na gestão de estoque é necessário que se separe de forma
O sistema classificatório permite identificar e decidir prio- clara, aquilo que é essencial do que é secundário em termos de
ridades referentes a suprimentos na empresa. Uma eficiente valor de consumo. Para fazer essa separação nós contamos com
gestão de estoques, em que os materiais necessários ao funcio- uma ferramenta chamada de Curva ABC ou Curva de Pareto,
namento da empresa não faltam, depende de uma boa classifi- ela determina a importância dos materiais em função do valor
cação dos materiais. expresso pelo próprio consumo em determinado período. Curva
Para Viana um bom método de classificação deve ter algu- ABC é um importante instrumento para se examinar estoques,
mas características: ser abrangente, flexível e prático. permitindo a identificação daqueles itens que justificam atenção
- Abrangência: deve tratar de um conjunto de característi- e tratamento adequados quanto à sua administração. Ela con-
cas, em vez de reunir apenas materiais para serem classificados; siste na verificação, em certo espaço de tempo (normalmente 6
- Flexibilidade: deve permitir interfaces entre os diversos meses ou 1 ano), do consumo em valor monetário, ou quantida-
tipos de classificação de modo que se obtenha ampla visão do de dos itens do estoque, paraque eles possam ser classificados
gerenciamento do estoque; em ordem decrescente de importância.
- Praticidade: a classificação deve ser simples e direta.
Os materiais são classificados em:
Para atender às necessidades de cada empresa, é necessária - Classe A: Grupo de itens mais importante que devem ser
uma divisão que norteie os vários tipos de classificação. trabalhados com uma atenção especial pela administração. Os
Dentro das empresas existem vários tipos de classificação dados aqui classificados correspondem, em média, a 80% do va-
de materiais. lor monetário total e no máximo 20% dos itens estudados (esses
valores são orientativos e não são regra).
Para o autor Viana os principais tipos de classificação são: - Classe B: São os itens intermediários que deverão ser tra-
- Por tipo de demanda tados logo após as medidas tomadas sobre os itens de classe
- Materiais críticos A; são os segundos em importância. Os dados aqui classificados
- Pericibilidade correspondem em média, a 15% do valor monetário total do es-
- Quanto à periculosidade toque e no máximo 30% dos itens estudados (esses valores são
- Possibilidade de fazer ou comprar orientadores e não são regra).

84
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

- Classe C: Grupo de itens menos importantes em termos de movimentação, no entanto, requerem atenção pelo fato de gera-
rem custo de manter estoque. Deverão ser tratados, somente, após todos os itens das classes A e B terem sido avaliados. Em geral,
somente 5% do valor monetário total representam esta classe, porém, mais de 50% dos itens formam sua estrutura (esses valores
são orientadores e não são regra).

Metodologia de cálculo da curva ABC


A Curva ABC é muito usada para a administração de estoques, para a definição de políticas de vendas, para estabelecimento de
prioridades, para a programação da produção.

Analisar em profundidade milhares de itens num estoque é uma tarefa extremamente difícil e, na grande maioria das vezes,
desnecessária. É conveniente que os itens mais importantes, segundo algum critério, tenham prioridade sobre os menos importan-
tes. Assim, economiza-se tempo e recursos.
Para simplificar a construção de uma curva ABC, separamos o processo em 6 etapas a seguir:
1º) Definir a variável a ser analisada: A análise dos estoques pode ter vários objetivos e a variável deverá ser adequada para
cada um deles. No nosso caso, a variável a ser considerada é o custo do estoque médio, mas poderia ser: o giro de vendas, o mar-
k-up, etc.
2º) Coleta de dados: Os dados necessários neste caso são: quantidade de cada item em estoque e o seu custo unitário. Com
esses dados obtemos o custo total de cada item, multiplicando a quantidade pelo custo unitário.
3º) Ordenar os dados: Calculado o custo total de cada item, é preciso organizá-los em ordem decrescente de valor.
4º) Calcular os percentuais: Na tabela a seguir, os dados foram organizados pela coluna “Ordem” e calcula-se o custo total acu-
mulado e os percentuais do custo total acumulado de cada item em relação ao total.
5º) Construir a curva ABC

Desenha-se um plano cartesiano, onde no eixo “x” são distribuídos os itens do estoque e no eixo “y”, os percentuais do custo
total acumulado.

85
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

6º) Análise dos resultados


Os itens em estoque devem ser analisados segundo o critério ABC. Na verdade, esse critério é qualitativo, mas a tabela abaixo
mostra algumas indicações para sua elaboração:

Classe % itens Valor acumulado Importância


A 20 80% Grande
B 30 15% Intermediária
C 50 5% Pequena

Pelo nosso exemplo, chegamos à seguinte distribuição:

Classe Nº itens % itens Valor acumulado Itens em estoque


A 2 16,7% 80,1% Faca, Jarro
B 3 25,0% 15,6% Apontador, Esquadro, Dado
C 7 58,3% 4,3% Key, Livro, Herói, Caixa, Bola, Giz, Isqueiro.

A aplicação prática dessa classificação ABC pode ser vista quando, por exemplo, reduzimos 20% do valor em estoque dos itens
A (apenas 2 itens), representando uma redução de 16% no valor total, enquanto que uma redução de 50% no valor em estoque dos
itens C (sete itens), impactará no total em apenas 2,2%. Logo, reduzir os estoques do grupo A, desde que calculadamente, seria uma
ação mais rentável para a empresa do nosso exemplo.

Quanto à importância operacional: Esta classificação leva em conta a imprescindibilidade ou ainda o grau de dificuldade para
se obter o material.
Os materiais são classificados em materiais:
- Materiais X: materiais de aplicação não importante, com similares na empresa;
- Materiais Y: materiais de média importância para a empresa, com ou sem similar;
- Materiais Z: materiais de importância vital, sem similar na empresa, e sua falta ocasiona paralisação da produção.

Quando ocorre a falta no estoque de materiais classificados como “Z”, eles provocam a paralisação de atividades essenciais e
podem colocar em risco o ambiente, pessoas e patrimônio da empresa. São do tipo que não possuem substitutos em curto prazo. Os
materiais classificados como “Y” são também imprescindíveis para as atividades da organização. Entretanto podem ser facilmente
substituídos em curto prazo. Os itens “X” por sua vez são aqueles que não paralisam atividades essenciais, não oferecem riscos à
segurança das pessoas, ao ambiente ou ao patrimônio da organização e são facilmente substituíveis por equivalentes e ainda são
fáceis de serem encontrados.
Para a identificação dos itens críticos devem ser respondidas as seguintes perguntas: O material é imprescindível à empresa?
Pode ser adquirido com facilidade? Existem similares? O material ou seu similar podem ser encontrados facilmente?

Ainda em relação aos tipos de materiais temos;

- Materiais Críticos: São materiais de reposição específica, cuja demanda não é previsível e a decisão de estocar tem como base
o risco. Por serem sobressalentes vitais de equipamentos produtivos, devem permanecer estocados até sua utilização, não estando,
portanto, sujeitos ao controle de obsolescência.
A quantidade de material cadastrado como material crítico dentro de uma empresa deve ser mínimo.
Os materiais são classificados como críticos segundo os seguintes critérios: Críticos por problemas de obtenção de material im-
portado, único fornecedor, falta no mercado, estratégico e de difícil obtenção ou fabricação; Críticos por razões econômicas de ma-
teriais de valor elevado com alto custo de armazenagem ou de transporte; Críticos por problemas de armazenagem ou transporte
de materiais perecíveis, de alta periculosidade, elevado peso ou grandes dimensões; Críticos por problema de previsão, por ser difí-
cil prever seu uso; Críticos por razões de segurança de materiais de alto custo de reposição ou para equipamento vital da produção.
- Perecibilidade: Os materiais também podem ser classificados de acordo com a possibilidade de extinção de suas propriedades
físico-químicas. Muitas vezes, o fator tempo influencia na classificação; assim, quando a empresa adquire um material para ser
usado em um período, e nesse período o consumo não ocorre, sua utilização poderá não ser mais necessária, o que inviabiliza a
estocagem por longos períodos. Ex. alimentos, remédios;

- Quanto à periculosidade: O uso dessa classificação permite a identificação de materiais que devido a suas características físi-
co-químicas, podem oferecer risco à segurança no manuseio, transporte, armazenagem. Ex. líquidos inflamáveis.

- Possibilidade de fazer ou comprar: Esta classificação visa determinar quais os materiais que poderão ser recondicionados,
fabricados internamente ou comprados:

86
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

- Fazer internamente: fabricados na empresa; 1a fase - Entrada de Materiais


- Comprar: adquiridos no mercado; A recepção dos veículos transportadores efetuada na porta-
- Decisão de comprar ou fazer: sujeito à análise de custos; ria da empresa representa o início do processo de Recebimento
- Recondicionar: materiais passíveis de recuperação sujeitos e tem os seguintes objetivos:
a análise de custos. - A recepção dos veículos transportadores;
- A triagem da documentação suporte do recebimento;
- Tipos de estocagem: Os materiais podem ser classificados - Constatação se a compra, objeto da nota fiscal em análise,
em materiais de estocagem permanente e temporária. está autorizada pela empresa;
- Permanente: materiais para os quais foram aprovados ní- - Constatação se a compra autorizada está no prazo de en-
veis de estoque e que necessitam de ressuprimento constantes. trega contratual;
- Temporária: materiais de utilização imediata e sem ressu- - Constatação se o número do documento de compra consta
primento, ou seja, é um material não de estoque. na nota fiscal;
- Cadastramento no sistema das informações referentes a
- Dificuldade de aquisição: Os materiais podem ser classi- compras autorizadas, para as quais se inicia o processo de re-
ficados por suas dificuldades de compra em materiais de difícil cebimento;
aquisição e materiais de fácil aquisição. As dificuldades podem - O encaminhamento desses veículos para a descarga;
advir de: Fabricação especial: envolve encomendas especiais
com cronograma de fabricação longo; Escassez no mercado: há As compras não autorizadas ou em desacordo com a pro-
pouca oferta no mercado e pode colocar em risco o processo gramação de entrega devem ser recusadas, transcrevendo-se os
produtivo; Sazonalidade: há alteração da oferta do material em motivos no verso da Nota Fiscal. Outro documento que serve
determinados períodos do ano; Monopólio ou tecnologia exclu- para as operações de análise de avarias e conferência de vo-
siva: dependência de um único fornecedor; Logística sofisticada: lumes é o “Conhecimento de Transporte Rodoviário de Carga”,
material de transporte especial, ou difícil acesso; Importações: que é emitido quando do recebimento da mercadoria a ser
os materiais sofrer entraves burocráticos, liberação de verbas transportada.
ou financiamentos externos. As divergências e irregularidades insanáveis constatadas
em relação às condições de contrato devem motivar a recusa
- Mercado fornecedor: Esta classificação está intimamente do recebimento, anotando-se no verso da 1a via da Nota Fis-
ligada à anterior e a complementa. Assim temos: Materiais do cal as circunstâncias que motivaram a recusa, bem como nos
mercado nacional: materiais fabricados no próprio país; Mate- documentos do transportador. O exame para constatação das
riais do mercado estrangeiro: materiais fabricados fora do país; avarias é feito através da análise da disposição das cargas, da
Materiais em processo de nacionalização: materiais aos quais observação das embalagens, quanto a evidências de quebras,
estão desenvolvendo fornecedores nacionais. umidade e amassados.
Os materiais que passaram por essa primeira etapa devem
Recebimento e Armazenagem ser encaminhados ao Almoxarifado. Para efeito de descarga do
Recebimento é a atividade intermediária entre as tarefas de material no Almoxarifado, a recepção é voltada para a confe-
compra e pagamento ao fornecedor, sendo de sua responsabili- rência de volumes, confrontando-se a Nota Fiscal com os res-
dade a conferência dos materiais destinados à empresa. pectivos registros e controles de compra. Para a descarga do
As atribuições básicas do Recebimento são: veículo transportador é necessária a utilização de equipamentos
- Coordenar e controlar as atividades de recebimento e de- especiais, quais sejam: paleteiras, talhas, empilhadeiras e pon-
volução de materiais; tes rolantes.
- Analisar a documentação recebida, verificando se a com- O cadastramento dos dados necessários ao registro do re-
pra está autorizada; cebimento do material compreende a atualização dos seguintes
- Controlar os volumes declarados na nota fiscal e no mani- sistemas:
festo de transporte com os volumes a serem efetivamente re- - Sistema de Administração de Materiais e gestão de esto-
cebidos; ques: dados necessários à entrada dos materiais em estoque,
- Proceder a conferência visual, verificando as condições de visando ao seu controle;
embalagem quanto a possíveis avarias na carga transportada e, - Sistema de Contas a pagar : dados referentes à liberação
se for o caso, apontando as ressalvas de praxe nos respectivos de pendências com fornecedores, dados necessários à atualiza-
documentos; ção da posição de fornecedores;
- Sistema de Compras : dados necessários à atualização de
- Proceder a conferência quantitativa e qualitativa dos ma- saldos e baixa dos processos de compras;
teriais recebidos;
- Decidir pela recusa, aceite ou devolução, conforme o caso; 2a fase - Conferência Quantitativa
- Providenciar a regularização da recusa, devolução ou da É a atividade que verifica se a quantidade declarada pelo
liberação de pagamento ao fornecedor; fornecedor na Nota Fiscal corresponde efetivamente à recebida.
- Liberar o material desembaraçado para estoque no almo- A conferência por acusação também conhecida como “conta-
xarifado; gem cega “ é aquela no qual o conferente aponta a quantidade
recebida, desconhecendo a quantidade faturada pelo fornece-
A análise do Fluxo de Recebimento de Materiais permite di- dor. A confrontação do recebido versus faturado é efetuada a
vidir a função em quatro fases: posteriori por meio do Regularizador que analisa as distorções e
providencia a recontagem.

87
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Dependendo da natureza dos materiais envolvidos, estes Tipos de armazenagem:


podem ser contados utilizando os seguintes métodos: A armanezagem temporária tem como função conseguir
- Manual: para o caso de pequenas quantidades; uma forma de arrumação fácil de material, como por exemplo, a
- Por meio de cálculos: para o caso que envolve embalagens colocação de estrados para uma armazenagem direta entre ou-
padronizadas com grandes quantidades; tros. Já a armazenagem permanente tem um local pré-definido
para o depósito de materiais, assim o fluxo do material deter-
- Por meio de balanças contadoras pesadoras: para casos mina a disposição do armazém, onde os acessórios do armazém
que envolvem grande quantidade de pequenas peças como pa- ficarão, assim, garantindo a organização do mesmo.
rafusos, porcas, arruelas;
- Pesagem: para materiais de maior peso ou volume, a pe- Vantagens da armazenagem:
sagem pode ser feita através de balanças rodoviárias ou ferro- A armazenagem quando efetuada de maneira correta pode
viárias; trazer muitos benefícios, nos quais traz diretamente a redução
- Medição: em geral as medições são feitas por meio de tre- de custos.
nas; - Redução dos custos de movimentação bem como das exis-
tências;
3a fase - Conferência Qualitativa - Facilidade na fiscalização do processo;
Visa garantir a adequação do material ao fim que se destina. - Redução de perdas e inutilidades.
A análise de qualidade efetuada pela inspeção técnica, por meio - Aproxima a empresa de seus clientes e fornecedores;
da confrontação das condições contratadas na Autorização de - Agiliza o processo de entrega;
Fornecimento com as consignadas na Nota Fiscal pelo Fornece- - Compensa defasagens de produção
dor, visa garantir o recebimento adequado do material contra- - Melhor aproveitamento do espaço;
tado pelo exame dos seguintes itens:
- Características dimensionais; Desvantagens da armazenagem:
- Características específicas; Algumas desvantagens segundo:
- Restrições de especificação; - Imobilização de capital;
- A armazenagem requer serviços administrativos de contro-
A armazenagem nada mais é do que um conjunto de fun- les e gerenciamento;
ções que tem nele a recepção, descarga, carregamento, arruma- - A mercadoria tem prazo de validade nos quais devem ser
ção e conservação de matérias – primas, produtos acabados ou respeitados;
semi – acabados. - Um armazém de grande porte requer máquinas com tec-
Este processo envolve mercadorias, e apenas produz re- nologia.
sultados quando é realizado uma operação com o objetivo de
lhe acrescentar valor. A armazenagem pode ser definida como Armazenagem em função das prioridades
o compromisso entre os custos e a melhor solução para as em- Não existe nenhuma norma que regule o modo como os ma-
presas. Na prática isso só é possível se tiver em conta todos os teriais devem estar dispostos no armazém, porém essa decisão
fatores que influenciam os custos de armazenagem, bem como depende de vários fatores. Senão veja-se:
a importância relativa dos mesmos.
A função de armazenamento de material é agir com maior Armazenagem por agrupamento:
agilidade entre suprimento e as necessidades de produção. Esta espécie de armazenagem facilita a arrumação e busca
O armazenamento incorpora diversos aspectos diferentes de materiais, podendo prejudicar o aprovisionamento do espa-
das operações logísticas. Devido à interação, o armazenamento ço. É o caso dos moldes, peças, lotes de aprovisionamento aos
não se enquadra nitidamente em esquemas de classificação uti- quais se atribui um número que por sua vez pertence a um gru-
lizados quando se fala em gerenciamento de pedidos, inventário po, identificando-os com a divisão da estante respectiva .
ou transporte.
Armazenagem por tamanho, peso e característica do ma-
As atividades que compõem a armazenagem são: terial.
- Recebimento: é o conjunto de operações que envolvem a Neste critério o talão de saída deve conter a informação re-
identificação do material recebido, analisar o documento fiscal lativa ao setor do armazém onde o material se encontra. Este
com o pedido, a inspeção do material e a sua aceitação formal. critério permite um melhor aprovisionamento do espaço, mas
- Estocagem: é o conjunto de operações relacionadas à guar- exige um controlo rigoroso de todas as movimentações.
da do material. A classificação dos estoques constitui-se em: es-
toque de produtos em processo, estoque de matéria – prima e Armazenagem por frequência
materiais auxiliares ,estoque operacional, estoque de produtos O controle através da ficha técnica permite determinar o lo-
acabados e estoques de materiais administrativos. cal onde o material deverá ser colocado, consoante a frequência
- Distribuição: está relacionada à expedição do material, que com que este é movimentado. A ficha técnica também consegue
envolve a acumulação do que foi recebido da parte de estoca- verificar o tamanho das estantes, de modo a racionalizar o apro-
gem, a embalagem que deve ser adequada e assim a entrega veitamento do espaço.
ao seu destino final. Nessa atividade normalmente precisa-se de
nota fiscal de saída para que haja controle do estoque.

88
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Armazenagem com separação entre lote de reserva e lote Critérios de Armazenagem


diário Dependendo das características do material, a armazena-
Esta armazenagem é constituída por um segundo armazém gem pode dar-se em função dos seguintes parâmetros:
de pequenos lotes o qual se destina a cobrir as necessidades - Fragilidade;
do dia-a-dia. Este armazém de movimento possui uma variada - Combustibilidade;
gama de materiais. - Volatilização;
- Oxidação;
Armazenagem por setores de montagem - Explosividade;
Neste tipo de armazenagem as peças de série são engloba- - Intoxicação;
das num só grupo, de forma a constituir uma base de uma pro- - Radiação;
dução por família de peças. Este critério conduz à organização - Corrosão;
das peças por prioridades dentro de cada grupo. - Inflamabilidade;
A mecanização dos processos de armazenagem fará com que o - Volume;
critério do percurso mais breve e de menor frequência seja imple- - Peso;
mentado na elaboração de novas técnicas de armazenagem - Forma.
Tipos de Armazenagem Os materiais sujeitos à armazenagem não obedecem regras
taxativas que regulem o modo como os materiais devem ser dis-
Armazenagem temporária postos no Almoxarifado. Por essa razão, deve-se analisar, em
Aqui podem ser criadas armações corridas de modo a con- conjunto, os parâmetros citados anteriormente, para depois de-
seguir uma arrumação fácil do material, colocação de estrados cidir pelo tipo de arranjo físico mais conveniente, selecionando
para uma armazenagem direta, pranchas entre outros. Aqui a a alternativa que melhor atenda ao fluxo de materiais:
força da gravidade joga a favor.
1. armazenagem por tamanho: esse critério permite bom
aproveitamento do espaço;
Armazenagem permanente 2. armazenamento por frequência: esse critério implica ar-
É um processo predefinido num local destinado ao depósito mazenar próximo da saída do almoxarifado os materiais que te-
de matérias. nham maior frequência de movimento;
O fluxo de material determina:
3. armazenagem especial, onde destacam-se:
- A disposição do armazém - critério de armazenagem;
a) os ambientes climatizados;
- A técnica de armazenagem - espaço físico no armazém;
b) os produtos inflamáveis, que são armazenados sob rígi-
- Os acessórios do armazém;
das normas de segurança;
- A organização da armazenagem.
c) os produtos perecíveis (método FIFO)
Armazenagem interior/exterior d) Armazenagem em área externa: devido à sua natureza,
A armazenagem ao ar livre representa uma clara vantagem muitos materiais podem ser armazenados em áreas externas,
a nível econômico, sendo esta muito utilizada para material de o que diminui os custos e amplia o espaço interno para mate-
ferragens e essencialmente material pesado. riais que necessitam de proteção em área coberta. Podem ser
colocados nos pátios externos os materiais a granel, tambores e
Armazenagem em função dos materiais “containers”, peças fundidas e chapas metálicas.
A armazenagem deve ter em conta a natureza dos materiais e)Coberturas alternativas: não sendo possível a expansão
de modo a obter-se uma disposição racional do armazém, sendo do almoxarifado, a solução é a utilização de galpões plásticos,
importante classificá-los. que dispensam fundações, permitindo a armazenagem a um me-
- Armazém de commodities: Madeira, algodão, tabaco e ce- nor custo.
reais;
- Armazém para granel: A armazenagem deste material deve Independentemente do critério ou método de armazena-
ocorrer nas imediações do local de utilização, pois o transporte mento adotado é oportuno observar as indicações contidas nas
deste tipo de material é dispendioso. Para grandes quantidades embalagens em geral.
deste material a armazenagem faz-se em silos ou reservatórios
de grandes dimensões. Para quantidades menores utilizam-se Estudo do layout
bidões, latas e caixas. Armazena-se grãos, produtos líquidos, etc; Alguns cuidados devem ser tomados durante o projeto do
- Armazéns frigorificados: Produtos perecíveis, frutas, comi- layout de um almoxarifado, de forma que se possa obter as se-
da congelada, etc; guintes condições:
- Armazéns para utilidades domésticas e mobiliário: Produ- 1. Máxima utilização do espaço;
tos domésticos e mobiliário; 2. Efetiva utilização dos recursos disponíveis (mão de obra
- Armazéns de mercadorias em geral: Produtos diversos. O e equipamentos);
principal objetivo é agregar o material em unidades de trans- 3. Pronto acesso a todos os itens;
porte e armazenagem tão grandes quanto possíveis, de modo a 4. Máxima proteção aos itens estocados;
preencher o veiculo por completo. 5. Boa organização;
- Gases - Os gases obedecem a medidas especiais de pre- 6. Satisfação das necessidades dos clientes.
caução, uma vez que tornam-se perigosos ao estarem sujeitos a
altas pressões e serem inflamáveis. Por sua vez a armazenagem
de garrafas de gás está sujeita a regras específicas e as unidades
de transporte são por norma de grandes dimensões.

89
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

No projeto de um almoxarifado devem ser verificados os se- - Distribuidor: geralmente, esse termo é confundido com o
guintes aspectos: Atacadista. Porém, para bens industriais, o mesmo agrega, além
1. Itens a serem estocados (itens de grande circulação, gran- da venda, armazenagem e assistência técnica dentro de uma
de peso e volume); área geográfica delimitada de atuação, ou seja, busca atender
2. Corredores (facilidades de acesso); demandas mais regionalizadas. Ex.: Distribuidor de tratores e
3. Portas de acesso (altura, largura); implementos agrícolas em uma determinada região.
4. Prateleiras e estruturas (altura x peso); - Agentes (relações de longo prazo) e Corretores (relações
5. Piso (resistência). de curto prazo): pessoas jurídicas comissionadas que vendem
uma linha de produtos de uma empresa sob relação contratual.
Distribuição De Materiais Podem trabalhar com exclusividade apenas os produtos de uma
única empresa (agentes exclusivos) ou trabalham com produtos
O processo de distribuição: conceitos e estratégias similares de empresas diferentes (agentes não exclusivos).
Ter um bom produto (bem ou serviço) não basta! Há a ne-
cessidade que esse produto chegue até o cliente da melhor for- IMPORTÂNCIA DOS INTERMÉDIARIOS
ma possível, seja esse um produto de consumo ou industrial. Pode-se identificar diversos aspectos que justificam a im-
Nesse sentido, é necessário identificar adequadamente os meios portância dos intermediários no canal de distribuição, dentre
para distribuir o produto, para que esse chegue ao cliente certo, esses destacam-se:
na quantidade certa e no momento certo. - Aumento da eficiência do processo de distribuição, pois
Um bom produto pode não ter aceite do mercado, caso esse não seria eficiente para um fabricante ou produtor buscar aten-
não esteja disponível nos lugares certos para o consumo. Por- der clientes individualmente;
tanto, o sucesso ou fracasso de um produto no mercado depen- - Transformação das transações em processos repetitivos
de de sua disponibilidade para consumo, no tempo e quantidade e rotineiros, simplificando atividades e os processos de pedido,
certa. O cliente ao procurar uma determinada marca, não en- pagamento, etc.
contrando-a, esse tenderá comprar uma outra marca qualquer. - Facilitação do processo de busca de produtos, ampliando o
Dessa forma, um dos instrumentos da Logística que busca solu- acesso dos clientes a uma gama maior de produtos.
cionar esse problema e o desenvolvimento e utilização de um
correto Processo de Distribuição. FUNÇÕES DO CANAL DE DISTRIBUIÇÃO
As funções objetivam tornar o canal de distribuição mais efe-
Dimensões do processo de distribuição: canal de distribui- tivo (eficiente e eficaz), podendo ser dividida em três categorias:
ção e distribuição física Transacionais: compreendem a compra, a venda dos produ-
- Canal de distribuição está relacionado ao conjunto de or- tos, bem como assumir os riscos comerciais envolvidos no pro-
ganizações interdependentes envolvidas na disponibilização de cesso;
um produto (bem e/ou serviço) para uso e/ou consumo. Dessa Facilitação: relacionam-se com o financiamento de crédito,
forma, entende-se canal de distribuição como sendo, o conjunto o controle de produtos (inspecionar e classificar produtos), bem
de organizações que executam as funções necessárias para des- como a coleta de informações de marketing, tornando mais fá-
locar os produtos da produção até o consumo. Nesse contexto ceis os processos de compra e venda. Produtores e intermediá-
surgem os intermediários que são as organizações que consti- rios podem trabalhar juntos para criar valor para seus clientes
tuem o canal de distribuição, ou seja, são empresas comerciais por meio de previsões de vendas, análises competitivas e rela-
que operam entre os produtores e os clientes finais. tórios sobre as condições do mercado, focando atingir as reais
- Distribuição Física: refere-se à movimentação de produ- necessidades dos clientes;
tos para o local adequado, nas quantidades e tempos (prazos) Logísticas: envolvem a movimentação e a combinação de
corretos, de maneira eficiente e eficaz em termos de custo, ou produtos em quantidades que os tornem fáceis de comprar.
seja, refere-se ao uso correto das estratégias de logística rela-
cionadas ao processo de distribuição, tais como, armazenagem/ DECISÕES DE PROJETO DOS CANAIS DE DISTRIBUIÇÃO
estocagem, embalagem, transporte, movimentação interna de Para se projetar um canal de distribuição é necessário ava-
materiais, bem como dos sistemas e equipamentos necessários liar alguns atributos:
para essas funções. Avaliar claramente os mercados (reais e potenciais) a serem
trabalhados.
INTERMEDIÁRIOS - Determinar as características dos clientes (segmentação),
Relacionam-se abaixo, alguns exemplos dos principais inter- em termos de números de clientes, dispersão geográfica, fre-
mediários atuantes em um canal de distribuição: quência de compra, etc.
- Varejista: tipo de intermediário cujo principal objetivo é - Determinar as características dos produtos quanto à pe-
realizar a venda de bens e/ou serviços diretamente ao cliente recibilidade, dimensões, grau de padronização e necessidades
final. Ex.: Supermercado, papelaria, farmácia, bazar, loja de cal- dos clientes.
çados, etc. - Determinar as características dos intermediários, quanto
- Atacadista: intermediário que compra e revende mercado- ao tipo de transporte, sistema de equipamentos e armazenagem
rias para os varejistas e a outros comerciantes e/ou para esta- utilizado, sistemas de TI, etc.
belecimentos industriais, institucionais e usuários comerciantes, - Diagnosticar as características ambientais quanto às condi-
mas que não vende em pequenas quantidades para clientes fi- ções locais, legislação, etc.
nais. Ex.: Martins, Atacadão - Avaliar as características das empresas envolvidas quanto
solidez financeira, composto de produtos (bens e serviços), nível
de serviço, estratégias de marketing, etc.

90
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

TIPOLOGIAS DO CANAL DE DISTRIBUIÇÃO GESTÃO DAS RELAÇÕES NO CANAL DE DISTRIBUIÇÃO


FabricanteCliente Final/Cliente Empresarial (NÍVEL ZERO) - é
o canal de distribuição mais simples e direto do fabricante até o Conflitos no Canal
usuário final, sendo também o mais comum no cenário empre- Conflito é um fenômeno que resulta da natureza social dos
sarial. Quando essse canal de distribuição é usado em mercados relacionamentos. Especificamente, no caso dos canais de distri-
de consumo, pode assumir duas formas. A primeira é a Venda buição, o conflito surge quando um membro do canal crê que
Direta que envolve contatos de vendas pessoais entre o com- outro membro esteja impedindo a realização de seus objetivos
prador e o vendedor, como aqueles que ocorrem com os pro- específicos. Diversos fatores podem favorecer o surgimento de
dutos agrícolas (feiras), processo Avon, Yakult, etc. Já a segunda conflito entre os membros do canal:
forma é o Marketing Direto, o qual abrange uma comunicação - Incongruência de papéis entre os membros;
direta entre o comprador e o vendedor, conforme ocorre nas - Escassez de recursos e discordância na sua alocação;
vendas por meio de catálogos ou mala direta. Pode-se conside- - Diferenças de percepção e interpretação dos estímulos
rar que os canais diretos são mais importantes no mercado em- ambientais;
presarial (B2B), onde a maior parte dos equipamentos, peças e - Diferenças de expectativas em relação ao comportamento
matéria-prima são vendidas por meio de contatos diretos entre esperado dos outros membros;
vendedores e compradores. Esse canal é requisitado quando o - Discordância no domínio da decisão;
fabricante prefere não utilizar os intermediários disponíveis no - Incompatibilidade de metas específicas dos membros;
mercado, optando pela força de venda própria e providenciando - Dificuldades de comunicação.
a movimentação física dos produtos até o cliente final. O mesmo
oferece às empresas a vantagem de maior controle das funções Há três principais tipos de conflitos que podem ocorrer nos
de Marketing a serem desempenhadas, sem a necessidade de
canal de distribuição:
motivar intermediários e depender de resultados de terceiros.
- O conflito Vertical – tipo de conflito que ocorre entre mem-
Uma das desvantagens é a exigência de maiores investimentos,
bros de diferentes níveis no canal. Ex.: Fabricantes versus Ataca-
uma vez que as funções mercadológicas são assumidas.
distas ou Varejistas. Quando um fabricante vende seus produtos
diretamente aos clientes via internet, poderá gerar algum tipo
FabricanteVarejistaCliente Final (NÍVEL UM) - é um dos ca- de conflito vertical entre esse e seus varejistas.
nais mais utilizados pelos fabricantes de produtos de escolha,
- O conflito Horizontal, conflito que envolve divergências
como alimentação, vestuário, livros, eletrodomésticos. Nesse
entre membros do mesmo nível no canal, como Atacadistas ver-
caso, o fabricante transfere ao intermediário grande parte das
sus Atacadistas ou franqueados (lojas) pertencentes a uma certa
funções mercadológicas (venda, transporte, crédito, embala-
gens). Ex.: Lojas Bahia, Supermercado Extra, etc. franquia competindo em uma mesma região. Esses conflitos po-
dem ocorrer, devido as diferenças quanto aos limites de territó-
rio ou em termos dos preços praticados.
FabricanteAtacadista Varejista Cliente Final (NÍVEL DOIS) -
- Conflito Multicanal – é o conflito que surge quando um
esse tipo de canal é utilizado no mercado de bens de consumo,
quando a distribuição visa atingir um número muito grande e fabricante utiliza dois ou mais canais simultâneos que vendem
disperso de clientes (ampliar capilaridade). para o mesmo mercado. Ex. loja virtual versus loja física ou uso
de representantes.
Uma empresa que visa cobrir um mercado de forma intensiva
pode utilizar esse canal que, além das vendas, oferece financiamen-
to, transportes, promoções, etc. É um dos sistemas mais tradicio- Poder no canal
nais para alguns tipos de produtos como bebidas, limpeza, etc. Poder é a capacidade que um dos membros do canal tem
de influenciar as variáveis do mix mercadológico de um outro
FabricanteAgente(Atacadista) Varejista Cliente Final (NÍVEL membro. Nesse sentido, o membro que exerce Poder está in-
TRES): Nesse sistema, o agente (broker) desempenha a função terferindo ou até modificando os objetivos mercadológicos do
de reunir o comprador e o vendedor. O agente é na verdade, outro membro. De uma forma mais geral, conceito de Poder
um intermediário que não compra produtos, apenas representa está associado à capacidade de um membro particular do canal
o fabricante ou o atacadista (aqueles que realmente compram de controlar ou influenciar o comportamento de outro(s) mem-
os bens) na busca de mercados à produção dos fabricantes ou bro(s) do canal.
na localização de fontes de suprimento para esses fabricantes.
Fontes de Poder no canal
Prestador de Serviço Usuário Final: A distribuição de servi- Em geral, existem cinco tipos de fontes de poder que são
ços para usuários finais ou empresariais é mais simples e direta exercidos no canal:
do que a distribuição de bens tangíveis, em função das carac- - Recompensa: é a capacidade de um agente recompensar
terísticas dos serviços. O profissional de Marketing de Serviços um outro quando esse último conforma-se à influência do pri-
está menos preocupado com a armazenagem, transporte e con- meiro. A recompensa, normalmente está associada com fontes
trole do estoque e, normalmente usa canais mais curtos. Outra econômicas.
consideração é a contínua necessidade de manutenção de rela- - Coerção: é o oposto do Poder de recompensa, onde o exer-
cionamentos pessoais entre produtores e usuários de serviços. cício do Poder está associado à expectativa de um dos agentes
em relação à capacidade de retaliação do outro, caso esse não
Prestador de ServiçoAgente Usuário Final: Na prestação de se submeta às tentativas de influência do primeiro.
serviços também há a possibilidade da utilização de agentes, os - Legítimo: deriva de normas internalizadas em um membro
quais nesse caso são denominados de corretores. Os exemplos (contrato) e que estabelecem que outro membro tem o direito
mais comuns incluem os corretores de seguro, corretores de de influenciá-lo, existindo a obrigação de aceitar essa influência.
fundo de investimentos, agentes de viagem, etc.

91
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

- Informacional: origina-se pela posse de um membro de in- - Assegurar a rápida disponibilidade do produto no mercado
formações valorizadas por outros membros do canal. identificado como prioritários, ou seja, o produto precisa estar
- Experiência: deriva do conhecimento (know-how) que um disponível para a venda nos estabelecimentos varejistas do tipo
membro detem em relação a outro membro. correto;
- Intensificar ao máximo o potencial de vendas do produto
Liderança do canal sob enfoque, isto é buscar parcerias entre fabricante e varejista
Quando os conflitos se reduzem e há um aumento de coope- que possibilitem a exposição mais adequada da mercadoria nas
ração entre os membros do canal, essas características podem lojas;
resultar no surgimento de membros que, devido a fatores como, - Promover cooperação entre os participantes da cadeia de
alto poder de barganha, poder legítimo, poder de informação, suprimentos, principalmente relacionada aos fatores mais sig-
tornam-se líderes do canal.Por ouro lado, alguns autores iden- nificativos associados à distribuição física, ou seja, buscar lotes
tificaram um padrão consistente de condições que determinam mínimos dos pedidos, uso ou não de paletização ou de tipos
o surgimento de uma liderança no canal: o líder do canal ten-
especiais de acondicionamentos em embalagens, condições de
de emergir quando o canal de distribuição enfrenta ambientes
descarga, restrições de tempo de espera, etc.
ameaçadores, aqueles onde a demanda é declinante, a concor-
- Assegurar nível de serviço estabelecido previamente pelos
rência aumenta e a incerteza é elevada.
parceiros da cadeia de suprimentos;
Construindo a confiança no canal - Garantir rápido e preciso fluxo de informações entre os
Muitos canais estão rumando para a construção da con- parceiros; e
fiança mútua como base para o sucesso das relações entre os - Procurar redução de custos, de maneira integrada, atuan-
membros do canal. Geralmente essa confiança requer que esses do em conjunto com os parceiros, analisando a cadeia de supri-
membros reconheçam sua interdependência e saibam compar- mentos na sua totalidade.
tilhar processos e informações.
Os canais de distribuição podem desempenhar quatro fun-
ESTRATÉGIAS DE DISTRIBUIÇÃO ções básicas, segundo as modernas concepções trazidas pelo su-
Em termos gerais, existem três tipos de estratégias de dis- pply chain management:
tribuição: - Indução da demanda – as empresas da cadeia de supri-
- Distribuição intensiva – essa estratégia torna um certo pro- mentos necessitam gerar ou induzir a demanda de seus serviços
duto disponível no maior número de estabelecimentos de uma ou mercadorias;
região, visando obter maior exposição e ampliar a oportunidade - Satisfação da demanda – é necessário comercializar os ser-
de venda. Produtos com baixo valor unitário e alta frequência de viços ou mercadorias para satisfazer a demanda;
compra são vendidos intensivamente, de modo que os clientes - Serviço de pós-venda – uma vez comercializados os serviços
considerem conveniente comprá-los. Assim, por meio da distri- ou mercadorias, precisa-se oferecer os serviços de pós-venda; e
buição intensiva, os clientes podem encontrar os produtos no - Troca de informações – o canal viabiliza a troca de informa-
maior número de locais possíveis. ções ao longo de toda a cadeia de suprimentos, acrescendo-se
- Distribuição seletiva – estratégia que consiste no fato do também os consumidores que disponibilizam um retorno impor-
fabricante vender produtos por meio de mais de um dos inter- tante tanto para os fabricantes quanto para os varejistas.
mediários disponíveis em uma região, mas não em todos. Sendo Entre fatores estratégicos importantes no sistema distribu-
assim, os intermediários escolhidos são considerados osmelho- tivo podem ser levantadas as seguintes questões:
res para vender os produtos com base em sua localização, repu-
- Se o número, o tamanho e a localização das unidades fabris
tação, clientela e outros pontos fortes. A distribuição seletiva
atendem às necessidades de mercado,
é empregada quando osclientes buscam produtos de compra
- Se a localização geográfica dos mercados e os seus respec-
comparada. Cabe ainda destacar que, nesse caso, havendo me-
nos “parceiros” de canal, torna-se possível desenvolver relacio- tivos custos de abastecimento são compatíveis,
namentos mais estreitos com cada um desses, permitindo que - Se a frequência de compras dos clientes, o número e o ta-
o fabricante obtenha boa cobertura do mercado com mais con- manho dos pedidos justificam o esforço distributivo,
trole e menos custos, comparado com a distribuição intensiva. - Se o custo do pedido e o custo de distribuição estão em
- Distribuição exclusiva - ocorre quando o fabricante ven- bases compatíveis com o mercado,
de seus produtos por meio de um único intermediário em uma - Se os métodos de armazenagem e os seus custos são justi-
determinada região, onde esserecebe o direito exclusivo de dis- ficáveis com os resultados operacionais gerados,
tribuir tais produtos. Esse tipo de estratégia é utilizada quando - Se os métodos de transporte adotados são adequados,
um determinado produto requer um esforço especializado de
venda ou investimentos em estoques e instalações específicas. Em conformidade com o potencial do mercado, é importan-
A distribuição exclusiva é oposta à distribuição intensiva, sendo te analisar a demanda de cada mercado atendido pela empresa
mais adequada à medida em que se deseja operar apenas com e se o tipo de sistema de distribuição adotado é adequado.
“parceiros” exclusivos de canal que possam apoiar ou servir o
produto de forma adequada, ou seja, enfatizando uma determi- DISTRIBUIÇÃO FÍSICA
nada imagem que possa caraterizar luxo ou exclusividade. A distribuição física de produtos ou distribuição física são
os processos operacionais e decontrole que permitem transferir
A definição mais detalhada dos objetivos dos canais de dis- os produtos desde o ponto de fabricação, até o ponto em que
tribuição depende essencialmente de cada organização, da for- a mercadoria é finalmente entregue ao consumidor. (NOVAES,
ma com que ela compete no mercado e da estrutura geral da ca- 1994).
deia de suprimentos. Porém, é possível identificar alguns fatores
gerais, comum na maioria deles:

92
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Pode-se dizer que seu objetivo geral é levar os produtos cer- c. Nível Operacional
tos, para os lugares certos, no momento certo e com o nível de É o nível em que a supervisão garante a execução das tare-
serviço desejado, pelo menor custo possível. fas diárias para assegurar que os produtos se movimentem pelo
A distribuição física tem, como foco principal, todos os pro- canal de distribuição até o último cliente. Podem ser citadas:
dutos que a companhia oferece para vender, ou seja, desde o • Carregar caminhões;
instante em que a produção é terminada até o momento em que • Embalar produtos;
o cliente recebe a mercadoria (produto). • Manter registros dos níveis de inventário etc.
Toda produção visa a um ponto final, que é chegar às mãos
do consumidor. MODALIDADES DE TRANSPORTE
“Nadar e morrer na praia” não é objetivo de nenhuma insti- O transporte de mercadorias é parte fundamental do co-
tuição que vise ao lucro. Nem entidades sem fins lucrativos de- mércio. Como o produto é entregue e a qualidade com que che-
sejam que seus feitos não alcancem os objetivos, mesmo que ga até o cliente final é o que define a satisfação do comprador
estes não sejam financeiros. e a possibilidade de um cliente fiel. Sendo assim, deve-se usar
Uma boa distribuição, associada a um produto de boa qua- o modal – meio de transporte – que atenda às expectativas do
lidade, a uma propaganda eficaz e a um preço justo, faz com comprador.
que os produtos sejam disponibilizados a seus consumidores, de Dados mostram que o transporte representa 60% dos custos
modo que estes possam fazer a opção pela compra. Estando nas logísticos, 3,5% do faturamento e tem papel preponderante na
prateleiras, o produto passa a fazer parte de uma gama de pro- qualidade dos serviços logísticos, impactando diretamente no
dutos concorrentes que podem ser comprados ou não. tempo de entrega, confiabilidade e segurança dos produtos.
O primeiro passo para ele poder fazer parte dessa opção de
compra é estar disponível nas prateleiras. Qual o melhor modal?
Outros fatores como propaganda, preço e qualidade do pro- São basicamente cinco os modais: rodoviário, ferroviário,
duto, podem variar entre produtos concorrentes, mas a distri- aquaviário, aéreo e dutoviário.
buição é uma condição obrigatória para todas as empresas que Para o transporte de mercadorias, cada modal possui suas
querem vender seus produtos. vantagens e desvantagens. Para cada rota há possibilidade de
Se o produto não está disponível na prateleira, independen- escolha e esta deve ser feita mediante análise profunda dos cus-
te de todos os outros fatores que influenciam a compra, este tos e características do serviço.
não poderá ser comprado.
Imagine um produto com uma qualidade maravilhosa, com O Ministério do Desenvolvimento Indústria e Comércio Ex-
uma estratégia de propaganda primorosa, com um preço imba- terior classifica o Sistema de Transporte, quanto à forma, em:
tível, mas não disponível no mercado. - Modal: envolve apenas uma modalidade (ex.: Rodoviário);
A distribuição física acontece em vários níveis dentro de - Intermodal: envolve mais de uma modalidade (ex.: Rodo-
uma instituição. Isso ocorre em razão de que a posição hierár- viário e Ferroviário);
quica interfere no processo. Uma decisão tomada pela alta ad- - Multimodal: envolve mais de uma modalidade, porém, re-
ministração de uma empresa é chamada de decisão estratégica gido por um único contrato;
e deve ser seguida pelos demais níveis hierárquicos. - Segmentados: envolve diversos contratos para diversos
A decisão tática é tomada e imposta pela média gerência e modais;
a operacional diz respeito à supervisão que se encarregará de - Sucessivos: quando a mercadoria, para alcançar o destino
fazer com que os projetos sejam cumpridos e executados. final, necessita ser transbordada para prosseguimento em veí-
Para um melhor entendimento, seguem os níveis da admi- culo da mesma modalidade de transporte (regido por um único
nistração da distribuição física. contrato).
• Estratégico;
• Tático; VANTAGENS E DESVANTAGENS DOS TIPOS DE TRANSPORTE
• Operacional.
Transporte Rodoviário
a. Nível Estratégico É aquele que se realiza em estradas, com utilização de cami-
Neste nível, a alta administração da empresa decide o modo nhões e carretas. Trata-se do transporte mais utilizado no Brasil,
que deve ter a configuração do sistema de distribuição. Podem apesar do custo operacional e do alto consumo de óleo diesel.
ser relacionadas às seguintes preocupações:
• Localização dos armazéns; Vantagens Desvantagens
• Seleção dos modais de transportes;
• Sistema de processamento de pedidos etc. • Capacidade de tráfe- • Menor capacidade
go por qualquer rodovia (fle- de cargas entre todos os
b. Nível Tático xibilidade operacional) modais;
É o nível em que a média gerência da empresa estará envol- • Usado em qualquer • Alto custo de ope-
vida em utilizar seus recursos da melhor e maior forma possível. tipo de carga. ração
Suas preocupações são: • Agilidade no trans- • Alto risco de roubo/
• Ociosidade do equipamento de transmissão de pedidos porte e no acesso às cargas Frota antiga- acidentes
ser a mínima;
• Ocupação otimizada da área de armazéns; • Não necessita de
• Vias com gargalos
• Otimização dos meios de transportes, sempre em níveis gerando gastos extras e
entrepostos especializados maior tempo para entrega.
máximos possíveis à carga etc.

93
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

• Amplamente dispo- • Alto grau de polui- • Apesar de limitado • Menor flexibilidade


nível ção às zonas costeiras, registra nos serviços aliado a fre-
• Fácil contratação e • Alto valor de trans- grande competitividade quentes congestionamentos
para longas distâncias nos portos
gerenciamento. porte.
• Adequado para cur- • Menos competitivo • Mercadoria de baixo
• É de gerenciamento
complexo, exigindo muitos
tas e médias distâncias à longa distância; valor agregado. documentos.
Quando usar o Transporte Rodoviário - Mercadorias pere-
cíveis, mercadorias de alto valor agregado, pequenas distâncias Quando usar o Transporte Aquaviário- Grandes volumes de
carga / Grandes distâncias a transportar / Trajetos exclusivos
(até 400 Km), trajetos exclusivos onde não há vias para outros
(não há vias para outros modais) / Tempo de trânsito não é im-
modais, quando o tempo de trânsito for valor agregado.
portante / Encontra-se uma redução de custo de frete.
Transporte Ferroviário
Tipos de navios:
Transporte ferroviário é aquele realizado sobre linhas fér-
reas, para transportar pessoas e mercadorias. As mercadorias
transportadas neste modal são de baixo valor agregado e em Navios para cargas gerais ou convencionais:
grandes quantidades como: minério, produtos agrícolas, fertili- Navios dotados de porões (holds) e pisos (decks), utilizados
zantes, carvão, derivados de petróleo, etc. para carga seca ou refrigerada, embaladas ou não.

Navios especializados:
Vantagens Desvantagens Graneleiros (bulk vessels): carga a granél (líquido, gasoso e
• Grande capacidade • Alto custo de im- sólido), sem decks.
Ro-ro (roll-on roll-off): cargas rolantes, veículos entram por
de cargas plantação
rampa, vários decks de diversas alturas.
• Baixo custo de • Transporte lento
transporte (Inexistência de devido às suas operações Navios Multipropósito:
pedágios) de carga e descarga Transportam cargas de navios de cargas gerais e especializa-
dos ao mesmo tempo.
• Adequado para • Pouca flexibilidade
Granel sólido + líquido
longas distâncias de equipamentos. Minério + óleo
• Baixíssimo nível de • Malha ferroviária Ro-ro + container
acidentes. insuficiente.
Navios porta-container:
• Alta eficiência ener- • Malha ferroviária Transportam exclusivamente cargas em container.
gética. sucateada Sólido, líquido, gasoso
• Melhores condições • Necessita de entre- Desde que seja em container
de segurança da carga. postos especializados. Tem apenas 01 (um) deck (o principal)

• Menor flexibilidade Transporte Aéreo


• Menor poluição do no trajeto (nem sempre O transporte aéreo é aquele realizado através de aeronaves
chega ao destino final, e pode ser dividido em Nacional e Internacional.
meio ambiente dependendo de outros
modais.)
Vantagens Desvantagens
Quando usar o Transporte Ferroviário - Grandes volumes de
cargas / Grandes distâncias a transportar (800 km) / Trajetos ex- • É o transporte mais
• Menor capacidade
clusivos (não há vias para outros modais) de carga (Limite de volume
rápido e peso|)
Transporte Aquaviário • Não necessita emba- • Valor do frete mais
Realizado por meio de barcos, navios ou balsas. Engloba lagem mais reforçada (manu- elevado em relação aos
tanto o transporte marítimo, utilizando como via de comunica- seio mais cuidadoso); outros modais
ção os mares abertos, como o transporte fluvial, por lagos e rios. • Os aeroportos nor-
É o transporte mais utilizado no comércio internacional. malmente estão localizados • Depende de termi-
mais próximos aos centros de nais de acesso
Vantagens Desvantagens produção.
• Maior capacidade • Necessidade de • Transporte de grandes
de carga transbordo nos portos distâncias.
• Menor custo de • Seguro de transporte
transporte (Frete de custo
• Longas distâncias é muito baixo.
relativamente baixo) dos centros de produção

94
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Quando usar o Transporte Ferroviário - Pequenos volumes Estoques


de cargas / Mercadorias com curto prazo de validade e/ou frá- “Devemos sempre ter o produto de que você necessita, mas
geis / Grandes distâncias a transportar / Trajetos exclusivos (não nunca podemos ser pego com algum estoque”. É uma frase que
há via para outros modais) / Tempo de trânsito é muito impor- descreve bem o dilema da descrição de estoques. O controle de
tante. estoques é parte vital do composto logístico, pois estes podem
absorver de 25 a 40% dos custos totais, representando uma por-
Tipos de Aeronaves: ção substancial do capital da empresa. Portanto, é importante a
Full pax = somente de passageiros. correta compreensão do seu papel na logística e de como devem
Full cargo = somente de cargas. ser gerenciados”.
Combi = misto de carga e passageiros
Razões para manter estoque
Transporte Dutoviário A armazenagem de mercadorias prevendo seu uso futuro
Esta modalidade de transporte não apresenta nenhuma fle- exige investimento por parte da organização. O ideal seria a
xibilidade, visto que há uma limitação no número de produtos perfeita sincronização entre a oferta e a demanda, de maneira
que podem utilizar este modal. O transporte é feito através de a tornar a manutenção de estoques desnecessária. Entretanto,
dutos cilíndricos. Pode ser utilizado para transporte de petróleo, como é impossível conhecer exatamente a demanda futura e
produtos derivados do minério, gases e grãos. como nem sempre os suprimentos estão disponíveis a qualquer
momento, deve-se acumular estoque para assegurar a disponi-
Vantagens Desvantagens bilidade de mercadorias e minimizar os custos totais de produ-
ção e distribuição.
• Muitas dutovias
são subterrâneas e/ou
submarinas, considerado
• Pode ocasionar um Na verdade, estoques servem para uma série de finalidades,
grande acidente ambiental ou seja:
uma vantagem, pois
caso suas tubulações se rom- - Melhoram o nível de serviço.
minimizam os riscos
causados por outros pam - Incentivam economias na produção.
veículos; - Permitem economias de escala nas compras e no trans-
porte.
• O dutoviário trans-
• Possui uma capacida- - Agem como proteção contra aumentos de preços.
porta de forma segura e - Protegem a empresa de incertezas na demanda e no tem-
para longas distancias de de serviço muito limitada
po de ressuprimento.
• Proporciona um
• Custos fixos são mais
- Servem como segurança contra contingências.
menor índice de perdas e
roubos elevados

• Baixo consumo de • Investimento inicial Abrangência da Administração de Estoques


A administração de estoques é de importância significativa
energia. elevado.
na maioria das empresas, tanto em função do próprio valor dos
• Alta confiabilidade.
• Requer mais licenças itens mantidos em estoque, associação direta com o ciclo opera-
ambientais. cional da empresa. Da mesma forma como as contas a receber,
• Simplificação de os níveis de estoques também dependem em grande parte do
carga e descarga nível de vendas, com uma diferença: enquanto os valores a rece-
• Transporte de ber surgem após a realização das vendas, os estoques precisam
ser adquiridos antes das realizações das vendas.
volumes granéis muito ele-
vados.
Essa é uma diferença crítica e a necessidade de prever as
vendas antes de se estabelecer os níveis desejados de estoques,
torna sua administração uma tarefa difícil. Deve se observar
Tipos de dutos
também que os erros na fixação dos níveis de estoque podem
- Subterrâneos
levar à perda das vendas (caso tenham sido subdimensionados)
- Aparentes
ou a custos de estocagem excessivos (caso tenham sido super-
- Submarinos
dimensionados), residindo, portanto, na correta determinação
dos níveis de estoques, a importância da sua administração. Seu
Oleodutos = gasolina, álcool, nafta, glp, diesel.
objetivo é garantir que os estoques necessários estejam dispo-
Minerodutos = sal-gema, ferro, concentr.fosfático.
Gasodutos = gás natural. níveis quando necessários para manutenção do ritmo de produ-
ção, ao mesmo tempo em que os custos de encomenda e manu-
tenção de estoques sejam minimizados.
Observa-se que os meios de transportes estão cada vez mais
inter-relacionados buscando compartilhar e gerar economia em
Os estoques podem ser classificados como:
escala, capacidade no movimento de cargas e diferencial na
- Matéria-prima
oferta de serviços logísticos. Porém, o crescimento dessa inte-
- Produtos em processo
gração multimodal muitas vezes é dificultado pela infraestrutura
- Materiais de embalagem
ofertada pelos setores privados e públicos.
- Produtos acabados
- Suprimentos

95
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

A razão para manutenção de estoques depende fundamen- SISTEMAS DE GERENCIAMENTO DE ESTOQUES


talmente da natureza desses materiais. Os Sistemas básicos utilizados na administração de estoques
Para manutenção dos estoques de matérias primas, são uti- são:
lizadas justificativas como a facilidade para o planejamento do
processo produtivo, a manutenção do melhor preço deste pro- 1. FMS (Flexible Manufacturing System)
duto, a prevenção quanto à falta de materiais e, eventualmente, Nesse sistema, os computadores comandam as operações
a obtenção de descontos por aquisição de grandes quantidades. das máquinas de produção e, inclusive, comandam a troca de
Essas razões são contra-argumentadas de várias formas. ferramentas das operações de manuseio de materiais, ferra-
Atualmente, as modernas técnicas de administração de esto- mentas, acessórios e estoques. Pode-se incluir no software mó-
ques, o conceito do “Supply Chain Management” que ajuda a dulos de monitoração do controle estatístico da qualidade. Nor-
reduzir custos, representam alternativas eficientes para evitar- malmente, é aplicado em fábricas com grande diversidade de
-se falta de materiais. Adicionalmente, a realização de contratos peças de produtos finais montados em lotes. Podemos destacar
futuros pode representar um instrumento eficiente para prote- entre as vantagens do FMS, as seguintes:
ger a empresa de eventual oscilação de preços de seus insumos • Permite maior produtividade das máquinas, que pas-
básicos. sam a ter utilização de 80% a 90% do tempo disponível.
Para manutenção de estoques de materiais em processos, • Possibilita maior atenção aos consumidores em função
justifica-se a maior flexibilidade do processo produtivo, caso da flexibilidade proporcionada.
ocorra interrupção em alguma das linhas de produção da empre- • Diminui os tempos de fabricação.
sa. Obviamente, essa questão deve ser substituída pela adoção • Em função do aumento da flexibilidade, permite au-
de processos de produção mais confiáveis, para evitar a ocor- mentar a variedade dos produtos ofertados.
rências destas interrupções.
A manutenção de estoques de produtos acabados é justifi- 2. MRP-Material Requirement Planing
cada por duas razões: garantir atendimentos efetuados para as O MRP é um sistema completo para emitir ordens de fabri-
vendas realizadas e diminuir os custos de mudança na linha de cação, de compras, controlar estoques e administrar a cartei-
produção. ra de pedidos dos clientes. Opera em base semanal, impondo
com isso uma previsão de vendas no mesmo prazo, de modo a
Técnicas de Administração de estoques permitir a geração de novas ordens de produção para a fábrica.
O sistema pode operar com diversas fórmulas para cálculo dos
CURVA ABC lotes de compras, fabricação e montagem, operando ainda com
Segrega os estoques em três grupos, demonstrando gra- diversos estoques de material em processo, como estoque de
ficamente com eixos de valores e quantidades, que considera matérias primas, partes, submontagens e produtos acabados.A
os materiais divididos em três grandes grupos, de acordo com maior vantagem do MRP consiste em utilizar programas de com-
seus valores de preço/custo e quantidades, sendo assim mate- putadores complexos, levando em consideração todos os fato-
riais “classe A” representam a minoria da quantidade total e a res relevantes para conseguir o melhor cumprimento de prazos
maioria do valor total, “classe C” a maioria da quantidade total de entrega, com estoques baixos, mesmo que a fábrica tenha
e a minoria do valor total, “classe B” valores e quantidades in- muitos produtos em quantidade, de uma semana para outra.
termediárias. Um ponto fundamental para o correto funcionamento do
O controle da “classe A” é mais intenso e o controle da sistema é a rigorosa disciplina a ser observada pelos funcioná-
“classe B e C” menos sofisticados. rios que interagem com o sistema MRP, em relação à informa-
ção de dados para computador. Sem essadisciplina, a memória
MODELO DE LOTE ECONÔMICO do MRP vai acumulando erros nos saldos em estoques e nas
Permite determinar a quantidade ótima que minimiza os quantidades necessárias.
custos totais de estocagem de pedido para um item do esto-
que. Considerando os custo de pedir e os custos de manter os 3. Sistema Periódico
materiais. Sendo os custos de pedir, os fixos, administrativos A característica básica deste sistema é a divisão da fábrica
ao se efetuar e receber um pedido e o custo de manter são os em vários setores de processamento sucessivo de vários pro-
variáveis por unidade da manutenção de um item de estoque dutos similares. Cada setor recebe um conjunto de ordens de
por umdeterminado período (custo de armazenagem) segundo, fabricação para serem iniciados e terminados no período. Com
“oportunidade” de outros investimentos. isso, no fim de cada período, se todos os setores cumprirem sua
carga de trabalho, não haverá qualquer material em aberto. Isso
Custo total = custo de pedir + custo de manter facilita o controle de cada setor da fábrica, atribuindo responsa-
bilidades bem definidas.
PONTO DE PEDIDO Esse sistema com período fixo é antigo, mas devido às suas
Determina em que ponto os estoques serão pedidos levan- características, não se tornou obsoleto face aos sistemas moder-
do em consideração o tempo de entrega dos principais itens. nos, nos quais é possível à adoção de períodos curtos, menores
que uma semana.

Ponto de pedido = tempo de reposição em dias x deman- 4. OPT-Optimezed Production Technology


da diária O sistema OPT foi desenvolvido com uma abordagem dife-
rente dos sistemas anteriores, enfatizando a racionalidade do
fluxo de materiais pelos diversos postos de trabalho de uma fá-
brica. Os pressupostos básicos do OPT foram originados por for-

96
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

mulações matemáticas. Nesse sistema, as ordens de fabricação Sistema de Renovação Periódica - Consiste em fazer pedidos
são vistas como tendo de passar por filas de espera de atendi- para reposição dos estoques em intervalos de tempo pré-esta-
mento nos diversos postos de trabalho na fábrica. O conjunto belecidos para cada item. Estes intervalos, para minimizar o cus-
de postos de trabalho forma então uma rede de filas de espera. to de estoque, devem variar de item para item. A quantidade
O sistema OPT usa um conjunto de coeficientes gerenciais a ser comprada em cada encomenda é tal que, somada com a
para ajudar a determinar o Lote ótimo para cada componente quantidade existente em estoque, seja suficiente para atender
ou submontagem a ser processado em cada posto de trabalho. a demanda até o recebimento da encomenda seguinte. Logica-
Muita ênfase é dedicada aos pontos de gargalo da produção. mente, este sistema obriga a manutenção de um estoque re-
serva. Deve-se adotar períodos iguais para um grande número
5. Sistema KANBAN-JIT de itens em estoque pois, procedendo a compra simultânea de
O sistema Kanban foi desenvolvido para ser utilizado onde os diversos itens, pode-se obter condições vantajosas na transação
empregados possuem motivação e mobilização, com grande liber- (compra e transporte).
dade de ação. Nessas fábricas, na certeza de que os empregados
trabalham com dedicação e responsabilidade, é legítimo um tra- Sistema de Estocagem para um Fim Específico - Apresenta
balhador parar a linha de montagem ou produção porque achou duas subdivisões:
algo errado, os empregados mantém-se ocupados todo o tempo, a) Estocagem para atender a um programa de produção pré-
ajudando-se mutuamente ou trocando de tarefas conforme as ne- -determinado:
cessidades. O sistema Kanban-JIT é um sistema que “puxa” a pro- É utilizada nas indústrias de tipo contínuo ou semicontínuo
dução da fábrica, inclusive até o nível de compras, pelas necessi- que estabelece, com antecedência de vários meses, os níveis
dades geradas na montagem final. As peças ou submontagens são de produção. A programação (para vários períodos, semanas e
colocadas em caixa feitas especialmente para cada uma dessas meses) elaborada pelo P.C.P. deverá ser coerente para todos os
partes, que, ao serem esvaziadas na montagem, são remetidas ao
segmentos, desde o recebimento do material até o embarque
posto de trabalho que faz a última operação a essa remessa, que
do produto acabado.
funciona como uma ordem de produção.
Vantagens:
6. Sistema Just in Time
* Estoques menores, sem riscos de se esgotarem, objetiva-
É preciso que haja um sistema integrado de planejamento
mente controlados por se conhecer a demanda futura.
de distribuição. É assim que surge o Just in Time, que é deriva-
* Melhores condições de compra de materiais, pois pode-se
do do sistema Kanban. De acordo com Henrique Corrêa e Irineu
aceitarcontratos de grandes volumes para entregas parceladas.
Gianesi, a responsável pela implantação do Just in Time foi a
Toyota, criando esse sistema em 1970 e impondo-o para quem Aatividade de compra fica reduzida, sem a necessidade de emi-
tirpedidos de fornecimento para cada lote de material.
quisesse trabalhar em parceria. Com isso, diminuiu muito seu
estoque, passando a responsabilidade e o comprometimento de
b) Estocagem para atender especificamente a uma ordem
não parar sua produção para seus terceirizados.
O Just in Time visa o “estoque zero”. O objetivo principal é de produção ou a uma requisição: É o método empregado nas
suprir produtos para a linha de produção e clientes da empresa, produções do tipo intermitente, onde a indústria fabrica sob en-
somente quando for necessário. Ao longo da cadeia logística, as comenda, sendo justificável no caso de materiais especiais ou
relações entre as empresas - inclusive com o emprego de recur- necessários esporadicamente. Os pedidos de material neste sis-
sos de comunicação e tecnologias de informação, devem ser ga- tema são baseadas principalmente na lista material (“ROW MA-
rantidas de tal forma que os resultados, e, portanto, os serviços TERIAL”) e na programação geral (AP = “ANNUAL PLANNING”).
prestados pela logística obedeçam exatamente às necessidades Existem casos em que o pedido para compra precisa ser feito
de serviços expressas pelos clientes. É muito importante, por- mesmo antes do projeto do produto estar detalhado, ou seja,
tanto que haja uma cooperação, um bom relacionamento entre antes da listagem do material estar pronta, pois os itens neces-
a empresa e seus fornecedores externos e internos. Um ponto sários podem ter um ciclo de fabricação excessivamente longo.
muito favorável no Just in Time é que ele diminui a probabilida- Ex.: grandes motores, turbinas e navios.
de de que ocorram perdas de produtos.
Enfim, o controle de estoques exerce influência muito gran-
Outros sistemas de estoques de na rentabilidade da empresa. Eles absorvem capital que pode-
Sistema de Duas Gavetas - Consiste na separação física em ria estar sendo investido de outras maneiras. Portanto, aumen-
duas partes. Uma parte será utilizada totalmente até a data da tar a rotatividade do estoque auxilia a liberar ativos e economiza
encomenda de um novo lote e a outra será utilizada entre a o custo de manutenção e controle que podem absorver de 25
data da encomenda e a data do recebimento do novo lote. A a 40% dos custos totais, conforme mencionado anteriormente.
grande vantagem deste sistema está na substancial redução do
processo burocrático de reposição de material (bujão de gás). A Gestão patrimonial
denominação “DUAS GAVETAS” decorre da ideia de guardar um O patrimônio é o objeto administrado que serve para pro-
mesmo lote em duas gavetas distintas. piciar às entidades a obtenção de seus fins. Para que um pa-
trimônio seja considerado como tal, este deve atender a dois
Sistema de Estoque Mínimo - É usado principalmente quando requisitos: o elemento ser componente de um conjunto que
a separação entre as duas partes do estoque não é feita fisica- possua conteúdo econômico avaliável em moeda; e exista in-
mente, mas apenas registrada na ficha de controle de estoque, terdependência dos elementos componentes do patrimônio e
com o ponto de separação entre as partes. Enquanto o estoque vinculação do conjunto a uma entidade que vise alcançar deter-
mínimo estiver sendo utilizado, o Departamento de Compras terá minados fins.
prazo suficiente para adquirir e repor o material no estoque.

97
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Do ponto de vista econômico, o patrimônio é considerado Os bens patrimoniais recebidos sofrerão marcação física an-
uma riqueza ou um bem suscetível de cumprir uma necessidade tes de serem distribuídos aos diversos centros de responsabili-
coletiva, sendo este observado sob o aspecto qualitativo, en- dade do órgão. Os bens patrimoniais cujas características físicas
quanto que sob o enfoque contábil observa-se o aspecto quan- ou a sua própria natureza impossibilitem a aplicação de plaque-
titativo (Ativo =Passivo + Situação Líquida). Exceção a alguns ca- ta também terão número de tombamento, mas serão marcados
sos, quando se utiliza o termo “substância patrimonial” é que a e controlados em separado. Caso o local padrão para a colagem
contabilidade visualiza o patrimônio de forma qualitativa. da plaqueta seja de difícil acesso, como, por exemplo, nos ar-
A Lei Complementar nº 101, de 4 de maio de 2000 – co- quivos ou estantes encostadas na parede, que não possam ser
nhecida como Lei de Responsabilidade Fiscal – apresentam em movimentados devido ao peso excessivo, a plaqueta deverá ser
seus artigos 44, 45 e 46, medidas destinadas à preservação do colada no lugar mais próximo ao local padrão. Em caso de per-
patrimônio público. Uma delas estabelece que o resultado da da, descolagem ou deterioração da plaqueta, o responsável pelo
venda de bens móveis e imóveis e de direitos que integram o setor onde o bem está localizado deverá comunicar, impreteri-
patrimônio público não poderá mais ser aplicado em despesas velmente, o fato ao Setor de Patrimônio.
correntes, exceto se a lei autorizativa destiná-la aos financia- A seguir, são apresentadas algumas sugestões para fixação
mentos dos regimes de previdência social, geral e própria dos de plaquetas (ou adesivos):
servidores. a) estantes, armários, arquivos e bens semelhantes: a pla-
Dessa forma, os recursos decorrentes da desincorporação queta deve ser fixada na parte frontal superior direita, no caso
de ativos por venda, que é receita de capital, deverão ser apli- de arquivos de aço, e na parte lateral superior direita, no caso
cados em despesa de capital, provocando a desincorporação de de armários, estantes e bens semelhantes, sempre com relação
dívidas (passivo), por meio da despesa de amortização da dívida a quem olha o móvel;
ou o incremento de outro ativo, com a realização de despesas b) mesas e bens semelhantes: a plaqueta deve ser fixada na
de investimento, de forma a manter preservado o valor do pa- parte frontal central, contrária à posição de quem usa o bem,
trimônio público. com exceção das estações de trabalho e/ou àqueles móveis que
foram projetados para ficarem encostados em paredes, nos
TOMBAMENTO DE BENS quais as plaquetas serão fixadas em parte de fácil visualização;
O tombamento dos bens públicos inicia-se com recebimento c) motores: a plaqueta deve ser fixada na parte fixa inferior
dos bens móveis pelos órgãos, como visto anteriormente, pela do motor;
conferência física dos bens pelo Almoxarifado. Após registro de d) máquinas e bens semelhantes: a plaqueta deve ser fixada
entrada do bem no sistema de gerenciamento de material no no lado externo direito, em relação a quem opera a máquina;
estoque, o responsável por este encaminhará uma comunicação e) cadeiras, poltronas e bens semelhantes: neste caso a pla-
ao Setor de Patrimônio (com cópia da nota de empenho, docu- queta nunca deve ser colocada em partes revestidas por cour-
mentos fiscais e outros que se fizerem necessários), informando vin, couro ou tecido, pois estes revestimentos não oferecem
o destino (centros de responsabilidades) dos bens. Se eles per- segurança. A plaqueta deverá ser fixada na base, nos pés ou na
manecerem em estoque, o Setor de Patrimônio deverá aguardar parte mais sólida;
comunicação de saída deste, através de uma Guia de Baixa de f) aparelhos de ar condicionado e bens semelhantes: em
Materiais emitida pelo Almoxarifado. Caso o bem seja entregue aparelhos de ar condicionado, o local indicado é sempre na par-
diretamente ao destino final, o Almoxarifado encaminhará a te mais fixa e permanente do aparelho, nunca no painel removí-
Guia de Saída ao Patrimônio, juntamente com os demais docu- vel ou na carcaça;
mentos do processo de empenho. g) automóveis e bens semelhantes: a plaqueta deve ser fi-
O tombamento consiste na formalização da inclusão física xada na parte lateral direita do painel de direção, em relação
de um bem patrimonial no acervo do órgão, com a atribuição ao motorista, na parte mais sólida e nãoremovível, nunca em
de um único número por registro patrimonial, ou agrupando-se acessórios;
uma sequência de registros patrimoniais quando for por lote, h) quadros e obras de arte: a colocação da plaqueta, neste
que é denominado “número de tombamento”. Pelo tombamen- caso, deve ser feita de tal forma que não lhes tire a estética, nem
to aplica-se uma conta patrimonial do Plano de Contas do órgão diminua seu valor comercial;
a cada material, de acordo com a finalidade para a qual foi ad- i) esculturas: nas esculturas a plaqueta deve ser fixada na
quirido. O valor do bem a ser registrado é o valor constante do base. Nos quadros ela deve ser colocada na parte de trás, na
respectivo documento de incorporação (valor de aquisição). lateral direita;
A marcação física caracteriza-se pela aplicação, no bem, de j) quadros magnéticos: nos quadros magnéticos a plaqueta
plaqueta de identificação, por colagem ou rebitamento, a qual deverá ser colocada na parte frontal inferior direita, caso não
conterá o número de registro patrimonial. seja possível a colagem neste local, colar nesta mesma posição
Na colocação da plaqueta deverão ser observados os se- na parte posterior do quadro; e
guintes aspectos: local de fácil visualização para efeito de iden- k) fixação de plaquetas em outros bens: entende-se como
tificação por meio de leitor óptico, preferencialmente na parte outros bens aqueles materiais que não podem ser classificados
frontal do bem; evitar áreas que possam curvar ou dobrar a pla- claramente como aparelhos, máquinas, motores, etc. Em tais
queta ou que possam acarretar sua deterioração; evitar fixar a bens, a plaqueta deve ser fixada na base, na parte onde são ma-
plaqueta em partes que não ofereçam boa aderência, por ape- nuseados.
nas uma das extremidades ou sobre alguma indicação importan-
te do bem. A seguir são elencados, como sugestões, dados necessá-
rios ao registro dos bens no sistema de patrimônio: número do
tombamento; data do tombo; descrição padronizada do bem
(descrição básica pré-definida em um sistema de patrimônio);

98
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

marca/modelo/série (também pré-definidos em um sistema de de Responsabilidade; nome do local de lotação do bem (incluin-
patrimônio); características (descrição detalhada); valor unitário do também o nome do sublocal de lotação); declaração de res-
de aquisição (valor histórico); agregação (acessório ou compo- ponsabilidade; número do tombamento; descrição; quantidade;
nente); forma de ingresso (compra, fabricação própria, doação, indicação se é plaquetável; valor unitário; valor total; total de
permuta, cessão, outras); classificação contábil/patrimonial; nú- bens arrolados no Termo de Responsabilidade; data do Termo;
mero do empenho e data de emissão; fonte de recurso; núme- nome e assinatura do responsável patrimonial; e data de assina-
ro do processo de aquisição e ano; tipo/número do documen- tura do Termo.
to de aquisição (nota fiscal/fatura, comercial invoice, Guia de A transferência é a operação de movimentação de bens,
Produção Interna, Termo de Doação, Termo de Cessão, Termo com a consequente alteração da carga patrimonial. A auto-
de Cessão em Comodato, outros); nome do fornecedor (códi- ridade transferidora solicita ao setor competente do órgão a
go); garantia (data limite da garantia e empresa de manuten- oficialização do ato, por meio das providências preliminares. É
ção); localização (identificação do centro de responsabilidade); importante destacar que a transferência de responsabilidade
situação do bem (registrado, alocado, cedido em comodato, em com movimentação de bens somente será efetivada pelo Setor
manutenção, em depósito para manutenção, em depósito para de Patrimônio mediante solicitação do responsável pela carga
triagem, em depósito para redistribuição, em depósito para alie- cedente com anuência do recebedor. A devolução ao Setor de
nação, em sindicância, desaparecido, baixado, outros); estado Patrimônio de bens avariados, obsoletos ou sem utilização tam-
de conservação (bom, regular, precário, inservível, recuperá- bém se caracteriza como transferência. Neste caso, a autoridade
vel); histórico do bem vinculado a um sistema de manutenção, da unidade onde o bem está localizado devolve-o com a obser-
quando existir. Tal informação permitirá o acompanhamento vância das normas regulamentares, a fim de que a o Setor Patri-
da manutenção dos bens e identificação de todos os problemas monial possa manter rigoroso controle sobre a situação do bem.
ocorridos nestes números do Termo de Responsabilidade; e pla- Os bens que foram restituídos ao Setor de Patrimônio do órgão
quetável ou não plaquetável. também ficam sob a guarda dos servidores deste setor (fiéis de-
O registro dos bens imóveis no órgão inicia-se com o rece- positários), e serão objetos de análise para a determinação da
bimento da documentação hábil, pelo Setor de Patrimônio, que baixa ou transferência a outros setores. É importante colocar
procederá ao tombamento e cadastramento em sistema especí- que uma cópia do Termo de Responsabilidade de cada setor de-
fico, utilizando diversos dados, tais como: número do registro; verá ser fixada em local visível a todos, dentro de seu recinto de
tipo de imóvel; denominação do imóvel; características (des- trabalho, visando facilitar o controle dos bens (sugestão: atrás
crição detalhada do bem); valor de aquisição (valor histórico); da porta de acesso ao setor). Para que ocorra a transferência de
forma de ingresso (compra, doação, permuta, comodato, cons- responsabilidade entre dois setores pertencentes a um mesmo
trução, usucapião, desapropriação, cessão, outras); classificação órgão, deverão ser observados os seguintes parâmetros:solici-
contábil/patrimonial; número do empenho e data de emissão; tação, por escrito, do interessado em receber o bem, dirigida
fonte de recurso; número do processo de aquisição e ano; tipo/ ao possível cedente; “de acordo” do setor cedente com a auto-
número do documento de aquisição (nota fiscal/fatura, comer- rização de transferência ; solicitação do agente patrimonial ao
cial invoice, Guia de Produção Interna, Termo de Doação, Ter- Setor de Patrimônio para emissão do Termo de Responsabilida-
mo de Cessão, Termo de Cessão em Comodato, outros); nome de; após a emissão do Termo de Responsabilidade, o Setor de
do fornecedor (código); localização (identificação do centro de Patrimônio remeterá o mesmo ao agente patrimonial, para que
responsabilidade); situação do bem (registrado, alocado, cedido este colha assinaturas do cedente e do recebedor.
em comodato, em manutenção, em depósito para manutenção, Para que ocorra a transferência de responsabilidade entre
em depósito para triagem, em depósito para redistribuição, em dois setores pertencentes órgãos diferentes, deverão ser ob-
depósito para alienação, em sindicância, desaparecido, baixado, servados os seguintes parâmetros: solicitação, por escrito, do
outros); estado de conservação (bom, regular, precário, inserví- interessado em receber o bem, dirigida ao possível cedente; “de
vel); data da incorporação; unidade da federação; tipo de logra- acordo” do setor cedente com a autorização de transferência e
douro; número; complemento;bairro/distrito; município; cartó- anuência das unidades de controle do patrimônio e do titular do
rio de registro; matrícula; livro; folhas; data do registro; data da órgão; solicitação do agente patrimonial ao Setor de Patrimônio
reavaliação; moeda da reavaliação; valor do aluguel; valor do para emissão do Termo de Transferência de Responsabilidade;
arrendamento; valor de utilização; valor de atualização; moeda após a emissão do Termo de Responsabilidade, o Setor de Pa-
de atualização; data da atualização; reavaliador; e CPF/CNPJ do trimônio o remeterá ao agente patrimonial, para que este colha
reavaliador. assinaturas do cedente e do recebedor. Quando a transferência
de responsabilidade do bem ocorrer sem a movimentação des-
CONTROLE DE BENS te, isto é, quando ocorrer a mudança da responsabilidade patri-
Caracteriza-se como movimentação de bens patrimoniais o monial de um servidor para outro, desde que não pressuponha
conjunto de procedimentos relativos à distribuição, transferên- mudança de local do bem, deverão ser observados os seguintes
cia, saída provisória, empréstimo e arrendamento a que estão procedimentos: o Setor de Recursos Humanos (ou equivalente)
sujeitos no período decorrido entre sua incorporação e desin- deverá encaminhar ao Setor de Patrimônio cópia da portaria
corporação. que substitui o servidor responsável; de posse das informações
Compete ao Setor de Patrimônio a primeira distribuição de contidas na portaria, o Setor de Patrimônio emite o respectivo
material permanente recém adquirido, de acordo com a desti- Termo de Transferência de Responsabilidade; emitido o Termo,
nação dada no processo administrativo de aquisição correspon- este será encaminhado ao agente patrimonial da unidade, que
dente. providenciará a conferência dos bens e assinatura do Termo;
A movimentação de qualquer bem móvel será feita median- uma vez assinado o Termo, o agente providenciará para que
te o preenchimento do Termo de Responsabilidade, que deverá uma das vias seja arquivada no setor onde os bens se encontram
conter no mínimo, as seguintes informações: número do Termo e outra encaminhada ao Setor de Patrimônio.

99
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Saída provisória: A saída provisória caracteriza-se pela mo- tendido como o arrolamento dos direitos e comprometimentos
vimentação de bens patrimoniais para fora da instalação ou de- da Fazenda Pública, feito periodicamente, com o objetivo de se
pendência onde estão localizados, em decorrência da necessida- conhecer a exatidão dos valores que são registrados na contabi-
de de conserto, manutenção ou da sua utilização temporária por lidade e que formam o Ativo e o Passivo ou, ainda, com o obje-
outro centro de responsabilidade ou outro órgão, quando devi- tivo de apurar a responsabilidade dos agentes sob cuja guarda
damente autorizado. Qualquer que seja o motivo da saída provi- se encontram determinados bens. Os diversos tipos de inventá-
sória, esta deverá ser autorizada pelo dirigente do órgão gestor rios são realizados por determinação de autoridade competen-
ou por outro servidor que recebeu delegação para autorizar tal te, por iniciativa própria do Setor de Patrimônio e das unidades
ato. Toda a manutenção de bem incorporado ao patrimônio de de controle patrimonial ou de qualquer detentor de carga dos
um órgão deverá ser solicitada pelos agentes patrimoniais ou diversos centros de responsabilidade, periodicamente ou a qual-
responsáveis e resultará na emissão de uma Ordem de Serviço quer tempo. Os inventários na Administração Pública devem ser
pelo Setor de Manutenção, que tomará todas as providências levantados não apenas por uma questão de rotina ou de dispo-
para proceder à assistência de bem em garantia ou utilizando-se sição legal, mas também como medida de controle, tendo em
de seus recursos próprios. vista que os bens nele arrolados não pertencem a uma pessoa
Empréstimo: O empréstimo é a operação de remanejamen- física, mas ao Estado, e precisam estar resguardados quanto a
to de bens entre órgãos por um período determinado de tem- quaisquer danos. Na Administração Pública o inventário é obri-
po, sem envolvimento de transação financeira. O empréstimo gatório, pois a legislação estabelece que o levantamento geral
deve ser evitado. Porém, se não houver alternativa, os órgãos de bens móveis e imóveis terá por base o inventário analítico de
envolvidos devem manter um rigoroso controle, de modo a as- cada unidade gestora e os elementos da escrituração sintética
segurar a devolução do bem na mesma condição em que estava da contabilidade (art. 96 da Lei Federal n° 4.320, de 17 de março
na ocasião do empréstimo. Já o empréstimo a terceiros de bens de 1964).
pertencentes ao poder público é vedado, salvo exceções previs- A fim de manter atualizados os registros dos bens patrimo-
tas em leis. niais, bem como a responsabilidade dos setores onde se loca-
Arrendamento a terceiros: O arrendamento a terceiros tam- lizam tais bens, a Administração Pública deve proceder ao in-
bém deve ser evitado, por não encontrar, a princípio, nenhum ventário mediante verificações físicas pelo menos uma vez por
respaldo legal. ano. Para fins de atualização física e monetária e de controle, a
época da inventariação será: anual para todos os bens móveis
INVENTÁRIO e imóveis sob-responsabilidade da unidade gestora em 31 de
O Inventário determina a contagem física dos itens de es- dezembro (confirmação dos dados apresentados no Balanço Ge-
toque e em processos, para comparar a quantidade física com ral); e no início e término da gestão, isto é, na substituição dos
os dados contabilizados em seus registros, a fim de eliminar as respectivos responsáveis, no caso de bens móveis.
discrepâncias que possam existir entre os valores contábeis, dos Os bens serão inventariados pelos respectivos valores his-
livros, e o que realmente existe em estoque. tóricos ou de aquisição, quando conhecidos, ou pelos valores
O inventário pode ser geral ou rotativo: O inventário geral é constantes de inventários já existentes, com indicação da data
elaborado no fim de cada exercício fiscal de cada empresa, com de aquisição.
a contagem física de todos os itens de uma só vez. O inventário Durante a realização de qualquer tipo de inventário, fica ve-
rotativo é feito no decorrer do ano fiscal da empresa, sem qual- dada toda e qualquer movimentação física de bens localizados
quer tipo de parada no processo operacional, concentrando-se nos endereços individuais abrangidos pelos trabalhos, exceto
em cada grupo de itens em determinados períodos. mediante autorização específica das unidades de controle patri-
Inventário na administração pública: Inventário são a discri- monial, ou do dirigente do órgão, com subsequente comunica-
minação organizada e analítica de todos os bens (permanentes ção formal a Comissão de Inventário de Bens.
ou de consumo) e valores de um patrimônio, num determinado Nas fases do inventário dois pontos devem ser destacados
momento, visando atender uma finalidade específica. É um ins- sobre as fases do inventário: o levantamento pode ser físico e/
trumento de controle para verificação dos saldos de estoques ou contábil: Levantamento físico, material ou de fato é o levan-
nos almoxarifados e depósitos, e da existência física dos bens tamento efetuado diretamente pela identificação e contagem
em uso no órgão ou entidade, informando seu estado de con- ou medida dos componentes patrimoniais.
servação, e mantendo atualizados e conciliados os registros do Levantamento contábil é o levantamento pelo apanhado
sistema de administração patrimonial e os contábeis, constantes de elementos registrados nos livros e fichas de escrituração. O
do sistema financeiro. Além disso, o inventário também pode simples arrolamento não interessa para a contabilidade se não
ser utilizado para subsidiar as tomadas de contas indicando sal- for completado pela avaliação. Sem a expressão econômica, o
dos existentes, detectar irregularidades e providenciar as medi- arrolamento serve apenas para controle da existência dos com-
das cabíveis. ponentes patrimoniais.
Através do inventário pode-se confirmar a localização e O inventário é dividido em três fases: Levantamento: com-
atribuição da carga de cada material permanente, permitindo preende a coleta de dados sobre todos os elementos ativos e
a atualização dos registros dos bens permanentes bem como passivos do patrimônio e é subdividido nas seguintes partes:
o levantamento da situação dos equipamentos e materiais em identificação, agrupamento e mensuração. Arrolamento: é o
uso, apurando a ocorrência de dano, extravio ou qualquer outra registro das características e quantidades obtidas no levanta-
irregularidade. Podem-se verificar também no inventário as ne- mento. O arrolamento pode apresentar os componentes patri-
cessidades de manutenção e reparo e constatação de possíveis moniais deforma resumida e recebe a denominação “sintética”.
ociosidades de bens móveis, possibilitando maior racionalização Quando tais componentes são relacionados individualmente, o
e minimização de custos, bem como a correta fixação da plaque- arrolamento é analítico; Avaliação: é nesta fase que é atribuída
ta de identificação. Na Administração Pública, o inventário é en- uma unidade de valor ao elemento patrimonial. Os critérios de

100
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

avaliação dos componentes patrimoniais devem ter sempre por obsoletismo, por seu estado irrecuperável e inaproveitável em
base o custo. A atribuição do valor aos componentes patrimo- instituições do serviço público. As orientações administrativas
niais obedece a critérios que se ajustam a sua natureza, função devem ser obedecidas, em cada caso, para não ocorrer prejuízo
na massa patrimonial e a sua finalidade. à harmonia do sistema de gestão patrimonial, que, além da Con-
tabilidade, é parte interessada. Sendo o bem considerado ob-
ALIENAÇÃO DE BENS soleto ou não havendo interesse em utilizá-lo no órgão onde se
De acordo com o direito administrativo brasileiro, entende- encontra, mas estando em condições de uso (em estado regular
-se como alienação a transferência de propriedade, remunerada de conservação), o dirigente do órgão deverá, primeiramente,
ou gratuita, sob a forma de venda, permuta, doação, dação em colocá-lo em disponibilidade. Para tanto, o detentor da carga
pagamento, investidura, legitimação de posse ou concessão de deverá preencher formulário próprio criado pelo órgão normati-
domínio. zador e encaminhar ao órgão competente que poderá verificar,
Qualquer dessas formas de alienação pode ser usada pela antecipadamente, junto às entidades filantrópicas reconhecidas
Administração, desde que satisfaça as exigências administrati- como de interesse público, delegacias, escolas ou bibliotecas
vas. Muito embora as Constituições Estaduais possam determi- municipais e estaduais, no âmbito de sua jurisdição, se existe
nar que a autorização de doação de bens móveis seja subme- interesse pelos bens.
tida à Assembleia Legislativa, a Lei Federal n° 8.666, de 21 de Se houver interesse, a autoridade competente deverá efe-
junho de 1993, que institui normas para licitações e contratos tuar o Termo de Doação. Enquanto isso, o bem a ser baixado
da Administração Pública 37 e dá outras providências, faculta a permanecerá guardado em local apropriado, sob a responsabili-
obrigação de licitação específica para doação de bens para fins dade de um servidor público, até a aprovação de baixa, ficando
sociais e dispõe sobre a alienação por leilão. expressamente proibido o uso do bem desde o início da tramita-
Art. 17. A alienação de bens da Administração Pública, su- ção do processo de baixa até sua destinação final.
bordinada à existência de interesse público devidamente justi-
ficado. O registro no sistema patrimonial será efetivado com base
A alienação de bens está sujeita à existência de interesse no Termo de Baixa de Bens, onde deverão constar os seguintes
público e à autorização da Assembleia Legislativa (para os casos dados: número do tombamento; descrição; quantidade baixada
previstos em lei), e dependerá de avaliação prévia, que será efe- (quando se tratar de lote de bens não plaquetados); forma de
tuada por comissão de licitação de leilão ou outra modalidade baixa; motivo de baixa; data de baixa; número da Portaria ou
prevista para a Administração Pública. Termo de Baixa. Visando o correto processo de baixa de bens
A seguir, são sugeridos alguns procedimentos voltados à do sistema patrimonial, faz-se necessário a adoção dos proce-
alienação dos bens: o requerimento de baixa deverá ser reme- dimentos a seguir: o Setor de Patrimônio, ao receber o proces-
tido ao Setor de Patrimônio, o qual instaurará o procedimento so que autoriza a baixa, emitirá por processamento o Termo de
respectivo; sempre que possível, os bens serão agrupados em Baixa dos Bens; o Setor de Patrimônio verificará junto ao Setor
lotes para que seja procedida a sua baixa; os bens objeto de bai- Financeiro quanto à existência do comprovante de pagamen-
xa serão vistoriados in loco por uma Comissão Interna de Avalia- to, em caso de licitação e, em seguida, procederá à entrega do
ção de Bens, no próprio órgão, os quais, observando o estado de mesmo mediante recibo próprio; emitido o Termo, o Setor de
conservação, a vida útil, o valor de mercado e o valor contábil, Patrimônio providenciará o documento de quitação de respon-
formalizando laudo de avaliação dos bens, classificando-os em: sabilidade patrimonial e entregará uma via a quem detinha a
a) bens móveis permanentes inservíveis: quando for cons- responsabilidade do bem.
tatado serem os bens danificados, obsoletos, fora do padrão ou Compete às unidades de controle dos bens patrimoniais e
em desuso devido ao seu estado precário de conservação; e ao dirigente do órgão, periodicamente, provocar expedientes
b) bens móveis permanentes excedentes ou ociosos: quan- para que seja efetuado levantamento de bens suscetíveis de
do for constatado estarem os bens em perfeitas condições de alienação ou desfazimento.8
uso e operação, porém sem utilização.
Os bens móveis permanentes considerados excedentes ou “Devemos sempre ter o produto de que você necessita, mas nun-
ociosos serão recolhidos para o Almoxarifado Central, ficando ca podemos ser pego com algum estoque”. É uma frase que descreve
proibida a retirada de peças e dos periféricos a ele relacionados, bem o dilema da descrição de estoques. O controle de estoques é
exceto nos casos autorizados pelo chefe da unidade gestora. parte vital do composto logístico, pois estes podem absorver de 25
a 40% dos custos totais, representando uma porção substancial do
ALTERAÇÕES E BAIXA DE BENS capital da empresa. Portanto, é importante a correta compreensão
O desfazimento é a operação de baixa de um bem perten- do seu papel na logística e de como devem ser gerenciados”.
cente ao acervo patrimonial do órgão e consequente retirada do
seu valor do ativo imobilizado. Considera-se baixa patrimonial, ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS HUMANOS
a retirada de bem da carga patrimonial do órgão, mediante re- Podemos definir Administração de Recursos Humanos o
gistro da transferência deste para o controle de bens baixados, ramo especializado da ciência da administração que envolve to-
feita exclusivamente pelo Setor de Patrimônio, devidamente au- das as ações que tem como objetivo a integração do trabalhador
torizado pelo gestor. O número de patrimônio de um bem baixa- no contexto da organização e o aumento de sua produtividade.
do não deverá ser utilizado em outro bem. Área que trata de recrutamento, seleção, treinamento, desen-
A baixa patrimonial pode ocorrer por quaisquer das formas volvimento, manutenção, controle e avaliação de pessoas.
a seguir: alienação; permuta; perda total; extravio; destruição; 8 Fonte: BRASIL Revista TECHOJE/Ttransportes, administração de materiais e dis-
comodato; transferência; sinistro; e exclusão de bens no ca- tribuição física. Trad. Hugo T. Y. Yoshizaki/ FOINA, Paulo Rogério. Tecnologia de
dastro. Em qualquer uma das situações expostas, deve-se pro- informação: planejamento e gestão/www.administradores.com.br /www.itsm-
ceder à baixa definitiva dos bens considerados inservíveis por napratica.com.br/www.purainfo.com.br – por DiegoDuarte/ por Rogerio Araujo)

101
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Mas para entender melhor a aplicação desse conceito na dos anos trinta, de maneira especial, o pensamento existencial,
atualidade, precisamos entender que durante a maior parte de aliados aos primeiros trabalhos de Sociologia do Trabalho, forne-
nossas vidas, fazemos parte de algum tipo de organização, tais ceram direcionamentos e subsídios éticos e científicos para a evo-
como: uma escola, um time relacionado a esporte, um grupo lução da administração de recursos humanos. O marco mais sig-
artístico, uma instituição religiosa, uma organização militar, ou nificativo dessa evolução, foram os experimentos de Hawtorne,
mesmo uma empresa. Algumas organizações como um time de na Western Electric, em Chicago, nos Estados Unidos da América.
futebol, são estruturadas de modo informal, enquanto que as As pesquisas de Hawtorne, vieram surpreender os Tayloristas que
grandes corporações militares, possuem estruturas bastante tentavam, sair da sua órbita inicial, combinar dentro das mesmas
formalizadas. Porém todas as estruturas organizadas, sejam elas constantes, matéria-prima, máquinas e pessoas. Nas pesquisas de
formais ou informais, possuem elementos comuns. Hawtorne ficaram evidenciadas que as relações humanas, tanto
Utilizando uma visão mais simplista possível, podemos ver entre si como com os elementos ambientais, tinham significativa
uma organização, como sendo, duas ou mais pessoas trabalhan- influência na produtividade. Mais que qualquer outro órgão da
do juntas, de modo estruturado, visando alcançar um objetivo administração das organizações, o de Recursos Humanos, contri-
específico, ou um conjunto de objetivos, de modo que haja en- buiu para verdadeiras revoluções da atividade gerencial. Desde
tre elas a comunicação, a cooperação, e a sintonia dos objetivos. 1930, as ciências comportamentais fornecem em rítmo crescente,
As organizações são importantes porque também podem subsídios para o desenvolvimento da Administração de Recursos
ser vistas como instituições sociais que refletem alguns valores e Humanos, e esta por sua vez vem contribuindo para verdadeiras
necessidades culturalmente aceitos. Elas permitem que vivamos revoluções da atividade gerencial.
juntos e de modo relativamente civilizado e que realizemos ob-
jetivos enquanto sociedade. Das delegacias de polícia dos bair- Desenvolvimento da administração de recursos humanos
ros onde moramos, às grandes corporações multinacionais, as Não podemos deixar de reconhecer que a atividade de re-
organizações servem à sociedade, transformando o mundo num cursos humanos, tem contribuído de forma crescente para a
lugar melhor, mais seguro e mais agradável de viver. humanização das relações de trabalho. O humanismo é parte
Para que as organizações sobrevivam, são necessários al- integrante nas atividades e evolução da área de Recursos Huma-
guns elementos básicos: os objetivos, os planos ou métodos nos. Os principais autores clássicos da atualidade, com estudos
para a consecução desses objetivos, os recursos necessários de destaque, na área da Psicologia Organizacional, tais como
para serem utilizados e o processo que possibilita a interação McGrecor, Maslow, Bennis, Bekhart e outros, apesar de terem
dos elementos, propiciando a obtenção dos resultados deseja- abordagens diferentes, todos apontam para a necessidade de se
dos. criar clima de trabalho que permita a realização cada vez mais
Este processo de planejar, organizar, liderar e controlar o plena, do ser humano, como pessoa, ou seja da auto-realização
trabalho dos membros da organização e de usar os recursos dis- pessoal. Essa tendência humanística está bem clara no atual mo-
poníveis da organização para alcançar objetivos pré-estabeleci- vimento organizacional, que não se restringe a agir dentro do
dos, denomina-se administração. ambiente organizacional clássico, porém se propõe a reformular
os critérios tradicionais de divisão do trabalho, de modelos or-
Histórico de administração de recursos humanos ganizacionais, de sistemas tradicionais de planejamento e con-
O movimento da Administração Cientifica difundiu-se am- trole, do estilo predominante e autoritário de liderança, a fim
plamente e tornou-se um dos princípios bases da organização de que no grupo exista clima sadio que proporcione o desenvol-
industrial nas primeiras décadasdo século. vimento e motivação das pessoas, proporcionando diretamente
O movimento de valorização dasrelações humanas no traba- resultados benéficos para a organização.
lho surgiu a partir da constatação da necessidade de considerar
a relevânciados fatores psicológicos e sociais na produtividade. Sistema de administração de recursos humanos
A descoberta da relevância do fator humano na empresa A mudança deve ser a única constante na força de trabalho
veio proporcionar o refinamento da ideologia da harmonização de qualquer organização. As pessoas eficazes são promovidas ou
entre o capital e o trabalho, definida pelos teóricos da Admi- saem para ocupar outros cargos melhores em outra organiza-
nistração Cientifica. Com efeito, pode-se dizer que as Relações ção. As pessoas ineficazes são rebaixadas, remanejadas, ou até
Humanas constituem um processo de integração de indivíduos mesmo despedidas. Além disso, a organização poderá a qual-
numa situação de trabalho, de modo a fazer com que os traba- quer tempo precisar de mais pessoas ou até mesmo reduzir seus
lhadores colaborem com a empresa e até encontrem satisfação quadros de pessoal e sempre precisará aperfeiçoar as capacida-
de suas necessidades sociais e psicológicas. des das pessoas que trabalham cotidianamente. Desta forma é
Os primeiros órgãos de Recursos Humanos como setor de- que podemos ver que o Sistema de Administração de Recursos
finido da administração das organizações, tiveram seu apareci- Humanos, possui um dinamismo contínuo, como um organismo
mento no início deste século, tendo tido sua evolução acelerada, vivo, tentando manter a organização suprida das pessoas certas,
na década de vinte. Com o advento da primeira guerra mundial, nas posições certas, na hora certa.
estabeleceu-se uma carência efetiva de mão-de-obra nas em- A Administração de Recursos Humanos consiste em plane-
presas, obrigando estas, a estabelecerem padrões de racionali- jar, organizar, desenvolver, coordenar e controlar os métodos
zação e otimização da mão-de-obra existente e desenvolverem capazes de promover o desempenho eficiente do pessoal, ao
processos de formação de mão-de-obra nova, através dos pri- mesmo tempo em que a organização representa o meio que
meiros métodos organizados de recrutamento e seleção. O fator permita às pessoas que com ela colaborem para alcançar os ob-
humano já tinha que ser tratado com atenção específica. A revo- jetivos individuais relacionados direta ou indiretamente com o
lução industrial que ocorria na época, também foi fator determi- trabalho, ao mesmo tempo em que também significa conquistar
nante para a formação e desenvolvimento do período inicial da e manter as pessoas na organização, trabalhando sempre com
administração de recursos humanos. Os movimentos filosóficos eficiência para produzir resultados eficazes.

102
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

(E)Planejamento, direção e controle, quando visualizados


EXERCÍCIOS no conjunto, formam o processo administrativo. Os elemen-
tos do processo agem uns sobre os outros na função organi-
1. A motivação no ambiente corporativo vem sendo estudada zação e, individualmente, pode afetar todos os demais.
sob dois diferentes aspectos, redundando nas teorias de conteúdo, 4.(FGV/2018 - CÂMARA DE SALVADOR/BA) Um sistema de
que buscam identificar quais fatores geram motivação, e nas teo- classificação eficaz deve abordar as seguintes etapas:
rias de processo, que objetivam explicar como a motivação ocorre. (A) identificação – simplificação – codificação – normaliza-
Exemplo clássico da primeira vertente é a Teoria Bifatorial, desen- ção – padronização – catalogação;
volvida por Herzberg, que predica a existência de fatores (B) catalogação – simplificação – especificação – normatiza-
(A) tangíveis, como recompensas e punições, que podem ser ção – aglutinação – codificação;
facilmente manejados para gerar motivação; e intangíveis, (C) catalogação – complementação – identificação – norma-
que, embora relevantes para a motivação, não são geren- tização – padronização – codificação;
ciáveis. (D) sintetização – simplificação – normatização – padroniza-
(B) exclusivamente financeiros, que geram a motivação ini- ção – codificação – identificação;
cial; e fatores existenciais, que são os necessários para a (E) catalogação – simplificação – flexibilização – normaliza-
manutenção da motivação. ção – padronização – codificação.
(C) individuais, próprios da personalidade de cada um, de
abordagem mais complexa na organização; e fatores coleti- 5. Analise os itens a seguir e assinale a opção correta.
vos, passíveis de serem induzidos para motivação do grupo. I. O controle, assim como o planejamento, existe nos três
(D) que previnem a insatisfação, denominados fatores de hi- níveis organizacionais: o estratégico, o intermediário e o ope-
giene, como salário; e fatores motivacionais propriamente racional.
ditos, como autonomia e reconhecimento. II. A avaliação do desempenho do pessoal é um tipo de con-
(E) primários, ligados a aspectos inconscientes do indiví- trole organizacional e pode incluir informações sobre índices
duo, como desejo de pertencimento; e fatores secundários, como produção por empregado.
como responsabilidade corporativa, que afloram a partir da III. Entre as melhores práticas de governança corporativa re-
aplicação de dinâmicas motivacionais. comendadas pelo Instituto Nacional de Governança Corporativa
para a área de gestão estão a transparência, a clareza e a objeti-
2. De acordo com a Teoria Bifatorial, desenvolvida por Herz- vidade na prestação de contas.
berg para buscar explicar os elementos que envolvem a satisfa-
ção no trabalho, os denominados fatores higiênicos (A) Somente I e II estão corretas.
(A) estão relacionados à insatisfação no trabalho, sendo (B) Somente II e III estão corretas.
administrados pela empresa e extrínsecos à motivação do (C) Somente I e III estão corretas.
funcionário. (D) Nenhuma das afirmativas está correta.
(B) são intrínsecos à satisfação dos indivíduos em geral, in- (E)Todas as afirmativas estão corretas.
duzindo o processo de motivação no trabalho.
(C) não repercutem na satisfação ou insatisfação do indiví- 6. (AOCP/BRDE) A comunicação e relação interpessoal são
duo, sendo neutros do ponto de vista da motivação. apresentadas como habilidade interpessoal e comunicação,
(D) são fatores indutores do processo motivacional, corres- também chamadas de habilidades humanas e são consideradas
pondendo às recompensas diretas por comportamentos ou extremamente necessárias na vida de um administrador, em
ações desejadas. função de proporcionar
(E) representam forças antagônicas à motivação, devendo (A) trabalho com eficácia e esforços cooperativos na dire-
ser neutralizados pelo reforço positivo e evitados mediante ção dos objetivos estabelecidos.
punição. (B) visão sistêmica da organização com envolvimento das
pessoas.
3. Assinale a alternativa que apresenta os elementos do pro- (C) trabalho com eficácia, empregabilidade e polivalência.
cesso administrativo e sua definição conceitual. (D) visão sistêmica da organização e facilidade no uso de
(A) Planejamento, organização, direção e controle, quando técnicas específicas.
visualizados separadamente, formam o processo adminis- (E) trabalho com eficácia e esforços individualizados na dire-
trativo. Os elementos do processo agem uns sobre os outros ção dos objetivos estabelecidos.
individualmente e podem afetar todos os demais.
(B) Planejamento, organização, direção e controle, quando 7. (CESPE/2018 – EBSERH – Psicólogo Organizacional) Em re-
visualizados em conjunto, formam o processo administrati- lação à satisfação, à motivação e ao envolvimento no trabalho,
vo. Os elementos do processo agem uns sobre os outros e julgue o seguinte item.
cada um pode afetar todos os demais. O gestor que pretenda usar a teoria da hierarquia das ne-
(C) Organização, direção e controle são os únicos elemen- cessidades de Maslow para diagnosticar o nível atual de neces-
tos do processo administrativo. Os elementos do processo sidades dos seus empregados a fim de determinar iniciativas
agem uns sobre os outros e cada um pode afetar todos os com vistas a satisfazê-las deve ter cautela, pois não há respaldo
demais. científico para as cinco categorias da teoria, tampouco para a
(D) Planejamento, organização, direção e controle, quando ideia de preponderância.
visualizados separadamente, formam o processo adminis- ( ) CERTO
trativo. As funções são separadas e não interferem nos de- ( ) ERRADO
mais elementos do processo.

103
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

8. (FCC – AL/SP) Um dos fatores de qualidade no atendimen- (C) Dado o principio da publicidade, é imprescindível a di-
to ao público é a empatia. Empatia é vulgação dos atos, contratos e outros instrumentos celebra-
(A) a capacidade de transmitir sinceridade, competência e dos pela administração pública, de modo que os órgãos e
confiança ao público. as entidades públicas são obrigados a divulgar informações
(B) a capacidade de cumprir, de modo confiável e exato, o relativas à execução orçamentária e financeira, mas não as
que foi prometido ao público referentes a despesas e receita.
(C) o grau de cuidado e atenção individual que o atendente (D) O princípio da moralidade apenas adquiriu conotação
demonstra para com o público, colocando-se em seu lugar e significação jurídica para a administração pública a partir
para um melhor entendimento do problema. da edição da Lei de Improbidade Administrativa, que dispõe
(D) a intimidade que o atendente manifesta ao ajudar pron- sobre as sanções aplicáveis aos agentes públicos nos casos
tamente o cidadão de enriquecimento ilícito no exercício de mandato, cargo,
(E) a habilidade em definir regras consensuais para o efetivo emprego ou função na administração pública.
atendimento (E) A administração pública direta, as autarquias e as funda-
ções de direito público submetem-se aos princípios adminis-
9. Assinale a opção que apresenta uma prática da função da trativos constantes do texto constitucional; já as empresas
administração conhecida por direção. públicas e as sociedades de economia mista, por exercerem
(A) Comparação entre padrões visados e realizados pela or- atividades de natureza econômica, não se sujeitam a tais
ganização. princípios, mas ao sistema normativo aplicável às empresas
(B) Monitoramento e avaliação do desempenho organiza- privadas.
cional.
(C) Distribuição de recursos, tarefas e autoridades no con- 13. (AFPR/COPS-UEL) - Sobre sistemas de arquivos e proto-
texto organizacional. colos, considere as afirmativas a seguir.
(D) Especificação de objetivos orientadores das atividades I. O método de arquivamento por assunto ou específico re-
organizacionais. cupera arquivos através de seu conteúdo.
(E) Condução da ação dos colaboradores para o alcance dos II. Os documentos públicos são identificados como ofício,
objetivos organizacionais. recorrentes e fixos.
III. Os documentos de valor corrente são inalienáveis e im-
10. (PRF – Policial Rodoviário Federal – CESPE - 2013) A res- prescritíveis.
peito da ética no serviço público, julgue os itens subsequentes. IV. Arquivos Públicos são arquivos de instituições governa-
O elemento ético deve estar presente na conduta de todo mentais de âmbito federal ou estadual ou municipal.
servidor público, que deve ser capaz de discernir o que é hones-
to e desonesto no exercício de sua função. Assinale a alternativa correta.
( ) CERTO (A) Somente as afirmativas I e II são corretas
( ) ERRADO (B) Somente as afirmativas I e IV são corretas
(C) Somente as afirmativas III e IV são corretas
11. (IADES - 2014 - UFBA - ASSISTENTE ADMINISTRATIVO) (D) Somente as afirmativas I, II e III são corretas
Considerando a gestão da qualidade, assinale a alternativa que (E) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas
apresenta uma vantagem que pode decorrer da implementação
do gerenciamento da qualidade nas organizações. 14. (CESPE/ANTAQ) Julgue o item que se segue, a respeito
(A) Os produtos da organização tornam-se menos vendáveis. de arquivologia.
(B) O aumento da insatisfação dos clientes. Ainda que tenham surgido novos suportes documentais,
(C) A redução da competitividade empresarial. principalmente os documentos natodigitais, o conceito de ar-
(D) Os resultados operacionais ficam abaixo das expectativas. quivo mantém-se inalterado.
(E) A eliminação de defeitos e desperdícios. ( ) CERTO
( ) ERRADO
12. (CESPE - 2012 - TJ-AL - Técnico Judiciário - Conhecimen-
tos Básicos) No que concerne aos princípios da administração 15. (CONSULPLAN/TSE) Em relação à comunicação nas orga-
pública, assinale a opção correta. nizações, analise.
(A) Em razão do princípio da continuidade, os serviços pú- I. Uma comunicação eficaz é um processo horizontal, em
blicos não podem ser interrompidos, visto que se destinam que todos os envolvidos mantêm uma ética relacional.
a atender os interesses da coletividade. Por isso, é vedado II. É possível melhorar a comunicação por meio de treina-
àquele que contrata com a administração pública valer-se mento e desenvolvimento de pessoal.
da exceção de contrato não cumprido quando a administra- III. A comunicação é elemento acessório no processo de
ção, sem ter cumprido sua obrigação, exige a satisfação de busca de qualidade nas organizações.
obrigação de quem com ela contratou.
(B) A administração pública está obrigada a controlar os atos Assinale
administrativos em relação ao mérito e à legalidade. Nesse (A) se apenas a afirmativa I estiver correta.
sentido, os atos inconvenientes ou inoportunos devem ser (B) se apenas as afirmativas I e II estiverem corretas.
retirados do ordenamento jurídico por meio da anulação, e (C) se apenas a afirmativa II estiver correta.
os ilegítimos, por meio da revogação. (D) se apenas a afirmativa III estiver correta.

104
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

GABARITO ______________________________________________________

1 D ______________________________________________________
2 A
______________________________________________________
3 B
4 A ______________________________________________________
5 E
______________________________________________________
6 A
7 CERTO ______________________________________________________
8 C
______________________________________________________
9 E
10 CERTO ______________________________________________________
11 E
______________________________________________________
12 A
13 B ______________________________________________________
14 CERTO
______________________________________________________
15 C
______________________________________________________

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ANOTAÇÕES
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105
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

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