Você está na página 1de 8

EXMO SR.

DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO


ESTADO DE PERNAMBUCO

URGENTE
DISPENSA DE FIANÇA
ORIGEM DOS AUTOS: 1º GRAU – COMARCA RECIFE – CENTRAL DAS
AUDIENCIA DE CUSTÓDIA – AUDIENCIA 17/06/2021 – TERMO DE
AUDIENCIA DE CUSTODIA OFICIO Nº 282/21
PACIENTE: LUCAS JOSE SILVA DE FIGUEIREDO
IMPUTAÇÃO: ARTIGO 171 §2º-A c/c 14, II, , ART. 288, ART. 2º IX, LEI
1521/51

PAULO ROBERTO RIMES DE CARVALHO JUNIOR,


brasileiro, solteiro, Advogado regulamente inscrito na OAB sob número OAB/RJ
154.839, com escritório estabelecido na Rua da Conceição, 188. Sala 2601B.
Centro. Niterói –RJ, CEP 24.020-087. Endereço eletrônico
paulorimes@torresamaral.com.br, Tel.: 21 96460-0934, onde requer, sejam
encaminhadas suas publicações, vem a presença de vossa excelência, Com base
no Art.5º, LXVIII,CRFB/88, Art.647 e seguintes do Código de Processo Penal bem
como artigo7º da Convenção Americana sobre Direitos Humanos – Pacto de San
José da Costa Rica (1969) – aprovado pelo governo brasileiro através do Decreto
Legislativo nº 678/92, nos termos do art. 5º, § 2º da Constituição Federal,
impetrar o presente

HABEAS CORPUS COM PEDIDO LIMINAR

Em favor de LUCAS JOSE SILVA DE FIGUEIREDO, brasileiro, solteiro, portadora


dacarteira de identidade nº 24705717- e CPF nº 148.411.887-11, residente e
domiciliado à Rua dos Navegantes, nº 1322 apto 301, Boa Viagem, Recife/PE.

_______________________________________________________________________________
_______
Dra. Lívia Torres – (21) 96434.4489
Dra. Fernanda Amaral – (21) 96505.8182
Sendo o impetrado, chamado também, autoridade coatora a juíza de Direito Dra
ANE DE SENA LINS, da VARA CENTRAL DE AUDIENCIAS DE CUSTODIA - RECIFE,
pelas razões fáticas e legais que passa a expor:

DOS FUNDAMENTOS DE FATO E DIREITO

O Paciente foi preso em flagrante no dia 16 de junho de 2021 por policiais civis
pela suposta pratica do disposto no artigo 171 §2º-A c/c 14, II, , ART. 288, ART.
2º IX, LEI 1521/51

Aos 17/06/2021 o indiciado foi apresentado em audiência de custódia ao


M.M. juízo de Direito (Vara Custódia), decidiu-se pela imposição das medidas
cautelares e arbitramento de fiança em 30 (trinta) salários-mínimos,
concedendo prazo de 72 (setenta e duas) horas, sob pena de decretação
da preventiva, para recolher a fiança, expedindo-se alvará de soltura.

Portanto o indiciado corre risco de ser novamente preso por motivo de não
ter condição de arcar com pagamento da fiança arbitrada em valor tão alto,
requerendo assim a dispensa da fiança ou de forma subsidiaria a sua redução de
forma a que se adeque a realidade do indiciado.

Cite-se , inclusive, que o paciente é réu primário e o suposto crime


foi cometido sem violência ou grave ameaça, e ainda ressalte-se, o mesmo
sequer foi consumado, conforme informado pela autoridade coatora bem
como se prova nos autos.

Contudo, com o devido respeito e acatamento, não agiu com total acerto a
nobre magistrada. Vejamos:

_______________________________________________________________________________
_______
Dra. Lívia Torres – (21) 96434.4489
Dra. Fernanda Amaral – (21) 96505.8182
DA IMPOSSIBILIDADE PELO PAGAMENTO DE VALORES EXORBITANTES

Preliminarmente cumpre destacar que a contratação de advogado


particular por si só não pode ensejar motivos para justificar a condição de
suficiência para arcar com uma fiança tão alta; a duas porque a assessoria jurídica
que patrocina a defesa criminal possui contrato de consultoria com a empresa e
assim deve patrocinar o indiciado; a três porque ao dispor de valor tão alto de
uma fiança, nesse momento que a empresa acaba de se instalar no Estada ira
certamente prejudicar o pagamento de funcionários e de outros clientes e atrelado
a isso ao fato de que não houve ao menos lesão as supostas vitimas com
obtenção da dita vantagem indevida.

Tais fatos fazem incidir, portanto, uma interpretação extensiva, pro


réu, contida nos artigos 325 e 350 do Código de Processo Penal, que determina
isenção de fiança na hipótese como esclarecido.

Corroborando com os fatos acima, imperioso ressaltar que o


paciente em nenhum momento se escusou de contar a verdade nos autos, é
morador do RJ e foi tentar a sorte em outra cidade e ao se deparar com um valor
desse será obrigado a “fechar as portas” e ainda por cima prejudicar terceiros que
estão atrelados a este e pelo qual assumiu compromisso, ate mesmo porque se
tivesse condições de pagar, já teria o feito.

Dessa forma, a manutenção do valor da fiança em 30 (trinta)


salários, se mostra ABSOLUTAMENTE DESNECESSÁRIA, tanto pelos fatos
narrados acima, quanto pelo fato de que o paciente não tem nenhuma pretensão
em deixar de se apresentar durante a instrução criminal ou para prestar quaisquer
esclarecimentos adicionais.

_______________________________________________________________________________
_______
Dra. Lívia Torres – (21) 96434.4489
Dra. Fernanda Amaral – (21) 96505.8182
O paciente não pode permanecer sob a custódia do Estado em
razão da impossibilidade de poder arcar com o citado pagamento, o que
configuraria uma ofensa aos seus direitos.

O processo penal e as prisões devem ser vistas sob a ótica da


dignidade da pessoa humana que fundamenta nossa Constituição. Assim tal
principio se conecta ao da razoabilidade, já que o processo é considerado uma
pena.

Neste mesmo sentido, temos diversos julgados que autorizam


essa redução reconhecendo que tal arbitramento pode mais prejudicar o réu,
retornando o mesmo ao cárcere, por um motivo de hipossuficiência financeira.
Ademais, ainda que não seja natural do Estado, o mesmo possui residência fixa
no distrito da culpa, mais um fato que torna imperiosa a sua dispensa ou a
diminuição dos valores.

Insta ressaltar, também, que, de acordo com a pacifica


doutrina e jurisprudência, dentro dos limites estabelecidos pela
lei 12403/2011, o valor da fiança será fixado de acordo com os
seguintes critérios:

a) a natureza da infração; b) as condições pessoais de fortuna e do indiciado;


c) sua vida pregressa; d) as circunstancias indicativas de sua
periculosidade; e) a importância provável das custas do processo.

_______________________________________________________________________________
_______
Dra. Lívia Torres – (21) 96434.4489
Dra. Fernanda Amaral – (21) 96505.8182
Ainda, considerando que a fiança deverá servir como caução, de
forma a garantir o comparecimento do réu nos autos do processo, é relevante ter
em conta a situação financeira, bem como todas as circunstancias que tal
disponibilização poderia gerar, pois esta não pode ser de um valor tão alto
que inviabilize a sua prestação, equivalente tal situação a sua não
concessão.

Ora, evidente que a manutenção da fiança em um valor tão alto


corresponde o mesmo que sua não fixação e, portanto, a manutenção automática
da prisão do indiciado pela pratica do crime de pouca gravidade, alias, reafirma-se
de que não há qualquer obtenção de vantagem exercida por este.

Logo, conforme visto que ausentes também os requisitos de uma


prisão preventiva, mostra-se ser descabida e ilegal uma decretação de
custódia cautelar em valor tão alto, não se discute aqui o fato de não se
arbitrar se fosse o caso, mas sim nas condições que foram feitas, sob
pena de levar o réu a novo cárcere.

DA ORDEM LIMINAR

Os requisitos necessários à concessão da liminar mostram-se presentes.


Em assim sendo dispõe o Impetrante das cópias suficientes para instruir o
presente Habeas Corpus, possibilitando o exame e deferimento da liminar.

O fumus boni iuris acha-se consubstanciado na própria possibilidade de


decreto de prisão preventiva em caso de não pagamento da mesma. A breve
leitura das razões de decidir da autoridade coatora revela que a decretação da
prisão preventiva pelo não pagamento há mais prejuízo do que benefícios ao
processo.

_______________________________________________________________________________
_______
Dra. Lívia Torres – (21) 96434.4489
Dra. Fernanda Amaral – (21) 96505.8182
Desta forma devemos analisar alguns pontos fundamentais que venham
a justificar a necessidade de revogação da medida que foi aplicada, e a primeira delas,
temos aquela que denominamos como PRINCIPIO DA NECESSIDADE.

É, pois, o quanto basta para que se verifique o fumus boni iuris necessário
à concessão da liminar. E, quanto ao periculum in mora, não é menos evidente,
sendo inerente à própria situação de constrangimento ilegal a que está submetido
o Paciente.

Preenchidos os requisitos exigidos para a concessão liminar da ordem de


habeas corpus, nos termos do art. 660, § 2º, do Código de Processo Penal, quais
sejam: o fumus boni juris, presente na argumentação e documentos anexos e
o periculum in mora, existente no constrangimento ilegal ensejado pelo conteúdo
da decisão vergastada, cuja vigência está constrangendo a liberdade do paciente,
sendo a concessão liminar da presente ordem medida salutar e urgente, e, quanto
ao periculum in mora, não é menos evidente, sendo inerente à própria situação de
constrangimento ilegal a que está submetido o Paciente.

É ressabido que para externar-se a decretação da custódia preventiva


devem concorrer duas ordens de pressupostos: os denominados pressupostos
proibitórios (o fumus commissi delicti representado no nosso direito processual
pela prova da materialidade do delito e pelos indícios suficientes da autoria) e os
pressupostos cautelares (o periculum libertatis , representado na legislação
brasileira pelas nominadas finalidades da prisão preventiva, trazidas na parte
inicial do art. 312 do estatuto processual penal).

O princípio ora sob epígrafe se expressa através dos denominados


pressupostos cautelares, chamados comumente na doutrina brasileira de
finalidades da prisão preventiva. Decorre de tal princípio que, para se ver
decretada a medida coativa, deve revelar-se no caso concreto uma das três

_______________________________________________________________________________
_______
Dra. Lívia Torres – (21) 96434.4489
Dra. Fernanda Amaral – (21) 96505.8182
finalidades expressas pela lei: a conveniência da instrução criminal, o
asseguramento da ordem pública ou a garantia da ordem pública. Na espécie
sequer um de tais pressupostos se encontra evidenciado.

Assim, suficientemente instruído o Habeas Corpus e presentes os


requisitos legais, requer-se o deferimento de liminar para determinar o
cancelamento imediato de uma liberdade provisória com o recolhimento de um
valor tão alto de fiança, até decisão final do Writ.

Acaso não seja esse o entendimento do Eminente Relator, requer-se, ao


se requisitar informações à autoridade coatora, seja solicitado o envio das peças
que V. Exa. entender faltantes para o exame da liminar.

DOS PEDIDOS

Diante de todo o exposto, REQUER:

A) Seja concedida a ordem LIMINARMENTE, a fim de que o mesmo seja


dispensado do pagamento da fiança arbitrada, com imediata ordem de
dispensa da fiança e manutenção da liberdade provisória;

B) Seja intimado o Ministério Público para intervir no feito na forma


determinada em lei;

C) No mérito seja confirmada a liminar requerida, mantendo liberdade a


paciente sem aplicação de medidas cautelar de fiança, ou se entender de
forma diferente que subsidiariamente a reduza num patamar que possa ser
arcado pelo paciente pelas razões expostas;

_______________________________________________________________________________
_______
Dra. Lívia Torres – (21) 96434.4489
Dra. Fernanda Amaral – (21) 96505.8182
Nestes termos,

Pede e espera deferimento.

Niteroi, 21 de junho de 2021

_______________________________________________________________________________
_______
Dra. Lívia Torres – (21) 96434.4489
Dra. Fernanda Amaral – (21) 96505.8182

Você também pode gostar