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EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ (A) FEDERAL DA

____ª VARA FEDERAL CRIMINAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO DE


__________.

Autos nº .....

DERKIAN ALVES RODRIGUES, brasileiro, filho de Marcionílio


André Rodrigues e Nilva Margarida Alves Fernandes, nascido aos 01/07/1978,
natural de Morrinhos/GO, documento de identidade nº 11157992-AMP/MT, CPF
nº 862.603.671-04, residente na rua 2, nº 0000, QD. C, LT. 12, bairro Vila Nossa
Senhora do Carmo, CEP 75650-000, Morrinhos-GO, por seu advogado que assina
eletronicamente, vem com devido respeito ante a douta presença de Vossa
Excelência, especialmente para apresentar DEFESA ARTICULADA aos autos de
Açã o Penal em que a justiça pú blica federal move em seu desfavor, fazendo-o,
pelas condiçõ es fá ticas e pressupostos a seguir compendiados:

DOS FATOS

O defendente foi denunciado pelo representante do Ministério


Pú blico Federal como incurso nos crimes previstos nos art. 344-A do CP (crimes
de contrabando) e art. 334 do CP (descaminho) e art. 183 da Lei nº 9.472/1997
(desenvolvimento clandestino de atividades de telecomunicação).

O denunciado encontra-se preso preventivamente desde o dia


25/10/2022, quando foi flagrado por volta das 10h40min, na Rua Claudimira, Qd.
03, Lt. 10, Setor Sudoeste, município de Indiara/GO, conduzindo o veículo
caminhonete Nissan Frotier, cor branca, placa HNX4H20, transportando produtos
ilícitos advindos do Paraguai, ou seja, diversos pacotes contendo 450 Kg
(quatrocentos e cinquenta quilos) de agrotóxicos de origem estrangeira
provenientes do Paraguai (Jolin 30, Benzoato 10 Agro Plus e Vero); 08 (oito) copos
térmicos “Stanley”; 02 (duas) garrafas de Whisky das marcas Double Black e
Ballantines; 02 (duas) TV Box; 07 garrafas térmicas e 3 (três) perfumes
estrangeiros de marcas Kouros, Fantasy Britney Spears e 212 Man.

Alega ainda o ó rgã o ministerial que o denunciado fez uso de


um rá dio comunicador instalado no painel do referido veículo para se comunicar
com seus comparsas, quando efetuava o referido transporte de mercadorias
ilícita, tendo assim desenvolvendo clandestinamente atividade de
telecomunicaçã o.

DO MÉRITO

Vale lembrar primeiramente que o denunciado possui


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residência própria, mora com sua esposa e filhos na cidade de Morrinhos,


portanto é residente e domiciliado no endereço constante no preambulo, ou
Rua Joaquim Tavares de Oliveira, s/nº, Qd. E, Lt. 10-A, Alto da Primavera, Indiara/GO – CEP 75.955-
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Tel/Fax: (64) 3547-2343 – Cel.: (64) 98117-9900 – (64) 99611-3515 – e-mail:
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seja, Rua 2, QD. C, LT. 12, Bairro Vila Nossa Senhora do Carmo, há mais de 20
anos, conforme comprovam documentos em anexo.

Tem emprego definido, trabalha como tratorista, atualmente


empregado pelo senhor Roberval de tal, que o contratou para prestar serviços em
suas má quinas como tratorista na regiã o de sul de Goiá s, tudo como mostra
documentos juntados.

Há que se registrar, ainda, que o defendente nã o é o


proprietá rio das mercadorias aprendidas, este na verdade nã o possui quaisquer
condiçõ es financeira para adquirir tais mercadorias, no entanto é mera vítima da
situaçã o, pois, passando por dificuldades financeiras, aceitou conduzir o veículo
apreendido, mas há de ficar registrado, assim como já confessado pelo pró prio
denunciado em seu depoimento, este nã o tinha conhecimento do que estava
transportando.

Do Supostos Crimes de Contrabando e Descaminho

a) - Ausência de Interesse

O caso em tela demonstra-se em plena harmonia, com a


jurisprudência a mister da existência de um determinado valor real relevante
para ser dado início a execuçã o fiscal, ou seja, se para o pró prio administrativo
mister um valor relevante para possível cobrança, nã o pode esse valor
irrelevante para o administrativo servir como início de persecuçã o penal.

Ademais, estaria colidindo frontalmente com o princípio da


subsidiariedade, o qual arrazoa que o direito penal só pode intervir em “ultima
ratio”, depois de passar todos os outros ramos do direito. Da mesma forma, ficou
pacificado a matéria em julgado recente conforme demonstra jurisprudência
abaixo:

PENAL. HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO ORDINÁRIO.


DESCAMINHO. DÉBITO FISCAL. ARTIGO 20, CAPUT, DA LEI Nº 10.522/2002.
PATAMAR ESTABELECIDO PARA O AJUIZAMENTO DA AÇÃO DE EXECUÇÃO
DA DÍVIDA ATIVA OU ARQUIVAMENTO SEM BAIXA NA DISTRIBUIÇÃO.
CONDUTA DESINTERESSANTE NO ÂMBITO ADMINISTRATIVO NÃO PODE SER
PENALMENTE RELEVANTE. PRINCÍPIO DA SUBSIDIARIEDADE. ORDEM
CONCEDIDA.
O Paciente está sendo investigado pelo cometimento, em tese, do crime de
descaminho (artigo 334 do Código Penal), e, nesta hipótese, a jurisprudência deste
Superior Tribunal de Justiça se inclinou no sentido de adotar, como parâmetro para
se mensurar a relevância do bem jurídico tutelado, os valores dos tributos incidentes
sobre as mercadorias de procedência estrangeira, e passíveis de serem cobrados
pela Receita Federal, ou seja, a matéria torna-se penalmente relevante se o valor do
tributo que é devido for maior que o estipulado para o início da execução fiscal.
Abaixo deste patamar, entendia-se aplicável o princípio da insignificância.
Convencionou-se, com amparo na Lei n.º 9.469/97, que o referido princípio teria
aplicabilidade nos casos em que o valor dos tributos iludidos não superasse mil
1

reais. Em seguida, com a edição da Lei nº 10.522/2002, o valor utilizado pela Receita
para o arquivamento das ações de execução passou a ser de dois mil e quinhentos
reais. Mais recentemente, a Lei nº 11.033/2004, em seu artigo 21, dispôs que serão
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arquivados, sem baixa na distribuição, os valores consolidados iguais ou inferiores a
dez mil reais.
(…), Conclui-se, portanto, que o mencionado arquivamento não implica em renúncia
fiscal, mas, tão-somente, denota a política quanto à prioridade para efeito de
cobrança imediata, conferida aos montantes mais elevados.
Todavia, o julgamento do HC 92.438/PR, trouxe novo entendimento do STF,
especificamente de sua Segunda Turma, ao determinar o trancamento de ação penal
pela suposta prática do crime de descaminho (CP, art. 334), cujo tributo iludido
totalizou R$ 5.118,60 (cinco mil cento e dezoito reais e sessenta centavos).
O TRF da 4ª Região, por reputar a conduta do paciente materialmente típica, havia
negado a aplicação ao princípio da insignificância ao fundamento de que deveria ser
mantido o parâmetro de R$ 2.500,00 (dois mil e quinhentos reais) para ajuizamento
de execuções fiscais (Lei 10.522/2002) e não o novo limite de R$ 10.000,00 (dez mil
reais) instituído pela Lei 11.033/2004.
O fundamento da concessão da ordem foi o entendimento segundo o qual é
inadmissível que uma conduta seja irrelevante no âmbito administrativo e não o seja
para o Direito Penal, em observância ao Princípio da Subsidiariedade.

Insta salientar, que havendo possibilidade de evitar a violência


da conduta com atuaçõ es menos gravosas que a sançã o penal, a criminalizaçã o da
conduta se torna ilegítima por desproporcional.

Desta forma, o melhor a prosperar é o reconhecimento da


ausência de interesse na causa, em homenagem ao princípio da subsidiariedade,
com fundamento no artigo 395 do CPP.

b) - Falta de Justa Causa

Na presente açã o, é visível a inexistência de justa causa


para a açã o penal, visto que o fato narrado na inicial é atípico, pois uma conduta
administrativamente irrelevante nã o pode ter relevâ ncia criminal.

Insta salientar, que esse entendimento coaduna com o


entendimento dos Tribunais:

EMENTA: HABEAS CORPUS. DESCAMINHO. MONTANTE DOS IMPOSTOS NÃO


PAGOS. DISPENSA LEGAL DE COBRANÇA EM AUTOS DE EXECUÇÃO FISCAL.
LEI No 10.522/02, ART. 20. IRRELEVÂNCIA ADMINISTRATIVA DA CONDUTA.
INOBSERVÂNCIA AOS PRINCÍPIOS QUE REGEM O DIREITO PENAL. AUSÊNCIA
DE JUSTA CAUSA. ORDEM CONCEDIDA.
1. De acordo com o artigo 20 da Lei no 10.522/02, na redação dada pela lei n o.
11.033/04, os autos das execuções fiscais de débitos inferiores a dez mil reais serão
arquivados, sem baixa na distribuição, mediante requerimento do Procurador da
Fazenda Nacional, em ato administrativo vinculado, regido pelo princípio da
legalidade.
2. O montante de impostos supostamente devido pelo paciente é inferior ao mínimo
legal estabelecido para a execução fiscal, não constando da denúncia a referência a
outros débitos em seu desfavor, em possivel continuidade delitiva.
3. Ausência, na hipotese, de justa causa para a ação penal, pois uma conduta
administrativamente irrelevante não pode ter relevância criminal. Principios da
subsidiariedade, da fragmentariedade, da necessidade e da intervenção mínima que
regem o Direito Penal. Inexistência de lesão ao bem jurídico penalmente tutelado.
(…) (HC 92.438/PR, Rel. Min. Joaquim Barbosa, DJU 19. 12. 08).
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Nã o obstante, as mercadorias foram apreendidas, em ato
continuo sendo objeto de perda, no entanto, recentemente o Superior Tribunal de
Justiça no julgamento do Recurso Especial no. 1.242.993, proferida pela Exmo.
Ministro Celso Limongi, da qual transcrevo o seguinte excerto:

De feito, a tese esposada pelo Tribunal Regional consolidou-se


no STF e em reiterados julgados da 6 a Turma do STJ, inclusive
em relação á não incidência de PIS e de COFINS, para avaliar o
montante do tributo iludido.
Em acréscimo, o montante do valor devido do crédito tributário,
referente ás mercadorias estrangeiras apreendidas, deve ser
calculadas sem a incidência do PIS e do COFINS, porque os
bens apreendidos, in casu, foram objeto de pena de perdimento,
incidindo assim, o contido no art. 2o, inciso III, da Lei n.
10.865/2004, in verbis: “ as contribuições instituídas – PIS E
COFINS – no art. 1o desta Lei não incidem sobre: (III) bens
estrangeiros que tenham objeto de pena de perdimento.” (publ.
06. 05. 2011).

Desta forma, essa tese que muito bem colocou o Ministro Celso
Limongi, nos auxilia a melhor demonstrar e afirmar, que deve prosperar o
argumento que este defensor esboça na presente, de que os tributos a serem
calculados em cima do montante das mercadorias apreendidas, em hipó teses
alguma por si ultrapassam o valor estabelecido pelo fisco.

Sendo assim, resta demonstrado acerca da ausência de justa


causa para a persecuçã o penal pela suposta pratica do delito de descaminho, por
atipicidade da conduta, em decorrência da aplicaçã o do princípio da
insignificâ ncia, devendo ser os defendentes absolvidos com fundamento nos
artigos 395, III, e 386, III do CP.

c) - Aplicabilidade por Analogia do Art. 83 Da Lei 9.430/96;

A doutrina tem entendido possível a aplicabilidade do artigo


83 da Lei 9.430/1996, por analogia, ao crime de descaminho, embora ele nã o
esteja previsto na lei que define os crimes de ordem tributá ria, ele é um crime de
natureza tributá ria.

Sendo assim, nã o há razã o pela qual ele deva ser tratado


diferente dos outros crimes tributá rios, se os outros crimes tributá rios têm a
suspensã o da pretensã o punitiva com o parcelamento, e a extinçã o da
punibilidade com o pagamento, nã o á porque o crime de descaminho ser tratado
de forma diferente.

Sobre o tema, Celso Delmanto descreve:


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“Ora, se se permite a extinção da punibilidade pelo pagamento ou a
suspensão da ação penal e do curso da pretensão punitiva, ainda que depois
do recebimento da denúncia, desde que antes do trânsito em julgado de
eventual decisão condenatória nos crimes de sonegação fiscal, contra a
ordem tributária e contra a Previdenciária Social, não há razão para negar
tratamento paritário para o delito de descaminho, onde, igualmente, há
apenas sonegação de tributos” .

Percebe-se, nã o restar dú vida, que tanto um como outro, tem


como finalidade arrecadar tributos, no entanto, nã o havendo motivos relevantes
para um tratamento desigual.

Portanto, é de se concluir pela aplicabilidade do artigo 83 da


Lei 9.430/96, tendo como base a analogia, sendo suspensa a pretensã o punitiva
com o parcelamento, e a extinçã o da punibilidade com o parcelamento.

d) - Da Insignificâ ncia

Os fatos narrados na exordial demonstram tamanha


ilegalidade, visto que o valor total das mercadorias apreendidas é pequeno, e
consequentemente o valor dos tributos menor ainda, o delito de contrabando
tipificado no artigo 334-A, § 1º, “I”, CPP, exige certo valor que indique lesã o
tributá ria, de certa expressã o, para o fisco, caso contrá rio, estamos a falar de fato
atípico.

Percebe-se que, a lei é especifica e determinada em seu artigo


20 da Lei 10.522/11.033/04 ao dizer:

“Serão arquivados, sem baixa na distribuição, mediante requerimento do


Procurador da Fazenda Nacional, os autos das execuções fiscais de débitos
inscritos como Dívida Ativa da União pela Procuradoria-Geral da Fazenda
Nacional ou por ela cobrada, de valor consolidado igual ou inferior a R$
10.000,00 (dez mil reais). ”

Sendo assim, a de se perceber que o pró prio fisco para acionar


sua má quina, exige mister de ser lesado por um valor representativo. Ora.
Excelência, porque esse valor insignificante para o fisco seria relevante para o
direito penal?

Como se sabe, o direito penal é um remédio subsidiá rio, ou


seja, deve ser reservado para aquelas situaçõ es em que outras medidas estatais
ou sociais (sançã o moral, administrativas, civil etc.) nã o forem suficientes para
provocar a diminuiçã o da violência gerada por determinado fato.

No mesmo sentido sã o as palavras descritas pelo Min. Celso de


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Mello no HC 92.463 / RS, assim diz:

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“O sistema jurídico há de se considerar a relevantíssima circunstancia de que
a privação da liberdade e a restrição de direitos do indivíduo somente se
justificam quando estritamente necessárias à própria proteção das pessoas,
da sociedade e de outros bens que lhes sejam essenciais, notadamente
naqueles casos em que os valores penalmente tutelados se exponham a dano,
efetivo ou potencial, impregnado de significativa lesividade. O direito penal
não se deve ocupar de condutas que produzam resultado, cujo desvalor – por
não importar lesão significativa a bens juridicamente relevantes – não
represente, por isso mesmo, prejuízo importante, seja ao autor, seja ao titular
do bem jurídico tutelado, seja á integridade da própria ordem social”. (STF,
HC 92463/RS, rel. Celso de Mello, 2. a T., DJ 31.10.2007).

Dessa forma, inexiste explicaçã o para a intervençã o do direito


penal, nã o pairando duvida que o melhor a se fazer é o reconhecimento do
princípio da insignificâ ncia, caso contrá rio estaria colidindo frontalmente com os
princípios norteadores do ordenamento jurídico.

Ademais, o princípio da insignificâ ncia mantém um elo com


outros princípios, ao passo que o mesmo deve ser analisado, em coerência com os
princípios da fragmentariedade e da intervençã o mínima do Estado, visto que
tem o condã o de afastar ou excluir a tipicidade penal, examinada no panorama de
seu cará ter material.

Destarte, para analisar o cará ter material, exige se alguns


vetores, os quais os Tribunais acabaram pacificando, e somente quando presente
é possível à aplicabilidade do princípio da insignificâ ncia: (a) a mínima
ofensividade da conduta do agente, (b) a nenhuma periculosidade social da açã o,
(c) o reduzidíssimo grau de reprovabilidade do comportamento e (d) a
inexpressividade da lesã o jurídica provocada.

Insta salientar, que o presente caso está em plena harmonia


com os vetores exigidos pelos Tribunais conforme passo a demonstrar:

a) o valor individualizado é mínimo a ponto de toda a mercadoria nã o


atingir, o valor relevante que o fisco exige para iniciar uma açã o, em que o
valor dos tributos ensejaria em uma movimentaçã o da má quina.

b) periculosidade social na açã o é indiscutível que nã o houve, pois estamos


a falar de pessoas humilde, de baixo grau de escolaridade, pela falta de
qualificaçã o para adentrar ao mercado trabalho, frente à necessidade de
sustentar sua família, o que buscava era apenas dignidade para sua família.

c) nã o existem nada nos autos que prove ao contrá rio, da primariedade que
assiste o defendente.
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d) por todo o exposto, e pelo que ainda será abordado, já resta mais que
provado que nã o houve lesã o à bem jurídico, por se tratar de fato atípico,
tema já pacificado tanto pela doutrina como pela jurisprudência.

Por todo o exposto, é de rigor a aplicaçã o do princípio da


insignificâ ncia no caso dos autos.

No mesmo sentido do aduzido, ensina Juarez Cirino dos


Santos, que “as ações abrangidas pelo princípio da insignificância não são típicas”.
Nã o é diferente a liçã o de Zaffaroni e Pierangelli, segundo os
quais:

“A insignificância da afetação exclui a tipicidade, mas só pode ser


estabelecida através da consideração conglobada da norma: toda a ordem
normativa persegue uma finalidade, tem um sentido, que é a garantia
jurídica para a possibilitar uma coexistência que evite a guerra civil (a
guerra de todos contra todos) ”.

Ante o exposto, opina a defesa pela absolviçã o sumá ria do


defendente, com base no art. 397, III, do Có digo de Processo Penal.

Do suposto crime de atividades clandestina de telecomunicação

Este também nã o deve prosperar, nã o há prova alguma que o


denunciado tenha feito uso do referido rá dio de comunicaçã o, até porque, o rá dio
encontrado no veículo estava desligado, sendo assim, a absolviçã o a este crime é
medida que se impõ e.

DA SOLICITAÇÃO FORMAL FINAL

Ante todo o esposado é que DERKIAN ALVES RODRIGUES,


amplamente qualificado, solicita a rejeiçã o da peça denunciativa ante a total
ausência de subsídios que autorizem qualificar o respondente como infrator aos
tipos penais insculpidos na peça denunciativa, com a sua consequente exclusã o
da relaçã o jurídica nos autos, por se demonstrar medida de inteira e universal
JUSTIÇA.

Pugna, de outra sorte, no caso de V. Exa. receber a preambular


acusató ria, pela declaraçã o jurisdicional de sua absolviçã o nos termos do art. 386,
do Estatuto Processual Penal.

Como se vê, embora esteja comprovada a sua materialidade


pela apreensã o das mercadorias, a autoria nã o restou comprovada, já que o
defendente é mero trabalhador contratado pelos donos das mercadorias para
efetuar o transporte das mesmas e, como restará comprovado, este nã o buscou o
veículos no País vizinho(Paraguai), pelo contrá rio, o denunciado pegou o veículo
1

apreendido na cidade de Montividiu-GO, desta forma, nã o pode o defendente ser


condenado aos crimes capitulados na peça denunciativa.

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Todos esses fatos, aliados à falta de prova robusta em sentido
contrá rio, se nã o atesta, de maneira satisfató ria, a negativa de autoria do acusado,
induzem à dú vida, circunstâ ncia em que a absolviçã o é providência que se impõ e,
em homenagem ao princípio do in dubio pro reo.

Postula provar o alegado por todo o meio de prova existente,


mormente pelo depoimento da parte, depoimento das testemunhas abaixo
arroladas, pela juntada aos autos de declarações de idoneidade do acusado,
atestados por pessoas idôneas da cidade onde reside, e outras provas
documentais que desde já requer sua posterior juntada.

Requer, outrossim, se por algum motivo o denunciado


ainda estiver preso, a revogação da prisão preventiva decretada em seu
desfavor, e/ou a concessão da Liberdade Provisória, por preencher em
ambos os casos todos os requisitos necessários, expedindo-se o competente
alvará de soltura em favor do mesmo.

Por fim requer os benefícios da Assistência Judiciá ria gratuita,


por serem os denunciados pobres na concepçã o da palavra, com a nomeação
deste subscritor para promover suas defesas de forma dativa.

Termos expressos,

Advoga por deferimento.

Goiâ nia-GO, aos 12 de dezembro de 2022.

Ronaldo Felipe de Freitas


OAB/GO 15.378

Rol das Testemunhas:


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