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1º ano de Direito Direito da Organização Administrativa CAD
Com o inicio da pandemia COVID-19 em 2020, em Portugal, veio também mais tempo livre no
sentido em que nos encontrávamos em confinamento geral obrigatório. Com mais tempo livre,
já que, por exemplo, as horas despendidas em transportes diariamente para a faculdade
podiam ser agora direcionadas para outras questões. Decidi então, literalmente de um dia
para o outro, criar a CAD, Comunidade de Aficionados de Direito. Com que objetivo? Queria
ligar os estudantes de Direito de todo o país, queria divulgar e criticar as mais recentes notícias
jurídico-políticas, queria levar a cabo iniciativas que aproveitassem a todo e qualquer jurista,
professor, estudante, advogado, etc… Criei o site, a página no Instagram e assim se começou a
erguer o projeto. Entretanto, com as aulas online, pensei também em elaborar apontamentos
semanais e divulgar com os meus colegas, utópico para um trabalho a sós, mas perfeitamente
possível com a entreajuda dos meus colegas porque cada grupo de estudantes faria os
apontamentos semanais de cada cadeira. Porque fazer os apontamentos semanais? A resposta
é extensa, mas simples. Com a “obrigação” de preparar esses mesmos apontamentos, tenho
também um duplo dever de assistir às aulas, de perceber e apontar as mesmas, porque não o
fazendo, falharia comigo e com os restantes colegas com quem me comprometi a partilhar os
apontamentos. Desta forma, dividimos até pelos vários estudantes a tarefa de recolher os
escritos relativos às diversas matérias. É trabalhoso, mas, inevitavelmente, ao preocuparmo-
nos com nos próprios estamos também a ajudar todos os outros alunos. Ou seja, no 1º ano,
começamos apenas a partir de março com os apontamentos semanais, mas no 2º ano, ano
letivo 2020/2021, os apontamentos semanais começaram no inicio e acabaram apenas no fim
do ano letivo! Dito isto, pode conter falhas de escrita ou de direito, foi feito ao longo do tempo
por juristas em formação, entregue semanalmente, portanto, é compreensível e pedimos
também que quando notada alguma falha grave nesse sentido, que nos seja comunicado. Este
projeto ajudou também a impulsionar um ambiente saudável no curso de Direito na nossa
universidade, não que já não o houvesse, mas esta iniciativa só o veio melhorar. Esperamos
ainda que esta iniciativa inspire ad aeternum o maior número de estudantes possíveis, já que
ficou demonstrado que a entreajuda tem efeitos positivos para todos nós. Se tiveres interesse
em colaborar connosco, envia-nos mensagem no Instagram. Somos vários estudantes da
licenciatura em Direito com vontade de mudar, ajudar e com disponibilidade em ser ajudados.
Obrigado a todos aqueles que todos os dias se esforçam por uma comunidade melhor,
saudavelmente competitiva, consciente e dedicada.
Índice
Tema I – Introdução: Noções Fundamentais:...............................................................................3
1. Conceito de Administração..................................................................................................3
1.1. Os vários sentidos da expressão “administração pública”............................................4
1.1.1. A Administração Pública em sentido orgânico/subjetivo.....................................4
1.1.2. Administração pública em sentido em sentido material / objetivo......................5
1.1.3. Administração Pública em sentido funcional........................................................5
1.1.4. Administração Pública em sentido formal............................................................6
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1. Conceito de Administração
Administração pública corresponde ao conjunto de necessidades coletivas cuja
satisfação é assumida como tarefa fundamental pela coletividade.
Assim, onde quer que exista e se manifeste com intensidade suficiente uma
necessidade coletiva, surgirá um serviço público destinado a satisfazê-la, em nome
do interesse da coletividade.
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Para além destes casos, há ainda aqueles casos em que a atividade administrativa é
desenvolvida por entidades de direito privado criadas para o efeito pelo Estado ou
por outras pessoas coletivas públicas.
Ainda, devem ter-se presentes os casos em que a lei admite que a atividade
administrativa seja exercida por particulares (indivíduos, associações, fundações ou
sociedades criadas pela iniciativa privada), que são chamados a colaborar com a
Administração, apesar de paralelamente também prosseguirem, ou poderem
prosseguir, os seus fins privados (caso das sociedades concessionárias e numerosas
instituições particulares de solidariedade social). Estas são entidades que
colaboram intensamente com a Administração Pública na prossecução de fins
públicos e são, por isso, regidas por mutas normas de direito administrativo.
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Esta noção compreende a atividade regida pelo direito privado e pelo direito
público, assim como aquelas parcelas de atividade que a Administração também
desenvolve mesmo que, extravasem o exercício da função administrativa
(designadamente as atividades materialmente qualificáveis como políticas ou
jurisdicionais)
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Quanto ao objeto,
A administração pública versa sobre as necessidades coletivas assumidas
como tarefa e responsabilidade própria da coletividade.
Quanto ao fim,
A administração pública tem necessariamente de prosseguir sempre um
interesse público, tendo em conta que é o único fim que as entidades e os
serviços públicos podem legitimamente prosseguir.
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Por outro lado, a administração pública surge para prosseguir outro objetivo:
realizar em termos concretos o interesse geral definido pela política.
Objeto:
O objeto da política são as grandes opções que o país enfrenta ao traçar os
rumos do seu destino coletivo.
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Natureza:
A política tem uma natureza criadora, cabendo-lhe, em cada momento, inovar
em tudo quanto seja fundamental para a conservação e o desenvolvimento da
comunidade.
Desta forma, enquanto que a política reveste um carater livre e primário, apenas
limitado em certas zonas pela Constituição, a administração pública tem um
carater condicionado e secundário, achando-se, por definição, subordinada às
orientações da política e da legislação.
De tudo isto resulta que a política pertence, por natureza, aos órgãos superiores do
Estado, enquanto que a administração pública, ainda que sujeita à direção ou
fiscalização desses órgãos, está, na maioria dos casos, entregue a órgãos
secundários. ou subalternos, bem como a funcionários e agentes administrativos, e
a numerosas entidades e organismos não estaduais.
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mesma, assim como os casos em que a própria lei se deixa completar por atos da
Administração.
A justiça visa aplicar o direito aos casos concretos, enquanto que a administração
pública visa prosseguir interesses gerais da coeltividade.
A justiça aguarda passivamente que lhe tragam os conflitos sobre os quais tem que
se pronunciar, enquanto que a administração pública toma ativamente a iniciativa
de satisfazer as necessidades coeltivas que lhes estão confiadas
A justiça está acima dos interesses, não é parte dos conflitos que decide, enquanto
que a administração pública defende e prossegue os ineteresses públicos a seu
cargo.
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Enquanto aos privados o direito permite tudo o que não for objeto de proibição
legal, a Administração só pode atuar se para tal dispuser de base legal, tendo que
constar na mesma a outorga da competência, o fim público a que se destina e, em
regra, os pressupostos da mesma atuação
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4. Juízos de prognose: com base num raciocínio de uma probabilidade de que venha
a acontecer um determinado fato ou um determinado efeito, a Administração
procede, desde logo, a uma atuação tendente a afastar a ocorrência de tal facto ou
efeito. A lei confere à Administração atuar previamente
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Nas duas primeiras áreas não se levanta qualquer problema na utilização do direito
privado, enquanto que na última pode-se levantar um problema.
1. Negócios auxiliares: negócios que tem por objeto a aquisição de bens essenciais à
subsistência e ao normal funcionamento dos serviços da Administração (compra de
uma resma de papel, esferográficas, etc.)
3. Para levar a cabo funções públicas: pode levantar-se problemas pois se se trata de
prossecução de interesses públicos, nessa circunstância seria logico que a
Administração fizesse uso do direito público e, como tal, estivesse sujeita a todos
os mecanismos do mesmo, designadamente aos mecanismos germanísticos do
direito público.
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Isto não significa, porém, que a Administração seja formada por pessoas coletivas
públicas e apenas por elas. Constitui, de facto, um fenómeno corrente a criação de
pessoas coletivas de direito privado destinadas exclusivamente à satisfação de
necessidades coletivas. Torna-se, assim, inaceitável insistir na exclusão do conceito
de Administração Pública em sentido orgânico daquelas entidades privadas, criadas
por lei, por outro ato de direito público ou mesmo por ato de direito privado
(habilitado por normas públicas), com capitais públicos, para prosseguirem fins de
interesse público sob formas e por meios de direito privado.
Importa ter presente, por outro lado, que os indivíduos que dirigem como órgãos
as pessoas coletivas públicas, ou que para elas trabalham como funcionários, não
são eles próprios, juridicamente, a Administração. Quando um particular – seja ele
um individuo, uma empresa, ou uma associação ou fundação de direito privado –
entra em contacto com a Administração Pública, politicamente tratará com
pessoas físicas (um ministro ou um diretor-geral, um presidente da câmara ou um
vereador, um reitor ou um presidente do conselho diretivo), mas juridicamente a
relação que se trava não tem do outro lado como sujeito esses indivíduos, antes
será estabelecida com a pessoa coletiva pública ao serviço da qual eles se
encontram (o Estado, o município, a universidade).
Enfim, cumpre deixar claro que, ao fazer-se a distinção entre pessoas coletivas
públicas e pessoas coletivas privadas, não se pretende de modo nenhum sugerir
que as primeiras são as que atuam, exclusivamente, sob a égide do direito público
e as segundas são as que agem, apenas e sempre, sob a égide do direito privado;
nem tão-pouco se quer significar que umas só têm capacidade jurídica pública
(poderes e deveres públicos) e que as outras possuem unicamente capacidade
jurídica privada (poderes e deveres privados).
Já se sabe que as pessoas coletivas públicas atuam, por vezes, segundo o direito
privado, e que algumas instituições particulares de interesse público funcionam,
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por vezes, nos termos do direito público. De onde resulta que as pessoas coletivas
públicas tanto dispõem de capacidade jurídica pública como de capacidade jurídica
privada. O mesmo se pode afirmar, de um modo geral, acerca das pessoas coletivas
privadas.
Assim, são pessoas coletivas públicas as pessoas coletivas criadas pela iniciativa
pública em ordem a assegurar a exclusiva prossecução de interesses públicos
sendo, por isso, dotadas em sentido próprio de poderes e deveres públicos.
(definição)
Ver-se-á, agora, em que consistem os elementos desta definição.
1. Em primeiro lugar, as pessoas coletivas públicas são pessoas coletivas.
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ou insolvência: uma pessoa coletiva pública não pode ser extinta por iniciativa dos
respetivos credores, só pode por decisão pública;
5. Isenções fiscais.
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Todas as pessoas coletivas são dirigidas por órgãos. A estes cabe tomar decisões
em nome da pessoa coletiva ou, noutra terminologia, manifestar a vontade
imputável à pessoa coletiva.
b) Órgãos centrais e locais: órgãos centrais são aqueles que têm competência sobre
todo o território nacional; órgãos locais são os que têm a sua competência limitada
apenas a uma parcela do território nacional;
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f) Órgãos decisórios e executivos: os órgãos ativos podem, por sua vez, classificar-se
em decisórios e executivos. São órgãos decisórios aqueles a quem compete tomar
decisões. São órgãos executivos aqueles a quem compete executar tais decisões,
isto é, pô-las em prática. Dentro dos órgãos decisórios, costuma reservar-se a
designação de órgãos deliberativos aos que tenham caráter colegial.
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Membros e vogais: os órgãos colegiais são por definição compostos por uma
pluralidade de titulares. Os membros são titulares do órgão colegial. Vogais são
apenas os membros que não ocupem uma posição funcional dotada
expressamente de uma denominação apropriada.
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Maioria: a lei exige, para se poder considerar ter sido tomada uma decisão, que
nesse sentido tenha votado a maioria. Deve definir-se a maioria como sendo mais
de metade dos votos. A maioria diz-se simples ou absoluta, se corresponde a mais
de metade dos votos; relativa, se traduz apenas a maior votação obtida entre as
várias alternativas, ainda que não atinja mais de metade dos votos, e qualificada ou
agravada, se a lei faz corresponder a um numero superior à maioria simples.
Voto de desempate e voto de qualidade: a forma mais usual que a lei utiliza para
resolver o impasse criado por uma votação empatada consiste na atribuição ao
presidente do órgão colegial do direito de fazer um voto de desempate ou um voto
de qualidade. Em ambos os casos é o presidente quem decide o sentido da
votação: no primeiro, procede-se à votação sem que o presidente vote e, se houver
empate, o presidente vota desempatando; no segundo, o presidente participa
como os outros membros na votação geral e, havendo empate, considera-se
automaticamente desempatada a votação de acordo com o sentido em que o
presidente tiver votado.
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7. Nenhum órgão colegial pode reunir e deliberar sem estar devidamente constituído.
9. As reuniões dos órgãos colegiais da Administração não são públicas, salvo quando
a lei dispuser o contrário (art.º 27).
10. A violação das disposições sobre convocação de reuniões, incluindo as relativas aos
prazos, gera a ilegalidade das deliberações tomadas.
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12. O quórum dos órgãos colegiais compostos por três membros é sempre de dois,
mesmo em segunda convocatória (art.º 29, n.º 4).
13. A votação é precedida por uma discussão das propostas apresentadas, desde que
qualquer membro manifeste nisso interesse (art.º 31, n.º 1).
16. As deliberações são, em regra, tomadas por votação nominal, salvo se a lei impuser
ou permitir o voto secreto (art.º 31, n.º 1). São sempre tomadas por escrutínio
secreto as deliberações que envolvam a apreciação do comportamento ou da
qualidade de qualquer pessoa, devendo o presidente determinar que seja adotada
essa forma de votação (art.º 31, n.º 2).
17. A generalidade das deliberações são tomadas por maioria absoluta dos membros
presentes à reunião. Excetuando-se os casos em que a lei ou os estatutos exijam
maioria qualificada ou estabeleçam como suficiente a maioria relativa (art.º 32, n.º
1).
20. Se a lei exigir que determinada decisão seja fundamentada, não pode fazer-se a
votação senão com base numa ou várias propostas, também fundamentadas. É,
pois, ilegal a prática de votar sem apoio em nenhuma proposta fundamentada e
encarregar depois um membro do órgão colegial de, a posteriori, encontrar uma
fundamentação adequada (art.º 31, n.º 3).
21. De cada reunião será lavrada ata, que conterá um resumo de tudo o que tiver
ocorrido de relevante para o conhecimento das deliberações tomadas e para a
apreciação da respetiva legalidade, devendo indicar, pelo menos, a data e o local
da reunião, a ordem do dia, os membros presentes, os assuntos apreciados, as
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22. A ata de cada reunião será aprovada no final da reunião ou no início da reunião
seguinte, só votando, neste último caso, os membros presentes na reunião
anterior (art.º 34, n.º 2 e 3). Porém, a aprovação da ata no final da reunião pode
ser substituída pela aprovação de uma minuta sintética, que deverá depois ser
convertida em ata e submetida à aprovação dos membros que estiveram presentes
na reunião a que diga respeito (art.º 34, n.º 4).
24. As atas são redigidas pelo secretário e, uma vez aprovadas, são assinadas pelo
presidente e pelo secretário (art.º 34, n.º 2).
25. Os membros do órgão colegial que votarem vencidos podem fazer constar da ata o
seu voto de vencido e respetiva justificação (art.º 35, n.º 1) e devem fazê-lo
quando se trate de pareceres a enviar a outros órgãos administrativos (art.º 35, n.º
3).
26. Se alguma deliberação tomada for ilegal, ficam responsáveis por ela todos os
membros que a tiverem aprovado (art.º 35, n.º 2).
Atribuições são, por conseguinte, os fins ou interesses que a lei incumbe as pessoas
coletivas púbicas de prosseguir.
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Resumindo, tudo depende de a lei ter repartido, entre os vários órgãos da mesma
pessoa coletiva, apenas a competência para prosseguir as atribuições desta, ou as
próprias atribuições com a competência inerente.
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Por outro lado, entende-se por conflito de competência aquele que se traduz
numa disputa acerca da existência ou do exercício de um determinado poder
funcional; e por conflito de atribuições aquele em que a disputa versa sobre a
existência ou a prossecução de um determinado interesse público.
Os critérios gerais de solução, constantes do CPA, são os seguintes:
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b) Oficiosamente, quer por iniciativa suscitada pelos órgãos em conflito, quer pelo
próprio órgão competente para a decisão, se for informado do conflito (art.º 52,
n.º 2, CPA).
1.3.1. Preliminares:
Os serviços públicos constituem as células que compõem internamente as pessoas
coletivas públicas. Assim, por exemplo, o Estado é uma pessoa coletiva pública e
dentro dele há direções-gerais, gabinetes, inspeções, repartições, etc., que
correspondem aos serviços públicos. Do mesmo modo se passam as coisas nas
outras pessoas coletivas públicas: dentro de cada uma delas funcionam diversas
organizações, que são serviços públicos.
1.3.2. Conceito:
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Os serviços públicos existem no seio de cada pessoa coletiva pública: não estão
fora dela, mas dentro; são um componente, um elemento integrante, uma peça
essencial.
Os serviços públicos atuam sob a direção dos órgãos das pessoas coletivas
públicas: quem toma as decisões que vinculam a pessoa coletiva pública perante o
exterior são os órgãos dela; e quem dirige o funcionamento dos serviços existentes
no interior da pessoa coletiva são também os seus órgãos. Mas quem desempenha
as tarefas concretas e especificas em que se traduz a prossecução das atribuições
das pessoas coletivas públicas são os serviços públicos.
Importa focar as relações que existem entre os órgãos (das pessoas coletivas
públicas) e os serviços públicos. Tais relações são de dois tipos: por um lado, os
órgãos dirigem a atividade dos serviços; por outro, os serviços auxiliam a atuação
dos órgãos.
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c) A criação e extinção dos serviços públicos, bem como a sua fusão e restruturação,
são aprovadas por decreto-regulamentar: assim o dispõe a LAD para os serviços
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do Estado (art.º 24, art.º 32, n.º 1); já quanto aos serviços municipais, a
competência para a sua criação e extinção pertence à Assembleia Municipal.
f) A continuidade dos serviços públicos deve ser mantida: é esta uma das principais
responsabilidades de qualquer Governo. E deve ser assegurado o funcionamento
regular dos serviços públicos, pelo menos dos essenciais.
j) Os serviços púbicos podem atuar de acordo quer com o direito público quer com
o direito privado: é o que resulta do facto de as pessoas coletivas públicas
disporem simultaneamente de capacidade de direito público e de capacidade de
direito privado.
k) A lei admite vários modos de gestão dos serviços públicos: os serviços públicos
são geridos por uma pessoa coletiva pública, seja aquela a que pertencem (gestão
direta), seja uma pessoa coletiva pública especialmente criada para o efeito através
de devolução de poderes (gestão indireta pública); mas também pode suceder que
a lei autorize que a gestão de um serviço público seja temporariamente entregue a
uma empresa privada, por meio de concessão, ou uma associação ou fundação de
utilidade pública, por meio de delegação (gestão indireta privada).
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3.1.2. Espécies:
A principal distinção de modalidades de hierarquia é a que distingue entre hierarquia
interna e hierarquia externa.
Por outro lado, a hierarquia externa não surge no âmbito do serviço público, mas
no quadro da pessoa coletiva pública.
Também aqui se toma a estrutura vertical como diretriz, mas desta feita para
estabelecer o ordenamento dos poderes jurídicos em que a competência consiste:
a hierarquia externa é uma hierarquia de órgãos.
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Há entre nós muitos casos em que aos subalternos, como tais, é conferido o poder
de praticar atos administrativos externos: é o que acontece, na administração
central do Estado, quando os diretores-gerais e outros funcionários são chamados,
por lei ou delegação de poderes, a praticar atos da competência dos Ministros.
Este poder pode ser exercido por duas maneiras: por iniciativa do superior, que
para o efeito avocará a revolução do caso; ou em consequência de recurso
hierárquico perante ele interposto pelo interessado.
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Este problema não é de simples solução. À primeira vista, dir-se-á que nenhuma
dúvida deveria poder levantar-se: num sistema administrativo submetido ao
principio da legalidade, poderá sequer admitir-se a dúvida sobre se os subalternos
devem cumprir as ordens ilegais ou devem negar-se a acatá-las, respeitando a lei?
Mas as coisas não são assim tão simples: primeiro, consagrar o direito ou o dever
de desobedecer a ordens ilegais dadas pelo legítimo superior hierárquico é
inegavelmente um fator de indisciplina nos serviços públicos; fazê-lo é
automaticamente dar aos subalternos o direito de examinar e questionar a
interpretação da lei perfilhada pelo respetivo superior hierárquico; pior ainda,
optar pela solução legalista equivale a considerar que, entre duas interpretações
diferentes da lei, a do superior, que considera legal uma dada ordem, e a do
subalterno, que a tem por ilegal, o sistema jurídico deve por princípio proferir a
interpretação do subalterno, autorizando-o a não cumprir a ordem ou impondo-lhe
mesmo que não a cumpra; se o subalterno tiver por lei o direito ou o dever de
desobedecer às ordens ilegais, no caso de resolver cumprir, torna-se
corresponsável pelas consequências da execução de quaisquer ordens ilegais.
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a) A execução da ordem pode ser demorada sem prejuízo para o interesse público:
o funcionário ou agente pode legitimamente retardar a execução até receber a
resposta do superior, sem que por esse motivo incorra em desobediência.
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c) Delegação de serviços públicos: esta figura tem em vista transferir para entidades
particulares, embora aqui sem fins lucrativos, a gestão glocal de um serviço público
de caráter social ou cultural. Não é esse o objetivo nem o alcance da delegação de
poderes.
e) Substituição: em direito público dá-se a substituição quando a lei permite que uma
entidade exerça poderes ou pratique atos que pertencem à esfera jurídica própria
de uma entidade distinta, de forma a que as consequências jurídicas do ato
recaiam na esfera do substituído. Ora, na delegação de poderes, o delegante não
invade a esfera própria do delegado, nem este invade a competência daquele. Por
outro lado, os atos praticados pelo delegado no exercício da delegação não se
projetam na esfera própria do delegante, continuam sempre a pertencer à do
delegado: o contrário se passa na substituição.
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3.3.3. Espécies:
Importa distinguir as espécies de habilitação para a prática de delegação de
poderes, e as espécies de delegações de poderes propriamente ditas.
a) Quanto à habilitação, ela pode ser genérica ou específica. No primeiro caso, e lei
permite que certos órgãos deleguem, sempre que quiseres, alguns dos seus
poderes em determinados outros órgãos, de tal modo que uma só lei de
habilitação serve de fundamento a todo e qualquer ato de delegação praticado
entre esses tipos de órgãos. É o que sucede, nos termos do art.º 44, n.º 3 e 4, do
CPA, nos casos seguintes:
Em todos os casos, porém, a lei impõe uma limitação importante (CPA, art.º 44, n.º
3): neste tipo de delegações só podem ser delegados poderes para a prática de
atos de administração ordinária, por oposição aos atos de administração
extraordinária que ficam sempre indelegáveis, salvo lei de habilitação especifica.
São atos de administração ordinária todos os atos não definitivos, bem como os
atos definitivos que sejam vinculados ou cuja discricionariedade não tenha
significado ou alcance inovador na orientação geral da entidade pública a que
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No que respeita ao objeto da delegação, esta pode ser específica ou genérica, isto
é, pode abranger a prática de um ato isolado ou permitir a prática de uma
pluralidade de atos: no primeiro caso, uma vez praticado o ato pelo delegado, a
delegação caduca (art.º 50, al. b), CPA); no outro, o delegado continua
indefinidamente a dispor de competência, a qual exercerá sempre que tal se torne
necessário.
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poder delegado, assim como da norma habilitadora da delegação (CPA, art.º 47,
n.º 2, 2ª parte).
3. Falta de algum dos requisitos exigidos por lei: os requisitos quanto ao conteúdo
são requisitos de validade, pelo que a falta de qualquer deles torna o ato de
delegação inválido; os requisitos quanto à publicação são requisitos de eficácia, de
onde se segue que a falta de qualquer deles torna o ato de delegação ineficaz.
Algumas das leis especiais dão ao delegante o direito de ser informado dos atos
que o delegado for praticando ao abrigo da delegação – ou, o que vem a dar no
mesmo, impõem ao delegado o dever de manter o delegante informado sobre o
assunto.
Os atos do delegado devem conter a menção expressa de que são praticados por
delegação, identificando-se o órgão delegante (CPA, art.º 48, n.º 1, e 151, n.º 1, al.
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a)). Esta menção é relevante na medida em que pode condicionar a escolha da via
de impugnação adequada, pelo particular que queira questionar a validade do ato
praticado.
Segundo o disposto no n.º 2, do art.º 199, do CPA, o recurso dos atos do delegado
para o delegante só podem ter lugar por expressa disposição legal.
Não é, todavia, isenta de dúvidas a articulação deste regime com o que se dispõe
quanto aos poderes do delegante sobre os atos do delegado no art.º 49, n.º 2,
onde é consagrada com caráter de princípio geral a competência para anular,
revogar ou substituir tais atos. Tem-se entendido que nos casos em que a lei
confira a um órgão poderes de revogação oficiosa de certos atos existirá também a
possibilidade de os interessados impugnarem tais atos.
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Não são os órgãos das entidades (salvo as exceções legais) que podem traçar as
linhas gerais de orientação da sua própria atividade. Quem define a orientação
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Toda a autarquia local rem o direito de elaborar, discutir e aprovar livremente, sem
qualquer interferência do Estado, o seu plano de atividades para cada ano, bem
como o respetivo orçamento. No caso dos institutos públicos e das empresas
públicas, eles preparam e elaboram o plano de atividades e o orçamento para o
ano seguinte, mas quem os aprova é o Governo.
É, pois, um poder mais amplo, mais intenso, mais forte, do que a tutela
administrativa. Porque esta tem apenas por fim controlar a atuação das ntidades a
ela sujeitas, ao passo que a superintendência se destina a orientar a ação das
entidades a ela submetidas.
Num caso, são as próprias entidades autónomas que definem os objetivos da sua
atuação e a vão conduzindo por si próprias, embora sujeitas ao controlo de uma
entidade exterior; no outro caso, é a entidade exterior que define os objetivos e
guia, nas suas linhas gerais, a atuação das entidades subordinadas, dispondo estas
apenas de autonomia para encontrar as melhores formas de cumprir as
orientações que lhes são traçadas.
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Trata-se de uma classificação que vem referida no art.º 199, al. d), da CRP. A
diferença está no seguinte: a administração direta do Estado é a atividade exercida
por serviços integrados na pessoa coletiva do Estado, ao passo que a administração
indireta do Estado é uma atividade que, embora desenvolvida para a realização dos
fins do Estado, é exercida por pessoas coletivas públicas distintas do Estado.
b) Caráter originário: todas as outras pessoas coletivas públicas são sempre criadas
ou reconhecidas por lei ou nos termos da lei. O estão não: a pessoa coletiva do
Estado não é criada pelo poder constituído. Tem natureza originária, não derivada.
Por isso mesmo vários dos seus órgãos são órgãos de soberania.
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1º ano de Direito Direito da Organização Administrativa CAD
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Órgãos não administrativos do Estado: alguns órgãos indicados não são órgãos
administrativos, mas são órgãos de outros poderes do Estado. É o caso dos
Tribunais que formam o poder judicial; e também da Assembleia da República que
constitui o poder legislativo.
4.4. O Governo:
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1º ano de Direito Direito da Organização Administrativa CAD
O art. 182.º declara que “o Governo é o órgão de condução da política geral do país
e o órgão superior da administração pública”.
Em resumo: pelas tarefas que estão cometidas ao Governo, pelo que lhe compete
fazer por si próprio ou mandar fazer a outros, por ser o órgão superior das
hierarquias da administração do Estado. E ainda por lhe caber fiscalizar ou orientar
as demais entidades públicas que, para além do Estado, fazem parte da
Administração, o Governo é o órgão principal da Administração Pública.
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1º ano de Direito Direito da Organização Administrativa CAD
Para se desincumbir das tarefas administrativas que acabam de ser indicadas como
tarefas próprias do Governo, este elabora normas jurídicas (regulamentos), pratica
atos jurídicos sobre casos concretos (atos administrativos), celebra contratos de
vários tipos (contratos administrativos) e exerce, de um modo geral, determinados
poderes funcionais, como poderes de vigilância, de fiscalização, de tutela e de
superintendência.
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1º ano de Direito Direito da Organização Administrativa CAD
O Primeiro-Ministro;
Os Vice-Primeiros-Ministros;
Os Ministros;
Os Secretários de Estado;
Os Subsecretários de Estado.
4.4.3.1. O Primeiro-Ministro
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1º ano de Direito Direito da Organização Administrativa CAD
Dentro destas mesmas funções, este ainda preside ao Conselho de Ministros (e por
isso é que por vezes o chefe do Governo se denomina “Presidente do Conselho de
Ministros”, referenda os decretos regulamentares e intervém pessoalmente na
nomeação de certos altos funcionários do Estado, por regra através de uma
decisão conjunta com o Ministro da respetiva pasta.
O Primeiro-Ministro não atua sozinho, este tem ao seu lado uma equipa,
constituída pelos outros membros do Governo.
a) Vice-Primeiro-Ministro
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1º ano de Direito Direito da Organização Administrativa CAD
No entanto, estes não têm apenas uma função de substituição: servem também
para coadjuvar ou auxiliar o Primeiro-Ministro no exercício das suas funções e, a
esse título, desempenharão todas as tarefas que a lei orgânica do Governo lhes
cometer ou que o Primeiro-Ministro neles designar.
c) Os Ministros
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1º ano de Direito Direito da Organização Administrativa CAD
Destes todos, existe um que se destaca, não apenas pela importância das suas
funções, como nos outros casos, mas pelos poderes jurídicos especiais que lhe
pertencem: o Ministro as Finanças. Este tem a seu cargo, entre muitas outras, a
tarefa da preparação e execução do Orçamento de Estado. Consequentemente, ele
tem e exerce poderes de controlo sobre a atividade de todos os ministérios.
E, em geral, resolver casos concretos que por lei devam correr por qualquer dos
serviços que pertençam ao seu ministério.
O princípio geral é de que tudo pode subir ao escalão superior para decisão,
mesmo o ato mais simples e mais banal.tutela
Existem muitos assuntos que só podem ser resolvidos por decisão conjunta de dois
ou mais Ministros. Assim, todos os casos que tenham de correr simultaneamente
por dois ou mais ministérios, e cuja decisão implique acordo de dois ou mais
Ministros, exigem uma coordenação ministerial. Esta função pertence, em boa
parte, ao PM.
1. Coordenação por acordo entre serviços dos diferentes ministérios: por exemplo,
se for necessário tomar uma decisão, estabelecer um programa ou aprovar uma
proposta que implique a intervenção conjunta do Ministério das Finanças e do
Ministério da Indústria, essa decisão tem de ser tomada em conjunto pelos
Ministros do respetivo ministério. Mas o assunto não começa, nem tem de ser
tratado na sua totalidade, ao nível dos próprios Ministros: o caso tem início nos
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1º ano de Direito Direito da Organização Administrativa CAD
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1º ano de Direito Direito da Organização Administrativa CAD
No entanto, existe um preceito da CRP que é preciso refletir. O art. 200.º n.º 1 al. g)
diz que “Compete ao Conselho de Ministros… deliberar sobre outros assuntos da
competência do Governo que lhe sejam atribuídos por lei ou apresentados pelo
Primeiro-Ministro ou por qualquer Ministro”.
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1º ano de Direito Direito da Organização Administrativa CAD
Tais Conselhos, embora incluam apenas alguns dos Ministros, e, neste sentido,
sejam mais restritos do que o Conselho de Ministros plenário, costumam também
incluir Secretários de Estado e, por vezes, altos funcionários, chamados a participar
nas suas reuniões: assim, o número total de presenças pode até ser superior ao do
Conselho de Ministros propriamente dito.
2. Tomar decisões em nome do Conselho de Ministros – nos casos em que a lei lhes
confira poderes para decidir, ou em que essa competência lhes tenha sido
atribuída por delegação do Conselho de Ministros, os Conselhos especializados
podem substituir-se a este na prática de atos administrativos ou na aprovação de
regulamentos. É uma função decisória. Os Conselhos especializados atuam em
lugar ou em vez do Conselho de Ministros.
1. Primeiro-Ministro;
2. Vice-Primeiro-Ministro;
7. Ministro da Justiça;
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1º ano de Direito Direito da Organização Administrativa CAD
Em terceiro lugar, é uma atividade que o Estado transfere, por decisão sua, para
outras entidades distintas dele. A essa transferência chama-se devolução de
poderes: o Estado devolve, ou seja, transfere, transmite, uma parte dos seus
poderes para entidades que não se encontram integradas nele. Estes poderes, por
sua vez, ficam a cargo das tais entidades, embora continuem a ser, de origem,
poderes do próprio Estado, podendo, este, em qualquer momento, retirar-lhes e
chamar de novo a si através de uma lei ou decreto.
em nome próprio e não em nome do Estado. Ou seja, os atos praticados por tais
organismos são atos deles, não são atos do Governo embora sejam praticados no
exercício de uma atividade que interessa ao Estado e que é desenvolvida em seu
benefício.
Trata-se, com efeito, de exercer uma atividade destinada a realizar fins do Estado,
portanto no interesse dele. Basicamente, é o Estado que se responsabiliza
financeiramente: é o Estado que entra com os capitais iniciais necessários, assim
como é ele que tem que pagar os prejuízos se a exploração for deficitária.
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1º ano de Direito Direito da Organização Administrativa CAD
cobrar receitas da sua atividade, mas se essas receitas não são suficientes, só o
Estado pode suprir o que falta.
Pode assumir uma posição intermedia, que é a que se verifica nos chamados
organismos de coordenação económica, porque a sua atividade não reveste
apenas caráter técnico ou económico, também comporta funções de autoridade, já
que esses organismos têm poderes regulamentares, de fiscalização e de
coordenação.
O instituto público é uma pessoa coletiva pública, de tipo institucional, criada para
assegurar o desempenho de determinadas funções administrativas de caráter não
empresarial, pertencentes ao Estado ou a outra pessoa coletiva pública.
Por outro lado, o instituto público é uma entidade criada para assegurar o
desempenho de funções administrativas determinadas (art. 8.º da LQIP).
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1º ano de Direito Direito da Organização Administrativa CAD
Por último, a definição afirma ainda que as funções a desempenhar pelo instituto
público são funções pertencentes ao Estado ou a outra pessoa coletiva pública.
Pretende-se aqui destacar o caráter indireto da administração exercida por
qualquer instituto público: as funções que lhe são cometidas não lhe pertencem
como funções próprias, antes devem considerar-se funções que de origem
pertencem a outra entidade pública (art. 2.º n.º 1 LQIP). Esta outra entidade
pública é, geralmente, o Estado, mas também pode ser uma autarquia local ou
uma região autónoma.
Por exemplo, o Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC, I.P.). Podia ser uma
direção-geral integrada no Ministério das Obras Públicas, mas pensou-se que seria
útil atribuir-lhe personalidade e autonomia, na medida em que este organismo
recebe numerosas encomendas do exterior, tem de fazer os seus contratos
internacionais com entidades estrangeiras – contratos esses que é mais fácil, até
por razões próprias do comércio internacional, celebrar com a direção do
Laboratório do que com o Ministro das Obras Públicas ou com o Ministro das
Finanças.
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1º ano de Direito Direito da Organização Administrativa CAD
b) As fundações públicas:
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1º ano de Direito Direito da Organização Administrativa CAD
c) Os estabelecimentos públicos:
Uma vez que pode parecer difícil distinguir os estabelecimentos públicos das demais
modalidades de institutos públicos, afigura-se relevante utilizar o seguinte critério:
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1º ano de Direito Direito da Organização Administrativa CAD
a) Os institutos públicos são pessoas coletivas públicas (art. 4.º n.º 1).
b) Beneficiam de autonomia administrativa (art. 4.º n.º 2 e 3 / art. 35.º n.º 1).
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1º ano de Direito Direito da Organização Administrativa CAD
j) O regime laboral é o dos trabalhadores que exercem funções públicas (art. 6.º n.º
2 al. b)).
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1º ano de Direito Direito da Organização Administrativa CAD
Mas com a entrada de Portugal para a então CEE, em 1 de janeiro de 1986, com a
moda das privatizações nas décadas de 80 e 90, e com a aplicação na ordem
interna das diretivas comunitárias e dos mecanismos de defesa da concorrência, a
situação modificou.se por completo.
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1º ano de Direito Direito da Organização Administrativa CAD
1. As empresas públicas sob forma privada, que são sociedades controladas pelo
Estado;
3. As empresas públicas participadas pelo Estado, que não são empresas públicas,
mas integram igual o sector empresarial do Estado.
Contudo, analise-se que elementos parcelares se podem extrair deste diploma para
uma elaboração teórica do conceito de empresa pública:
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1º ano de Direito Direito da Organização Administrativa CAD
2. O seu caráter público não lhe advém apenas do facto da maioria do seu capital
pertencer a entidades públicas, mas pode resultar, em alternativa, da titularidade
por tais entidades de direitos especiais de controlo, que lhes dêem sobre a
empresa uma influência dominante.
Assim sendo, pode definir-se as empresas públicas como as prganizações
económicas de fim lucrativo, criadas e controladas por entidades jurídicas públicas.
Na base destes conceitos, as empresas públicas são unidades produtivas que têm
por finalidade institucional, intrínseca, dar lucro. Pode ser um lucro baixo,
moderado, ou um lucro elevado, mas deve haver um fim lucrativo. Isto é, as
empresas públicas são concebidas por forma a que do resultado da sua exploração
decorram benefícios financeiros. O lucro público pode ser aplicado no
autofinanciamento da própria empresa, ou na redistribuição ao Estado dos
contributos que ele tenha dado inicialmente, ou noutra qualquer finalidade
determinada por lei; mas a empresa pública deve ser gerida em termos que
permitam um benefício positivo de caráter financeiro, isto é, um lucro.
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1º ano de Direito Direito da Organização Administrativa CAD
Assim, basta que um destes dois aspetos – maioria do capital ou direitos especiais
de controlo – exista para que a empresa seja considerada, por lei, uma empresa
pública. O que significa que o Decreto-Lei n.º 133/2013 de 3 de outubro alargou
muito o conceito de empresa pública, por forma a sujeitas à fiscalização e
superintendência do Estado, em particular do Ministro das Finanças, um número
muito mais amplo de empresas que se movimentam na órbita do Estado, e que
este entende dever fiscalizar de perto.
Mas podem não coincidir: o Estado, mesmo sem a maioria dos capitais, pode ter,
por força da lei, direitos especiais de controlo. A empresa será pública, não pela via
mais frequente do capital, mas por força de outros modos de controlo nas mãos do
Estado.
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1º ano de Direito Direito da Organização Administrativa CAD
c) Quanto à forma:
Já se viu que o Decreto-Lei n.º 133/2013 faz a dentição entre as empresas públicas
sob forma pública, é o caso das que sejam pessoas coletivas públicas, e empresas
públicas sob forma privada, como é o caso, por exemplo, das sociedades
comerciais formadas com capitais exclusivamente públicos, bem como das
sociedades com maioria de capital público ou em que a Administração Pública
detém direitos especiais de controlo.
d) Quanto ao objeto:
As empresas distinguem-se consoante tenham ou não por objeto a exploração de
um serviço público ou de um serviço de interesse económico geral (art. 48.º e 55.º
do D.L. n.º 133/2013).
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1º ano de Direito Direito da Organização Administrativa CAD
Quanto à segunda missão, ela acentua o caráter estadual das empresas públicas
pertencentes ao Estado: como instrumentos deste, devem proporcionar, em grau
elevado, a satisfação das necessidades coletivas – que é a finalidade principal do
Estado.
De acordo com o art. 15.º do D.L. n.º 133/2013, as empresas públicas “estão
sujeitas às regras gerais de concorrência, nacionais e de direito da União Europeia.
Consequentemente:
Das relações entre o Estado e as suas empresas públicas não podem resultar
situações que, sob qualquer forma, sejam suscetíveis de impedir, falsear ou
restringir a concorrência;
Tenha-se presente que este último diploma também regula as chamadas empresas
participadas, que, no entanto, exclui do conceito de empresas públicas (art. 5.º). as
empresas participadas entram numa outra categoria, a das empresas de interesse
coletivo.
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1º ano de Direito Direito da Organização Administrativa CAD
A lei diz que as empresas públicas, sob a forma jurídica pública, são dotadas de
autonomia patrimonial (art. 58.º n.º 1). No entanto, o que as empresas públicas
têm, em rigor, não é autonomia patrimonial, mas sim património próprio, e isto,
pelo simples facto de terem personalidade jurídica. Além, logicamente, de
possuírem autonomia administrativa e financeira.
A extinção das empresas públicas ou se faz nos termos prescritos na lei comercial
para as sociedades, ou, então, no caso das entidades públicas empresariais, faz-se
mediante decreto-lei (art. 35.º n.º 1).
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1º ano de Direito Direito da Organização Administrativa CAD
4.8.11. Órgãos:
A lei não estabelece, em princípio, qualquer distinção importante entre a estrutura
orgânica das empresas públicas que sejam sociedades e das que constituam
entidades públicas empresariais.
Contudo, a lei não se limita a fazer uma remissão para o Código das Sociedades
Comerciais, prevendo regras específicas de Direito Administrativo relativas à
composição e funcionamento dos órgãos de administração e fiscalização das
empresas públicas.
Quanto à designação dos administradores nas empresas públicas, mesmo nas que
adotem a forma de sociedade anónima, esta é feita, em regra, por deliberação do
Conselho de Ministros (art. 32.º n.º 4), nos termos previstos no Estatuto do Gestor
Público. De facto, a eleição em assembleia geral seria pura ficção, aí onde o Estado
detivesse a maioria do capital ou o poder jurídico de escolher a administração da
empresa.
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1º ano de Direito Direito da Organização Administrativa CAD
O Governo tem, desde 1976, o poder de definir os objetivos básicos das empresas
públicas. O mesmo não acontece, quanto aos poderes do Governo, em relação às
autarquias locais. Enquanto as autarquias locais são independentes do Estado, as
empresas públicas (assim como os institutos públicos) não o são. Estas gozam de
autonomia, mas não de independência. Estas não se autoadministram,
desenvolvem uma administração estadual indireta.
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1º ano de Direito Direito da Organização Administrativa CAD
Exercício dos direitos do Estado, como acionista, através do Ministro das Finanças,
em articulação com o Ministro responsável pelo setor de atividade da empresa
(art. 37.º n.º 1 e 2). Estes direitos são exercidos na assembleia geral da empresa e,
no caso de esta não existir, por resolução do Conselho de Ministros ou por
despacho do Ministro das Finanças (art. 38.º n.º 2). O exercício da função acionista
compreende, designadamente, o poder de definir “as orientações a aplicar no
desenvolvimento da atividade empresarial reportada a cada triénio” e os
“objetivos e resultados a alcançar em cada ano e triénio” (art. 38.º n.º 1 al. a) e b)).
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1º ano de Direito Direito da Organização Administrativa CAD
Ora, verifica-se que esses métodos, formas e técnicas de gestão são precisamente
aquelas que se praticam no setor privado, que caracterizam a gestão de empresas
privadas, e que o próprio direito privado reconhece e protege como formas típicas
da gestão privada. É, com efeito, na prática do setor privado, nomeadamente na
prática das sociedades comerciais, que se vão encontrar esses métodos modernos
de gestão, particularmente aptos ao exercício de atividades económicas
produtivas.
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1º ano de Direito Direito da Organização Administrativa CAD
Esta é a regra geral aplicável em Portugal. Mas tal regra comporta exceções.
Assim, depois de estabelecer como regra geral a submissão das empresas pública
ao direito privado, o Decreto-Lei n.º 133/2013, no art. 22.º n.º 1, acrescenta que
“poderão as empresas públicas exercer poderes e prerrogativas de autoridade de
que goza o Estado, designadamente quanto a:
Mesmo nestes casos, a regra geral é a da gestão privada: a gestão pública só pode
ser estabelecida “em situações excecionais e na medida do estritamente
necessário à prossecução do interesse público”, e somente por intermédio da lei
ou de um contrato de concessão (art. 22.º n.º 2)
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1º ano de Direito Direito da Organização Administrativa CAD
h) Contencioso: nos termos do art. 23.º n.º 2, compete aos tribunais judiciais o
julgamento da generalidade dos litígios em que seja parte uma empresa pública.
Ou seja, a fiscalização da atividade das empresas públicas não fica submetida aos
tribunais administrativos, justamente porque as empresas públicas fazem gestão
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1º ano de Direito Direito da Organização Administrativa CAD
privada. No entanto, nos casos em que, segundo o art. 22.º, as empresas públicas,
ainda que revistam a forma de sociedade, puderem exercer poderes de autoridade,
os litígios daí emergentes serão da competência dos tribunais administrativos.
i) Execução por dívidas: neste âmbito, o princípio da gestão privada encontra outra
exceção. Assim, se se tratar de pessoas coletivas públicas, não é possível intentar
contra qualquer empresa pública processo de falência ou insolvência, salvo na
medida em que determinar o decreto-lei que procedeu à criação da empresa (art.
35.º n.º 2). Mas esta proibição da execução universal não impede a licitude da
execução singular por dívidas, nos termos gerais do Código do Processo Civil (art.
737.º n.º 1 CPC).
Por sua vez, o art. 267.º, n.º 3 da constituição, ao determina que a lei pode criar
entidades administrativas independentes, estabelece as bases para uma quarta
modalidade de Administração estadual: a administração independente, assim
designada pela ausência de uma relação de subordinação relativamente ao
Governo, enquanto órgão superior da Administração Pública (art. 198.º da CRP).
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1º ano de Direito Direito da Organização Administrativa CAD
a) As associações públicas;
b) As autarquias locais;
c) E, embora numa posição especial, as regiões autónomas dos Açores e da
Madeira.
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1º ano de Direito Direito da Organização Administrativa CAD
A maior parte das associações são entidades privadas. Mas algumas associações há
que a lei cria ou reconhece com o objetivo de assegurar a prossecução de certos
interesses coletivos, chegando mesmo a atribuir-lhes para o efeito um conjunto de
poderes públicos, ao mesmo tempo que as sujeita a especiais restrições de caráter
público. Estas outras entidades têm ao mesmo tempo natureza associativa e de
pessoas coletivas públicas, pelo que não podem deixar de ser qualificadas como
associações públicas.
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1º ano de Direito Direito da Organização Administrativa CAD
públicas nunca têm por fim último a obtenção de lucro, enquanto as empresas
públicas, por definição, procuram a obtenção de lucro, ainda que na prática nem
sempre o alcancem.
A constituição no art. 267.º, n.º 4, vem dispor que o legislador parlamentar (art.
165.º, n.º 1, al. s)) só pode constituir associações públicas para a satisfação de
necessidades especificas.
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1º ano de Direito Direito da Organização Administrativa CAD
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1º ano de Direito Direito da Organização Administrativa CAD
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1º ano de Direito Direito da Organização Administrativa CAD
Por fim, parecem ainda ser associações públicas de caráter misto os centros
tecnológicos.
b) Figuras afins:
Convém não confundir as associações públicas com outras entidades que assim não o
podem ser qualificadas:
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1º ano de Direito Direito da Organização Administrativa CAD
Importa explicar por que motivo as universidades públicas não devem também, no
presente, ser consideradas juridicamente como associações públicas. A verdade é
que elas foram estatizadas e burocratizadas, transformando-se em institutos
públicos. A Lei da Autonomia Universitária confere às universidades públicas uma
forma de funcionamento interno de índole corporativa, que levou já à proposta da
sua qualificação como associações públicas e da sua integração na administração
autónoma.
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1º ano de Direito Direito da Organização Administrativa CAD
c) Ao direito de os particulares acederem aos tribunais para defesa dos seus direitos,
impugnando aí todas as decisões administrativas lesivas desses direitos (art. 20.º).
g) A algumas das regras contidas no art.º 112, n.º 6 e 8, sobre o exercício do poder
regulamentar.
h) À fiscalização das suas finanças pelo Tribunal de Contas, nos termos do art. 214.º e
da lei ordinária que o concretiza.
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1º ano de Direito Direito da Organização Administrativa CAD
Não quer isto dizer que as associações públicas desenvolvam a suas atividades
submetidas exclusivamente a normas de direito público. Pelo contrário, o recurso
ao direito privado é, também aqui, crescente.
a) No art. 165.º, n.º 1, al. s), as associações públicas foram integradas entre as
matérias de reserva relativa de competência legislativa da Assembleia da
República, o que significa que o respetivo regime legal só pode ser estabelecido
pelo Parlamento ou, mediante autorização legislativa deste, pelo governo.
b) Por força do art. 199.º, al. d), as associações públicas, enquanto entes integrados
na administração autónoma (juntamente com as autarquias locais), podem ser
submetidas por lei a poderes de tutela a exercer por parte do Governo.
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1º ano de Direito Direito da Organização Administrativa CAD
c) Nos termos do art. 247.º, as freguesias podem constituir, nos termos da lei,
associações para administração de interesses comuns.
e) No art. 267.º, n.º 1, as associações públicas surgem como uma das formas de
concretização dos princípios da desburocratização da Administração, da
aproximação dos serviços às populações e da participação dos interessados na
sua gestão efetiva.
Na verdade, se o disposto nas al. s), do n.º 1, do art. 165.º e na alínea d) do art.
199.º se aplica a todas as associações públicas, os arts. 247.º e 253.º referem-se
apenas a associações de entes públicos autárquicos, ao passo que o art. 267.º,
sobretudo o n,º 4, está pensado fundamentalmente para associações de entes
privados e, em particular, para as ordens e câmaras profissionais.
Começando pela alínea s), do n.º 1, do art. 165.º, as associações públicas podem ter
na sua origem:
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1º ano de Direito Direito da Organização Administrativa CAD
Quanto à norma da al. d), do art. 199.º, ela não representa só por si credencial
bastante para que o Governo exerça poderes de tutela sobre todas as entidades
inseridas na Administração autónoma e, consequentemente, sobre todas as
associações públicas. Desde logo, não se explicita que modalidade de tutela está
em causa, nem qual a intensidade dos poderes concretos em que se pode traduzir,
exigindo-se uma intervenção concretizadora do legislador ordinário.
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1º ano de Direito Direito da Organização Administrativa CAD
Pode mesmo afirmar-se que, ao criar para o efeito uma associação pública,
transferindo para ela poderes de autoridade originariamente pertencentes ao
Estado, a lei está a reconhecer de forma implícita que, nas circunstancias do caso,
um certo interesse público especifico será melhor prosseguido pelos particulares
interessados, em regime de associação, e sob a direção de órgãos por si próprios
eleitos, do que por um serviço integrado na administração direta do Estado,
constituído por funcionários, ou mediante um instituto público que, embora
personalizado, mais não seria do que uma longa manus do governo, a cargo de
pessoas por este nomeadas (art. 3.º, n.º 1, al. a), da LAPP).
b) Funções:
Além da defesa dos interesses gerais dos destinatários dos serviços prestados pelos
seus membros, identificam-se normalmente quatro núcleos fundamentais de
funções desenvolvidas pelas ordens profissionais (art. 5.º da LAPP):
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1º ano de Direito Direito da Organização Administrativa CAD
Quanto tal suceda, a prevalência deve ser dada às funções de regulação porque é
nestas que reside o interesse público justificativo da própria ordem profissional.
Não que as funções de representação profissional tenham natureza privada, mas
seguramente que os interesses aí m causa assumem uma relevância menor do que
a exigência de confiança social, referente às qualificações e à conduta de certa
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1º ano de Direito Direito da Organização Administrativa CAD
c) Instrumentos de atuação:
Desde logo, as odes profissionais dispõem de poder regulamentar, bem como do
poder de pratica atos administrativos, definidores da situação jurídica individual e
concreta dos seus membros e mesmo de terceiros (art. 9.º e 17.º da LAPP).
Mais delicado é, sem dúvida, o instituto da filiação obrigatória (art. 24.º da LAPP).
Em termos práticos, a filiação obrigatória explica-se pela conveniência de fazer
recair sobre todos os profissionais de cada setor os custos correspondentes aos
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Qualquer uma dessas três vertentes da liberdade de associação pode ser posta em
causa com a constituição de ordens profissionais. A liberdade positiva está
condicionada pela ideia de unicidade das associações públicas. O direito de auto-
organização está coartado pela reserva de lei parlamentar, que não permite
amplas delegações de poder regulamentar, assim como o normal desenvolvimento
da atividade da associação sofre compressões derivadas do principio da legalidade
e da eventualidade de um poder de tutela.
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1º ano de Direito Direito da Organização Administrativa CAD
Sublinhe-se, por último, que tanto ficam com a sua liberdade de associação
restringida aqueles que, com o objetivo de exercer certa profissão, se inscreverem
na respetiva ordem, como aqueles que não se inscreverem. Neste último caso,
porém, a não inscrição tem de resultar de uma verdadeira opção.
Por exemplo, aquele que concluiu a sua formação superior em medicina vê a sua
liberdade de associação restringida por não poder exercer a respetiva profissão
sem estar inscrito na Ordem dos Médicos; mas já não é assim em relação a um
licenciado em biologia ou, pura e simplesmente, a quem não tem qualquer
formação superior. De igual modo, só quanto aos licenciados em Direito a regra da
inscrição obrigatória na Ordem dos Advogados constitui uma restrição à liberdade
negativa de associação. Quanto aos demais o problema não tem a ver com
restrições, mas com limites imanentes à liberdade de associação e com a liberdade
de profissão.
Por sua vez, a liberdade de profissão foi reconhecida pelo n.º 1 do art. 47.º que
afirma que todos tê, direito de escolher livremente a profissão ou género de
trabalho, salvas as restrições legais impostas pelo interesse coletivo ou inerentes à
sua própria capacidade.
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1º ano de Direito Direito da Organização Administrativa CAD
Em quarto lugar, há que considerar a situação daqueles indivíduos que não têm
qualificações académicas ou de outra natureza para serem candidatos à ordem
profissional em causa. Trata-se, portanto, de indivíduos que têm claramente outra
profissão e não pretendem sequer exercer a profissão organizada pela ordem
profissional em questão. Por exemplo, um gestor de recursos humanos ou um
revisor oficial de contas relativamente à Ordem dos Advogados. Naturalmente que,
nestas situações, não se colocam problemas referentes à liberdade de escolha da
profissão, uma vez que esta já foi exercida relativamente a uma profissão e, por
definição, não pode ser exercida em relação à outra, para a qual não se possuem as
necessárias qualificações.
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Entende-se que os interesses públicos em causa são mais bem prosseguidos por
uma coletividade de membros, organizados segundo uma estrutura associativa e,
até certo ponto, sem interferência de terceiros na condução ou na orientação da
respetiva atividade administrativa.
Além disso, a gestão das associações públicas há-de caber aos seus próprios
órgãos, cujos titulares são designados democraticamente pelos associados nos
termos estatuários, e não a comissários ou delegados nomeados pelo Governo ou
pelos órgãos executivos das demais pessoas coletivas públicas que as criaram.
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5. As Autarquias locais
5.1. Generalidades:
Com isto, pode-se definir autarquia local como pessoas coletivas públicas de
população e território, correspondentes aos agregados de residentes de diversas
circunscrições do território nacional, e que asseguram a prossecução dos interesses
comuns resultantes da vizinhança mediante órgãos próprios, representativos dos
respetivos habitantes.
Importa chamar a atenção que as autarquias locais são pessoas coletivas distintas
do Estado. Desta forma, não fazem parte do Estado, não são o Estado, não
pertencem ao Estado. São entidades independentes, embora por ele possam ser
fiscalizadas, controladas ou subsidiadas.
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b) Traços Gerais:
A atual CRP contém os princípios gerais da meteria:
a) Divisão do território (art. 236.º n.º 4).
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1º ano de Direito Direito da Organização Administrativa CAD
i) Pessoal: as autarquias locais têm quadros de pessoal próprio, nos termos da lei
(art. 243.º n.º 1). É aplicável aos funcionários e agentes da administração local
autárquica o regime jurídico dos funcionários e agentes do Estado (n.º 2).
j) Apoio do Estado: o Estado tem o dever de, nos termos da lei, conceder às
autárquicas locais, sem prejuízo da sua autonomia, apoio técnico e em meios
humanos (243.º n.º 3).
5.2. A freguesia:
117
1º ano de Direito Direito da Organização Administrativa CAD
Esta matéria é regulada pelo art. 7.º da LAL, nos termos da qual “constituem
atribuições da freguesia a promoção e salvaguarda dos interesses próprios das
respetivas populações, em articulação com o município”.
A lei fornece um elenco meramente exemplificativo das atribuições das freguesias, as
quais se estendem aos seguintes domínios:
Equipamento rural e urbano;
Abastecimento público;
Educação;
Cultura, tempos livres e desporto;
Cuidados primários de saúde;
Ação Social;
Proteção civil;
Ambiente e salubridade;
Desenvolvimento;
Ordenamento rural e urbano;
Proteção da comunidade.
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1º ano de Direito Direito da Organização Administrativa CAD
Uma vez que o exercício destas competências não pode ser desacompanhado da
necessária provisão de recursos humanos e financeiros, a lei prevê que, no prazo
de 180 dias após a respetiva instalação, as câmaras municipais e as juntas de
freguesia celebram um acordo de execução, que preveja os recursos humanos,
patrimoniais e financeiros necessários ao exercício das competências delegadas
(art. 133.º LAL). Até à entrada em vigor deste acordo, as competências previstas no
art. 132.º são exercidas pela câmara municipal, pelo que, diferentemente do que
sucede com a figura tradicional da delegação tácita, aqui, a transferência de
competências não ocorre por mero efeito da lei, ficando sempre dependente da
celebração de um acordo de execução.
Por sua vez, a freguesia pode, por deliberação da respetiva assembleia, delegar
tarefas administrativas, desde que não envolvam o exercício de poderes de
autoridade, nas organizações de moradores (art. 248.º CRP e art. 9.º n.º 1 al. h)
LAL), em termos que ainda estão por regulamentar.
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1º ano de Direito Direito da Organização Administrativa CAD
As Assembleias de Freguesia reúnem ordinariamente 4 vezes por ano (art. 11.º n.º
1 LAL).
A competência da Assembleia de Freguesia vem regulada nos artigos 9.º e 10.º da LAL
e no art. 17.º LCFA, e pode ser agrupada em quatro funções principais:
a) Função eleitoral: compete à Assembleia eleger a Junta de Freguesia;
Nas pequenas freguesias com 150 eleitores ou menos, devido a este reduzido
número não permitir a constituição da Assembleia de Freguesia, as funções deste
órgão são desempenhadas pelo Plenário dos cidadãos eleitores.
A competência da Junta está exposta nos arts. 16.º e 19.º LAL e art. 34.º LCFA. As suas
principais funções são:
120
1º ano de Direito Direito da Organização Administrativa CAD
3. Função de gestão: cabe à Junta assegurar a gestão regular dos bens, serviços,
pessoal, finanças e obras a cargo da freguesia.
5. Função de colaboração:
Em especial, no âmbito do ordenamento do território e urbanismo: a
participação no procedimento de elaboração dos planos municipais de
ordenamento do território, bem como o apoio na fase de realização do
inquérito público e da prestação de informações aos interessados.
A Junta pode ainda exercer competências delegadas pela Câmara Municipal (arts.
131.º e 132.º LAL), devendo a celebração do contrato de delegação ser autorizado
tanto pela Assembleia Municipal (art. 25.º n.º 1 al. k) LAL), como pela Assembleia
de Freguesia (art. 9.º n.º 1 al. g) LAL).
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1º ano de Direito Direito da Organização Administrativa CAD
O art 247.º CRP determina que “as freguesias podem constituir, nos termos da lei,
associações para administração de interesses comuns”, à semelhança da
possibilidade idêntica reconhecida aos municípios (art. 253.º CRP).
Segundo o art. 63.º n.º 1 LAL, as associações de freguesias são verdadeiras pessoas
coletivas públicas. E, não sendo autarquias locais, mas associações de autarquias
locais, entende-se que se trata de associações de entidades públicas.
De harmonia com o art. 109.º da LAL cada associação de freguesias tem estatutos
próprios, os quais devem estabelecer os seguintes elementos: denominação, fim,
sede e composição; competências dos órgãos; contribuição de cada município para
as despesas comuns; organização interna; forma de funcionamento; duração
(quando não for constituída por tempo indeterminado); direitos e obrigações dos
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1º ano de Direito Direito da Organização Administrativa CAD
5.3. O município:
Por via de regra, cada município tem os limites territoriais que correspondem aos
limites das freguesias que os integram.
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1º ano de Direito Direito da Organização Administrativa CAD
Vistas as coisas pelo perspectiva “de jure condendo”, o que aqui está em causa é o
problema da opção entre centralização e descentralização: se se conferem mais
atribuições aos municípios e menos ao Estado, está-se a definir uma política
descentralizadora. No caso contrário, está-se a adotar uma política centralizadora.
O problema das atribuições dos municípios é a outra face do problema da
descentralização.
Por outro lado, traça-se uma tendência cada vez mais forte para a descentralização
administrativa, que resulta da própria noção de democracia, da ideia de
participação dos cidadãos na vida pública e do princípio da subsidiariedade.
O art. 113.º LAL, na sequência da referência constitucional do art. 237.º n.º 1 CRP,
e em complemento do imperativo da subsidiariedade, frisa que o Estado concretiza
a descentralização administrativa através da “transferência progressiva, contínua e
sustentada de competências em todos os domínios dos interesses próprios das
populações das autarquias locais e das entidades intermunicipais, em especial no
âmbito das funções económicas e socias”.
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1º ano de Direito Direito da Organização Administrativa CAD
Saúde;
Ação Social;
Habitação;
Proteção civil;
Ambiente e saneamento básico;
Defesa do consumidor;
Promoção do desenvolvimento;
Ordenamento do território e urbanismo;
Polícia municipal;
Cooperação externa.
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1º ano de Direito Direito da Organização Administrativa CAD
b) Delegação de competências:
A LAL prevê ainda outro modelo de transferência de competências assente num
acordo de vontades (art. 116.º e ss.).
Conforme o art. 235.º n.º 2 CRP, os órgãos das autarquias locais são órgãos
representativos, que representam as populações locais residentes no território da
autarquia.
Uma classificação dos órgãos a que importa aludir é a que a CRP estabelece no art.
239.º, a respeito das autarquias locais, entre órgãos deliberativos e órgãos
executivos.
Os órgãos executivos são aqueles que aplicam essas orientações gerais no dia-a-
dia, encarregando-se da gestão corrente dos assuntos compreendidos nas
atribuições da pessoa coletiva. São órgãos executivos os órgãos colegiais restritos,
e os órgãos singulares. No município, são órgãos executivos a Câmara Municipal e,
na opinião do autor Diogo Freitas do Amaral, também o Presidente da Câmara
Municipal.
Nos termos do art. 166.º n.º 2 e art. 164.º al. l) CRP, a lei a que se refere o art.
239.º n.º 3 é uma lei orgânica. Isso obriga à sua aprovação por maioria de dois
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1º ano de Direito Direito da Organização Administrativa CAD
terços dos deputados presentes, desde que superior à maioria absoluta dos
deputados em efetividade de funções (art. 168.º n.º 6 CRP).
Quanto ao seu funcionamento, o art. 27.º LAL diz que “a assembleia municipal
reúne em cinco sessões ordinárias anuais, em fevereiro, abril, junho, setembro e
novembro”.
Destas cinco sessões ordinárias há duas em que têm a agenda pré-fixada na lei: a
sessão de abril, no qual deve ser apreciado o inventário de todos os bens, direitos
e obrigações patrimoniais, e feita a respetiva avaliação, bem como devem ser
objeto de apreciação e votação os documentos de prestação de contas do ano
anterior; e a de novembro ou dezembro, na qual se cumpre aprovar as propostas
das opções do plano de atividade e do orçamento para o ano seguinte.
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1º ano de Direito Direito da Organização Administrativa CAD
Esta é composta pelo Presidente da Câmara e pelos vereadores (art. 57.º LCFA).
A lei prevê a categoria dos vereadores a tempo inteiro, que veio compensar a falta
de Vice-Presidente da Câmara (art. 58.º LCFA).
Nos termos do art. 58.º n.º 1 LCFA, compete ao Presidente da Câmara decidir
sobre a existência de vereadores a tempo inteiro e fixar o seu número, dentro de
certos limites, que caso sejam excedidos, deve ser a Câmara Municipal a aprovar
tal decisão, sob proposta do Presidente da Câmara (art. 58.º n.º 2 LCFA). É também
ao Presidente da Câmara que cabe escolher, livremente, de entre os vereadores,
aqueles que hão de servir como vereadores permanentes. Finalmente, é ainda
competência do Presidente da Câmara determinar as funções e os poderes de cada
vereador (art. 58.º n.º 4 LCFA).
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1º ano de Direito Direito da Organização Administrativa CAD
Nas Assembleias Municipais há cinco sessões por ano, e dentro de cada uma delas
haverão as reuniões que forem necessárias até ao máximo de três dias,
prorrogáveis por mais três dias. Quanto à Câmara Municipal, a sessão dura todo o
ano: as reuniões são uma por semana, em princípio, salvo se a própria Câmara
decidir que reunirá uma vez de 15 em 15 dias (art. 40.º n.º 1 LAL).
Quanto à sua competência, existem cinco tipos de funções (art. 33.º LAL):
Função preparatória e executiva: a Câmara prepara as deliberações da Assembleia
Municipal e, uma vez tomadas, executa-as.
Função consultiva: a Câmara emite parecer sobre projetos de obras não sujeitos a
licenciamento municipal e participa, nos termos da lei, em órgãos consultivos de
entidades da administração central;
Função de decisão: a Câmara toma todas as decisões de autoridade que a lei lhe
confia, nomeadamente através da prática de atos administrativos (licenças,
autorizações, etc.), de contratos administrativos (empreitada, concessões, etc.) e
da emissão de posturas no âmbito da sua competência exclusiva.
Casos em que a competência da Câmara pode ser exercida pelo Presidente, sem
delegação da Câmara se “circunstâncias excecionais e urgentes” o exigirem (art
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1º ano de Direito Direito da Organização Administrativa CAD
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1º ano de Direito Direito da Organização Administrativa CAD
De acordo com o art. 9.º da LMCE, os pareceres deste órgão devem ser remetidos
diretamente aos serviços e entidades com competências executivas a que
respeitam.
Art. 5.º: estabelece as pessoas que integram, para além do Presidente da Câmara
Municipal, o Conselho Municipal de Segurança.
Nos termos do art. 3.º da LCMS, são objetivos dos Conselhos Municipais de Segurança:
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1º ano de Direito Direito da Organização Administrativa CAD
a) Serviços municipalizados:
Os serviços municipalizados são verdadeiras empresas públicas municipais que,
não tendo personalidade jurídica, estão integrados na pessoa coletiva município. A
lei n.º 5072012, de 31 de agosto (Regime Jurídico do Setor Empresarial Local),
confirma este entendimento, ao dispor, no art. 2.º, que a atividade empresarial
local é desenvolvida através das empresas locais e dos serviços municipalizados, os
quais são geridos sob a forma empresarial e integram a estrutura organizacional do
município, embora possuam organização autónoma no âmbito da administração
municipal (art. 8.º, n.º 2 e 9.º, n.º 1 e 2, da RSEL).
e distribuição de energia elétrica em baixa tensão (art. 10.º, n.º 1, do RSEL). Para lá
estas atividades não é admissível a criação de serviços municipalizados, embora a
lei tenha salvaguardado aqueles serviços já existentes à data da sua entrada em
vigor (art. 10.º, n.º 4, do RSEL).
Só podem ser criadas empresas locais cujo objeto social exclusivo consista na
exploração de atividades de interesse geral ou na promoção do desenvolvimento
local e regional, estando proibida a sua constituição para a prossecução de fins de
natureza exclusivamente administrativa ou com intuito exclusivamente mercantil
(art. 20.º, n.º 1).
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1º ano de Direito Direito da Organização Administrativa CAD
Quanto à estrutura orgânica das empresas locais, dispõe a lei que a natureza e a
competência dos seus órgãos obedecem ao disposto na lei comercial (art. 25.º, n.º
1). O RSEL prevê a existência obrigatória de uma assembleia geral que conta com
um representante designado pelo órgão executivo da entidade que exerce
influência dominante sobre a empresas (municípios, associação de municípios ou
área metropolitana – art. 26.º, n.º 2), e de um fiscal único (art. 25.º, n.º 2),
designado pela assembleia geral sob proposta do órgão de administração (art.
26.º, n.º 3).
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1º ano de Direito Direito da Organização Administrativa CAD
De harmonia com o art. 109 da LAL, cada associação de municípios tem estatutos
próprios, os quais devem estabelecer os seguintes elementos: denominação, fim,
sede e composição; competências dos órgãos; contribuição de cada município para
as despesas comuns; organização interna; forma de funcionamento; duração
(quando não for constituída por tempo indeterminado); direitos e obrigações dos
associados; condições de saída e exclusão dos associados e da admissão de novos
membros; extinção e divisão do património da associação.
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1º ano de Direito Direito da Organização Administrativa CAD
Pela negativa, a LRL (art. 4.º) exclui do âmbito material do referendo local: as
matérias integradas na esfera de competência legislativa reservada aos órgãos de
soberania; as matérias reguladas por ato legislativo ou por ato regulamentar
estadual que vincule as autarquias locais; as opções do plano e o relatório de
atividades; as questões e os atos de conteúdo orçamental, tributário e financeiro;
as matérias que tenham sido objeto de decisão irrevogável; as matérias eu tenham
sido objeto de decisão judicial transitada em julgado; e as matérias que tenham
sido objeto de celebração de contratos-programa.
Deve sublinhar-se que cada referendo deve incidir sobre uma só matéria, não
podendo o número de perguntas formuladas ser superior a três (art. 6.º, n.º 1, e
7.º, n.º 1, da LRL).
Além disso, não pode haver cumulação entre referendos nacionais ou regionais
autonómicos e referendos locais (art. 6.º, n.º 3, e 8.º, da LRL).
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1º ano de Direito Direito da Organização Administrativa CAD
c) Limites circunstanciais: nos termos do art. 9.º, n.º 1, da LRL, não pode ser
praticado nenhum ato relativo à convocação ou realização de referendo na
vigência do estado de sitio ou de emergência, antes de constituídos ou depois de
dissolvidos os órgãos autárquicos eleitos.
d) Âmbito das consultas populares: as consultas populares tanto podem ter lugar ao
nível da freguesia, como ao nível do município (art. 2.º, n.º 1, da LRL).
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1º ano de Direito Direito da Organização Administrativa CAD
promovida pelos partidos políticos e/ou grupos de cidadãos (art. 37.º da LRL). É
legitimo o recurso aos meios de propaganda previstos na LRL (art. 46.º e ss.);
2. O direito de requerer nas reuniões dos órgãos colegiais autárquicos (art. 49.º, n.º
2,4,5 e 6 da LAL);
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1º ano de Direito Direito da Organização Administrativa CAD
Com a entrada em vigor da LAL (2013), assistiu-se a uma redefinição dos modelos
de cooperação intermunicipal, assente agora em duas entidades intermunicipais:
as áreas metropolitanas e as comunidades intermunicipais.
atribuições (um pouco mais vasto no cado das áreas metropolitanas) e a estrutura
orgânica adotada (mais complexa no caso das comunidades intermunicipais).
As áreas metropolitanas são aquelas que a lei indicar, não sendo livre a sua
instituição (art. 66.º, n.º 1, da LAL).
Atribuições:
Órgãos:
141
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142
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143
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1º ano de Direito Direito da Organização Administrativa CAD
A primeira solução é sem dúvida a mais barata, e em certos casos pode ser
suficiente. A nossa lei não a prevê.
A tutela do Estado sobre as autarquias locais só pode ter por objeto a legalidade da
atuação destas, e não também o mérito das suas decisões (art. 242.º, n.º 1).
Espécies:
A tutela estadual sobre o poder local reveste apenas duas modalidades, que são as
da tutela inspetiva e da tutela integrativa.
Conteúdo:
Titularidade:
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Perda do mandato:
Os membros dos órgãos autárquicos eleitos estão sujeitos à sanção legal da perda
do mandato, desde que em relação a eles se prove que cometeram determinadas
ilegalidades consideradas graves (art. 7.º, 8.º, n.º 3, e 9.º, al. i)).
Dissolução:
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1º ano de Direito Direito da Organização Administrativa CAD
proceder, de acordo com as leis aplicáveis, à nova eleição para designação dos
titulares dos órgãos.
Este efeito negativo não só não se produzirá, em caso de dissolução, quanto aos
autarcas que não tiverem participado nas votações ou tiverem votado contra nas
deliberações que hajam dado causa à dissolução (art. 12.º. n.º 2).
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1º ano de Direito Direito da Organização Administrativa CAD
b) A CNE visa proteger o livre exercício do direito de voto e o respeito pela vontade
popular, garantindo que todos os processos eleitorais decorrem com respeito pela
lei e total isenção.
d) Por sua vez, a ERC deve garantir a independência dos órgãos de comunicação social
do setor público simultaneamente perante o poder político, onde o Governo se
integra, e o poder económico.
f) O Conselho de Fiscalização do SIR tem por tarefa evitar que estes serviços, que
operam em áreas muito delicadas e em estreita relação com o Primeiro-Ministro e
outros membros do Governo, extravasem as suas funções e ponham em causa
direitos dos cidadãos.
Por outro lado, o Provedor de Justiça não tem poderes decisórios, nem muito
menos poderes sancionatórios. O seu grande poder é, no fundo, um poder de
influência, resultante da sua própria autoridade moral, politica e técnica.
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Quanto mais diversificada for a origem dos membros que compõem um órgão,
maiores as possibilidades de este agir efetivamente com independência.
Por fim, no que respeita às competências, tirando mais uma vez o Provedor de Justiça,
todos os demais órgãos independentes têm competências decisórias próprias,
designadamente para:
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1º ano de Direito Direito da Organização Administrativa CAD
Estas entidades não visam a proteção de direitos e liberdades dos cidadãos, mas
antes o desempenho de funções de regulação de diversas atividades económicas,
desenvolvidas pelos setores privado, público e cooperativo. Quando determinadas
atividades económicas, tradicionalmente desenvolvidas por uma empresa pública
ou por uma empresa concessionária se abrem progressivamente ao mercado
concorrencial (água, energia, etc.) e se pretende simultaneamente garantir uma
concorrência saudável e proteger os consumidores, torna-se necessário criar
entidades pública reguladoras, instituindo-as a partir do zero ou através da
conversão de institutos públicos ou direções-gerais.
Do ponto de vista da sua natureza jurídica, não estão muito longe dos institutos
públicos com função de regulação, previstos e regulados na Lei-Quadro dos
Institutos Públicos. São institutos públicos em relação aos quais o Governo,
autorizado pelo n.º 3 do art. 267.º da CRP, renuncia quase na totalidade ao
exercício dos poderes de superintendência e tutela que o art. 199.º lhe confere em
geral sobre a administração indireta.
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AGRADECIMENTOS:
Adriana Borges
David Silva
Eduardo Leão
Érica Araújo
Gabriel Pinho
Manuela
Marlene Ferreira
Matilde Campos
Miguel Ledo
Pedro Gomes
Apontamentos realizados por membros da CAD. Pedimos que qualquer erro de escrita ou de
direito verificado seja comunicado a um dos membros para posterior correção.
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