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MÓDULOS

01-02-03-04

AGENDA PARA O
DESENVOLVIMENTO
SUSTENTÁVEL:
CONCEITOS, MOBILIZAÇÃO
E ARTICULAÇÃO
Conteudistas, 2021

Gabriela Nicolau dos Santos


Giane Boselli

Arte final

Clóvis Cézar Pedrini Júnior

Diretoria de Desenvolvimento Profissional


Fundação Escola Nacional de Administração Pública

Curso produzido em Brasília 2021.


Desenvolvimento do curso realizado por meio de parceria entre Enap e PNUD.

Enap, 2021.

Enap - Escola Nacional de Administração


Pública Diretoria de Desenvolvimento Profissio-
nal SAIS - Área 2-A - 70610-900 - Brasília, DF
SUMÁRIO

Agenda para o Desenvolvimento Sustentável – Conceitos, mobilização e articulação

Módulo 1: Agenda 2030


Unidade 1: Histórico da Agenda 2030

Módulo 2: A Agenda 2030 e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS)

Unidade 1: Os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS)


Unidade 2: Princípios que fundamentam a Agenda 2030 e os ODS
Unidade 3: Dimensões da Agenda 2030

Módulo 3: Indicadores utilizados pelos ODS


Unidade 1: Formulação e monitoramento dos indicadores dos ODS

Módulo 4: Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS)

Unidade 1: Conceito, sensibilização e diagnóstico para a localização dos ODS


Unidade 2: Ferramentas para localização dos ODS
Agenda 2030

Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS)

Indicadores utilizados pelos ODS

Agenda 2030 nos níveis estadual e municipal


MÓDULO 1

AGENDA 2030
AGENDA PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL:
CONCEITOS, MOBILIZAÇÃO E ARTICULAÇÃO
AGENDA PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL: CONCEITOS, MOBILIZAÇÃO E ARTICULAÇÃO
MÓDULO 01 | AGENDA 2030

MÓDULO 01 AGENDA 2030

UNIDADE 1: HISTÓRICO DA AGENDA 2030


1.1. RIO 92
1.2. OBJETIVOS DE DESENVOLVIMENTO DO MILÊNIO (ODM)
1.3. DECLARAÇÃO FINAL DA CONFERÊNCIA RIO+20
1.4. AGENDA 2030

UNIDADE 1: AGENDA 2030

Objetivo de Aprendizagem:

Reunir conhecimentos acerca do contexto histórico de criação da Agenda 2030.

1.1. RIO 92

O conceito de desenvolvimento sustentável foi utilizado pela primeira vez no ano de


1987, em um relatório intitulado “Nosso Futuro Comum”, conhecido também como Relatório
Brundtland (1987). Ele foi elaborado pela Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desen-
volvimento que, por sua vez, foi criada pela Assembleia Geral das Nações Unidas.

De acordo com o referido Relatório, o desenvolvimento sustentável é definido como


“o desenvolvimento que procura satisfazer as necessidades da geração atual, sem comprome-
ter a capacidade das gerações futuras de satisfazerem as suas próprias necessidades”.

Essa definição significa possibilitar que as pessoas, agora e no futuro, atinjam um


nível satisfatório de desenvolvimento social e econômico e de realização humana e cultural.
Dessa forma, elas farão, ao mesmo tempo, um uso razoável dos recursos da terra e a preserva-
ção das espécies e dos habitats naturais.

O conceito de desenvolvimento sustentável passou a ser mais conhecido, no entan-


to, durante a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento –
também chamada de Rio 92 ou Eco-92 – que aconteceu na cidade do Rio de Janeiro, em 1992.
Um dos principais resultados dessa conferência foi a adoção da Agenda 21, um plano de
ação global, nacional e local, que estabeleceu a importância de os países se comprometerem

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AGENDA PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL: CONCEITOS, MOBILIZAÇÃO E ARTICULAÇÃO
MÓDULO 01 | AGENDA 2030

a refletir sobre a forma como governos, empresas, organizações não-governamentais e todos


os setores da sociedade poderiam cooperar no estudo de soluções para os problemas socio-
ambientais. Nesse sentido, pode-se afirmar que a Agenda 21 se tratou da primeira carta de
intenções com vistas à promoção, em escala planetária, de um novo padrão de desenvolvi-
mento para o século XXI.

Naquele momento, a expressão desenvolvimento sustentável ficou muito atrelada às


questões ambientais, enquanto conceito sistêmico. Essa concepção, em momentos posterio-
res, levou à necessidade da evolução desse conceito para um modelo de desenvolvimento
global que promovesse a integração harmônica entre três elementos centrais: a proteção ao
meio ambiente, a inclusão social e o crescimento econômico.

1.2. OBJETIVOS DE DESENVOLVIMENTO DO MILÊNIO (ODM)

Durante a década de 90, ocorreu uma série de cúpulas multilaterais sobre o desen-
volvimento humano que apoiaram o processo de elaboração da Declaração do Milênio e dos
Objetivos do Desenvolvimento do Milênio (ODM). Tais cúpulas se concentraram fortemente na
promoção de políticas para a redução da extrema pobreza.

Nesses encontros, diversos especialistas participaram da construção da Declaração


do Milênio, a qual foi aprovada pelos Estados-membros da ONU na Cimeira do Milênio, que
ocorreu entre os dias 6 e 8 de setembro de 2000, em Nova Iorque.

A Declaração foi elaborada ao longo de meses de conversações - em reuniões regio-


nais e com a realização do Fórum do Milênio - que permitiram a incorporação de ideias e
sugestões advindas de diferentes setores e países. Nela, estão refletidas as preocupações de
147 Chefes de Estado e de Governo e de 191 países, sintetizadas nos 8 Objetivos de Desenvol-
vimento do Milênio (ODM).

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AGENDA PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL: CONCEITOS, MOBILIZAÇÃO E ARTICULAÇÃO
MÓDULO 01 | AGENDA 2030

Figura 1: Objetivos de Desenvolvimento do Milênio – ODM

Fonte: ODM Brasil (http://www.odmbrasil.gov.br/os-objetivos-de-desenvolvimento-do-milenio).

Pode-se afirmar que os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio constituem o


primeiro arcabouço global de políticas para o desenvolvimento. Esse fato explica a sua impor-
tância e a sua utilização, por 15 anos (de 2000 a 2015), para orientação e ação dos governos nos
níveis internacional, nacional e local.

Por meio dos ODM, houve maior clareza de que o estabelecimento de objetivos é o
mecanismo mais eficiente para alcançar resultados de desenvolvimento e garantir que os
compromissos sejam acompanhados pela ação efetiva.

Para concluir os seus estudos, veja agora um vídeo que traz, em maiores detalhes, o
conceito de desenvolvimento sustentável. Além de seu desenvolvimento, ao longo do tempo,
com a construção dos ODM e do documento “Uma vida digna para todos”:

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AGENDA PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL: CONCEITOS, MOBILIZAÇÃO E ARTICULAÇÃO
MÓDULO 01 | AGENDA 2030

VIDEO 01

Caminhos em direção ao desenvolvimento sustentável

1.3. DECLARAÇÃO FINAL DA CONFERÊNCIA RIO+20

Entre os dias 13 e 22 de junho de 2012, 20 anos depois da Rio 92, o compromisso


global com o desenvolvimento sustentável foi renovado na Conferência das Nações Unidas
sobre Desenvolvimento Sustentável (CNUDS), conhecida como Rio+20. O evento teve como
objetivo renovar o compromisso político com o desenvolvimento sustentável e avaliar o pro-
gresso e as lacunas remanescentes na implementação dos resultados das cúpulas anteriores.

O documento “O Futuro que Queremos”, Declaração Final da Conferência Rio+20,


reconheceu a formulação de metas como estratégia para o lançamento de uma ação global
coerente e focada no desenvolvimento sustentável. Deu-se início, dessa forma, a um processo
intergovernamental e aberto à participação de diferentes partes interessadas, visando à pro-
moção de objetivos para o desenvolvimento sustentável. A declaração orientou as ações da
comunidade internacional nos três anos seguintes – 2012, 2013, 2014 – dando início ao pro-
cesso de consulta global, para a construção de um conjunto de objetivos universais de desen-
volvimento sustentável.

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AGENDA PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL: CONCEITOS, MOBILIZAÇÃO E ARTICULAÇÃO
MÓDULO 01 | AGENDA 2030

1.4 AGENDA 2030

Em 2015, foram definidos os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS),


adotados na 70ª Assembleia Geral da ONU. A ocasião reuniu representantes de 193 países-
-membros das Nações Unidas para adoção da agenda global “Transformando o nosso Mundo:
a Agenda para o Desenvolvimento Sustentável de 2030”, com vistas à erradicação da pobreza
e ao desenvolvimento ambiental, social e econômico, em escala global, até 2030.

A Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, ou Agenda 2030, como ficou


conhecida, é fruto do trabalho conjunto de governos e cidadãos de todo o mundo, para criar
um modelo global de combate à pobreza, de promoção da prosperidade e do bem-estar para
todos, de proteção do meio ambiente e de combate às mudanças climáticas.

Dessa forma, pode-se considerar os 17 ODS como sucessores dos 8 Objetivos de


Desenvolvimento do Milênio. Eles são mais amplos e abrangem áreas diversas e interligadas
como: o combate à pobreza e à fome; a eliminação das desigualdades; o acesso equitativo a
serviços de saúde de qualidade e ao bem-estar; o acesso à educação de qualidade; a criação de
emprego digno e de renda; o crescimento econômico; a sustentabilidade energética e
ambiental; a conservação e a gestão dos oceanos e das florestas; e a promoção de instituições
eficazes e de sociedades estáveis. (Figura2)

Assim, o documento “Transformando Nosso Mundo: a Agenda 2030 para o Desenvol-


vimento Sustentável” pretende direcionar, de forma coordenada, as ações da comunidade
internacional, com vistas a tornar o mundo sustentável e resiliente até 2030.

Ao combinar os processos dos Objetivos do Milênio e os processos resultantes da


Rio+20, a Agenda 2030 dá início a uma nova fase para o desenvolvimento dos países, integran-
do os componentes do desenvolvimento sustentável e engajando todos os países na constru-
ção do futuro que queremos.

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AGENDA PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL: CONCEITOS, MOBILIZAÇÃO E ARTICULAÇÃO
MÓDULO 01 | AGENDA 2030

Figura 2: Objetivos de Desenvolvimento Sustentável – ODS

Fonte: PNUD Brasil (https://www.br.undp.org/content/brazil/pt/home/sustainable-development-goals.html).

Figura 3: Processo de transição entre ODM e ODS

Fonte: PNUD Brasil.

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AGENDA PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL: CONCEITOS, MOBILIZAÇÃO E ARTICULAÇÃO
MÓDULO 01 | AGENDA 2030

Figura 2: Objetivos de Desenvolvimento Sustentável – ODS

Fonte: PNUD Brasil (https://www.br.undp.org/content/brazil/pt/home/sustainable-development-goals.html).

A seguir veja um breve resumo sobre a construção da Agenda 2030 através do histó-
rico da realização da Rio+20 e da finalização de dois importantes documentos: “O futuro que
queremos” e da própria Agenda 2030, “Transformando o nosso mundo: a agenda 2030 para o
desenvolvimento sustentável”:

VIDEO 02

Transformando o nosso mundo – a Agenda 2030

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AGENDA PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL: CONCEITOS, MOBILIZAÇÃO E ARTICULAÇÃO
MÓDULO 01 | AGENDA 2030

SAIBA MAIS

Os ODS, para além de preencherem as lacunas deixadas pelos ODM, visam a


aumentar significativamente o nível de ambição para o desenvolvimento.

Nesse sentido, a Agenda 2030 tem como lema principal “não deixar ninguém
para trás”, uma meta ousada e que depende da interação entre diferentes fato-
res e atores sociais. Para tanto, faz-se necessária a construção de uma agenda
global para garantir que as políticas para o desenvolvimento alcancem todas as
pessoas, independentemente de gênero, raça, cor, etnia, nacionalidade, religião
ou qualquer outra condição.

Nesse contexto, em termos ambientais, há o desafio da institucionalização de


padrões de produção e consumo responsáveis, de modo que não afetem nega-
tivamente a sustentabilidade do planeta e não coloquem em risco os ecossiste-
mas. Dessa maneira, a Agenda 2030 propõe uma ação global contra as mudan-
ças climáticas e a favor da preservação dos oceanos e das florestas.

Além disso, no âmbito econômico, é necessário promover o crescimento eco-


nômico sustentado, inclusivo e sustentável, o emprego pleno e produtivo e o
trabalho decente para todos e todas. Essa preocupação se faz urgente porque,
de acordo com o Relatório do Desenvolvimento Humano 2020, a pandemia de
covid-19 teria movido cerca de 100 milhões de pessoas para uma situação de
pobreza extrema, o pior retrocesso em uma geração, segundo o Banco Mundial
(2020).

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AGENDA PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL: CONCEITOS, MOBILIZAÇÃO E ARTICULAÇÃO
MÓDULO 01 | AGENDA 2030

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

COMISSÃO MUNDIAL SOBRE O MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO – CMMAD. Relatório


Brundtland: Nosso futuro comum. Disponível em:
https://sustainabledevelopment.un.org/content/documents/5987our-common-future.pdf. Acesso
em: 10 de novembro de 2021.
NAÇÕES UNIDAS. Declaração do Milênio. Nova Iorque, 2000. Disponível em: https://www.br.undp.or-
g/content/brazil/pt/home/library/ods/declaracao-do-milenio.html. Acesso em: 10 de novembro de
2021.
NAÇÕES UNIDAS. O futuro que queremos. Rio +20 – Conferência das Nações Unidas para o Desenvol-
vimento Sustentável. Rio de Janeiro, 2012. Disponível em: http://www.rio20.gov.br/documentos/do-
cumentos-da-conferencia/o-futuro-que-queremos/index.html. Acesso em: 10 de novembro de 2021.
NAÇÕES UNIDAS. Transformando Nosso Mundo: a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável.
Nova Iorque, 2016. Disponível em: https://www.undp.org/content/dam/brazil/docs/agenda2030/un-
dp-br-Agenda2030-completo-pt-br-2016.pdf. Acesso em: 10 de novembro de 2021.

BIBLIOGRÁFICA COMPLEMENTAR

PNUD. Cartilha de Perguntas e Respostas sobre os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.


Disponível em: http://www.br.undp.org/content/brazil/pt/home/library/ods/car-
tilha-de-perguntas-e-respostas-dos-ods.html. Acesso em: 10 de novembro de 2021.
NAÇÕES UNIDAS. A ONU e o meio ambiente. Disponível em
https://brasil.un.org/pt-br/91223-onu-e-o-meio-ambiente. Acesso em: 10 de novembro de 2021
NAÇÕES UNIDAS. Relatório dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio 2015. Disponível em:
https://www.undp.org/publications/millennium-development-goals-report-2015. Acesso em: 10 de
novembro de 10/11/2021.

GLOSSÁRIO
ODM - Objetivos do Desenvolvimento do Milênio
CNUDS - Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável
ODS - Objetivos de Desenvolvimento Sustentável

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MÓDULO 2

A AGENDA 2030 E OS OBJETIVOS


DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL (ODS)
AGENDA PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL:
CONCEITOS, MOBILIZAÇÃO E ARTICULAÇÃO
AGENDA PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL: CONCEITOS, MOBILIZAÇÃO E ARTICULAÇÃO
MÓDULO 02 | OBJETIVOS DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL (ODS)

MÓDULO 02 A AGENDA 2030 E OS OBJETIVOS DE DESENVOLVIMENTO


SUSTENTÁVEL (ODS)
UNIDADE 1: OS OBJETIVOS DO DESENVOLVIMENTO
SUSTENTÁVEL (ODS)
1.1. O QUE SÃO OS ODS?

UNIDADE 2: PRINCÍPIOS QUE FUNDAMENTAM A


AGENDA 2030 E OS ODS
2.1. UNIVERSALIDADE
2.2. ABORDAGEM INTEGRADA
2.3. NÃO DEIXAR NINGUÉM PARA TRÁS
2.4. INCLUSÃO
2.5. PARCERIAS ENTRE MÚLTIPLAS PARTES INTERESSADAS

UNIDADE 3: DIMENSÕES DA AGENDA 2030


3.1. AS CINCO DIMENSÕES DA AGENDA 2030

UNIDADE 1: OS OBJETIVOS DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL (ODS)

Objetivo de Aprendizagem:

Ao final desta unidade, você saberá o que são os Objetivos de Desenvolvimento


Sustentável (ODS), bem como quais são as diversas áreas de intervenção por eles
abrangidas.

1.1. O QUE SÃO OS ODS?

A aprovação dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) por 193 países


membros na 70ª Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), em 2015, foi uma
iniciativa global voltada ao desenvolvimento econômico, social e ambiental das nações signa-
tárias. Os ODS se organizam em torno de 17 objetivos e 169 metas específicas a serem atingi-
dos até 2030.

Nesse sentido, eles podem ser entendidos como uma lista de tarefas que o poder
público, a sociedade civil organizada, o setor privado, a academia e todas as pessoas podem
adotar como referência para o alcance do desenvolvimento com sustentabilidade.

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AGENDA PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL: CONCEITOS, MOBILIZAÇÃO E ARTICULAÇÃO
MÓDULO 02 | OBJETIVOS DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL (ODS)

Seu processo de criação é resultante de amplas negociações políticas e consultas


individuais. Devido à existência das metas e dos indicadores que estão associados aos 17 ODS,
eles podem ser considerados suportes para a tradução de valores e princípios essenciais da
Agenda em resultados concretos e mensuráveis.

Os ODS traduzem 17 áreas de intervenção necessárias para alcançar o desenvolvi-


mento sustentável e devem ser vistos como partes integrantes de um todo mais complexo e
indivisível. Dessa forma, eles devem ser compreendidos de maneira integrada e sistêmica,
sendo que o cumprimento de um pode gerar reflexos no cumprimento de outro, ou seja,
muitos podem ser compreendidos como fins em si mesmos, porém, precisam ser avaliados de
uma maneira mais ampla, por estarem interconectados, em seus efeitos, no mundo real.

Figura 5: Objetivos de Desenvolvimento Sustentável - ODS

Fonte: PNUD Brasil (https://www.br.undp.org/content/brazil/pt/home/sustainable-development-goals.html).

Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS)

O documento fruto da Conferência da ONU de 2015 pode ser considerado um plano


de ação, sintetizado na agenda global “Transformando Nosso Mundo: a Agenda 2030 para o
Desenvolvimento Sustentável”. O documento está organizado da seguinte forma:

a) Preâmbulo: no qual têm destaque as áreas consideradas de importância crucial


para a humanidade e para o planeta nos próximos 15 anos.

b)Declaração: composta por visão; princípios e compromissos compartilhados;


um breve levantamento do mundo hoje; a nova Agenda 2030; os meios de implementação;
acompanhamento e revisão; um chamado à ação para mudar nosso mundo.

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MÓDULO 02 | OBJETIVOS DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL (ODS)

c) Objetivos e Metas de Desenvolvimento Sustentável: em que são descri-


tos os 17 Objetivos e as 169 metas acordados. Neste item, vale destacar que os objetivos e as
metas são integrados e indivisíveis, globais por natureza e universalmente aplicáveis, devendo
cada governo definir suas próprias metas nacionais, levando em conta seu contexto econômi-
co, social e ambiental.

d) Meios de implementação e a parceria global: é enfatizada a cooperação


entre governos, sociedade civil, setor privado, o Sistema das Nações Unidas e outros atores, a
fim de mobilizar todos os recursos disponíveis.

e) Acompanhamento e revisão: informa que os Objetivos e as metas podem ser


acompanhados e revistos por meio de um conjunto de indicadores globais. Esses, por sua vez,
podem ser complementados por indicadores nacionais, regionais e locais, a serem desenvolvi-
dos pelos Estados-membros.

A seguir, são descritos resumidamente cada um dos 17 Objetivos de Desenvolvimen-


to Sustentável, conforme disponível na Plataforma da Agenda 2030.

Figura 6: Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 1

Fonte: PNUD Brasil.

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MÓDULO 02 | OBJETIVOS DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL (ODS)

Objetivo 1. Acabar com a pobreza em todas as suas formas, em


todos os lugares.

A Agenda 2030 reconhece que a erradicação da pobreza, em todas as suas


formas, representa o maior desafio global para que o desenvolvimento susten-
tável seja alcançado. É por esse motivo que a prioridade número 1 da Agenda é
com os mais pobres e vulneráveis.

Figura 7: Objetivo do Desenvolvimento Sustentável 2

Fonte: PNUD Brasil.

Objetivo 2. Acabar com a fome, alcançar a segurança alimentar e


a melhoria da nutrição e promover a agricultura sustentável.

O ODS 2 pretende acabar com todas as formas de fome e má-nutrição até 2030,
garantindo que todas as pessoas – especialmente as crianças – tenham acesso
suficiente a alimentos nutritivos ao longo do ano. A este objetivo estão direta-
mente relacionados a agricultura familiar, as práticas agrícolas sustentáveis e o
acesso à terra, à tecnologia e ao mercado por parte de todas as pessoas.

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Figura 8: Objetivo do Desenvolvimento Sustentável 3

Fonte: PNUD Brasil.

Objetivo 3. Assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar


para todos, em todas as idades.

O ODS 3 pretende seguir adiante com os avanços históricos produzidos pelos


ODM no que diz respeito à redução da mortalidade infantil, à melhoria da
saúde materna, à luta contra o coronavírus, o HIV/Aids, a tuberculose, a malária
e outras doenças. As doenças crônicas (aquelas que têm progressão lenta e se
prolongam no tempo) e aquelas resultantes de desastres continuam a ser os
principais fatores que contribuem para a pobreza e para a privação dos mais
vulneráveis. O ODS 3 pretende seguir adiante com os avanços históricos produ-
zidos pelos ODM no que diz respeito à redução da mortalidade infantil, à
melhoria da saúde materna, à luta contra o coronavírus, o HIV/Aids, a tuberculo-
se, a malária e outras doenças. As doenças crônicas (aquelas que têm progres-
são lenta e se prolongam no tempo) e aquelas resultantes de desastres continu-
am a ser os principais fatores que contribuem para a pobreza e para a privação
dos mais vulneráveis.

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MÓDULO 02 | OBJETIVOS DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL (ODS)

Figura 9: Objetivo do Desenvolvimento Sustentável 4

Fonte: PNUD Brasil.

Objetivo 4. Assegurar a educação inclusiva e equitativa de quali-


dade e promover oportunidades de aprendizagem, ao longo da
vida, para todos.

O ODS 4 enfoca todos os níveis de educação, entendendo que a promoção de


uma educação inclusiva, igualitária e baseada nos princípios de direitos huma-
nos e desenvolvimento sustentável é fundamental para o empoderamento dos
indivíduos.

Figura 10: Objetivo do Desenvolvimento Sustentável 5

Fonte: PNUD Brasil.

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Objetivo 5. Alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as


mulheres e meninas.

O ODS 5 defende a igualdade de gênero como um direito humano fundamen-


tal, mas sobretudo como condição essencial para a construção de um mundo
pacífico, próspero e inclusivo. O esforço para o alcance do ODS 5 deve refletir
em todos os outros ODS. Assim, o alcance deste ODS se refletirá, dentre outras
maneiras, no aumento da participação feminina na política, na economia e em
todas as áreas de tomada de decisão.

Figura 11: Objetivo do Desenvolvimento Sustentável 6

Fonte: PNUD Brasil.

Objetivo 6. Assegurar a disponibilidade e a gestão sustentável da


água e do saneamento para todos.

Este ODS destaca a ligação da água, enquanto recurso natural, com o desenvol-
vimento sustentável em suas dimensões ambiental, econômica e social. Nesse
sentido, os serviços associados aos recursos hídricos relacionam-se diretamen-

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MÓDULO 02 | OBJETIVOS DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL (ODS)

te com a erradicação da pobreza, com o crescimento econômico e com a


sustentabilidade ambiental. Logo, o ODS 6 destaca a importância das ações
voltadas ao combate ao desperdício, à proteção das nascentes, dos rios e das
bacias e ao compartilhamento de tecnologias para o tratamento da água.

Figura 12: Objetivo do Desenvolvimento Sustentável 7

Fonte: PNUD Brasil.

Objetivo 7. Assegurar o acesso à energia confiável, sustentável,


moderno e a preço acessível para todos.

O ODS 7 pretende atuar de modo a favorecer o desenvolvimento e a utilização


de soluções para a redução das emissões de gases de efeito estufa e para que as
necessidades da economia sejam consonantes com o cuidado e com a prote-
ção do meio ambiente. Nesse sentido, o ODS 7 reconhece a importância das
fontes renováveis limpas, com especial atenção às necessidades das pessoas e
dos países em situação de maior vulnerabilidade.

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Figura 13: Objetivo do Desenvolvimento Sustentável 8

Fonte: PNUD Brasil.

Objetivo 8. Promover o crescimento econômico sustentado, inclu-


sivo e sustentável, o emprego pleno e produtivo e o trabalho
decente para todos.

O ODS 8 reconhece que a desigualdade de renda e de oportunidades impacta


negativamente o crescimento econômico e o alcance do desenvolvimento
sustentável. Afinal, os mais vulneráveis, muitas vezes, têm menores expectati-
vas de vida e apresentam dificuldades de se libertarem de um círculo vicioso de
insucesso escolar, baixas qualificações e poucas perspectivas de empregos de
qualidade.

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Figura 14: Objetivo do Desenvolvimento Sustentável 9

Fonte: PNUD Brasil.

Objetivo 9. Construir infraestruturas resilientes, promover a


industrialização inclusiva e sustentável e fomentar a inovação.

O ODS 9 ressalta a importância dos investimentos em infraestrutura – redes de


transporte público e infraestrutura urbana de qualidade – e em inovação – valo-
rização da micro e pequena empresa, eficiência energética, inclusão social e
progresso tecnológico – como condições básicas para o crescimento econômi-
co e para o desenvolvimento das nações.

Figura 15: Objetivo do Desenvolvimento Sustentável 10

Fonte: PNUD Brasil.

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MÓDULO 02 | OBJETIVOS DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL (ODS)

Objetivo 10. Reduzir a desigualdade dentro dos países e entre


eles.

O ODS 10 ressalta a desigualdade como um problema global que precisa de


soluções integradas. Ainda que a visão estratégica deste objetivo se construa
sob o propósito da erradicação da pobreza em todas suas dimensões, na redu-
ção das desigualdades socioeconômicas e no combate às discriminações de
todos os tipos, seu alcance depende de todos os setores na busca pela promo-
ção de oportunidades para as pessoas mais excluídas no caminho do desenvol-
vimento. Assim como o ODS 5, pode-se afirmar que o alcance de suas metas
favorece positivamente a realização de todos os outros 16 ODS.

Figura 16: Objetivo do Desenvolvimento Sustentável 11

Fonte: PNUD Brasil.

Objetivo 11. Tornar as cidades e os assentamentos humanos inclu-


sivos, seguros, resilientes e sustentáveis.

O ODS 11 defende que a construção e a gestão dos espaços urbanos são essen-

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MÓDULO 02 | OBJETIVOS DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL (ODS)

ciais para que o desenvolvimento sustentável seja alcançado. Nesse sentido,


temas como mobilidade, gestão de resíduos sólidos e saneamento estão incluí-
dos nas metas do ODS 11, assim como o planejamento e o aumento de resiliên-
cia dos assentamentos humanos, levando em conta as necessidades diferencia-
das das áreas rurais, periurbanas e urbanas.

Figura 17: Objetivo do Desenvolvimento Sustentável 12

Fonte: PNUD Brasil.

Objetivo 12. Assegurar padrões de produção e de consumo susten-


táveis.

Para alcançar as metas deste ODS, é necessária uma transformação dos padrões
de consumo e produção como medidas indispensáveis para a redução da
pegada ecológica sobre o meio ambiente. Dentre as metas do ODS 12, desta-
cam-se a promoção da eficiência do uso de recursos energéticos e naturais, da
infraestrutura sustentável e do acesso a serviços básicos. Além disso, o objetivo

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AGENDA PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL: CONCEITOS, MOBILIZAÇÃO E ARTICULAÇÃO
MÓDULO 02 | OBJETIVOS DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL (ODS)

prioriza a informação, a gestão coordenada, a transparência e a responsabiliza-


ção dos atores consumidores de recursos naturais como ferramentas chave
para o alcance de padrões mais sustentáveis de produção e consumo.

Figura 18: Objetivo do Desenvolvimento Sustentável 13

Fonte: PNUD Brasil.

Objetivo 13. Tomar medidas urgentes para combater a mudança


do clima e os seus impactos.

Este ODS trata da inter-relação entre a mudança do clima e os seus impactos


negativos sobre as economias nacionais e pessoas em todos os lugares, particu-
larmente as que se encontram em situação de maior vulnerabilidade nos países
em desenvolvimento. Uma das metas para este objetivo diz respeito à mobiliza-
ção de recursos financeiros, a fim de ajudar os países em desenvolvimento no
plano de mitigação de desastres relacionados ao clima.

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AGENDA PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL: CONCEITOS, MOBILIZAÇÃO E ARTICULAÇÃO
MÓDULO 02 | OBJETIVOS DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL (ODS)

Figura 19: Objetivo do Desenvolvimento Sustentável 14

Fonte: PNUD Brasil.

Objetivo 14. Conservar e promover o uso sustentável dos oceanos,


dos mares e dos recursos marinhos para o desenvolvimento sus-
tentável.

Os oceanos tornam a vida humana possível, por meio da provisão de segurança


alimentar, transporte, fornecimento de energia, turismo, dentre outros. Além
disso, por meio da regulação da sua temperatura, da sua composição química,
das correntes e das formas de vida, os oceanos regulam muitos dos serviços
ecossistêmicos mais críticos do planeta, como ciclo do carbono e nitrogênio,
regulação do clima e produção de oxigênio. Os oceanos também representam
aproximadamente US $3 trilhões da economia global por ano, ou 5% do PIB
global. No entanto, 40% dos oceanos estão sendo afetados incisiva e direta-
mente por atividades humanas, como poluição e pesca predatória, o que resul-
ta, principalmente, em perda de habitat, introdução de espécies invasoras e
acidificação. É frente a esses desafios que os Objetivos de Desenvolvimento
Sustentável indicam metas para gerenciar e proteger a vida na água.

29
Figura 20: Objetivo do Desenvolvimento Sustentável 15

Fonte: PNUD Brasil.

Objetivo 15. Proteger, recuperar e promover o uso sustentável dos


ecossistemas terrestres, gerir, de forma sustentável, as florestas,
combater a desertificação, deter e reverter a degradação da terra
e deter a perda da biodiversidade.

Dentre as metas que o ODS 15 busca promover, destacam-se a promoção do


manejo sustentável das florestas e o combate à desertificação e ao processo de
perda de biodiversidade. Dessa forma, a utilização sustentável dos recursos
naturais e a integração desses em políticas públicas é de suma importância
para a promoção de todos os outros ODS.

30
AGENDA PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL: CONCEITOS, MOBILIZAÇÃO E ARTICULAÇÃO
MÓDULO 02 | OBJETIVOS DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL (ODS)

Figura 21: Objetivo do Desenvolvimento Sustentável 16

Fonte: PNUD Brasil.

Objetivo 16. Promover sociedades pacíficas e inclusivas para o


desenvolvimento sustentável, proporcionar o acesso à justiça
para todos e construir instituições eficazes, responsáveis e inclu-
sivas em todos os níveis.

O ODS 16 defende a importância do fortalecimento das instituições de justiça


para a manutenção da paz e do respeito aos direitos humanos baseados no
Estado de Direito. As metas do ODS 16 estão relacionadas, ainda, com o comba-
te à exploração sexual, ao tráfico de pessoas e à tortura, bem como com o
enfrentamento à corrupção, ao terrorismo e a práticas criminosas.

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AGENDA PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL: CONCEITOS, MOBILIZAÇÃO E ARTICULAÇÃO
MÓDULO 02 | OBJETIVOS DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL (ODS)

Figura 22: Objetivo do Desenvolvimento Sustentável 17

Fonte: PNUD Brasil.

Objetivo 17. Fortalecer os meios de implementação e revitalizar a


parceria global para o desenvolvimento sustentável.

De acordo com o ODS 17, é necessário um compromisso renovado de coopera-


ção da comunidade internacional e uma parceria global ampla que inclua todos
os setores interessados e as pessoas afetadas pelos processos de desenvolvi-
mento. Tal objetivo propõe o caminho para a realização efetiva da Agenda 2030
por todos os países, e a coordenação de esforços internacionais é essencial para
isso. Logo, processos de articulação e integração de conhecimentos científicos,
tecnológicos e culturais entre países com diferentes níveis de desenvolvimento
são alguns dos principais meios para o alcance dos ODS.

A lista dos Objetivos e metas está disponível no link: https://www.br.un-


dp.org/content/brazil/pt/home/sustainable-development-goals.html

A Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável está disponível


em: https://www.undp.org/content/dam/brazil/docs/agenda2030/undp-
-br-Agenda2030-completo-pt-br-2016.pdf

32
AGENDA PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL: CONCEITOS, MOBILIZAÇÃO E ARTICULAÇÃO
MÓDULO 02 | OBJETIVOS DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL (ODS)

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

NAÇÕES UNIDAS. Transformando Nosso Mundo: a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável.
Disponível em: https://www.undp.org/content/dam/brazil/docs/agenda2030/undp-
-br-Agenda2030-completo-pt-br-2016.pdf. Acesso em: 10 de novembro de 2021.

BIBLIOGRÁFICA COMPLEMENTAR

NAÇÕES UNIDAS. Cartilha de Perguntas e Respostas dos ODS. Disponível em: http://www.br.undp.or-
g/content/brazil/pt/home/library/ods/cartilha-de-perguntas-e-respostas-dos-ods.html. Acesso em: 10
de novembro de 2021.

VIDEOS RECOMENDADOS

NAÇÕES UNIDAS. O que são os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU? Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=u2K0Ff6bzZ4&t=1s. Acesso em: 10 de novembro de 2021.
NAÇÕES UNIDAS. Compreendendo as dimensões do desenvolvimento sustentável. Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=pZ2RsinirlA. Acesso em: 10 de novembro de 2021.
IBGE. IBGE Explica – Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (Introdução). Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=Fev2MHAa-qo. Acesso em: 10 de novembro de 2021.

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AGENDA PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL: CONCEITOS, MOBILIZAÇÃO E ARTICULAÇÃO
MÓDULO 02 | OBJETIVOS DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL (ODS)

UNIDADE 2: PRINCÍPIOS QUE FUNDAMENTAM A AGENDA 2030 E OS ODS

Objetivo de Aprendizagem:

Ao final desta unidade, você saberá quais são os princípios fundamentais que susI
tentam a Agenda 2030.

A Agenda 2030 incorpora os seguintes princípios fundamentais:

2.1. UNIVERSALIDADE

A Agenda 2030 tem um alcance universal e compromete todos os países, a contribuir


em prol de um esforço global rumo ao desenvolvimento sustentável, independentemente de
seus níveis de renda e estágios de desenvolvimento.. Assim, ela é aplicável a todos os países,
em todos os contextos e de maneira permanente.

2.2 ABORDAGEM INTEGRADA

A Agenda 2030 baseia-se na natureza integrada e indivisível de seus 17 ODS. Portan-


to, é fundamental que todas as entidades responsáveis pela implementação dos ODS zelem
por sua integralidade, em vez de compreendê-los como um “menu”, do qual é possível esco-
lher objetivos individuais.

2.3 NÃO DEIXAR NINGUÉM PARA TRÁS

A Agenda 2030 busca beneficiar a todas as pessoas e se compromete a não deixar


ninguém para trás, estendendo-se às populações necessitadas e em situação de pobreza,
onde quer que elas estejam, e de forma a atingir seus desafios e suas vulnerabilidades específi-
cas.

2.4 INCLUSÃO

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AGENDA PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL: CONCEITOS, MOBILIZAÇÃO E ARTICULAÇÃO
MÓDULO 02 | OBJETIVOS DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL (ODS)

A implementação da Agenda 2030 requer a participação de todos os segmentos da


sociedade, sem distinção de raça, gênero, etnia e identidade.

2.5 PARCERIAS ENTRE MÚLTIPLAS PARTES INTERESSADAS

A Agenda 2030 requer o estabelecimento de parcerias entre múltiplas partes interes-


sadas, a fim de mobilizar e compartilhar conhecimento, experiência, tecnologia e recursos
financeiros, com o propósito de contribuir para a concretização dos ODS em todos os países.

No vídeo abaixo, você vai entender como funciona a visão integrada dos ODS e a
estrutura de rede em que eles atuam, explicando como esses elementos são fundamentais
para compreender a conexão dessa agenda:

VIDEO 03

Visão integrada dos ODS

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AGENDA PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL: CONCEITOS, MOBILIZAÇÃO E ARTICULAÇÃO
MÓDULO 02 | OBJETIVOS DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL (ODS)

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

UNSSC. Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável. Disponível em: https://www.unssc.org/si-


tes/unssc.org/files/portuguese_2030_agenda_for_sustainable_development_-_kcsd_primer.pdf.
Acesso em: 10 de novembro de 2021.
NAÇÕES UNIDAS. Transformando Nosso Mundo: a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável.
Disponível em: https://www.undp.org/content/dam/brazil/docs/agenda2030/undp-
-br-Agenda2030-completo-pt-br-2016.pdf. Acesso em: 10 de novembro de 2021.

BIBLIOGRÁFICA COMPLEMENTAR

NAÇÕES UNIDAS. Cartilha de Perguntas e Respostas dos ODS. Disponível em:http://www.br.undp.or-


g/content/brazil/pt/home/library/ods/cartilha-de-perguntas-e-respostas-dos-ods.html. Acesso em: 10
de novembro de 2021.

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AGENDA PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL: CONCEITOS, MOBILIZAÇÃO E ARTICULAÇÃO
MÓDULO 02 | OBJETIVOS DE DESENVOLVIMENTO
MÓDULOSUSTENTÁVEL
01 | AGENDA(ODS)
2030

UNIDADE 3: DIMENSÕES DA AGENDA 2030

Objetivo de Aprendizagem:

Ao final desta unidade, você será capaz de entender as dimensões da Agenda 2030.

3.1. AS CINCO DIMENSÕES DA AGENDA 2030

A Agenda 2030 tem como foco de atuação cinco dimensões, também conhecidas
como os 5Ps da Agenda 2030. São elas: Pessoas, Planeta, Prosperidade, Paz e Parceria.

A primeira dimensão – Pessoas – diz respeito à importância de que cada pessoa


seja capaz de desenvolver plenamente seu próprio potencial em um ambiente saudável.

A segunda dimensão – Planeta – enfatiza que os meios de produção e de consumo


atuais devem ser transformados de modo a garantir que os impactos causados pela vida
humana na Terra não degradem o planeta.

A terceira dimensão – Prosperidade – destaca a importância de que uma vida


próspera e a realização profissional sejam um direito acessível a todas as pessoas.

A quarta dimensão – Paz – enfatiza a relação necessária entre paz e desenvolvimen-


to sustentável. A paz, por sua vez, depende de esforços conjuntos para garantir que haja inclu-
são e justiça para todas as pessoas.

Finalmente, a quinta dimensão – Parceria – destaca a importância de que, para a


realização da Agenda 2030 e dos ODS, todos os meios devem ser mobilizados, de modo a
fortalecer a solidariedade global com ênfase nos mais pobres e vulneráveis.

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AGENDA PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL: CONCEITOS, MOBILIZAÇÃO E ARTICULAÇÃO
MÓDULO 02 | OBJETIVOS DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL (ODS)

Figura 23: Dimensões da Agenda 2030

Fonte: Plataforma Agenda 2030 – PNUD Brasil.

Conforme proposto pela Agenda, o conceito de desenvolvimento sustentável assume um


significado mais amplo, considerando dois novos componentes críticos: a parceria e a paz.
É importante frisar que os ODS também mesclam, de forma equilibrada, as três dimen-
sões do desenvolvimento sustentável: a econômica, a social e a ambiental.

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AGENDA PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL: CONCEITOS, MOBILIZAÇÃO E ARTICULAÇÃO
MÓDULO 02 | OBJETIVOS DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL (ODS)

Figura 24: Dimensões do desenvolvimento sustentável

Fonte: Plataforma Agenda 2030 – PNUD Brasil.

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AGENDA PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL: CONCEITOS, MOBILIZAÇÃO E ARTICULAÇÃO
MÓDULO 02 | OBJETIVOS DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL (ODS)

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

UNSSC. Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável. Disponível em: https://www.unssc.org/si-


tes/unssc.org/files/portuguese_2030_agenda_for_sustainable_development_-_kcsd_primer.pdf.
Acesso em: 10 de novembro de 2021.
NAÇÕES UNIDAS. Transformando Nosso Mundo: a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável.
Disponível em: https://www.undp.org/content/dam/brazil/docs/agenda2030/undp-
-br-Agenda2030-completo-pt-br-2016.pdf. Acesso em: 10 de novembro de 2021.

BIBLIOGRÁFICA COMPLEMENTAR

NAÇÕES UNIDAS. Cartilha de Perguntas e Respostas dos ODS. Disponível em: http://www.br.undp.or-
g/content/brazil/pt/home/library/ods/cartilha-de-perguntas-e-respostas-dos-ods.html. Acesso em: 10
de novembro de 2021.

GLOSSÁRIO
ODS - Objetivos de Desenvolvimento Sustentável
ONU - Organização das Nações Unidas

40
MÓDULO 3

INDICADORES UTILIZADOS
PELOS ODS
AGENDA PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL:
CONCEITOS, MOBILIZAÇÃO E ARTICULAÇÃO
AGENDA PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL: CONCEITOS, MOBILIZAÇÃO E ARTICULAÇÃO
MÓDULO 03 | INDICADORES UTILIZADOS PELOS ODS

MÓDULO 03 INDICADORES UTILIZADOS PELOS ODS

UNIDADE 1: FORMULAÇÃO E MONITORAMENTO


DOS INDICADORES DOS ODS
1.1. FORMULAÇÃO DE INDICADORES
1.2. MONITORAMENTO DE INDICADORES

UNIDADE 1: FORMULAÇÃO E MONITORAMENTO DOS INDICADORES DOS ODS

Objetivo de Aprendizagem:

Ao final desta unidade, você será capaz de entender como o progresso dos ODS são
acompanhados globalmente e avaliados por meio de um sistema de 232 indicadores
globais.

Nesta unidade, será apresentado o trabalho da Comissão de Estatística da Organiza-


ção das Nações Unidas (ONU) e do Grupo Interagencial e de Peritos sobre os Indicadores dos
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (IAEG-SDGs, em

inglês - Decisão 46/101) no desenvolvimento de um quadro global de indicadores


para monitoramento do progresso obtido em cada uma das 169 metas previstas nos 17 ODS.

Além disso, será abordada a importância de estados e municípios também realiza-


rem o levantamento constante de informações e indicadores para apoiar a tomada de decisão
local e avaliar o quanto os entes subnacionais ainda precisam trabalhar para alcançar as metas
previstas na Agenda 2030.

1.1. FORMULAÇÃO DOS INDICADORES

Os avanços dos ODS são acompanhados globalmente e avaliados por meio de um


sistema de 231 indicadores globais, os quais podem ser adaptados para os níveis nacional e
subnacional (estados e municípios).

De acordo com o documento "Acompanhando a Agenda 2030 para o Desenvolvi-


mento Sustentável" (PNUD, 2015), muitas pessoas foram consultadas e ouvidas e contribuíram

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AGENDA PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL: CONCEITOS, MOBILIZAÇÃO E ARTICULAÇÃO
MÓDULO 03 | INDICADORES UTILIZADOS PELOS ODS

para a formulação dos ODS, das suas metas e dos seus indicadores associados. Dessa forma,
pode-se afirmar que um amplo e inclusivo sistema de consulta subsidiou a elaboração da
Agenda 2030.

Essas diferentes contribuições foram utilizadas como subsídio para as decisões do


grupo intergovernamental Ad Hoc de Trabalho Aberto sobre os Objetivos de Desenvolvimen-
to Sustentável (GTA-ODS), que contou com a participação de mais de setenta países. As pro-
postas dos objetivos foram acompanhadas por propostas de metas e indicadores globais,
tendo sido apresentadas 169 metas relacionadas a diferentes temáticas.

O relatório do GTA-ODS reconheceu a diferença existente entre os países e, por isso


mesmo, estabeleceu que cada governo deveria empreender um esforço para estabelecer suas
metas nacionais, orientados pelas metas globais, mas tendo em conta suas próprias realida-
des. Os objetivos e as metas deveriam ser monitorados por meio de indicadores focados em
resultados mensuráveis, sintonizados com as políticas e as prioridades nacionais.

1.1. MONITORAMENTO DOS INDICADORES

O quadro de indicadores utilizados para o acompanhamento da Agenda 2030, no


âmbito global, foi criado em 2015, pela Comissão de Estatística da ONU, que instituiu o IAEG-S-
DGs. O grupo é formado por representantes de institutos nacionais de estatística dos países
membros da ONU, incluindo agências regionais e internacionais como observadores. O Insti-
tuto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, do Brasil, representa os países do Mercosul e o
Chile nesse grupo.

A ONU aprovou um quadro global inicial de indicadores da Agenda 2030 em 06 de


julho de 2017, na Assembleia Geral (Resolução 71/313). A primeira lista definida apresentava
232 indicadores globais sobre os quais se obteve consenso. Esse quadro foi passando por revi-
sões e, após os refinamentos realizados em março de 2021, passou-se para 231 indicadores
únicos.

No entanto, muitos países ainda não possuem metodologias e dados para monitorar
todos esses indicadores propostos. Diante dessas lacunas, a ONU decidiu categorizá-los em
grupos (Tier 1, Tier 2 e Tier 3). Cada um desses grupos avalia em qual grau se encontram os

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AGENDA PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL: CONCEITOS, MOBILIZAÇÃO E ARTICULAÇÃO
MÓDULO 03 | INDICADORES UTILIZADOS PELOS ODS

dados que já se possui ou que precisam ser criados para acompanhar o progresso conquistado
em relação aos objetivos e às metas seguidas.

Tier I: o indicador é conceitualmente claro, tem uma metodologia estabeleci-


da internacionalmente, seus padrões estão disponíveis e os dados são regular-
mente produzidos em pelo menos 50% dos países e da população em todas as
regiões onde o indicador é relevante.

Tier II: o indicador é conceitualmente claro, tem uma metodologia estabeleci-


da internacionalmente e os padrões estão disponíveis, mas os dados não são
regularmente produzidos por países.

Tier III: nenhuma metodologia ou quaisquer padrões estabelecidos interna-


cionalmente estão disponíveis para o indicador, mas a metodologia/os padrões
estão sendo (ou serão) desenvolvidos ou testados (a partir do 51º UNSC, a estru-
tura de indicadores globais não contém nenhum indicador de Nível III).

Segundo análise técnica de dezembro de 2020, o quadro de indicadores globais


contém 130 indicadores no Tier I, 97 no Tier II e 4 que têm vários níveis (diferentes componen-
tes do indicador são classificados em diferentes níveis).

O Brasil ainda não possui muitos desses indicadores propostos no quadro global de
indicadores da Agenda 2030, mas é um país rico em dados estatísticos, que auxiliam a mensu-
ração dos seus avanços nas áreas social, econômica e ambiental.

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AGENDA PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL: CONCEITOS, MOBILIZAÇÃO E ARTICULAÇÃO
MÓDULO 03 | INDICADORES UTILIZADOS PELOS ODS

No documento “Acompanhando a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentá-


vel”, o PNUD apresenta muitos indicadores brasileiros com potencial para acompanhamento
das metas dos ODS no Brasil, priorizando fontes estatísticas oficiais, registros administrativos
ou ambos, bem como as lacunas existentes. Ainda de acordo com esse documento, as reuni-
ões anuais do Fórum Político de Alto Nível sobre Desenvolvimento Sustentável também têm
um papel central na revisão do progresso dos ODS no âmbito global.

É importante lembrar que o acompanhamento e a avaliação do progresso efetuado


para alcançar as 169 metas dos 17 ODS são realizados pelo Fórum Político de Alto Nível sobre
o desenvolvimento sustentável, a instância responsável pela supervisão em nível global.

Além disso, o monitoramento do progresso em direção a cada um dos 17 Objetivos


depende de dados originários dos países, coletados em parceria com organizações regionais e
internacionais. Dito isso, dados de qualidade, acessíveis, atualizados, confiáveis e desagrega-
dos, baseados em fontes oficiais nacionais, são necessários para a produção periódica dos indi-
cadores, que auxiliarão o monitoramento dos objetivos e metas. No Brasil, o Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística (IBGE) e o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) são as
instituições designadas para apoiar o governo brasileiro na definição e no monitoramento dos
indicadores e para realizar estudos e propostas de relatórios, respectivamente.

Por fim, é muito importante que estados e municípios também monitorem seus indi-
cadores alinhados às metas compatíveis com seu trabalho. Assim, adaptar a Agenda para o
nível local é um dos primeiros desafios para apoiar o alcance das metas dos ODS.

É imprescindível conhecer a realidade local por meio do levantamento de dados


primários e secundários. Esses dados auxiliam na tomada de decisão e mostram o quanto os
governos subnacionais ainda precisam trabalhar para contribuir com o alcance nacional das
metas previstas na Agenda 2030.

Segue uma Entrevista com Denise Kronemberger, responsável pela coordenação dos
indicadores dos ODS no IBGE, que traz maiores detalhes sobre o processo de construção e ade-
quação dos indicadores:

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AGENDA PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL: CONCEITOS, MOBILIZAÇÃO E ARTICULAÇÃO
MÓDULO 03 | INDICADORES UTILIZADOS PELOS ODS

VIDEO 04

Mensurando o processo de Desenvolvimento

PLATAFORMA ODS BRASIL:

O IBGE foi um dos responsáveis pela construção da Plataforma ODS Brasil, que
disponibiliza um conjunto de indicadores brasileiros definidos, de forma colabo-
rativa, entre instituições parceiras, com dados nacionais produzidos regularmen-
te. A plataforma também indica quais indicadores o Brasil ainda não possui e
quais estão em construção.

SAIBA MAIS

De março de 2016 a março de 2018, o IBGE presidiu a Comissão de Estatística da


ONU. Essa Comissão, formada por 24 países-membros, auxilia o Conselho Eco-
nômico e Social da ONU a desenvolver estatísticas nacionais e aprimorar a sua
comparabilidade, coordenando o trabalho estatístico das agências especializa-
das e aconselhando os órgãos da ONU sobre questões gerais relacionadas com
a coleta, a análise e a disseminação de informações estatísticas. Nesse período,
o IBGE coordenou o processo de escolha do quadro de indicadores de monito-
ramento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).

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AGENDA PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL: CONCEITOS, MOBILIZAÇÃO E ARTICULAÇÃO
MÓDULO 03 | INDICADORES UTILIZADOS PELOS ODS

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

PNUD. Acompanhando a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável: Subsídios iniciais do


Sistema das Nações Unidas no Brasil sobre a identificação de indicadores nacionais referentes aos
objetivos de desenvolvimento sustentável. Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento.
Brasília: PNUD, 2015. Disponível em:
https://www.br.undp.org/content/brazil/pt/home/library/ods/acompanhando-a-agenda-2030.html.
Acesso em: 10 de novembro de 2021.
GOVERNO BRASILEIRO. Plataforma de Indicadores Brasileiros para os Objetivos de Desenvolvimento
Sustentável do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Disponível em: https://odsbrasil.-
gov.br/. Acesso em: 10 de novembro de 2021.

BIBLIOGRÁFICA COMPLEMENTAR

IPEA. Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Disponível em: https://www.ipea.gov.br/ods/.


Acesso em: 10 de novembro de 2021.

GLOSSÁRIO
ODS - Objetivos de Desenvolvimento Sustentável
ONU - Organização das Nações Unidas
GTA-ODS - Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura
IAEG-SDG - Grupo Interagencial e de Peritos sobre os Indicadores dos Objetivos de Desenvol-
vimento Sustentável
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IPEA - Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada
MÓDULO 4

AGENDA 2030 NOS NÍVEIS


ESTADUAL E MUNICIPAL
AGENDA PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL:
CONCEITOS, MOBILIZAÇÃO E ARTICULAÇÃO
AGENDA PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL: CONCEITOS, MOBILIZAÇÃO E ARTICULAÇÃO
MÓDULO 04 | AGENDA 2030 NOS NÍVEIS ESTADUAL E MUNICIPAL

MÓDULO 04 AGENDA 2030 NOS NÍVEIS ESTADUAL E MUNICIPAL

UNIDADE 1: CONCEITO, SENSIBILIZAÇÃO E


DIAGNÓSTICO PARA A LOCALIZAÇÃO DOS ODS
1.1. CONCEITO DE LOCALIZAÇÃO
1.2. SENSIBILIZAÇÃO
1.3. DIAGNÓSTICO PARA A LOCALIZAÇÃO DOS ODS

UNIDADE 2: FERRAMENTAS PARA LOCALIZAÇÃO DOS ODS


2.1. INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO E GESTÃO
2.2. ESTRATÉGIAS DE IMPLEMENTAÇÃO E PARCERIAS
2.3. CONSTRUÇÃO DE MECANISMOS DE GOVERNANÇA

UNIDADE 1: CONCEITO, SENSIBILIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO


PARA A LOCALIZAÇÃO DOS ODS

Objetivo de Aprendizagem:

Ao final desta unidade, você será capaz de entender o conceito e a importância da


localização dos ODS nos contextos subnacionais.

1.1. CONCEITO DE LOCALIZAÇÃO

Por “localização”, também compreendido como “territorialização”, entende-se o pro-


cesso de adaptação da Agenda 2030 para os contextos subnacionais – estaduais e municipais
– considerando a possibilidade de criação de objetivos e metas adaptados às realidades locais,
a definição de meios de implementação, bem como o uso de indicadores para medir e acom-
panhar o progresso do desenvolvimento local.

A localização acontece quando os governos estaduais e municipais apoiam a realiza-


ção dos ODS por meio de ações locais “de baixo para cima”, e quando os ODS são utilizados
como um plano de ação para uma política de desenvolvimento local.

Nesse contexto, a concretização dos ODS dependerá da capacidade de gestores

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AGENDA PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL: CONCEITOS, MOBILIZAÇÃO E ARTICULAÇÃO
MÓDULO 04 | AGENDA 2030 NOS NÍVEIS ESTADUAL E MUNICIPAL

municipais e estaduais, juntamente com a sociedade civil organizada, as instituições de


ensino, a academia, o setor privado (micro, pequenas e médias empresas) e todos os demais
atores sociais, de torná-los realidade em suas cidades e regiões. Dessa forma, considerando
que todos os ODS têm metas diretamente ligadas às responsabilidades dos governos subna-
cionais, principalmente às que se referem à prestação de serviços básicos, os governos estadu-
ais e municipais devem estar no centro da Agenda 2030.

Dito isso, os municípios estão na posição mais favorável para transformar a Agenda
2030 em realidade. Eles podem trabalhar com os objetivos e as metas de forma prática, adap-
tando-os a seus contextos específicos e às realidades dos planos de desenvolvimento locais já
existentes, em fase de construção ou futuros.

Conforme o Guia de Territorialização e Integração dos ODS, produzido recentemente


pelo PNUD Brasil, a promoção do desenvolvimento sustentável não é tarefa apenas do gover-
no federal. Os estados e municípios também podem integrar os ODS em seus planos de gover-
no (Plano Plurianual, Planos Setoriais, Plano Diretor, entre outros), assim como o terceiro setor
e as empresas podem alinhar os seus trabalhos com as metas previstas na Agenda 2030.

Por serem os Municípios o lugar onde as políticas públicas acontecem e onde as


oportunidades e os desafios da articulação das dimensões econômica, social e ambiental do
desenvolvimento são mais palpáveis, a Agenda 2030 reconhece a importância de que todos os
esforços para a implementação dos ODS estejam voltados para eles.

Assim, quanto mais localizadas e mais desagregadas forem as informações e os indi-


cadores, mais fácil ficará a identificação de áreas e territórios que mais precisam de apoio e
soluções. É por esses fatores que é preciso territorializar a Agenda 2030, pois não se pode
pensar apenas na média nacional, mas realmente chegar até aquela cidade e aquele bairro
que mais precisam encontrar caminhos para alcançar as metas de desenvolvimento sustentá-
vel.

Por fim, para trabalhar a territorialização e a integração, é preciso não só desagregar


indicadores, mas também fortalecer as capacidades dos gestores governamentais, de atores
da sociedade civil e do setor privado, para identificar necessidades e orientar o planejamento
de políticas e projetos direcionados para o alcance das metas dos ODS.

50
AGENDA PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL: CONCEITOS, MOBILIZAÇÃO E ARTICULAÇÃO
MÓDULO 04 | AGENDA 2030 NOS NÍVEIS ESTADUAL E MUNICIPAL

1.2. SENSIBILIZAÇÃO

A Agenda 2030 pode ser utilizada como estratégia governamental. Devido à sua
complexidade, para o sucesso em sua implementação, são imprescindíveis a articulação e a
parceria entre diferentes setores, tais como governo, setor privado, sociedade civil organizada,
academia, Poder Legislativo, entre outros.

O principal objetivo das ações de sensibilização é incentivar a participação da popu-


lação na promoção da Agenda 2030 e na busca pelo alcance dos ODS em nível local.

No âmbito das prefeituras e dos governos estaduais, as ações de sensibilização


podem começar com foco na equipe de secretários (as). Após a harmonização de conhecimen-
tos entre eles (as), cada secretário (a) poderá ser multiplicador (a) dos ODS, dos seus princípios
e de suas metas para o restante da equipe: diretores (as), assessores (as), técnicos (as). A etapa
de sensibilização das equipes pode ocorrer por meio de eventos e encontros em que os temas
ligados aos ODS possam ser discutidos por diferentes atores, que poderão contribuir com suas
próprias experiências e ações.

No entanto, as ações de sensibilização não podem se limitar apenas a comunicar, a


dizer o que são os ODS. É fundamental que esse trabalho seja voltado também para o planeja-
mento de ações, por parte das diferentes secretarias municipais/estaduais, de modo que
possam gerar resultados concretos para o cumprimento das metas da Agenda.

A partir do alinhamento e do engajamento das equipes que atuam localmente,


pode-se ampliar esse trabalho para outros poderes e segmentos, já que todos têm um papel a
desempenhar na localização e na promoção dos ODS. Nesse caso, devem ser envolvidos,
também, vereadores, membros do judiciário, órgãos de controle, da sociedade civil, da acade-
mia e do setor privado, bem como atores estaduais e federais que atuam no Município.

1.3 DIAGNÓSTICO PARA A LOCALIZAÇÃO DOS ODS

Segundo o Guia de Elaboração de Diagnósticos Situacionais Municipais de Indicado-


res ODS (PNUD, 2021), produzido para auxiliar os municípios a identificarem, coletarem e
monitorarem indicadores locais relacionados às principais metas ODS, o levantamento de

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dados visa a mostrar em que ponto o município está e quanto ele ainda precisa desenvolver
até 2030. Trata-se de um precioso exercício de planejamento e proporciona um entendimento
mais aprofundado sobre a realidade local. Bons indicadores apontam que o município está
indo muito bem em determinadas áreas do desenvolvimento. Por outro lado, indicadores
ruins mostram que muito trabalho ainda precisa ser feito e aperfeiçoado.

Os estados e municípios precisam levantar os seus indicadores, mensurar o seu


status em relação a diversas metas previstas na Agenda 2030 e monitorar o impacto de suas
políticas, seus programas e seus projetos periodicamente. Vale ressaltar que ainda não exis-
tem diversos indicadores municipais para medir todas as metas da Agenda 2030 que se encai-
xem com os municípios, mas podemos encontrar diversos dados importantes em fontes
oficiais.

Dito isso, uma metodologia de análise de indicadores locais alinhada aos Objetivos
de Desenvolvimento Sustentável vem sendo desenvolvida pelo PNUD Brasil há alguns anos.
São os diagnósticos situacionais, que surgiram como forma de atender a uma demanda dos
processos de localização dos ODS nos estados e municípios. Os estudos produzidos têm como
objetivo promover a reflexão sobre o monitoramento dos efeitos de políticas e programas que
contribuem para o alcance de metas ODS. Na lista de materiais de apoio, será possível encon-
trar o link para acesso a esses diagnósticos elaborados pelo PNUD, que servem como modelo.

Nesse sentido, a análise periódica de dados visa a apoiar a tomada de decisão local e
a avaliar o quanto o município ainda precisa trabalhar para alcançar as metas previstas na
Agenda 2030. Assim, levantar dados mostra fragilidades, fortalezas e aponta caminhos que
precisam ser mais bem trabalhados.

É importante ressaltar também que o diagnóstico é um primeiro passo, é um retrato


de como está o desenvolvimento econômico e social local. Após esse primeiro passo, é preciso
avaliar quais são as áreas ou ODSs em que o município está caminhando bem e quais ainda
precisam ser mais desenvolvidas. Em seguida, é o momento de traçar planos e planejamentos
de ações e políticas que levem ao alcance dos objetivos e das metas prioritárias, sempre com
atenção à melhoria da qualidade de vida das comunidades mais vulneráveis.

Ainda existe uma deficiência na quantidade e na periodicidade de dados disponíveis


para municípios brasileiros. Dessa forma, muitos dados importantes são coletados em todos

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os municípios do país apenas nos Censos Demográficos, geralmente a cada dez anos. Nos anos
situados no período entre os Censos, o IBGE tende a coletar dados por amostras domiciliares,
como é o caso da Pesquisa Nacional por Amostra Domiciliar (PNAD). No entanto, os resultados
dessas pesquisas por amostras são lançados apenas para estados e Regiões Metropolitanas.
Apesar disso, existe uma série de grandes bases oficiais governamentais que podem ser con-
sultadas on-line por qualquer pessoa e que contribuem amplamente para o monitoramento
de metas para o desenvolvimento local sustentável.

O Guia de Elaboração de Diagnósticos Situacionais Municipais de Indicadores ODS


(PNUD, 2021) ensina como construir esse tipo de estudo e mostra quais dados estão disponí-
veis para os municípios dentro de cada ODS e como encontrá-los.

Para concluir esta unidade, veja este vídeo que aborda o processo de localização dos
ODS e como eles podem orientar políticas públicas nacionais, regionais e locais, constituindo
uma narrativa comum para balizar as ações públicas:

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VIDEO 05

Como os objetivos globais se transformam em objetos locais

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MÓDULO 04 | AGENDA 2030 NOS NÍVEIS ESTADUAL E MUNICIPAL

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CNM. Confederação Nacional de Municípios. Guia para localização dos Objetivos de Desenvolvimento
Sustentável nos Municípios Brasileiros. O que os gestores municipais precisam saber. Disponível em:
https://www.cnm.org.br/cms/biblioteca/ODS-Objetivos_de_Desen-
volvimento_Sustentavel_nos_Municipios_Brasileiros.pdf. Acesso em: 10 de novembro de 2021.
PNUD, CNM. Guia para Integração dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável nos Municípios
Brasileiros. Disponível em: https://www.cnm.org.br/index.php/biblioteca/exibe/2855. Acesso em: 10
de novembro de 2021.
NAÇÕES UNIDAS. Acompanhando a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável: Subsídios
iniciais do Sistema das Nações Unidas no Brasil sobre a identificação de indicadores nacionais referen-
tes aos objetivos de desenvolvimento sustentável/Programa das Nações Unidas para o Desenvolvi-
mento. Disponível em:
https://www.undp.org/content/dam/brazil/docs/agenda2030/undp-
-br-Acompanhando-Agenda2030-Subsidios_iniciais-Brasil-2016.pdf. Acesso em: 10 de novembro de
2021.
PNUD. Coletânea Territorialização dos ODS – Guia de Elaboração de Diagnósticos Situacionais Munici-
pais de Indicadores ODS. Brasília, DF: PNUD, 2021. Disponível em: https://www.br.undp.org/content/-
dam/brazil/docs/guias/ColetaneaODS_livro2_PROVA%20FINAL_V2.pdf. Acesso em: 24 de novembro
de 2021.
PNUD. Diagnósticos Situacionais de Indicadores Municipais ODS do Projeto Oeste 2030: Cooperação
para o desenvolvimento sustentável (PNUD/Itaipu Binacional). Disponível em:
https://oestepr2030.org.br/category/diagnosticos-municipais/. Acesso em: 10 de novembro de 2021
PNUD. Diagnósticos Situacionais de Indicadores Municipais do Projeto Territorialização e Aceleração
dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (PNUD/Petrobras). Disponível em:
https://www.br.undp.org/content/brazil/pt/home/presscenter/ar-
ticles/2020/petrobras-e-pnud-dao-acesso-virtual-a-publicacoes-projeto-territ.html. Acesso em: 10 de
novembro de 2021.

BIBLIOGRÁFICA COMPLEMENTAR

PNUD. Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável: O que os governos locais precisam saber, UCLG
(United Cities and Local Development). Disponível em:
http://www.br.undp.org/content/dam/brazil/docs/ODS/undp-br-ro-
teiro-localizacao-objetivos-desenvolvimento-2017.pdf. Acesso em: 24 de novembro de 2021.

PNUD. Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil. Disponível em: http://www.atlasbrasil.org.br/.


Acesso em: 10 de novembro de 2021.

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UNIDADE 2: CONCEITO, SENSIBILIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO


PARA A LOCALIZAÇÃO DOS ODS

Objetivo de Aprendizagem:

Ao final desta unidade, você será capaz de entender as diferentes estratégias para
implementação da localização dos ODS nos contextos subnacionais.

2.1. INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO E GESTÃO

Como falamos anteriormente, os primeiros passos para trabalhar a localização/terri-


torialização e a integração dos ODS na gestão municipal ou estadual são: a desagregação de
indicadores, para compreender melhor a realidade local em relação às metas a serem alcança-
das até 2030 e o fortalecimento das capacidades dos gestores governamentais, bem como dos
atores da sociedade civil e do setor privado, para identificarem necessidades e orientarem o
planejamento de políticas e projetos que contribuam, de forma concreta e eficaz, para o
desenvolvimento sustentável local. Além disso, a parceria entre diversos setores também é
essencial para que as ações aconteçam de forma integrada e eficaz.

No momento de integrar os ODS nos instrumentos de planejamento local, é impor-


tante lembrar que esse trabalho não se trata simplesmente de carimbar as logomarcas dos 17
ODS em atividades que a prefeitura já faz. O trabalho é mais complexo, mas trará resultados
muito mais eficientes.

Estando em posse do diagnóstico de indicadores locais, é possível identificar priori-


dades e dificuldades. A partir daí, pode-se criar ou revisar instrumentos de planejamento local
(PPA, LOA, LDO, Plano Diretor, planos estratégicos e planos setoriais) com indicadores, metas e
ações capazes de acelerar o desenvolvimento e enfrentar os gargalos que impedem o municí-
pio de avançar na implementação da Agenda 2030.

Existem algumas estratégias que servem de apoio a esse processo. Elas estão explicadas a
seguir.

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MÓDULO 04 | AGENDA 2030 NOS NÍVEIS ESTADUAL E MUNICIPAL

• Criação de um Grupo de Trabalho ODS para identificação de metas locais


dos ODS e das ações prioritárias: formado por representantes de diversas secretarias, o
grupo poderá analisar o diagnóstico de indicadores e conduzir uma avaliação de necessida-
des para definição de prioridades locais dentro de cada ODS.
• Cruzamento dos planos de governo: permite identificar todas as ações planejadas
que se encaixam em cada ODS. Esse trabalho também permite identificar ações repetidas
entre os planos e as lacunas, ou seja, prioridades do município que não estão em nenhum
documento. Esse exercício também é importante para orientar a criação ou a revisão do
Plano Plurianual. (Figura 25)
• Elaboração do Plano Plurianual alinhado aos ODS: o Plano Plurianual (PPA), a Lei
Orçamentária Anual (LOA) e a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) são os principais docu-
mentos de planejamento de políticas e projetos. Portanto, é importante que o escopo desses
documentos apresente de que forma as ações neles previstas contribuem para alcançar os
ODS.

Figura 25: Cruzamento e alinhamento de instrumentos de planejamento aos ODS

Fonte: Guia de Territorialização e Integração dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (PNUD, pág. 38, 2021).

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A gestão pode utilizar as metas e os indicadores dos ODS para elaborar seus próprios
documentos de planejamento, apresentar como as ações previstas no PPA contribuirão para
cada ODS individualmente ou, ainda, apresentar como as ações de uma área impactarão os
ODS específicos.

É interessante que a inter-relação entre ODS e o planejamento local seja retratada em


um documento ou um material que seja acessível aos gestores públicos dessas localidades, do
setor privado, da sociedade civil, das escolas, das universidades, dos centros de ensino, dos
jovens, da população rural e urbana, de forma a ser consultado e utilizado por todos os atores
envolvidos com as atividades da gestão pública.

Veja a seguir o vídeo “Localização dos ODS na prática”, que traduz a importância dos
instrumentos de planejamento regional como o PPA e a Política Nacional de Desenvolvimento
Regional (PNDR), para a localização dos ODS no campo de planejamento de políticas públicas:

VIDEO 06

Localização dos ODS na prática

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2.2. ESTRATÉGIAS DE IMPLEMENTAÇÃO E PARCERIAS

Os ODS 17 trazem a necessidade de fortalecer os meios de implementação e revi-


talizar as parcerias para o desenvolvimento sustentável, indicando caminhos para a promo-
ção dos ODS de forma articulada e por todos os países. Quandose fala em meios de implemen-
tação, refere-se à assistência técnica, à captação de recursos financeiros, à descentralização de
conhecimentos e ao fortalecimento de capacidades institucionais.

A mobilização de parcerias e alianças para o desenvolvimento sustentável é o princi-


pal caminho para garantir os meios de implementação dos ODS, pois permite a integração das
políticas locais entre vários setores e a potencialização dos recursos (humanos, financeiros,
tecnológicos, de informação, de gestão, etc).

Então, a fase de implementação pode ser entendida como uma fase crítica e o seu
sucesso depende de liderança, de alocação correta dos recursos, de capacidades gerenciais
das equipes, de bons instrumentos de gestão e das parcerias estratégicas. É importante men-
cionar que as parcerias não devem ser apenas com vistas a uma maior rentabilidade, mas com
foco na maior eficácia para a realização de trabalhos complexos e onerosos.

Segundo o “Guia de mobilização de parcerias para o alcance dos Objetivos de Desen-


volvimento Sustentável (PNUD, 2021)”, os desafios dos municípios para implementar políticas
locais eficazes são grandes. Desde 1988, eles tiveram que assumir a execução de políticas
públicas que antes eram de responsabilidade da União ou dos estados. Porém, não houve uma
descentralização financeira do mesmo nível da descentralização política.

Essa questão reforça a necessidade de os municípios fortalecerem os mecanismos


de diálogo, cooperação e parcerias, pois são essenciais para captar recursos e ampliar capaci-
dades técnicas.

As parcerias também devem ter papel central no processo de implementação da


Agenda 2030. Elas podem ser compreendidas como os caminhos para a coordenação de esfor-
ços de diversos atores em prol de uma ação comum.

Nesse sentido, diversos setores podem se unir para fortalecer a mobilização de recur-
sos; compartilhar novas tecnologias; realizar análise mais profunda e detalhada de dados, bem
como ampliar as formas de monitoramento e avaliação; desenvolver capacidades e mobilizar

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novos conhecimentos.

Confira abaixo alguns benefícios que alianças bem articuladas podem trazer aos
municípios.

• Troca de conhecimentos, diversificação de capacidades técnicas, adoção de novas


tecnologias e acesso a mais recursos humanos e financeiros.

• Aumento da coerência das políticas para o desenvolvimento sustentável, fortalecimento


da autonomia do município e aumento do peso político regional para demandas locais.

• Conexão de parceiros que propiciam agir em vários ODS ao mesmo tempo, de forma a
acelerar o desenvolvimento.

• Integração entre todos os setores e promoção do intercâmbio de capacidade técnica,


tecnológica e de recursos financeiros.

• Fortalecimento das trocas de conhecimento, intercâmbio de ideias, projetos e experiên-


cias que são fundamentais para acelerar o cumprimento dos ODS.

• Implementação de soluções de larga escala para alcançar os ODS.

• Melhora no relacionamento das prefeituras com outras esferas de governo, possibili-


tando que os recursos cheguem mais rápida e facilmente.

• Diminuição das distâncias existentes entre as esferas locais e os estados, a União e a


Cooperação Internacional e o aumento do poder de diálogo, pressão e negociação dos muni-
cípios.

• Criação de canais de compartilhamento de experiências que estimulem o comprometi-


mento e a corresponsabilização entre os distintos setores e atores sociais com a implantação
das políticas.

• Economia de recursos e valorização dos poucos recursos de que dispõe cada município,
permitindo a realização de projetos antes inacessíveis.
Fonte: Guia de mobilização de parcerias para o alcance dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (PNUD, 2021).

2.3 CONSTRUÇÃO DE MECANISMOS DE GOVERNANÇA

A governança diz respeito ao exercício do poder compartilhado. Assim sendo, para

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ser exercida, ela necessita da convergência dos interesses de diferentes atores envolvidos ou
afetados pelas atividades de uma organização ou, no caso dos ODS, pelas políticas públicas
municipais, estaduais e federais.

Alcançar os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável não é uma tarefa só dos


governos, é uma responsabilidade também dos mais diversos setores e dos indivíduos. Nesse
sentido, a participação da sociedade na formulação e no monitoramento de políticas públicas
é fundamental para a governança local.

O governo local pode e deve exercer um papel de liderança entre as partes interessa-
das e/ou impactadas.

Assim, a governança cooperativa para a execução de prioridades comuns pode ser


feita por meio de alguns mecanismos explicados a seguir.

• Plataformas de governança multinível: asseguram maior articulação entre as priori-


dades das instituições governamentais federais, estaduais e municipais.

• Cooperação intermunicipal: para definir conjuntamente necessidades territoriais à luz


dos ODS e desenvolver políticas e programas regionais ou microrregionais.

• Aprendizagem entre pares e trabalhos em equipe: proporcionam a melhoria técni-


ca e operacional na prestação de serviços e a maior eficiência na resolução de problemas.
• Mecanismos multilaterais: envolvem várias partes interessadas e/ou impactadas -
formais ou informais – e garantem a participação do setor privado, da sociedade civil e da
academia, de forma transparente, horizontalizada e equilibrada, para que nenhum grupo
domine outro.

Fonte: Guia de Territorialização e Integração dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (PNUD, 2021).

As políticas públicas produzidas por relação colaborativa podem ser implementadas


por meio da governança multinível, que permite a tomada de decisão vertical (entre diferentes
níveis de governo, incluindo federal, estadual e municipal) ou horizontal (dentro do mesmo
nível, por exemplo, entre os ministérios ou entre os governos locais).

Esses diferentes arranjos de governança podem ser exercidos por meio de consultas,

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criação de estruturas formais, grupos de trabalho, acordos de cooperação técnica, criação de


redes ou comitês, entre outros.

As condições para a implementação de uma governança multinível são três: o princí-


pio da subsidiariedade, o respeito à autonomia local e a confiança mútua entre os atores nos
processos de diálogo.

Por fim, não se pode esquecer de que um dos requisitos fundamentais para a cons-
trução de boas estruturas de governança diz respeito à garantia de participação da sociedade
tanto na construção, quanto no acompanhamento das políticas públicas, por isso a importân-
cia da institucionalização dos conselhos municipais e estaduais.

A descentralização da tomada de decisões e o compartilhamento das informações


com as várias partes interessadas são uma oportunidade e não uma ameaça ao processo de
localização e implementação dos ODS.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

NAÇÕES UNIDAS. Roteiro para a Localização dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável: Imple-
mentação e Acompanhamento no nível subnacional. Disponível em: https://www.br.undp.org/con-
tent/brazil/pt/home/library/ods/ro-
teiro-para-a-localizacao-dos-objetivos-de-desenvolvimento-sust.html. Acesso em: 10 de novembro de
2021.
PNUD. Coletânea Territorialização dos ODS – Guia de Territorialização e Integração dos Objetivos de
Desenvolvimento Sustentável. Disponível em: https://www.br.undp.org/content/dam/brazil/docs/-
guias/ColetaneaODS_livro1_PROVA%20FINAL_V2.pdf. Acesso em: 24 de novembro de 2021
PNUD. Coletânea Territorialização dos ODS. Guia de mobilização de parcerias para o alcance dos
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Disponível em: https://www.br.undp.org/content/-
dam/brazil/docs/guias/ColetaneaODS_livro3_PROVA%20FINAL_V2.pdf. Acesso em: 24 de novembro
de 2021
CNM. Guia para localização dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável nos Municípios Brasileiros.
O que os gestores municipais precisam saber. Confederação Nacional de Municípios. Disponível em:
https://www.cnm.org.br/biblioteca/exibe/2669. Acesso em: 10 de novembro de 2021.
CNM. Guia para Integração dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável nos Municípios Brasileiros.
Confederação Nacional de Municípios. Disponível em: https://www.cnm.org.br/biblioteca/exibe/2855.
Acesso em: 10 de novembro de 2021.

BIBLIOGRÁFICA COMPLEMENTAR

STEPHENSON, Paul. Twenty years of multi-level governance: ’Where Does It Come From? What Is It?
Where Is It Going?’. Journal of European Public Policy, Taylor & Francis (Routledge), 2013, pp.817-837.
Disponível em: https://hal-sciencespo.archives-ouvertes.fr/hal-01024837/document. Acesso em: 10 de
novembro de 2021.

GLOSSÁRIO
ODS - Objetivos de Desenvolvimento Sustentável
PPA - Plano Plurianual
LOA - Lei Orçamentária Anual
LDO - Lei de Diretrizes Orçamentárias
PNDR - Política Nacional de Desenvolvimento Regional

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2021

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