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(Lei 13.869/2019)
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1. Noções introdutórias acerca da origem da nova lei de abuso de autoridade
Lei 13.869/19
CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 1º Esta Lei define os crimes de abuso de autoridade, cometidos por agente público, servidor ou não, que, no exercício de
suas funções ou a pretexto de exercê-las, abuse do poder que lhe tenha sido atribuído.
Dotada de dispositivos vagos e abertos, a revogada Lei nº 4.898/65 dispensava aos crimes de abuso de autoridade uma
sanção penal absolutamente incompatível com o desvalor do injusto. Aliás, todos os crimes eram considerados de menor
potencial ofensivo.
Mas esta, certamente, não foi a razão que levou o Congresso Nacional a aprovar a Lei 13.869/19 em regime de urgência
e com votação simbólica, não nominal. O objetivo foi impedir o exercício das funções dos órgãos de soberania, bem como
legitimar uma verdadeira vingança privada contra aqueles que, de alguma forma, se sentiram incomodados pela atuação dos
órgãos de persecução penal, fiscal e administrativa.
É nesse contexto que surge a nova Lei de Abuso de Autoridade, cheia de tipos penais abertos e indeterminados, de
duvidosa constitucionalidade, praticamente transformando o exercício de qualquer função pública, ainda que de maneira
legitima, em uma verdadeira atividade de risco.
A Lei 13.869/19 tipifica os crimes de abuso de autoridade, os quais são pluriofensivos, pois visam tutelar, em um
primeiro lugar, a liberdade de locomoção, a liberdade individual, o direito à assistência de advogado, a intimidade ou a vida
privada; e, em segundo lugar, o bom funcionamento do Estado, bem como o dever do funcionário público de proceder com
lealdade e probidade.
A Lei 13.869/19 incide nas hipóteses em que o agente público agir com abuso de poder (gênero), seja na hipótese de
excesso de poder ou de desvio de poder (espécies), e desde que a conduta seja praticada no exercício das funções ou a
pretexto de exercê-las.
4. Tipo subjetivo dos crimes de abuso de autoridade: elemento subjetivo geral + elemento subjetivo especial do tipo
Lei 13.869/19, Art.1º, §1º As condutas descritas nesta Lei constituem crime de abuso de autoridade quando praticadas pelo
agente com a FINALIDADE ESPECÍFICA de PREJUDICAR OUTREM ou BENEFICIAR A SI MESMO OU A TERCEIRO, ou, ainda, POR
MERO CAPRICHO ou SATISFAÇÃO PESSOAL*. à norma penal de extensão que, em regra, abrange todos os crimes de abuso de
autoridade previstos na Lei 13.869/19.
A doutrina clássica denominava, impropriamente, o elemento subjetivo geral de dolo geral, e o especial fim de agir de
dolo específico. A terminologia correta para o “dolo específico” é elemento subjetivo especial do tipo ou elemento subjetivo
especial do injusto. Enquanto o dolo deve restar caracterizado no fato típico, os elementos subjetivos especiais do tipo têm o
condão de especificar o dolo, sem que haja necessidade de efetivamente se concretizarem, sendo suficiente que existam no
psiquismo do autor, ou seja, desde que a conduta do agente tenha sido orientada por essa finalidade específica.
São os elementos subjetivos especiais:
a) Prejudicar outrem à provocar um prejuízo que transcenda o exercício regular das funções do agente público;
b) Beneficiar a si mesmo ou a terceiro à qualquer vantagem, proveito ou benefício, patrimonial ou moral;
c) Por mero capricho ou satisfação pessoal.
Ausentes quaisquer desses elementos subjetivos especiais, não há falar em crime de abuso de autoridade. Acerca do
elemento subjetivo especial, podemos afirmar que:
• o especial fim de agir do art.1º, §1º, da lei 13.869/19 deve ser detalhadamente descrito na denúncia/queixa;
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• o abuso de autoridade é tratado pela legislação como espécie de crime de intenção (delito de tendência interna
transcendente), mais especificadamente do tipo delito de resultado cortado;
• a consecução ou não de qualquer das finalidades em nada interfere para a consumação do delito de abuso de
autoridade.
O fato de o delito contemplar um especial fim de agir não afasta a possibilidade de o delito ser imputado ao agente a
título de dolo eventual. A ressalva fica por conta de tipos penais de abuso de autoridade cuja redação típica deixar entrever que
o legislador deliberadamente quis afastar a possibilidade de imputação a título de dolo eventual (ex: crimes do art.19, parágrafo
único, da Lei 13.869/19).
Por fim, a nova Lei de Abuso de Autoridade não prevê nenhum crime punido a título culposo.
Lei 13.869/19. Art.1º, §2º A divergência na interpretação de lei ou na avaliação de fatos e provas não configura abuso de
autoridade.
O objetivo do dispositivo sob análise foi o de coibir aquilo que Rui Barbosa chamava de crime de hermenêutica, assim
compreendido como toda e qualquer figura delituosa que procure criminalizar a interpretação jurídica, fática ou probatória, que
o agente público dê aos fatos que lhe são trazidos para sua apreciação.
Não haverá crime de abuso de autoridade apenas quando se tratar de divergência razoável na interpretação da lei ou
na avaliação de fatos e provas. Logo, em se tratando de interpretação absurda, teratológica, manifestamente descabida, é
dizer, em contrariedade ao que está clara e expressamente previsto em lei ou à jurisprudência pacífica e vinculante, não será
cabível a aplicação da causa excludente do dolo prevista no §2º do art.1º da Lei 13.869/19.
CAPÍTULO II
DOS SUJEITOS DO CRIME
Lei 16.869/19, Art. 2º É sujeito ativo do crime de abuso de autoridade QUALQUER AGENTE PÚBLICO, servidor ou não, da
ADMINISTRAÇÃO DIRETA, INDIRETA ou FUNDACIOANL de QUALQUER DOS PODERES da União, dos Estados, do Distrito
Federal, dos Municípios e de Território, compreendendo, mas não se limitando a:
I - servidores públicos e militares ou pessoas a eles equiparadas;
II - membros do Poder Legislativo;
III - membros do Poder Executivo;
IV - membros do Poder Judiciário;
V - membros do Ministério Público;
VI - membros dos tribunais ou conselhos de contas.
Parágrafo único. Reputa-se agente público, para os efeitos desta Lei, todo aquele que exerce, ainda que transitoriamente ou
sem remuneração, por eleição, nomeação, designação, contratação ou qualquer outra forma de investidura ou vínculo,
mandato, cargo, emprego ou função em órgão ou entidade abrangidos pelo caput deste artigo.
O art.2º deixa entrever que até mesmo os agentes políticos estão sujeitos à punição cível, administrativa e criminal por
abuso de autoridade.
Interessante notar que o a nova Lei de Abuso de Autoridade não faz referência, como faz o CP no art.327, §1º, aos
chamados funcionários por equiparação. A Lei 13.869/19, portanto, não pode ser aplicada a estes funcionários.
Embora não se exija o efetivo exercício funcional no momento da conduta, é imperioso que o sujeito ativo goze do
status de agente público e que fique caracterizada a correlação entre o abuso e as funções desempenhadas pelo agente.
O crime de abuso de autoridade é crime próprio, que só pode ser praticado pelo agente público, condição especial esta
que configura verdadeira elementar do tipo e que se comunica a eventual particular que concorra para o crime, nos termos do
art.30 do CP. Ademais, é necessário que o particular conheça a qualidade especial de “agente público” do outro sujeito.
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7. Sujeito passivo dos crimes de abuso de autoridade
Os crimes de abuso de autoridade são crimes de dupla subjetividade passiva, pois atingem dois sujeitos passivos: de
um lado, o Estado (sujeito passivo secundário/mediato); do outro lado, a pessoa física ou jurídica diretamente atingida ou
prejudicada pela conduta abusiva (sujeito passivo primário/imediato).
Em regra, a competência recai sobre os juízes de 1ª instância. Mas, se o sujeito ativo for titular de foro por
prerrogativa de função, deverá ser respeitada a competência originária do respectivo Tribunal.
Quanto a Justiça competente, em regra é a Justiça Comum Estadual. Mas, a depender do caso concreto, poderá ser
julgado pela Justiça Comum Federal (se presentes alguma das hipóteses do art.109 da CF) ou pela Justiça Militar da União (ou
dos Estados).
CAPÍTULO III
DA AÇÃO PENAL
Lei 13.869/19, Art. 3º Os crimes previstos nesta Lei são de AÇÃO PENAL PÚBLICA INCONDICIONADA.
§1º Será admitida ação privada se a ação penal pública não for intentada no prazo legal (AÇÃO PENAL PRIVADA SUBSIDIÁRIA
DA PÚBLICA), cabendo ao Ministério Público aditar a queixa, repudiá-la e oferecer denúncia substitutiva, intervir em todos os
termos do processo, fornecer elementos de prova, interpor recurso e, a todo tempo, no caso de negligência do querelante,
retomar a ação como parte principal (ATUAÇÃO DO MP COMO INTERVENIENTE ADESIVO OBRIGATÓRIO/PARTE ADJUNTA).
§2º A ação privada subsidiária será exercida no prazo de 6 meses, contado da data em que se esgotar o prazo para oferecimento
da denúncia. à PRAZO DECADENCIAL à DECADÊNCIA IMPRÓPRIA: como a ação penal é, em sua essência, de natureza pública,
a decadência do direito de ação penal privada subsidiária da pública não irá produzir a extinção da punibilidade, e o MP
continua podendo oferecer a denúncia, desde que não se tenha operado a prescrição ou outra causa extintiva da punibilidade.
CAPÍTULO IV
DOS EFEITOS DA CONDENAÇÃO E DAS PENAS RESTRITIVAS DE DIREITOS
Seção I
Dos Efeitos da Condenação
* Obs1: diante do trânsito em julgado de sentença penal condenatória que decretar a perda do cargo, do mandato ou da função
pública, a autoridade administrativa tem o dever de proceder à demissão do servidor ou à cassação da aposentadoria,
independentemente da instauração de processo administrativo disciplinar, que se mostra desnecessária. Isso porque qualquer
resultado a que chegar a apuração realizada no âmbito administrativo não terá o condão de modificar a força do decreto penal
condenatório. Do administrador não se pode esperar outra conduta, sob pena, inclusive, de eventual responsabilização criminal
pelos delitos de prevaricação e/ou desobediência.
* Obs2: a perda do cargo, do mandato ou da função pública é EFEITO PERMANENTE, ou seja, o agente não só perde tais
funções, como também se torna incapacitado para o exercício de outro cargo, função pública ou mandato. Somente por meio da
REABILITAÇÃO CRIMINAL é poderá readquirir a capacidade de ocupar novo cargo, mandato ou função pública.
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* Reincidência específica por outro crime de abuso de autoridade, mas não necessariamente pela incidência no mesmo tipo
penal.
Seção II
Das Penas Restritivas de Direitos
Lei 13.869/19, Art. 5º As penas restritivas de direitos substitutivas das privativas de liberdade previstas nesta Lei são:
I – PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS À COMUNIDADE ou a ENTIDADES PÚBLICAS;
II – SUSPENSÃO DO EXERCÍCIO DO CARGO, DA FUNÇÃO ou DO MANDATO, pelo prazo de 1 A 6 MESES, com a PERDA DOS
VENCIMENTOS E DAS VANTAGENS;
III - (VETADO).
Parágrafo único. As penas restritivas de direitos podem ser aplicadas AUTÔNOMA ou CUMULATIVAMENTE.
A nova Lei de Abuso de Autoridade nada dispõe acerca dos requisitos para a substituição da pena privativa de liberdade
(PPL) por penas restritivas de direito (PRD), razão pela qual impõe-se a aplicação das regras gerais do art.44 do CP, nos termos
do art.12 do CP.
Não sendo possível a substituição da PPL por PRD, deve o juiz analisar a possibilidade de concessão da suspensão
condicional da pena (arts.77 e 78 do CP).
CAPÍTULO V
DAS SANÇÕES DE NATUREZA CIVIL E ADMINISTRATIVA
Lei 13.869/19, Art. 6º As penas previstas nesta Lei serão aplicadas INDEPENDENTEMENTE das sanções de natureza civil ou
administrativa cabíveis.
Parágrafo único. As notícias de crimes previstos nesta Lei que descreverem falta funcional serão informadas à autoridade
competente com vistas à apuração (EM EVENTUAL PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR).
Nem todo desvio funcional praticado por um agente público terá o condão de tipificar um crime de abuso de
autoridade. Na verdade, é possível afirmar que todo ilícito penal também será um ilícito cível e/ou administrativo, mas nem
todo ilícito extrapenal será necessariamente um crime previsto na Lei 13.869/19.
A depender da gravidade da conduta do agente, este poderá incorrer em crime, bem como em ilícitos cíveis e
administrativos, devendo ser punido nas 3 esferas. Não há que se falar em bis in idem, pois os ilícitos são de natureza diversas.
Lei 13.869/19, Art. 7º As responsabilidades civil e administrativa são INDEPENDNETES da criminal, não se podendo mais
questionar sobre a EXISTÊNCIA ou a AUTORIA DO FATO quando essas questões tenham sido decididas no juízo criminal.
A sentença absolutória não exerce qualquer influência sobre o processo cível e administrativo, SALVO quando
reconhece, categoricamente, a INEXISTÊNCIA MATERIAL DO FATO ou afasta peremptoriamente a AUTORIA OU PARTICIPAÇÃO.
Vamos, agora, analisar rapidamente o art.386 do CPP que traz as hipóteses em que o juiz deverá proferir sentença
absolutória:
i) se ficar provada a inexistência do fato (juízo de certeza) à faz coisa julgada no cível/administrativo;
ii) se não houver prova da existência do fato (sentença baseada no in dubio pro reo) à não faz coisa julgada no
cível/administrativo;
iii) se não constituir o fato infração penal à não faz coisa julgada no cível/administrativo (pode não configurar crime,
mas configurar um ilícito cível/administrativo);
iv) estar provado que o acusado não concorreu para a infração penal (juízo de certeza) à faz coisa julgada no
cível/administrativo;
v) não existir prova de ter o acusado concorrido para a infração penal (sentença baseada no in dubio pro reo) à
não faz coisa julgada no cível/administrativo;
vi) existirem circunstâncias que excluam o crime ou isentem o acusado de pena (art.20, 21, 22, 23, 26 e §1º do
art.28, todos do CP), ou mesmo se houver fundada dúvida sobre sua existência:
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• provada a existência de causa excludente da ilicitude real à fará coisa julgada no cível/administrativo, desde que o
ofendido tenha dado causa à excludente.
Lei 13.869/19, Art. 8º Faz coisa julgada em âmbito cível, assim como no administrativo-disciplinar, a sentença penal
que reconhecer ter sido o ato praticado em estado de necessidade, em legítima defesa, em estrito cumprimento de
dever legal ou no exercício regular de direito.
• provada a existência de causa excludente da ilicitude putativa e erro na execução (aberratio ictus) à não faz coisa
julgada no cível/administrativo, salvo se a repulsa resultar de agressão do próprio ofendido.
• provada a existência de causa excludente da culpabilidade à não faz coisa julgada no cível/administrativo;
• fundada dúvida acerca da causa excludente da ilicitude ou da culpabilidade (sentença baseada no in dubio pro reo)
à não faz coisa julgada no cível/administrativo;
vii) não existir prova suficiente para a condenação (sentença baseada no in dubio pro reo) à não faz coisa julgada no
cível/administrativo.
14. Decretação de medida de privação da liberdade em manifesta desconformidade com as hipóteses legais
CAPÍTULO VI
DOS CRIMES E DAS PENAS
Lei 13.869/19, Art. 9º Decretar medida de privação da liberdade em MANIFESTA DESCONFORMIDADE com as hipóteses
legais:
Pena - detenção, de 1 a 4 ANOS, e multa.
(...)
A integralidade do art.9º da Lei 13.869/19 havia sido rejeitado pelo Presidente da República, sob o fundamento de que
o tipo penal seria muito aberto e que comportaria interpretações que poderiam comprometer a independência do
magistrado. Esse veto, no entanto, foi rejeitado pelo CN.
A conduta incriminada pelo art.9º também estava tipificada no art.4º da revogada Lei 4.898/65. Mas, com a Lei
13.869/19 houve um considerável incremento da pena. Por se tratar de lei mais grave, só deve ser aplicada a partir da data
vigência deste art.9º, o que se deu em 25 de janeiro de 2020.
Trata-se de crime próprio, cujo sujeito ativo é o agente público (art.2º da Lei 13.869/19). Para Renato Brasileiro, o
sujeito ativo pode ser qualquer agente público, e não apenas o magistrado (diferentemente do que ocorre no crime do
parágrafo único do art.9º, que ainda iremos ver, cujo sujeito ativo somente pode ser o magistrado). E, ainda que não conste
qualquer referência expressa nesse sentido, é indispensável que o agente público em questão tenha poder de mando.
O sujeito passivo é o Estado e a pessoa física que tem contra si uma medida de privação de liberdade decretada em
manifesta desconformidade com a lei.
ATENÇÃO! Se o sujeito passivo vítima desta conduta for criança ou adolescente, restará tipificado o crime do art.230 do ECA.
O que se tem por “decretar uma medida privativa de liberdade em manifesta desconformidade com as hipóteses legais? De
fato, este dispositivo – como vários outros da nova Lei de Abuso de Autoridade – é extremamente vago, genérico, abstrato e,
portanto, de duvidosa constitucionalidade. Para Renato Brasileiro, é indispensável que a medida decretada seja teratológica, ou
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seja, que se trate de uma ilegalidade chapada, manifesta, flagrante (ex: juiz da instrução e julgamento de 1ª instância decreta,
de ofício, prisão temporária de alguém durante a fase processual, em virtude da prática de crime de ameaça).
14.6. Tipo subjetivo à é o dolo + especial fim de agir (art.1º, §1º, da Lei 13.869/19).
Trata-se de CRIME FORMAL/DE CONSUMAÇÃO ANTECIPADA, que se consuma no exato momento em que a medida de
privação de liberdade é decretada pelo agente público em manifesta desconformidade com as hipóteses legais. A efetiva
privação da liberdade é mero exaurimento do crime.
a) Crime próprio;
b) Crime formal/de consumação antecipada/de resultado cortado;
c) Crime comissivo (em regra, salvo a hipótese de omissão imprópria);
d) Crime unissubjetivo;
e) Crime unissubsistente (se praticado verbalmente) ou plurissubsistente (se praticado por escrito);
f) Crime de dano;
g) Crime instantâneo;
h) Crime de forma livre;
i) Crime pluriofensivo.
14.9. Ação penal, pena, competência para o julgamento, procedimento adequado, transação penal, suspensão condicional do
processo e acordo de não persecução penal
Esta conduta já era incriminada pelo art.4º da revogada Lei 4.898/65. Mas, como houve um incremento na pena, trata-
se de lei penal mais gravosa, que só deve ser aplicada aos crimes praticados após a vigência da Lei 13.869/19.
Relaxar a prisão significa reconhecer a ilegalidade da restrição da liberdade imposta a alguém, não se restringindo à
hipótese de flagrante delito (apesar de ser esta a hipótese mais comum).
O relaxamento da prisão ilegal não tem natureza de medida cautelar, nem tampouco de medida de contracautela,
funcionado, na verdade, como garantia do réu em face do constrangimento ilegal à liberdade de locomoção. É uma medida de
urgência fundada no poder de polícia da autoridade judiciária.
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15.4. Sujeitos do crime
Os crimes previstos no parágrafo único do art.9º da Lei 13.869/19 – aí incluindo, por óbvio, o seu inc.I – só podem ser
praticados pela AUTORIDADE JUDICIÁRIA (juízes, desembargadores e ministros).
A conduta incriminada é deixar de relaxar prisão manifestamente ilegal. Trata-se, pois, de CRIME OMISSIVO
PRÓPRIO/PURO.
Para não incorrer neste crime, a autoridade judiciária deve decidir dentro de prazo razoável, mas a Lei 13.869/19 não
traz nenhuma explicação acerca do que seria este “prazo razoável”.
Se a decisão é proferida em sede de audiência de custódia, como esta deve ser realizada no prazo máximo de 24h
(art.310, caput, do CPP), este também é o prazo que o juiz tem para relaxar a prisão ilegal. Mas, e nos casos em que não houver
audiência de custódia? Aí deve ser utilizado o prazo do art.322, parágrafo único, do CPP, que prevê que, na hipótese de a fiança
não ser concedida pela autoridade policial, deve ela ser requerida ao juiz, que decidirá em 48h. Obs: este prazo razoável
também deve levar em consideração a realidade de cada órgão jurisdicional.
15.6. Tipo subjetivo à é o dolo + especial fim de agir (art.1º, §1º, da Lei 13.869/19).
O crime se consumará quando a autoridade judiciária deixar de relaxar a prisão manifestamente ilegal dentro de prazo
razoável.
Por se tratar de crime omissivo próprio, é inadmissível a tentativa.
a) Crime próprio;
b) Crime formal;
c) Crime omissivo próprio/puro;
d) Crime de perigo abstrato;
e) Crime de forma livre;
f) Crime unissubjetivo/unilateral/de concurso eventual;
g) Crime unissubsistente;
h) Crime instantâneo;
i) Crime a prazo.
15.9. Ação penal, pena, competência para o julgamento, procedimento adequado, transação penal, suspensão condicional do
processo e acordo de não persecução penal à ver comentários feitos no item 14.9.
CPP, Art.310, §4º Transcorridas 24 horas após o decurso do prazo estabelecido no caput deste artigo (24h), a NÃO REALIZAÇÃO
DA AUDIÊNCIA DE CUSTÓDIA sem motivação idônea ensejará também a ILEGALIDADE DA PRISÃO, a ser RELAXADA pela
autoridade competente, sem prejuízo da possibilidade de imediata decretação de prisão preventiva.
Não obstante a importância do novel dispositivo para conferir à audiência de custódia certo grau de coercibilidade,
convém ressaltar que, em sede de apreciação de cautelar nos autos da ADI n. 6.305, o Min. Luiz Fux concedeu a medida
requerida para SUSPENDER sine die a eficáciaa, ad referendum do Plenário, da liberalização da prisão pela não realização da
audiência de custódia no prazo de 24h.
Agora, vejamos a redação do §3º do art.310 do CPP:
CPP, Art.310, §3º A autoridade que deu causa, sem motivação idônea, à não realização da audiência de custódia no prazo
estabelecido no caput deste artigo responderá administrativa, civil e PENALMENTE* pela omissão.
* Indaga-se: haverá, neste caso, a configuração do crime de abuso de autoridade? Certamente, sobre este tema
surgirão duas correntes:
1ª corrente: não tipificação do crime de abuso de autoridade à inexplicavelmente, a nova Lei de Abuso de Autoridade não
previu uma figura tipifica específica para a não realização da audiência de custódia. E, como o art.310, §3º, do CPP, não é um
tipo penal – já que não contém sujeito ativo, tipos objetivo e subjetivo – é de todo evidente que, isoladamente considerado,
jamais terá o condão de alçar referida conduta à categoria de crime.
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2ª corrente (posição de Renato Brasileiro): tipificação do crime de abuso de autoridade à é verdade que o legislador não
previu, na nova Lei de Abuso de Autoridade, um crime para a não realização da audiência de custódia. Mas, se restaurada a
eficácia do §4º do art.310 do CPP (que foi suspenso pelo Min. Luiz Fux), como o dispositivo prevê que, transcorridas após o
decurso do prazo estabelecido no caput do art.310, a não realização de audiência de custódia sem motivação idônea ensejará
também a ilegalidade da prisão, a ser relaxada pela autoridade competente, é perfeitamente possível concluir que a não
realização do ato em questão pode vir a tipificar o crime do art.9º, p.u., inc.I, da Lei 13.869/19, visto que, em tal hipótese, ter-
se-á, ao fim e ao cabo, uma prisão manifestamente ilegal que não foi relaxada pela autoridade judiciária dentro de prazo
razoável.
16. Não substituição da prisão preventiva por medida cautelar diversa ou não concessão de liberdade provisória, quando
manifestamente cabível
Para Renato Brasileiro, é possível concluir que este crime também estava previsto, de certa forma, em duas figuras
delituosas da revogada Lei 4.898/65. Mas, independentemente da discussão de se tratar (ou não) o art.9º, p.u., inc.II, da Lei
13.869/19 de novatio legis incriminadora, o fato é que a pena cominada a ele é mais grave e, por isso, só deve ser aplicada aos
crimes cometidos posteriormente à vigência da nova lei.
16.2. Noções gerais acerca da liberdade provisória e das medidas cautelares diversas da prisão
CF, Art.5º, LXVI - ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a lei admitir a liberdade provisória, com ou sem fiança;
CPP, Art. 321. Ausentes os requisitos que autorizam a decretação da prisão preventiva, o juiz deverá conceder liberdade
provisória, impondo, se for o caso, as medidas cautelares previstas no art. 319 deste Código e observados os critérios
constantes do art. 282 deste Código. (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).
CPP, Art. 310. Após receber o auto de prisão em flagrante, no prazo máximo de até 24 (vinte e quatro) horas após a realização
da prisão, o juiz deverá promover audiência de custódia com a presença do acusado, seu advogado constituído ou membro da
Defensoria Pública e o membro do Ministério Público, e, nessa audiência, o juiz deverá, fundamentadamente:
(...)
III - conceder liberdade provisória, com ou sem fiança.
O crime se configura quando o magistrado, dentro de prazo razoável, deixa de substituir a prisão preventiva por medida
cautelar diversa da prisão ou de conceder a liberdade provisória, quando manifestamente cabível.
16.6. Tipo subjetivo à é o dolo + especial fim de agir (art.1º, §1º, da Lei 13.869/19).
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16.9. Ação penal, pena, competência para o julgamento, procedimento adequado, transação penal, suspensão condicional do
processo e acordo de não persecução penal à ver comentários feitos no item 14.9.
17. Não deferimento de liminar ou de ordem de habeas corpus, quando manifestamente cabível
Na revogada Lei 4.898/65, não havia figura delituosa idêntica. Por isso, trata-se de novatio legis in pejus com aplicação
restrita aos crimes praticados após a vigência da Lei 13.869/19 (03 de janeiro de 2020).
O sujeito ativo do crime é a autoridade judiciária, enquanto que o sujeito passivo direto/imediato é o indivíduo
prejudicado pela demora no deferimento da liminar ou na concessão do HC e, como sujeito indireto/mediato, temos o
Estado.
Incrimina-se a conduta da autoridade judiciária que, dentro de prazo razoável, deixar de deferir liminar (é a decisão
concessiva do pedido formulado pelo impetrante antes da conclusão do julgamento definitivo do processo do remédio heroico)
ou ordem de habeas corpus (é a decisão concessiva do pedido ao final do processo), quando manifestamente cabível.
Quando ao deferimento de liminar em HC, deve-se lembrar que:
• Aplica-se, por analogia, o procedimento atinente ao mandado de segurança (art,7º, inc.III, da Lei 12.016/09);
• A liminar pode ser deferida, esmo que não haja requerimento do impetrante. Isso porque se os juízes e tribunais
podem conceder HC de ofício (art.654, §2º, CPP), é evidente que podem conceder, também, a liminar.
17.5. Tipo subjetivo à é o dolo + especial fim de agir (art.1º, §1º, da Lei 13.869/19).
17.8. Ação penal, pena, competência para o julgamento, procedimento adequado, transação penal, suspensão condicional do
processo e acordo de não persecução penal à ver comentários feitos no item 14.9.
18. Decretação de condução coercitiva de testemunha ou investigado manifestamente descabida ou sem prévia intimação de
comparecimento ao juízo
Lei 13.869/19, Art. 10. DECRETAR a CONDUÇÃO COERCITIVA de TESTEMUNHA ou INVESTIGADO MANIFESTAMENTE
DESCABIDA ou SEM PRÉVIA INTIMAÇÃO DE COMPARECIMENTO AO JUÍZO:
Pena - detenção, de 1 a 4 anos, e multa.
A revogada Lei 4.898/65 não previa figura delituosa idêntica. Trata-se, pois, de novatio legis in pejus, que só deve ser
aplicada aos crimes cometidos após a sua vigência (3 de janeiro de 2020).
Apesar de não estar listada no rol das medidas cautelares diversas da prisão dos arts.319 e 320 do CPP, a condução
coercitiva também funciona como espécie de medida cautelar de coação pessoal.
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Podem ser objeto de condução coercitiva: o investigado ou o acusado (art.260, CPP), o ofendido (art.201, §1º, CPP), as
testemunhas (art.218, CPP) e o perito (art.278, CPP). ATENÇÃO! A Lei 13.869/19 só fala em TESTEMUNHA ou INVESTIGADO.
Em comparação com uma prisão preventiva ou temporária, há uma redução do grau de coerção da liberdade de
locomoção do indivíduo, que fica restrita ao tempo estritamente necessário para a preservação das fontes de provas ou para a
produção do meio de prova, não podendo persistir por lapso temporal superior a 24h, hipótese em que assumiria a feição de
uma prisão cautelar.
Para Renato Brasileiro, somente a autoridade judiciária pode determinar a condução de coercitiva de alguém.
18.3. Bem jurídico tutelado à dignidade da função pública, prestígio que o poder público deve desfrutar perante os
administrados e liberdade de locomoção.
O sujeito ativo somente pode ser a autoridade judiciária (Renato Brasileiro). O sujeito passivo direto/imediato é a
testemunha ou investigado e o sujeito passivo indireto/mediato é o Estado.
• Decretar: ordenar;
• Condução coercitiva: já estudamos no tópico 18.2;
• De testemunha ou investigado: apesar de termos visto, no tópico 18.2, que é possível a condução coercitiva de outras
pessoas, sob pena de analogia in malam partem, para fins de tipificação do crime do art.10 da Lei 13.869/19, somente
se considera a condução coercitiva de TESTEMUNHA ou INVESTIGADO. Obs: a condução coercitiva não está restritva a
investigações ou processos criminais.
• Manifestamente descabida: ante o caráter aberto e impreciso do tipo penal, o ideal é interpretá-lo, especificamente
quanto à medida adotada contra o investigado, à luz das recentes decisões do STF (ADPF’s 395 e 444), quando concluiu
ser incabível a condução coercitiva do imputado para fins de interrogatório (meio de defesa), porquanto
absolutamente incompatíveis com o princípio do nemo tenetur se detegere, mesmo que o investigado tenha sido
previamente para comparecer perante a autoridade policial. Por outro lado, a condução coercitiva do investigado não
será manifestamente descabida quando for decretada para a realização de ato investigatório não protegido pelo direito
à não autoincriminação.
• Sem prévia intimação de comparecimento ao juízo: a doutrina processual penal sempre impôs, como condição sine
qua non para a condução coercitiva de alguém, a prévia intimação para comparecimento à Polícia (ou ao juízo).
18.6. Tipo subjetivo à é o dolo + especial fim de agir (art.1º, §1º, da Lei 13.869/19).
Trata-se de CRIME FORMAL, que se consuma com a mera prolação da decisão determinando a condução coercitiva,
ainda que esta não venha a ser concretizada.
Porquanto seja de difícil configuração, admite-se a tentativa quando a medida for decretada por escrito, pois, neste
caso, a conduta poderá ser fracionada em vários atos (crime plurissubsistente).
a) Crime próprio;
b) Crime formal/de consumação antecipada/de resultado cortado;
c) Crime unissubjetivo;
d) Crime unissubsistente (quando praticado verbalmente) ou plurissubsistente (quando praticado por escrito).
18.9. Ação penal, pena, competência para o julgamento, procedimento adequado, transação penal, suspensão condicional do
processo e acordo de não persecução penal à ver comentários feitos no item 14.9.
19. Execução de captura de pessoa que não esteja em situação de flagrante delito ou sem ordem escrita da autoridade
judiciária competente
@dicas.exconcurseira 11
Este dispositivo foi vetado pelo presidente da República por gerar insegurança jurídica, notadamente aos agentes de
segurança pública, tendo em vista que há situações de flagrância que podem se prolongar no tempo e que dependem da análise
do caso concreto. Ademais, no veto, constou que a pena cominada violaria o princípio da proporcionalidade.
20. Omissão quanto à comunicação da prisão em flagrante à autoridade judiciária no prazo legal
Lei 13.869/19, Art. 12. DEIXAR injustificadamente DE COMUNICAR A PRISÃO EM FLAGRANTE À AUTORIDADE JUDICIÁRIA no
prazo legal:
Pena - detenção, de 6 meses a 2 anos, e multa.
Apesar de não ter uma redação idêntica, é possível afirmar que este crime já estava previsto na revogada Lei 4.898/65.
Porém, a nova Lei de Abuso de Autoridade aumentou a pena e, por se tratar de lex gravior, somente pode ser aplicada aos
crimes praticados após a vigência da lei (3 de janeiro de 2020).
20.2. Noções gerais acerca do dever de comunicação imediata da prisão ao Juiz competente
CF, Art.5º. LXII - a prisão (QUALQUER TIPO DE PRISÃO) de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunicados
IMEDIATAMENTE ao juiz competente e à família do preso ou à pessoa por ele indicada;
CPP (DA PRISÃO EM FLAGRANTE), Art. 306. A prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunicados
IMEDIATAMENTE ao juiz competente, ao Ministério Público e à família do preso ou à pessoa por ele indicada.
§1o Em até 24 horas após a realização da prisão, será encaminhado ao juiz competente o auto de prisão em flagrante e, caso o
autuado não informe o nome de seu advogado, cópia integral para a Defensoria Pública.
Para Renato Brasileiro, a ausência da comunicação da prisão em flagrante importa em violação à garantia constitucional,
gerando a perda da força coercitiva do APF, e o consequente relaxamento da prisão. Portanto, o APF continuará valendo, mas tão
somente como peça informativa. No entanto, eventual relaxamento da prisão em flagrante por conta da ausência de comunicação
ao juiz das garantias não impede a imposição de medidas cautelares de natureza pessoal, inclusive a própria prisão preventiva (ou
temporária), desde que presentes seus pressupostos legais.
20.3. Bem jurídico tutelado à dignidade da função pública, prestígio que o poder público deve desfrutar perante os
administrados e liberdade de locomoção.
O sujeito ativo do crime é o Delegado de Polícia, pois é este que detém a atribuição legal de lavrar o APF e,
consequentemente, de comunicar sua execução à autoridade judiciária.
O sujeito passivo direto/imediato é o flagranteado; e o sujeito passivo indireto/mediato é o Estado.
A conduta incriminada pelo caput do art.12 é deixar, injustificadamente, de comunicar a prisão em flagrante à autoridade
judiciária no prazo legal. Deixar de comunicar é uma conduta omissiva.
Por “prazo legal”, o correto é que este prazo seria “imediatamente” (art.306, caput, CPP). Porém este prazo é
indeterminado, pois tal expressão é vaga e muito subjetiva. Diante disso, para Renato Brasileiro e para fins do art.12 da Lei
13.869/19, o ideal é concluir que a comunicação prevista no art.12 dar-se-á com a remessa do auto de prisão em flagrante, que
deverá ocorrer no prazo de até 24h (art.306, §1º, CPP) após a realização da prisão. Por consequência, o crime do art.12, caput, da
Lei 13.869/19 deve ser compreendido como o não encaminhamento ao juiz competente do APF em até 24h após a realização da
prisão. Essa é a interpretação que melhor se coaduna com o princípio da legalidade na vertente lex certa.
O objeto da conduta do caput do art.12 é apenas a prisão em flagrante. Obs: a omissão da comunicação de outro tipo de
prisão configura o crime do inc.I do parágrafo único do art.12.
Se a autoridade policial deixar injustificadamente de comunicar a apreensão de criança ou adolescente, deverá responder
pelo crime do art.231 do ECA.
20.6. Tipo subjetivo à é o dolo + especial fim de agir (art.1º, §1º, da Lei 13.869/19).
@dicas.exconcurseira 12
20.7. Consumação e tentativa
Como estamos diante de uma CRIME OMISSIVO PRÓPRIO, sua consumação se dá no exato momento em que o agente
deixa de fazer aquilo que a norma manda. No caso do art.12, caput, o crime se consuma com o decurso do prazo legal (24h) para
que a comunicação da prisão em flagrante fosse realizada.
Por se tratar de crime omissivo próprio, não admite a tentativa.
a) Crime próprio;
b) Crime doloso;
c) Crime omissivo próprio;
d) Crime unissubjetivo;
e) Crime de mera conduta.
20.9. Ação penal, pena, competência para o julgamento, procedimento adequado, transação penal, suspensão condicional do
processo e acordo de não persecução penal
• A ação penal é pública incondicionada, admitindo-se a ação penal privada subsidiária da pública;
• Pena: detenção, de 6 meses a 2 anos, e multa;
• Trata-se de infração de menor potencial ofensivo;
• Competência do Juizado Especial Criminal;
• Aplicação do procedimento sumaríssimo;
• Admite a transação penal e demais institutos despenalizadores da Lei 9.099/95;
• Não admite o acordo de não persecução penal.
21. Omissão quanto à comunicação imediata da execução de prisão temporária ou preventiva à autoridade judiciária que a
decretou
Este crime já estava previsto na revogada Lei 4.898/65. A pena, no entanto, foi agravada. Por isso, sua aplicação será
feita aos crimes praticados após a vigência da nova Lei de Abuso de Autoridade.
21.2. Noções gerais sobre o dever de comunicação imediata da execução de prisão temporária ou preventiva à autoridade
judiciária que a decretou
CPP, Art. 289-A. O juiz competente providenciará o imediato registro do mandado de prisão em banco de dados mantido pelo
Conselho Nacional de Justiça para essa finalidade.
(...)
§2o Qualquer agente policial poderá efetuar a prisão decretada, ainda que sem registro no Conselho Nacional de Justiça,
adotando as precauções necessárias para averiguar a autenticidade do mandado e comunicando ao juiz QUE A DECRETOU,
devendo este providenciar, em seguida, o registro do mandado na forma do caput deste artigo.
§3o A prisão será imediatamente comunicada ao juiz do local de cumprimento da medida o qual providenciará a certidão
extraída do registro do Conselho Nacional de Justiça e informará ao juízo QUE A DECRETOU.
21.3. Bem jurídico tutelado à dignidade da função pública, prestígio que o poder público deve desfrutar perante os
administrados e liberdade de locomoção.
Sujeito ativo: integrantes da Polícia Judiciária + juiz local do cumprimento da prisão (art.289-A, §3º, CPP)
Sujeito passivo direto/imediato: o preso preventivo ou temporário.
Sujeito passivo indireto/mediato: o Estado.
@dicas.exconcurseira 13
21.5. Tipo objetivo
21.6. Tipo subjetivo à é o dolo + especial fim de agir (art.1º, §1º, da Lei 13.869/19).
21.7. Consumação e tentativa à o crime se consuma no exato momento da omissão. Como se trata de crime omissivo próprio,
não admite a tentativa.
a) Crime próprio;
b) Crime formal;
c) Crime unissubjetivo;
d) Crime unissubsistente;
e) Crime instantâneo;
f) Crime omissivo próprio/puro;
g) Crime de forma livre.
22. Omissão quanto à comunicação imediata da prisão de qualquer pessoa e do local onde se encontra à sua família ou à
pessoa por ela indicada
Na revogada Lei 4.898/65, apenas se tipificava a conduta de deixar de comunicar a prisão ou detenção de qualquer
pessoa ao juiz competente. Portanto, o inc.II do p.u. do art.12 é novatio legis incriminadora, que só deve ser aplicada aos crimes
cometidos após a vigência da nova lei de abuso de autoridade.
22.2. Noções gerais acerca do dever de comunicação imediata da prisão de qualquer pessoa e do local onde se encontra à sua
família ou à pessoa por ele indicada
CF, Art.5º, LXII - a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunicados imediatamente ao juiz competente e
à família do preso ou à pessoa por ele indicada;
Trata-se de direito público subjetivo do preso, que visa dois objetivos básicos:
i) pôr fim à angústia da família que não tem nenhuma informação acerca do paradeiro do seu ente querido;
ii) permitir que o preso obtenha de seus familiares a assistência e o apoio de que necessita.
O descumprimento desse preceito constitucional configura constrangimento ilegal, sanável por meio de HC,
objetivando o relaxamento da prisão.
22.3. Bem jurídico tutelado à dignidade da função pública, prestígio que o poder público deve desfrutar perante os
administrados, liberdade de locomoção e o direito à comunicação da prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontra à
família do preso ou a pessoa por ele indicada.
@dicas.exconcurseira 14
22.5. Tipo objetivo
22.6. Tipo subjetivo à é o dolo + especial fim de agir (art.1º, §1º, da Lei 13.869/19).
22.7. Consumação e tentativa à o crime se consuma no exato momento da omissão. Como se trata de crime omissivo próprio,
não admite a tentativa.
a) Crime próprio;
b) Crime formal;
c) Crime unissubjetivo;
d) Crime unissubsistente;
e) Crime instantâneo;
f) Crime omissivo próprio/puro;
g) Crime de forma livre.
23. Omissão quanto à entrega ao preso, no prazo de 24, da nota de culpa, assinada pela autoridade, com o motivo da prisão e
os nomes do condutor e das testemunhas
Na revogada Lei 4/898/65, não havia tipo penal absolutamente idêntico a este. Trata-se, pois, o inc.III do p.u. do art.12
da Lei 13.869/19 de novatio legis incriminadora, com aplicação restrita aos crimes cometidos após a vigência da nova lei.
CF, Art.5º, LXIV - o preso tem direito à identificação dos responsáveis por sua prisão ou por seu interrogatório policial;
CADH, Art.7º, §4º Toda pessoa detida ou retida deve ser informada das razões da sua detenção e notificada, sem demora, da
acusação ou acusações formuladas contra ela.
No caso da PRISÃO EM FLAGRANTE, tal direito se torna efetivo por meio da entrega da NOTA DE CULPA. Nas demais
espécies de prisão, a concretização do preceito constitucional ocorre com a entrega ao preso de cópia do mandado expedido.
CPP, Art.306, §2o No mesmo prazo (24h após a captura do preso), será entregue ao preso, mediante recibo, a NOTA DE CULPA,
assinada pela autoridade, com o motivo da prisão, o nome do condutor e os das testemunhas.
Para parte da doutrina e para a jurisprudência dos tribunais superiores, a ausência de entrega de nota de culpa/cópia
do mandado de prisão expedido é MERA IRREGULARIDADE, que não tem o condão de afetar o caráter coercitivo da prisão.
Para Renato Brasileiro, a ausência de entrega de nota de culpa macula a prisão com grave vício de ilegalidade, que
autoriza o seu relaxamento.
23.3. Bem jurídico tutelado à dignidade da função pública, prestígio que o poder público deve desfrutar perante os
administrados e o direito à identificação dos responsáveis por sua prisão ou por seu interrogatório policial.
Sujeito ativo à a autoridade responsável pela emissão e entrega ao preso da nota de culpa (delegado de polícia, em
regra).
@dicas.exconcurseira 15
Sujeito passivo imediato/direto à o preso ao qual não foi entregue a respectiva nota de culpa. Sujeito passivo
mediato/indireto à o Estado.
23.6. Tipo subjetivo à é o dolo + especial fim de agir (art.1º, §1º, da Lei 13.869/19).
Como estamos diante de uma CRIME OMISSIVO PRÓPRIO, sua consumação se dá no exato momento em que o agente
deixa de fazer aquilo que a norma manda. No caso do art.12, p.u., inc.III , o crime se consuma com o decurso do prazo legal (24h)
sem que seja entregue ao preso a nota de culpa.
Por se tratar de crime omissivo próprio, não admite a tentativa.
a) Crime próprio;
b) Crime formal;
c) Crime omissivo próprio/puro;
d) Crime a prazo: exige o esgotamento do prazo de 24h para a sua consumação;
e) Crime unissubsistente;
f) Crime unissubjetivo.
* não inclui a prisão civil por dívida (vedação à analogia in malam partem);
* “sem motivo justo e excepcionalíssimo” à situações extremas, como amotinamento de presos, com rebelião, e teratológicas.
Esta figura delituosa se assemelha ao revogado art.4º, alínea “i”, da Lei 4.898/65, mas se trata de novatio legis in pejus,
sendo, portanto, aplicada apenas aos crimes cometidos após a vigência da nova lei de abuso de autoridade.
24.2. Bem jurídico tutelado à dignidade da função pública, prestígio que o poder público deve desfrutar perante os
administrados e a liberdade de locomoção do indivíduo.
Sujeito ativo à agente público (crime próprio), que pode ser o delegado de polícia, diretores de estabelecimentos
prisionais, de manicômios judiciários, de casas de internação de adolescentes infratores, etc.
Sujeito passivo direto/imediato à a pessoa cuja liberdade foi cerceada.
Sujeito passivo indireto/mediato à o Estado.
Obs: se o sujeito passivo for adolescente em cumprimento de medida socioeducativa de internação, restará tipificado o
crime do art.235 do ECA.
24.5. Tipo subjetivo à é o dolo + especial fim de agir (art.1º, §1º, da Lei 13.869/19).
O crime estará consumado no exato momento em que se esgotar o prazo razoável (“imediatamente”) para o
cumprimento do alvará de soltura ou quando esgotado o prazo judicial ou legal da medida sem que seja efetivada a liberação do
indivíduo. Obs: por se tratar de crime omissivo próprio, não se admite a tentativa.
@dicas.exconcurseira 16
24.7. Classificação doutrinária
a) Crime próprio;
b) Crime material (exige o prolongamento da medida privativa de liberdade);
c) Crime unissubjetivo;
d) Crime unissubsistente;
e) Crime permanente;
f) Crime omissivo próprio/puro;
g) Crime de forma vinculada.
Lei 13.869/19, Art. 13. CONSTRANGER o PRESO ou o DETENTO, mediante violência (VIOLÊNCIA FÍSICA), grave ameaça
(VIOLÊNCIA MORAL) ou redução de sua capacidade de resistência (VIOLÊNCIA IMPRÓPRIA), a:
I - exibir-se ou ter seu corpo ou parte dele exibido à curiosidade pública;
II - submeter-se a situação vexatória ou a constrangimento não autorizado em lei;
III - produzir prova contra si mesmo (PRINCÍPIO DO NEMO TENETUR SE DETEGERE) ou contra terceiro:
Pena - detenção, de 1 a 4 anos, e multa, sem prejuízo da pena cominada à VIOLÊNCIA.
O art.13 da Lei 13.869/19 trata-se de notavio legis incriminadora, de aplicação restrita aos crimes cometidos após a
vigência da nova Lei de Abuso de Autoridade.
CF, Art.5º, XLIX - é assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral;
Ao proclamar o respeito à integridade física e moral dos presos, a CF garante ao preso a conservação de todos os
direitos fundamentais reconhecidos à pessoa livre, à exceção, é claro, daqueles que sejam incompatíveis com a condição
peculiar de uma pessoa presa.
Os direitos personalíssimos do preso devem ser tutelados de forma ainda mais eficaz, não só por jornalistas, como
também por autoridades policiais e membros do MP, que devem se abster de exibir presos à mídia. E isso não só para preservar
os direitos personalíssimos do preso, como também para evitar que inocentes sejam identificados indevidamente como autores
de delitos.
CPP, Art.3º-F (ARTIGO QUE HOJE, JUNHO DE 2021, ENCONTRA-SE SUSPENSO), Art. 3º-F. O juiz das garantias deverá assegurar o
cumprimento das regras para o tratamento dos presos, IMPEDINDO o acordo ou ajuste de qualquer autoridade com órgãos da
imprensa para EXPLORAR A IMAGEM da pessoa submetida à prisão, sob pena de responsabilidade civil, administrativa e penal.
Parágrafo único. Por meio de regulamento, as autoridades deverão disciplinar, em 180 dias, o modo pelo qual as informações
sobre a realização da prisão e a identidade do preso serão, de modo padronizado e respeitada a programação normativa aludida
no caput deste artigo, transmitidas à imprensa, assegurados a efetividade da persecução penal, o direito à informação e a
dignidade da pessoa submetida à prisão.
25.3. Bem jurídico tutelado à dignidade da função pública, integridade moral e a honra objetiva do preso (incs.I e II) e o
direito à não autoincriminação (inc.III).
Sujeito ativo (crime próprio) à agente público. Sujeito passivo à o preso ou o detento.
Obs: no caso de a vítima do crime do inc.II ser criança ou adolescente, resta tipificado o crime do art.232 do ECA.
25.6. Tipo subjetivo à é o dolo + especial fim de agir (art.1º, §1º, da Lei 13.869/19).
@dicas.exconcurseira 17
25.7. Consumação e tentativa
Os crimes se consumam no momento em que o indivíduo faz ou deixa de fazer aquilo a que foi constrangido, in casu,
quando o preso ou detento é exibido (ou tem seu corpo ou parte dele exibido) à curiosidade pública, quando é submetido à
situação vexatória ou a constrangimento não autorizado em lei, ou quando produz prova contra si mesmo ou contra terceiro,
em decorrência de violência, grave ameaça ou redução da sua capacidade de resistência.
Por se tratar de crime material, admite a tentativa.
a) Crime próprio;
b) Crime de forma livre;
c) Crime material;
d) Crime comissivo;
e) Crime instantâneo, salvo se o constrangimento se prolongar no tempo, quando o crime será permanente;
f) Crime de dano;
g) Crime unissubjetivo;
h) Crime plurissubsistente.
Os crimes dos incs.I, II e III do art.13 da Lei 13.869/19 – sempre subsidiários (soldado de reserva) em relação às figuras
típicas de tortura – não se confundem com o delito de tortura-confissão/probatória previsto no art.1º, inc.I, “a”, da Lei 9.455/97.
25.10. Ação penal, pena, competência para o julgamento, procedimento adequado, transação penal, suspensão condicional
do processo e acordo de não persecução penal
• A ação penal é pública incondicionada (admite a ação penal privada subsidiária da pública);
• Pena: detenção, de 1 a 4 anos, e multa, sem prejuízo da pena cominada à violência (adoção do sistema do cúmulo
material);
• Não se trata de infração penal de menor potencial ofensivo;
• Competência do Juízo Comum;
• Aplicação do procedimento especial dos crimes de responsabilidade dos funcionários públicos (arts.513 a 518 do
CPP);
• Não se admite a celebração do acordo de não persecução penal, pois é crime praticado mediante violência ou grave
ameaça à pessoa;
• Admite a suspensão condicional do processo, salvo na hipótese em que o crime for cometido mediante violência
(Súmula 243 do STJ).
26. Fotografia ou filmagem de preso sem o seu consentimento ou com autorização obtida mediante constrangimento ilegal
Lei 13.869/19, Art. 15. CONSTRANGER A DEPOR, sob AMEAÇA DE PRISÃO (CRIME DE FORMA VINCULADA), PESSOA QUE, em
razão de função, ministério, ofício ou profissão, DEVA GUARDAR SEGREDO ou RESGUARDAR SIGILO:
Pena - detenção, de 1 a 4 anos, e multa.
Parágrafo único. (...)
Neste ponto, trata-se de novatio legis incriminadora, passível de aplicação exclusivamente aos crimes cometidos após a
vigência da Lei 13.869/19.
27.2. Noções gerais acerca das pessoas que são proibidas de depor em razão do dever de guardar segredo decorrente do
exercício de função, ministério, ofício ou profissão
CPP, Art. 207. SÃO PROIBIDAS DE DEPOR as pessoas que, em razão de função, ministério, ofício ou profissão, devam GUARDAR
SEGREDO, salvo se, DESOBRIGADAS pela parte interessada, QUISEREM dar o seu testemunho. à CONFIDENTES NECESSÁRIOS
27.3. Bem jurídico tutelado à Administração Pública e o direito ao sigilo inerente ao exercício de certas funções, ministérios,
ofícios ou profissões.
Sujeito ativo à o agente público. Sujeito passivo direto/imediato à a pessoa que, a despeito do dever de guardar
segredo ou resguardar sigilo em razão da função, ministério, ofício ou profissão, foi constrangida pelo agente público a
prestar depoimento. Sujeito passivo indireto/mediato à o Estado.
27.6. Tipo subjetivo à é o dolo + especial fim de agir (art.1º, §1º, da Lei 13.869/19).
O crime se consuma quando a pessoa obrigada a guardar segredo ou resguardar sigilo em razão da função, ministério,
ofício ou profissão, prestar seu depoimento, em virtude do constrangimento de ameaça de prisão. Cuida-se de crime material.
Por se tratar de crime plurissubsistente, é admitida a tentativa.
a) Crime próprio;
b) Crime material;
c) Crime plurissubsistente;
d) Crime unissubjetivo;
e) Crime de forma vinculada.
27.9. Ação penal, pena, competência para o julgamento, procedimento adequado, transação penal, suspensão condicional do
processo e acordo de não persecução penal
• A ação penal é pública incondicionada (admite a ação penal privada subsidiária da pública);
• Pena: detenção, de 1 a 4 anos, e multa, sem prejuízo da pena cominada à violência (adoção do sistema do cúmulo
material);
• Não se trata de infração penal de menor potencial ofensivo;
• Competência do Juízo Comum;
• Aplicação do procedimento especial dos crimes de responsabilidade dos funcionários públicos (arts.513 a 518 do
CPP);
• Admite a celebração do acordo de não persecução penal;
• Admite a suspensão condicional do processo.
@dicas.exconcurseira 19
28. Prosseguimento de interrogatório de pessoa que tenha decidido exercer o direito ao silêncio
Durante a tramitação do PAC, os incisos I e II do art.15 da Lei 13.869/19 tinham sido vetados, porém tais vetos foram
derrubados pelo Congresso Nacional.
Na revogada Lei 4.898/65, não havia figura delituosa semelhante. Portanto, trata-se de novatio legis incriminadora, que
só deve ser aplicada aos crimes práticos depois da vigência da nova Lei de Abuso de Autoridade.
CF, Art.5º, LXIII - o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de PERMANECER CALADO, sendo-lhe assegurada a
assistência da família e de advogado;
Pacto Internacional sobre os Direito Civis e Políticos, Artigo 14, 3. Toda pessoa acusada de um delito terá direito, em plena
igualmente, a, pelo menos, as seguintes garantias:
g) De não ser obrigada a depor contra si mesma, nem a confessar-se culpada.
Convenção Americana sobre Direitos Humanos, art.8º, 2. Toda pessoa acusada de delito tem direito a que se presuma sua inocência
enquanto não se comprove legalmente sua culpa. Durante o processo, toda pessoa tem direito, em plena igualdade, às seguintes
garantias mínimas:
g. direito de não ser obrigado a depor contra si mesma, nem a declarar-se culpada;
Consiste, grosso modo, na proibição do uso de qualquer medida de coerção ou intimidação ao investigado (ou acusado)
em processo de caráter sancionatório para obtenção de uma confissão ou para que colabore em atos que possam ocasionar sua
condenação. É irrelevante que se trate de inquérito policial ou administrativo, processo criminal ou cível ou de Comissão
Parlamentar de Inquérito. Se houver possibilidade de autoincriminação, a pessoa pode fazer uso do princípio do nemo
tenetur se detegere.
ATENÇÃO! A testemunha, apesar de ter o dever de falar a verdade, não está obrigada a responder sobre fato que possa, em
tese, incriminá-la.
28.4. Bem jurídico tutelado à dignidade da função pública, prestígio que o poder público deve desfrutar perante os
administrados e o direito ao silêncio.
Sujeito ativo à agente público que tenha atribuição ou competência para presidir interrogatório, como o delegado
de polícia, promotor de justiça, presidentes de Comissões Parlamentares de Inquérito e a autoridade judiciária.
Sujeito passivo direto/imediato à a pessoa cujo direito ao silêncio foi alvo de indevido constrangimento decorrente
do prosseguimento do interrogatório; sujeito passivo indireto/mediato à o Estado.
28.7. Tipo subjetivo à é o dolo + especial fim de agir (art.1º, §1º, da Lei 13.869/19).
O crime se consuma no exato momento em que o agente público dá continuidade às indagações do interrogatório,
mesmo depois de a pessoa ter manifestado o interesse em exercer o seu direito ao silêncio.
Por se tratar de crime unissubsistente, não se admite a tentativa (Renato Brasileiro), salvo se o interrogatório for feito
por escrito.
@dicas.exconcurseira 20
28.9. Classificação doutrinária
a) Crime próprio;
b) Crime comissivo;
c) Crime unissubjetivo;
d) Crime unissubsistente.
28.10. Ação penal, pena, competência para o julgamento, procedimento adequado, transação penal, suspensão condicional
do processo e acordo de não persecução penal
29. Prosseguimento de interrogatório de pessoa que tenha optado por ser assistida por advogado ou defensor público sem a
presença do seu patrono
Esta figura delituosa já era tipificada de forma mais genérica na revogada lei de abuso de autoridade, sendo que com
uma pena mais branda. Trata-se, portanto, o inc.II do p.u. do art.15 da Lei 13.869/19 de novatio legis in pejus, que só deve ser
aplicada aos crimes praticados após a vigência da nova Lei de Abuso de Autoridade.
29.3. Noções gerais acerca da (des)necessidade da presença de defensor por ocasião do interrogatório policial (ou judicial)
Não há dúvida sobre a necessidade da presença do defensor no interrogatório judicial (art.185, CPP). Quando ao
interrogatório policial, sempre houve polêmica, no entanto.
Antes da entrada em vigor da nova Lei de Abuso de Autoridade, parte da doutrina entendia que não havia necessidade/
obrigatoriedade da presença de defensor por ocasião do interrogatório policial (posição a que se filiava Renato Brasileiro);
enquanto que outra boa parte da doutrina entendia que a presença do defensor era indispensável em qualquer tipo de
interrogatório.
Com a novel figura delituosa do inc.II do p.u. do art.15 da Lei 13.869/19, parece não haver mais dúvida. Interpretando-a
a contrario sensu, uma vez optando o interrogando pela presença de um defensor, não mais se poderá admitir a realização de
nenhum interrogatório sem a presença deste.
Conquanto fosse tecnicamente recomendável que o legislador tivesse alterado o CPP para dispor expressamente, por
exemplo, no art.6º, inc.V, que o interrogatório policial deve ser feito com a presença do advogado, se assim o desejar o
interrogando, a criação da novel figura delituosa não deixa mais qualquer dúvida acerca da necessidade da presença de um
profissional de advocacia nesta hipótese.
29.4. Bem jurídico tutelado à a dignidade da função pública e o direito à assistência de advogado.
29.10. Ação penal, pena, competência para o julgamento, procedimento adequado, transação penal, suspensão condicional
do processo e acordo de não persecução penal à vide tópico 28.10.
Lei 13.869/19, Art. 16. DEIXAR DE IDENTIFICAR-SE ou IDENTIFICAR-SE FALSAMENTE AO PRESO por ocasião de sua CAPTURA ou
QUANDO DEVA FAZÊ-LO DURANTE SUA DETENÇÃO ou PRISÃO:
Pena - detenção, de 6 meses a 2 anos, e multa.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem, como RESPONSÁVEL POR INTERROGATÓRIO em sede de procedimento
investigatório de INFRAÇÃO PENAL, deixa de identificar-se ao preso ou atribui a si mesmo FALSA IDENTIDADE, CARGO ou
FUNÇÃO.
Este artigo havia sido vetado pelo Presidente da República que considerou que, em situações excepcionais, com vistas a
garantir a vida e a integridade física dos agentes de segurança e sua família, seria possível admitir o sigilo da identificação. Mas
este veto foi derrubado pelo Congresso Nacional.
Não havia, na revogada Lei 4.898/65, tipo penal idêntico a este, razão pela qual trata-se de novatio legis in pejus (na
vigência da revogada lei, o agente responderia pelo crime do art.307 do CP), que só deve ser aplicada aos crimes praticados após
a vigência da nova Lei de Abuso de Autoridade.
30.3. Bem jurídico tutelado à a Administração Pública e o direito constitucional que o preso tem à identificação dos
responsáveis por sua prisão ou por seu interrogatório policial.
Sujeito ativo (crime próprio) à o agente público responsável pela captura, detenção ou prisão do indivíduo. No caso
do parágrafo único, o sujeito ativo é a pessoa responsável pelo interrogatório em sede de procedimento investigatório de
infração penal, como o Delegado de Polícia, o Promotor de Justiça, etc.
Sujeito passivo à o Estado e o preso.
No parágrafo único, faz-se referência apenas ao interrogatório em sede de procedimento investigatório de infração penal, o
que não abrange o interrogatório judicial nem o procedimento administrativo disciplinar.
CUIDADO!
OBJETO MATERIAL DO CRIME DO ART.16
Caput do art.16 Parágrafo único do art.16
Identidade (nome) Identidade, cargo ou função
30.6. Tipo subjetivo à é o dolo + especial fim de agir (art.1º, §1º, da Lei 13.869/19).
@dicas.exconcurseira 22
30.7. Consumação e tentativa
• Deixar de identificar-se à consumação: quando, tendo a obrigação de se identificar, o agente deixa de fazê-lo (crime
instantâneo). Neste caso, por se tratar de crime omissivo próprio, não admite a tentativa.
• Identificar-se falsamente à consumação: quando o agente atribuir a si mesmo falsa identidade. Se o crime for praticado
verbalmente, não se admite a tentativa (crime unissubsistente); se for praticado por escrito, admite a tentativa (crime
plurissubsistente).
a) Crime próprio;
b) Crime de forma livre;
c) Crime omissivo próprio (1ª hipótese) ou crime comissivo (2ª hipótese);
d) Crime unissubjetivo/unilateral/de concurso eventual;
e) Crime unissubsistente ou plurissubistente, a depender do meio de execução.
30.9. Ação penal, pena, competência para o julgamento, procedimento adequado, transação penal, suspensão condicional do
processo e acordo de não persecução penal à vide tópico 20.9.
31. Submissão de preso, internado ou apreendido ao uso de algemas fora das hipóteses legais
Lei 13.869/19, Art. 18. SUBMETER o PRESO a INTERROGATÓRIO POLICIAL durante o período de REPOUSO NOTURNO*, SALVO
se capturado em FLAGRANTE DELITO ou se ele, devidamente ASSISTIDO (ASSISTÊNCIA DE ADVOGADO/DEFENSOR), CONSENTIR
EM PRESTAR DECLARAÇÕES:
Pena - detenção, de 6 meses a 2 anos, e multa.
* Repouso noturno à para Renato Brasileiro, fazendo uso da interpretação sistemática, devemos buscar o conceito de repouso
noturno dentro da própria Lei de Abuso de Autoridade:
Lei 13.869/19, Art.22 (...), §1º Incorre na mesma pena, na forma prevista no caput deste artigo, quem:
III - cumpre mandado de busca e apreensão domiciliar após as 21h ou antes das 5h.
E mais: para o autor, se o interrogatório for iniciado às 20h, por exemplo, deverá ser interrompido às 21h e retomado
no dia seguinte.
A revogada Lei 4.898/65 não tipificava esta conduta. Trata-se, pois, de novatio legis incriminadora, que só se aplica aos
crimes praticados após a vigência da nova Lei de Abuso de Autoridade.
Parte da doutrina entende que a utilização de certos métodos de interrogatório pode acabar se transformando em
verdadeiro emprego de tortura contra o acusado. Nessa linha, Maria Elizabeth Queijo cita “a questão da duração do
interrogatório que, realizado durante longo espaço de tempo, sem intervalos, à noite, conduz o acusado à exaustão e à falta de
serenidade para posicionar-se diante das perguntas formuladas, não deixando de caracterizar tais expedientes tortura ou,
quando menos, tratamento desumano”.
De lege ferenda, portanto, seria recomendável a obrigatoriedade de consignação de horário do começo e do
encerramento do interrogatório e de eventuais intervalos ocorridos. Pelo menos no âmbito do CPP, não há dispositivo legal
regulamentando a duração do interrogatório.
32.3. Bem jurídico tutelado à dignidade da função pública, prestígio que o poder público deve desfrutar perante os
administrados e liberdade de autodeterminação do interrogando.
@dicas.exconcurseira 23
32.4. Sujeitos do crime
Sujeito ativo (crime próprio) à o agente público responsável pelo interrogatório policial (Delegado de Polícia).
Sujeito passivo à o Estado e o indivíduo preso que for submetido a interrogatório em período noturno, salvo nas
hipóteses legais permissivas.
32.6. Tipo subjetivo à é o dolo + especial fim de agir (art.1º, §1º, da Lei 13.869/19).
A consumação se dá no momento em que o interrogatório se inicia ou “entra” no período noturno. Por se tratar de crime
plurissubsistente, admite-se a tentativa.
a) Crime próprio;
b) Crime comissivo;
c) Crime unissubjetivo;
d) Crime plurissubsistente;
e) Crime permanente.
32.9. Ação penal, pena, competência para o julgamento, procedimento adequado, transação penal, suspensão condicional do
processo e acordo de não persecução penal à vide tópico 20.9.
Lei 13.869/19, Art. 19. IMPEDIR ou RETARDAR, injustificadamente, o ENVIO DE PLEITO* DE PRESO à AUTORIDADE JUDICIÁRIA
COMPETENTE para a apreciação da LEGALIDADE DE SUA PRISÃO ou das CIRCUNSTÂNCIAS DE SUA CUSTÓDIA: à CRIME
COMISSIVO
Pena - detenção, de 1 a 4 anos, e multa.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena o MAGISTRADO QUE, ciente do impedimento ou da demora, DEIXA DE TOMAR as
providências tendentes a saná-lo ou, não sendo competente para decidir sobre a prisão, DEIXA DE ENVIAR o pedido à
autoridade judiciária que o seja. à CRIME OMISSIVO PRÓPRIO/PURO
* Pleito do preso à sinônimo de petição de habeas corpus, pois está relacionado à legalidade da sua prisão ou às circunstâncias
de sua custódia.
A revogada Lei 4.898/65 não previa esta figura delituosa. Trata-se, pois, de novatio legis incriminadora, que só deve ser
aplicada aos crimes praticados após a vigência da nova Lei de Abuso de Autoridade.
33.2. Bem jurídico tutelado à dignidade da função pública, prestígio que o poder público deve desfrutar perante os
administrados, o direito de petição previsto no art.5º, inc.XXXIV, da CF e o direito que toda e qualquer pessoa tem de
impetrar ordem de habeas corpus.
Sujeito ativo (crime próprio) à o agente público responsável pela custódia de presos (v.g., Diretor do estabelecimento
prisional, agente penitenciário, etc). ATENÇÃO! No parágrafo único, o sujeito ativo é apenas o magistrado.
Sujeito passivo direto/imediato à o preso; sujeito passivo indireto/mediato à o Estado.
33.5. Tipo subjetivo à é o dolo + especial fim de agir (art.1º, §1º, da Lei 13.869/19).
CUIDADO!
Art.19, caput Art.19, parágrafo único
Dolo direto ou eventual Dolo direto (“ciente do impedimento ou da demora”)
@dicas.exconcurseira 24
33.6. Consumação e tentativa
Condutas do parágrafo único: estarão consumadas com qualquer uma das condutas omissivas. Obs: neste caso, por se
tratar de crime omissivo próprio, não admite a tentativa.
Quanto ao caput:
a) Crime próprio;
b) Crime material (verbo impedir) e crime formal (verbo retardar);
c) Crime unissubjetivo;
d) Crime de ação múltipla/conteúdo variado;
e) Crime comissivo.
33.8. Ação penal, pena, competência para o julgamento, procedimento adequado, transação penal, suspensão condicional do
processo e acordo de não persecução penal à vide tópico 14.9.
34. Restrição, sem justa causa, da entrevista pessoal e reservada do preso com seu advogado
Lei 13.869/19, Art. 20. IMPEDIR, sem justa causa, a ENTREVISTA PESSOAL E RESERVADA do PRESO com seu advogado:
Pena - detenção, de 6 meses a 2 anos, e multa.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem IMPEDE o PRESO, o RÉU SOLTO ou o INVESTIGADO de ENTREVISTAR-SE pessoal e
reservadamente com seu advogado ou defensor, por prazo razoável, antes de AUDIÊNCIA JUDICIAL, e de SENTAR-SE AO SEU
LADO E COM ELE COMUNICAR-SE DURANTE A AUDIÊNCIA, salvo no curso de INTERROGATÓRIO* ou no caso de audiência
realizada por VIDEOCONFERÊNCIA**.
** Neste caso, nem sempre o advogado constituído pelo acusado estará fisicamente ao seu lado. Em tese, é possível que o
advogado esteja no fórum e que seu cliente esteja no presídio (logicamente, acompanhado por outro advogado). Ante a
impossibilidade de se sentarem lado a lado, existe esta exceção.
ATENÇÃO!
CPP, Art. 217. Se o juiz verificar que a presença do réu poderá causar humilhação, temor, ou sério constrangimento à
testemunha ou ao ofendido, de modo que prejudique a verdade do depoimento, fará a inquirição por videoconferência e,
somente na impossibilidade dessa forma, determinará a RETIRADA DO RÉU, prosseguindo na inquirição, com a presença do seu
defensor. à Na hipótese de prática de atos intimidatórios, subentende-se que houve renúncia tácita ao direito de presença pelo
acusado decorrente de comportamento incompatível com o exercício regular de um direito. Nessa hipótese, também, para
Renato Brasileiro, não há que se falar em tipificação do crime do art.20, parágrafo único, da Lei 13.869/19, desde que
assegurada a presença da defesa técnica no ato processual em questão, bem como um canal de comunicação livre e reservada
do defensor com seu cliente.
O Presidente da República vetou este dispositivo. Porém, este veto foi derrubado pelo Congresso Nacional.
@dicas.exconcurseira 25
34.2. Direito intertemporal
Esta conduta já era tipificada na revogada lei, porém de forma mais genérica e com pena mais branda. A nova Lei de
Abuso de Autoridade é, pois, novatio legis in pejus, a ser aplicada aos crimes cometidos após a sua vigência.
34.3. Noções gerais acerca da ampla defesa e do direito à entrevista pessoal e reservada do acusado, ainda que preso, com seu
defensor
CF, Art.5º, LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e
ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes;
Convenção Americana sobre Direitos Humanos, Artigo 8, 2. Toda pessoa acusada de delito tem direito a que se presuma sua
inocência enquanto não se comprove legalmente sua culpa. Durante o processo, toda pessoa tem direito, em plena igualdade, às
seguintes garantias mínimas:
d) direito do acusado de defender-se pessoalmente ou de ser assistido por um defensor de sua escolha e de comunicar-se,
livremente e em particular, com seu defensor;
LC 80/94, Art. 128. São prerrogativas dos membros da Defensoria Pública do Estado, dentre outras que a lei local estabelecer:
VI – comunicar-se, pessoal e reservadamente, com seus assistidos, ainda quando estes se acharem presos ou detidos, mesmo
incomunicáveis, tendo livre ingresso em estabelecimentos policiais, prisionais e de internação coletiva, independentemente de
prévio agendamento;
ECA, Art. 124. São direitos do adolescente privado de liberdade, entre outros, os seguintes:
III - avistar-se reservadamente com seu defensor;
CPP, Art.185, §5o Em qualquer modalidade de interrogatório, o juiz garantirá ao réu o direito de entrevista prévia e reservada
com o seu defensor; se realizado por videoconferência, fica também garantido o acesso a canais telefônicos reservados para
comunicação entre o defensor que esteja no presídio e o advogado presente na sala de audiência do Fórum, e entre este e o
preso.
Logicamente, o direito em questão não autoriza o advogado a falar com seu cliente preso a qualquer momento do dia.
Devemos observar a reserva do possível, daí por que devem ocorrer horários e dias determinados pelo estabelecimento
prisional.
@dicas.exconcurseira 26
34.7. Tipo subjetivo à é o dolo + especial fim de agir (art.1º, §1º, da Lei 13.869/19).
O crime se consuma quando o imputado for efetivamente privado do direito à entrevista pessoal e reservada com seu
advogado. Apesar de difícil configuração, admite-se a tentativa, quando, por exemplo, a conduta for praticada por escrito.
a) Crime próprio;
b) Crime comissivo (em regra);
c) Crime material;
d) Crime plurissubsistente;
e) Crime unissubjetivo.
Lei 13.869/19, Art. 21. MANTER PRESOS DE AMBOS OS SEXOS* na mesma CELA ou ESPAÇO DE CONFINAMENTO:
Pena - detenção, de 1 a 4 anos, e multa.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem MANTÉM, na mesma CELA, CRIANÇA ou ADOLESCENTE na companhia de
MAIOR DE IDADE ou em AMBIENTE INADEQUADO, observado o disposto na Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990* (Estatuto da
Criança e do Adolescente).
* Renato Brasileiro: distinção em questão não se limita ao sexo biológico, devendo observar, na verdade, a identidade de
gênero.
* ECA, Art. 123. A internação deverá ser cumprida em entidade exclusiva para adolescentes, em local distinto daquele destinado
ao abrigo, obedecida rigorosa separação por critérios de idade, compleição física e gravidade da infração.
Na revogada Lei 4.898/65, não havia esta figura delituosa. Trata-se, pois, de novatio legis incriminadora, de aplicação
restrita aos crimes praticados após a vigência da Lei 13.869/19 (3 de janeiro de 2020).
35.2. Noções gerais acerca da necessidade de recolhimento de presos a estabelecimento próprio e adequado ao seu
respectivo sexo
CF, Art.5º, XLVIII - a pena será cumprida em estabelecimentos distintos, de acordo com a natureza do delito, a idade e o sexo do
apenado;
L - às presidiárias serão asseguradas condições para que possam permanecer com seus filhos durante o período de
amamentação;
LEP, Art.82, §1° A mulher e o maior de sessenta anos, separadamente, serão recolhidos a estabelecimento próprio e adequado
à sua condição pessoal.
LEP, Art.83, §2o Os estabelecimentos penais destinados a mulheres serão dotados de berçário, onde as condenadas possam
cuidar de seus filhos, inclusive amamentá-los, no mínimo, até 6 meses de idade.
§3o Os estabelecimentos de que trata o §2o deste artigo deverão possuir, exclusivamente, agentes do sexo feminino na
segurança de suas dependências internas.
Sujeito ativo (crime próprio) à agente público com atribuição ou competência para definir, ainda que
momentaneamente, em que lugar os presos ficarão custodiados (v.g., Delegados de Polícia, agentes carcerários, diretores de
presídio e os próprios juízes).
Sujeito passivo direto/imediato à a mulher custodiada com homens e o homem custodiado com mulheres. No caso
do parágrafo único, a criança ou o adolescente recolhido em companhia de pessoa maior de idade ou em estabelecimento
inadequado.
Sujeito passivo indireto/mediato à o Estado.
@dicas.exconcurseira 27
35.5. Tipo objetivo
ATENÇÃO! Na hipótese de a manutenção de presos de ambos os sexos na mesma cela acarretar intenso sofrimento físico ou
mental ao indivíduo custodiado, a exemplo do que ocorreu na cidade de Abaetetuba/PA, em que a adolescente ficou presa por
26 dias numa cela com mais de 20 detentos do sexo masculino, sendo, então, estuprada e espancada, a conduta melhor se
subsume ao crime de tortura imprópria prevista no art.1º, §1º, da Lei 9.455/97.
35.6. Tipo subjetivo à é o dolo + especial fim de agir (art.1º, §1º, da Lei 13.869/19).
Os delitos estarão consumados no exato momento em que o preso for recolhido em cela diversa daquela
correspondente ao seu sexo, pouco importando que venha a sofrer algum tipo de agressão física ou sexual.
Na hipótese de a conduta ser praticada por omissão do agente público responsável pela tutela do preso, o crime estará
consumado no instante em que ele, ao tomar ciência da situação, nada fizer para corrigi-la.
Por se tratar de crime plurissubsitente, quando praticado na forma comissiva, admite a tentativa. Quando praticado na
forma omissiva, trata-se de crime unissubsistente, onde não se admite a tentativa.
a) Crime próprio;
b) Crime material;
c) Crime permanente;
d) Crime comissivo (pode também se dar pela omissão imprópria);
e) Crime unissubjetivo;
f) Crime plurissubsistente.
35.9. Ação penal, pena, competência para o julgamento, procedimento adequado, transação penal, suspensão condicional do
processo e acordo de não persecução penal à vide tópico 14.9.
Lei 13.869/19, Art. 22. INVADIR ou ADENTRAR, clandestina (DE FORMA OCULTA) ou astuciosamente (CONDUTA
FRAUDULENTA/MALICIOSA), ou à revelia da vontade do ocupante (CONTRA A VONTADE EXPRESSA/TÁCITA DO OCUPANTE),
IMÓVEL ALHEIO ou SUAS DEPENDÊNCIAS*, ou NELE PERMANECER nas mesmas condições, sem determinação judicial ou fora
das condições estabelecidas em lei (NO CASO, O CPP)*:
Pena - detenção, de 1 a 4 anos, e multa.
§1º Incorre na mesma pena, na forma prevista no caput deste artigo, quem:
I - COAGE alguém, mediante violência ou grave ameaça, A FRANQUEAR-LHE o acesso a imóvel ou suas dependências;
II - (VETADO);
III - CUMPRE mandado de busca e apreensão domiciliar após as 21h ou antes das 5h*.
§2º NÃO HAVERÁ CRIME se o ingresso for para PRESTAR SOCORRO*, ou quando houver fundados indícios (CAUSA PROVÁVEL,
DO DIREITO NORTE-AMERICANO) que indiquem a necessidade do ingresso em razão de situação de FLAGRANTE DELITO
(QUALQUER TIPO DE FLAGRANTE, PARA RENATO BRASILEIRO) ou de DESASTRE*.
* Imóvel alheio ou suas dependências: para Renato Brasileiro, esta expressão deve ser interpretada como sinônimo de casa. O
conceito de casa deve ser extraído do art.150, §4º, do CP.
* Este dispositivo há de provocar controvérsia sobre sua (in)constitucionalidade. Renato Brasileiro entende pela
constitucionalidade do conceito de noite (e dia) constante do art.22, §1º, inc.III, da Lei 13.869/19, sem a necessidade de
interpretação conforme a Constituição. Isso porque, de modo a superara controvérsias doutrinárias e jurisprudenciais, o
legislador optou por positivar o conceito de dia (05h-21h) e o de noite (21h-05h), e não o condicionou a existência de
luminosidade solar. Para o autor, o legislador agiu dentro de uma margem de razoabilidade e proporcionalidade.
* Causas excludentes da ilicitude. Nos casos narrados no §2º, o ingresso no imóvel pode ocorrer durante o dia ou a noite.
@dicas.exconcurseira 28
36.1. Direito intertemporal
A revogada Lei 4.898/65 tipificava esta conduta de forma mais genérica e cominava uma pena mais branda. Trata-se,
pois, a nova Lei de Abuso de Autoridade de notavio legis in pejus, que só deve ser aplicada aos crimes praticados após a sua
vigência.
36.2. Bem jurídico tutelado à dignidade da função pública, prestígio que o poder público deve desfrutar perante os
administrados e a inviolabilidade domiciliar (art.5º, XI, CF). DE OLHO! Não inclui a proteção da casa abandonada ou desabitada
(que não tenha morador permanentemente).
Sujeito ativo à o agente público. ATENÇÃO! É exatamente isto o que diferencia este crime do crime do art.150 do CP
(violação de domicílio).
Sujeito passivo à o titular do direito à intimidade protegido pela inviolabilidade domiciliar. Na terminologia usada
pelo art.22, caput, é o ocupante do imóvel, pouco importando que seja ou não o proprietário.
SE LIGA! Na hipótese em que o imóvel é ocupado por mais de uma pessoa em condições de igualdade, o conflito de
vontades deverá ser solucionado pela aplicação do princípio melior est conditio prohibentis, é dizer, prevalece a decisão daquele
que proibiu o acesso ao domicílio.
36.5. Tipo subjetivo à é o dolo + especial fim de agir (art.1º, §1º, da Lei 13.869/19).
Trata-se de crime de mera conduta, pois o tipo penal não contempla nenhum resultado naturalístico.
Quanto às condutas de invadir ou adentrar, trata-se de crime instantâneo, que estará consumado no exato momento
em que o agente ingressar completamente no imóvel alheio ou em suas dependências.
Quanto ao verbo permanecer, trata-se de crime permanente, que se consuma quando o agente, ciente de que deve sair
do local, nele permanece por tempo juridicamente relevante.
A tentativa é possível nas condutas de invadir ou adentrar, mas incabível no verbo permanecer (crime omissivo
próprio).
Nos crimes do §1º, quanto ao inc.I: estará consumado quando o agente constrangido franquear o acesso do agente
público ao imóvel ou suas dependências (crime material); quanto ao inc.II: estará consumado quando o agente público ingressar
no imóvel entre às 21h e 5h. Ambos os casos são crimes plurissubsistentes, que admitem a tentativa.
a) Crime próprio;
b) Crime instantâneo (invadir ou adentrar) ou crime permanente (permanecer);
c) Crime comissivo (invadir ou adentrar) ou crime omissivo próprio (permanecer);
d) Crime de conteúdo variado/de ação múltipla/tipo misto alternativo;
e) Crime de mera conduta (o tipo penal se limita a descrever uma conduta, sem prever qualquer resultado naturalístico).
36.8. Ação penal, pena, competência para o julgamento, procedimento adequado, transação penal, suspensão condicional do
processo e acordo de não persecução penal à vide tópico 14.9.
Obs: especificamente quanto ao crime do art.22, §1º, inc.I, por se tratar de delito cometido com violência ou grave ameaça à
pessoa, não se admite o acordo de não persecução penal.
Lei 13.869/19, Art. 23. INOVAR ARTIFICIOSAMENTE, no curso de DILIGÊNCIA, de INVESTIGAÇÃO ou de PROCESSO, o ESTADO DE
LUGAR, de COISA ou de PESSOA, COM O FIM DE EXIMIR-SE DE RESPONSABILIDADE ou de RESPONSABILIZAR CRIMINALMENTE
ALGUÉM ou AGRAVAR-LHE A RESPONSABILIDADE:
Pena - detenção, de 1 a 4 anos, e multa.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem pratica a conduta COM O INTUITO DE:
I - eximir-se de responsabilidade CIVIL ou ADMINISTRATIVA por excesso praticado no curso de DILIGÊNCIA;
II – OMITIR dados ou informações ou DIVULGAR dados ou informações INCOMPLETOS para desviar o curso da INVESTIGAÇÃO,
da DILIGÊNCIA ou do PROCESSO.
@dicas.exconcurseira 29
37.1. Direito intertemporal
Na vigência da revogada Lei 4.898/65, não havia tipo semelhante a este. O agente poderia, à época, responder pelo
crime do art.347 do CP (fraude processual).
37.2. Bem jurídico tutelado à a Administração da Justiça (correta aplicação da lei) e a Administração Pública.
Sujeito ativo (crime próprio) à agente público. CUIDADO! Se o agente público solicitar, receber ou aceitar promessa de
vantagem indevida para inovar artificiosamente o estado de lugar, de coisa ou de pessoa, a ele deverá ser imputado
exclusivamente o crime de corrupção passiva (art.317 do CP).
Sujeito passivo à o Estado e a pessoa (física ou jurídica) prejudicada pela inovação artificiosa.
37.5. Objeto material à o lugar, a coisa ou a pessoa sobre a qual incide a conduta artificiosa.
37.6. Tipo subjetivo à dolo + dolo específico/especial fim de agir (elemento subjetivo específico)
a) Crime próprio;
b) Crime formal/consumação antecipada/resultado cortado;
c) Crime de dano;
d) Crime doloso;
e) Crime comissivo (pode ser praticado, entretanto, via omissão imprópria);
f) Crime instantâneo;
g) Crime de forma livre;
h) Crime unissubjetivo;
i) Crime plurissubsistente;
j) Crime não transeunte: ao menos em regra, costuma deixar vestígios.
A fraude processual em caso de abuso de autoridade (art.23 da Lei 13.869/19) é crime tacitamente subsidiário, é dizer,
só restará tipificado quando o fato não constituir crime mais grave.
@dicas.exconcurseira 30
37.10. Fraude processual e direito de não produzir prova contra si mesmo (nemo tenetur se detegere)
DE OLHO NA JURIS! STJ (caso Isabela Nardoni) à “(...) O direito à não autoincriminação não abrange a possibilidade de os
acusados alterarem a cena do crime, inovando o estado de lugar, de coisa ou de pessoa, para, criando artificiosamente outra
realidade, levar peritos ou o próprio Juiz a erro de avaliação relevante (...)”.
37.11. Ação penal, pena, competência para o julgamento, procedimento adequado, transação penal, suspensão condicional
do processo e acordo de não persecução penal à vide tópico 14.9.
38. Constrangimento de funcionário ou empregado de instituição hospitalar pública ou privada a admitir para tratamento
pessoa morta
Lei 13.869/19, Art. 24. CONSTRANGER, sob VIOLÊNCIA ou GRAVE AMEAÇA, FUNCIONÁRIO ou EMPREGADO de INSTITUIÇÃO
HOSPITALAR PÚBLICA ou PRIVADA A ADMITIR PARA TRATAMENTO pessoa cujo ÓBITO JÁ TENHA OCORRIDO, COM O FIM DE
ALTERAR LOCAL ou MOMENTO DE CRIME, prejudicando sua apuração:
Pena - detenção, de 1 a 4 anos, e multa, além da pena correspondente à violência.
Na vigência da revogada Lei 4.898/65, não havia figura típica semelhante. Trata-se, pois, de notavio legis incriminadora,
que só deve ser aplicada aos crimes praticados após a vigência da Lei 13.869/19.
38.2. Bem jurídico tutelado à a liberdade individual do funcionário ou empregado + Administração da Justiça (correta
aplicação da lei) + Administração Pública.
Sujeito ativo à agentes públicos que são os primeiros a chegar à cena do crime e que tem obrigação de zelar pela sua
preservação (v.g., policiais militares, policiais civis, integrantes das Forças Armadas, guardas municipais, etc). Não precisa que o
agente público seja o responsável pelo óbito. Basta que tenha praticado conduta com o fim de dificultar a identificação do local
ou do momento da conduta que levou ao óbito.
Sujeito passivo à Estado + o funcionário ou empregado de instituição hospitalar pública ou privada + familiares da
pessoa falecida.
Cuida-se, pois, de CRIME BIPRÓPRIO.
38.5. Tipo subjetivo à dolo + especial fim de agir/dolo específico (alterar o local do crime ou alterar o momento do crime,
prejudicando sua apuração). Cuida-se de delito de intenção.
O crime se consuma quando a pessoa cujo óbito já tiver ocorrido for efetivamente admitida para tratamento em
virtude do constrangimento perpetrado pelo agente, independentemente de se conseguir efetivamente alterar o local ou
momento do crime.
Por se tratar de crime plurissubsistente, admite-se a tentativa.
a) Crime formal;
b) Crime de intenção;
c) Crime bipróprio;
d) Crime de forma livre;
e) Crime unissubjetivo;
f) Crime plurissubsistente.
@dicas.exconcurseira 31
38.8. Ação penal, pena, competência para o julgamento, procedimento adequado, transação penal, suspensão condicional do
processo e acordo de não persecução penal à vide tópico 14.9.
Lei 13.869/19, Art. 25. PROCEDER À OBTENÇÃO DE PROVA, em PROCEDIMENTO DE INVESTIGAÇÃO ou FISCALIZAÇÃO, por
MEIO MANIFESTAMENTE ILÍCITO:
Pena - detenção, de 1 a 4 anos, e multa.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem faz USO DE PROVA, em desfavor do investigado ou fiscalizado, com PRÉVIO
conhecimento de sua ilicitude.
Trata-se o art.25 da Lei 13.869/19 de novatio legis incriminadora, devendo ser aplicado apenas aos crimes praticados
após a vigência da nova Lei de Abuso de Autoridade.
39.2. Noções gerais acerca da inadmissibilidade das provas obtidas por meios ilícitos
CF, Art.5º, LVI - são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos;
39.3. Bem jurídico protegido à Administração Pública + direitos e garantias fundamentais do cidadão.
39.6. Tipo subjetivo à é o dolo + especial fim de agir (art.1º, §1º, da Lei 13.869/19).
Cuida-se de CRIME MATERIAL, cuja consumação está condicionada à obtenção da prova por meio manifestamente
ilícito, pouco importando se esta prova foi ou não introduzida no processo.
Por se tratar de crime plurissubsisente, admite a tentativa.
a) Crime próprio;
b) Crime material;
c) Crime comissivo (em regra);
d) Crime plurissubsistente;
e) Crime de dano;
@dicas.exconcurseira 32
f) Crime unissubjetivo.
39.9. Ação penal, pena, competência para o julgamento, procedimento adequado, transação penal, suspensão condicional do
processo e acordo de não persecução penal à vide tópico 14.9.
Lei 13.869/19, Art.25, Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem faz USO DE PROVA, em desfavor do investigado ou
fiscalizado, com PRÉVIO conhecimento (DOLO DIRETO) de sua ilicitude.
Lei 13.869/19, Art. 27. REQUISITAR instauração ou INSTAURAR procedimento INVESTIGATÓRIO de infração penal ou
administrativa, em desfavor de alguém, À FALTA DE QUALQUER INDÍCIO da prática de CRIME, de ILÍCITO FUNCIONAL ou de
INFRAÇÃO ADMINISTRATIVA:
(Vide ADIN 6234) (Vide ADIN 6240)
Pena - detenção, de 6 meses a 2 anos, e multa.
Parágrafo único. NÃO HÁ CRIME quando se tratar de SINDICÂNCIA ou INVESTIGAÇÃO PRELIMINAR SUMÁRIA, devidamente
justificada.
Trata-se de novatio legis incriminadora, com aplicação restrita aos crimes praticados após a vigência da Lei 13.869/19.
Por força do princípio da obrigatoriedade – que também se estende à fase investigatória -, caso uma autoridade policial
(ou administrativa) tome conhecimento de um ilícito de ação penal pública incondicionada a partir de suas atividades rotineiras,
deverá instaurar o respectivo procedimento investigatório de ofício.
Porém, da mesma forma que ninguém pode ser submetido indevidamente a constrangimento ilegal decorrente de um
processo criminal leviano e temerário (strepitus judicii), também não poderá ser desarrazoadamente objeto de investigação
indevida (strepitus investigationis). Com efeito, vedadas que são as denominadas fishing expeditions, não se pode admitir a
deflagração de um procedimento investigatório sem o mínimo de indícios acerca da materialidade e/ou autoria do delito.
41.3. Bem jurídico tutelado à dignidade da função pública, prestígio que o poder público deve desfrutar perante os
administrados e a honra e imagem da pessoa que teve contra si instaurado um procedimento.
Sujeito ativo à qualquer agente público que tenha atribuição ou competência para requisitar a instauração ou para
instaurar procedimento investigatório de infração penal ou administrativa. Obs: se se tratar de IP, o sujeito ativo recairá
precipuamente na figura do promotor de justiça (CF, Art.127, São funções institucionais do Ministério Público: VIII - requisitar
diligências investigatórias e a instauração de inquérito policial, indicados os fundamentos jurídicos de suas manifestações
processuais;).
Sujeito passivo mediato/indireto à o Estado.
Sujeito passivo imediato/direto à a pessoa (física ou jurídica) prejudicada pela investigação abusiva.
@dicas.exconcurseira 33
41.5. Tipo objetivo
• requisitar à exigir;
• instaurar à dar início a algo que não existia.
• procedimento investigatório de infração penal ou administrativa (objeto material do crime);
• em desfavor de alguém (obs: se for instaurado para se averiguar um fato, não incide o tipo);
• à falta de qualquer indício da prática de crime, de ilícito funcional ou de infração administrativa. Obs: aqui, “indício”
tem o significado de prova semiplena.
Lei 13.869/19, Art.27, Parágrafo único. NÃO HÁ CRIME quando se tratar de SINDICÂNCIA ou INVESTIGAÇÃO PRELIMINAR
SUMÁRIA, devidamente justificada.
41.7. Tipo subjetivo à é o dolo + especial fim de agir (art.1º, §1º, da Lei 13.869/19).
Quanto à conduta de “requisitar instauração”, o crime estará consumado quando o agente público requisitar a
instauração do procedimento investigatório, independentemente da instauração desse procedimento.
Quanto à segunda conduta “instaurar procedimento investigatório”, o crime se consuma com a efetiva instauração do
procedimento investigatório.
Apesar de difícil concretização na prática, ambas as condutas, por serem plurissubsistentes, admitem a tentativa.
a) Crime próprio;
b) Crime material;
c) Crime comissivo;
d) Crime unissubjetivo;
e) Crime plurissubsistente.
41.10. Ação penal, pena, competência para o julgamento, procedimento adequado, transação penal, suspensão condicional
do processo e acordo de não persecução penal à vide tópico 20.9.
42. Divulgação de gravação sem relação com a prova que se pretenda produzir, expondo a intimidade ou a vida privada do
investigado ou acusado
Lei 13.869/19, Art. 28. DIVULGAR GRAVAÇÃO ou TRECHO DE GRAVAÇÃO SEM RELAÇÃO COM A PROVA QUE SE PRETENDA
PRODUZIR, expondo a INTIMIDADE ou a VIDA PRIVADA ou ferindo a HONRA ou a IMAGEM do INVESTIGADO ou ACUSADO:
Pena - detenção, de 1 a 4 anos, e multa.
Mais uma vez, cuida-se de novatio legis incriminadora, com aplicação restrita aos crimes praticados após a vigência da
Lei 13.869/19 (3 de janeiro de 2020).
42.2. Noções gerais acerca do segredo de justiça em torno de interceptações telefônicas (ou ambientais) e da necessidade de
inutilização da gravação que não interessar ao processo
Lei 9.296/96, Art. 1º A interceptação de comunicações telefônicas, de qualquer natureza, para prova em investigação criminal e
em instrução processual penal, observará o disposto nesta Lei e dependerá de ordem do juiz competente da ação principal, sob
segredo de justiça.
É dizer: a interceptação telefônica deve ser levada a efeito sob segredo de justiça, única forma de se garantir sua
utilidade. O contraditório será exercido posteriormente, após a conclusão da interceptação, quando o investigado e seu
defensor terão acesso ao conteúdo integral das gravações. Não é, pois, qualquer pessoa que pode ter acesso ao conteúdo
dessas gravações.
@dicas.exconcurseira 34
Lei 9.296/96, Art. 8° A interceptação de comunicação telefônica, de qualquer natureza, ocorrerá em autos apartados, apensados
aos autos do inquérito policial ou do processo criminal, preservando-se o SIGILO das diligências, gravações e transcrições
respectivas.
Lei 9.296/96, Art. 10. Constitui crime realizar interceptação de comunicações telefônicas, de informática ou telemática,
promover escuta ambiental ou quebrar segredo da Justiça, sem autorização judicial ou com objetivos não autorizados em lei:
Lei 9.296/96, Art. 10-A. Realizar captação ambiental de sinais eletromagnéticos, ópticos ou acústicos para investigação ou
instrução criminal sem autorização judicial, quando esta for exigida:
Pena - reclusão, de 2 a 4 anos, e multa.
Lei 9.296/96, Art. 9° A gravação que não interessar à prova será INUTIIZADA por decisão judicial, durante o inquérito, a
instrução processual ou após esta, em virtude de requerimento do Ministério Público ou da parte interessada.
42.3. Bem jurídico tutelado à dignidade da função pública, prestígio que o poder público deve desfrutar perante os
administrados e a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem do investigado/acusado (ou até mesmo de pessoas que
com eles se comunicarem).
Sujeito ativo (crime próprio) à agente público que, legitimamente, tomou conhecimento de uma interceptação
telefônica/ambiental, ou de seu resultado, em virtude do exercício de cargo, emprego ou função (v.g., Promotor de Justiça,
Magistrado, Defensor Público, Delegado, Perito, membro de Comissão Parlamentar de Inquérito, etc).
Sujeito passivo à Estado + pessoa física/jurídica cuja intimidade, vida privada, honra ou imagem foi atingida (seja o
investigado/acusado, seja a pessoa que com ele se comunicava).
• divulgar à difundir, espalhar (obs: este tipo visa coibir a prática comum do “vazamento” de gravações);
• gravação ou trecho de gravação sem relação com a prova que se pretenda produzir (objeto material do crime);
FICA LIGADO! Para Renato Brasileiro, como o art.28 faz referência à “gravação” de forma genérica, sem especificar se
esta seria resultado de anterior interceptação telefônica ou ambiental, deve-se concluir que ambas as espécies de
comunicação estão abrangidas pelo tipo penal.
Exemplo de gravação que não tem relação com a prova que se pretende produzir: divulgação de uma relação
extraconjugal descoberta no curso de uma investigação telefônica. CUIDADO! Se a gravação divulgada tiver relação
com a prova que se pretende produzir, esta conduta tipifica a conduta do art.10 ou 10-A da Lei 9.296/96.
• esta gravação deve ter o condão de expor a intimidade ou a vida privada, ou de ferir a honra ou a imagem do
investigado ou acusado. Caso não tenha essa potencialidade, a conduta será atípica.
42.6. Tipo subjetivo à é o dolo + especial fim de agir (art.1º, §1º, da Lei 13.869/19).
O crime se consuma no exato momento em que o agente público revelar a terceiros a existência de uma gravação sem
relação com a prova que se pretende produzir por meio da interceptação telefônica/ambiental.
Por se tratar de crime plurissubsistente, admite-se a tentativa.
a) crime próprio;
b) crime material;
c) crime plurissubsistente;
d) crime unissubjetivo;
e) crime de médio potencial ofensivo;
f) crime comissivo (nada impede a prática via omissão imprópria).
42.9. Ação penal, pena, competência para o julgamento, procedimento adequado, transação penal, suspensão condicional do
processo e acordo de não persecução penal à vide tópico 14.9.
@dicas.exconcurseira 35
43. Falsa informação sobre procedimento judicial, policial, fiscal ou administrativo
Lei 13.869/19, Art. 29. PRESTAR INFORMAÇÃO FALSA sobre PROCEDIMENTO JUDICIAL, POLICIAL, FISCAL ou ADMINISTRATIVO
COM O FIM DE PREJUDICAR INTERESSE DE INVESTIGADO: (Vide ADIN 6234) (Vide ADIN 6240)
Pena - detenção, de 6 meses a 2 anos, e multa.
Parágrafo único. (VETADO).
Cuida-se de novatio legis incriminadora, com aplicação restrita aos crimes praticados após a vigência da Lei 13.869/19
(3 de janeiro de 2020).
Sujeito ativo à agente público cujo exercício funcional lhe permita ter algum tipo de acesso a informações presentes
em procedimento judicial, policial, fiscal ou administrativo.
Sujeito passivo direto/imediato à o investigado.
Sujeito passivo indireto/mediato à o Estado.
• prestar informação falsa à trata-se de modalidade especial de falsidade ideológica (art.299 do CP), na qual o agente
público, ao prestar informações sobre procedimento judicial, policial, fiscal ou administrativo, insere ou faz inserir
declaração falsa ou diversa da que devia ser escrita.
43.5. Tipo subjetivo à é o dolo + elemento subjetivo do tipo/dolo específico (finalidade de prejudicar interesse do
investigado).
A consumação pressupõe que as informações falsas prestadas pelo agente público – dotadas de potencialidade lesiva –
cheguem ao conhecimento de seu destinatário.
Por se tratar de CRIME FORMAL, não é necessário que as informações inverídicas tenham influenciado na decisão da
autoridade a quem elas foram prestadas.
A tentativa só é cabível quando as informações forem prestadas de forma escrita.
a) crime próprio;
b) crime formal;
c) crime comissivo (em regra);
d) crime plurissubsistente (apenas quando as informações forem prestadas de forma escrita; se de forma oral, é crime
unissubsistente);
e) crime unissubjetivo.
43.8. Ação penal, pena, competência para o julgamento, procedimento adequado, transação penal, suspensão condicional do
processo e acordo de não persecução penal à vide tópico 20.9.
44. Deflagração de persecução penal, civil ou administrativa sem justa causa fundamentada ou contra quem sabe inocente
Lei 13.869/19, Art. 30. DAR INÍCIO ou PROCEDER à PERSECUÇÃO PENAL, CIVIL ou ADMINISTRATIVA SEM JUSTA CAUSA
FUNDAMENTADA ou CONTRA QUEM SABE INOCENTE: (Promulgação partes vetadas)
Pena - detenção, de 1 a 4 anos, e multa.
O Presidente da República havia rejeitado o art.30 da Lei 13.869/19 por considerar que este violaria o interesse público
e a segurança jurídica, em razão de pôr em risco o instituto da denúncia anônima. Este veto, porém, foi rejeitado pelo Congresso.
@dicas.exconcurseira 36
44.2. Direito intertemporal
Cuida-se de novatio legis incriminadora, com aplicação restrita aos crimes praticados após a vigência da Lei 13.869/19,
o que, in casu, ocorreu no dia 25 de janeiro de 2020 (data da derrubada do veto).
44.3. Bem jurídico tutelado à dignidade da função pública, prestígio que o poder público deve desfrutar perante os
administrados e a honra da pessoa que teve contra si deflagrada injustamente uma persecução penal, civil ou administrativa.
Sujeito ativo à agente público que tenha atribuição ou competência para dar início ou proceder à investigação penal,
civil ou administrativa.
Sujeito passivo à Estado + pessoa física/jurídica constrangida pela persecução indevida.
i) Para a 1ª hipótese (“sem justa causa fundamentada”) à dolo (direto ou eventual) + especial fim de agir (art.1º, §1º,
da Lei 13.869/19).
ii) Para a 2ª hipótese (“contra quem sabe inocente”) à dolo (DIRETO, apenas) + especial fim de agir (art.1º, §1º, da Lei
13.869/19).
Cuida-se de CRIME MATERIAL, que se consuma, quando ao verbo “dar início”, com a efetiva instauração da persecução
penal/cível/administrativa; e, quando ao verbo “proceder”, quando o agente dar seguimento à persecução penal/cível/
administrativa anteriormente instaurada. O crime se consuma independentemente da absolvição ou condenação da pessoa.
Por se tratar de crime plurissubsistente, admite-se a tentativa.
a) Crime próprio;
b) Crime material;
c) Crime de forma livre;
d) Crime comissivo (regra);
e) Crime instantâneo;
f) Crime unissubjetivo;
g) Crime plurissubsistente.
44.9. Ação penal, pena, competência para o julgamento, procedimento adequado, transação penal, suspensão condicional do
processo e acordo de não persecução penal à vide tópico 14.9.
@dicas.exconcurseira 37
45.1. Direito intertemporal
Cuida-se de novatio legis incriminadora, com aplicação restrita aos crimes praticados após a vigência da Lei 13.869/19
(3 de janeiro de 2020).
45.2. Noções gerais acerca da aplicação da garantia da razoável duração do processo à fase investigatória da persecução
penal
CF, Art.5º, LXXVIII - a todos, no âmbito JUDICIAL e ADMINISTRATIVO, são assegurados a RAZOÁVEL DURAÇÃO DO PROCESSO*
e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação.
* Deve abranger, também, a fase preliminar do processo (no caso, a fase de investigação).
45.3. Bem jurídico tutelado à dignidade da função pública, prestígio que o poder público deve desfrutar perante os
administrados e direito à razoável duração do processo.
Sujeito ativo à agente público que tenha atribuição para presidir investigação (v.g, Delegado de Polícia, Encarregado
de Inquérito Policial Militar, Procurador da República, etc).
Sujeito passivo à a pessoa física ou jurídica prejudicada pela investigação que se arrasta pelo tempo + o Estado.
FICA LIGADO! O parágrafo único tipifica praticamente a mesma conduta descrita no caput, porém quando não houver prazo
para a execução ou conclusão do procedimento em questão.
45.6. Tipo subjetivo à dolo + especial fim de agir (art.1º, §1º, da Lei 13.869/19).
a) crime próprio;
b) crime material;
c) crime plurissubsistente;
d) crime unissubjetivo;
e) crime comissivo (nada impede sua configuração via omissão imprópria).
45.9. Ação penal, pena, competência para o julgamento, procedimento adequado, transação penal, suspensão condicional do
processo e acordo de não persecução penal à vide tópico 20.9.
46. Negativa de acesso aos autos de procedimento investigatório e de extração de cópias de documentos
Lei 13.869/19, Art. 32. NEGAR ao INTERESSADO, seu DEFENSOR ou ADVOGADO ACESSO AOS AUTOS DE INVESTIGAÇÃO
PRELIMINAR, ao TERMO CIRCUNSTANCIADO, ao INQUÉRITO ou a QUALQUER OUTRO PROCEDIMENTO INVESTIGATÓRIO DE
INFRAÇÃO PENAL, CIVIL ou ADMINISTRATIVA, assim como IMPEDIR a OBTENÇÃO DE CÓPIAS, RESSALVADO o acesso a peças
relativas a diligências EM CURSO, ou que indiquem a realização de diligências FUTURAS, cujo sigilo seja IMPRESCINDÍVEL:
@dicas.exconcurseira 38
(Promulgação partes vetadas)
Pena - detenção, de 6 meses a 2 anos, e multa.
O Presidente da República havia vetado o art.32, pois entendeu que este violaria a segurança jurídica e que tal matérias
já estaria disciplinada na Súmula Vinculante 14. O Congresso Nacional, no entanto, derrubou o veto.
Trata-se no novatio legis in pejus (na revogada Lei 4.898/65, a conduta era tipificada de forma mais genérica), que só
deve ser aplicada aos crimes praticados após sua entrada em vigor (25 de janeiro de 2020, data da derrubada do veto).
46.3. Noções gerais acerca do direito do investigado e de seu defensor de ter acesso dos autos de procedimentos
investigatórios
A despeito do art.20 do CPP (confere ao IP o caráter sigiloso), o investigado e seu defensor devem ter acesso aos autos
do procedimento investigatório, caso a diligência realizada pela autoridade policial já tenha sido documentada. Porém, em se
tratando de diligência que ainda não foi realizada ou que está em andamento, não há falar em prévia comunicação ao
advogado, nem tampouco ao investigado, na medida em que o sigilo, nesse caso, é inerente à própria eficácia da medida
investigatório. É o que se denomina sigilo interno.
Súmula Vinculante 14, É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, já
documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com competência de polícia judiciária, digam respeito ao
exercício do direito de defesa.
46.4. Bem jurídico tutelado à dignidade da função pública, prestígio que o poder público deve desfrutar perante os
administrados e a ampla defesa.
Sujeito ativo à agente público dotado de atribuição para presidir determinado procedimento investigatório.
Sujeito passivo à o Estado + o interessado, seu defensor ou advogado. Obs: o interessado é não apenas o investigado,
mas também qualquer pessoa que eventualmente venha a ser citada no procedimento investigatório e que, consequentemente,
possa vir a figurar na sequência na condição de investigada, a exemplo de um delatado.
46.7. Tipo subjetivo à dolo + especial fim de agir (art.1º, §1º, da Lei 13.869/19).
O crime se consuma no momento em que o investigado (ou seu defensor) tiver negado o acesso aos autos de
investigação preliminar, termo circunstanciado, inquérito ou qualquer outro procedimento investigatório de infração penal, civil
ou administrativa, ou quando lhes for negada a possibilidade de extrair cópia dos autos.
Se o crime for cometido por escrito, admite-se a tentativa.
a) Crime próprio;
b) Crime comissivo ou omissivo;
c) Crime plurissubsistente (se cometido por escrito);
@dicas.exconcurseira 39
d) Crime unissubjetivo;
e) Crime formal.
46.10. Ação penal, pena, competência para o julgamento, procedimento adequado, transação penal, suspensão condicional
do processo e acordo de não persecução penal à vide tópico 20.9.
Lei 13.869/19, Art. 33. EXIGIR INFORMAÇÃO ou CUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO, inclusive o DEVER DE FAZER ou DE NÃO
FAZER, SEM EXPRESSO AMPARO LEGAL:
Pena - detenção, de 6 meses a 2 anos, e multa.
Parágrafo único. (...)
Cuida-se de novatio legis incriminadora, com aplicação restrita aos crimes praticados após a vigência da Lei 13.869/19.
CF, Art.5º, II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de LEI;
CF, Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios obedecerá aos PRINCÍPIOS DE LEGALIDADE, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao
seguinte:
Toda e qualquer atividade administrativa deve ser autorizada por lei. Se não o for, a atividade será considerada ilícita.
Enquanto ao particular é permitido fazer tudo o que não for proibida, à Administração Pública só é permitido fazer o que a lei
autoriza.
47.3. Bem jurídico tutelado à dignidade da função pública, prestígio que o poder público deve desfrutar perante os
administrados e liberdade individual e o patrimônio da pessoa que se vê constrangida diante da exigência de informação ou
de cumprimento de obrigação sem amparo legal.
• exigir à o agente público impõe ou ordena algo, utilizando-se do temor gerado pelo fato de exercer esse cargo,
emprego ou função pública.
• informação ou cumprimento de obrigação, inclusive de fazer ou de não fazer (objeto material do delito);
• sem expresso amparo legal à o agente público age sem autorização legal permissiva.
47.6. Tipo subjetivo à dolo + especial fim de agir (art.1º, §1º, da Lei 13.869/19).
47.7. Consumação e tentativa
Por se tratar de CRIME FORMAL, consuma-se com a efetiva exigência, com caráter realmente intimidador, ainda que o
agente público não venha a obter a informação defesa ou o cumprimento da obrigação por ele exigida.
A tentativa é possível, quando o crime puder ser fracionado em mais de um ato (crime plurissubsistente). No caso de o
crime ser praticado mediante um só ato (ex: exigência verbal), não há que se falar em tentativa.
a) crime próprio;
b) crime formal;
c) crime de dano;
d) crime de forma livre;
e) crime comissivo (em regra);
@dicas.exconcurseira 40
f) crime instantâneo;
g) crime unissubjetivo;
h) crime plurissubsistente ou unissubsistente.
48. Utilização do cargo ou função pública ou invocação da condição de agente público para se eximir de obrigação legal ou
para obter vantagem ou privilégio indevido
i) o agente utiliza do cargo (ou função pública) para se eximir de obrigação legal;
ii) o agente utiliza do cargo (ou função pública) para obter vantagem ou privilégio indevido; à esta vantagem pode ser de
qualquer natureza (patrimonial ou não)
iii) o agente invoca a condição de agente público para se eximir de obrigação legal (ex – promotor que invoca a sua
condição de agente público para não se submeter ao bafômetro);
iv) o agente invoca a condição de agente público para obter vantagem ou privilégio indevido (ex – “carteiradas”).
48.5. Tipo subjetivo à é o dolo + elemento subjetivo especial/dolo específico (“para se eximir de obrigação legal” ou “para
obter vantagem ou privilégio indevido”).
Trata-se de CRIME FORMAL, que se consuma com a efetiva utilização do cargo/função pública, ou com a invocação da
condição de agente público, ainda que o agente não consiga obter o resultado almejado.
O crime admitirá a tentativa quando for praticado por escrito.
a) crime próprio;
b) crime formal;
c) crime de dano;
d) crime de forma livre;
e) crime comissivo;
f) crime instantâneo;
g) crime unissubjetivo.
48.8. Ação penal, pena, competência para o julgamento, procedimento adequado, transação penal, suspensão condicional do
processo e acordo de não persecução penal à vide tópico 20.9.
49. Omissão de correção de erro relevante que sabe existir em processo ou procedimento
@dicas.exconcurseira 41
51. Decretação da indisponibilidade de ativos financeiros em quantia que extrapola exacerbadamente o valor estimado para
a satisfação da dívida e subsequente negativa de correção do excesso
Lei 13.869/19, Art. 36. DECRETAR, em PROCESSO JUDICIAL, A INDISPONIBILIDADE DE ATIVOS FINANCEIROS em quantia que
EXTRAPOLE EXACERBADAMENTE o valor estimado para a satisfação da dívida da parte e, ante a demonstração, pela parte, da
excessividade da medida, DEIXAR DE CORRIGI-LA:
Pena - detenção, de 1 a 4 anos, e multa.
Trata-se de novatio legis incriminadora, passível de aplicação exclusivamente aos crimes cometidos após a vigência da
Lei 13.869/19 (3 de janeiro de 2020).
CPC, Art. 786. A execução pode ser instaurada caso o devedor não satisfaça a obrigação certa, líquida e exigível
consubstanciada em título executivo.
CPC, Art. 797. Ressalvado o caso de insolvência do devedor, em que tem lugar o concurso universal, realiza-se a execução no
interesse do exequente (PRINCÍPIO DA EFETIVIDADE DA TUTELA EXECUTIVA) que adquire, pela penhora, o direito de
preferência sobre os bens penhorados.
CPC, Art. 805. Quando por vários meios o exequente puder promover a execução, o juiz mandará que se faça pelo MODO MENOS
GRAVOSO AO EXECUTADO. à PRINCÍPIO DA MENOR ONEROSIDADE NA EXECUÇÃO
CPC, Art. 854. Para possibilitar a penhora de dinheiro em depósito ou em aplicação financeira, o juiz, a requerimento do
exequente, sem dar ciência prévia do ato ao executado, determinará às instituições financeiras, por meio de sistema eletrônico
gerido pela autoridade supervisora do sistema financeiro nacional, que torne indisponíveis ativos financeiros existentes em nome
do executado, LIMITANDO-SE A INDISPONIBILIDADE AO VALOR INDICADO NA EXECUÇÃO.
§1º No prazo de 24 horas a contar da resposta, de ofício, o JUIZ determinará o CANCELAMENTO de eventual indisponibilidade
EXCESSIVA, o que deverá ser cumprido pela instituição financeira em igual prazo.
Duas são as condutas a serem praticadas pelo magistrado, cumulativamente, para que responde pelo crime do art.36
da Lei 13.869/19:
1ª conduta: DECRETAR (CONDUTA COMISSIVA), em PROCESSO JUDICIAL, A INDISPONIBILIDADE DE ATIVOS FINANCEIROS
(PENHORA ONLINE) em quantia que EXTRAPOLE EXACERBADAMENTE o valor estimado para a satisfação da dívida da parte; +
2ª conduta: e, ante a demonstração, pela parte, da excessividade da medida, DEIXAR DE CORRIGI-LA (CONDUTA OMISSIVA).
O crime se consuma no momento em que, alertado a respeito da excessividade da constrição, o juiz deixa de corrigi-la.
Logo, por se tratar de crime omissivo próprio, não se admite a tentativa.
a) crime próprio;
b) crime de conduta mista (conduta comissiva + conduta omissiva);;
c) crime material;
d) crime plurissubsistente;
e) crime unissubjetivo.
@dicas.exconcurseira 42
51.9. Ação penal, pena, competência para o julgamento, procedimento adequado, transação penal, suspensão condicional do
processo e acordo de não persecução penal à vide tópico 14.9.
52. Demora excessiva e injustificada no exame de processo de que tenha requerido vista em órgão colegiado
Lei 13.869/19, Art. 37. DEMORAR DEMASIADA e INJUSTIFICADAMENTE no exame de processo de que tenha requerido vista em
ÓRGÃO COLEGIADO, com o intuito de PROCRASTINAR SEU ANDAMENTO ou RETARDAR O JULGAMENTO:
Pena - detenção, de 6 meses a 2 anos, e multa.
Cuida-se de novatio legis incriminadora, cuja aplicação deve ficar restrita aos crimes praticados após a vigência da Lei
13.869/19 (3 de janeiro de 2020).
52.2. Bem jurídico tutelado à dignidade da função pública + razoável duração do processo.
Sujeito ativo:
1. Desembargadores;
2. Ministros;
3. Juízes de primeiro grau quando atuam em órgãos colegiados.
Lembrando das hipóteses em que juízes de 1º grau podem atuar em órgãos colegiados:
a) Turmas Recursais;
b) Juízo colegiado para o julgamento de crimes praticados por organizações criminosas;
c) Convocação de juízes de primeiro grau para substituir desembargadores.
4. Como o art.37 não especifica a natureza do processo, não se pode descartar a possibilidade de o sujeito ativo ser uma
autoridade estranha ao Poder Judiciário. Ex: quando um dos 3 servidores estáveis responsáveis pela condução de um
processo disciplinar destinado a apurar responsabilidade do servidor público por infração praticada no exercício de suas
atribuições demorar demasiada e injustificadamente no exame do processo.
Sujeito passivo à o Estado + parte cujo processo teve seu andamento prejudicado.
52.5. Tipo subjetivo à dolo + elemento subjetivo especial/dolo específico (“procrastinar seu andamento” ou “retardar o
julgamento”).
O crime se consuma no momento em que ficar caracterizada a demora demasiada e injustificada no exame do
processo. Pouco importa que o agente público consiga obter algumas das finalidades previstas no tipo (se conseguir, trata-se de
mero exaurimento do crime).
Não se admite a tentativa.
a) crime próprio;
b) crime de mera conduta;
c) delito de intenção;
d) delito permanente;
e) crime a prazo;
f) crime omissivo.
@dicas.exconcurseira 43
52.8. Ação penal, pena, competência para o julgamento, procedimento adequado, transação penal, suspensão condicional do
processo e acordo de não persecução penal à vide tópico 20.9.
53. Antecipação de atribuição de culpa por meio de comunicação, inclusive rede social, antes de concluídas as apurações e
formalizada a acusação
Lei 13.869/19, Art. 38. ANTECIPAR o RESPONSÁVEL PELAS INVESTIGAÇÕES, por meio de comunicação, inclusive rede social,
ATRIBUIÇÃO DE CULPA, antes de concluídas as apurações e formalizada a acusação: (Promulgação partes vetadas)
Pena - detenção, de 6 meses a 2 anos, e multa.
Este artigo havia sido vetado pelo Presidente da República, pois este entendeu que violaria o princípio da publicidade e
prejudicaria as investigações de certos crimes, especialmente sexuais. Porém, o veto foi derrubado pelo Congresso Nacional.
Na revogada Lei 4.898/65, esta conduta era tipificada em um tipo mais genérico e com uma pena mais branda. Trata-se
o art.38 da Lei 13.869/19 de novatio legis in pejus, que só deve ser aplicada aos crimes ocorridos após a vigência da nova lei.
53.3. Noções gerais acerca do respeito à integridade moral do preso e à regra de tratamento (dimensão externa) decorrente
do princípio da presunção de inocência
CF, Art.5º, XLIX - é assegurado aos presos* o respeito à integridade física e MORAL;
A questão relativa à integridade moral do preso ganha relevância quando se verifica a crescente importância dada pela
mídia às mazelas do processo penal, quando as investigações preliminares passam a desempenhar um efeito sedante da opinião
pública pela ilusão da justiça instantânea.
Essa antecipação da culpa por parte dos agentes públicos responsáveis pela condução de procedimentos
investigatórios entra em rota de colisão, também, com o princípio da presunção de inocência, mais especificamente com sua
dimensão externa.
53.4. Bem jurídico tutelado à dignidade da função pública, prestígio que o poder público deve desfrutar perante os
administrados e honra objetiva do investigado.
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• antes de concluídas as apurações e formalizada a acusação à antes de encerradas as investigações + oferecimento da
peça acusatória.
53.7. Tipo subjetivo à dolo + especial fim de agir (art.1º, §1º, da Lei 13.869/19).
O crime se consuma quando o agente público dá publicidade à atribuição de culpa, por meio de comunicação, antes de
concluídas as apurações e formalizada a acusação.
Por se tratar de crime plurissubsistente, admite-se a tentativa.
a) crime próprio;
b) crime de mera conduta;
c) crime comissivo;
d) crime plurissubsistente;
e) crime unissubjetivo.
53.10. Ação penal, pena, competência para o julgamento, procedimento adequado, transação penal, suspensão condicional
do processo e acordo de não persecução penal à vide tópico 20.9.
54. Aplicação do Código Penal e do Código de Processo Penal ao processo e julgamento dos crimes de abuso de autoridade
Lei 13.869/19
CAPÍTULO VII
DO PROCEDIMENTO
Art. 39. Aplicam-se ao processo e ao julgamento dos delitos previstos nesta Lei, no que couber, as disposições do Decreto-Lei nº
3.689, de 3 de outubro de 1941 (Código de Processo Penal), e da Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995 (LEI DOS JUIZADOS
ESPECAIIS).
CP, Art. 12 - As regras gerais deste Código aplicam-se aos fatos incriminados por lei especial, se esta não dispuser de modo
diverso.
Como a Lei 13.869/19 silencia a respeito, o Código Penal também é aplicável aos crimes previstos na nova Lei de Abuso
de Autoridade.
54.1. (Des)necessidade de observância do procedimento dos crimes de responsabilidade dos funcionários públicos (arts.513 a
518 do CPP) para os crimes de abuso de autoridade previstos na Lei 13.869/19
DE OLHO NA JURIS! É firme o entendimento jurisprudencial no sentido de que esse procedimento especial (arts.513 a 518 CPP)
somente se aplica aos delitos funcionais TÍPICOS descritos nos arts.312 a 326 do CP.
Questiona-se se este rito se aplica aos crimes de abuso de autoridade previstos na Lei 13.869/19. Obs: na época da
revogada Lei 4.898/65, como os delitos previstos nela eram de menor potencial ofensivo, aplicava-se apenas a Lei 9.099/95.
Bem, em relação aos crimes de abuso de autoridade previstos na Lei 13.869/19 que sejam punidos com pena máxima
de 2 anos, não se aplica o procedimento especial dos arts.513 a 518 do CPP, mas apenas a Lei 9.099/95 (procedimento comum
sumaríssimo). A controvérsia residirá nos crimes punidos com pena de detenção, de 1 a 4 anos, e multa. Para Renato
Brasileiro, nestes casos, deve-se aplicar o procedimento especial previsto entre os arts.513 a 518 do CPP, pois:
1) O art.39 da Lei 13.869/2019 manda aplicar o CPP;
2) Dentro do conceito de “crimes de responsabilidade dos funcionários públicos” estão não apenas os crimes previstos
nos arts.312 a 326 do CPP, mas também todas as figuras delituosas previstas na lei de abuso de autoridade;
3) Não há nenhuma diferença ontológica entre crimes como peculato e corrupção, e os crimes da lei de abuso de
autoridade.
Firmada essa premissa de Renato Brasileiro, vamos a algumas observações quanto ao rito previsto nos arts.513 a 518 CPP:
a) necessidade de defesa preliminar: é a oportunidade que o acusado tem de se defender antes de o juiz receber a peça
acusatória. A defesa preliminar é oferecida depois do oferecimento da acusação, mas antes do seu recebimento. Ela
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deve ser observada em relação aos crimes funcionais afiançáveis. SE LIGA! Atualmente, todos os crimes funcionais são
afiançáveis e, portanto, devem observar a defesa preliminar. DE OLHO NA JURIS! Para o STF, essa defesa preliminar só
é necessária enquanto o acusado gozar da condição de funcionário público.
b) necessidade de expedição de carta precatória para fins de notificação do agente público que residir em comarca
diversa:
CPP, Art.514, Parágrafo único. Se não for conhecida a residência do acusado, ou este se achar fora da jurisdição do juiz,
ser-lhe-á nomeado defensor, a quem caberá apresentar a resposta preliminar. à ou seja, nestes casos, não será
expedida carta precatória, pois o juiz irá nomear defensor, o qual deverá apresentar a resposta preliminar. Para Renato
Brasileiro, este dispositivo é incompatível com a CF (violação à ampla defesa, direito do acusado escolher seu
advogado). Assim, a nomeação do defensor dativo só seria possível se, depois de notificar o acusado por carta
precatória, este se manter inerte.
c) necessidade de observância da defesa preliminar quando a peça acusatória estiver instruída por inquérito policial:
55. Aplicação da lei dos juizados especiais criminais ao processo e julgamento dos crimes de abuso de autoridade
Só se aplica a Lei 9.099/95 ao crime de abuso de autoridade que se enquadre como de menor potencial ofensivo,
obviamente.
Lei 13.869/19, Art. 45. Esta Lei entra em vigor após decorridos 120 dias de sua publicação oficial.
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