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Quarta-feira, 16 de Maio de 2012 I Série – N.

º 92

DIÁRIO DA REPÚBLICA
ÓRGÃO OFICIAL DA REPÚBLICA DE ANGOLA
Preço deste número - Kz: 220,00
  
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SUMÁRIO ASSEMBLEIA NACIONAL


Assembleia Nacional
Lei n.º 16/12
Lei n.º 16/12: de 16 de Maio
Lei que aprova o Código de Ética e Decoro Parlamentar.
A Assembleia Nacional é o Parlamento da República de
Lei n.º 17/12:
Angola, representativo de todos os angolanos, que exprime
Lei Orgânica que aprova o Estatuto do Deputado. — Revoga, respecti-
vamente, a Lei n.º 6/93, de 4 de Junho (Lei Orgânica do Estatuto do
a vontade soberana do povo e exerce o poder legislativo
Deputado), a Lei n.º 26/03, de 19 de Setembro (Lei de Alteração da do Estado, composta por Deputados eleitos nos termos da
Lei n.º 6/93, de 4 de Junho), bem como toda a legislação que contra- Constituição da República de Angola e da lei.
rie a presente lei orgânica. Eleitos por sufrágio universal, livre, igual, directo,
Presidente da República secreto e periódico, os Deputados conferem voz aos cida-
dãos e deliberam sobre questões que incidem sobre os mais
Decreto Presidencial n.º 85/12:
Designa Américo Maria de Morais Garcia, para o cargo de Juiz do
profundos anseios do povo. Por isso, dele, é exigida uma
Tribunal Constitucional. conduta especial, capaz de honrar o cargo e uma responsabi-
lidade singular circunscrita nos marcos do primado do bem
Decreto Presidencial n.º 86/12:
Aprova o Plano Estratégico para Revitalização da Alfabetização. comum sobre o interesse privado.
— Revoga toda a legislação que contraria o disposto no presente O respeito institucional, que é devido à Assembleia
diploma. Nacional, é garantia da integridade do Parlamento, assim
Ministério das Finanças como das acções decorrentes das suas competências consti-
tucional e legalmente plasmadas.
Decreto Executivo n.º 171/12:
Deste modo, urge a criação de um Código de Ética e
Determina que a tabela referida no n.º 2, do Decreto Executivo n.º 97/12,
Decoro Parlamentar, como garante da coerência nas suas
de 26 de Março, é a que se anexa ao presente Decreto Executivo.
acções, que reúna num único Diploma as normas regulado-
Ministério da Juventude e Desportos ras de conduta e disciplina parlamentar.
Despacho n.º 501/12: A Assembleia Nacional aprova, por mandato do Povo,
Cria a Comissão para a realização do estudo sobre os critérios de finan- nos termos das disposições combinadas da alínea a) do
ciamento do desporto. artigo 160.º e da alínea d) do n.º 2 do artigo 166.º, ambos da
Ministério de Hotelaria e Turismo Constituição da República de Angola, a seguinte:
Despacho n.º 502/12:
Determina que doravante, os investidores interessados na construção
LEI QUE APROVA O CÓDIGO DE ÉTICA
e instalação de empreendimentos hoteleiros e similares, deverão E DECORO PARLAMENTAR
apresentar junto deste Ministério os projectos para construção e ARTIGO 1.º
instalação dos mesmos, bem como a proposta de classificação pre-
(Aprovação)
tendida, para efeitos de emissão do competente parecer técnico,
relativa as instalações e serviços. — Revoga o Despacho de 20 de É aprovado, pela presente lei, o Código de Ética e Decoro
Março de 2007. Parlamentar da qual é parte integrante.
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ARTIGO 2.º expressão e a liberdade de voto nos limites da Constituição


(Dúvidas e omissões) da República de Angola e da Lei.
As dúvidas e as omissões resultantes da interpretação e
ARTIGO 6.º
da aplicação da presente lei são resolvidas pela Assembleia
(Princípio da separação de poderes)
Nacional.
O Deputado deve respeitar a autonomia dos órgãos de
ARTIGO 3.º
soberania e observar a interdependência de funções no rela-
(Entrada em vigor)
cionamento entre o poder legislativo, executivo e judicial.
A presente lei entra em vigor à data da sua publicação.
Vista e Aprovada pela Assembleia Nacional, em Luanda, ARTIGO 7.º
aos 24 de Abril de 2012. (Princípio da prossecução do interesse público)
O Presidente da Assembleia Nacional, António Paulo O Deputado, no exercício das suas funções, deve estar,
Kassoma. exclusivamente, ao serviço do interesse público.
Promulgada aos 9 de Maio de 2012.
ARTIGO 8.º
Publique-se. (Princípio da urbanidade)
O Presidente da República, JOSÉ EDUARDO DOS SANTOS. O Deputado, no exercício das suas funções, deve actuar
com respeito e observar as regras de boa educação no rela-
cionamento com os cidadãos.
CÓDIGO DE ÉTICA E DECORO PARLAMENTAR ARTIGO 9.º
(Princípio da lealdade)
CAPÍTULO I O Deputado, no exercício das suas funções, deve actuar
Disposições Gerais
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ARTIGO 1.º ARTIGO 10.º
(Objecto) (Princípio da probidade pública)

O presente Código tem por objecto estabelecer os princí- O Deputado, no exercício das suas funções, não deve
pios e as normas fundamentais de ética e decoro que devem solicitar ou aceitar, para si ou para terceiros, directa ou indi-
regular a conduta do Deputado durante o exercício do seu rectamente, quaisquer presentes, empréstimos, facilidades
mandato, bem como o procedimento e as medidas discipli- ou quaisquer ofertas que possam por em causa a liberdade
nares aplicáveis no caso de incumprimento. da sua acção.
ARTIGO 2.º ARTIGO 11.º
(Âmbito) (Princípio do respeito pelo património público)

O presente Código aplica-se a todos os Deputados da No exercício das suas funções, o Deputado, deve abster-
Assembleia Nacional em efectividade de funções. -se da prática de actos que lesem o património do Estado, ou
ARTIGO 3.º de actos susceptíveis de diminuir o seu valor, tais como, o
(Princípios de ética e decoro parlamentar) desvio, a apropriação, o esbanjamento e a delapidação dos
O Deputado deve pautar-se pelos seguintes princípios: bens da entidade pública de que tenha a guarda, em virtude
a) da legalidade; do mandato.
b) da democracia pluralista; ARTIGO 12.º
c) da separação de poderes; (Princípio da reserva da discrição)
d) da prossecução do interesse público; O Deputado deve usar de discrição relativamente às infor-
e) da urbanidade;
mações de natureza reservada de que tenha conhecimento.
f) da lealdade;
g) da probidade pública; CAPÍTULO II
h) do respeito pelo património público; Deveres de Ética e Decoro Parlamentar
i) da reserva da discrição.
ARTIGO 13.º
ARTIGO 4.º (Deveres gerais)
(Princípio da legalidade)
1. O Deputado deve obediência à Constituição e às
O Deputado deve observar, estritamente, a Constituição demais leis da República de Angola, defende a unidade da
da República de Angola e a Lei. Nação, a integridade territorial da Pátria, promove e conso-
ARTIGO 5.º lida a Paz, a democracia e o progresso social.
(Princípio da democracia pluralista) 2. No exercício das suas funções, o Deputado deve:
O Deputado, na sua actuação, deve respeitar a com- a) promover a defesa da soberania nacional e do inte-
posição plural da Assembleia Nacional, o pluralismo de resse público;
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b) cumprir e respeitar as decisões aprovadas pelo Ple- 3. O dever previsto no número anterior não abrange
nário da Assembleia Nacional e pela Comissão os Deputados substitutos cujo período de substituição não
Permanente; ultrapasse quarenta e cinco dias por sessão legislativa.
c) zelar pelo aprimoramento da ordem constitucional CAPÍTULO III
e legal do Estado e do País, particularmente das Actos Incompatíveis e Contrários à Ética
instituições democráticas e representativas, bem e Decoro Parlamentar
como pelas prerrogativas do Poder Legislativo; ARTIGO 15.º
d) exercer o mandato com dignidade e respeito pelo (Funções incompatíveis)
património público e a vontade popular, pri- São incompatíveis com a ética e decoro parlamentar:
mando pela boa-fé e probidade pública; a) o exercício de funções públicas remuneradas em
e) participar nas sessões plenárias ordinárias, extra- órgãos da administração directa ou indirecta do
ordinárias e nas reuniões das Comissões de Estado;
Trabalho Especializadas de que seja membro; b) o exercício de funções de administração, gerência
f) apreciar todas as proposições que lhe forem sub- ou qualquer cargo social em sociedades comer-
metidas; 
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g) não utilizar a qualidade de Deputado para patro- lucrativos;
c) o exercício de relações jurídico-laborais subordina-
cinar interesses particulares próprios ou de
das com empresas estrangeiras ou organizações
terceiros, de qualquer natureza;
internacionais;
h) tratar com respeito, independência e urbanidade os
d) o exercício de funções que impeçam uma parti-
colegas, as autoridades, os servidores da Assem-
cipação activa nas actividades da Assembleia
bleia Nacional e os cidadãos; Nacional, excepto as funções de dirigente
i) prestar contas do mandato à sociedade, disponi- partidário, de docência ou outras como tal reco-
bilizando as informações necessárias ao seu nhecidas pela Assembleia Nacional.
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ARTIGO 16.º
j) participar nas votações nos órgãos da Assembleia
(Condutas incompatíveis)
Nacional a que tenha direito;
São incompatíveis com a ética e decoro parlamentar as
k) desempenhar as funções que lhe forem atribuídas;
seguintes condutas:
l) respeitar as decisões dos órgãos da Assembleia
a) advogar ou ser parte em processos judiciais ou
Nacional;
extrajudiciais contra o Estado, salvo para a
m) declarar a sua situação de incompatibilidade ou defesa dos seus direitos e interesses legalmente
impedimento; protegidos;
n) manter sigilo sobre matéria de circulação reser- b) servir de árbitro, conciliador e mediador ou perito
vada; remunerado em processo contra o Estado ou
o) comunicar com a devida antecedência e por escrito, outras pessoas colectivas de direito público,
ao Presidente da Assembleia Nacional, sempre salvo se for autorizado pela Assembleia Nacio-
que ocorra a impossibilidade de participar em nal;
reuniões para as quais tenha sido convocado; c) participar em concursos públicos de fornecimento
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- de bens ou serviços, assim como em contratos



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!  com o Estado e outras pessoas colectivas de


  

 
  
 
Nacional, com conhecimento ao Presidente da
lei;
Comissão de Trabalho Especializada a que per-
d) participar em actos de publicidade comercial;
tence, no prazo máximo de quinze dias a contar
e) abusar das prerrogativas constitucionais estabele-
do termo do facto impeditivo.
cidas para os Deputados;
ARTIGO 14.º f) receber, para si ou para outrem, dinheiro, bem
(Dever de declaração)
móvel ou imóvel, ou qualquer outra vantagem
1. Os Deputados devem formular e depositar junto do económica directa ou indirecta, a título de
órgão competente da Assembleia Nacional, até sete dias !

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antes da investidura, uma declaração de inexistência de sente de quem tem interesse, directo ou indirecto
incompatibilidades. que possa ser atingido ou amparado por acção
2. O Deputado está obrigado a emitir uma declaração de ou omissão decorrente das atribuições do Depu-
bens, nos termos da Lei da Probidade Pública. tado;
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g) obter vantagem económica, directa ou indirecta, r) adquirir, para si ou para outrem, no exercício do
para facilitar a aquisição, a permuta ou a locação mandato, bens de qualquer natureza cujo valor
de bens móvel ou imóvel ou a contratação de seja desproporcional à evolução do património
serviços pela entidade pública por preço supe- ou à renda do Deputado;
rior ao valor de mercado; s) aceitar emprego ou exercer actividade de consul-
h) obter vantagem económica, directa ou indirecta, toria para pessoa física ou jurídica que tenha
para facilitar a alienação, a permuta ou a locação interesse susceptível de ser atingido ou ampa-
de bem público ou o fornecimento de serviço rado por acção ou por omissão decorrente do
pela entidade pública por preço inferior ao valor exercício da função de Deputado;
do mercado; t) integrar, no seu património, de forma ilícita, bens,
i) utilizar, em obra ou serviço particular veículos, rendas, verbas ou valores pertencentes ao acervo
máquinas, equipamentos ou material de qual- patrimonial de entidade pública;
quer natureza, de propriedade ou à disposição u) usar, em proveito próprio, bens, rendas, verbas
de entidade pública, bem como o trabalho de ou valores integrantes do acervo patrimonial de
servidores públicos, empregados ou terceiros entidade pública;
contratados por entidades públicas; v) obter vantagem económica para intermediar a dis-
j) obter vantagem económica de qualquer natureza, ponibilização ou a aplicação de verba pública de
directa ou indirecta, para tolerar a exploração qualquer natureza.
ou a prática de jogos de azar, de lenocínio, de ARTIGO 17.º
        
    (Actos contrários à ética e decoro parlamentar)
qualquer outra actividade ilícita ou aceitar pro- São contrários à ética e decoro parlamentar, as seguin-
messa de tal vantagem; tes condutas:
k) obter vantagem económica de qualquer natureza, a) perturbar a ordem das reuniões plenárias da Assem-
directa ou indirecta, para fazer declaração falsa bleia Nacional, ou das reuniões das Comissões
sobre medição ou avaliação em obras públicas de Trabalho Especializadas;
ou qualquer outro serviço ou sobre quantidade, b) praticar actos que infrinjam as regras de boa con-
peso, medida, qualidade ou característica de duta;
mercadorias ou bens fornecidos a qualquer enti- c) praticar ofensas físicas ou morais, ou desacatar, por
dade pública; actos ou palavras outros Deputados;
l) adquirir, para si ou para outrem, no exercício de d) usar os poderes e prerrogativas do cargo para cons-
mandato, cargo, emprego ou função pública, tranger ou aliciar colegas ou qualquer pessoa
bens de qualquer natureza cujo o valor seja sobre a qual exerça ascendência hierárquica,
desproporcional a evolução do património ou à !!   
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renda do agente público; cimento;
m) aceitar emprego ou exercer actividade de consul- e) revelar o conteúdo de debates ou deliberações que
toria para pessoa física ou jurídica que tenha a Assembleia Nacional ou a Comissão de Traba-
interesse susceptível de ser atingido ou ampa- lho Especializada tenham resolvido manter em
rado por acção ou por omissão decorrente das sigilo;
atribuições do Deputado durante a actividade; f)   `!\€
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n) obter vantagem económica de qualquer natureza, reza reservada, de que tenha tido conhecimento,
directa ou indirectamente, para omitir acto de nos termos do Regimento da Assembleia Nacio-
ofício, providência ou declaração a que esteja nal;
obrigado; g)`
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o) integrar, no seu património, de forma ilícita, bens, às reuniões plenárias ou às reuniões das Comis-
rendas, verbas ou valores pertencentes ao acervo sões de Trabalho Especializadas.
patrimonial de entidade pública;
p) usar, em proveito próprio, bens, rendas, verbas CAPÍTULO IV
ou valores integrantes do acervo patrimonial de Disciplina Parlamentar
entidade pública; ARTIGO 18.º
q) obter vantagem económica para intermediar a dis- (Poder disciplinar)
ponibilização ou a aplicação de verba pública de 1. A Assembleia Nacional tem poder disciplinar sobre
qualquer natureza; todos os Deputados à Assembleia Nacional em efectividade
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de funções e exerce-o em relação às infracções disciplinares b) impedir ou tentar impedir, durante as sessões ou
por estes cometidas. reuniões do Plenário da Assembleia Nacional e
2. O poder disciplinar referido no número anterior é das suas Comissões de Trabalho Especializadas,
exercido através do Presidente da Assembleia Nacional, que o cumprimento da ordem, fundada no exercício
não o pode subdelegar. do poder de autoridade dos respectivos presiden-
ARTIGO 19.º tes.
(Infracção disciplinar) 4. A suspensão da presença no Plenário e na Comissão de
1. Para efeitos do presente Código, entende-se por infrac- Trabalho Especializada, é aplicável, se outra mais grave não
ção disciplinar, o facto voluntário praticado pelo Deputado, couber, ao Deputado que:
que viole qualquer dos deveres correspondentes à função que a) reincidir nas hipóteses do número antecedente;
exerce quer consista em acção ou em omissão, independen- b) praticar transgressão grave ou reiterada aos precei-
temente do facto ter produzido ou não resultado perturbador tos da Constituição da República de Angola, do
para a Assembleia Nacional. presente Código e demais leis aplicáveis;
2. A violação das normas Constitucionais e das previstas c)     `!\€
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neste Código sujeitam o Deputado à procedimento discipli- carácter reservado de que tenha conhecimento
nar e à inquéritos sem prejuízo de procedimento judicial. no exercício das funções.
ARTIGO 20.º 5. A perda do mandato é aplicável, sem prejuízo de pro-
(Responsabilidade disciplinar) cedimento judicial, ao Deputado que:
A responsabilidade disciplinar é independente da respon- a) reincidir nas hipóteses do número antecedente;
sabilidade civil ou da responsabilidade criminal. b) praticar faltas graves ou reiteradas aos preceitos
ARTIGO 21.º da Constituição da República de Angola, do
(Suspensão do processo disciplinar) Regimento da Assembleia Nacional, das normas
A suspensão do processo disciplinar deve ser ordenada deste Código e demais leis aplicáveis;
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!   c) ser condenado por crime doloso, a que caiba pena
a requerimento do instrutor, até decisão judicial caso seja de prisão;
imprescindível a apreciação da questão disciplinar. d) perder a cidadania angolana;
ARTIGO 22.º e) deixar de comparecer a quatro sessões do Plená-
(Medidas disciplinares) rio num período Legislativo, ou ausentar-se do
O Deputado, por infracção à disciplina parlamentar, está País por tempo superior a quarenta e cinco dias,
sujeito às seguintes medidas disciplinares:  
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a) admoestação; ARTIGO 24.º
b) censura registada; 
 

c) multa correspondente ao valor até quinze dias de >%[   


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salário; reunião do Plenário da Assembleia Nacional, previamente
d) suspensão da presença no Plenário e na Comissão; convocada, é sancionado com o desconto de 1/30 do seu
e) perda do Mandato. salário base mensal, na primeira vez, 1/20 na segunda vez e
1/10 nas vezes subsequentes, sem prejuízo da instauração de
ARTIGO 23.º
(Conteúdo das sanções) procedimento disciplinar, nos termos da lei.
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1. A admoestação verbal é a medida disciplinar aplicável
reunião da Comissão de Trabalho Especializada a que per-
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tence, de comissões de inquérito ou de comissões eventuais
2. A censura registada é a medida disciplinar aplicável,
que integre, é sancionado com o desconto de 1/40 do seu
se outra mais grave não couber, ao Deputado que:
salário base mensal, na primeira vez, 1/30 na segunda vez e
a) usar de expressões atentatórias ao decoro par-
1/20 nas vezes subsequentes, sem prejuízo da instauração de
lamentar, assim entendidas, mormente as que procedimento disciplinar, nos termos da lei.
constituam ofensa à honra; 3. Decorrido o prazo de cinco dias, sem que o Deputado
b) praticar ofensas morais, a qualquer pessoa, no  5 
 
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edifício da Assembleia Nacional ou fora dele ou Nacional manda executar os descontos referidos nos núme-
desacatar por actos ou palavras a mesa ou outro ros anteriores.
parlamentar. 4. Para efeitos do presente artigo, antes do início de
3. A multa é a medida disciplinar aplicável, quando não cada reunião do Plenário ou das Comissões de Trabalho
couber sanção mais grave, ao Deputado que: Especializadas, o Presidente respectivo manda registar as
a) reincidir nas hipóteses dos números anteriores; ausências.
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5. O método do registo das faltas é por senhas ou tâncias de tempo, o lugar e o modo em que os actos de que o
por folhas de presença, conforme for determinado pelo Deputado vem acusado, foram praticados.
Presidente da Assembleia Nacional. 7. Recebida a nota de culpa, o Deputado tem dez dias úteis
para consultar o processo disciplinar e responder à mesma,
ARTIGO 25.º
deduzindo a sua versão dos factos em causa, podendo juntar
   
documentos e requerer diligências probatórias que se mos-
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    trem relevantes para o esclarecimento dos factos.
dos Deputados, as seguintes: 8. À Comissão de Trabalho Especializada competente,
a) doença do Deputado; no prazo de trinta dias, deve realizar todas as diligências
b) doença grave ou repentina do cônjuge, descendente de prova solicitadas na resposta à nota de culpa e que se
ou ascendente; mostrem necessárias ao apuramento da verdade material,
c) matrimónio do Deputado ou de seu descendente; `
  
  
   
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d) parto, nascimento de nado-morto ou aborto por dilatórias ou desnecessárias, podendo realizar diligências
parte da Deputada ou do cônjuge do Deputado; não solicitadas mas por si consideradas necessárias.
e) missão de serviço do Estado ou do partido político 9. Terminada a fase probatória no prazo referido no
ou coligação de partidos políticos que repre- número anterior, à Comissão de Trabalho Especializada
senta; competente, no prazo de quinze dias, remete o processo com
f) falta de transporte, no caso dos Deputados residen- 
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tes fora da Província de Luanda; que, sobre ele decide nos trinta dias subsequentes.
g) morte do cônjuge, de ascendente ou descendente e 10.A decisão do Presidente da Assembleia Nacional só

  5  ~ se pode basear nos factos descritos na nota de culpa, na
h) por circunstâncias imprevisíveis e fora do controlo resposta a esta e nas conclusões da Comissão de Trabalho
do Deputado. Especializada, com excepção para invocação de factos que
2. A relevação das faltas é da competência do Presidente atenuem ou diminuam a responsabilidade do Deputado.
da Assembleia Nacional. 11. A decisão do Presidente da Assembleia Nacional é
     
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ARTIGO 26.º
ela é prestada uma informação ao Plenário na reunião ime-
(Procedimento disciplinar)
diatamente a seguir.
1. A aplicação de qualquer medida disciplinar, com a 12.Quando o facto a que se refere a participação for
excepção da admoestação, é precedida da instauração de crime, compete ao Presidente da Assembleia Nacional enca-
procedimento disciplinar. minhar o processo ao Ministério Público para que tome as
2. A iniciativa do procedimento disciplinar contra o providências da sua alçada.
Deputado da Assembleia Nacional é do Presidente da
ARTIGO 27.º
Assembleia Nacional.
(Inquérito disciplinar)
3. A participação pode ser feita por qualquer cidadão,
mediante simples carta dirigida ao Presidente da Assembleia 1. Caso o Presidente da Assembleia Nacional tenha dúvi-
Nacional, devendo conter: das de que os actos presenciados ou participados constituam
a) \^
~ infracção disciplinar, este pode, previamente à instauração
b) \^    ~ do procedimento disciplinar, instaurar um inquérito para
c) a descrição detalhada dos factos de que o Deputado apurar a veracidade dos factos.
é acusado. 2. O inquérito disciplinar pode ser desenvolvido pela
Comissão de Trabalho Especializada competente, ou por
4. O Presidente da Assembleia Nacional quando consi-
uma comissão ad hoc constituída por despacho do Presidente
derar que os factos presenciados ou participados, praticados
da Assembleia Nacional.
pelo Deputado, são passíveis de constituírem infracção
3. As falsas declarações são punidas nos termos da lei.
disciplinar, manda instaurar, por despacho, o respectivo pro-
cedimento disciplinar, incumbindo à Comissão de Trabalho ARTIGO 28.º
Especializada competente, a instrução e condução do (Audição)
processo. 1. A audição consiste no depoimento oral do acusado,
5. No despacho que manda instaurar o procedimento dis- testemunhas e declarantes para o apuramento dos factos.
ciplinar, o Presidente da Assembleia Nacional deve fazer 2. A falta de audição do acusado constitui nulidade insu-
constar, de forma sumária, os factos de que o Deputado é prível do processo.
acusado. ?%ƒ 
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6. Recebido o despacho referido nos números anterio-
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res, a Comissão de Trabalho Especializada competente, no dez dias úteis, pode a Comissão de Trabalho Especializada,
prazo de dez dias, elabora e remete ao Deputado acusado, a  
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competente nota de culpa, na qual vêm narrados as circuns- aplicável.
I SÉRIE — N.º 92 — DE 16 DE MAIO DE 2012 2265

ARTIGO 29.º Lei n.º 17/12


(Aplicação da medida disciplinar) de 16 de Maio

1. Na aplicação da medida disciplinar, o Presidente da O exercício do mandato de Deputado, enquanto direito


Assembleia Nacional deve ponderar todas as circunstâncias e dever dos cidadãos eleitos por sufrágio universal, livre,
em que a infracção foi cometida, a sua gravidade e conse- igual, directo, secreto e periódico, exige que se regule, nos
quências, o grau de culpa do Deputado, os seus antecedentes termos da Constituição da República de Angola, o regime
disciplinares e as circunstâncias que agravem ou atenuem a … 
  = …   
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sua responsabilidade. direitos e os deveres do Deputado, para que este possa bali-
2. Não pode ser aplicada mais de uma medida disciplinar zar a sua acção nos mesmos e possa, assim, exercer o seu
por uma mesma infracção ou pelo conjunto de infracções !    `! 5! 
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^ % relação sã com as instituições públicas e privadas e com o
ARTIGO 30.º povo que representa.
(Publicidade das medidas disciplinares) A Lei Orgânica do Estatuto do Deputado em vigor, data
Com excepção da admoestação, as medidas disciplinares de 4 de Junho de 1993, como “Lei Orgânica n.º 6/93, de
aplicadas ao Deputado são sempre registadas no processo 4 de Junho”, publicada na I Série do Diário da República
individual do mesmo e publicadas no Diário da Assembleia n.º 22/93.
Nacional. Embora tenha sido revista parcialmente, com as altera-
ções introduzidas pela Lei n.º 26/03, de 19 de Setembro,
CAPÍTULO V publicada na I Série do Diário da República n.º 74/03, a
Defesa do Acusado
realidade material actual aconselha à revogação dos refe-
ARTIGO 31.º ridos Diplomas e à conformação do Estatuto do Deputado
(Contestação) à Constituição da República de Angola, bem como ao
1. O Deputado pode apresentar a sua defesa pessoal- Regimento da Assembleia Nacional.
mente por escrito ou nomear advogado para esse efeito, nos A Assembleia Nacional aprova, por mandato do povo,
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- nos termos das disposições conjugadas da alínea a) do
plinar que lhe foi aplicada. artigo 160.º e da alínea b) do n.º 2 do artigo 166.º, ambos da
2. Durante o prazo para a apresentação da defesa, pode o Constituição da República de Angola, a seguinte:
Deputado ou seu defensor examinar o processo, indicar tes-
LEI ORGÂNICA QUE APROVA O ESTATUTO
temunhas, juntar documentos ou requerer diligências.
DO DEPUTADO
ARTIGO 32.º
ARTIGO 1.º
(Direito de reclamação e recurso)
(Aprovação)
>%   
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É aprovado o Estatuto do Deputado que é parte inte-
Assembleia Nacional cabe reclamação, no prazo de sete
grante da presente lei orgânica.
dias.
2. Sobre a reclamação, o Presidente da Assembleia ARTIGO 2.º
Nacional decide no prazo de sete dias. (Encargos)
3. Sobre as matérias não atendidas na reclamação, cabe As despesas resultantes da aplicação do presente Estatuto
recurso ao Plenário da Assembleia Nacional que, sobre o são suportadas pelo orçamento da Assembleia Nacional, nos
mesmo, delibera sem discussão prévia. termos do Estatuto Remuneratório do Deputado.

CAPÍTULO VI ARTIGO 3.º


Disposições Finais (Revogação)

São revogadas, respectivamente, a Lei n.º 6/93, de 4 de


ARTIGO 33.º
Junho (Lei Orgânica do Estatuto do Deputado), a Lei
(Fiscalização)
n.º 26/03, de 19 de Setembro (Lei de Alteração da Lei n.º
Compete à Comissão de Trabalho Especializada, em 6/93, de 4 de Junho), bem como toda a legislação que con-
U^  !K 
U  U    \^   - trarie a presente lei orgânica.
sente Código.
Vista e aprovada pela Assembleia Nacional, em Luanda, ARTIGO 4.º

aos 24 de Abril de 2012. (Dúvidas e omissões)

O Presidente da Assembleia Nacional, António Paulo As dúvidas e as omissões resultantes da interpretação e


Kassoma. da aplicação da presente lei são resolvidas por resolução da
O Presidente da República, JOSÉ EDUARDO DOS SANTOS. Assembleia Nacional.

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