Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
3. A inobservância dos pressupostos previstos no artigo 6.º f) Os artigos 2.º a 18.º da Lei nº 45/VI/2004, de 12
do presente Código constitui infracção sujeita a sanção de Julho, que estabelece o regime jurídico do
impeditiva. mecenato.
4. Constituem infracções sujeitas a sanções suspensivas: g) Os artigos 13.º e 14.º do Decreto-lei nº 1/2011,
a) A falta de entrega nos cofres do Estado dos impostos de 3 de Janeiro, que estabelece as disposições
devidos, desde que ocorra uma única vez; relativas à promoção, ao incentivo e ao acesso,
licenciamento e exploração inerentes ao exercício
b) A prática de infracções de natureza fiscal, para fiscal, da actividade de produção independente e de
aduaneira e outras, desde que, face à legislação auto-produção de energia eléctrica.
aplicável, não sejam consideradas grave.
Artigo 65.º
5. No caso de aplicação de uma sanção suspensiva, a
Entrada em vigor
mesma mantém-se até à completa reposição da situação
a que tiver dado causa, incluindo o pagamento, no prazo O presente Código entra em vigor no dia 1 de Janeiro
de sessenta dias, contando a partir da data da notificação de 2013.
pelos serviços competentes, das receitas não arrecadadas.
Aprovada em 10 de Dezembro de 2012.
6. A reincidência na prática das infracções referidas no
número anterior fica sujeita a sanções extintivas. O Presidente da Assembleia Nacional, Basílio Mosso
Artigo 63.º
Ramos
Normas transitórias Promulgada em 15 de Janeiro de 2013.
1. São mantidos nos termos em que foram concedidos Publique-se.
os benefícios fiscais concedidos antes da entrada em vigor
do presente Código, ou cujo reconhecimento tenha sido O Presidente da República, JORGE CARLOS DE
solicitado antes dessa data, com base na legislação ou ALMEIDA FONSECA
nos estatutos profissionais até então em vigor.
Assinada em 16 de Janeiro de 2013.
2. Os titulares do direito a benefícios fiscais em sede
O Presidente da Assembleia Nacional, Basílio Mosso
do Imposto sobre o Rendimento devem apresentar na
Ramos
repartição de Finanças da sua área fiscal o documento
comprovativo da concessão desse benefício. ––––––
3. Os projectos de investimentos que, à data da
Lei n.º 103/VIII/2016
entrada em vigor do presente diploma, já tenham sido
apresentados às autoridades competentes para a aprovação de 6 de Janeiro
ou licenciamento, continuam a reger-se pela legislação
ao abrigo da qual a referida formalidade foi cumprida. Por mandato do Povo, a Assembleia Nacional decreta,
nos termos da alínea b) do artigo 175º da Constituição,
Artigo 64.º
o seguinte:
Normas revogatórias
Artigo 1.º
Com efeitos a partir da data de entrada em vigor do
Objecto
presente Código são revogados todos os diplomas que o
contrariem, nomeadamente: A presente lei procede à primeira alteração à Lei n.º 14/
a) Os artigos 56.º a 69.º do Decreto-legislativo VIII/2012, de 11 de Julho, que aprova o regime jurídico
n.º 13/2010, de 8 de Novembro, que define os das entidades reguladoras independentes nos sectores
objectivos da política industrial do país; económico e financeiro.
Artigo 2.º
b) O artigo 7.º da Lei n.º 55/VI/2005, 10 de Janeiro,
que estabelece o regime do estatuto de utilidade Alteração da Lei n.º 14/VIII/2012, de 11 de julho
turística;
São alterados os artigos 6.º; 8.º, 45.º, 51.º, 52.º, 53.º,
c) Os artigos 42.º a 48.º do Decreto-legislativo n.º 1/2011, 54.º; 64.º e 79.º da Lei n.º 14/VIII/2012, de 11 de Julho,
de 31 de Janeiro, que cria o Centro Internacional que passam a ter a seguinte redacção:
de Negócios;
“Artigo 6.º
d) Os artigos 17.º a 23.º do Decreto-legislativo nº 2/2011,
Estatutos, órgãos e funcionamento
de 21 de Fevereiro, que regula a concessão
de incentivos de natureza fiscal e financeira, 1. (…)
condicionados e temporários, a projectos de
investimento com vista à internacionalização a) (…)
das empresas cabo-verdianas; b) (…)
e) Os artigos 13.º a 16.º da Lei n.º 43/III/88, de 27
c) (…)
de Dezembro, que estabelece o regime das
instituições financeiras internacionais; d) (…)
I SÉRIE — NO 1 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 6 DE JANEIRO DE 2016 35
2. As entidades reguladoras estabelecem nos respectivos a abonar aos ex-membros dos seus órgãos próprios de
regulamentos internos, designadamente, regras sobre as direcção e gestão 2/3 da remuneração correspondente ao
seguintes matérias: cargo, cessando esse abono a partir do momento em que
estes sejam contratados ou nomeados para o desempenho
a) A organização e disciplina do trabalho;
remunerado de qualquer função ou serviço público ou
b) O regime do pessoal, incluindo avaliação de privado.
desempenho e mérito; 6. (…)
c) O regime de carreiras; Artigo 51.º
j) (…) (…)
Republicação
b) Um indicado pelo membro do Governo responsável
pela principal área de atividade económica sobre É republicada, na íntegra e em anexo, que faz parte
a qual incide a atuação da entidade reguladora; integrante do presente diploma, a Lei n.º 14/VIII/2012, de
11 de Julho, que define o regime jurídico das entidades
c) Um terceiro indicado pela entidade reguladora, reguladoras independentes nos sectores económico e
que tenha preferencialmente exercido cargo financeiro, com a redacção actual.
num dos órgãos obrigatórios da mesma, ou, na
falta de tal indicação, cooptado pelos membros Artigo 5.º
referidos nas alíneas anteriores. Entrada em vigor
3. Na determinação das remunerações, a comissão de A presente lei entra em vigor no dia seguinte ao da
remuneração deve observar os seguintes critérios: sua publicação.
A presente Lei define o regime jurídico das entidades 3. Os órgãos das entidades reguladoras asseguram que
reguladoras independentes nos sectores económico e os recursos de que dispõem são administrados de forma
financeiro, adiante designadas entidades reguladoras. eficiente e sem desperdícios, devendo sempre adoptar ou
propor as soluções organizativas e os métodos de actuação
Artigo 2.º que representem o menor custo na prossecução eficaz das
Âmbito atribuições públicas a seu cargo.
1. A presente lei é aplicável às entidades reguladoras 4. As entidades reguladoras não podem criar ou
definidas como tal por lei. participar na criação de entidades de direito privado
com fins lucrativos, nem adquirir participações em tais
2. A presente lei não se aplica ao Banco de Cabo Verde, entidades.
que se rege por legislação própria.
Artigo 5.º
Artigo 3.º
1. As entidades reguladoras independentes são As entidades reguladoras têm por fim principal a
autoridades administrativas independentes, de base actividade administrativa da regulação, não podendo
institucional, dotadas de funções reguladoras, incluindo desempenhar funções ou desenvolver actividades que,
as de regulamentação, supervisão e sancionamento das nos termos da Constituição e da lei, estejam afectas à
infracções. administração directa ou indirecta do Estado.
2. As entidades reguladoras gozam de autonomia Artigo 6.º
administrativa, financeira e patrimonial.
Criação
Artigo 4.º
1. Sem prejuízo dos demais princípios previstos na lei
Princípios de gestão
geral, a criação de entidades reguladoras obedece aos
1. Sem prejuízo do que vier a ser determinado na princípios da necessidade, da proporcionalidade e da
carta de missão, a ser assinada entre o Conselho de racionalidade.
Administração das entidades reguladoras, o departamento
governamental da área das finanças e do planeamento e 2. Salvo razões resultantes de especificidades do sector
o membro do Governo responsável pelo sector ou sectores a regular, observa-se também na criação das entidades
regulados a que a entidade reguladora está adstrita, reguladoras o princípio da multi-sectorialidade, concentrando
as entidades reguladoras devem observar os seguintes quando possível numa única entidade vários sectores, bem
princípios de gestão: como o princípio da unicidade, que se consubstancia na
concentração de todos os aspectos da regulação de uma
a) Exercício da respectiva actividade de acordo com actividade numa mesma entidade.
elevados padrões de qualidade;
3. A criação de uma entidade reguladora é precedida
b) Garantia de eficiência económica no que se refere de um estudo sobre a sua necessidade e implicações
à sua gestão e soluções adoptadas nas suas financeiras, bem como de pareceres dos departamentos
actividades; governamentais responsáveis pelas áreas das Finanças e
c) Gestão por objectivos devidamente determinados da Administração Pública, devendo um e outro acompanhar
e quantificados e avaliação periódica em função o projecto de diploma de criação.
dos resultados;
4. O princípio da racionalidade concretiza-se,
d) Transparência na actuação através da discussão designadamente, na definição de serviços partilhados entre
pública de projectos de documentos que contenham entidades e no uso comum de recursos, designadamente
normas regulamentares e da disponibilização instalações e equipamentos.
pública de documentação relevante sobre as
Artigo 7.º
suas actividades e funcionamento com impacto
sobre os consumidores e entidades reguladas, Forma do acto de criação
incluindo sobre o custo da sua actividade para o
sector regulado; 1. As entidades reguladoras são criadas por Decreto-Lei,
que aprova também os respectivos estatutos.
e) Respeito dos princípios da prévia cabimentação
e programação da realização das despesas 2. As entidades reguladoras podem iniciar o seu
subjacentes à assunção de compromissos e aos funcionamento em regime de instalação, nos termos
pagamentos em atraso das entidades públicas. definidos no respectivo diploma de criação.
I SÉRIE — NO 1 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 6 DE JANEIRO DE 2016 39
Artigo 8.º d) O regime de jurisdição e controlo financeiro do
Estatutos, órgãos e funcionamento Tribunal de Contas;
2. Sem prejuízo do disposto no número anterior e no 1. Os órgãos das entidades reguladoras dispõem das
regime jurídico da concorrência, são subsidiariamente competências necessárias à prossecução das suas atribuições.
aplicáveis, no âmbito do exercício de poderes públicos: 2. As entidades reguladoras não podem exercer actividades
a) As Bases Gerais do Procedimento Administrativo ou usar os seus poderes fora das suas atribuições, nem
Gracioso e o Regime Geral de regulamentos e destinar os seus recursos a finalidades diversas das que
actos administrativos; lhe estão cometidas.
b) A entidade fiscalizadora externa do Estado com vista j) Promover a informação e o esclarecimento dos
a garantir a racionalidade e a complementaridade consumidores ou utilizadores, em coordenação
das acções de fiscalização e a conferir natureza com as entidades competentes;
sistémica à actividade de inspecção. k) Propor medidas de natureza política ou legislativa
Artigo 18.º nas matérias atinentes às suas atribuições.
Formação Secção II
Competências de regulação
O Estado organiza programas de formação e capacitação
de recursos humanos na área da regulação, com base na Artigo 20.º
definição de um perfil de regulador altamente qualificado. Competência quanto à definição de entidade regulada
b) Velar pelo cumprimento das normas tarifárias 3. Compete também às entidades reguladoras aprovar
estabelecidas nos contratos de concessão e nas os regulamentos de exploração e fornecimento elaborados
licenças ou contratos; pelas entidades reguladas, nomeadamente quanto a
padrões de qualidade e segurança.
c) Definir as regras de contabilidade analítica adequadas
à situação contabilística das actividades reguladas; Artigo 25.º
Competência tributária
d) Proceder à aprovação e revisão do regulamento
tarifário, quando couber. As entidades reguladoras procedem, quando aplicável, à
Artigo 23.º fixação e arrecadação de receitas provenientes da cobrança
de taxas e contribuições enquanto contrapartida para
Competências sobre o relacionamento comercial
das entidades reguladas
actos de regulação, previstos nos seus estatutos, assim
como às devidas revisões destas no quadro da legislação
1. O relacionamento comercial das entidades reguladas aplicável.
entre si e com os consumidores ou utilizadores processa-se Artigo 26.º
nos termos da legislação aplicável ao sector, bem como
das bases das concessões e respectivos contratos e das Competência sancionatória
licenças de que sejam titulares, quando existirem.
Compete às entidades reguladoras em matéria
2. No quadro legal previsto no número anterior, compete sancionatória:
à entidade reguladora proceder à aprovação do regulamento
dessas relações comerciais, assim como às suas revisões. a) Processar e punir as infracções administrativas
às leis e regulamentos cuja implementação
3. As entidades reguladas podem apresentar à entidade ou supervisão lhe compete, bem como as
reguladora propostas de revisão do regulamento referido resultantes do incumprimento das suas próprias
no número anterior. determinações;
Artigo 24.º b) Propor ao Governo a aplicação das sanções previstas
Competência em matéria de qualidade do serviço nos contratos de concessão ou nas licenças,
ou do produto bem como a punição das infracções às leis e
regulamentos cuja implementação ou supervisão
1. As entidades reguladoras procedem, quando necessário, não lhes caibam;
à definição de regras técnicas da qualidade do serviço ou
do produto, assim como às devidas revisões destas no c) Participar aos organismos competentes as infracções
quadro da legislação aplicável. às normas de defesa da concorrência de que
tomem conhecimento no desempenho das suas
2. Os regulamentos relativos à qualidade do serviço ou funções;
do produto podem conter, designadamente, regras sobre
as seguintes questões: d) Participar às autoridades competentes outras
infracções de que tomem conhecimento no
a) Características técnicas dos serviços ou do produto desempenho das suas funções.
a fornecer aos consumidores ou utilizadores;
Artigo 27.º
b) Condições adequadas a uma exploração eficiente
Competência consultiva
e qualificada de serviços ou do produto;
j) Modelos de facturas a fornecer aos consumidores 2. Sem prejuízo do disposto no número anterior, as
ou utilizadores domésticos pelas entidades entidades reguladoras devem fomentar a arbitragem
reguladas, tendo em conta a sua conformidade voluntária para a resolução de conflitos entre as entidades
jurídico-fiscal. reguladas e entre estas e os consumidores ou utilizadores.
42 I SÉRIE — NO 1 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 6 DE JANEIRO DE 2016
Secção III 7. Os regulamentos das entidades reguladoras que
Procedimentos de regulação e seus princípios apenas visem regular procedimentos de carácter interno
de uma ou mais categorias de operadores ou prestadores
Artigo 29.º
de serviços, denominam-se instruções e são notificados
Tipos de procedimentos aos respectivos destinatários, quando identificáveis,
devendo entrar em vigor cinco dias após a notificação ou
No âmbito das suas competências de regulação, as
na data nelas referida.
entidades reguladoras podem adoptar, nos termos da lei,
os seguintes procedimentos: Artigo 31.º
4. As entidades previstas no número 2 podem ter acesso 1. Os trabalhadores das entidades reguladoras, os
a todas as sugestões que tenham sido apresentadas nos mandatários destas, bem como as pessoas ou entidades
termos do deste artigo. qualificadas devidamente credenciadas que desempenhem
funções de fiscalização, são equiparados a agentes de
5. O relatório preambular dos regulamentos deve autoridade e gozam, nomeadamente, das seguintes
fundamentar as decisões tomadas, com necessária prerrogativas:
referência às críticas ou sugestões que tenham sido feitas
ao projecto. a) Aceder às instalações, equipamentos e serviços das
entidades sujeitas a supervisão das entidades
6. Os regulamentos das entidades reguladoras que reguladoras;
contenham normas de eficácia externa são publicados na II
série do Boletim Oficial e, quando exista, disponibilizados b) Requisitar documentos para análise, bem como
no respectivo site, sem prejuízo da sua publicitação por equipamentos e materiais para a realização
outros meios considerados mais adequados à situação. de testes;
I SÉRIE — NO 1 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 6 DE JANEIRO DE 2016 43
c) Identificar, para posterior actuação, todos os indivíduos mandato legal ou se afectam ou não as linhas
que infrinjam a legislação e regulamentação cuja de orientações gerais a que devem respeito, nos
observância devem respeitar; termos do disposto no número 2 do artigo 11.º;
d) Solicitar a colaboração das autoridades competentes b) As questões a decidir digam respeito a tarifas
quando a julguem necessária ao desempenho ou preços, que lhes caiba fixar ou homologar;
das suas funções.
c) Se trate de aprovação ou alteração de regulamentos.
2. Às pessoas e entidades referidas no número anterior são
atribuídos cartões de identificação, cujo modelo e condições CAPÍTULO III
de emissão são estabelecidos por Portaria do membro do
ORGANIZAÇÃO
Governo responsável pelo sector ou sectores regulados.
Secção I
Artigo 35.º
Órgãos
Queixas e reclamações dos consumidores e utilizadores
Artigo 39.º
1. As entidades reguladoras podem receber directamente
queixas e reclamações dos consumidores e demais Órgãos obrigatórios
utilizadores, bem como inspeccionar regularmente os
São órgãos obrigatórios das entidades reguladoras:
registos das queixas e reclamações daqueles apresentadas às
entidades reguladas, as quais devem preservar adequados a) O Conselho de Administração;
registos das mesmas.
b) O Conselho Fiscal ou Fiscal Único;
2. As entidades reguladoras podem ordenar a investigação
das queixas ou reclamações dos consumidores e utilizadores c) O Conselho Consultivo.
apresentadas às entidades reguladas ou directamente à Secção II
entidade reguladora, desde que se integrem no âmbito
das suas competências. Conselho de Administração
1. Em caso de incumprimento das obrigações inerentes O Conselho de Administração é o órgão colegial executivo
à prestação do serviço, das obrigações legais e contratuais responsável pela administração da entidade reguladora.
em geral ou dos padrões de qualidade definidos nos Artigo 41.º
regulamentos, as entidades reguladoras podem recomendar
ou determinar às entidades reguladas a adopção das Composição
competentes medidas correctivas.
O Conselho de Administração é constituído por um
2. Se as acções definidas no número anterior não forem número impar de membros, compreendendo um Presidente
executadas, ou não houver cumprimento do calendário e dois ou quatro administradores.
estabelecido para a sua execução, as entidades reguladoras Artigo 42.º
podem, conforme os casos, accionar ou propor ao Governo,
o accionamento das medidas sancionatórias previstas Nomeação
para a violação da lei ou incumprimento do contrato de
1. A nomeação dos membros do Conselho de Administração
concessão ou das condições da licença.
é feita por Resolução do Conselho de Ministros, sob
Artigo 37.º proposta do membro do Governo referido no artigo 9º.
Reparação de prejuízos 2. Os membros do Conselho de Administração são
nomeados de entre pessoas com reconhecida idoneidade,
As entidades reguladoras podem, igualmente, recomendar independência, competência técnica e experiência
ou determinar às entidades reguladas as providências profissional.
necessárias à justa reparação dos prejuízos causados aos
consumidores ou utilizadores. 3. A nomeação é precedida de audição dos indigitados
na comissão especializada competente da Assembleia
Artigo 38.º
Nacional, devendo o membro do Governo referido no
Consulta ao Governo número 1 remeter os currícula e uma justificação da
respectiva escolha.
Sem prejuízo da sua independência decisória, as
entidades reguladoras podem consultar previamente o 4. Não pode haver nomeação de membros do Conselho
membro do Governo a que se refere o artigo 9.º, quando: de Administração depois da demissão do Governo ou da
marcação de eleições para a Assembleia Nacional ou
a) Se suscitem dúvidas quanto às questões a decidir antes da aprovação da moção de confiança apresentado
no que diz respeito ao cabimento ou não no seu pelo Governo recém-nomeado.
44 I SÉRIE — NO 1 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 6 DE JANEIRO DE 2016
Artigo 43.º 2. Sendo dirigentes dos respectivos departamentos, os
Competência vogais do Conselho de Administração possuem competências
para dirigir e fiscalizar os serviços respectivos e para praticar
1. Compete ao Conselho de Administração, no âmbito da os actos de gestão corrente dos referidos departamentos.
orientação e gestão da entidade reguladora, designadamente:
Artigo 46.º
a) Representar a entidade e dirigir a respectiva Competência do Presidente
actividade;
1. Compete, em especial, ao Presidente do Conselho
b) Elaborar os planos anuais e plurianuais de de Administração:
actividades e assegurar a respectiva execução;
a) Presidir às reuniões, orientar os seus trabalhos
c) Elaborar o relatório de actividades; e assegurar o cumprimento das respectivas
d) Exercer os poderes de direcção, gestão e disciplina deliberações;
do pessoal; b) Representar a entidade reguladora em juízo e
e) Aprovar os regulamentos previstos nos estatutos fora dele;
e os que sejam necessários ao desempenho das c) Assegurar as relações com a Assembleia Nacional,
atribuições da entidade reguladora; o Governo e os demais organismos públicos;
f) Nomear os representantes da entidade junto de d) Solicitar pareceres ao Conselho Fiscal e ao Conselho
organismos exteriores; Consultivo;
g) Elaborar os pareceres, estudos e informações que e) Exercer as competências que lhe sejam delegadas
lhes sejam solicitados pela Assembleia Nacional pelo Conselho de Administração.
ou pelo Governo.
2. O Presidente pode delegar, ou subdelegar, competências
2. Compete ao Conselho de Administração, no domínio nos demais administradores.
da gestão financeira e patrimonial:
Artigo 47.º
a) Elaborar, aprovar e submeter ao membro do
Incompatibilidades e impedimentos
Governo responsável pela área das Finanças o
orçamento anual para homologação e assegurar 1. Não pode ser nomeado para o Conselho de Administração
a respectiva execução; quem for ou tenha sido membro do Governo ou membro
dos corpos gerentes das entidades reguladas nos últimos
b) Gerir as receitas, arrecadar as receitas próprias
dois anos, ou for ou tenha sido trabalhador ou colaborador
e autorizar as despesas;
permanente destas nos cargos de direcção no mesmo
c) Elaborar as contas de gerência; período de tempo.
3. Em caso de vacatura, o novo membro é nomeado pelo 3. Ficam igualmente isentos de responsabilidade
período de cinco anos. os membros que, tendo estado ausentes da reunião,
manifestem por escrito o seu desacordo no prazo de três
Artigo 50.º dias após o conhecimento da deliberação.
Independência dos membros e cessação de funções Artigo 53.º
1. Sem prejuízo do disposto no número 2 do artigo 11.º, Dissolução
os membros do Conselho de Administração da entidade
O Conselho de Administração de entidade reguladora
reguladora são independentes no exercício das suas funções,
só pode ser dissolvido por Resolução do Conselho de
não estando sujeitos a instruções ou orientações específicas.
Ministros, após parecer do Conselho Consultivo da entidade
2. Os membros do Conselho de Administração da reguladora e comunicação à Assembleia Nacional, a
entidade reguladora não podem ser exonerados do cargo qual pode proceder à audição do membro do Governo a
antes do término dos seus mandatos, salvo nos casos de: que se refere o artigo 9.º e dos membros do Conselho de
Administração, nos seguintes casos:
a) Incapacidade permanente ou incompatibilidade
superveniente; a) Por causas graves de responsabilidade colectiva
apurada em inquérito feito por entidade
b) Renúncia;
independente;
c) Falta grave, comprovadamente cometida pelo
b) Considerável excesso das despesas realizadas sobre
titular no desempenho das suas funções ou no
as orçamentadas, sem justificação adequada,
cumprimento de qualquer obrigação inerente
declarado pelo Conselho Fiscal;
ao cargo, declarada por resolução do Conselho
de Ministros devidamente fundamentada, após c) Grave violação, por acção ou omissão, da lei ou
audição do Conselho Consultivo da entidade; dos estatutos da entidade.
d) Condenação pela prática de qualquer crime doloso. Artigo 54.º
Comissão de remuneração
3. O mandato dos membros do Conselho de Administração
extingue-se caso esse órgão seja dissolvido ou a entidade 1. Junto de cada entidade reguladora funciona uma
reguladora seja extinta, fundida ou cindida. comissão de remuneração.
4. No caso de termo do mandato, os membros do 2. Cada comissão de remuneração é composta por três
Conselho de Administração mantêm-se no exercício das membros, assim designados:
suas funções até à efectiva substituição. a) Um indicado pelo membro do Governo responsável
Artigo 51.º pela área das finanças;
Vinculação b) Um indicado pelo membro do Governo responsável
1. As entidades reguladoras obrigam-se pela assinatura: pela principal área de actividade económica
sobre a qual incide a actuação da entidade
a) Do Presidente do Conselho de Administração ou, reguladora;
no caso de ausência ou impedimento deste, do
seu substituto; c) Um terceiro indicado pela entidade reguladora,
que tenha preferencialmente exercido cargo
b) Do membro do Conselho de Administração que, num dos órgãos obrigatórios da mesma, ou, na
para tanto, tenha recebido, em acta, delegação falta de tal indicação, cooptado pelos membros
para a prática de acto ou actos determinados. referidos nas alíneas anteriores.
46 I SÉRIE — NO 1 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 6 DE JANEIRO DE 2016
3. Para o exercício da sua competência, o Conselho reguladora e nas tomadas de decisão do Conselho de
Fiscal têm direito a: Administração, contribuindo para o exercício eficiente,
eficaz e equilibrado da actividade reguladora.
a) Obter do conselho de administração todas as
informações e esclarecimentos que considere Artigo 52.º
necessários; Composição
b) Ter livre acesso a todos os serviços e à documentação 1. O Conselho Consultivo é composto por:
da entidade reguladora, podendo requisitar
a) Representantes das entidades reguladas ou das
a presença de responsáveis e solicitar os
organizações representativas das mesmas;
esclarecimentos que considere necessários;
b) Representantes dos consumidores ou utilizadores
c) Promover a realização de reuniões com o conselho
interessados;
de administração para análise de questões
compreendidas no âmbito das suas atribuições, c) Representantes de outros organismos públicos;
sempre que a sua natureza ou importância o
d) Eventualmente, técnicos e especialistas independentes.
justifique;
2. O Presidente do Conselho Consultivo é eleito pelos
d) Tomar ou propor as demais providências que membros do Conselho Consultivo.
considere indispensáveis.
Artigo 58.º
3. Os restantes membros do Conselho Consultivo são
designados pelas entidades referidas nas alíneas a) a c),
Poderes à excepção dos referidos na alínea d), que são designados
Para o exercício da sua competência, o Conselho Fiscal pelo Conselho de Administração.
tem direito a: 4. Nos casos de entidades reguladoras de actividades
a) Obter do Conselho de Administração as informações económicas diferenciadas, o Conselho Consultivo pode
e esclarecimentos que repute necessários; ser organizado em secções.
5. Os recursos obtidos pela entidade reguladora pela 3. Na elaboração das contas devem seguir-se as normas
via das contribuições financeiras das entidades reguladas e os preceitos definidos no Sistema de Normalização
só podem ser utilizados para financiamento das suas Contabilística e Relato Financeiro (SNCRF), com as
actividades próprias, nos termos do plano de actividades necessárias adaptações, aprovado pelo Membro do Governo
aprovado. responsável pelas Finanças.
Artigo 70.º 4. No caso de o somatório dos custos verificado ter
excedido o montante previsto no orçamento e o relatório
Cobrança de dívidas
e contas não ter merecido parecer favorável do órgão
1. Os créditos das entidades reguladoras provenientes referido no número 1, o Conselho de Administração deve
de taxas ou outras receitas cuja obrigação de pagamento justificar perante aquele órgão os desvios ocorridos, sem
esteja estabelecida na lei são equiparados a créditos do prejuízo do disposto na alínea b) do número 2 do artigo 43º.
Estado e estão sujeitos a cobrança coerciva, fazendo-se
CAPÍTULO V
esta nos termos do Código do Processo Tributário.
PESSOAL
2. Os documentos representativos das receitas referidas
no número anterior constituem título executivo, para Artigo 74.º
todos os efeitos legais. Regime e recrutamento do pessoal
Artigo 71.º
1. O pessoal das entidades reguladoras rege-se pelo
Dotação do orçamento do Estado regime jurídico geral do contrato individual de trabalho,
sendo abrangido pelo regime da previdência social dos
A dotação do orçamento do Estado referida na alínea h) do
trabalhadores por conta de outrem.
artigo 67.º é inscrita no orçamento da entidade reguladora
beneficiária, mediante autorização prévia, por despacho do 2. O recrutamento do pessoal está sujeito a concurso,
membro do Governo responsável pela área das Finanças. devendo obedecer aos seguintes princípios:
Artigo 72.º a) Publicitação da oferta de emprego pelos meios
Orçamento e plano de actividades mais adequados;
1. A adopção do regime da relação de trabalho não As entidades reguladoras ficam sujeitas à jurisdição do
dispensa, nos termos da Constituição, os requisitos Provedor de Justiça e de outras entidades independentes
e limitações decorrentes da prossecução do interesse de controlo da Administração criadas ou que venham a
público, nomeadamente os respeitantes a acumulações ser criadas.
e incompatibilidades legalmente estabelecidas para os Artigo 81.º
funcionários e agentes administrativos.
Controlo judicial
2. Os trabalhadores das entidades reguladoras não
podem, em qualquer caso, prestar trabalho ou outros 1. As actividades de natureza administrativa das entidades
serviços, remunerados ou não, a entidades reguladas reguladoras ficam sujeitas à jurisdição administrativa,
ou outras cuja actividade colida com as atribuições e nos termos da respectiva legislação.
competências da entidade reguladora. 2. As sanções por infracções contra-ordenacionais são
Artigo 76.º impugnáveis, nos termos gerais, junto dos tribunais
Mobilidade
competentes.
Os funcionários da administração directa ou indirecta do 3. O Governo pode impugnar a legalidade dos actos das
Estado e das autarquias locais, bem como os empregados, entidades reguladoras.
quadros ou administradores de empresas públicas ou 4. As entidades reguladoras têm legitimidade para
privadas, podem ser requisitados para desempenhar impugnar a legalidade dos actos governamentais que
funções na entidade reguladora em regime de comissão lhes digam respeito.
de serviço, com garantia do seu lugar de origem e dos
Artigo 82.º
direitos nele adquiridos, considerando-se o período da
comissão como tempo de serviço prestado nos quadros Fiscalização do tribunal de contas
de que provenham, suportando a entidade reguladora 1. As entidades reguladoras estão sujeitas à jurisdição
as despesas inerentes. do Tribunal de Contas.
CAPÍTULO VI 2. Os actos e contratos das entidades reguladoras não
RESPONSABILIDADE E CONTROLO JUDICIAL estão sujeitos a visto prévio do Tribunal de Contas, sendo,
no entanto, obrigatória a apresentação das contas anuais
Artigo 77.º
para efeitos de julgamento.
Responsabilidade disciplinar, financeira, civil e penal
CAPÍTULO VII
1. As entidades reguladoras, bem como os titulares dos
seus órgãos e os seus trabalhadores respondem financeira, DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
civil, criminal e disciplinarmente pelos actos e omissões Artigo 83.º
que pratiquem no exercício das suas funções, nos termos Remuneração dos titulares dos órgãos
da Constituição e demais legislação aplicável.
1. As remunerações dos membros do Conselho de
2. A responsabilidade financeira é efectivada pelo Administração das entidades reguladoras são fixadas por
Tribunal de Contas, nos termos da respectiva legislação. Resolução do Conselho de Ministros, ouvida a comissão de
Artigo 78.º remuneração, tendo em conta as condições do mercado e,
Responsabilidade pública das entidades reguladoras em particular, a política salarial das entidades reguladas.
1. As entidades reguladoras devem enviar anualmente 2. Na fixação dessas remunerações podem ser estabelecidas
ao Governo e à comissão especializada competente da diferenciações entre as entidades reguladoras, tendo
Assembleia Nacional um relatório sobre a respectiva em conta, nomeadamente, os sectores de actividade, a
actividade regulatória, o qual é igualmente publicado. complexidade da gestão e o montante das receitas e das
despesas de que as mesmas disponham.
2. A natureza e formato do relatório de actividade
regulatória são objecto de regulamentação pelo Governo. 3. O disposto nos números anteriores aplica-se às
remunerações dos membros do Conselho Fiscal das
3. Sempre que tal lhe seja solicitado, o Presidente do entidades reguladoras.
Conselho de Administração da entidade reguladora deve
apresentar-se perante a comissão especializada competente 4. O exercício dos cargos do Conselho Consultivo não é
da Assembleia Nacional, para prestar esclarecimentos remunerado, sem prejuízo do pagamento das ajudas de
ou dar conta das actividades da entidade reguladora custo e de senhas de presença.
respectiva. Artigo 84.º
Artigo 79.º Regras aplicáveis aos mandatos em curso
Avaliação sistémica
O disposto no artigo 54 e no número 1 do artigo 83.º não
O Governo promove regularmente a avaliação sistémica se aplica aos mandatos em curso dos órgãos das entidades
e do impacto da actividade de regulação através de peritos reguladoras, aplicando-se, porém, nas suas renovações
e estudos independentes. ou reconduções.
I SÉRIE — NO 1 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 6 DE JANEIRO DE 2016 51
Artigo 85.º Artigo 90.º
1. Os titulares dos órgãos das entidades reguladoras, os Os titulares dos órgãos das entidades reguladoras
mandatários destas, as pessoas ou entidades qualificadas, existentes permanecem em funções até ao termo dos seus
devidamente credenciadas, bem como os seus trabalhadores, mandatos actuais, ou até à entrada em vigor dos estatutos
eventuais ou permanentes, estão especialmente obrigados das entidades reguladoras reformulados de acordo com
a guardar sigilo de todos os factos cujo conhecimento lhes a presente lei, conforme couber.
advenha exclusivamente pelo exercício das suas funções. Artigo 91.º
2. Sem prejuízo do disposto na legislação penal e civil, a Inspecção-Geral das Actividades Económicas
violação do dever de sigilo profissional previsto no número
Enquanto não for criada a entidade fiscalizadora
anterior constitui infracção disciplinar.
externa do Estado referida na alínea b) do artigo 17º, a
Artigo 86.º articulação aí prevista é efectuada com a Inspecção-Geral
Publicação das deliberações das Actividades Económicas (IGAE).
Artigo 92.º
São objecto de publicação no Boletim Oficial e
disponibilizados através de brochuras e, quando exista, Fundo
no site das entidades reguladoras:
Até a criação do Fundo referido na alínea f) do artigo
a) As decisões das entidades reguladoras relativas 67.º, os valores a este destinado são revertidos para o
a tarifas e preços; Tesouro do Estado.
Artigo 93.º
b) Os regulamentos emitidos pelas entidades
reguladoras; Revogação