UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS

CAMPUS A. C. SIMÕES
FACULDADE DE DIREITO DE ALAGOAS
CADEIRA DE DIREITO ELEITORAL

Pesquisa Avaliativa para a AB2

Prof. Me. Tácito Yuri de Melo Barros

AÇÕES TIPICAMENTE ELEITORAIS

Álvaro Francisco Lima Silva;

Eduardo Henrique Paffer Padilha;
José Nicolas Duarte Correia;
Lucas Ferreira Peixoto Santos;
Pedro Fernando Brandão Alcântara Sobrinho

QUADRO SINTÉTICO DAS AÇÕES

AÇÃO OBJETO ENDEREC. LEG. ATIVO PRAZO EFE. COND.

Impugnação de Irregularidades Pres. do TSE Candidatos; 5 dias, Denegação do

Registro de no pedido de (Presidencial); Partido contados da pedido de
Candidatura registro de Pres. do TRE Políticos publicação do registro de
candidatura (Estadual); (federação ou edital do pedido candidatura
Juiz Eleitoral coligação); de registro
(Municipal) MPE

Investigação Infrações Pres. do TSE Candidatos; Do registro da De multa, à

Judicial eleitorais em (Presidencial); Partido candidatura até obrigação de
Eleitoral geral que Pres. do TRE Políticos a diplomação fazer/não fazer
desequilibrem a (Estadual); (federação ou dos eleitos até cassação da
disputa política Juiz Eleitoral coligação); candidatura ou
(Municipal) MPE inelegibilidade

Impugnação de Mandato obtido Pres. do TSE Candidatos; 15 dias, Desconstituição

Mandato com (Presidencial); Partido contados da de mandato
Eletivo irregularidade, Pres. do TRE Políticos diplomação do eletivo, com
abuso do poder (Estadual); (federação ou candidato efeitos futuros
econômico, Juiz Eleitoral coligação); impugnado, de
corrupção ou (Municipal) MPE correndo sem inexigibilidade
fraude eleitoral interrupção, por
tratar-se de
prazo
decadencial

Recurso Desconstituir Pres. do TSE Candidatos 3 dias, Desconstituição

Expedição de diploma que foi (Presidencial); (eleitos e contados da de mandato
Diploma conferido a Pres. do TRE suplentes); diplomação do eletivo
candidato eleito (Estadual e Partidos candidato
Federal); (federação ou impugnado
Juiz Eleitoral coligação);
(Municipal) MPE
 Ações Penais Infrações Juiz Eleitoral MPE 10 dias, Pena privativa
Eleitorais penais previstas (Estadual) contados da de liberdade
no Código verificação da (reclusão ou
Eleitoral infração detenção) e
eleitoral. multa.

Representação Compra e Pres. do TSE Candidatos; Do pedido de Cassação do

por captação coação do voto, (Presidencial); Partido registro da registro ou
ilícita de visando Pres. do TRE Políticos candidatura até diploma do
sufrágio permitir o gozo (Estadual); (federação ou a diplomação representado e
da liberdade Juiz Eleitoral coligação); dos eleitos. multa.
eleitoral plena. (Municipal) MPE

Representação Utilização de Pres. do TSE MPE; partido 15 dias, Desconstituição

por captação ou recursos ilícitos (Presidencial); político; e contados após a de mandato
ou obtidos por Pres. do TRE coligação diplomação eletivo
gasto ilícito de
meios ilícitos (Estadual);
recursos Juiz Eleitoral
(Municipal)

Representação Utilização Pres. do TSE MPE; partido Podem ser Suspensão

por conduta indevida da (Presidencial); político; ajuizadas até a imediata da
vedada máquina Pres. do TRE coligação; e data da conduta
administrativa (Estadual); candidato. diplomação. vedada, quando
pública direta e Juiz Eleitoral for o caso, e
indireta em (Municipal) sujeitará os
benefício de responsáveis a
candidatos multa no valor
de cinco a cem
mil UFIR

Representação Propaganda Pres. do TSE MPE; partido Podem ser Retirada da

por propaganda antecipada ou (Presidencial); político; ajuizadas até a propaganda ou
antecipada ou em desacordo Pres. do TRE coligação; e data da eleição. a imediata
irregular e com a (Estadual); candidato suspensão de
Representação legislação Juiz Eleitoral sua veiculação
por propaganda eleitoral. (Municipal) e multa, de
eleitoral acordo com a
irregular na infração
rádio ou cometida
televisão

Representação Doação acima Pres. do TSE MPE; partido Podem ser Multa para o
por doação do limite legal. (Presidencial); político; ajuizadas até o doador, pessoa
acima do limite Pres. do TRE coligação; e último dia do física.
legal (Lei nº (Estadual); candidato. ano em que se
9.504/1997, art. Juiz Eleitoral deu o processo
23). (Municipal) eleitoral.

A) Ação de Impugnação ao Pedido de Registro de Candidatura (art. 3º da LC 64/90):

Essa ação judicial objetiva impedir o registro de candidatura de um determinado indivíduo, após a
escolha em convenção partidária, quando não forem preenchidos os requisitos legais ou
constitucionais de elegibilidade.
São legitimados ativos, ou seja, podem propor a ação qualquer candidato" (pré), partido político,
coligação ou o Ministério Público. Já o legitimado passivo, ou seja, quem irá assumir o polo passivo
do processo é o pré-candidato que está tendo seu registro questionado.

É importante salientar que estará impedido de propor a ação o representante do Ministério Público,
isto é, o Promotor de Justiça, que disputou cargo eletivo, integrado diretório de partido ou exerceu
atividade político-partidária nos 4 anos anteriores.

A AIRC tem um prazo decadencial de 05 dias da publicação do edital com o pedido de registro de
candidato. É possível que haja a preclusão, ou seja, a perda da faculdade processual, exceto nos casos
em que houver matéria constitucional.

B) Ação de Investigação Judicial Eleitoral (art. 22, da LC 64/90):

A Ação de Investigação Judicial Eleitoral - AIJE tem raiz constitucional, pois decorre dos preceitos
estabelecidos pelo artigo 14 da Constituição Federal e é disciplinada pelo art. 22, caput, da Lei
Complementar 64/1990.

A despeito de o nome induzir ao contrário, a AIJE não é uma simples investigação, mas uma ação de
natureza cível, tipicamente eleitoral. Portanto, deve obedecer aos princípios norteadores das ações em
geral, principalmente aos do contraditório e da ampla defesa.

Esta ação pode demandar a apuração de irregularidades na esfera penal. Assim, caso haja indícios de
prática de ilícitos eleitorais, cópia dos autos deve ser remetida ao Ministério Público Eleitoral para
apuração e possível instauração de inquérito e/ou propositura de ação penal.

C) Ação de Impugnação de Mandato Eletivo (art. 14, § 10, da Constituição):

É uma ação eleitoral de natureza cível-constitucional, por ser a única especificamente prevista na
Constituição da República Federativa do Brasil de 1988.

São objetivos da AIME: a) obstar a prática de abuso de poder econômico, corrupção ou fraude; b)
impedir o exercício de mandato que foi conseguido através do abuso de poder econômico, corrupção
ou fraude; c) garantir a normalidade e a legitimidade do pleito.

Esta ação encontra guarida no Art. 14, §§ 10 e 11 da CF/1988. A AIME se presta a impugnar o
mandato que foi conseguido através do abuso de poder econômico, corrupção ou fraude.

D) Recurso contra expedição de diploma (art. 262, da LC 64/90)

O Recurso Contra Expedição de Diploma (RCED) tem a sua finalidade voltada para tornar inválido
determinado diploma que fora expedido em benefício de algum candidato em decorrência de
inelegibilidade superveniente. Pode o RCED ser proposto com base no artigo 262 do Código Eleitoral
pelo Promotor Eleitoral, partido político, candidato eleito e suplente.
A referida propositura do RCED deve ser feita no prazo limite de 03 (três) dias, com contagem inicial
no dia da sessão de diplomação dos eleitos, conforme teor dos artigos 258 e 276, ambos do Código
Eleitoral.
Quanto ao procedimento, quando for recebida a inicial, surge o prazo de 03 (três) dias para o recorrido
ofertar suas contrarrazões, que pode fazer surgir um novo prazo de 48h em favor do recorrente, caso o
recorrido tenha na sua manifestação anexado aos autos novos documentos.

E) Ações Penais Eleitorais:

- De modo geral, as ações penais eleitorais são voltadas para a responsabilização daqueles que
praticam crimes eleitorais;
- As infrações penais previstas no Código Eleitoral são de ação pública e, por isso, independem de
representação do ofendido para a instauração do inquérito policial e/ou para o oferecimento da
denúncia;
- Todo cidadão que tiver conhecimento de infração penal eleitoral deverá comunicá-la ao juiz eleitoral
da zona onde a mesma se verificou;
- Verificada a infração penal, o Ministério Público oferecerá a denúncia dentro do prazo de 10 (dez)
dias;
- Caso o representante do Ministério Público não ofereça a denúncia no prazo legal, representará
contra ele a autoridade judiciária, sem prejuízo da apuração da responsabilidade penal, de forma que o
juiz o solicitará ao Procurador Regional a designação de outro promotor, que, no mesmo prazo,
oferecerá a denúncia;
- Das decisões finais de condenação ou absolvição cabe recurso para o Tribunal Regional, a ser
interposto no prazo de 10 (dez) dias;
- Para a execução da pena, é necessário apenas que o Tribunal Regional confirme a sentença
condenatória de piso, o que implica na baixa imediata dos autos à instância inferior, que será feita no
prazo de 5 (cinco) dias, contados da data da vista ao Ministério Público;
- No processo e julgamento dos crimes eleitorais e dos comuns que lhes forem conexos, assim como
nos recursos e na execução, que lhes digam respeito, aplicar-se-á, como lei subsidiária ou supletiva, o
Código de Processo Penal.

F) Representação por captação ilícita de sufrágio (Lei nº 9.504/1997, art. 41-A)

É o caso da denominada "compra de voto": quando é prometido ao eleitor ou lhe é entregue com o fim
de obter votos algum bem ou vantagem, surge imediatamente a possibilidade de se ofertar uma
Representação em juízo a partir do pedido de registro da candidatura até a data da diplomação.
Ressalte-se que o trâmite da referida Representação é idêntico ao trâmite da Ação de Investigação
Judicial Eleitoral.

G) Representação por captação ou gasto ilícito de recursos (Lei nº 9.504/1997, art.

30-A):

A Representação por captação ou gasto ilícito de recursos tem como finalidade cassar o mandato ou o
diploma do candidato, quando for aferida a utilização de recursos decorrentes de fonte ilícita ou
quando o meio para obter quaisquer recursos da campanha eleitoral também seja ilícito, ainda que o
recurso seja decorrente de fonte lícita.
Pode ser proposta pelo Promotor Eleitoral, Partido Político e Coligação no prazo de até 15 (quinze)
dias após a diplomação do candidato eleito. Ressalte-se que o procedimento seguido é o mesmo
utilizado no trâmite da Ação de Investigação Judicial Eleitoral.
H) Representação por conduta vedada (Lei nº 9.504/1997, art. 73, 74, 75, 76, 77 e 78)

Quando for constatado que determinados candidatos se beneficiaram a partir da utilização indevida da
máquina administrativa pública direta e indireta, surge a possibilidade de se ofertar uma
Representação por conduta vedada, nos termos da Lei nº 9.504/1997. Tal representação pode ser
ajuizada até a data da diplomação, ressaltando-se que o rito procedimental seguido é o mesmo
observado na Ação de Investigação Judicial Eleitoral.

I) Representação por propaganda antecipada ou irregular e Representação por

propaganda eleitoral irregular na rádio ou televisão

Nos casos em que for realizada algum tipo de propaganda antecipada ou em desacordo com a
legislação eleitoral, pode ser realizada alguma Representação com a finalidade de retirar do ar a
referida propaganda ou a imediata suspensão de sua veiculação e multa, podendo ser ajuizadas até a
data da eleição.
O seu rito processual é definido pela Lei nº 9.504/1997, em seu artigo 96, que dá um prazo de 48
horas contadas da notificação para a defesa apresentar seus argumentos, bem como um prazo de 24h
para o MP emitir seu parecer. Em seguida, o julgamento deverá ocorrer em apenas 24h, com mesmo
prazo para interposição de recurso em face da decisão judicial que julgar a representação.

J) Representação por doação acima do limite legal (Lei nº 9.504/1997, art. 23)

Na hipótese em que determinado candidato é beneficiado com alguma doação que seja superior ao
limite estabelecido pela legislação eleitoral, é cabível por parte do Promotor Eleitoral, do partido
político, coligação e candidato o protocolo da Representação nos ditames da Lei nº 9.504/1997, artigo
23.
 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRASIL. Ministério Público do Estado do Pará. Ações Eleitorais. Disponível em:

https://www2.mppa.mp.br/areas-de-atuacao/eleitoral/acoes-eleitorais.htm. Acesso em: 22.
Mai. 2023.

BRASIL. Ministério Público Federal. Procuradoria-Geral da República. Tipos de Ações e

Representações Propostas pela PRE. Disponível em:
https://www.mpf.mp.br/prepr/institucional/tipos-de-acoes-propostas-pela-pre/tipos-de-acoes-
propostas-pela-pre. Acesso em: 21. Mai. 2023.

CERQUEIRA, Thales Tácito. Direito eleitoral Esquematizado / Thales Tácito Cerqueira,

Camila Albuquerque Cerqueira. – 2. ed. rev. e atual. – São Paulo: Saraiva, 2012.

GOMES, José Jairo. Direito eleitoral. – 16. ed. – São Paulo: Atlas, 2020.

MACHADO, Raquel Cavalcanti Ramos. Direito eleitoral. – 2. ed. rev., atual. e ampl. – São
Paulo: Atlas, 2018.