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º 92
DIÁRIO DA REPÚBLICA
ÓRGÃO OFICIAL DA REPÚBLICA DE ANGOLA
Preço deste número - Kz: 220,00
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O presente Código tem por objecto estabelecer os princí- O Deputado, no exercício das suas funções, não deve
pios e as normas fundamentais de ética e decoro que devem solicitar ou aceitar, para si ou para terceiros, directa ou indi-
regular a conduta do Deputado durante o exercício do seu rectamente, quaisquer presentes, empréstimos, facilidades
mandato, bem como o procedimento e as medidas discipli- ou quaisquer ofertas que possam por em causa a liberdade
nares aplicáveis no caso de incumprimento. da sua acção.
ARTIGO 2.º ARTIGO 11.º
(Âmbito) (Princípio do respeito pelo património público)
O presente Código aplica-se a todos os Deputados da No exercício das suas funções, o Deputado, deve abster-
Assembleia Nacional em efectividade de funções. -se da prática de actos que lesem o património do Estado, ou
ARTIGO 3.º de actos susceptíveis de diminuir o seu valor, tais como, o
(Princípios de ética e decoro parlamentar) desvio, a apropriação, o esbanjamento e a delapidação dos
O Deputado deve pautar-se pelos seguintes princípios: bens da entidade pública de que tenha a guarda, em virtude
a) da legalidade; do mandato.
b) da democracia pluralista; ARTIGO 12.º
c) da separação de poderes; (Princípio da reserva da discrição)
d) da prossecução do interesse público; O Deputado deve usar de discrição relativamente às infor-
e) da urbanidade;
mações de natureza reservada de que tenha conhecimento.
f) da lealdade;
g) da probidade pública; CAPÍTULO II
h) do respeito pelo património público; Deveres de Ética e Decoro Parlamentar
i) da reserva da discrição.
ARTIGO 13.º
ARTIGO 4.º (Deveres gerais)
(Princípio da legalidade)
1. O Deputado deve obediência à Constituição e às
O Deputado deve observar, estritamente, a Constituição demais leis da República de Angola, defende a unidade da
da República de Angola e a Lei. Nação, a integridade territorial da Pátria, promove e conso-
ARTIGO 5.º lida a Paz, a democracia e o progresso social.
(Princípio da democracia pluralista) 2. No exercício das suas funções, o Deputado deve:
O Deputado, na sua actuação, deve respeitar a com- a) promover a defesa da soberania nacional e do inte-
posição plural da Assembleia Nacional, o pluralismo de resse público;
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b) cumprir e respeitar as decisões aprovadas pelo Ple- 3. O dever previsto no número anterior não abrange
nário da Assembleia Nacional e pela Comissão os Deputados substitutos cujo período de substituição não
Permanente; ultrapasse quarenta e cinco dias por sessão legislativa.
c) zelar pelo aprimoramento da ordem constitucional CAPÍTULO III
e legal do Estado e do País, particularmente das Actos Incompatíveis e Contrários à Ética
instituições democráticas e representativas, bem e Decoro Parlamentar
como pelas prerrogativas do Poder Legislativo; ARTIGO 15.º
d) exercer o mandato com dignidade e respeito pelo (Funções incompatíveis)
património público e a vontade popular, pri- São incompatíveis com a ética e decoro parlamentar:
mando pela boa-fé e probidade pública; a) o exercício de funções públicas remuneradas em
e) participar nas sessões plenárias ordinárias, extra- órgãos da administração directa ou indirecta do
ordinárias e nas reuniões das Comissões de Estado;
Trabalho Especializadas de que seja membro; b) o exercício de funções de administração, gerência
f) apreciar todas as proposições que lhe forem sub- ou qualquer cargo social em sociedades comer-
metidas;
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g) não utilizar a qualidade de Deputado para patro- lucrativos;
c) o exercício de relações jurídico-laborais subordina-
cinar interesses particulares próprios ou de
das com empresas estrangeiras ou organizações
terceiros, de qualquer natureza;
internacionais;
h) tratar com respeito, independência e urbanidade os
d) o exercício de funções que impeçam uma parti-
colegas, as autoridades, os servidores da Assem-
cipação activa nas actividades da Assembleia
bleia Nacional e os cidadãos; Nacional, excepto as funções de dirigente
i) prestar contas do mandato à sociedade, disponi- partidário, de docência ou outras como tal reco-
bilizando as informações necessárias ao seu nhecidas pela Assembleia Nacional.
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ARTIGO 16.º
j) participar nas votações nos órgãos da Assembleia
(Condutas incompatíveis)
Nacional a que tenha direito;
São incompatíveis com a ética e decoro parlamentar as
k) desempenhar as funções que lhe forem atribuídas;
seguintes condutas:
l) respeitar as decisões dos órgãos da Assembleia
a) advogar ou ser parte em processos judiciais ou
Nacional;
extrajudiciais contra o Estado, salvo para a
m) declarar a sua situação de incompatibilidade ou defesa dos seus direitos e interesses legalmente
impedimento; protegidos;
n) manter sigilo sobre matéria de circulação reser- b) servir de árbitro, conciliador e mediador ou perito
vada; remunerado em processo contra o Estado ou
o) comunicar com a devida antecedência e por escrito, outras pessoas colectivas de direito público,
ao Presidente da Assembleia Nacional, sempre salvo se for autorizado pela Assembleia Nacio-
que ocorra a impossibilidade de participar em nal;
reuniões para as quais tenha sido convocado; c) participar em concursos públicos de fornecimento
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- de bens ou serviços, assim como em contratos
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g) obter vantagem económica, directa ou indirecta, r) adquirir, para si ou para outrem, no exercício do
para facilitar a aquisição, a permuta ou a locação mandato, bens de qualquer natureza cujo valor
de bens móvel ou imóvel ou a contratação de seja desproporcional à evolução do património
serviços pela entidade pública por preço supe- ou à renda do Deputado;
rior ao valor de mercado; s) aceitar emprego ou exercer actividade de consul-
h) obter vantagem económica, directa ou indirecta, toria para pessoa física ou jurídica que tenha
para facilitar a alienação, a permuta ou a locação interesse susceptível de ser atingido ou ampa-
de bem público ou o fornecimento de serviço rado por acção ou por omissão decorrente do
pela entidade pública por preço inferior ao valor exercício da função de Deputado;
do mercado; t) integrar, no seu património, de forma ilícita, bens,
i) utilizar, em obra ou serviço particular veículos, rendas, verbas ou valores pertencentes ao acervo
máquinas, equipamentos ou material de qual- patrimonial de entidade pública;
quer natureza, de propriedade ou à disposição u) usar, em proveito próprio, bens, rendas, verbas
de entidade pública, bem como o trabalho de ou valores integrantes do acervo patrimonial de
servidores públicos, empregados ou terceiros entidade pública;
contratados por entidades públicas; v) obter vantagem económica para intermediar a dis-
j) obter vantagem económica de qualquer natureza, ponibilização ou a aplicação de verba pública de
directa ou indirecta, para tolerar a exploração qualquer natureza.
ou a prática de jogos de azar, de lenocínio, de ARTIGO 17.º
(Actos contrários à ética e decoro parlamentar)
qualquer outra actividade ilícita ou aceitar pro- São contrários à ética e decoro parlamentar, as seguin-
messa de tal vantagem; tes condutas:
k) obter vantagem económica de qualquer natureza, a) perturbar a ordem das reuniões plenárias da Assem-
directa ou indirecta, para fazer declaração falsa bleia Nacional, ou das reuniões das Comissões
sobre medição ou avaliação em obras públicas de Trabalho Especializadas;
ou qualquer outro serviço ou sobre quantidade, b) praticar actos que infrinjam as regras de boa con-
peso, medida, qualidade ou característica de duta;
mercadorias ou bens fornecidos a qualquer enti- c) praticar ofensas físicas ou morais, ou desacatar, por
dade pública; actos ou palavras outros Deputados;
l) adquirir, para si ou para outrem, no exercício de d) usar os poderes e prerrogativas do cargo para cons-
mandato, cargo, emprego ou função pública, tranger ou aliciar colegas ou qualquer pessoa
bens de qualquer natureza cujo o valor seja sobre a qual exerça ascendência hierárquica,
desproporcional a evolução do património ou à !!
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renda do agente público; cimento;
m) aceitar emprego ou exercer actividade de consul- e) revelar o conteúdo de debates ou deliberações que
toria para pessoa física ou jurídica que tenha a Assembleia Nacional ou a Comissão de Traba-
interesse susceptível de ser atingido ou ampa- lho Especializada tenham resolvido manter em
rado por acção ou por omissão decorrente das sigilo;
atribuições do Deputado durante a actividade; f) `!\
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n) obter vantagem económica de qualquer natureza, reza reservada, de que tenha tido conhecimento,
directa ou indirectamente, para omitir acto de nos termos do Regimento da Assembleia Nacio-
ofício, providência ou declaração a que esteja nal;
obrigado; g)`
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o) integrar, no seu património, de forma ilícita, bens, às reuniões plenárias ou às reuniões das Comis-
rendas, verbas ou valores pertencentes ao acervo sões de Trabalho Especializadas.
patrimonial de entidade pública;
p) usar, em proveito próprio, bens, rendas, verbas CAPÍTULO IV
ou valores integrantes do acervo patrimonial de Disciplina Parlamentar
entidade pública; ARTIGO 18.º
q) obter vantagem económica para intermediar a dis- (Poder disciplinar)
ponibilização ou a aplicação de verba pública de 1. A Assembleia Nacional tem poder disciplinar sobre
qualquer natureza; todos os Deputados à Assembleia Nacional em efectividade
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de funções e exerce-o em relação às infracções disciplinares b) impedir ou tentar impedir, durante as sessões ou
por estes cometidas. reuniões do Plenário da Assembleia Nacional e
2. O poder disciplinar referido no número anterior é das suas Comissões de Trabalho Especializadas,
exercido através do Presidente da Assembleia Nacional, que o cumprimento da ordem, fundada no exercício
não o pode subdelegar. do poder de autoridade dos respectivos presiden-
ARTIGO 19.º tes.
(Infracção disciplinar) 4. A suspensão da presença no Plenário e na Comissão de
1. Para efeitos do presente Código, entende-se por infrac- Trabalho Especializada, é aplicável, se outra mais grave não
ção disciplinar, o facto voluntário praticado pelo Deputado, couber, ao Deputado que:
que viole qualquer dos deveres correspondentes à função que a) reincidir nas hipóteses do número antecedente;
exerce quer consista em acção ou em omissão, independen- b) praticar transgressão grave ou reiterada aos precei-
temente do facto ter produzido ou não resultado perturbador tos da Constituição da República de Angola, do
para a Assembleia Nacional. presente Código e demais leis aplicáveis;
2. A violação das normas Constitucionais e das previstas c) `!\
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neste Código sujeitam o Deputado à procedimento discipli- carácter reservado de que tenha conhecimento
nar e à inquéritos sem prejuízo de procedimento judicial. no exercício das funções.
ARTIGO 20.º 5. A perda do mandato é aplicável, sem prejuízo de pro-
(Responsabilidade disciplinar) cedimento judicial, ao Deputado que:
A responsabilidade disciplinar é independente da respon- a) reincidir nas hipóteses do número antecedente;
sabilidade civil ou da responsabilidade criminal. b) praticar faltas graves ou reiteradas aos preceitos
ARTIGO 21.º da Constituição da República de Angola, do
(Suspensão do processo disciplinar) Regimento da Assembleia Nacional, das normas
A suspensão do processo disciplinar deve ser ordenada deste Código e demais leis aplicáveis;
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edifício da Assembleia Nacional ou fora dele ou Nacional manda executar os descontos referidos nos núme-
desacatar por actos ou palavras a mesa ou outro ros anteriores.
parlamentar. 4. Para efeitos do presente artigo, antes do início de
3. A multa é a medida disciplinar aplicável, quando não cada reunião do Plenário ou das Comissões de Trabalho
couber sanção mais grave, ao Deputado que: Especializadas, o Presidente respectivo manda registar as
a) reincidir nas hipóteses dos números anteriores; ausências.
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5. O método do registo das faltas é por senhas ou tâncias de tempo, o lugar e o modo em que os actos de que o
por folhas de presença, conforme for determinado pelo Deputado vem acusado, foram praticados.
Presidente da Assembleia Nacional. 7. Recebida a nota de culpa, o Deputado tem dez dias úteis
para consultar o processo disciplinar e responder à mesma,
ARTIGO 25.º
deduzindo a sua versão dos factos em causa, podendo juntar
documentos e requerer diligências probatórias que se mos-
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trem relevantes para o esclarecimento dos factos.
dos Deputados, as seguintes: 8. À Comissão de Trabalho Especializada competente,
a) doença do Deputado; no prazo de trinta dias, deve realizar todas as diligências
b) doença grave ou repentina do cônjuge, descendente de prova solicitadas na resposta à nota de culpa e que se
ou ascendente; mostrem necessárias ao apuramento da verdade material,
c) matrimónio do Deputado ou de seu descendente; `
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d) parto, nascimento de nado-morto ou aborto por dilatórias ou desnecessárias, podendo realizar diligências
parte da Deputada ou do cônjuge do Deputado; não solicitadas mas por si consideradas necessárias.
e) missão de serviço do Estado ou do partido político 9. Terminada a fase probatória no prazo referido no
ou coligação de partidos políticos que repre- número anterior, à Comissão de Trabalho Especializada
senta; competente, no prazo de quinze dias, remete o processo com
f) falta de transporte, no caso dos Deputados residen-
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