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SUELEN ALMEIDA MORAES - 999.405.

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LEI 13869/19 – ABUSO DE AUTORIDADE VI - membros dos tribunais ou conselhos de contas.


Parágrafo único.  Reputa-se agente público, para os efeitos desta
Lei, todo aquele que exerce, ainda que transitoriamente ou
CAPÍTULO I
sem remuneração, por eleição, nomeação, designação,
DISPOSIÇÕES GERAIS
contratação ou qualquer outra forma de investidura ou vínculo,
Art. 1º  Esta Lei define os crimes de abuso de autoridade,
mandato, cargo, emprego ou função em órgão ou entidade
cometidos por agente público (crime próprio), servidor ou não,
abrangidos pelo caput deste artigo.
que, no exercício de suas funções ou a pretexto de exercê-las,
abuse do poder que lhe tenha sido atribuído.
CAPÍTULO III
§ 1º  As condutas descritas nesta Lei constituem crime de abuso
DA AÇÃO PENAL
de autoridade quando praticadas pelo agente com a
Art. 3º  Os crimes previstos nesta Lei são de ação penal pública
finalidade específica de prejudicar outrem ou beneficiar a si
INCONDICIONADA.
mesmo ou a terceiro, ou, ainda, por mero capricho ou
§ 1º [AÇÃO PENAL PRIVADA SUBSIDIÁRIA DA PÚBLICA] Será
satisfação pessoal.
admitida ação privada se a ação penal pública não for
intentada no prazo legal (5 dias – réu preso/ 15 dias – réu solto
Elemento subjetivo especial dos crimes de abuso de ou afiançado), cabendo ao Ministério Público aditar a queixa,
autoridade repudiá-la e oferecer denúncia substitutiva, intervir em todos
O agente só 1) ao praticar a conduta tinha a finalidade os termos do processo, fornecer elementos de prova, interpor
comete crime específica de: recurso e, a todo tempo, no caso de negligência do
de abuso de • prejudicar alguém; ou querelante, retomar a ação como parte principal.
autoridade se: • beneficiar a si mesmo ou a terceiro; OU § 2º  A ação privada subsidiária será exercida no prazo de 6
meses, contado da data em que se esgotar o prazo para
2) tiver praticado a conduta por mero capricho oferecimento da denúncia. (“O único efeito da perda do prazo
ou satisfação pessoal. decadencial será, tão somente, a impossibilidade de ajuizamento
*https://www.dizerodireito.com.br/2019/11/lei-de-abuso-de-autoridade-parte- da queixa-substitutiva pelo ofendido - mas o Ministério Público
1.html continuará, respeitado o prazo prescricional, legitimado a oferecer
denúncia.”)1
§ 2º  A divergência na interpretação de lei ou na avaliação de
fatos e provas não configura abuso de autoridade.
Somente é possível a ação penal subsidiária da pública quando
restar configurada inércia do Ministério Público, não sendo
Na vigência da antiga Lei de Abuso de Autoridade (Lei nº cabível nas hipóteses de arquivamento de inquérito policial
4.898/65), a jurisprudência já rechaçava a possibilidade de se promovido pelo membro do Parquet e acolhido pelo juiz. STJ. 5ª
responsabilizar criminalmente o magistrado pela mera Turma. AgRg no REsp 1508560/SP, Rel. Min. Jorge Mussi,
divergência de interpretação: julgado em 06/11/2018.
(...) 1. Faz parte da atividade jurisdicional proferir decisões com o
vício in judicando e in procedendo, razão por que, para a A ação privada subsidiária da pública só é possível quando o
configuração do delito de abuso de autoridade há necessidade Órgão Ministerial se mostrar desidioso e não se manifestar no
da demonstração de um mínimo de "má-fé" e de "maldade" por prazo previsto em lei. Se o Ministério Público promove o
parte do julgador, que proferiu a decisão com a evidente arquivamento do inquérito ou requer o seu retorno ao delegado
intenção de causar dano à pessoa. de polícia para novas diligências, não cabe queixa subsidiária.
2. Por essa razão, não se pode acolher denúncia oferecida contra STJ. 6ª Turma. AgRg no AREsp 1049105/DF, Rel. Min. Rogerio
a atuação do magistrado sem a configuração mínima do dolo Schietti Cruz, julgado em 18/10/2018.
exigido pelo tipo do injusto, que, no caso presente, não restou (i) o ajuizamento da ação penal privada pode ocorrer após o
demonstrado na própria descrição da peça inicial de acusação decurso do prazo legal, sem que seja oferecida denúncia, ou
para se caracterizar o abuso de autoridade. (…) STJ. Corte promovido o arquivamento, ou requisitadas diligências externas
Especial. APn 858/DF, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, ao Ministério Público. Diligências internas à instituição são
julgado em 24/10/2018. irrelevantes;
*https://www.dizerodireito.com.br/2019/11/lei-de-abuso-de-autoridade-parte- (ii) a conduta do Ministério Público posterior ao surgimento do
1.html
direito de queixa não prejudica sua propositura.
Assim, o oferecimento de denúncia, a promoção do
CAPÍTULO II
arquivamento ou a requisição de diligências externas ao
DOS SUJEITOS DO CRIME
Ministério Público, posterior ao decurso do prazo legal para a
Art. 2º  É sujeito ativo do crime de abuso de autoridade
propositura da ação penal, não afastam o direito de queixa.
qualquer agente público (crime próprio), servidor ou não, da
Nem mesmo a ciência da vítima ou da família quanto a tais
administração direta, indireta ou fundacional de qualquer dos
diligências afasta esse direito, por não representar concordância
Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos
com a falta de iniciativa da ação penal pública. (…) STF. Plenário
Municípios e de Território, compreendendo, mas não se
virtual. ARE 859251 RG, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em
limitando a (rol exemplificativo):
16/04/2015.
I - servidores públicos e militares ou pessoas a eles
equiparadas; *https://www.dizerodireito.com.br/2019/11/lei-de-abuso-de-autoridade-parte-
1.html
II - membros do Poder Legislativo;
III - membros do Poder Executivo;
IV - membros do Poder Judiciário; 1
(COSTA, Klaus Negri; ARAÚJO, Fábio Roque. Processo Penal didático. Salvador:
V - membros do Ministério Público; Juspodivm, 2018, p. 199)
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Lei 4898/65 LEI 13869/19 Art. 5º  As penas restritivas de direitos substitutivas das
privativas de liberdade previstas nesta Lei são:
Se o órgão do Ministério Pú- [AÇÃO PENAL PRIVADA I - prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas;
blico não oferecer a denúncia SUBSIDIÁRIA DA PÚBLICA] II - suspensão do exercício do cargo, da função ou do
no prazo fixado nesta lei Será admitida ação privada se mandato, pelo prazo de 1 a 6 meses, com a perda dos
(48h), será admitida ação pri- a ação penal pública não for vencimentos e das vantagens;
vada. O órgão do Ministério intentada no prazo legal (5 Parágrafo único. As penas restritivas de direitos podem ser
Público poderá, porém, aditar a dias – réu preso/ 15 dias – réu aplicadas autônoma ou cumulativamente.
queixa, repudiá-la e oferecer solto ou afiançado), cabendo
denúncia substitutiva e intervir ao Ministério Público aditar a CAPÍTULO V
em todos os termos do proces- queixa, repudiá-la e oferecer DAS SANÇÕES DE NATUREZA CIVIL E ADMINISTRATIVA
so, interpor recursos e, a todo denúncia substitutiva, Art. 6º  As penas previstas nesta Lei serão aplicadas
tempo, no caso de negligência intervir em todos os termos independentemente das sanções de natureza civil ou
do querelante, retomar a ação do processo, fornecer administrativa cabíveis.
como parte principal. elementos de prova, interpor Parágrafo único. As notícias de crimes previstos nesta Lei que
recurso e, a todo tempo, no descreverem falta funcional serão informadas à autoridade
caso de negligência do competente com vistas à apuração.
querelante, retomar a ação
como parte principal. Art. 7º  As responsabilidades civil e administrativa são
A ação privada subsidiária será independentes da criminal, não se podendo mais questionar
exercida no prazo de 6 me- sobre a existência ou a autoria do fato quando essas questões
ses, contado da data em que tenham sido decididas no juízo criminal.
se esgotar o prazo para ofe-
recimento da denúncia. Art. 8º  FAZ COISA JULGADA EM ÂMBITO CÍVEL, assim como
no administrativo-disciplinar, a sentença penal que reconhecer
CAPÍTULO IV ter sido o ato praticado em estado de necessidade, em
DOS EFEITOS DA CONDENAÇÃO E DAS PENAS RESTRITIVAS DE legítima defesa, em estrito cumprimento de dever legal ou no
DIREITOS exercício regular de direito (excludentes de ilicitude)
Seção I
Dos Efeitos da Condenação CAPÍTULO VI
Art. 4º  São EFEITOS DA CONDENAÇÃO: DOS CRIMES E DAS PENAS
I - tornar certa a obrigação de indenizar o dano causado pelo
crime, devendo o juiz, a requerimento do ofendido, fixar na Lei 4898/65 LEI 13869/19
sentença o valor mínimo para reparação dos danos causados
pela infração, considerando os prejuízos por ele sofridos; Havia previsão dos crimes de Não há previsão
II - a inabilitação para o exercício de cargo, mandato ou atentado ou empreendimento,
função pública, pelo período de 1 a 5 anos; que são aqueles em que se
III - a perda do cargo, do mandato ou da função pública. pune a tentativa com a mesma
Parágrafo único. Os efeitos previstos nos incisos II (inabilitação pena do crime consumado.
para o exercício) e III (perda) do caput deste artigo são Não admite tentativa, pois o
condicionados à ocorrência de reincidência em crime de abuso tentar já é consumir.
de autoridade e NÃO SÃO AUTOMÁTICOS, devendo ser Art. 3º. [CRIME DE ATENTA-
declarados motivadamente na sentença. DO] Constitui abuso de auto-
ridade qualquer atentado:
PERDA DO CARGO a) à liberdade de locomoção;
b) à inviolabilidade do domi-
Código Penal Lei 4898/65 LEI 13869/19
cílio;
Efeito da condena- Natureza de pena Efeito da condenação – c) ao sigilo da correspondência;
ção – art. 92, I art. 4, III d) à liberdade de consciência e
de crença;
e) ao livre exercício do culto re-
INABILITAÇÃO
ligioso;
Lei 4898/65 LEI 13869/19 f) à liberdade de associação;
g) aos direitos e garantias le-
Inabilitação para o exercício de Inabilitação para o exercício de
gais assegurados ao exercício
qualquer outra função pública cargo, mandato ou função pú-
do voto;
por prazo até 3 anos. blica, pelo período de 1 a 5
h) ao direito de reunião;
anos
i) à incolumidade física do in-
Natureza de pena Efeito da condenação divíduo;
(não automático) j) aos direitos e garantias legais
assegurados ao exercício pro-
Seção II fissional.
Das Penas Restritivas de Direitos
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Lei 4898/65 LEI 13869/19 I - deixa de comunicar, imediatamente, a execução de prisão


temporária ou preventiva à autoridade judiciária que a
A sanção penal consistirá em A sanção penal continua sendo decretou;
DETENÇÃO por 10 dias a 6 DETENÇÃO, mas com patama- II - deixa de comunicar, imediatamente, a prisão de qualquer
meses (INFRAÇÃO DE ME- res mínimos e máximos pre- pessoa e o local onde se encontra à sua família ou à pessoa
NOR POTENCIAL OFENSIVO) vistos para cada um dos tipos por ela indicada;
elencados na lei. III - deixa de entregar ao preso, no prazo de 24 horas, a nota
de culpa, assinada pela autoridade, com o motivo da prisão e os
Art. 9º  Decretar medida de privação da liberdade em manifesta nomes do condutor e das testemunhas;
desconformidade com as hipóteses legais: IV - prolonga a execução de pena privativa de liberdade, de
Pena - detenção, de 1 a 4 anos, e multa. prisão temporária, de prisão preventiva, de medida de
Parágrafo único.  Incorre na mesma pena a autoridade judiciária segurança ou de internação, deixando, sem motivo justo e
que, dentro de prazo razoável, deixar de: excepcionalíssimo, de executar o alvará de soltura
I - relaxar a prisão manifestamente ilegal; imediatamente após recebido ou de promover a soltura do
II - substituir a prisão preventiva por medida cautelar diversa preso quando esgotado o prazo judicial ou legal.
ou de conceder liberdade provisória, quando manifestamente Deixar de comunicar a prisão à (ao) ... Configura crime?
cabível;
III - deferir liminar ou ordem de habeas corpus, quando
autoridade judiciária SIM. Caput do art. 12
manifestamente cabível.

família do preso ou à pessoa por ele SIM. Art. 12, parágrafo


Lei 4898/65
indicada único, II
Art. 4º Constitui também abuso de autoridade:
a) ordenar ou executar medida privativa da liberdade individual, Ministério Público NÃO
sem as formalidades legais ou com abuso de poder;
d) deixar o Juiz de ordenar o relaxamento de prisão ou detenção
Defensoria Pública NÃO
ilegal que lhe seja comunicada;
e) levar à prisão e nela deter quem quer que se proponha a https://www.buscadordizerodireito.com.br/juscom/artigo/81bc798a42a7ce
prestar fiança, permitida em lei; 40810bf523f24deee1?lei=27

Art. 10.  Decretar a condução coercitiva de testemunha ou Lei 4898/65


investigado manifestamente descabida ou sem prévia
Art. 4º Constitui também abuso de autoridade:
intimação de comparecimento ao juízo:
c) deixar de comunicar, imediatamente, ao juiz competente a
Pena - detenção, de 1 a 4 anos, e multa.
prisão ou detenção de qualquer pessoa;

O CPP, ao tratar sobre a condução coercitiva, prevê o seguinte:


Art. 13.  Constranger o preso ou o detento, mediante
Art. 260. Se o acusado não atender à intimação para o
violência, grave ameaça ou redução de sua capacidade de
interrogatório, reconhecimento ou qualquer outro ato que, sem
resistência, a:
ele, não possa ser realizado, a autoridade poderá mandar
I - exibir-se ou ter seu corpo ou parte dele exibido à
conduzi-lo à sua presença. O STF declarou que a expressão
curiosidade pública;
“para o interrogatório”, prevista no art. 260 do CPP, não foi
II - submeter-se a situação vexatória ou a constrangimento não
recepcionada pela Constituição Federal. Assim, caso seja
autorizado em lei;
determinada a condução coercitiva de investigados ou de réus
III - produzir prova contra si mesmo ou contra terceiro:
para interrogatório, tal conduta poderá ensejar:
Pena - detenção, de 1 a 4 anos, e multa, sem prejuízo da pena
• a responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou da
cominada à violência.
autoridade
• a ilicitude das provas obtidas
• a responsabilidade civil do Estado. Art. 1º da Lei de Tortura Art. 13 da nova Lei de Abuso
Modulação dos efeitos: o STF afirmou que o entendimento de Autoridade
acima não desconstitui (não invalida) os interrogatórios que Crime comum. Crime próprio.
foram realizados até a data do julgamento, ainda que os Ao contrário do que ocorre nos Somente pode ser praticado
interrogados tenham sido coercitivamente conduzidos para o outros países, no Brasil, mesmo por autoridade.
referido ato processual. STF. Plenário. ADPF 395/DF e ADPF 444/ o particular, ou seja, quem não
DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgados em 13 e 14/6/2018 (Info é funcionário público, também
906). pode praticar crime de tortura.
CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Inconstitucionalidade da condução coercitiva para interrogatório. Buscador
Dizer o Direito, Manaus. Disponível em: <https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/
1f74a54f39b3123ad272ca0a06e7463f>. Acesso em: 11/12/2019 O constrangimento pode ser O constrangimento pode ser
feito com emprego de: feito com emprego de:
Art. 12.  Deixar injustificadamente de comunicar prisão em • violência; ou • violência
flagrante à autoridade judiciária no prazo legal: • grave ameaça. • grave ameaça
Pena - detenção, de 6 meses a 2 anos, e multa. • ou alguma forma de reduzir a
Parágrafo único.  Incorre na mesma pena quem: capacidade de resistência da
vítima.
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Exige-se que a conduta tenha Não exige que conduta tenha Parágrafo único.  Incorre na mesma pena quem, como
causado sofrimento físico ou causado sofrimento físico ou responsável por interrogatório em sede de procedimento
mental na vítima. mental na vítima. investigatório de infração penal, deixa de identificar-se ao preso
ou atribui a si mesmo falsa identidade, cargo ou função.
Nos incisos I e II são narradas O objetivo do agente é fazer o
finalidades específicas do preso ou o detento: Art. 18.  Submeter o preso a interrogatório policial durante o
agente. I - exibir-se ou ter seu corpo ou período de repouso noturno, salvo se capturado em flagrante
No § 1º, por sua vez, não é parte dele exibido à delito ou se ele, devidamente assistido, consentir em prestar
descrita nenhuma finalidade curiosidade pública; declarações:
específica. II - submeter-se a situação Pena - detenção, de 6 meses a 2 anos, e multa.
vexatória ou a
constrangimento não
Em regra: o interrogatório policial não pode ser feito durante o
autorizado em lei; ou
período de repouso noturno.
III - produzir prova contra si
mesmo ou contra terceiro. Exceções. O interrogatório policial do preso poderá ser realizado
Além disso, o agente tem a durante o período de repouso noturno em duas hipóteses:
finalidade específica de 1) se o indivíduo tiver sido preso em flagrante (isso se justifica
prejudicar outrem ou beneficiar porque a autoridade policial tem um exíguo prazo de 24 horas
a si mesmo ou a terceiro, ou, para concluir o procedimento).
ainda, por mero capricho ou 2) se preso concordar em prestar suas declarações durante este
satisfação pessoal. período e ele estiver devidamente assistido.
https://www.buscadordizerodireito.com.br/juscom/artigo/
A pena é de 2 a 8 anos. A pena é de 1 a 4 anos. 5d0d5594d24f0f955548f0fc0ff83d10?lei=27
https://www.buscadordizerodireito.com.br/juscom/artigo/
6dff2291fe2e822de2e8068a182c4759?lei=27 Art. 19.  Impedir ou retardar, injustificadamente, o envio de
pleito de preso à autoridade judiciária competente para a
Lei 4898/65 apreciação da legalidade de sua prisão ou das circunstâncias de
sua custódia:
Art. 4º Constitui também abuso de autoridade:
Pena - detenção, de 1 a 4 anos, e multa.
b) submeter pessoa sob sua guarda ou custódia a vexame ou a
Parágrafo único. Incorre na mesma pena o magistrado que, ciente
constrangimento não autorizado em lei;
do impedimento ou da demora, deixa de tomar as providências
tendentes a saná-lo ou, não sendo competente para decidir sobre
Art. 15.  Constranger a depor, sob ameaça de prisão, pessoa a prisão, deixa de enviar o pedido à autoridade judiciária que o
que, em razão de função, ministério, ofício ou profissão, deva seja.
guardar segredo ou resguardar sigilo:
Pena - detenção, de 1 a 4 anos, e multa. Art. 20.  Impedir, sem justa causa, a entrevista pessoal e
Parágrafo único.  Incorre na mesma pena quem prossegue com reservada do preso com seu advogado:
o interrogatório: Pena - detenção, de 6 meses a 2 anos, e multa.
I - de pessoa que tenha decidido exercer o direito ao silêncio; Parágrafo único.  Incorre na mesma pena quem impede o
ou preso, o réu solto ou o investigado de entrevistar-se pessoal e
II - de pessoa que tenha optado por ser assistida por reservadamente com seu advogado ou defensor, por prazo
advogado ou defensor público, sem a presença de seu razoável, antes de audiência judicial, e de sentar-se ao seu lado
patrono. e com ele comunicar-se durante a audiência, salvo no curso de
interrogatório ou no caso de audiência realizada por
Se, no momento da realização do interrogatório pré- videoconferência.
processual, o investigado não estiver acompanhado de
advogado ou Defensor Público, a autoridade que conduz a Art. 21.  Manter presos de ambos os sexos na mesma cela ou
investigação deverá, obrigatoriamente, designar um espaço de confinamento:
defensor dativo para acompanhá-lo no ato? Pena - detenção, de 1 a 4 anos, e multa.
Não. A presença da defesa técnica no interrogatório e nos Parágrafo único.  Incorre na mesma pena quem mantém, na
demais atos da investigação criminal pré-processual é, em mesma cela, criança ou adolescente na companhia de maior
princípio, facultativa. Trata-se de um direito do investigado, mas, de idade ou em ambiente inadequado, observado o disposto
ao contrário do interrogatório judicial, este pode optar por não na Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do
estar acompanhado de um advogado no ato, sem que isso Adolescente).
acarrete nulidade. Por outro lado, se o interrogando quiser ser
assistido por advogado ou Defensor Público, a autoridade não Art. 22.  Invadir ou adentrar, clandestina ou astuciosamente,
pode continuar o interrogatório sem assegurar esse direito. ou à revelia da vontade do ocupante, imóvel alheio ou suas
https://www.buscadordizerodireito.com.br/juscom/artigo/ dependências, ou nele permanecer nas mesmas condições, sem
6fe43269967adbb64ec6149852b5cc3e?lei=27 determinação judicial ou fora das condições estabelecidas em
lei:
Art. 16.  Deixar de identificar-se ou identificar-se falsamente Pena - detenção, de 1 a 4 anos, e multa.
ao preso por ocasião de sua captura ou quando deva fazê-lo
durante sua detenção ou prisão:
O Código Penal, ao tratar sobre o crime de violação de
Pena - detenção, de 6 meses a 2 anos, e multa.
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domicílio, prevê a seguinte causa de aumento de pena: de processo civil ou investigação ou de processo, o
Art. 150. Entrar ou permanecer, clandestina ou astuciosamente, administrativo, o estado de estado de lugar, de coisa ou de
ou contra a vontade expressa ou tácita de quem de direito, em lugar, de coisa ou de pessoa, pessoa, com o fim de eximir-se
casa alheia ou em suas dependências: com o fim de induzir a erro o de responsabilidade ou de
Pena - detenção, de um a três meses, ou multa. juiz ou o perito: responsabilizar criminalmente
§ 2º Aumenta-se a pena de um terço, se o fato é cometido por Pena - detenção, de três meses alguém ou agravar-lhe a
funcionário público, fora dos casos legais, ou com inobservância a dois anos, e multa. responsabilidade:
das formalidades estabelecidas em lei, ou com abuso do poder. Parágrafo único. Se a inovação Pena - detenção, de 1 (um) a 4
A conduta descrita neste dispositivo foi inteiramente se destina a produzir efeito em (quatro) anos, e multa.
disciplinada pelo art. 22 da Lei nº 13.869/2019, de forma processo penal, ainda que não Parágrafo único.  Incorre na
que o § 2º do art. 150 do CP está derrogado tacitamente iniciado, as penas aplicam-se mesma pena quem pratica a
pela nova Lei de Abuso de Autoridade. em dobro. conduta com o intuito de:
https://www.buscadordizerodireito.com.br/juscom/artigo/36fa3ecc0b2d2bfe0bec0f2b369f24db?lei=27 I - eximir-se de
responsabilidade civil ou
§ 1º  Incorre na mesma pena, na forma prevista no caput deste administrativa por excesso
artigo, quem: praticado no curso de
I - coage alguém, mediante violência ou grave ameaça, a diligência;
franquear-lhe o acesso a imóvel ou suas dependências; II - omitir dados ou
III - cumpre mandado de busca e apreensão domiciliar após as informações ou divulgar dados
21h ou antes das 5h ou informações incompletos
§ 2º  [Excludentes de Ilicitude] Não haverá crime se o ingresso para desviar o curso da
for para prestar socorro, ou quando houver fundados indícios investigação, da diligência ou
que indiquem a necessidade do ingresso em razão de situação do processo.
de flagrante delito ou de desastre.
Sujeito ativo: crime comum Sujeito ativo: crime próprio
(pode ser praticado por (somente pode ser praticado
Art. 150 do Código Penal Art. 22 da Lei de Abuso de
qualquer pessoa). por autoridade).
Autoridade
Exige como finalidade Possui outras finalidades
Art. 150. Entrar ou permanecer, Art. 22. Invadir ou adentrar,
específica a intenção de induzir específicas descritas no caput e
clandestina ou astuciosamente, clandestina ou astuciosamente,
a erro o juiz ou o perito. no parágrafo único.
ou contra a vontade expressa ou à revelia da vontade do
https://www.buscadordizerodireito.com.br/juscom/artigo/f968fdc88852a4a3a27a81fe3f57bfc5?lei=27
ou tácita de quem de direito, ocupante, imóvel alheio ou
em casa alheia ou em suas suas dependências, ou nele
Art. 24.  Constranger, sob violência ou grave ameaça,
dependências: permanecer nas mesmas
funcionário ou empregado de instituição hospitalar pública ou
Pena - detenção, de um a três condições, sem determinação
privada a admitir para tratamento pessoa cujo óbito já tenha
meses, ou multa. judicial ou fora das condições
ocorrido, com o fim de alterar local ou momento de crime,
estabelecidas em lei:
prejudicando sua apuração:
Pena - detenção, de 1 (um) a 4
Pena - detenção, de 1 a 4 anos, e multa, além da pena
(quatro) anos, e multa.
correspondente à violência.
Sujeito ativo: crime comum Sujeito ativo: crime próprio
(pode ser praticado por (somente pode ser praticado Art. 25.  Proceder à obtenção de prova, em procedimento de
qualquer pessoa). por autoridade). investigação ou fiscalização, por meio manifestamente ilícito:
https://www.buscadordizerodireito.com.br/juscom/artigo/36fa3ecc0b2d2bfe0bec0f2b369f24db?lei=27 Pena - detenção, de 1 a 4 anos, e multa.
Parágrafo único.  Incorre na mesma pena quem faz uso de prova,
Art. 23.  Inovar artificiosamente, no curso de diligência, de em desfavor do investigado ou fiscalizado, com prévio
investigação ou de processo, o estado de lugar, de coisa ou de conhecimento de sua ilicitude.
pessoa, com o fim de eximir-se de responsabilidade ou de
responsabilizar criminalmente alguém ou agravar-lhe a Art. 27.  Requisitar instauração ou instaurar procedimento
responsabilidade: investigatório de infração penal ou administrativa, em desfavor de
Pena - detenção, de 1 a 4 anos, e multa. alguém, à falta de qualquer indício da prática de crime, de
Parágrafo único.  Incorre na mesma pena quem pratica a ilícito funcional ou de infração administrativa:
conduta com o intuito de: Pena - detenção, de 6 meses a 2 anos, e multa.
I - eximir-se de responsabilidade civil ou administrativa por Parágrafo único.  NÃO HÁ CRIME quando se tratar de
excesso praticado no curso de diligência; sindicância ou investigação preliminar sumária, devidamente
II - omitir dados ou informações ou divulgar dados ou justificada.
informações incompletos para desviar o curso da investigação, da
diligência ou do processo. Art. 28.  Divulgar gravação ou trecho de gravação sem relação
com a prova que se pretenda produzir, expondo a intimidade
Art. 347 do Código Penal Art. 23 da Lei de Abuso de ou a vida privada ou ferindo a honra ou a imagem do
Autoridade investigado ou acusado:
Pena - detenção, de 1 a 4 anos, e multa.
Art. 347. Inovar Art. 23.  Inovar artificiosamente,
artificiosamente, na pendência no curso de diligência, de
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Art. 29.  Prestar informação falsa sobre procedimento judicial, CAPÍTULO VIII
policial, fiscal ou administrativo com o fim de prejudicar DISPOSIÇÕES FINAIS
interesse de investigado: Art. 40.  O art. 2º da Lei nº 7.960, de 21 de dezembro de 1989,
Pena - detenção, de 6 meses a 2 anos, e multa. passa a vigorar com a seguinte redação:
“Art.2º § 4º-A  O mandado de prisão conterá necessariamente
Art. 30.  Dar início ou proceder à persecução penal, civil ou o período de duração da prisão temporária estabelecido
administrativa sem justa causa fundamentada ou contra no caput deste artigo, bem como o dia em que o preso deverá
quem sabe inocente: ser libertado.
Pena - detenção, de 1 a 4 anos, e multa. § 7º  Decorrido o prazo contido no mandado de prisão, a
autoridade responsável pela custódia deverá,
Art. 31.  Estender injustificadamente a investigação, independentemente de nova ordem da autoridade judicial,
procrastinando-a em prejuízo do investigado ou fiscalizado: pôr imediatamente o preso em liberdade, salvo se já tiver sido
Pena - detenção, de 6 meses a 2 anos, e multa. comunicada da prorrogação da prisão temporária ou da
Parágrafo único.  Incorre na mesma pena quem, inexistindo decretação da prisão preventiva.
prazo para execução ou conclusão de procedimento, o § 8º  Inclui-se o dia do cumprimento do mandado de prisão no
estende de forma imotivada, procrastinando-o em prejuízo do cômputo do prazo de prisão temporária.”
investigado ou do fiscalizado.
Art. 41.  O art. 10 da Lei nº 9.296, de 24 de julho de 1996, passa a
Art. 32.  Negar ao interessado, seu defensor ou advogado vigorar com a seguinte redação:
acesso aos autos de investigação preliminar, ao termo “Art. 10.  Constitui crime realizar interceptação de
circunstanciado, ao inquérito ou a qualquer outro comunicações telefônicas, de informática ou telemática,
procedimento investigatório de infração penal, civil ou promover escuta ambiental ou quebrar segredo da Justiça, sem
administrativa, assim como impedir a obtenção de cópias, autorização judicial ou com objetivos não autorizados em lei:
ressalvado o acesso a peças relativas a diligências em curso, ou Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.
que indiquem a realização de diligências futuras, cujo sigilo seja Parágrafo único.  Incorre na mesma pena a autoridade judicial
imprescindível: que determina a execução de conduta prevista no caput deste
Pena - detenção, de 6 meses a 2 anos, e multa. artigo com objetivo não autorizado em lei.” (NR)

Art. 33.  Exigir informação ou cumprimento de obrigação, Art. 42.  A Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da
inclusive o dever de fazer ou de não fazer, sem expresso amparo Criança e do Adolescente), passa a vigorar acrescida do seguinte
legal: art. 227-A:
Pena - detenção, de 6 meses a 2 anos, e multa. “Art. 227-A  Os efeitos da condenação prevista no inciso I
Parágrafo único.  Incorre na mesma pena quem se utiliza de cargo do caput do art. 92 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de
ou função pública ou invoca a condição de agente público para 1940 (Código Penal), para os crimes previstos nesta Lei,
se eximir de obrigação legal ou para obter vantagem ou privilégio praticados por servidores públicos com abuso de autoridade, são
indevido. condicionados à ocorrência de reincidência.
Parágrafo único.  A perda do cargo, do mandato ou da função,
Art. 36.  Decretar, em processo judicial, a indisponibilidade de nesse caso, independerá da pena aplicada na reincidência.”
ativos financeiros em quantia que extrapole
exacerbadamente o valor estimado para a satisfação da dívida Art. 43.  A Lei nº 8.906, de 4 de julho de 1994, passa a vigorar
da parte e, ante a demonstração, pela parte, da excessividade da acrescida do seguinte art. 7º-B:
medida, deixar de corrigi-la: ‘Art. 7º-B  Constitui crime violar direito ou prerrogativa de
Pena - detenção, de 1 a 4 anos, e multa. advogado previstos nos incisos II, III, IV e V do caput do art. 7º
desta Lei:
Art. 37.  Demorar demasiada e injustificadamente no exame de Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa.’”
processo de que tenha requerido vista em órgão colegiado,
com o intuito de procrastinar seu andamento ou retardar o Art. 44.  Revogam-se a Lei nº 4.898, de 9 de dezembro de 1965,
julgamento: e o § 2º do art. 150 e o art. 350, ambos do Decreto-Lei nº 2.848,
Pena - detenção, de 6 meses a 2 anos, e multa. de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal).

Art. 38.  Antecipar o responsável pelas investigações, por meio Art. 45.  Esta Lei entra em vigor após decorridos 120 dias de sua
de comunicação, inclusive rede social, atribuição de culpa, antes publicação oficial.
de concluídas as apurações e formalizada a acusação:
Pena - detenção, de 6 meses a 2 anos, e multa.

CAPÍTULO VII
DO PROCEDIMENTO
Art. 39.  Aplicam-se ao processo e ao julgamento dos delitos
previstos nesta Lei, no que couber, as disposições do Decreto-
Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941 (Código de Processo
Penal), e da Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995.

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