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o 45 — 22 de Fevereiro de 2002
Artigo 3.o
Parte geral
Poderes dos tribunais administrativos
CAPÍTULO I 1 — No respeito pelo princípio da separação e inter-
dependência dos poderes, os tribunais administrativos
Disposições fundamentais julgam do cumprimento pela Administração das normas
e princípios jurídicos que a vinculam e não da conve-
Artigo 1.o niência ou oportunidade da sua actuação.
Direito aplicável
2 — Por forma a assegurar a efectividade da tutela,
os tribunais administrativos podem fixar oficiosamente
O processo nos tribunais administrativos rege-se pela um prazo para o cumprimento dos deveres que impo-
presente lei, pelo Estatuto dos Tribunais Administra- nham à Administração e aplicar, quando tal se justifique,
tivos e Fiscais e, supletivamente, pelo disposto na lei sanções pecuniárias compulsórias.
de processo civil, com as necessárias adaptações. 3 — Os tribunais administrativos asseguram ainda a
execução das suas sentenças, designadamente daquelas
que proferem contra a Administração, seja através da
Artigo 2.o emissão de sentença que produza os efeitos do acto
Tutela jurisdicional efectiva
administrativo devido, quando a prática e o conteúdo
deste acto sejam estritamente vinculados, seja providen-
1 — O princípio da tutela jurisdicional efectiva com- ciando a concretização material do que foi determinado
preende o direito de obter, em prazo razoável, uma na sentença.
decisão judicial que aprecie, com força de caso julgado, Artigo 4.o
cada pretensão regularmente deduzida em juízo, bem Cumulação de pedidos
como a possibilidade de a fazer executar e de obter
as providências cautelares, antecipatórias ou conserva- 1 — É permitida a cumulação de pedidos sempre que:
tórias, destinadas a assegurar o efeito útil da decisão.
a) A causa de pedir seja a mesma e única ou os
2 — A todo o direito ou interesse legalmente pro-
pedidos estejam entre si numa relação de pre-
tegido corresponde a tutela adequada junto dos tribunais
judicialidade ou de dependência, nomeada-
administrativos, designadamente para o efeito de obter:
mente por se inscreverem no âmbito da mesma
a) O reconhecimento de situações jurídicas sub- relação jurídica material;
jectivas directamente decorrentes de normas b) Sendo diferente a causa de pedir, a procedência
jurídico-administrativas ou de actos jurídicos dos pedidos principais dependa essencialmente
praticados ao abrigo de disposições de direito da apreciação dos mesmos factos ou da inter-
administrativo; pretação e aplicação dos mesmos princípios ou
b) O reconhecimento da titularidade de qualidades regras de direito.
ou do preenchimento de condições;
c) O reconhecimento do direito à abstenção de 2 — É, designadamente, possível cumular:
comportamentos e, em especial, à abstenção da a) O pedido de anulação ou declaração de nulidade
emissão de actos administrativos, quando exista ou inexistência de um acto administrativo com
a ameaça de uma lesão futura; o pedido de condenação da Administração ao
d) A anulação ou a declaração de nulidade ou ine- restabelecimento da situação que existiria se o
xistência de actos administrativos; acto não tivesse sido praticado;
e) A condenação da Administração ao pagamento b) O pedido de declaração da ilegalidade de uma
de quantias, à entrega de coisas ou à prestação norma com qualquer dos pedidos mencionados
de factos; na alínea anterior;
f) A condenação da Administração à reintegração c) O pedido de condenação da Administração à
natural de danos e ao pagamento de indem- prática de um acto administrativo legalmente
nizações; devido com qualquer dos pedidos mencionados
g) A resolução de litígios respeitantes à interpre- na alínea a);
tação, validade ou execução de contratos cuja d) O pedido de anulação ou declaração de nulidade
apreciação pertença ao âmbito da jurisdição ou inexistência de um acto administrativo com
administrativa; o pedido de anulação ou declaração de nulidade
h) A declaração de ilegalidade de normas emitidas de contrato cuja validade dependa desse acto;
ao abrigo de disposições de direito adminis- e) O pedido de anulação ou declaração de nulidade
trativo; ou inexistência de um acto administrativo com
i) A condenação da Administração à prática de o pedido de reconhecimento de uma situação
actos administrativos legalmente devidos; jurídica subjectiva;
j) A condenação da Administração à prática dos f) O pedido de condenação da Administração à
actos e operações necessários ao restabeleci- reparação de danos causados com qualquer dos
mento de situações jurídicas subjectivas; pedidos mencionados nas alíneas anteriores;
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g) Qualquer pedido relacionado com questões de c) A emissão de novos actos administrativos cuja
interpretação, validade ou execução de contra- manutenção na ordem jurídica possa colidir com
tos com a impugnação de actos administrativos os efeitos a que se dirige o processo em curso;
praticados no âmbito da relação contratual. d) A revogação do acto impugnado.
7 — Podem ser demandados particulares ou conces- 2 — Nos processos impugnatórios é possível a coli-
sionários, no âmbito de relações jurídico-administrativas gação de diferentes autores contra o mesmo acto jurí-
que os envolvam com entidades públicas ou com outros dico, bem como contra diferentes actos em relação aos
particulares. quais se preencha qualquer dos pressupostos estabe-
8 — Sem prejuízo da aplicação subsidiária, quando lecidos no número anterior.
tal se justifique, do disposto na lei processual civil em 3 — Havendo coligação sem que entre os pedidos
matéria de intervenção de terceiros, quando a satisfação exista a conexão exigida pelo n.o 1, o juiz notificará
de uma ou mais pretensões deduzidas contra a Admi- o autor ou autores para, no prazo de 10 dias, indicarem
nistração exija a colaboração de outra ou outras enti- o pedido que pretendem ver apreciado no processo,
dades, para além daquela contra à qual é dirigido o sob cominação de, não o fazendo, haver absolvição da
pedido principal, cabe a esta última promover a res- instância quanto a todos os pedidos.
pectiva intervenção no processo. 4 — No caso previsto no número anterior, bem como
quando haja ilegal coligação de autores, podem ser apre-
sentadas novas petições, no prazo de um mês a contar
Artigo 11.o do trânsito em julgado da decisão, considerando-se estas
Patrocínio judiciário e representação em juízo apresentadas na data de entrada da primeira, para efei-
tos da tempestividade da sua apresentação.
1 — Nos processos da competência dos tribunais
administrativos é obrigatória a constituição de advo-
gado. CAPÍTULO III
2 — Sem prejuízo da representação do Estado pelo
Da competência
Ministério Público nos processos que tenham por
objecto relações contratuais e de responsabilidade, as SECÇÃO I
pessoas colectivas de direito público ou os ministérios
podem ser representados em juízo por licenciado em Disposições gerais
Direito com funções de apoio jurídico, expressamente
designado para o efeito, cuja actuação no âmbito do Artigo 13.o
processo fica vinculada à observância dos mesmos deve- Conhecimento da competência e do âmbito da jurisdição
res deontológicos, designadamente de sigilo, que obri-
gam o mandatário da outra parte. O âmbito da jurisdição administrativa e a competência
3 — Para o efeito do disposto no número anterior, dos tribunais administrativos, em qualquer das suas
e sem prejuízo do disposto nos dois números seguintes, espécies, é de ordem pública e o seu conhecimento pre-
o poder de designar o representante em juízo da pessoa cede o de qualquer outra matéria.
colectiva de direito público ou, no caso do Estado, do
ministério compete ao auditor jurídico ou ao responsável Artigo 14.o
máximo pelos serviços jurídicos da pessoa colectiva ou
Petição a tribunal incompetente
do ministério.
4 — Nos processos em que esteja em causa a actuação 1 — Quando a petição seja dirigida a tribunal incom-
ou omissão de uma entidade administrativa indepen- petente, o processo deve ser oficiosamente remetido ao
dente, ou outra que não se encontre integrada numa tribunal administrativo competente.
estrutura hierárquica, a designação do representante em 2 — Quando a petição seja dirigida a tribunal incom-
juízo pode ser feita por essa entidade. petente, sem que o tribunal competente pertença à juris-
5 — Nos processos em que esteja em causa a actuação dição administrativa, pode o interessado, no prazo de
ou omissão de um órgão subordinado a poderes hie- 30 dias a contar do trânsito em julgado da decisão que
rárquicos, a designação do representante em juízo pode declare a incompetência, requerer a remessa do processo
ser feita por esse órgão, mas a existência do processo ao tribunal competente, com indicação do mesmo.
é imediatamente comunicada ao ministro ou ao órgão 3 — Em ambos os casos previstos nos números ante-
superior da pessoa colectiva. riores, a petição considera-se apresentada na data do
primeiro registo de entrada, para efeitos da tempes-
tividade da sua apresentação.
Artigo 12.o
Coligação Artigo 15.o
1 — Podem coligar-se vários autores contra um ou Extensão da competência à decisão de questões prejudiciais
vários demandados e pode um autor dirigir a acção con-
juntamente contra vários demandados, por pedidos dife- 1 — Quando o conhecimento do objecto da acção
rentes, quando: dependa, no todo ou em parte, da decisão de uma ou
mais questões da competência de tribunal pertencente
a) A causa de pedir seja a mesma e única ou os a outra jurisdição, pode o juiz sobrestar na decisão até
pedidos estejam entre si numa relação de pre- que o tribunal competente se pronuncie.
judicialidade ou de dependência, nomeada- 2 — A suspensão fica sem efeito se a acção da com-
mente por se inscreverem no âmbito da mesma petência do tribunal pertencente a outra jurisdição não
relação jurídica material; for proposta no prazo de dois meses ou se ao respectivo
b) Sendo diferente a causa de pedir, a procedência processo não for dado andamento, por negligência das
dos pedidos principais depende essencialmente partes, durante o mesmo prazo.
da apreciação dos mesmos factos ou da inter- 3 — No caso previsto no número anterior, deve pros-
pretação e aplicação dos mesmos princípios ou seguir o processo do contencioso administrativo, sendo
regras de direito. a questão prejudicial decidida com efeitos a ele restritos.
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do tribunal, no respeito pelo princípio da imparcialidade 3 — A apensação pode ser requerida ao tribunal
e do juiz natural: perante o qual se encontre pendente o processo a que
os outros tenham de ser apensados e, quando se trate
a) Espécies de processos, classificadas segundo cri- de processos que estejam pendentes perante o mesmo
térios a definir pelo Conselho Superior dos Tri- juiz, deve ser por este oficiosamente determinada, ouvi-
bunais Administrativos e Fiscais, sob proposta das as partes.
do presidente do tribunal;
4 — Importa baixa na distribuição a apensação de
b) Carga de trabalho dos juízes e respectiva dis-
processo distribuído a juiz diferente.
ponibilidade para o serviço;
c) Tipo de matéria a apreciar, desde que, no tri-
bunal, haja um mínimo de três juízes afectos Artigo 29.o
à apreciação de cada tipo de matéria.
Prazos processuais
do tribunal e da entidade demandada, do sentido e data já vencidos e a vencer durante a pendência da causa,
da decisão, da norma ou acto impugnado e da forma na fixação do valor atende-se somente aos interesses
e local da respectiva publicação. já vencidos.
9 — No caso de pedidos alternativos, atende-se uni-
camente ao pedido de valor mais elevado e, no caso
CAPÍTULO V de pedidos subsidiários, ao pedido formulado em pri-
meiro lugar.
Do valor das causas e das formas do processo
Artigo 33.o
SECÇÃO I Critérios especiais
2 — Os casos previstos nos títulos III e IV regem-se f) Responsabilidade civil das pessoas colectivas,
pelas disposições aí previstas e pelas disposições gerais, bem como dos titulares dos seus órgãos, fun-
sendo subsidiariamente aplicável o disposto na lei pro- cionários ou agentes, incluindo acções de
cessual civil. regresso;
g) Condenação ao pagamento de indemnizações
Artigo 36.o decorrentes da imposição de sacrifícios por
Processos urgentes razões de interesse público;
h) Interpretação, validade ou execução de con-
1 — Sem prejuízo dos demais casos previstos na lei, tratos;
têm carácter urgente os processos relativos a: i) Enriquecimento sem causa;
a) Contencioso eleitoral, com o âmbito definido j) Relações jurídicas entre entidades administra-
neste Código; tivas.
b) Contencioso pré-contratual, com o âmbito defi-
nido neste Código; 3 — Quando, sem fundamento em acto administra-
c) Intimação para prestação de informações, con- tivo impugnável, particulares, nomeadamente conces-
sulta de documentos ou passagem de certidões; sionários, violem vínculos jurídico-administrativos
d) Intimação para defesa de direitos, liberdades decorrentes de normas, actos administrativos ou con-
e garantias; tratos, ou haja fundado receio de que os possam violar,
e) Providências cautelares. sem que, solicitadas a fazê-lo, as autoridades compe-
tentes tenham adoptado as medidas adequadas, qual-
2 — Os processos urgentes correm em férias, com dis- quer pessoa ou entidade cujos direitos ou interesses
pensa de vistos prévios, mesmo em fase de recurso juris- sejam directamente ofendidos pode pedir ao tribunal
dicional, e os actos da secretaria são praticados no pró- que condene os mesmos a adoptaram ou a absterem-se
prio dia, com precedência sobre quaisquer outros. de certo comportamento, por forma a assegurar o cum-
primento dos vínculos em causa.
e) Por quem alegue que o clausulado do contrato 2 — O processo segue os termos do processo sumário
não corresponde aos termos inicialmente esta- quando o valor da causa não exceda o da alçada do
belecidos e que justificadamente o tinham Tribunal Central Administrativo.
levado a não participar no concurso, embora 3 — O processo segue os termos do processo suma-
preenchesse os requisitos necessários para o ríssimo quando o valor da causa seja inferior à alçada
efeito; do tribunal administrativo de círculo e a acção se destine
f) Pelas pessoas singulares ou colectivas titulares ao cumprimento de obrigações pecuniárias, à indem-
ou defensoras de direitos subjectivos ou inte- nização por danos ou à entrega de coisas móveis.
resses legalmente protegidos aos quais a exe-
cução do contrato cause ou possa previsivel-
mente causar prejuízos. Artigo 44.o
Fixação de prazo e imposição de sanção pecuniária compulsória
2 — Os pedidos relativos à execução de contratos Nas sentenças que imponham o cumprimento de
podem ser deduzidos: deveres à Administração, o tribunal tem o poder de
a) Pelas partes na relação contratual; fixar oficiosamente um prazo para o respectivo cum-
b) Pelas pessoas singulares ou colectivas portado- primento que, em casos justificados, pode ser prorro-
ras ou defensoras de direitos subjectivos ou inte- gado, bem como, quando tal se justifique, o poder de
resses legalmente protegidos em função dos impor sanção pecuniária compulsória destinada a pre-
quais as cláusulas contratuais tenham sido venir o incumprimento, segundo o disposto no artigo 169.o
estabelecidas;
c) Pelo Ministério Público, quando se trate de cláu- Artigo 45.o
sulas cujo incumprimento possa afectar um inte-
Modificação objectiva da instância
resse público especialmente relevante;
d) Pelas pessoas e entidades mencionadas no n.o 2 1 — Quando, em processo movido contra a Admi-
do artigo 9.o; nistração, se verifique que à satisfação dos interesses
e) Por quem tenha sido preterido no concurso que do autor obsta a existência de uma situação de impos-
precedeu a celebração do contrato. sibilidade absoluta ou que o cumprimento, por parte
da Administração, dos deveres a que seria condenada
originaria um grave prejuízo para o interesse público,
Artigo 41.o
o tribunal não profere a sentença requerida, mas convida
Prazos as partes a acordarem, no prazo de 20 dias, no montante
da indemnização devida.
1 — Sem prejuízo do disposto na lei substantiva, a 2 — O prazo mencionado no número anterior pode
acção administrativa comum pode ser proposta a todo ser prorrogado até 60 dias, caso seja previsível que o
o tempo. acordo venha a concretizar-se em momento próximo.
2 — Os pedidos de anulação, total ou parcial, de con- 3 — Na falta de acordo, o autor pode requerer a fixa-
tratos podem ser deduzidos no prazo de seis meses con- ção judicial da indemnização devida, devendo o tribunal,
tado da data da celebração do contrato ou, quanto a nesse caso, ordenar as diligências instrutórias que con-
terceiros, do conhecimento do seu clausulado. sidere necessárias e determinar a abertura de vista simul-
3 — A impugnação de actos lesivos exprime a inten- tânea aos juízes-adjuntos quando se trate de tribunal
ção, por parte do autor, de exercer o direito à reparação colegial.
dos danos que tenha sofrido, para o efeito de inter- 4 — Cumpridos os trâmites previstos no número ante-
romper a prescrição deste direito, nos termos gerais. rior, o tribunal fixa o montante da indemnização devida.
5 — O disposto nos números anteriores não impede
o autor de optar por deduzir pedido autónomo de repa-
Artigo 42.o ração de todos os danos resultantes da actuação ilegítima
Tramitação da Administração.
2 — Nos processos referidos no número anterior b) Cuja validade possa ser verificada com base na
podem ser formulados os seguintes pedidos principais: apreciação das mesmas circunstâncias de facto
e dos mesmos fundamentos de direito.
a) Anulação de um acto administrativo ou decla-
ração da sua nulidade ou inexistência jurídica;
5 — No caso de absolvição da instância por ilegal
b) Condenação à prática de um acto administrativo
legalmente devido; cumulação de impugnações, podem ser apresentadas
c) Declaração da ilegalidade de uma norma emi- novas petições, no prazo de um mês a contar do trânsito
tida ao abrigo de disposições de direito admi- em julgado, considerando-se estas apresentadas na data
nistrativo; de entrada da primeira para efeitos da tempestividade
d) Declaração da ilegalidade da não emanação de da sua apresentação.
uma norma que devesse ter sido emitida ao
abrigo de disposições de direito administrativo. Artigo 48.o
Processos em massa
3 — A impugnação de actos administrativos pratica-
dos no âmbito do procedimento de formação de con- 1 — Quando sejam intentados mais de 20 processos
tratos rege-se pelo disposto no presente título, sem pre- que, embora reportados a diferentes pronúncias da
juízo do regime especial dos artigos 100.o e seguintes, mesma entidade administrativa, digam respeito à mesma
apenas respeitante à impugnação de actos relativos à relação jurídica material ou, ainda que respeitantes a
formação dos contratos aí especificamente previstos.
diferentes relações jurídicas coexistentes em paralelo,
sejam susceptíveis de ser decididos com base na apli-
Artigo 47.o cação das mesmas normas a idênticas situações de facto,
o presidente do tribunal pode determinar, ouvidas as
Cumulação de pedidos
partes, que seja dado andamento a apenas um ou alguns
1 — Com qualquer dos pedidos principais enunciados deles, que neste último caso são apensados num único
no n.o 2 do artigo anterior podem ser cumulados outros processo, e se suspenda a tramitação dos demais.
que com aqueles apresentem uma relação material de 2 — O tribunal pode igualmente determinar, ouvidas
conexão, segundo o disposto no artigo 4.o, e, designa- as partes, a suspensão dos processos que venham a ser
damente, o pedido de condenação da Administração intentados na pendência do processo seleccionado e que
à reparação dos danos resultantes da actuação ou omis- preencham os pressupostos previstos no número ante-
são administrativa ilegal. rior.
2 — O pedido de anulação ou de declaração de nuli- 3 — No exercício dos poderes conferidos nos números
dade ou inexistência de um acto administrativo pode anteriores, o tribunal deve certificar-se de que no pro-
ser nomeadamente cumulado com: cesso ou processos aos quais seja dado andamento prio-
ritário a questão é debatida em todos os seus aspectos
a) O pedido de condenação à prática do acto admi- de facto e de direito e que a suspensão da tramitação
nistrativo devido, em substituição, total ou par- dos demais processos não tem o alcance de limitar o
cial, do acto praticado; âmbito da instrução, afastando a apreciação de factos
b) O pedido de condenação da Administração à ou a realização de diligências de prova necessárias para
adopção dos actos e operações necessários para o completo apuramento da verdade.
reconstituir a situação que existiria se o acto 4 — Ao processo ou processos seleccionados segundo
anulado não tivesse sido praticado e dar cum-
o disposto no n.o 1 é aplicável o disposto neste Código
primento aos deveres que ela não tenha cum-
para os processos urgentes e no seu julgamento intervêm
prido com fundamento no acto impugnado;
todos os juízes do tribunal ou da secção.
c) O pedido de anulação ou declaração de nulidade
do contrato em cujo procedimento de formação 5 — Quando no processo seleccionado seja emitida
se integrava o acto impugnado; pronúncia transitada em julgado, as partes são imedia-
d) Outros pedidos relacionados com a execução tamente notificadas da sentença, podendo o autor optar
do contrato, quando o acto impugnado seja rela- por:
tivo a essa execução. a) Desistir do seu próprio processo;
b) Requerer ao tribunal a extensão ao seu caso
3 — A não formulação dos pedidos cumulativos men- dos efeitos da sentença proferida, deduzindo
cionados no número anterior não preclude a possibi- qualquer das pretensões enunciadas nos n.os 3,
lidade de as mesmas pretensões serem accionadas no 4 e 5 do artigo 176.o;
âmbito do processo de execução da sentença de anu- c) Requerer a continuação do seu próprio pro-
lação. cesso;
4 — Salvo quando seja apresentada em termos de sub- d) Recorrer da sentença, no prazo de 30 dias, no
sidiariedade ou de alternatividade, é possível a cumu- caso de ela ter sido proferida em primeira
lação de impugnações de actos administrativos: instância.
a) Que se encontrem entre si colocados numa rela-
ção de prejudicialidade ou de dependência, 6 — Quando seja apresentado o requerimento a que
nomeadamente por estarem inseridos no se refere a alínea b) do número anterior, seguem-se
mesmo procedimento ou porque da existência os trâmites do processo de execução das sentenças de
ou validade de um deles depende a validade anulação de actos administrativos previstos nos arti-
do outro; gos 177.o a 179.o
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e) Presidentes de órgãos colegiais, em relação a não era exigível a um cidadão normalmente diligente,
actos praticados pelo respectivo órgão, bem por:
como outras autoridades, em defesa da lega-
lidade administrativa, nos casos previstos na lei; a) A conduta da Administração ter induzido o inte-
f) Pessoas e entidades mencionadas no n.o 2 do ressado em erro;
artigo 9.o b) O atraso dever ser considerado desculpável,
atendendo à ambiguidade do quadro normativo
2 — A qualquer eleitor, no gozo dos seus direitos civis aplicável ou às dificuldades que, no caso con-
e políticos, é permitido impugnar as deliberações adop- creto, se colocavam quanto à identificação do
tadas por órgãos das autarquias locais sediadas na cir- acto impugnável, ou à sua qualificação como
cunscrição onde se encontre recenseado. acto administrativo ou como norma;
3 — A intervenção do interessado no procedimento c) Se ter verificado uma situação de justo impe-
em que tenha sido praticado o acto administrativo cons- dimento.
titui mera presunção de legitimidade para a sua impug- Artigo 59.o
nação.
Início dos prazos de impugnação
Artigo 56.o
1 — O prazo para a impugnação pelos destinatários
Aceitação do acto
a quem o acto administrativo deva ser notificado só
1 — Não pode impugnar um acto administrativo corre a partir da data da notificação, ainda que o acto
quem o tenha aceitado, expressa ou tacitamente, depois tenha sido objecto de publicação obrigatória.
de praticado. 2 — O disposto no número anterior não impede a
2 — A aceitação tácita deriva da prática, espontânea impugnação, se a execução do acto for desencadeada
e sem reserva, de facto incompatível com a vontade sem que a notificação tenha tido lugar.
de impugnar. 3 — O prazo para a impugnação por quaisquer outros
3 — A execução ou acatamento por funcionário ou interessados começa a correr a partir do seguinte facto
agente não se considera aceitação tácita do acto exe- que primeiro se verifique:
cutado ou acatado, salvo quando dependa da vontade a) Notificação;
daqueles a escolha da oportunidade da execução. b) Publicação;
c) Conhecimento do acto ou da sua execução.
Artigo 57.o
4 — A utilização de meios de impugnação adminis-
Contra-interessados
trativa suspende o prazo de impugnação contenciosa
Para além da entidade autora do acto impugnado, do acto administrativo, que só retoma o seu curso com
são obrigatoriamente demandados os contra-interessa- a notificação da decisão proferida sobre a impugnação
dos a quem o provimento do processo impugnatório administrativa ou com o decurso do respectivo prazo
possa directamente prejudicar ou que tenham legítimo legal.
interesse na manutenção do acto impugnado e que pos- 5 — A suspensão do prazo prevista no número ante-
sam ser identificados em função da relação material rior não impede o interessado de proceder à impugnação
em causa ou dos documentos contidos no processo contenciosa do acto na pendência da impugnação admi-
administrativo. nistrativa, bem como de requerer a adopção de pro-
vidências cautelares.
SUBSECÇÃO III 6 — O prazo para a impugnação pelo Ministério
Público conta-se a partir da data da prática do acto
Dos prazos de impugnação ou da sua publicação, quando obrigatória.
7 — O Ministério Público pode impugnar o acto em
Artigo 58.o momento anterior ao da publicação obrigatória, caso
Prazos
tenha sido entretanto desencadeada a sua execução.
8 — A rectificação do acto administrativo ou da sua
1 — A impugnação de actos nulos ou inexistentes não notificação ou publicação não determina o início de novo
está sujeita a prazo. prazo, salvo quando diga respeito à indicação do autor,
2 — Salvo disposição em contrário, a impugnação de do sentido ou dos fundamentos da decisão.
actos anuláveis tem lugar no prazo de:
a) Um ano, se promovida pelo Ministério Público; Artigo 60.o
b) Três meses, nos restantes casos. Notificação ou publicação deficientes
3 — A contagem dos prazos referidos no número 1 — O acto administrativo não é oponível ao inte-
anterior obedece ao regime aplicável aos prazos para ressado quando a notificação ou a publicação, quando
a propositura de acções que se encontram previstos no exigível, não dêem a conhecer o sentido da decisão.
Código de Processo Civil. 2 — Quando a notificação ou a publicação do acto
4 — Desde que ainda não tenha expirado o prazo administrativo não contenham a indicação do autor, da
de um ano, a impugnação será admitida, para além do data ou dos fundamentos da decisão, tem o interessado
prazo de três meses da alínea b) do n.o 2, caso se demons- a faculdade de requerer à entidade que proferiu o acto
tre, com respeito pelo princípio do contraditório, que, a notificação das indicações em falta ou a passagem
no caso concreto, a tempestiva apresentação da petição de certidão que as contenha, bem como, se necessário,
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de pedir a correspondente intimação judicial, nos termos da existência dos eventuais actos conexos com o acto
previstos nos artigos 104.o e seguintes deste Código. impugnado que venham a ser praticados na pendência
3 — A apresentação, no prazo de 30 dias, de reque- do mesmo.
rimento dirigido ao autor do acto, ao abrigo do disposto
no número anterior, interrompe o prazo de impugnação, Artigo 64.o
mantendo-se a interrupção se vier a ser pedida a inti- Revogação do acto impugnado com efeitos retroactivos
mação judicial a que se refere o mesmo número.
4 — Não são oponíveis ao interessado eventuais erros 1 — Quando, na pendência do processo, seja profe-
contidos na notificação ou na publicação, no que se rido acto revogatório com efeitos retroactivos do acto
refere à indicação do autor, da data, do sentido ou dos impugnado, acompanhado de nova regulação da situa-
fundamentos da decisão, bem como eventual erro ou ção, pode o autor requerer que o processo prossiga con-
omissão quanto à existência de delegação ou subde- tra o novo acto, com a faculdade de alegação de novos
legação de poderes. fundamentos e do oferecimento de diferentes meios de
prova.
2 — O requerimento a que se refere o número ante-
SUBSECÇÃO IV rior deve ser apresentado no prazo de impugnação do
acto revogatório e antes do trânsito em julgado da deci-
Da instância são que julgue extinta a instância.
3 — O disposto no n.o 1 é aplicável a todos os casos
Artigo 61.o em que o acto impugnado seja, total ou parcialmente,
alterado ou substituído por outro com os mesmos efei-
Apensação de impugnações
tos, e ainda no caso de o acto revogatório já ter sido
1 — Quando sejam separadamente intentados dife- praticado no momento em que o processo foi intentado,
rentes processos impugnatórios em alguma das situações sem que o autor disso tivesse ou devesse ter conhe-
em que, de acordo com o disposto no n.o 4 do artigo 47.o, cimento.
seja admitida a cumulação de impugnações, a apensação Artigo 65.o
dos processos deve ser ordenada no que foi interposto
em primeiro lugar, nos termos do artigo 28.o Revogação do acto impugnado sem efeitos retroactivos
2 — O processo impugnatório apensado é carregado 1 — Quando na pendência do processo, seja proferido
ao relator na espécie respectiva quando a apensação acto revogatório sem efeitos retroactivos do acto impug-
se fundamente em conexão ou dependência entre actos nado, o processo prossegue em relação aos efeitos
impugnados ou na circunstância de pertencerem ao produzidos.
mesmo procedimento administrativo. 2 — O disposto no número anterior é aplicável aos
casos em que, por forma diversa da revogação, cesse
Artigo 62.o ou se esgote a produção de efeitos do acto impugnado,
designadamente pela sua integral execução no plano
Prossecução da acção pelo Ministério Público dos factos.
3 — Quando a cessação de efeitos do acto impugnado
1 — O Ministério Público pode, no exercício da acção seja acompanhada de nova regulação da situação, o
pública, assumir a posição de autor, requerendo o segui- autor goza da faculdade prevista no artigo anterior.
mento de processo que, por decisão ainda não tran- 4 — O disposto no n.o 1 é aplicável aos casos em
sitada, tenha terminado por desistência ou outra cir- que o acto revogatório já tinha sido praticado no
cunstância própria do autor. momento em que o processo foi intentado, sem que
2 — Para o efeito do disposto no número anterior, o autor disso tivesse ou devesse ter conhecimento.
o juiz, uma vez extinta a instância, dará vista do processo
ao Ministério Público.
SECÇÃO II
o
Artigo 63. Condenação à prática de acto devido
Modificação objectiva de instância
Artigo 66.o
1 — Quando por não ter sido decretada, a título cau- Objecto
telar, a suspensão do procedimento em que se insere
o acto impugnado, este tenha seguimento na pendência 1 — A acção administrativa especial pode ser utili-
do processo, pode o objecto ser ampliado à impugnação zada para obter a condenação da entidade competente
de novos actos que venham a ser praticados no âmbito à prática, dentro de determinado prazo, de um acto
desse procedimento, bem como à formulação de novas administrativo ilegalmente omitido ou recusado.
pretensões que com aquela possam ser cumuladas. 2 — Ainda que a prática do acto devido tenha sido
2 — O disposto no número anterior é extensivo ao expressamente recusada, o objecto do processo é a pre-
caso de o acto impugnado ser relativo à formação de tensão do interessado e não o acto de indeferimento,
um contrato e este vir a ser celebrado na pendência cuja eliminação da ordem jurídica resulta directamente
do processo, como também às situações em que sobre- da pronúncia condenatória.
venham actos administrativos cuja validade dependa da 3 — Quando o considere justificado, pode o tribunal
existência ou validade do acto impugnado, ou cujos efei- impor, logo na sentença de condenação, sanção pecu-
tos se oponham à utilidade pretendida no processo. niária compulsória destinada a prevenir o incumpri-
3 — Para o efeito do disposto nos números anteriores, mento, sendo, neste caso, aplicável o disposto no
deve a Administração trazer ao processo a informação artigo 169.o
N.o 45 — 22 de Fevereiro de 2002 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A 1435
a sê-lo em momento próximo, desde que a aplicação administrativo competente que aprecie e verifique a exis-
da norma tenha sido recusada por qualquer tribunal, tência de situações de ilegalidade por omissão das nor-
em três casos concretos, com fundamento na sua mas cuja adopção, ao abrigo de disposições de direito
ilegalidade. administrativo, seja necessária para dar exequibilidade
2 — Sem prejuízo do disposto no número anterior, a actos legislativos carentes de regulamentação.
quando os efeitos de uma norma se produzam imedia- 2 — Quando o tribunal verifique a existência de uma
tamente, sem dependência de um acto administrativo situação de ilegalidade por omissão, nos termos do
ou jurisdicional de aplicação, o lesado pode obter a desa- número anterior, disso dará conhecimento à entidade
plicação da norma pedindo a declaração da sua ilega- competente, fixando prazo, não inferior a seis meses,
lidade com efeitos circunscritos ao seu caso. para que a omissão seja suprida.
3 — O Ministério Público pode pedir a declaração
de ilegalidade com força obrigatória geral, sem neces-
sidade da verificação da recusa de aplicação em três CAPÍTULO III
casos concretos a que se refere o n.o 1.
4 — O Ministério Público tem o dever de pedir a Marcha do processo
declaração de ilegalidade com força obrigatória geral
quando tenha conhecimento de três decisões de desa- SECÇÃO I
plicação de uma norma com fundamento na sua ile- Dos articulados
galidade.
5 — Para o efeito do disposto no número anterior,
Artigo 78.o
a secretaria, após o respectivo trânsito em julgado,
remete ao representante do Ministério Público junto Requisitos da petição inicial
do tribunal certidão das sentenças que tenham desa-
plicado, com fundamento em ilegalidade, quaisquer normas 1 — A instância constitui-se com a propositura da
emitidas ao abrigo de disposições de direito administrativo. acção e esta considera-se proposta logo que a petição
inicial seja recebida na secretaria do tribunal ao qual
é dirigida.
Artigo 74.o 2 — Na petição, deduzida por forma articulada, deve
Inexistência de prazo o autor:
A declaração de ilegalidade pode ser pedida a todo a) Designar o tribunal em que a acção é proposta;
o tempo. b) Indicar o seu nome e residência;
Artigo 75.o c) Indicar o domicílio profissional do mandatário
judicial;
Decisão d) Identificar o acto jurídico impugnado, quando
O juiz pode decidir com fundamento na ofensa de seja o caso;
princípios ou normas jurídicas diversos daqueles cuja e) Indicar o órgão que praticou ou devia ter pra-
violação haja sido invocada. ticado o acto, ou a pessoa colectiva de direito
público ou o ministério a que esse órgão
pertence;
Artigo 76.o f) Indicar o nome e a residência dos eventuais
Efeitos da declaração de ilegalidade com força obrigatória geral contra-interessados;
g) Expor os factos e as razões de direito que fun-
1 — A declaração com força obrigatória geral da ile- damentam a acção;
galidade de uma norma, nos termos previstos neste h) Formular o pedido;
Código, produz efeitos desde a data da emissão da i) Declarar o valor da causa;
norma e determina a repristinação das normas que ela j) Indicar a forma do processo;
haja revogado. l) Indicar os factos cuja prova se propõe fazer,
2 — O tribunal pode, no entanto, determinar que os juntando os documentos que desde logo pro-
efeitos da decisão se produzam apenas a partir da data vem, esses factos ou informando que eles cons-
do trânsito em julgado da sentença quando razões de tam do processo administrativo;
segurança jurídica, de equidade ou de interesse público m) Identificar os documentos que acompanham a
de excepcional relevo, devidamente fundamentadas, o petição.
justifiquem.
3 — A retroactividade da declaração de ilegalidade 3 — Para o efeito do disposto na alínea e) do número
não afecta os casos julgados nem os actos administrativos anterior, a indicação do órgão que praticou ou devia
que entretanto se tenham tornado inimpugnáveis, salvo ter praticado o acto é suficiente para que se considere
decisão em contrário do tribunal, quando a norma res- indicada, quando o devesse ter sido, a pessoa colectiva
peite a matéria sancionatória e seja de conteúdo menos ou o ministério, pelo que a citação que venha a ser
favorável ao particular. dirigida ao órgão se considera feita, nesse caso, à pessoa
colectiva ou ao ministério a que o órgão pertence.
Artigo 77.o 4 — O autor pode requerer, na petição, a dispensa
Declaração de ilegalidade por omissão
da produção de qualquer prova, bem como da apre-
sentação de alegações.
1 — O Ministério Público, as demais pessoas e enti- 5 — É estabelecido, por portaria do Ministro da Jus-
dades defensoras dos interesses referidos no n.o 2 do tiça, o modelo a que devem obedecer os articulados
artigo 9.o e quem alegue um prejuízo directamente resul- no que se refere à indicação das menções que deles
tante da situação de omissão podem pedir ao tribunal devam constar.
N.o 45 — 22 de Fevereiro de 2002 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A 1437
5 — Se a um contra-interessado não tiver sido facul- ficação da junção do processo administrativo aos autos
tada, em tempo útil, a consulta ao processo adminis- ou, não tendo esta lugar, da apresentação das contes-
trativo, disso dará conhecimento ao juiz do processo, tações, disso sendo, de imediato, notificadas as partes.
que, neste caso, permitirá que a contestação seja apre-
sentada no prazo de 15 dias contado desde o momento
Artigo 86.o
em que o contra-interessado venha a ser notificado de
que o processo administrativo foi junto aos autos. Articulados supervenientes
TÍTULO IV SECÇÃO II
Contencioso pré-contratual
Dos processos urgentes
Artigo 100.o
CAPÍTULO I Âmbito
A intimação deve ser requerida ao tribunal compe- 1 — A intimação para protecção de direitos, liber-
tente no prazo de 20 dias, que se inicia com a verificação dades e garantias pode ser requerida quando a célere
de qualquer dos seguintes factos: emissão de uma decisão de mérito que imponha à Admi-
nistração a adopção de uma conduta positiva ou negativa
a) Decurso do prazo legalmente estabelecido, sem se revele indispensável para assegurar o exercício, em
que a entidade requerida satisfaça o pedido que tempo útil, de um direito, liberdade ou garantia, por
lhe foi dirigido; não ser possível ou suficiente, nas circunstâncias do caso,
b) Indeferimento do pedido; o decretamento provisório de uma providência cautelar,
c) Satisfação parcial do pedido. segundo o disposto no artigo 131.o
2 — A intimação também pode ser dirigida contra
Artigo 106.o particulares, designadamente concessionários, nomea-
damente para suprir a omissão, por parte da Admi-
Efeito interruptivo do prazo de impugnação nistração, das providências adequadas a prevenir ou
1 — O efeito interruptivo do prazo de impugnação reprimir condutas lesivas dos direitos, liberdades e
que decorre da apresentação dos pedidos de informação, garantias do interessado.
consulta de documentos ou passagem de certidão, 3 — Quando, nas circunstâncias enunciadas no n.o 1,
quando efectuados ao abrigo do disposto no n.o 2 do o interessado pretenda a emissão de um acto adminis-
artigo 60.o, mantém-se se o interessado requerer a inti- trativo estritamente vinculado, designadamente de exe-
mação judicial e cessa com: cução de um acto administrativo já praticado, o tribunal
emite sentença que produza os efeitos do acto devido.
a) O cumprimento da decisão que defira o pedido
de intimação ou com o trânsito em julgado da
que o indefira; Artigo 110.o
b) O trânsito em julgado da decisão que extinga Tramitação
a instância por satisfação do requerido na pen-
dência do pedido de intimação. 1 — Apresentado o requerimento, com duplicado, o
juiz ordena a notificação do requerido, com remessa
2 — Não se verifica o efeito interruptivo quando o do duplicado, para responder no prazo de sete dias.
tribunal competente para conhecer do meio contencioso 2 — Concluídas as diligências que se mostrem neces-
que venha a ser utilizado pelo requerente considere que sárias, cabe ao juiz decidir no prazo de cinco dias.
o pedido constituiu expediente manifestamente dilatório 3 — Quando a complexidade da matéria o justifique,
ou foi injustificado, por ser claramente desnecessário pode o juiz determinar que o processo siga a tramitação
para permitir o uso dos meios administrativos ou estabelecida no capítulo III do título III, sendo, nesse
contenciosos. caso, os prazos reduzidos a metade.
N.o 45 — 22 de Fevereiro de 2002 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A 1443
viamente certidão de que constem aqueles elementos 5 — Se a providência cautelar for requerida como
de identificação. incidente em processo já intentado e a entidade reque-
2 — A certidão a que se refere o número anterior rida e os contra-interessados já tiverem sido citados no
deve ser passada no prazo de vinte e quatro horas pela processo principal, são chamados por mera notificação.
autoridade requerida. 6 — Qualquer interessado que não tenha recebido a
3 — Se a certidão não for passada, o interessado junta citação só pode intervir no processo até à conclusão
prova de que a requereu e indica a identidade e resi- ao juiz ou relator para decisão.
dência dos contra-interessados que conheça.
4 — No caso previsto no número anterior, quando
Artigo 118.o
não haja fundamento para rejeição, o juiz ou relator,
no prazo de dois dias, intima a autoridade requerida Produção de prova
a remeter, também no prazo de dois dias, a certidão
1 — Na falta de oposição, presumem-se verdadeiros
pedida, fixando sanção pecuniária compulsória, segundo
os factos invocados pelo requerente.
o disposto no artigo 169.o
2 — Nas contestações, a entidade requerida e os con-
5 — A falta de remessa da certidão sem justificação tra-interessados podem oferecer meios de prova.
adequada é constitutiva de responsabilidade, nos termos 3 — Juntas as contestações ou decorrido o respectivo
previstos no artigo 159.o prazo, o processo é concluso ao juiz, que pode ordenar
as diligências de prova que considere necessárias.
Artigo 116.o 4 — As testemunhas oferecidas são apresentadas
pelas partes no dia e no local designados para a inqui-
Despacho liminar rição, não havendo adiamento por falta das testemunhas
ou dos mandatários.
1 — Sobre o requerimento do interessado recai des-
pacho de admissão ou rejeição. Artigo 119.o
2 — Constituem fundamento de rejeição: Prazo para a decisão
a) A falta de qualquer dos requisitos indicados no 1 — O juiz ou relator profere decisão no prazo de
n.o 3 do artigo 114.o que não seja suprida na cinco dias contado da data da apresentação da última
sequência de notificação para o efeito; contestação ou do decurso do respectivo prazo, ou da
b) A manifesta ilegitimidade do requerente; produção de prova, quando esta tenha tido lugar.
c) A manifesta ilegitimidade da entidade reque- 2 — O relator pode submeter o julgamento da pro-
rida; vidência à apreciação da conferência, quando a com-
d) A manifesta ilegalidade da pretensão formu- plexidade da matéria o justifique.
lada. 3 — O presidente do tribunal de círculo pode deter-
minar, por proposta do juiz do processo, que a questão
3 — A rejeição com os fundamentos indicados nas seja decidida em conferência de três juízes.
alíneas a) e c) do número anterior não obsta à pos-
sibilidade de apresentação de novo requerimento.
4 — A rejeição com os fundamentos indicados nas Artigo 120.o
alíneas b) e d) do n.o 2 não obsta à possibilidade de Critérios de decisão
apresentação de novo requerimento com fundamentos
diferentes ou supervenientes em relação aos invocados 1 — Sem prejuízo do disposto nos números seguintes,
no requerimento anterior. as providências cautelares são adoptadas:
a) Quando seja evidente a procedência da preten-
o são formulada ou a formular no processo prin-
Artigo 117.
cipal, designadamente por estar em causa a
Citação dos contra-interessados impugnação de acto manifestamente ilegal, de
acto de aplicação de norma já anteriormente
1 — Não havendo fundamento para rejeição, o reque- anulada ou de acto idêntico a outro já ante-
rimento é admitido, sendo citados para deduzir oposição riormente anulado ou declarado nulo ou ine-
a entidade requerida e os contra-interessados, se os hou- xistente;
ver, no prazo de 10 dias. b) Quando, estando em causa a adopção de uma
2 — Quando se verifique a situação prevista no n.o 1 providência conservatória, haja fundado receio
do artigo 115.o, a secretaria só expede as citações após da constituição de uma situação de facto con-
a resposta da autoridade requerida ou após o termo sumado ou da produção de prejuízos de difícil
do prazo respectivo. reparação para os interesses que o requerente
3 — A secretaria cita os contra-interessados indicados visa assegurar no processo principal e não seja
pelo requerente e, relativamente aos incertos ou de resi- manifesta a falta de fundamento da pretensão
dência desconhecida, emite anúncios que o requerente formulada ou a formular nesse processo ou a
deva fazer publicar em dois jornais diários de circulação existência de circunstâncias que obstem ao seu
nacional ou local, dependendo do âmbito da matéria conhecimento de mérito;
em causa, convidando-os a intervir até ao limite do prazo c) Quando, estando em causa a adopção de uma
do n.o 6. providência antecipatória, haja fundado receio
4 — No caso previsto no número anterior, quando da constituição de uma situação de facto con-
a pretensão esteja relacionada com a impugnação de sumado ou da produção de prejuízos de difícil
um acto a que tenha sido dado certo tipo de publicidade, reparação para os interesses que o requerente
a mesma é também utilizada para o anúncio. pretende ver reconhecidos no processo principal
N.o 45 — 22 de Fevereiro de 2002 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A 1445
prir, nos termos gerais para os actos urgentes, e é dado cados pelo requerente, considerando-se o respectivo
às partes o prazo de cinco dias para se pronunciarem processamento como feito por conta das prestações ale-
sobre a possibilidade do levantamento, manutenção ou gadamente devidas em função das prestações não
alteração da providência, sendo, em seguida, o processo realizadas.
concluso, por cinco dias, ao juiz ou relator, para proferir
decisão confirmando ou alterando o decidido. Artigo 134.o
Produção antecipada de prova
o
Artigo 132. 1 — Havendo justo receio de vir a tornar-se impos-
Providências relativas a procedimentos de formação de contratos sível ou muito difícil o depoimento de certas pessoas
ou a verificação de certos factos por meio de prova
1 — Quando esteja em causa a anulação ou decla- pericial ou por inspecção, pode o depoimento, o arbi-
ração de nulidade ou inexistência jurídica da actos admi- tramento ou a inspecção realizar-se antes de intentado
nistrativos relativos à formação de contratos, podem ser o processo.
requeridas providências destinadas a corrigir a ilega- 2 — O requerimento, a apresentar com tantos dupli-
lidade ou a impedir que sejam causados outros danos cados quantas as pessoas a citar ou notificar, deve jus-
aos interesses em presença, incluindo a suspensão do tificar sumariamente a necessidade da antecipação de
procedimento de formação do contrato. prova, mencionar com precisão os factos sobre que esta
2 — Para os efeitos do disposto no número anterior, hão-de recair, especificar os meios de prova a produzir,
são equiparados a actos administrativos os actos pra- identificar as pessoas que hão-de ser ouvidas, se for
ticados por sujeitos privados, no âmbito de procedimen- caso disso, e indicar, com a possível concretização, o
tos pré-contratuais de direito público. pedido e os fundamentos da causa a propor, bem como
3 — Aplicam-se, neste domínio, as regras do capítulo a pessoa ou o órgão em relação aos quais se pretende
anterior, com ressalva do disposto nos números seguin- fazer uso da prova.
tes. 3 — A pessoa ou o órgão referido é notificado para
4 — O requerimento deve ser instruído com todos intervir nos actos de preparação e produção de prova
os elementos de prova. ou para deduzir oposição no prazo de três dias.
5 — A autoridade requerida e os contra-interessados 4 — Quando a notificação não possa ser feita a tempo
dispõem do prazo de sete dias para responderem. de, com grande probabilidade, se realizar a diligência
6 — A concessão da providência depende do juízo requerida, a pessoa ou o órgão são notificados da rea-
de probabilidade do tribunal quanto a saber se, pon- lização da diligência, tendo a faculdade de requerer,
derados os interesses susceptíveis de serem lesados, os no prazo de sete dias, a sua repetição, se esta for possível.
danos que resultariam da adopção da providência são 5 — Se a causa principal vier a correr noutro tribunal,
superiores aos prejuízos que podem resultar da sua não para aí é remetido o apenso, ficando o juiz da acção
adopção, sem que tal lesão possa ser evitada ou atenuada com exclusiva competência para os termos subsequentes
pela adopção de outras providências. à remessa.
7 — Quando, logo no processo cautelar, o juiz con- 6 — O disposto nos n.os 1 a 4 é aplicável, com as
sidere demonstrada a ilegalidade de especificações con- necessárias adaptações, aos pedidos de antecipação de
tidas nos documentos do concurso que era invocada prova em processo já intentado.
como fundamento do processo principal, pode deter-
minar a sua correcção, decidindo, desse modo, o fundo
da causa, segundo o disposto no artigo 121.o TÍTULO VI
5 — A atribuição de efeito meramente devolutivo ao tribunal recorrido, o relator deve convidá-lo a apresen-
recurso é recusada quando os danos que dela resultariam tar, completar ou esclarecer as conclusões formuladas,
se mostrem superiores àqueles que podem resultar da no prazo de 10 dias, sob pena de não se conhecer do
sua não atribuição, sem que a lesão possa ser evitada recurso na parte afectada.
ou atenuada pela adopção de providências adequadas 5 — No caso previsto no número anterior, a parte
a evitar ou minorar esses danos. contrária é notificada da apresentação de aditamento
ou esclarecimento pelo recorrente, podendo responder
no prazo de 10 dias.
Artigo 144.o
Artigo 147.o
Interposição de recurso e alegações
Processos urgentes
1 — O prazo para a interposição de recurso é de
30 dias e conta-se a partir da notificação da decisão 1 — Nos processos urgentes, os recursos são inter-
recorrida. postos no prazo de 15 dias e sobem imediatamente,
2 — O recurso é interposto mediante requerimento no processo principal ou no apenso em que a decisão
que inclui ou junta a respectiva alegação e no qual são tenha sido proferida, quando o processo esteja findo
enunciados os vícios imputados à sentença. no tribunal recorrido, ou sobem em separado, no caso
3 — Salvo o disposto no número seguinte, do des- contrário.
pacho que não admita o recurso ou o retenha pode 2 — Os prazos a observar durante o recurso são redu-
o recorrente reclamar para o presidente do tribunal que zidos a metade.
seria competente para dele conhecer, segundo o disposto Artigo 148.o
na lei processual civil, com as necessárias adaptações.
4 — Do despacho do relator que não receba o recurso Julgamento ampliado do recurso
interposto de decisão da secção de contencioso admi-
1 — O Presidente do Supremo Tribunal Administra-
nistrativo do Supremo Tribunal Administrativo para o
tivo ou o do Tribunal Central Administrativo podem
pleno do mesmo Tribunal ou o retenha cabe reclamação
determinar que no julgamento de um recurso interve-
para a conferência e da decisão desta não há recurso.
nham todos os juízes da secção quando tal se revele
necessário ou conveniente para assegurar a uniformi-
Artigo 145.o dade da jurisprudência, sendo o quórum de dois terços.
2 — O julgamento nas condições previstas no número
Notificação dos recorridos e subida do recurso
anterior pode ser requerido pelas partes e deve ser pro-
1 — Recebido o requerimento, a secretaria promove posto pelo relator ou pelos adjuntos, designadamente
oficiosamente a notificação do recorrido ou recorridos quando se verifique a possibilidade de vencimento de
para alegarem no prazo de 30 dias. solução jurídica em oposição com jurisprudência ante-
2 — Recebidas as contra-alegações ou expirado o riormente firmada no domínio da mesma legislação e
prazo para a sua apresentação, o recurso sobe acom- sobre a mesma questão fundamental de direito.
panhado de cópia impressa ou dactilografada da decisão 3 — Determinado o julgamento por todos os juízes
recorrida, ou do correspondente suporte informático. da secção, nos termos previstos nos números anteriores,
o relator determina a extracção de cópia das peças pro-
cessuais relevantes para o conhecimento do objecto do
Artigo 146.o recurso, as quais são entregues a cada um dos juízes,
Intervenção do Ministério Público, conclusão ao relator
permanecendo o processo, para consulta, na secretaria
e aperfeiçoamento das alegações de recurso do tribunal.
4 — O acórdão é publicado na 1.a ou na 2.a série
1 — Recebido o processo no tribunal de recurso e do Diário da República, consoante seja proferido pelo
efectuada a distribuição, a secretaria notifica o Minis- Supremo Tribunal Administrativo ou pelo Tribunal Cen-
tério Público, quando este não se encontre na posição tral Administrativo.
de recorrente ou recorrido, para, querendo, se pronun-
ciar, no prazo de 10 dias, sobre o mérito do recurso,
em defesa dos direitos fundamentais dos cidadãos, de CAPÍTULO II
interesses públicos especialmente relevantes ou de
algum dos valores ou bens referidos no n.o 2 do artigo 9.o Recursos ordinários
2 — No caso de o Ministério Público exercer a facul-
dade que lhe é conferida no número anterior, as partes Artigo 149.o
são notificadas para responder no prazo de 10 dias. Poderes do tribunal de apelação
3 — Cumpridos os trâmites previstos nos números
anteriores, os autos são conclusos ao relator, que ordena 1 — Ainda que declare nula a sentença, o tribunal
a notificação do recorrente para se pronunciar, no prazo de recurso não deixa de decidir o objecto da causa,
de 10 dias, sobre as questões prévias de conhecimento conhecendo do facto e do direito.
oficioso ou que tenham sido suscitadas pelos recorridos. 2 — No caso de haver lugar à produção de prova
4 — Quando o recorrente, na alegação de recurso em sede de recurso, é aplicável às diligências ordenadas,
contra sentença proferida em processo impugnatório, com as necessárias adaptações, o preceituado quanto
se tenha limitado a reafirmar os vícios imputados ao à instrução, discussão, alegações e julgamento em pri-
acto impugnado, sem formular conclusões ou sem que meira instância.
delas seja possível deduzir quais os concretos aspectos 3 — Se o tribunal recorrido tiver julgado do mérito
de facto que considera incorrectamente julgados ou as da causa, mas deixado de conhecer de certas questões,
normas jurídicas que considera terem sido violadas pelo designadamente por as considerar prejudicadas pela
1450 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A N.o 45 — 22 de Fevereiro de 2002
2 — Tem igualmente legitimidade para requerer a presente título, seja considerada justificada por causa
revisão quem, devendo ser obrigatoriamente citado no legítima, a inexecução, por parte da Administração, de
processo, não o tenha sido e quem, não tendo tido a sentença proferida por um tribunal administrativo
oportunidade de participar no processo, tenha sofrido envolve:
ou esteja em vias de sofrer a execução da decisão a
a) Responsabilidade civil, nos termos gerais, quer
rever.
da Administração quer das pessoas que nela
Artigo 156.o desempenhem funções;
Tramitação b) Responsabilidade disciplinar, também nos ter-
mos gerais, dessas mesmas pessoas.
1 — Uma vez admitido o recurso, o juiz ou relator
manda apensá-lo ao processo a que respeita, que para 2 — A inexecução também importa a pena de deso-
o efeito é avocado ao arquivo onde se encontre, e ordena bediência, sem prejuízo de outro procedimento espe-
a notificação de todos os que tenham intervindo no pro- cialmente fixado na lei, quando, tendo a Administração
cesso em que foi proferida a decisão a rever. sido notificada para o efeito, o órgão administrativo
2 — O processo tem o seguimento estabelecido para competente:
aquele em que tenha sido proferida a decisão a rever,
sendo a questão novamente julgada e mantida ou revo- a) Manifeste a inequívoca intenção de não dar exe-
gada, a final, a decisão recorrida. cução à sentença, sem invocar a existência de
causa legítima de inexecução;
b) Não proceda à execução nos termos que a sen-
TÍTULO VIII tença tinha estabelecido ou que o tribunal venha
a definir no âmbito do processo de execução.
Do processo executivo
Artigo 160.o
CAPÍTULO I
Eficácia da sentença
Disposições gerais
1 — Os prazos dentro dos quais se impõe à Admi-
Artigo 157.o nistração a execução das sentenças proferidas pelos tri-
Âmbito de aplicação bunais administrativos correm a partir do respectivo
trânsito em julgado.
1 — A execução das sentenças proferidas pelos tri- 2 — Quando a sentença tenha sido objecto de recurso
bunais administrativos contra entidades públicas é regu- a que tenha sido atribuído efeito meramente devolutivo,
lada nos termos do presente título. os prazos correm com a notificação à Administração
2 — A execução das sentenças proferidas pelos tri- da decisão mediante a qual o tribunal tenha atribuído
bunais administrativos contra particulares também corre efeito meramente devolutivo ao recurso.
nos tribunais administrativos, mas rege-se pelo disposto
na lei processual civil.
3 — Quando haja acto administrativo inimpugnável Artigo 161.o
de que resulte um direito para um particular e a Admi-
Extensão dos efeitos da sentença
nistração não lhe dê a devida execução, pode o inte-
ressado lançar mão das vias previstas no presente título 1 — Os efeitos de uma sentença transitada em julgado
para obter execução judicial fundada nesse acto. que tenha anulado um acto administrativo desfavorável
4 — Sem prejuízo do disposto em lei especial, o pre- ou reconhecido uma situação jurídica favorável a uma
ceituado no número anterior é, designadamente, apli- ou várias pessoas podem ser estendidos a outras que
cável para obter a emissão de sentença que produza se encontrem na mesma situação jurídica, quer tenham
os efeitos de alvará ilegalmente recusado ou omitido. recorrido ou não à via judicial, desde que, quanto a
estas, não exista sentença transitada em julgado.
Artigo 158.o 2 — O disposto no número anterior vale apenas para
Obrigatoriedade das decisões judiciais situações em que existam vários casos perfeitamente
idênticos, nomeadamente no domínio do funcionalismo
1 — As decisões dos tribunais administrativos são público e no âmbito de concursos, e só quando, no
obrigatórias para todas as entidades públicas e privadas mesmo sentido, tenham sido proferidas três sentenças
e prevalecem sobre as de quaisquer autoridades admi- transitadas em julgado ou, existindo uma situação de
nistrativas. processos em massa, nesse sentido tenha sido decidido
2 — A prevalência das decisões dos tribunais admi- o processo seleccionado segundo o disposto no
nistrativos sobre as das autoridades administrativas artigo 48.o
implica a nulidade de qualquer acto administrativo que 3 — Para o efeito do disposto no n.o 1, o interessado
desrespeite uma decisão judicial e faz incorrer os seus deve apresentar, no prazo de um ano contado da data
autores em responsabilidade civil, criminal e disciplinar, da última notificação de quem tenha sido parte no pro-
nos termos previstos no artigo seguinte. cesso em que a sentença foi proferida, um requerimento
dirigido à entidade administrativa que, nesse processo,
Artigo 159.o tenha sido demandada.
Inexecução ilícita das decisões judiciais
4 — Indeferida a pretensão ou decorridos três meses
sem decisão da Administração, o interessado pode
1 — Para além dos casos em que, por acordo do inte- requerer, no prazo de dois meses, ao tribunal que tenha
ressado ou declaração judicial, nos termos previstos no proferido a sentença, a extensão dos respectivos efeitos
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e a sua execução em seu favor, sendo aplicáveis, com o termo do prazo do n.o 1 do artigo 162.o ou da noti-
as devidas adaptações, os trâmites previstos no presente ficação da invocação de causa legítima de inexecução.
título para a execução das sentenças de anulação de 3 — Na petição, o exequente pode pedir a declaração
actos administrativos. de nulidade dos actos desconformes com a sentença,
5 — A extensão dos efeitos da sentença, no caso de bem como a anulação daqueles que mantenham, sem
existirem contra-interessados que não tenham tomado fundamento válido, a situação ilegal.
parte no processo em que ela foi proferida, só pode 4 — Na petição, o exequente deve especificar os actos
ser requerida se o interessado tiver lançado mão, no e operações em que entende que a execução deve con-
momento próprio, da via judicial adequada, encontran- sistir, podendo requerer, para além da indemnização
do-se pendente o correspondente processo. moratória a que tenha direito:
6 — Quando, na pendência de processo impugnató-
a) A entrega judicial da coisa devida;
rio, o acto impugnado seja anulado por sentença pro-
b) A prestação do facto devido por outrem, se o
ferida noutro processo, pode o autor fazer uso do dis-
facto for fungível;
posto nos n.os 3 e 4 do presente artigo para obter a
c) Estando em causa a prática de acto adminis-
execução da sentença de anulação.
trativo legalmente devido de conteúdo vincu-
lado, a emissão pelo próprio tribunal de sen-
tença que produza os efeitos do acto ilegalmente
CAPÍTULO II
omitido;
Execução para prestação de factos ou de coisas d) Estando em causa a prestação de facto infun-
gível, a fixação de um prazo limite, com impo-
sição de uma sanção pecuniária compulsória aos
Artigo 162.o
titulares dos órgãos incumbidos de executar a
Execução espontânea por parte da Administração sentença.
1 — Se outro prazo não for por elas próprias fixado, 5 — Se a Administração tiver invocado a existência
as sentenças dos tribunais administrativos que condenem de causa legítima de inexecução, segundo o disposto
a Administração à prestação de factos ou à entrega de no n.o 3 do artigo anterior, deve o exequente deduzir,
coisas devem ser espontaneamente executadas pela pró- se for caso disso, as razões da sua discordância e juntar
pria Administração no prazo máximo de três meses, cópia da notificação a que se refere aquele preceito.
salvo ocorrência de causa legítima de inexecução, 6 — No caso de concordar com a invocação da exis-
segundo o disposto no artigo seguinte. tência de causa legítima de inexecução, o exequente
2 — Extinto o órgão ao qual competiria dar execução pode requerer, no prazo estabelecido no n.o 2, a fixação
à sentença ou tendo-lhe sido retirada a competência da indemnização devida, segundo o disposto no
na matéria, o dever recai sobre o órgão que lhe tenha artigo 166.o
sucedido ou sobre aquele ao qual tenha sido atribuída
aquela competência. Artigo 165.o
Oposição à execução
o
Artigo 163. 1 — Apresentada a petição, é ordenada a notificação
da entidade ou entidades obrigadas para, no prazo de
Causas legítimas de inexecução
20 dias, executarem a sentença ou deduzirem a oposição
1 — Só constituem causa legítima de inexecução a que tenham, podendo o fundamento da oposição con-
impossibilidade absoluta e o grave prejuízo para o inte- sistir na invocação da existência de causa legítima de
resse público na execução da sentença. inexecução da sentença ou da circunstância de esta ter
2 — A causa legítima de inexecução pode respeitar sido entretanto executada.
a toda a decisão ou a parte dela. 2 — O recebimento da oposição suspende a execução,
3 — A invocação de causa legítima de inexecução sendo o exequente notificado para replicar no prazo
deve ser fundamentada e notificada ao interessado, com de 10 dias.
os respectivos fundamentos, dentro do prazo estabe- 3 — No caso de concordar com a oposição deduzida
lecido no n.o 1 do artigo anterior, e só pode reportar-se pela Administração, o exequente pode, desde logo, pedir
a circunstâncias supervenientes ou que a Administração a fixação da indemnização devida, seguindo-se os termos
não estivesse em condições de invocar no momento prescritos no artigo seguinte.
oportuno do processo declarativo. 4 — Junta a réplica do exequente ou expirado o res-
pectivo prazo sem que ele tenha manifestado a sua con-
cordância com a oposição deduzida pela Administração,
Artigo 164.o o tribunal ordena as diligências instrutórias que con-
sidere necessárias, findo o que se segue a abertura de
Petição de execução
vista simultânea aos juízes-adjuntos, caso se trate de
1 — Quando a Administração não dê execução espon- tribunal colegial.
tânea à sentença no prazo estabelecido no n.o 1 do 5 — A oposição é decidida no prazo máximo de
artigo 162.o, pode o interessado pedir a respectiva exe- 20 dias.
cução ao tribunal que tenha proferido a sentença em Artigo 166.o
primeiro grau de jurisdição.
Indemnização por causa legítima de inexecução
2 — Caso outra solução não resulte de lei especial, e conversão da execução
a petição de execução, que é autuada por apenso aos
autos em que foi proferida a decisão exequenda, deve 1 — Quando o tribunal julgue procedente a oposição
ser apresentada no prazo de seis meses contado desde fundada na existência de causa legítima de inexecução,
N.o 45 — 22 de Fevereiro de 2002 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A 1453
ordena a notificação da Administração e do exequente 2 — Quando tal não resulte já do próprio teor da
para, no prazo de 20 dias, acordarem no montante da sentença exequenda, o tribunal especifica ainda, no res-
indemnização devida pelo facto da inexecução, podendo peito pelos espaços de valoração próprios do exercício
o prazo ser prorrogado se for previsível que o acordo da função administrativa, o conteúdo dos actos e ope-
se possa vir a concretizar em momento próximo. rações que devem ser adoptados, identificando o órgão
2 — Na falta de acordo, o tribunal ordena as dili- ou órgãos administrativos responsáveis pela sua adop-
gências instrutórias que considere necessárias, findo o ção.
que se segue a abertura de vista simultânea aos juí- 3 — Expirando o prazo a que se refere o n.o 1 sem
zes-adjuntos, caso se trate de tribunal colegial, fixando que a Administração tenha cumprido, pode o exequente
o tribunal o montante da indemnização devida no prazo requerer ao tribunal a fixação da indemnização que lhe
máximo de 20 dias. é devida a título de responsabilidade civil pela inexe-
3 — Se a Administração não ordenar o pagamento cução ilícita da sentença, seguindo-se os trâmites esta-
devido no prazo de 30 dias contado da data do acordo belecidos no n.o 2 do artigo 166.o
ou da notificação da decisão judicial que tenha fixado
a indemnização devida, seguem-se os termos do processo
executivo para pagamento de quantia certa. Artigo 169.o
Sanção pecuniária compulsória
a Administração ao pagamento de quantia certa devem inexecução ao Conselho Superior dos Tribunais Admi-
ser espontaneamente executadas pela própria Adminis- nistrativos e Fiscais, ao qual cumpre emitir, no prazo
tração no prazo máximo de 30 dias. de 30 dias, a correspondente ordem de pagamento.
2 — Quando a Administração não dê execução à sen- 5 — Quando a entidade responsável pelo pagamento
tença no prazo estabelecido no n.o 1, dispõe o inte- seja uma pessoa colectiva pertencente à Administração
ressado do prazo de seis meses para pedir a respectiva indirecta do Estado, as quantias pagas por ordem do
execução ao tribunal competente, podendo, para o Conselho Superior são descontadas nas transferências
efeito, solicitar: a efectuar para aquela entidade no Orçamento do
Estado do ano seguinte ou, não havendo transferência,
a) A compensação do seu crédito com eventuais são oficiosamente inscritas no orçamento privativo de
dívidas que o onerem para com a mesma pessoa tal entidade pelo órgão tutelar ao qual caiba a aprovação
colectiva ou o mesmo ministério; do orçamento.
b) O pagamento, por conta da dotação orçamental 6 — Quando a entidade responsável pertença à Admi-
inscrita à ordem do Conselho Superior dos Tri- nistração autónoma, procede-se igualmente a desconto
bunais Administrativos e Fiscais a que se refere nas transferências orçamentais do ano seguinte e, não
o n.o 3 do artigo 172.o havendo transferência, o Estado intenta acção de
regresso no tribunal competente.
Artigo 171.o 7 — No caso de insuficiência de dotação, o Presidente
do Conselho Superior dos Tribunais Administrativos e
Oposição à execução Fiscais oficia ao Presidente da Assembleia da República
e ao Primeiro-Ministro para que se promova a abertura
1 — Apresentada a petição, é ordenada a notificação
de créditos extraordinários.
da entidade obrigada para pagar, no prazo de 20 dias,
ou deduzir oposição fundada na invocação de facto 8 — Sem prejuízo do disposto no número anterior,
superveniente, modificativo ou extintivo da obrigação. o exequente deve ser imediatamente notificado da situa-
ção de insuficiência de dotação, assistindo-lhe, nesse
2 — A inexistência de verba ou cabimento orçamental
não constitui fundamento de oposição à execução, sem caso, o direito de requerer que o tribunal administrativo
prejuízo de poder ser invocada como causa de exclusão dê seguimento à execução, aplicando o regime da exe-
da ilicitude da inexecução espontânea da sentença, para cução para pagamento de quantia certa, regulado na
os efeitos do disposto no artigo 159.o lei processual civil.
3 — O recebimento da oposição suspende a execução,
sendo o exequente notificado para replicar no prazo
CAPÍTULO IV
de 10 dias.
4 — Junta a réplica do exequente ou expirado o res- Execução de sentenças de anulação
pectivo prazo sem que ele tenha manifestado a sua con- de actos administrativos
cordância com a oposição deduzida pela Administração,
o tribunal ordena as diligências instrutórias que con-
Artigo 173.o
sidere necessárias, findo o que se segue a abertura de
vista simultânea aos juízes-adjuntos, caso se trate de Dever de executar
tribunal colegial.
5 — A oposição é decidida no prazo máximo de 1 — Sem prejuízo do eventual poder de praticar novo
20 dias. acto administrativo, no respeito pelos limites ditados
pela autoridade do caso julgado, a anulação de um acto
Artigo 172.o administrativo constitui a Administração no dever de
Providências de execução reconstituir a situação que existiria se o acto anulado
não tivesse sido praticado, bem como de dar cumpri-
1 — O tribunal dá provimento à pretensão executiva mento aos deveres que não tenha cumprido com fun-
do autor quando, dentro do prazo concedido para a damento no acto entretanto anulado, por referência à
oposição, a Administração não dê execução à sentença situação jurídica e de facto existente no momento em
nem deduza oposição ou a eventual alegação da exis- que deveria ter actuado.
tência de factos supervenientes, modificativos ou extin- 2 — Para efeitos do disposto no número anterior, a
tivos da obrigação venha a ser julgada improcedente. Administração pode ficar constituída no dever de pra-
2 — Quando tenha sido requerida a compensação de ticar actos dotados de eficácia retroactiva que não envol-
créditos entre exequente e Administração obrigada, a vam a imposição de deveres, a aplicação de sanções
compensação decretada pelo juiz funciona como título ou a restrição de direitos ou interesses legalmente pro-
de pagamento total ou parcial da dívida que o exequente tegidos, bem como no dever de remover, reformar ou
tinha para com a Administração, sendo oponível a even- substituir actos jurídicos e alterar situações de facto que
tuais reclamações futuras do respectivo cumprimento. possam ter surgido na pendência do processo e cuja
3 — No Orçamento do Estado é anualmente inscrita manutenção seja incompatível com a execução da sen-
uma dotação à ordem do Conselho Superior dos Tri- tença de anulação.
bunais Administrativos e Fiscais, afecta ao pagamento 3 — Os beneficiários de actos consequentes pratica-
de quantias devidas a título de cumprimento de decisões dos há mais de um ano que desconheciam sem culpa
jurisdicionais, a qual corresponde, no mínimo, ao mon- a precariedade da sua situação têm direito a ser indem-
tante acumulado das condenações decretadas no ano nizados pelos danos que sofram em consequência da
anterior e respectivos juros de mora. anulação, mas a sua situação jurídica não pode ser posta
4 — Quando o exequente o tenha requerido, o tri- em causa se esses danos forem de difícil ou impossível
bunal dá conhecimento da sentença e da situação de reparação e for manifesta a desproporção existente entre
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o seu interesse na manutenção da situação e o interesse 4 — Na petição, o autor também pode pedir a fixação
na execução da sentença anulatória. de um prazo para o cumprimento do dever de executar
4 — Quando à reintegração ou recolocação de um e a imposição de uma sanção pecuniária compulsória
funcionário que tenha obtido a anulação de um acto aos titulares dos órgãos incumbidos de proceder à exe-
administrativo se oponha a existência de terceiros inte- cução, segundo o disposto no artigo 169.o
ressados na manutenção de situações incompatíveis, 5 — Quando for caso disso, o autor pode pedir ainda
constituídas em seu favor por acto administrativo pra- a declaração de nulidade dos actos desconformes com
ticado há mais de um ano, o funcionário que obteve a sentença, bem como a anulação daqueles que man-
a anulação tem direito a ser provido em lugar de cate- tenham, sem fundamento válido, a situação constituída
goria igual ou equivalente àquela em que deveria ser pelo acto anulado.
colocado, ou, não sendo isso possível, à primeira vaga 6 — Quando a Administração tenha invocado a exis-
que venha a surgir na categoria correspondente, exer- tência de causa legítima de inexecução, segundo o dis-
cendo transitoriamente funções fora do quadro até à posto no n.o 3 do artigo 163.o, deve o autor deduzir,
integração neste. se for caso disso, as razões da sua discordância e juntar
Artigo 174.o cópia da notificação a que se refere aquele preceito.
7 — No caso de concordar com a invocação da exis-
Competência para a execução tência de causa legítima de inexecução, o autor pode
1 — O cumprimento do dever de executar a que se solicitar, no prazo estabelecido no n.o 2, a fixação da
refere o artigo anterior é da responsabilidade do órgão indemnização devida, sendo, nesse caso, aplicável o dis-
que tenha praticado o acto anulado. posto no artigo 166.o
2 — Se a execução competir, cumulativa ou exclu-
sivamente, a outro ou outros órgãos, deve o órgão refe- Artigo 177.o
rido no número anterior enviar-lhes os elementos neces-
sários para o efeito. Tramitação do processo
3 — Extinto o órgão ao qual competiria dar execução
à sentença ou tendo-lhe sido retirada a competência 1 — Apresentada a petição, é ordenada a notificação
na matéria, o dever recai sobre o órgão que lhe sucedeu da entidade ou entidades requeridas, bem como dos
ou sobre aquele ao qual tenha sido atribuída aquela contra-interessados a quem a satisfação da pretensão
competência. possa prejudicar, para contestarem no prazo de 20 dias.
2 — Havendo contestação, o autor é notificado para
Artigo 175.o replicar no prazo de 10 dias.
Prazo para a execução e causas legítimas de inexecução 3 — No caso de concordar com a existência de causa
legítima de inexecução apenas invocada na contestação,
1 — Salvo ocorrência de causa legítima de inexecução, o autor pode pedir a fixação da indemnização devida,
o dever de executar deve ser integralmente cumprido seguindo-se os termos prescritos no artigo 166.o
no prazo de três meses. 4 — Junta a réplica do autor ou expirado o respectivo
2 — A existência de causa legítima de inexecução deve prazo sem que ele tenha manifestado a sua concordância
ser invocada segundo o disposto no artigo 163.o, mas com a eventual contestação apresentada pela Adminis-
não se exige, neste caso, que as circunstâncias invocadas tração, o tribunal ordena as diligências instrutórias que
sejam supervenientes. considere necessárias, findo o que se segue a abertura
3 — Sem prejuízo do disposto no artigo 177.o, quando de vista simultânea aos juízes-adjuntos, caso se trate
a execução da sentença consista no pagamento de uma de tribunal colegial.
quantia pecuniária, não é invocável a existência de causa 5 — O tribunal decide no prazo máximo de 20 dias.
legítima de inexecução e o pagamento deve ser realizado 6 — Caso não exista verba ou cabimento orçamental
no prazo de 30 dias. que permita o pagamento imediato de quantia devida,
a entidade obrigada deve dar conhecimento da situação
Artigo 176.o ao tribunal, que convida as partes a chegarem a acordo,
no prazo de 20 dias, quanto aos termos em que se pode
Petição de execução
proceder a um pagamento escalonado da quantia em
1 — Quando a Administração não dê execução à sen- dívida.
tença de anulação no prazo estabelecido no n.o 1 do 7 — Na ausência do acordo referido no número ante-
artigo anterior, pode o interessado fazer valer o seu rior, seguem-se os trâmites dos n.os 3 e seguintes do
direito à execução perante o tribunal que tenha pro- artigo 172.o
ferido a sentença em primeiro grau de jurisdição. Artigo 178.o
2 — A petição, que é autuada por apenso aos autos
em que foi proferida a sentença de anulação, deve ser Indemnização por causa legítima de inexecução
apresentada no prazo de seis meses contado desde o
termo do prazo do n.o 1 do artigo anterior ou da noti- 1 — Quando julgue procedente a invocação da exis-
ficação da invocação de causa legítima de inexecução tência de causa legítima de inexecução, o tribunal ordena
a que se refere o mesmo preceito. a notificação da Administração e do requerente para,
3 — Na petição, o autor deve especificar os actos e no prazo de 20 dias, acordarem no montante da indem-
operações em que considera que a execução deve con- nização devida pelo facto da inexecução, podendo o
sistir, podendo, para o efeito, pedir a condenação da prazo ser prorrogado quando seja previsível que o
Administração ao pagamento de quantias pecuniárias, acordo se possa vir a concretizar em momento próximo.
à entrega de coisas, à prestação de factos ou à prática 2 — Na falta de acordo, seguem-se os trâmites pre-
de actos administrativos. vistos no artigo 166.o
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