Você está na página 1de 24

AÇÕES E PROCEDIMENTOS DE

CONTROLE DE
CONSTITUCIONALIDADE

Ação Direta de Inconstitucionalidade


Legislação

CF: art. 102, I, alíneas a e p, e §2º; art. 103

Lei 9.868/1999.

2
Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da
Constituição, cabendo-lhe:
I - processar e julgar, originariamente:
a) a ação direta de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo federal ou estadual
e a ação declaratória de constitucionalidade de lei ou ato normativo federal;
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 3, de 1993)
[…]
p) o pedido de medida cautelar das ações diretas de inconstitucionalidade;
[…]
§ 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal, nas
ações diretas de inconstitucionalidade e nas ações declaratórias de
constitucionalidade produzirão eficácia contra todos e efeito vinculante, relativamente
aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta,
nas esferas federal, estadual e municipal. (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 45, de 2004) (Vide ADIN 3392)

3
Cabimento

A ADI é uma ação de controle abstrato de
constitucionalidade.

O pedido deve ser a declaração de inconstitucionalidade da
lei ou ato normativo federal, estadual ou distrital (no
exercício de competência estadual) impugnado por violação
às norma constitucionais.
– Leis e atos normativos municipais não podem ser objeto de ADI
perante o STF.
– De acordo com o art. 106, h, da CEMG, é cabível ADI de lei ou
ato normativo municipal.
4
Parâmetro ou paradigma de controle

Normas contidas na CF/88

Tratados internacionais de direitos humanos
que passaram pelo procedimento previsto no
art. 5º, §3º, da CF/88.

5
Objeto do controle

A lei ou ato normativo impugnado em ADI deve estar em vigor e ter sido
editado a partir da CF/1988
– No caso das leis e atos normativos anteriores e contrários à CF/1988, o instituto
jurídico não é a inconstitucionalidade, mas a não recepção.

Atos normativos primários da União ou dos Estados
Características dos atos normativos objetos do controle

É escrito.

É produzido por autoridade que exerce poder público.

É geral, abrangendo todos os destinatários que pertencem à categoria.

É abstrato, descrevendo uma conduta de maneira genérica.

6
Objeto do controle

Não cabe ADI contra atos administrativos

Há precedentes do STF que admitem ADI
contra ato normativo primário de efeito concreto
(ADI 4048 e 4049)

7
Competência

STF → guardião da constituição, vide art. 102,
caput, da CF.

Tribunais de Justiça → art. 125, §2º, CF
– No caso de Minas Gerais, ver art. 106, h, da
CEMG.

8
Legitimidade

Art. 103 da CF.
– Legitimação universal: incisos I, II, III, VI, VII, VIII.

O STF entende que esses legitimados tem capacidade postulatória especial decorrente da
própria norma constitucional, podendo subscrever a peça inicial sem auxílio de advogado.
– Legitimação especial (condicionada à pertinência temática da lei ou ato normativo
objeto da ADI – leia-se interesse de agir): incisos IV, V e IX.

Formalmente, não há legitimado passivo em ADI, porém:
– O relator deve pedir informações aos órgãos ou às autoridades das quais emanou a
lei ou o ato normativo impugnado (art. 6º da Lei 9.868/99).
– O Advogado-Geral da União será citado para defender o ato ou o texto impugnado.
(art. 103, §3º, da CF).
9
Procedimento
Lei 9.868/99
Art. 3º A petição [inicial] indicará:
I - o dispositivo da lei ou do ato normativo impugnado e os fundamentos
jurídicos do pedido em relação a cada uma das impugnações;
II - o pedido, com suas especificações.
Parágrafo único. A petição inicial, acompanhada de instrumento de
procuração, quando subscrita por advogado, será apresentada em duas
vias, devendo conter cópias da lei ou do ato normativo impugnado e dos
documentos necessários para comprovar a impugnação.

10
Procedimento

Recebida a inicial, o relator pedirá informações aos órgãos ou às
autoridades das quais emanou a lei ou o ato normativo impugnado, que
deverão apresentá-las no prazo de 30 dias (art. 6º da Lei 9.868/99).

Decorrido o prazo das informações, serão ouvidos, sucessivamente, o
Advogado-Geral da União e o Procurador-Geral da República, que
deverão manifestar-se, cada qual, no prazo de quinze dias. (art. 8º da
Lei 9.868/99

Amicus curiae (art. 7º, §2º, da Lei 9.868/99 c/c art. 138 do CPC)
– Cabe recurso contra decisão que não admite o amicus curiae?

Comparar RE 602584 AgR/DF, 17/10/2018, com ADI 3396 AgR/DF, 06/08/2020. Ver
também Informativo 920.

11
Procedimento

O relator pode solicitar mais informações antes do julgamento, que
deverão ser prestadas no prazo de 30 dias (art. 9º da Lei 9.868/99)
– Em caso de necessidade de esclarecimento de matéria ou circunstância
de fato ou de notória insuficiência das informações existentes nos autos,
poderá o relator requisitar informações adicionais, designar perito ou
comissão de peritos para que emita parecer sobre a questão, ou fixar
data para, em audiência pública, ouvir depoimentos de pessoas com
experiência e autoridade na matéria.
– O relator poderá, ainda, solicitar informações aos Tribunais Superiores,
aos Tribunais federais e aos Tribunais estaduais acerca da aplicação da
norma impugnada no âmbito de sua jurisdição.
12
Procedimento

Decisão final
– Quórum de decisão: voto de pelo menos seis Ministros (art. 23 da Lei 9.868/99)
– Quórum de deliberação: presença de pelo menos oito Ministros (art. 22 da Lei
9.868/99)

Não sendo obtido quaisquer dos quóruns, o julgamento é suspenso até que
a maioria prevista seja alcançada. (art. 23, p.u., da Lei 9.868/99).

Caso não seja possível obter maioria de seis Ministros para declarar a
norma constitucional ou inconstitucional, o pedido da ADI deve ser julgado
improcedente → presunção de constitucionalidade

É possível haver declaração parcial de inconstitucionalidade sem redução
de texto
13
Procedimento – Medida Cautelar
Lei 9.868/99
Art. 10. Salvo no período de recesso, a medida cautelar na ação direta será
concedida por decisão da maioria absoluta dos membros do Tribunal,
observado o disposto no art. 22, após a audiência dos órgãos ou autoridades dos
quais emanou a lei ou ato normativo impugnado, que deverão pronunciar-se no
prazo de cinco dias.
§1º O relator, julgando indispensável, ouvirá o Advogado-Geral da União e o
Procurador-Geral da República, no prazo de três dias.
[…]
§3º Em caso de excepcional urgência, o Tribunal poderá deferir a medida cautelar
sem a audiência dos órgãos ou das autoridades das quais emanou a lei ou o ato
normativo impugnado.

14
Procedimento – Medida Cautelar
Medida cautelar durante o recesso/férias:
– art. 13, VIII, do RISTF → competência do
Presidente da Corte

A medida deverá ser submetida ao Tribunal logo após o
fim do período de recesso/férias, vide art. 21, IV e V do
RISTF.

15
Procedimento – Medida Cautelar
Lei 9.868/99
Art. 11. Concedida a medida cautelar, o Supremo Tribunal Federal fará publicar
em seção especial do Diário Oficial da União e do Diário da Justiça da União a
parte dispositiva da decisão, no prazo de dez dias, devendo solicitar as
informações à autoridade da qual tiver emanado o ato, observando-se, no que
couber, o procedimento estabelecido na Seção I deste Capítulo.
§1º A medida cautelar, dotada de eficácia contra todos, será concedida com
efeito ex nunc, salvo se o Tribunal entender que deva conceder-lhe eficácia
retroativa.
§2º A concessão da medida cautelar torna aplicável a legislação anterior acaso
existente, salvo expressa manifestação em sentido contrário. (efeito
repristinatório)

16
Procedimento – Medida Cautelar

A decisão que concede medida cautelar suspende os
efeitos da norma questionada até a decisão.
– Parte da doutrina defende a aplicação do prazo de 180 dias
previsto no art. 21, p.u., da Lei 9.868/99, à medida cautelar em
ADI.

Requisitos para a concessão da medida cautelar em ADI
– razoabilidade jurídica da tese apresentada (fumus boni juris);
– relevância do pedido que decorre dos possíveis danos em
razão da demora da decisão demandada (periculum in mora);
17
Procedimento – Medida Cautelar

O relator pode, em razão da relevância da matéria ou de
seu especial significado para a ordem social e para a
segurança jurídica, após informações do órgão criador
da norma impugnada, no prazo de dez dias, e a
manifestação do Advogado-Geral da União e do
Procurador-Geral da República, sucessivamente, no
prazo de cinco dias, submeter o processo diretamente
ao Tribunal, que terá a faculdade de julgar
definitivamente a ação. (art. 12 da Lei 9.868/99).
18
Efeitos da decisão

Os efeitos da declaração de inconstitucionalidade no
controle abstrato são, em regra: erga omnes, ex tunc,
vinculantes e repristinatórios (art. 28, p.u., da Lei
9.868/99).

Modulação dos efeitos da decisão (art. 27 da Lei
9.868/99)
– requisito formal: decisão da maioria de dois terços dos
membros do Tribunal;
– requisito material: presença de razões de segurança jurídica
ou de excepcional interesse social.
19
Efeitos da decisão de mérito

Julgado procedente o pedido da ADI, declara-
se a inconstitucionalidade da lei ou ato
normativo impugnado (art. 24 da Lei 9.868/99).

Julgado improcedente o pedido, declara-se a
constitucionalidade da lei ou ato normativo
impugnado (art. 24 da Lei 9.868/99).

20
Observações

A ação direta de inconstitucionalidade não é suscetível de
desistência (art. 5º da Lei 9.868/99) nem de recurso – salvo ED
(art. 26 da Lei 9.868/99)

Ao relator é permitido “negar seguimento a pedido ou recurso
manifestamente inadmissível, improcedente ou contrário à
jurisprudência dominante ou a Súmula do Tribunal, deles não
conhecer em caso de incompetência manifesta, encaminhando os
autos ao órgão que repute competente, bem como cassar ou
reformar, liminarmente, acórdão contrário à orientação firmada”
(art. 21, §1º, do RISTF)
21
Observações

Nas ações diretas de inconstitucionalidade, a causa
de pedir é aberta → a Corte Constitucional não está
vincula aos fundamentos jurídicos invocados pelo
autor da ação para respaldar os seus pedidos. Ou
seja, para declarar inconstitucional uma lei ou ato
normativo, o STF pode utilizar como parâmetro de
controle todo e qualquer dispositivo da
Constituição Federal, e não apenas aqueles
aduzidos pelo autor da ação direta.
22
Questões para pesquisa

23
1)Norma constitucional pode ser objeto de
controle de constitucionalidade via ADI?
Justifique sua resposta com base na
jurisprudência do STF.
2) Em 2018, foi publicada a Emenda
Constitucional nº x, em face da qual a Lei
1.234/2015 é incompatível. É possível
submeter essa lei ao controle de
constitucionalidade concentrado perante o STF,
via ADI?
24

Você também pode gostar