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no Setor Público
Direito e Legislação
Fundação Escola Nacional de Administração Pública
Conteudista/s
Paulo Bernardes Honório de Mendonça (Conteudista)
Enap, 2022
Fundação Escola Nacional de Administração Pública
Diretoria de Desenvolvimento Profissional
SAIS - Área 2-A - 70610-900 — Brasília, DF
Sumário
Módulo 1 - Visão geral sobre parcerias e cooperação no setor público
Unidade 1 – Contextualizando a cooperação e as parcerias na execução
descentralizada de políticas públicas................................................................. 6
1.1. Governança e execução descentralizada de políticas públicas ..... 6
1.2. Parcerias e formas de cooperação para execução descentralizada
das políticas públicas da União ................................................................. 8
1.3. Investimento privado na ação estatal – As parcerias de
investimento............................................................................................... 12
Unidade 2 – Meios de implementação e a importância das parcerias com o
setor privado com e sem fins lucrativos.......................................................... 17
2.1. Objetivo do Desenvolvimento Sustentável 17 (ODS 17) – Parceria e
meios de implementação.......................................................................... 17
2.2. Os meios de implementação............................................................. 19
2.3. Relações de interesse público e recíproco – Parcerias e cooperações
com organizações da sociedade civil....................................................... 20
2.4. Outras relações de cooperação e interesse recíproco com
organizações da sociedade civil............................................................... 22
2.5. Relações contratuais específicas – Parcerias de investimento com
o setor privado ........................................................................................... 23
1
Visão geral sobre parcerias e
cooperação no setor público
Essas parcerias são realizadas entre entes públicos, ou entre a administração pública
e entidades privadas sem fins lucrativos.
Agora vamos falar sobre os quatro principais aspectos que podem estar envolvidos
nas parcerias que proverão insumos para as políticas públicas descentralizadas,
iniciando pelo mais conhecido deles: a transferência de recursos financeiros.
Há ainda outras legislações que regem instrumentos específicos que podem ser
celebrados entre a administração e as entidades privadas sem fins lucrativos, como:
os convênios com entidades filantrópicas da área de saúde que atuam de forma
complementar ao SUS, os contratos de gestão, os termos de parceria e os termos
de compromisso cultural.
A Plataforma +Brasil é ferramenta integrada e centralizada, com
dados abertos, destinada à informatização e à operacionalização
das transferências de recursos do Orçamento Fiscal e da
Seguridade Social da União a órgão ou entidade da administração
pública estadual, distrital ou municipal, direta ou indireta;
consórcios públicos; e entidades privadas sem fins lucrativos.
Alguns projetos de interesse público são viabilizados por meio de recursos oriundos de
renúncia fiscal. A União deixa de arrecadar determinado recurso, autorizando sua captação
para a execução dos projetos e, posteriormente, avalia os resultados de sua aplicação.
Nas leis de incentivo, os proponentes executores dos projetos assinam, em geral, termos de
compromisso com a administração pública federal.
Outra forma de viabilizar os insumos para execução das políticas públicas de forma
descentralizada é a própria União adquirir os equipamentos e insumos e, em seguida,
distribuí-los e, no caso de bens permanentes, doá-los aos entes da federação ou a
organizações da sociedade civil, para utilizá-los na execução de ações de interesse público.
Essa prática é mais comum quando tratamos de aquisições de bens padronizáveis, como
veículos, tratores, equipamentos de videomonitoramento e segurança, livros, entre outros.
Para execução de ações de interesse recíproco podem ainda ser celebradas parcerias
para a consecução de finalidades de interesse público que não envolvam a transferência
de recursos financeiros ou celebração de comodato, doação de bens ou outra forma de
compartilhamento de recurso patrimonial.
Entre órgãos e entidades públicas das diferentes esferas de governo ou entre a administração
pública e o setor privado com fins lucrativos, podem ser celebrados ajustes fundamentados
no art. 116 da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, e, mais recentemente, no art. 184 da
Lei nº 14.133, de 1º de abril de 2011. Esses instrumentos são denominados acordos de
cooperação técnica ou, em sua forma simplificada, termos de adesão.
Declaração
A Declaração contém a visão, os princípios e os compromissos da
Agenda 2030. A visão é ambiciosa e transformadora, porque prevê
um mundo livre dos problemas atuais, como pobreza, miséria,
fome, doença, violência, desigualdades, desemprego, degradação
ambiental, esgotamento dos recursos naturais, entre outros.
Implementação
O objetivo 17 – Parcerias e Meios de Implementação e algumas
metas dos demais objetivos tratam dos meios necessários para
a execução da Agenda, que exigirá parcerias e solidariedade na
mobilização de recursos, e engajamento entre governos, setor
privado, sociedade civil e o Sistema ONU.
Conheça a Agenda 2030 na íntegra em https://odsbrasil.gov.br
Em todo o mundo, o setor público passa por grandes desafios para cumprir a
missão de articular e integrar áreas que atendam às novas demandas voltadas para
a capacidade de operar as políticas do país e de fortalecer seu papel estratégico
para a sociedade.
Isso pode ser feito por meio de parcerias de cooperação para a execução
descentralizada de políticas públicas entre entes públicos e com a sociedade civil,
ou por meio de parcerias de investimento entre setor público e entidades privadas,
com ou sem fins lucrativos.
Fonte: Canal do YouTube do IBGE. Série especial do IBGE explica sobre os Objetivos de
Desenvolvimento Sustentável (ODS), vídeo sobre o último Objetivo, o 17: “Parcerias
e meios de implementação”.
Fonte: Adaptado de Entenda o MROSC: Marco Regulatório das Organizações da Sociedade Civil: Lei
13.019/2014. Secretaria de Governo da Presidência da República, Laís de Figueirêdo Lopes, Bianca
dos Santos e Viviane Brochardt. Brasília: Presidência da República, 2016. 130p., com atualização de
dados segundo consulta ao Mapa das OSCs em 13/09/2021.
https://www.youtube.com/watch?v=5xYx8bz8328
2
Parcerias e cooperação com as
entidades privadas sem fins lucrativos
Este módulo aborda o universo das entidades privadas sem fins lucrativos e suas
relações com a administração pública. Para iniciar a nossa conversa, explicaremos
quem são as organizações da sociedade civil (OSCs) pelo conceito legal e outras
entidades privadas sem fins econômicos que não foram classificadas como OSCs.
Para abordar o universo das OSCs, adaptamos parte do conteúdo do curso Marco
Regulatório das Organizações da Sociedade Civil (ENAP, 2019), da conteudista Laís
de Figueirêdo Lopes.
Fonte: Adaptado do conteúdo do curso Marco Regulatório das Organizações da Sociedade Civil.
A fundação, por sua vez, é definida pela destinação de seu patrimônio. Seu momento
de criação coincide com a dotação de bens destinados a cumprir uma finalidade
social, de acordo com a vontade de seus instituidores, que determinam também as
formas como esse patrimônio será administrado. As fundações privadas podem ser
instituídas pelo patrimônio de indivíduos ou de empresas. Normalmente, há uma
espécie de plano de sustentabilidade aprovado pelo Ministério Público, que autoriza
sua criação, eventuais alterações de estatuto e sua dissolução.
Algumas dessas organizações podem vir a receber recursos federais por meio de
parcerias para execução de ações de interesse público e recíproco, mas não se
enquadram no conceito de OSCs, especialmente por não serem criadas pela própria
sociedade. Aqui falamos especialmente dos serviços sociais autônomos (SSA) e
dos consórcios públicos de direito privado, cuja criação tem origem, em geral, no
Estado, seja por lei (SSA), seja pela união de diversos entes públicos criando uma
pessoa jurídica específica para atingir um objetivo comum (consórcios). Assim, eles
não se enquadram no conceito de organização voluntária e autônoma da própria
sociedade, por isso estão fora do conceito de organizações da sociedade civil. São
instituições privadas, sem fins lucrativos ou econômicos, mas se enquadram mais
no conceito doutrinal de paraestatais.
• atuem em pelo menos uma das finalidades sociais listadas no art. 3º da Lei nº
9.790/1999; e
• não participem em campanhas de interesse político-partidário ou eleitorais,
sob quaisquer meios ou formas.
Para tanto, foi alterado o art. 13 da Lei nº 9.249/1995 e incluído o art. 84-B na Lei nº
13.019/2014.
Art. 84-B. As organizações da sociedade civil farão jus aos seguintes
benefícios, independentemente de certificação: (Incluído pela Lei nº
13.204, de 2015)
I - receber doações de empresas, até o limite de 2% (dois por cento) de
sua receita bruta; (Incluído pela Lei nº 13.204, de 2015)
II - receber bens móveis considerados irrecuperáveis, apreendidos,
abandonados ou disponíveis, administrados pela Secretaria da Receita
Federal do Brasil; (Incluído pela Lei nº 13.204, de 2015)
III - (Revogado pela Lei nº 14.027, de 2020).
O inciso III do art. 84-B da Lei nº 13.019/2014, que tratava da realização de sorteios e
afins, foi revogado pela Lei nº 14.027, de 20 de julho de 2020. Entretanto, permanece
a possibilidade da realização de sorteios pelas organizações da sociedade civil, nos
termos da Lei nº 5.768, de 20 de dezembro de 1971. A principal alteração normativa
é que, desde de julho de 2020, a realização de tais sorteios passou a depender de
autorização prévia.
Para tanto, é importante checar a existência de tais normas no caso concreto do ente
federado. Em qualquer das situações de outorga, seja com critérios claros definidos
de maneira vinculada, seja com critérios discricionários, essas legislações locais,
em sua maioria, preveem a existência da declaração de utilidade pública estadual
ou municipal como forma de reconhecimento público e/ou condição para acesso a
benefícios fiscais, mas não necessariamente as obrigam a ter a titulação para que
possam ser parceiras da administração pública.
Assista a esse vídeo simples e interessante, que resume um pouco dos conceitos do
universo da sociedade civil no Brasil.
Com esses dois termos, a lei reconhece duas formas legítimas de relação entre
Estado e sociedade civil, que envolvem, de um lado, um processo indutivo do Estado
de atuação complementar com as redes privadas e, ao mesmo tempo, de fomento e
fortalecimento às ações de interesse público desenvolvidas pela OSCs.
Acordo de Cooperação
Ocupou-se ainda a Lei nº 13.019/2014 de tratar das parcerias sem transferências
de recursos financeiros e a estas designou a modalidade de Acordo de Cooperação,
que poderá ser proposto tanto pela administração pública federal quanto pela
organização da sociedade civil.
Quando a parceria não envolver recursos financeiros, o instrumento que deve
ser utilizado é o acordo de cooperação. Nesse caso, o plano de trabalho pode ser
bastante simplificado, pois não envolve recursos públicos financeiros.
Fique ligado!
A ENAP oferece cursos completos sobre a Lei nº 13.019/2014, por
meio dos quais você aprenderá a gerir cada um desses tipos de
parceria.
O Decreto nº 6.170/2007 e a Portaria Interministerial nº 424/2016
regulam convênios e contratos de repasse e não se aplicam a esses
instrumentos do MROSC.
É importante também conhecer a regulamentação local, no caso
de parcerias de OSCs com estados, Distrito Federal ou municípios.
É importante observar que não são todas as organizações qualificadas como OSCIP
que firmam termo de parceria. Na Plataforma +Brasil, verifica-se que, em âmbito
federal, foram celebrados apenas 154 termos de parceria entre 2009 e 2021. Assim,
esse tipo de instrumento representa apenas 0,7% dos instrumentos celebrados pela
União com entidades privadas sem fins lucrativos.
Fonte: Gráfico gerado pelo Painel Transferências Discricionárias e Legais da Plataforma +Brasil, em
consulta realizada pela conteudista, em 19 de setembro de 2021, utilizando o filtro por natureza
jurídica (OSC), aba instrumentos assinados, anos 2009 a 2021.
https://paineldiscricionarias.economia.gov.br/extensions/painel-transferencias-discricionarias-e-
legais/painel-transferencias-discricionarias-e-legais.html
Outra qualificação que pode ser outorgada pelo poder público a uma entidade
privada sem fins lucrativos é o título de organização social (OS). Em âmbito federal,
é regulada pela Lei Federal nº 9.637/1998 e o Decreto nº 9.190/2017.
O modelo foi pouco difundido no governo federal e, ao final de 2020, havia apenas 9
(nove) contratos de gestão federais assinados com OSs. A área da ciência e tecnologia
foi a que mais adotou o modelo com sucesso. Nesses casos, regido pelo Decreto nº
9.190/2017, o contrato de gestão deve ser o único meio de relação entre a OS e o
governo federal, sendo vedado o envio de outros recursos de fomento para essas
OSs federais, por meio de outros instrumentos que não sejam o seu único contrato
de gestão com o órgão federal supervisor.
PI nº 424/2016
Art. 9º É vedada a celebração de:
III - instrumentos com entidades privadas, exceto:
a) com entidades filantrópicas e sem fins lucrativos nos termos do § 1º do
art. 199 da Constituição Federal; e
b) com os serviços sociais autônomos. (Alterado pela PORTARIA
INTERMINISTERIAL Nº 235, DE 23 DE AGOSTO DE 2018)
(...)
XVII - instrumentos: convênios e contratos de repasse;
Alguns projetos de interesse público são viabilizados por meio de recursos oriundos
de renúncia fiscal. A União deixa de arrecadar determinado recurso, autorizando
sua captação para a execução dos projetos e, posteriormente, avalia os resultados
de sua aplicação.
O incentivo aos projetos pode ser feito na forma de doação ou patrocínio. Esse
mecanismo ocorre principalmente nas leis de incentivo, como a Lei de Incentivo ao
Esporte, a Lei de Incentivo à Cultura e a Lei de Incentivo na Área de Saúde.
Fonte: Marco Regulatório das Organizações da Sociedade Civil – MROSC. Módulo 6 – Outras
formas de contratualização e exceções. ENAP. Disponível em: https://repositorio.enap.gov.br/
bitstream/1/4081/1/6.%20Outras%20formas%20de%20contratualiza%c3%a7%c3%a3o%20e%20
exce%c3%a7%c3%b5es.pdf.
A Lei de Inovação é outra legislação específica que também prevê, entre outros,
instrumentos a serem celebrados com Instituição Científica, Tecnológica e de
Inovação privada (ICT privada), de acordo com o inciso V do caput do art. 2º da Lei
nº 10.973, de 2 de dezembro de 2004, constituída sob a forma de pessoa jurídica de
direito privado sem fins lucrativos.
O fato de as organizações da sociedade civil serem sem fins lucrativos não quer
dizer que estas não possam ser remuneradas por seus serviços, pois todas as
organizações devem ser sustentáveis. A diferença é que os excedentes não são
distribuídos entre os sócios, e sim aplicados na própria organização, em ações que
atendam ao seu objeto social.
Já a nova Lei de Licitações (Lei nº 14.133, de 1º de abril de 2021), em seu art. 75, prevê
dispensável a licitação para contratação de associação de pessoas com deficiência,
sem fins lucrativos e de comprovada idoneidade, por órgão ou entidade da
administração pública, para a prestação de serviços, desde que o preço contratado
seja compatível com o praticado no mercado e os serviços contratados sejam
prestados exclusivamente por pessoas com deficiência.
3
Parcerias e cooperação com o setor
privado
Além das PPPs, abordamos as parcerias sem transferência de recursos ou bens, que
podem ser celebradas entre a administração pública e as entidades privadas com
fins lucrativos.
Nesse caso não se incluem aqui as parcerias com entidades privadas sem fins
lucrativos, pois, para essas parcerias voltadas para ações de interesse público e
recíproco, sem transferências de recursos, deve-se aplicar a Lei nº 13.019/2014.
Natureza contratual
Primeiramente, as PPPs têm natureza contratual. Isso significa que, para todos os
fins de regime jurídico, as PPPs devem ser compreendidas como contratos públicos,
mais especificamente, contratos de concessão. A referência à natureza contratual é
dada pela própria redação do art. 2º, caput, da Lei nº 11.079/2004, segundo a qual
“[p]arceria público-privada é o contrato administrativo de concessão, na modalidade
patrocinada ou administrativa”. Trata-se, portanto, de um contrato de concessão,
de modo que a edição da Lei nº 11.079/2004 determinou a criação de duas novas
modalidades de concessão – a concessão patrocinada e a concessão administrativa
– e renomeou as concessões regidas pela Lei nº 8.987/1995, as quais passam a
ser conhecidas como concessões comuns. A Lei nº 11.079/2004 pressupõe uma
concepção de concessão entendida como instrumento de delegação da prestação
de serviços públicos ao particular.
Cumpre ressaltar que estados e municípios podem formatar parcerias fora dos
quadrantes da Lei nº 11.079/2004, considerando que a Constituição Federal confere
competência privativa à União para disciplinar apenas normas gerais de licitações
e de contratos administrativos e a competência legislativa concorrente para
disciplinar procedimentos, como o certame licitatório das concessões patrocinadas
e administrativas. Por essa razão, a Lei das PPPs é composta por duas partes: uma
geral, de natureza nacional, aplicável a todos os entes federados (art. 1º ao art. 14),
e uma segunda parte federal, especificamente aplicável à União.
Objeto múltiplo
As PPPs têm por objeto a implantação de atividade ou infraestrutura com
Compartilhamento de riscos
Os contratos de PPPs são marcados pelo arbitramento de riscos entre as partes. A
repartição objetiva de riscos é uma das diretrizes enunciadas na Lei nº 11.079/2004,
sendo esse um dos grandes diferenciais com relação aos contratos de concessão
comum, que classicamente estabelecem que o concessionário atua no contrato “por
sua conta e risco”.
O prazo de vigência do contrato não pode ser inferior a cinco anos e nem superior
a 35 anos, incluindo eventual prorrogação. Deve haver correlação entre o prazo de
vigência contratual e a amortização dos investimentos realizados, de modo que o
Estado não onere desnecessariamente seu caixa de longo prazo e nem o tempo seja
insuficiente para retorno dos investimentos privados.
Bibliografia complementar
BANCO MUNDIAL. De volta ao planejamento: como preencher a lacuna de
infraestrutura no Brasil em tempos de austeridade, 2017. Disponível em:
http://documents.worldbank.org/curated/pt/237341502458978189/pdf/117392-
PORTUGUESE-PorBacktoPlanningFinal.pdf. Acesso em: 11 nov. 2022.
DI PIETRO, M. S. Z. Parcerias na Administração Pública: concessão, permissão,
franquia, terceirização, parcerias público-privada e outras formas. 10. ed. São
Paulo: Atlas, 2015.
EBP. A Prática da Estruturação de PPPs e Concessões de Infraestrutura no Brasil,
2015. Disponível em: http://www.ebpbrasil.com/ebp2014/web/conteudo_pti.
asp?idioma=0&conta=45&tipo=56522. Acesso em: 11 nov. 2022.
GUIMARÃES, F. V. Concessões e parcerias público-privadas. Guia para o gestor
público. Brasília: CBIC, 2016. Disponível em: https://cbic.org.br/infraestrutura/wp-
content/uploads/sites/26/2017/08/ppp_guia_para_gestor_public.pdf. Acesso em: 11
nov. 2022.
MORAES, M. S.; REYES-TAGLE, G. Os impactos fiscais dos contratos de parceria
público-privada: estudo de caso do ambiente institucional e da prática no
Brasil. Nota Técnica do BID, 2017. Disponível em: https://publications.iadb.org/
bitstream/handle/11319/8142/Osimpactos-fiscais-dos-contratos-de-parceria-
publico-privada-estudo-de-caso-do-ambienteinstitucional-e-da-pratica-no-Brasil.
pdf?sequence=1&isAllowed=y. Acesso em: 11 nov. 2022.
RADAR PPP. Guia prático para estruturação de programas e projetos de PPP. São
Paulo: LSE Enterprise, Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo, 2014.
Disponível em: https://www.radarppp.com/wpcontent/uploads/GuiaRadarPPP.pdf.
Acesso em: 11 nov. 2022.
SUNDFELD, C. A. (coord.). Parcerias público-privadas. 2. ed. São Paulo: Malheiros,
2011.
4
Os tipos de parcerias e o planejamento
da implementação
Este módulo aborda as parcerias que podem ser usadas pela administração pública
e apresenta as diferenças entre os tipos de parcerias para viabilizar determinada
política ou serviço público.
Lembre-se de que não existe uma única resposta certa. Cada problema público
pode ser objeto de diferentes meios de implementação.
Essas parcerias são realizadas entre entes públicos, ou entre a administração pública
e entidades privadas sem fins lucrativos.
Muito comum nos sistemas únicos que organizam essas relações federativas e
compartilhamento de responsabilidades bem definidos (SUS e SUAS, por exemplo),
ocorre também nas políticas de educação, segurança pública, trabalho, cultura,
direitos humanos, esporte, ciência e tecnologia, inovação, defesa nacional e muitas
outras.
Há ainda outras legislações que regem instrumentos específicos que podem ser
celebrados entre a administração e as entidades privadas sem fins lucrativos, como
os convênios com entidades filantrópicas da área de saúde que atuam de forma
Alguns projetos de interesse público são viabilizados por meio de recursos oriundos
de renúncia fiscal. A União deixa de arrecadar determinado recurso, autorizando
sua captação para a execução dos projetos e, posteriormente, avalia os resultados
de sua aplicação.
O incentivo aos projetos pode ser feito na forma de doação ou patrocínio. Esse
mecanismo ocorre principalmente nas leis de incentivo elencadas a seguir.
Outra forma de viabilizar os insumos para execução das políticas públicas de forma
descentralizada é a própria União adquirir os equipamentos e insumos e, em seguida,
distribuí-los e, no caso de bens permanentes, doá-los aos entes da federação ou a
É um modelo que pode ser muito interessante para reduzir o número de instrumentos
celebrados para aquisição de equipamentos ou semelhantes, caso da aquisição de
veículos, patrulhas mecanizadas, viaturas, livros, equipamentos de saúde, entre
outros.
Fique ligado!
Contratos administrativos não são formas de cooperação, de
interesse mútuo e recíproco, para execução descentralizada das
políticas públicas da União, pois nesses casos os interesses são
diversos e opostos: de um lado, o objeto do contrato e, de outro, o
preço a ser pago. Os contratos têm caráter contraprestacional.
Capacidade de implementação
Quando a União ou o estado tem recursos, mas não tem capacidade operacional
para implementá-la diretamente, a transferência para outro ente com capacidade de
implementação na ponta é fundamental para viabilizar a política. Da mesma forma,
é verdadeiro quando União, estados ou municípios encontra em organizações da
sociedade civil maior capacidade, legitimidade e/ou eficiência para implementar
determinadas ações de interesse público.
Legitimidade
Alguns temas públicos são historicamente tratados pelas OSCs, como, por exemplo,
as questões das pessoas com deficiência, a proteção de pessoas ameaçadas, a
assistência aos refugiados, o acolhimento institucional de crianças, adolescentes e
idosos, a assistência em saúde complementar ao SUS, entre outras.
As entidades privadas sem fins lucrativos são de direito privado e, assim, a elas
não se aplicam a lei de licitações nem a obrigatoriedade de concurso público, por
exemplo. As compras e contratações das OSCs, com recursos públicos, devem
obedecer aos princípios da administração pública, garantir isonomia, eficiência,
eficácia e economicidade. Entretanto, são sempre mais simplificadas e, em geral,
mais ágeis do que os procedimentos licitatórios exigidos de entes e entidades de
direito público.
Atuação em rede
PPPs abrangem qualquer tipo de serviço e podem ser contratadas por qualquer
um dos níveis da administração pública, poderes executivo, legislativo e judiciário,
empresas públicas, fundos, autarquias e sociedades de economia mista.
A legislação brasileira prevê o uso legal do termo PPP em qualquer projeto que inclua
contraprestações públicas na composição de suas receitas, independentemente de
os pagamentos públicos representarem a maioria das receitas do parceiro privado
ou não. Essa mesma legislação define dois tipos de contratos: um para contratos
completamente baseados em contraprestações públicas (concessão administrativa)
e outro para aqueles com uma combinação de receitas tarifárias (recebidas dos
usuários) e contraprestações públicas, independentemente da proporção entre elas
(concessão patrocinada).
No Brasil, o conceito dado pela lei às PPP é mais restrito do que o utilizado
internacionalmente. São consideradas parcerias público-privadas somente projetos
que requerem algum tipo de complementação governamental na forma de
contraprestações públicas, como definido na Lei Federal nº 11.079/2004. Os projetos
envolvendo a prestação de serviços públicos, precedidos ou não da execução de
obras, que sejam financeiramente viáveis, são considerados concessões comuns,
reguladas pelas Leis Federais nº 8.987 e 9.074, ambas de 1995.