Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
@prof.diegopureza
/profdiegopureza
Página 1 de 36
Disciplina: Legislação Especial Esquematizada
Tema: Nova Lei de Abuso de Autoridade
Lei nº 13.869/2019
LEI nº 13.869/2019
NOVA LEI DE ABUSO DE AUTORIDADE ESQUEMATIZADA
Disposições Gerais
INTRODUÇÃO
Antes da nova lei de abuso de autoridade, a lei até então em vigor havia sido
promulgada em 1965, ou seja, trava-se de legislação antiga e, como qualquer lei penal com
décadas de idade atrás da Constituição Federal de 1988, era facilmente apontar em seu corpo
pontos frágeis merecedores de reformas contundentes.
Crimes de abuso de autoridade merecem maior reprovação. Isso porque estamos
diante de, no mínimo, dupla violação: bens jurídicos das vítimas diretas, bem como a
moralidade, probidade, dentre outros princípios caríssimos que norteiam a Administração
Pública.
Todavia, não podemos deixar de avaliar o contexto histórico e político com que foi
apresentada a Lei nº 13.869/2019 pelo Congresso Nacional. Muitos parlamentares que atuaram
direta e indiretamente na construção dessa lei não fizeram nem mesmo questão de disfarçar o
sentimento de revanchismo contra autoridades públicas, em especial àquelas que atuam
diretamente no combate e prevenção à corrupção, redundando na presente lei geradora de
censuras, diversas controvérsias na comunidade jurídica e sentimento de revolta na população
em geral.
Diante da complexidade, analisaremos ponto a ponto em detalhes, sem perder,
todavia, a objetividade e clareza necessárias para o estudo voltado ao mundo dos concursos
públicos.
CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 1º. Esta Lei define os crimes de abuso de autoridade, cometidos por agente
público, servidor ou não, que, no exercício de suas funções ou a pretexto de exercê-
las, abuse do poder que lhe tenha sido atribuído.
§ 1º As condutas descritas nesta Lei constituem crime de abuso de autoridade
quando praticadas pelo agente com a finalidade específica de prejudicar outrem ou
beneficiar a si mesmo ou a terceiro, ou, ainda, por mero capricho ou satisfação
pessoal.
Página 2 de 36
Disciplina: Legislação Especial Esquematizada
Tema: Nova Lei de Abuso de Autoridade
Lei nº 13.869/2019
DISPOSIÇÕES GERAIS:
O “caput” antecipa a ideia de que os crimes previstos nesta lei podem ser praticados
por agentes públicos, servidores ou não, tema que trabalharemos em tópico próprio.
Já o §1º, ao exigir “finalidade específica de prejudicar outrem ou beneficiar a si mesmo
ou a terceiro, ou, ainda, por mero capricho ou satisfação pessoal” como ânimo do agente na
prática do crime de abuso de autoridade, deixa claro que nesta lei não há crimes culposos, bem
como afasta-se a possibilidade até mesmo de figuras motivadas por dolo eventual.
Podemos concluir que eventual conduta culposa praticada pelo agente público poderá
ser caracterizador de, no máximo, ilícitos civil e/ou administrativo, afastando-se, portanto, o
ocorrência de crime.
Ademais, no caso concreto, esse especial fim de agir deverá constar na peça acusatória
(denúncia) sob pena de tornar-se inepta e, portanto, ser passível de rejeição (art. 395, inciso I,
do Código de Processo Penal).
Por fim, o §2º é de fundamental compreensão. A ideia foi evitar que a presente lei seja
instrumento de perseguição de autoridades e agentes públicos indiscriminadamente. Evita-se a
acusação de agentes públicos apenas com base em juízos de valores em casos concretos
divergentes com outros posicionamentos.
A título de exemplo, imagine a hipótese de um juiz decretar a prisão preventiva de um
suspeito pelo fato deste ter feito ameaças indiretas às testemunhas do processo. Impetrado
habeas corpus, o Tribunal apresenta decisão em sentido contrário ao entender que não houve
ameaças, e sim conversas alheias ao conteúdo dos autos. O que de fato houve no exemplo citado
foram divergências entre o Juiz e o Tribunal ao analisarem as evidências das conversas entre o
acusado e as testemunhas. Mesmo havendo decisão do Tribunal em sentido contrário ao juiz
que decretou a prisão, este último não poderá ser acusado por crime de abuso de autoridade,
diante da mera divergência na análise de indícios de ameaças.
Perceba que a mera divergência na interpretação de lei ou na avaliação de fatos e
provas termina por afastar o dolo específico do agente público em eventual prática de crime
de abuso de autoridade, ou seja, trata-se de causa excludente do fato típico.
CAPÍTULO II
Página 3 de 36
Disciplina: Legislação Especial Esquematizada
Tema: Nova Lei de Abuso de Autoridade
Lei nº 13.869/2019
Apesar da redação extensa acima, fica claro, por meio da expressão “mas não se
limitando a”, que o art. 2º da presente lei repete, em outras palavras, o teor do art. 327 do
Código Penal (conceito de funcionário público para fins penais). Isso fica ainda mais claro com a
redação do parágrafo único.
Os incisos acima representam mero rol exemplificativo.
CAPÍTULO III
DA AÇÃO PENAL
Art. 3º. Os crimes previstos nesta Lei são de ação penal pública incondicionada.
§ 1º Será admitida ação privada se a ação penal pública não for intentada no prazo
legal, cabendo ao Ministério Público aditar a queixa, repudiá-la e oferecer denúncia
substitutiva, intervir em todos os termos do processo, fornecer elementos de prova,
interpor recurso e, a todo tempo, no caso de negligência do querelante, retomar a
ação como parte principal.
§ 2º A ação privada subsidiária será exercida no prazo de 6 (seis) meses, contado
da data em que se esgotar o prazo para oferecimento da denúncia.
Página 4 de 36
Disciplina: Legislação Especial Esquematizada
Tema: Nova Lei de Abuso de Autoridade
Lei nº 13.869/2019
Dispositivo completamente inútil para ser inserido em lei especial, isso porque reflete
exatamente a regra já estampada na Constituição Federal, Código Penal e Código de Processo
Penal, com a regra de que os crimes aqui previstos serão perseguidos mediante ação penal
pública incondicionada e, em caso de inércia do órgão acusador, a previsão de exceção
constitucional, qual seja a ação penal privada subsidiária da pública.
CAPÍTULO IV
DOS EFEITOS DA CONDENAÇÃO E DAS PENAS RESTRITIVAS DE DIREITOS
Seção I
Dos Efeitos da Condenação
Art. 4º. São efeitos da condenação:
I - tornar certa a obrigação de indenizar o dano causado pelo crime, devendo o juiz,
a requerimento do ofendido, fixar na sentença o valor mínimo para reparação dos
danos causados pela infração, considerando os prejuízos por ele sofridos;
II - a inabilitação para o exercício de cargo, mandato ou função pública, pelo período
de 1 (um) a 5 (cinco) anos;
III - a perda do cargo, do mandato ou da função pública.
Parágrafo único. Os efeitos previstos nos incisos II e III do caput deste artigo são
condicionados à ocorrência de reincidência em crime de abuso de autoridade e não
são automáticos, devendo ser declarados motivadamente na sentença.
A nova lei trouxe três efeitos não automáticos da condenação por crime de abuso de
autoridade.
CUIDADO! É preciso destacarmos os requisitos de cada efeito, evitando confusões e
distorções em questões de concursos públicos.
Página 5 de 36
Disciplina: Legislação Especial Esquematizada
Tema: Nova Lei de Abuso de Autoridade
Lei nº 13.869/2019
Seção II
Das Penas Restritivas de Direitos
Art. 5º. As penas restritivas de direitos substitutivas das privativas de liberdade
previstas nesta Lei são:
I - prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas;
II - suspensão do exercício do cargo, da função ou do mandato, pelo prazo de 1 (um)
a 6 (seis) meses, com a perda dos vencimentos e das vantagens;
III - (VETADO).
Parágrafo único. As penas restritivas de direitos podem ser aplicadas autônoma ou
cumulativamente.
Página 6 de 36
Disciplina: Legislação Especial Esquematizada
Tema: Nova Lei de Abuso de Autoridade
Lei nº 13.869/2019
Ao final, atenção para o fato de que as duas penas restritivas de direitos previstas nesta
lei podem ser aplicadas de forma autônoma ou cumulativas, dependendo sempre de motivação
judicial na decisão.
CAPÍTULO V
DAS SANÇÕES DE NATUREZA CIVIL E ADMINISTRATIVA
Art. 6º. As penas previstas nesta Lei serão aplicadas independentemente das
sanções de natureza civil ou administrativa cabíveis.
Parágrafo único. As notícias de crimes previstos nesta Lei que descreverem falta
funcional serão informadas à autoridade competente com vistas à apuração.
Art. 7º. As responsabilidades civil e administrativa são independentes da criminal,
não se podendo mais questionar sobre a existência ou a autoria do fato quando
essas questões tenham sido decididas no juízo criminal.
Art. 8º. Faz coisa julgada em âmbito cível, assim como no administrativo-disciplinar,
a sentença penal que reconhecer ter sido o ato praticado em estado de necessidade,
em legítima defesa, em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular
de direito.
Página 7 de 36
Disciplina: Legislação Especial Esquematizada
Tema: Nova Lei de Abuso de Autoridade
Lei nº 13.869/2019
Por fim, vale registrar que o parágrafo único do art. 6º determina que todo fato será
comunicado à autoridade competente. A intenção é que seja também instaurado, se for o caso,
o procedimento administrativo disciplinar (PAD), visando a aplicação das sanções
administrativas pelo órgão superior ao sujeito ativo do crime.
Crimes em espécie
CAPÍTULO VI
DOS CRIMES E DAS PENAS
Art. 9º. Decretar medida de privação da liberdade em manifesta desconformidade
com as hipóteses legais:
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena a autoridade judiciária que, dentro de
prazo razoável, deixar de:
I - relaxar a prisão manifestamente ilegal;
II - substituir a prisão preventiva por medida cautelar diversa ou de conceder
liberdade provisória, quando manifestamente cabível;
III - deferir liminar ou ordem de habeas corpus, quando manifestamente cabível.’
Página 8 de 36
Disciplina: Legislação Especial Esquematizada
Tema: Nova Lei de Abuso de Autoridade
Lei nº 13.869/2019
Página 9 de 36
Disciplina: Legislação Especial Esquematizada
Tema: Nova Lei de Abuso de Autoridade
Lei nº 13.869/2019
Introdução: A condução coercitiva pode ocorrer tanto na fase policial, quanto na fase
judicial.
Diante da pena mínima (um ano de detenção), admite-se o benefício da suspensão
condicional do processo, bem como do acordo de não persecução penal.
Bem jurídico tutelado: direitos e garantias fundamentais do indivíduo, especialmente
a liberdade de locomoção e a dignidade da pessoa humana. É também protegida em sentido
amplo a Administração Pública.
Sujeitos: Sujeito Ativo: qualquer autoridade com atribuição ou competência para
determinar condução coercitiva (juiz e, para a maioria da doutrina também podemos incluir o
Delegado de Polícia e membro do Ministério Público). Sujeito Passivo: qualquer testemunha ou
investigado que teve seu direito de ir e vir limitado ilegalmente pelo sujeito ativo. Muito
importante! O legislador se esqueceu de incluir o ofendido e o acusado no rol de vítimas e, por
isso, em eventual decretação de condução coercitiva contra estes manifestamente descabida
ou sem prévia intimação de comparecimento ao juízo não haverá crime, sob pena de
incorrermos em analogia in malam partem
Conduta: Pune-se a conduta da autoridade competente de decretar condução
coercitiva sobre testemunha ou investigado em hipóteses descabidas, seja nos casos em que
não há a obrigatoriedade de falar (investigado com o direito de permanecer calado), seja por
não ter intimado ao comparecimento espontâneo previamente.
Consumação e tentativa: trata-se de crime formal, consumando-se com a decretação
da condução coercitiva de forma ilegal (a efetiva condução será mero exaurimento). Não se
admite a tentativa, por se tratar de crime monossubsistente.
Exemplo: Testemunha que já foi ouvida formalmente nos autos acaba sendo
conduzida coercitivamente para que ratifique suas palavras registradas, mesmo sem nenhum
indício de que teria mentido no primeiro depoimento.
Página 10 de 36
Disciplina: Legislação Especial Esquematizada
Tema: Nova Lei de Abuso de Autoridade
Lei nº 13.869/2019
Página 11 de 36
Disciplina: Legislação Especial Esquematizada
Tema: Nova Lei de Abuso de Autoridade
Lei nº 13.869/2019
comunicar a prisão à família ou pessoa indicado pelo preso. Por fim, no caso do inciso IV temos
um crime permanente, cuja consumação se estenderá enquanto o agente, de forma arbitrária,
não cumprir o alvará ou não der andamento aos trâmites de soltura do beneficiado.
Exemplo: Delegado de Polícia que, após lavrar auto de prisão em flagrante, deixa de
comunicar a autoridade judiciária do feito durante todo o final de semana visando prejudicar o
preso.
Página 12 de 36
Disciplina: Legislação Especial Esquematizada
Tema: Nova Lei de Abuso de Autoridade
Lei nº 13.869/2019
Art. 15. Constranger a depor, sob ameaça de prisão, pessoa que, em razão de
função, ministério, ofício ou profissão, deva guardar segredo ou resguardar sigilo:
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem prossegue com o interrogatório:
I - de pessoa que tenha decidido exercer o direito ao silêncio; ou
II - de pessoa que tenha optado por ser assistida por advogado ou defensor público,
sem a presença de seu patrono.
Página 13 de 36
Disciplina: Legislação Especial Esquematizada
Tema: Nova Lei de Abuso de Autoridade
Lei nº 13.869/2019
Exemplo: Delegado de polícia afirma que prenderá advogado pelo crime de falso
testemunho caso este último se negue a prestar depoimento contra o próprio cliente; Delegado
insiste em prosseguir com o depoimento de padre mesmo após este ter solicitado a presença
de advogado.
Página 14 de 36
Disciplina: Legislação Especial Esquematizada
Tema: Nova Lei de Abuso de Autoridade
Lei nº 13.869/2019
1
Em alguns casos, todavia, é possível que ocorra a chamada Vitimização Indireta sobre a testemunha,
notadamente nas hipóteses em que as testemunhas possuem uma ligação de afeto com a vítima do crime;
Exemplo: pais que são constrangidos a presenciar a filha sendo violentada sexualmente. Aqui os pais são
testemunhas de um crime violento e também sofrem de vitimização indireta, por ficarem abaladas ao
tomarem ciência de um crime grave suportado por um ente tão próximo.
Página 15 de 36
Disciplina: Legislação Especial Esquematizada
Tema: Nova Lei de Abuso de Autoridade
Lei nº 13.869/2019
Página 16 de 36
Disciplina: Legislação Especial Esquematizada
Tema: Nova Lei de Abuso de Autoridade
Lei nº 13.869/2019
Exemplo: juiz, ao indagar vítima de crime violento em audiência, passa a falar em tom
ameaçador que se a vítima estiver mentindo ou se ir além em suas palavras então será presa e
processada. São casos de intimidações indevidas em que o agente público acaba atrapalhando
na liberdade de falar ou agir da vítima.
Página 17 de 36
Disciplina: Legislação Especial Esquematizada
Tema: Nova Lei de Abuso de Autoridade
Lei nº 13.869/2019
Introdução: para fins de interpretação de repouso noturno, sob a luz do inciso III, do
§1º, do art. 22 da Lei nº 13.869/2019, o período começará às 21 horas e terminará às 5 horas
Trata-se de infração penal de menor potencial ofensivo, ficando sujeita aos rigores da
Lei nº 9.099/95.
Diante da pena mínima (um ano de detenção), admite-se o benefício da suspensão
condicional do processo, bem como do acordo de não persecução penal.
Bem jurídico tutelado: direitos e garantias fundamentais do indivíduo, especialmente
dignidade da pessoa humana. É também protegida em sentido amplo a Administração Pública.
Sujeitos: Sujeito Ativo: qualquer autoridade que proceda à interrogatório
indevidamente durante o repouso noturno. Sujeito Passivo: qualquer pessoa interrogada (crime
comum).
Conduta: afastando as hipóteses de prisão em flagrante, bem como de concordância
do interrogado (direito de escolha do preso), nos restará o constrangimento em interrogar
alguém durante o repouso noturno após o cumprimento de prisões preventiva e temporária.
Consumação e tentativa: consuma-se no instante em que o preso inicia o
interrogatório durante o repouso noturno contra a própria vontade. Admite-se a tentativa.
Exemplo: Após o cumprimento de prisão preventiva, a Autoridade Policial insiste no
interrogatório do preso às 21:30, contrariando vontade expressa do interrogado.
Página 18 de 36
Disciplina: Legislação Especial Esquematizada
Tema: Nova Lei de Abuso de Autoridade
Lei nº 13.869/2019
Art. 20. Impedir, sem justa causa, a entrevista pessoal e reservada do preso com
seu advogado:
Página 19 de 36
Disciplina: Legislação Especial Esquematizada
Tema: Nova Lei de Abuso de Autoridade
Lei nº 13.869/2019
Página 20 de 36
Disciplina: Legislação Especial Esquematizada
Tema: Nova Lei de Abuso de Autoridade
Lei nº 13.869/2019
Página 21 de 36
Disciplina: Legislação Especial Esquematizada
Tema: Nova Lei de Abuso de Autoridade
Lei nº 13.869/2019
Página 22 de 36
Disciplina: Legislação Especial Esquematizada
Tema: Nova Lei de Abuso de Autoridade
Lei nº 13.869/2019
Página 23 de 36
Disciplina: Legislação Especial Esquematizada
Tema: Nova Lei de Abuso de Autoridade
Lei nº 13.869/2019
Página 24 de 36
Disciplina: Legislação Especial Esquematizada
Tema: Nova Lei de Abuso de Autoridade
Lei nº 13.869/2019
Introdução: Sabemos que a Constituição Federal inadmite as provas obtidas por meios
ilícitos (art. 5º, inciso LVI). A presente figura típica pune os agentes públicos que dolosamente
extraem provas ilícitas ou delas se utilizam em investigação ou fiscalização.
Diante da pena mínima (1 ano de detenção), admite-se o benefício da suspensão
condicional do processo, bem como do acordo de não persecução penal.
Bem jurídico tutelado: direitos e garantias fundamentais do indivíduo constrangido,
especialmente a intimidade, a vida privada, a honra e a dignidade da pessoa humana. É também
protegida em sentido amplo a Administração Pública.
Sujeitos: Sujeito Ativo: qualquer agente ou autoridade que atue na produção de
provas ou utilização delas na fase de investigação ou fiscalização. Sujeito Passivo: qualquer
pessoa prejudicada.
Conduta: pune-se o agente público que procede à obtenção de prova ilícita contra
investigado ou fiscalizado, bem como daquele que, sabendo da ilicitude, a utiliza. Perceba que
o legislador cometeu um grave equívoco ao se esquecer da fase processual, deixando de
amparar o réu/acusado. Não poderemos estender a mesma interpretação caso a ação penal
tenha se iniciado e o agente público produza ou faça uso de prova ilícita de forma dolosa nessa
fase, sob pena de incorrermos em analogia in malam partem.
Consumação e tentativa: tratando-se de crime material, é necessário a efetiva
produção da prova ilícita ou a sua utilização contra investigado ou fiscalizado, sendo, portanto,
admissível a tentativa.
Exemplo: Delegado, mesmo após o indeferimento do juiz, procede à interceptação
telefônica de investigado com o claro fim de prejudica-lo. Logo após, Promotor de Justiça, ciente
da ilicitude da prova, a utiliza visando pedir a prisão preventiva do investigado, também com a
finalidade de prejudica-lo.
Página 25 de 36
Disciplina: Legislação Especial Esquematizada
Tema: Nova Lei de Abuso de Autoridade
Lei nº 13.869/2019
Página 26 de 36
Disciplina: Legislação Especial Esquematizada
Tema: Nova Lei de Abuso de Autoridade
Lei nº 13.869/2019
prejudica-lo, praticará o crime de denunciação caluniosa, e não o abuso de autoridade, visto que
aquele delito possui sanção penal mais rigorosa. Contudo, parcela minoritária discorda,
alertando que a depender do caso concreto o caso melhor poderá se amoldar ao delito em
estudo diante do princípio da especialidade.
Consumação e tentativa: Na modalidade requisitar o delito é formal, bastante a
exigência de abertura das investigações para a consumação. Já na modalidade instaurar, trata-
se de delito material, exigindo-se, portanto, o efetivo início formal das investigações. Admite-se
em ambas as hipóteses a tentativa, embora na primeira seja de difícil configuração.
Exemplo: Delegado de Polícia, com a única finalidade de prejudicar Fulano, instaura
inquérito policial contra este mesmo ciente que Fulano não praticara crime algum.
Art. 28. Divulgar gravação ou trecho de gravação sem relação com a prova que se
pretenda produzir, expondo a intimidade ou a vida privada ou ferindo a honra ou a
imagem do investigado ou acusado:
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
Página 27 de 36
Disciplina: Legislação Especial Esquematizada
Tema: Nova Lei de Abuso de Autoridade
Lei nº 13.869/2019
delito é punido apenas na forma dolosa, assim, eventual descuido imprudente lançando aos
autos públicos trecho de gravação impertinente com o caso concreto não configurará crime.
Consumação e tentativa: é necessário a efetiva divulgação do teor íntimo da gravação
e impertinente com o caso concreto para a consumação. Admite-se a tentativa.
Exemplo: Delegado que, em investigações sobre crime de tráfico de drogas, tendo a
finalidade de prejudicar investigado, divulga trecho de interceptação telefônica em que o sujeito
combina adultério com a vizinha.
Art. 29. Prestar informação falsa sobre procedimento judicial, policial, fiscal ou
administrativo com o fim de prejudicar interesse de investigado:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
Art. 30. Dar início ou proceder à persecução penal, civil ou administrativa sem justa
causa fundamentada ou contra quem sabe inocente:
Página 28 de 36
Disciplina: Legislação Especial Esquematizada
Tema: Nova Lei de Abuso de Autoridade
Lei nº 13.869/2019
Página 29 de 36
Disciplina: Legislação Especial Esquematizada
Tema: Nova Lei de Abuso de Autoridade
Lei nº 13.869/2019
Art. 32. Negar ao interessado, seu defensor ou advogado acesso aos autos de
investigação preliminar, ao termo circunstanciado, ao inquérito ou a qualquer outro
procedimento investigatório de infração penal, civil ou administrativa, assim como
impedir a obtenção de cópias, ressalvado o acesso a peças relativas a diligências
em curso, ou que indiquem a realização de diligências futuras, cujo sigilo seja
imprescindível:
Página 30 de 36
Disciplina: Legislação Especial Esquematizada
Tema: Nova Lei de Abuso de Autoridade
Lei nº 13.869/2019
Trata-se de infração penal de menor potencial ofensivo, ficando sujeita aos rigores da
Lei nº 9.099/95.
Diante da pena mínima, admite-se o benefício da suspensão condicional do processo,
bem como do acordo de não persecução penal.
Bem jurídico tutelado: direitos e garantias fundamentais do indivíduo, especialmente
o direito investigado e do advogado, bem como a dignidade da pessoa humana. É também
protegida em sentido amplo a Administração Pública.
Sujeitos: Sujeito Ativo: qualquer agente ou autoridade que tenha a atribuição em
presidir termo circunstanciado, investigação preliminar, inquérito policial ou qualquer outro
procedimento de investigação de infração penal, administrativa ou civil. Sujeito Passivo:
qualquer pessoa constrangida pela recusa indevida.
Conduta: Conforme acima, trata-se da criminalização do ato de desrespeitar o teor da
Súmula Vinculante nº14, violando o direito do defensor em ter acesso aos autos já encartados
em procedimento investigatório preliminar.
Consumação e tentativa: consuma-se com a prática de qualquer ato de embaraço
sobre o acesso do defensor aos autos de procedimento investigatório preliminar de interesse
do seu cliente/assistido. Admite-se a tentativa.
Exemplo: Delegado de Polícia impede que advogado tenha acesso e extraia cópia de
peças já encartadas nos autos de inquérito policial com a clara finalidade em prejudicar o
advogado e o investigado (“atrasando” o lado da defesa em eventual impetração de habeas
corpus).
Página 31 de 36
Disciplina: Legislação Especial Esquematizada
Tema: Nova Lei de Abuso de Autoridade
Lei nº 13.869/2019
Página 32 de 36
Disciplina: Legislação Especial Esquematizada
Tema: Nova Lei de Abuso de Autoridade
Lei nº 13.869/2019
Exemplo: juiz de direito que, visando obter privilégio sobre os demais passageiros,
invoca o status de sua função para não ser revistado em aeroporto.
Página 33 de 36
Disciplina: Legislação Especial Esquematizada
Tema: Nova Lei de Abuso de Autoridade
Lei nº 13.869/2019
Página 34 de 36
Disciplina: Legislação Especial Esquematizada
Tema: Nova Lei de Abuso de Autoridade
Lei nº 13.869/2019
Introdução: O presente crime havia sido vetado pelo Presidente da República (veto
cassado pelo Congresso Nacional), especialmente sob o fundamento de violação do princípio
constitucional da publicidade, princípio este que norteia a Administração Pública no sentido de
prestação de contas à sociedade.
Trata-se de infração penal de menor potencial ofensivo, ficando sujeita aos rigores da
Lei nº 9.099/95.
Diante da pena mínima, admite-se o benefício da suspensão condicional do processo,
bem como do acordo de não persecução penal.
Bem jurídico tutelado: direitos e garantias fundamentais do indivíduo, especialmente
a imagem e a dignidade da pessoa humana. É também protegida em sentido amplo a
Administração Pública.
Sujeitos: Sujeito Ativo: qualquer agente público responsável por presidir investigação
penal, administrativa ou civil. Sujeito Passivo: qualquer pessoa prejudicada pela divulgação.
Conduta: pune-se o ato de má-fé da autoridade em antecipar-se de forma precipitada
apontando alguém como culpado, mesmo antes do fim das investigações.
Consumação e tentativa: a consumação ocorre com a divulgação pública, antecipada
e precipitada da identidade de investigado, atribuindo-o culpa.
Exemplo: Delegado de Polícia, diante de um caso de repercussão midiática, visando
beneficiar a si mesmo (quer fama), convoca entrevista coletiva na primeira semana após
instauração de inquérito com réu solto, divulgando a identidade do culpado e afirmando
categoricamente ser ele o culpado pelo respectivo crime.
Procedimento
CAPÍTULO VII
DO PROCEDIMENTO
Art. 39. Aplicam-se ao processo e ao julgamento dos delitos previstos nesta Lei, no
que couber, as disposições do Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941 (Código
de Processo Penal), e da Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995.
Página 35 de 36
Disciplina: Legislação Especial Esquematizada
Tema: Nova Lei de Abuso de Autoridade
Lei nº 13.869/2019
Muitos crimes previstos nesta lei possuem pena máxima de 2 (dois) anos, figurando
como infrações penais de menor potencial ofensivo. Nesses casos, estão sujeitas ao
procedimento previsto na Lei nº 9.099/95 (Juizado Especial Criminal). São casos em que o
inquérito policial será dispensado e, para o oferecimento da peça acusatória com prova da
materialidade, bastará a aferição do crime por boletim médico ou prova equivalente (art. 77,
§1º, da Lei nº 9.099/95).
Outros delitos, por sua vez, apresentam pena máxima de 4 (quatro) anos, ficando
sujeitas às regras procedimentais previstas no Código de Processo Penal. Todavia, importante
salientar que tais delitos possuem pena mínima de 1 (um) ano, admitindo, portanto, o benefício
da suspensão condicional do processo (art. 89 da Lei nº 9.099/95).
Para os demais casos, aplica-se subsidiariamente o Código de Processo Penal.
CAPÍTULO VIII
DISPOSIÇÕES FINAIS
Art. 44. Revogam-se a Lei nº 4.898, de 9 de dezembro de 1965, e o § 2º do art. 150 e
o art. 350, ambos do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código
Penal).
Art. 45. Esta Lei entra em vigor após decorridos 120 (cento e vinte) dias de sua
publicação oficial.
Advogado.
Página 36 de 36