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DIREITO ELEITORAL – BRUNO GASPAR - RJPLUS

AULA 08 – 24.03.2021

Atualização: 10-12-2022

Vamos dar continuidade ao estudo das causas de inelegibilidade


infraconstitucionais. Na aula passada, estudamos duas causas
constitucionais e outras causas de inelegibilidade infraconstitucionais.
Nessa aula, nós vamos estudar, ainda, causas de inelegibilidade
infraconstitucionais que estão previstas na LC nº 64/1990, vamos
estudar a questão da desincompatibilização e vamos iniciar o estudo do
tema registro de candidaturas.

É causa de inelegibilidade infraconstitucional absoluta, vale para


qualquer cargo público eletivo, art. 1º, inciso I, alínea “j” (a gente está
seguindo o estudo das alíneas do art. 1º, I, da LC no 64/1990).

j) os que forem condenados, em decisão


transitada em julgado ou proferida por
órgão colegiado da Justiça Eleitoral, por
corrupção eleitoral, por captação ilícita
de sufrágio, por doação, captação ou
gastos ilícitos de recursos de campanha
ou por conduta vedada aos agentes
públicos em campanhas eleitorais que
impliquem cassação do registro ou do
diploma, pelo prazo de 8 (oito) anos a
contar da eleição;

Essa inelegibilidade aqui, torna inelegíveis, aquelas pessoas que forem


condenadas por decisão da Justiça Eleitoral, transitada em julgado ou
proferida por órgão colegiado, que tenham condenado elas, por corrupção
eleitoral, por captação ilícita de sufrágio (que é a representação do art.
41-A), captação ou gastos ilícitos de recursos de campanha (é a ação
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eleitoral prevista no art. 30-A da Lei 9.504/1997) ou por conduta vedada


aos agentes públicos (art. 73 e seguintes da Lei 9.504/1997).

Só incide a inelegibilidade prevista nesse dispositivo se houver efetiva


cassação do registro ou diploma. Aplicação isolada de multa não
acarreta a inelegibilidade prevista nesse artigo. Exemplo: Prefeito
condenado por conduta vedada aos agentes públicos (art. 73 e seguintes
da Lei 9.504/97), mas a única sanção estabelecida na condenação é o
pagamento de multa.

Súmula-TSE nº 69 - Os prazos de
inelegibilidade previstos nas alíneas j e h do
inciso I do art. 1º da LC nº 64/90 têm termo
inicial no dia do primeiro turno da eleição e
termo final no dia de igual número no oitavo
ano seguinte.

O Juiz eleitoral que julga as representações previstas nessa alínea não


deve se pronunciar sobre a inelegibilidade, porque ela é efeito secundário
da decisão, proferida por órgão colegiado, que cassar o registro ou
diploma.

Basta a procedência dessas representações? Não basta a procedência.


É dispensável que a procedência dessas representações implique em
cassação do registro ou do diploma. Se por exemplo, a pessoa for
condenada por uma conduta vedada e a Justiça Eleitoral, tão somente,
aplicar uma sanção de multa, o que é possível dentro das condutas
vedadas, não vai haver essa inelegibilidade da alínea “j”, por quê? Aqui
é necessário que exista procedência, que essa procedência dessa
representação ocorra com o trânsito em julgado ou proferida por órgão
colegiado da Justiça Eleitoral e que tenha uma sanção do registro de
diploma, se acontecer isso, vai haver a inelegibilidade prevista na alínea
“j” do art. 1º, inciso I, da LC no 64/1990.

Todas essas ações, quando o juiz julga, por exemplo, uma captação ilícita
de sufrágio, ele não aplica a sanção de inelegibilidade, por quê? A sanção
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de inelegibilidade não é uma sanção típica da representação por captação


ilícita de sufrágio, da mesma forma, não é uma sanção típica das
condutas vedadas aos agentes públicos e não é da representação do art.
30-A.

No entanto, a procedência dessas representações, na Justiça Eleitoral,


gera esse efeito secundário, esse efeito anexo, que é a inelegibilidade por
8 (oito) anos, a contar da eleição onde ocorreu esses ilícitos eleitorais.

Então, quando o juiz vai julgar uma captação ilícita de sufrágio, por
exemplo, ele não vai mencionar a inelegibilidade, por quê? Porque
inelegibilidade não é sanção de uma captação ilícita de sufrágio, no
entanto, aquela pessoa que foi condenada na captação ilícita de sufrágio,
pode incidir nessa inelegibilidade da alínea “j” caso pretenda concorrer a
uma eleição futura. Essa inelegibilidade vai poder ser arguida pelas
pessoas legitimadas.

Alínea “l”, do inciso I, do art. 1o da LC no 64/1990, outra alínea


extremamente importante.

l) os que forem condenados à suspensão


dos direitos políticos, em decisão
transitada em julgado ou proferida por
órgão judicial colegiado, por ato doloso
de improbidade administrativa que
importe lesão ao patrimônio público e
enriquecimento ilícito, desde a
condenação ou o trânsito em julgado até
o transcurso do prazo de 8 (oito) anos
após o cumprimento da pena; (Incluído
pela Lei Complementar no 135, de 2010)

Esse dispositivo, foi um dos que foi acrescentado pela Lei da Ficha Limpa
(LC no 135/2010).

Esse dispositivo gera uma inelegibilidade decorrente de uma ação de


improbidade procedente, de uma condenação e uma ação por
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improbidade administrativa, cuja sanção tenha sido a suspensão dos


direitos políticos.

Vamos ver aqui, todos os requisitos para gerar essa inelegibilidade,


prevista na alínea “l”.

A ação de improbidade administrativa tem que ter sido julgada


procedente.

Uma das sanções possíveis para ação de improbidade administrativa,


qual é? Lá na Justiça comum? É a suspensão dos direitos políticos.
Então, dentre as sanções de improbidade administrativa, da ação civil
pública por improbidade administrativa, existe a sanção de suspensão de
direitos políticos.

Essa inelegibilidade prevista na alínea “l” só vai incidir se lá na Justiça


comum, na ação de improbidade administrativa que importou lesão ao
patrimônio público e enriquecimento ilícito, tiver uma sanção de
suspensão de direitos políticos. Por exemplo, se houve procedência de
uma ação por improbidade e administrativa, mas a Justiça somente
aplicou a sanção de multa civil, vai gerar a inelegibilidade prevista
na alínea “l”? Não vai. Então, tem que haver a sanção de suspensão de
direitos políticos decretada dentro de uma ação de improbidade
administrativa, que tenha importado lesão ao patrimônio público e
enriquecimento ilícito. Aqui, vai um outro ponto importante, outra
questão da jurisprudência que vocês jamais vão poder esquecer. Por
quê? O TSE entendeu que lesão ao patrimônio público e enriquecimento
ilícito são requisitos cumulativos, ou seja, para gerar essa inelegibilidade,
além da sanção de suspensão dos direitos políticos, além dessa decisão
ter sido transitada em julgado ou proferida por órgão colegiado dentro de
uma ação por improbidade administrativa, é necessário que essa
improbidade tenha importado em lesão ao patrimônio público e
enriquecimento ilícito. Não basta um ou outro.

Esse é entendimento pacificado do TSE acerca dessa matéria. A lesão ao


patrimônio público e enriquecimento ilícito, são requisitos cumulativos.
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Então, eis o entendimento, hoje, sedimentado do TSE, que o


enriquecimento ilícito e o dano ao erário/lesão ao patrimônio público são
requisitos cumulativos, se houver só um deles, não vai gerar a
inelegibilidade prevista nessa alínea “l”, do inciso I, do art. 1º da LC no
64/1990.

A inelegibilidade só incidirá se for aplicada a sanção de suspensão dos


direitos políticos na ação que julgou a improbidade. Trata-se de uma
inelegibilidade severa, uma vez que os oito anos somente serão contados
após terminado o período de suspensão de direitos políticos.

Alínea “p”:

p) a pessoa física e os dirigentes de


pessoas jurídicas responsáveis por
doações eleitorais tidas por ilegais por
decisão transitada em julgado ou
proferida por órgão colegiado da Justiça
Eleitoral, pelo prazo de 8 (oito) anos após
a decisão, observando-se o procedimento
previsto no art. 22;

A gente vai ver isso com mais tranquilidade daqui a pouco, quando a
gente estiver falando de prestação de contas eleitorais, financiamentos de
contas eleitorais.

A Lei 9504/97 estabelece que cada pessoa física só pode doar para
campanhas eleitorais 10% do seu rendimento bruto no ano anterior
ao da eleição. Quem exceder a esses limites vai virar réu em
representação por doação ilegal.

A inelegibilidade prevista neste dispositivo não mais se aplica aos


“dirigentes de pessoas jurídicas responsáveis”, a partir da decisão do STF
(ADI no 4.650/DF), que reconheceu a inconstitucionalidade das doações
de pessoas jurídicas para as campanhas eleitorais.
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O STF, no julgamento da ação direta de inconstitucionalidade nº 4.650,


considerou inconstitucionais as doações efetuadas por pessoas jurídicas,
para campanhas eleitorais e para partidos políticos.

O TSE vem decidindo que somente as doações que representam quebra


da isonomia entre os candidatos, risco à normalidade e à legitimidade do
pleito ou que se aproximam do abuso do poder econômico podem gerar a
causa de inelegibilidade prevista nesta alínea.

Então, não basta a simples procedência de uma representação por


excesso de doação, tem que ser uma doação de maior vulto, que
represente uma quebra da isonomia entre os concorrentes daquela
eleição.

Analisamos as mais importantes, as alíneas “d”, “e”, “g”, “j”, “l” e agora a
“p”. Porém, devemos ler todas as alíneas.

INELEGIBILIDADES INFRACONSTITUCIONAIS RELATIVAS

Agora, vamos estudar as inelegibilidades infraconstitucionais que são


relativas, ou seja, são aqueles que obstam a disputa de determinados
cargos.

As inelegibilidades infraconstitucionais relativas são aquelas que obstam


a disputa para determinados cargos. Elas estão previstas no art. 1º,
incisos II a VII da LC 64/90 e vão culminar no exame da chamada
desincompatibilização.

O que é desincompatibilização? R: Conceito: Nas palavras de Edson de


Resende Castro, “desincompatibilização é a forma de afastamento da
inelegibilidade resultante do exercício de certas funções”. Ou seja, para
que a inelegibilidade relativa não incida, basta que o candidato se
desincompatibilize das funções, observando o prazo constitucional ou
legal.

Para fins de desincompatibilização é exigida uma manifestação formal do


interessado com pedido expresso de afastamento no prazo legal, assim
como o afastamento de fato do candidato de suas funções.
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Os prazos de desincompatibilização variam de três a seis meses da data


marcada para a eleição, levando-se em consideração a influência que o
exercente da função teria no processo eleitoral.

Portanto, terminamos o estudo das causas de inelegibilidade previstas na


LC no 64/1990, tratamos primeiro daquelas causas de inelegibilidade
infraconstitucional que são absolutas, valem para qualquer cargo eletivo,
estão no inciso I, do art. 1º e agora no final, incisos II a VII, do art. 1º,
nós temos as causas de inelegibilidade relativas que valem para cada um
dos cargos eletivos.

REGISTRO DAS CANDIDATURAS

Em que momento, que a Justiça Eleitoral vai avaliar se o cidadão,


ele tem as condições de elegibilidade dele e em que momento a
Justiça Eleitoral vai avaliar se incide sobre aquele cidadão, algumas
das causas de inelegibilidade? É na fase do registro da candidatura,
que a Justiça Eleitoral vai avaliar se aquele pretenso candidato pode ser
candidato, se vai deferir o registro de candidatura dele. Que vai avaliar
todas essas causas estudamos, todas essas condições que analisamos
em aulas anteriores também.

E é esse estudo do registro da candidatura que a gente vai fazer, a partir


de agora.

Como é que começa o registro das candidaturas? O que são as


convenções partidárias? As convenções nada mais são do que reuniões
realizadas pelos partidos políticos para a escolha dos candidatos que vão
concorrer sob aquela legenda, bem como para a formação das coligações.

Fundamento: art. 14, §3º da CF/88 estabeleceu a filiação ao partido


político como condição de elegibilidade. Quase sempre há mais
interessados que lugares a preencher. Da interpretação sistemática dos
art. 8 e 11, § 1°, I, ambos da lei 9504/97, impõe-se concluir que a escolha
deverá ser feita em convenção.
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Art. 8º A escolha dos candidatos pelos


partidos e a deliberação sobre coligações
deverão ser feitas no período de 20 de
julho a 5 de agosto do ano em que se
realizarem as eleições, lavrando-se a
respectiva ata em livro aberto, rubricado
pela Justiça Eleitoral, publicada em vinte e
quatro horas em qualquer meio de
comunicação.

O objetivo de uma convenção partidária? Primeiro, ver quem dos


filiados, quem dos convencionais vai concorrer por aquela agremiação
nas eleições que estão chegando. Segundo, é saber quais são as
coligações que a gente vai fazer para essa eleição.

Esses são os dois objetivos das convenções partidárias.

O art. 14, § 3º da CF/1988 estabeleceu a filiação ao partido político como


uma condição de elegibilidade, ou seja, como a gente já viu, em regra,
para concorrer a qualquer cargo público eletivo, a pessoa deve estar
filiada a um partido político pelo prazo de 6 (seis) meses.

No entanto, dentro de um partido político, quase sempre há mais


interessados em concorrer do que vagas para concorrer por aquela
legenda. Então, a escolha de quem vai concorrer por aquele partido
político, vai ser feito na convenção, assim como, a escolha das coligações.

O art. 8º da Lei no 9.504/1997 diz o seguinte:

Art. 8º A escolha dos candidatos pelos


partidos e a deliberação sobre coligações
deverão ser feitas no período de 20 de julho
a 5 de agosto do ano em que se realizarem
as eleições, lavrando-se a respectiva ata em
livro aberto, rubricado pela Justiça
Eleitoral, publicada em vinte e quatro horas
em qualquer meio de comunicação.
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O art. 8º da Lei no 9.504/1997 é muito bom por quê? Porque ele dá


os dois objetivos da convenção partidária, a escolha dos candidatos pelos
partidos e deliberação sobre coligações. E diz, quando a convenção pode
acontecer. A convenção partidária, necessariamente, vai acontecer entre
20 de julho e 5 de agosto do ano das eleições.

De acordo com o art. 7º: As regras que disciplinam as convenções


partidárias devem ser aquelas estabelecidas no estatuto do partido. Tais
temas concernem à esfera da autonomia partidária, conforme prevê o art.
17 § 1° da CFRB.

Art. 7º As normas para a escolha e substituição


dos candidatos e para a formação de coligações
serão estabelecidas no estatuto do partido,
observadas as disposições desta Lei.

§ 1o Em caso de omissão do estatuto, caberá ao


órgão de direção nacional do partido estabelecer
as normas a que se refere este artigo,
publicando-as no Diário Oficial da União até
cento e oitenta dias antes das eleições.

§ 2o Se a convenção partidária de nível inferior


se opuser, na deliberação sobre coligações, às
diretrizes legitimamente estabelecidas pelo
órgão de direção nacional, nos termos do
respectivo estatuto, poderá esse órgão anular a
deliberação e os atos dela decorrentes.

§ 3o As anulações de deliberações dos atos


decorrentes de convenção partidária, na
condição acima estabelecida, deverão ser
comunicadas à Justiça Eleitoral no prazo de 30
(trinta) dias após a data limite para o registro de
candidatos.

O partido político dentro daquela autonomia partidária, ou seja, daquela


capacidade que ele tem de se auto-organizar, de definir as suas diretrizes,
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definir o seu plano de atuação, ele vai disciplinar, dentro de seu estatuto,
como que vão acontecer as convenções partidárias.

O que a gente infere desse § 1º e do §2º do art. 7º da Lei das Eleições?


Lembra que a gente falou muito sobre caráter nacional do partido
político, aqui se evidencia que existe uma preponderância do órgão
nacional de direção do partido político sobre os órgãos inferiores, ou seja,
as convenções nacionais, o órgão de direção nacional do partido político
tem primazia sobre as convenções inferiores.

Então, se houver omissão do estatuto, quem é que decide? É o órgão


nacional do partido político. Se a convenção inferior se opuser às
diretrizes estabelecidas pelo estatuto, pelo órgão de direção nacional do
partido político, ele vai poder interferir nas convenções inferiores. Então,
muita atenção a essas normas do art. 7º, §§1º e 2º da Lei no 9.504/1997.

Qual o âmbito das convenções? Muita fácil, uma convenção nacional


se procede a escolha dos candidatos a Presidente e Vice-Presidente da
República. Nas convenções estaduais ou regionais, são escolhidos os
candidatos a Governador, Vice-Governador, Senador e respectivos
suplentes, Deputado Federal, estadual e distrital. Nas convenções
municipais, serão escolhidos os candidatos a Prefeito, Vice-Prefeito e
Vereador.

Âmbito das convenções: Na convenção nacional, se procede a escolha


dos candidatos a Presidente e Vice-Presidente da República. Na
estadual/regional, são escolhidos candidatos a Governador, Vice-
Governador, Senador e respectivos suplentes, Deputado Federal,
estadual e distrital. Já na municipal são escolhidos candidatos a Prefeito,
Vice-Prefeito e Vereador.

Local: Faculta-se aos partidos o uso gratuito de prédios públicos, como


escolas, ginásios esportivos, casas legislativas, desde que as atividades
neles desenvolvidas não fiquem prejudicadas (art.8, § 2° c/c art. 73, I,
ambos da Lei 9.504/97).
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Então, pode uma convenção partidária ser realizada em uma Câmara


Municipal de Vereadores? Pode! Isso não vai implicar numa conduta
vedada ao agente público. O art. 73, inciso I, dessa mesma Lei nº
9.504/1997, veda a utilização de bens públicos para fins eleitorais, mas
a convenção partidária é uma exceção a essa regra. E está ressalva no
próprio art. 73, I, da Lei no 9.504/1997.

O art. 8º, §2º da Lei nº 9.504/1997 faculta o uso gratuito desses prédios
públicos pelos partidos para a realização das convenções partidárias.
Terminada a convenção, conforme dispõe o caput do art. 8º, a ata deve
ser levada à registro na Justiça Eleitoral, ficando depositada na secretaria
do Tribunal ou do juízo eleitoral para a conferência com a cópia que deve
ser apresentada por ocasião dos pedidos de registro de candidatura,
conforme prescreve o art. 11, § 1°, I da lei 9504/97.

Como já foi falado, a fase de registro de candidatura tem início a partir


das convenções partidárias, que são as reuniões que vão decidir sobre as
coligações e sobre quem vai concorrer por cada partido.

É justamente o art. 8º da Lei no 9.504/1997 que dá o início ao processo


eleitoral, que fala que a convenção vai ser realizada entre 20 de junho e
5 de agosto.

Não esquecer: as convenções partidárias nada mais são do quê, reuniões


realizadas pelos partidos políticos para deliberar sobre coligações e
principalmente, para escolher quem é que vai concorrer por aquela
agremiação partidária.

Lugar e data do registro:

Prazo: até as 19 horas do dia 15 de agosto do ano eleitoral (art. 11 da Lei


9.504/97, alterada pela Lei 13.165/2015).

Art. 11. Os partidos e coligações solicitarão


à Justiça Eleitoral o registro de seus
candidatos até as dezenove horas do dia 15
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de agosto do ano em que se realizarem as


eleições.

Lugar em que os partidos e coligações devem requerer o registro de


candidatura: Quais os órgãos competentes para apreciar tais
pedidos? R: É onde a gente vai verificar qual é o órgão competente para
apreciar cada um dos pedidos de registro.

Art. 2º da LC 64/90 - Art. 2º Compete à Justiça Eleitoral conhecer e


decidir as arguições de inelegibilidade. Parágrafo único. A argüição de
inelegibilidade será feita perante:

I - o Tribunal Superior Eleitoral, quando se tratar de candidato a


Presidente ou Vice-Presidente da República;

II - os Tribunais Regionais Eleitorais, quando se tratar de candidato a


Senador, Governador e Vice-Governador de Estado e do Distrito Federal,
Deputado Federal, Deputado Estadual e Deputado Distrital;

III - os Juízes Eleitorais, quando se tratar de candidato a Prefeito, Vice-


Prefeito e Vereador.

OBS.: O órgão que for julgar a impugnação é o mesmo órgão que vai
julgar o pedido de registro da candidatura.

A gente já pode fazer uma linha rápida do tempo. Primeiro tempo, do


dia 20 de julho ao dia 5 de agosto, acontecem as convenções partidárias,
conforme determina o art. 8º da Lei no 9.504/1997. Segundo tempo, os
partidos políticos têm até o dia 15 de agosto, às 19 horas, para
requererem, perante a Justiça Eleitoral, os registros de seus candidatos.

Se eu quero me candidatar a Vereador em uma eleição municipal,


qual é o órgão da Justiça Eleitoral que vai analisar o meu pedido de
registro da candidatura? Vai ser o Juiz Eleitoral. Se eu quero concorrer
a Presidente da República, quem é que vai analisar o meu pedido de
registro de candidatura? Será o TSE. Se eu quiser concorrer a
Deputado Federal? TRE.

*** E o número de candidatos?


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a) Eleição Majoritária: cada partido ou coligação requer o registro de


candidatura de único candidato por vaga em disputa.

b) Eleição proporcional: cada partido ou coligação poderá lançar um


número de candidatos maior do que o número de vagas em disputa.

Art. 10 da Lei 9.504/97: Cada partido poderá


registrar candidatos para a Câmara dos
Deputados, a Câmara Legislativa, as
Assembleias Legislativas e as Câmaras
Municipais no total de até 100% (cento por
cento) do número de lugares a preencher mais
um.

Depende o tipo de eleição; quando a gente está falando de uma eleição


majoritária, não tem mistério, cada partido ou coligação requer o registro
de candidatura de um único candidato por vaga em disputa.

O partido político ou coligação só pode requerer o registro de candidatura


de um candidato para Governador, um candidato a Prefeito, um
candidato a Vice-Prefeito, um candidato a Presidente da República, um
Senador ou dois Senadores, dependendo da eleição, porque isso varia a
cada eleição para Senador.

Então, em termos de eleições majoritárias, não tem mistério, cada partido


ou cada coligação, vai poder requerer o registro de um único candidato,
para cada um dos cargos majoritários.

Nos cargos proporcionais, cada partido poderá lançar um número de


candidatos maior do que o número de vagas em disputa. E o dispositivo
legal que cai sempre em prova, que trata desse assunto, é o art. 10 da Lei
no 9.504/1997.

Percentuais de gênero: O art. 10, §3º da Lei no 9.504/1997 traz a


chamada cota de gênero ou percentual de gênero, o que significa isso?

Art. 10 da Lei 9.504/97: §3º Do número de


vagas resultante das regras previstas neste
artigo, cada partido ou coligação preencherá o
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mínimo de 30% (trinta por cento) e o máximo de


70% (setenta por cento) para candidaturas de
cada sexo.

§ 4º Em todos os cálculos, será sempre


desprezada a fração, se inferior a meio, e
igualada a um, se igual ou superior.

A intenção é garantir o espaço mínimo de participação de homens e


mulheres na vida política do país, já que o pluralismo constitui
fundamento da República brasileira.

A fraude na cota de gênero consiste no lançamento de candidaturas


apenas para que se preencha, em fraude à lei, o número mínimo de vagas
previsto para cada gênero, sem o efetivo desenvolvimento das
candidaturas.

Constatada a fraude à cota de gênero, a jurisprudência já reconheceu o


cabimento de duas ações eleitorais: AIJE (Recurso Especial Eleitoral nº
24342 e 19392) e AIME.

Por que existe o percentual de gênero? A intenção é garantir o espaço


mínimo de participação de homens e mulheres na vida política. Porque?
Porque o pluralismo constitui fundamento da República brasileira.
Óbvio, que estamos falando de homens e mulheres, mas na verdade, a
gente sabe que a participação política feminina é muito pequena e o TSE
já vem há muito tempo, tentado adotar medidas para promover a
participação política das mulheres no Brasil. Então, esse dispositivo, não
é obviamente só para ter pluralismo, é para incentivar a participação das
mulheres na política.

Por exemplo, qual o número que a gente chegou para Deputado Federal
em São Paulo, 70 + 35 = 105 que cada partido ou coligação pode
preencher, 70% de 105 = 73,5 enquanto 30% de 105 = 31,5. Dos 105
candidatos que cada partido ou coligação vai poder lançar para Deputado
Federal, 73,5 vai ser de um sexo e 31,5 vai ser de outro sexo. Antes de
concluir esse cálculo, vamos primeiro estudar a fraude.
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A fraude na cota de gênero é um tema que não vai cair nunca na


primeira fase, mas pode cair numa segunda fase de qualquer concurso.
O que é a fraude da cota de gênero? Quando o partido começa a lançar
as chamadas candidaturas fictícias, candidaturas laranjas, aquelas
candidaturas que não se desenvolvem, candidaturas femininas
normalmente, simplesmente para se atingir esse percentual de 30%
necessário para as mulheres de cada um dos cargos eletivos.

O TSE já entendeu que constatada a fraude de gênero (e essa fraude na


cota de gênero pode ser constatada de várias formas, por exemplo,
candidatas que não receberam nenhum voto, receberam um ou dois
votos, candidatas que não gastaram, candidatas que não fizeram
campanha), a jurisprudência já reconheceu o cabimento de duas ações
eleitorais, são elas, ação de investigação judicial eleitoral e ação de
impugnação de mandato eleitoral.

Vagas remanescentes: art. 10, §5º da Lei no 9.504/1997.

Art. 10 da Lei 9.504/97: §5º No caso de as


convenções para a escolha de candidatos
não indicarem o número máximo de
candidatos previsto no caput, os órgãos de
direção dos partidos respectivos poderão
preencher as vagas remanescentes até
trinta dias antes do pleito.

Trata-se de exceção à obrigatoriedade de escolha de candidato através de


convenção partidária, permitindo o registro de candidato sem a
respectiva indicação e deliberação dos convencionais. Se a convenção
selecionar menos candidatos que partido ou coligação tem direito de
registrar, as vagas remanescentes poderão ser preenchidas
posteriormente.

Aqui é uma exceção à regra, de escolha dos candidatos, através das


convenções partidárias, se por qualquer razão, nas convenções
partidárias, aquele partido não escolheu, não conseguiu atingir o número
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de candidatos que ele pode, ele pode deixar para preencher essas vagas
depois, nos termos do art. 10, § 5º da Lei no 9.504/1997.

Permite-se aqui, o registro de candidatos sem a respectiva indicação e


sem a deliberação dos convencionais. Se a convenção selecionar menos
candidatos que partido ou coligação tem direito de registrar, essas vagas
remanescentes; elas podem ser preenchidas posteriormente.

TSE (AgR REspE nº 20.608): as vagas remanescentes não podem ser


preenchidas por candidato que teve seu registro indeferido para a
mesma eleição.

As vagas remanescentes, obviamente, não podem ser preenchidas por um


candidato que teve seu registro indeferido para a mesma eleição. Então,
o candidato foi lá e a Justiça Eleitoral indeferiu o registro de um
candidato a vereador, aí vai lá ele, o partido depois requer, novamente, a
candidatura dessa pessoa. Não pode, por quê? Porque estamos tratando
de uma mesma eleição e você não pode requerer o registro, se utilizar
dessa norma do art. 10, §5º da Lei no 9.505/1997, que trata das vagas
remanescentes, para pegar um candidato que já teve o registro indeferido
e solicitar novamente o seu registro de candidatura.

1. Procedimento de Registro

Pessoal, agora, vamos estudar com calma, o procedimento de registro, ou


seja, como se dá o procedimento de registro. O procedimento de registro
tem que ser iniciado, através de um requerimento à Justiça Eleitoral, que
tem que ser apresentado à Justiça Eleitoral no órgão competente que nós
vimos quais são, até o dia 15 de agosto do ano das eleições, às 19 horas.

Art. 11 da Lei 9.504/97: Os partidos e


coligações solicitarão à Justiça Eleitoral o
registro de seus candidatos até as dezenove
horas do dia 15 de agosto do ano em que se
realizarem as eleições. § 1º O pedido de
registro deve ser instruído com os seguintes
documentos:
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O art. 11 da Lei 9.504/97 diz que o pedido de registro de candidatura a


ser dirigido à Justiça Eleitoral deve estar instruído com os documentos
que menciona, alguns deles destinados a demonstrar as condições de
elegibilidade ou a inocorrência de causa de inelegibilidade.

Outros, dizem respeito ao próprio registro, relativos à instrumentação da


candidatura. Então, são condições de registrabilidade as exigências
fixadas na lei eleitoral ou nas resoluções do TSE, que nada tem a ver com
a elegibilidade do candidato, mas que apenas possibilitam a formalização
da candidatura. Exemplos: (a) fotografias dos candidatos, nas dimensões
estabelecidas em instrução para sua aparição na urna eletrônica (inciso
VIII); (b) autorização do candidato para que o partido requeira seu registro
(inciso II).

O que que são as condições de registrabilidade? São os documentos


que são exigidos para a formação do pedido de registro de candidatura,
que são as exigências fixadas na Lei Eleitoral ou nas Resoluções do TSE
que nada tem a ver com a elegibilidade do candidato, mas que possibilita
uma instrumentação, a formalização do pedido de registro de
candidatura.

Lá no art. 11, inciso VIII, da Lei no 9.504/1997, ele diz que tem que
apresentar o candidato a fotografia nas dimensões estabelecidas em
instrução da Justiça Eleitoral.

A fotografia do candidato vai comprovar alguma condição de


elegibilidade? Não vai. A fotografia do candidato vai comprovar se
incide ou não incide uma causa de inelegibilidade sobre um
candidato? Também não vai. Então, é uma condição de registrabilidade.
É um requisito essencial para a instrumentação da candidatura, mas que
não tem nada a ver com a elegibilidade do candidato.

Mesma coisa aqui, autorização do candidato para que o partido requeira


seu registro, que está no inciso II, §1º, do art. 11, da Lei nº 9.504/1997.
Essa autorização, comprova uma condição de elegibilidade? Não.
Comprova uma causa de inelegibilidade? Também não. É uma
18

condição de registrabilidade, é um documento oficial ao deferimento do


pedido de registro de candidatura. Mas, ele não tem qualquer relação com
a elegibilidade do candidato.

Os documentos estão no art. 11, §1º, da Lei no 9.504/1997, mas esse


rol não é taxativo, por exemplo aqui no inciso VII – certidões criminais
fornecidas pelos órgãos de distribuição da Justiça Eleitoral, Federal e
Estadual. Esse VII aqui, ele visa comprovar o quê? Que se incide sobre
o candidato, uma das causas de inelegibilidade, qual é? A alínea “e”,
do art. 1º, inciso I, da LC no 64/1990, visa comprovar as condenações
criminais transitadas em julgado ou proferidas por órgãos colegiados.

Nas resoluções que são expedidas pelo TSE, em cada ano eleitoral,
sempre eles colocam outros requisitos que devem ser apresentados, por
ocasião da formalização do pedido de registro de candidaturas.

Art. 11, §1º, inciso VI da Lei no 9.504/1997, trata da certidão de quitação


eleitoral.

Conforme estabelece o §7º do art. 11 da Lei 9.504/97, a certidão de


quitação eleitoral abrangerá exclusivamente a plenitude do gozo dos
direitos políticos, o regular exercício do voto, o atendimento a
convocações da Justiça Eleitoral para auxiliar aos trabalhos relativos ao
pleito, a inexistência de multas aplicadas, em caráter definitivo, pela
Justiça Eleitoral e não remitidas, e a apresentação de contas de
campanha eleitoral.

Pelo transcrito § 7°, a certidão de quitação eleitoral deverá informar se as


contas de anterior campanha eleitoral do candidato foram prestadas, não
podendo valorar o mérito de seu julgamento pelo órgão da Justiça
Eleitoral. Basta, portanto, que as contas sejam prestadas para que,
quanto a esse aspecto, tenha o interessado direito a certidão de quitação.
A desaprovação das contas não gera a ausência de quitação eleitoral.
(TSE Resp nº 442.363, julgado em 28/09/2010 – 4X3 a favor da
interpretação literal do dispositivo).
19

Lá no passado, houve uma discussão jurisprudencial e até


doutrinária, muito grande. Basta a apresentação para ele ter a
certidão de quitação eleitoral? Ou as contas de campanha tem que
ter sido aprovadas pela Justiça Eleitoral? Em um julgamento
apertado, o TSE, por meio do REsp no 442.363, entendeu que basta que
o interessado, quanto a esse aspecto, tenha apresentado a conta de
campanha, independentemente, dessas contas de campanha terem sido
aprovadas ou reprovadas pela Justiça Eleitoral. O TSE defendeu e
entendeu pela literalidade do art. 11, §7º, da Lei no 9.504/1997, falando
olha, para obter a certidão de quitação eleitoral basta a apresentação das
contas de campanha, não podendo valorar o mérito de seu julgamento
pelo órgão da Justiça Eleitoral.

Basta que as contas sejam prestadas, para que o candidato tenha direito
a obter a certidão de quitação eleitoral. As contas foram reprovadas, aí
vai ter quitação eleitoral? Vai! Não apresentou as contas, vai ter
quitação eleitoral? Não! Nos termos do art. 11, §1º, inciso VI, da Lei
no9.504/1997 c/c §7º do próprio art. 11.

Agora vamos tratar do rito para o requerimento do registro de


candidaturas. É um processo de pedido de registro de candidatura que é
iniciado, a partir do requerimento feito pelo partido político ou pela
coligação, de candidaturas daquelas pessoas que foram escolhidas em
convenção partidária.

1.1) Rito do requerimento de registro de candidatura:

A marcha processual inicia-se com a apresentação à Justiça Eleitoral de


pedido de registro, que deve ser feito pelos partidos e coligações
interessados em lançar candidatos ao pleito. O pedido de registro é
desdobrado em duas vertentes:

1) A primeira é expressa em um processo principal (DRAP – Demonstrativo


de Regularidade dos Atos Partidários) - também chamado de processo raiz
ou geral. O processo geral tem por objetivo analisar a regularidade da
agremiação, daquele partido político, daquela coligação, e dos atos por
20

ela praticados com vistas à disputa eleitoral desde o momento da


convenção partidária, Ex: atendimento das quotas eleitorais de gênero.

“O julgamento do processo principal (DRAP) precederá ao dos processos


individuais de registro de candidatura, devendo o resultado daquele ser
certificado nos autos destes” (art. 47 da Resolução TSE 23.548/17)

O julgamento do processo principal (DRAP) precederá aos dos processos


individuais de registro de candidatura, devendo o resultado daquele ser
certificado nos autos destes, ou seja, a Justiça Eleitoral, primeiro, analisa
o DRAP, por exemplo, para ver se a agremiação se encontra regular,
vamos pegar a ata da convenção partidária, cumpriu a cota de gênero,
cumpriu o número correto de candidatos, Ok! Então, deferimos o DRAP.

Depois de deferido o DRAP:

2) A segunda vertente refere-se a tantos processos individuais (RCAN)


quantas forem as candidaturas a serem registradas.

a) Se o partido vai lançar 20 candidatos, serão 20 processos individuais


(RCANs) que deverão ser sentenciados pelo juiz eleitoral.

b) Por sua vez, o processo individual refere-se ao pedido de registro de


cada postulante a candidatura em particular, ensejando a discussão de
temas como condições de elegibilidade, causas de inelegibilidade, nome
do candidato e suas variações, condições de registrabilidade também,
porque são requisitos importantíssimos a instrumentação e
indispensáveis a instrumentação da candidatura..

c) O processo geral é prejudicial em relação aos individuais. Ou seja,


primeiro a Justiça Eleitoral analisa do DRAP. Só após o deferimento do
DRAP, a Justiça eleitoral passa a análise dos processos individuais. A
decisão, por exemplo, que indefira o pedido nele veiculado prejudica
todos os pedidos individuais de registro que lhe encontrarem ligados.

Essas são as duas vertentes do pedido de registro de candidatura, que


devem ser apresentadas à Justiça Eleitoral, até o dia 15 de agosto do
ano das eleições, até às 19 horas.
21

O processo de registro de candidatura segue o chamado rito ordinário


previsto nos art. 2° a 16 da lei de inelegibilidade (LC 64/90), no que lhe
for aplicável.

• O pedido de registro deve ser protocolado na Justiça Eleitoral até às


19h do dia 15 de agosto do ano em que as eleições se realizarem (art.11
da LE).

• Em seguida, é publicado edital em que todos os pedidos são


relacionados (art.3° da LC 64/90). Não há na lei prazo certo para essa
publicação: Depois de apresentado o requerimento de registro de
candidatura à Justiça Eleitoral, ao órgão competente da Justiça Eleitoral,
vai ser publicado um edital, e nesse edital, todos os pedidos de
candidatura, vão estar elencados, vão estar relacionados. Não tem um
prazo certo de publicação do edital, mas é claro que é após a data de 15
de agosto do ano das eleições.

• A partir da publicação do edital, inicia-se a contagem do prazo de 5


dias para que o candidato, partido político, coligação ou MP
apresente impugnação (AIRC).

• Com ou sem impugnação, poderá o Juiz abrir o prazo de 72h para


realização das diligências que entender pertinentes (art.11, § 3º da LE e
art. 6º da LC 64/90). Ao MP é dado requerer diligências.

Encerrada a fase de diligências, os autos vão conclusos ao Juiz eleitoral


ou ao Juiz relator (nas eleições presidenciais, federais e estaduais), para
julgamento. A decisão apresenta natureza meramente declaratória,
pois apenas pronuncia a ausência de condição de elegibilidade ou a
presença de causa de inelegibilidade originária.

Art. 11, §4º da Lei no 9.504/1997: Na hipótese de o partido ou


coligação não requerer o registro de seus candidatos, estes poderão fazê-
lo perante a Justiça Eleitoral, observado o prazo máximo de quarenta e
oito horas seguintes à publicação da lista dos candidatos pela Justiça
Eleitoral.
22

Desde a indicação na convenção partidária até a efetivação da


candidatura, o cidadão goza do status de pré-candidato, encontrando-
se investido em uma situação que lhe assegura o gozo de alguns direitos.
Entre outros, tem direito de ver requerido seu registro pelo partido
perante a Justiça Eleitoral, conforme lhe autoriza o art. 11, § 4° da Lei
9.504/97.

O pré-candidato é aquele que foi indicado numa convenção partidária e


que vai ter o seu registro requerido à Justiça Eleitoral. E dentro dessa
condição de pré-candidato, ele tem o direito de ver a sua candidatura ser
requerida pelo partido político ou pela coligação.

Candidato Avulso: Deve requerer o registro de sua candidatura até 48


horas da publicação do edital com a lista dos candidatos. É o candidato
que foi escolhido em convenção partidária, mas por qualquer razão, o
partido ou a coligação, não requereu o seu registro de candidatura.
Pressuposto: ter sido escolhido em convenção. Prova: qualquer meio que
comprove sua escolha pelo partido.

Caso depois de publicado o edital, o candidato veja lá, que não se


encontra o nome dele, ou seja, que o partido não requereu a candidatura
dele, ele pode fazer isso, pessoalmente, no prazo de 48 (quarenta e oito)
horas seguintes à publicação da lista dos candidatos pela Justiça
Eleitoral.

Então, publicou o edital, tem 48 (quarenta e oito) horas, para ele


requerer pessoalmente, o que ele tem que provar para a Justiça
Eleitoral? Ele tem que provar que foi escolhido pelo partido político.
Admite-se qualquer meio de prova que comprove que ele foi escolhido
pelo partido político.

§ 14. É vedado o registro de candidatura


avulsa, ainda que o requerente tenha
filiação partidária. (Incluído pela Lei nº
13.488, de 2017)
23

Somente os candidatos que estejam concorrendo por partidos políticos


podem participar do pleito.

Possibilidade de substituição das candidaturas: Tudo que existe sobre


substituição está no art. 13 da Lei no 9.504/1997. Antes do dia marcado
para as eleições, pode haver a substituição dos candidatos ou daquela
pessoa que teve o seu registro indeferido, como diz o art. 13 da Lei no
9.504/1997.

Art. 13 Lei 9.504/97: É facultado ao


partido ou coligação substituir candidato
que for considerado inelegível, renunciar ou
falecer após o termo final do prazo do
registro ou, ainda, tiver seu registro
indeferido ou cancelado.

§ 1º A escolha do substituto far-se-á na


forma estabelecida no estatuto do partido a
que pertencer o substituído, e o registro
deverá ser requerido até 10 (dez) dias
contados do fato ou da notificação do
partido da decisão judicial que deu origem
à substituição. (...)

§ 2º Nas eleições majoritárias, se o


candidato for de coligação, a substituição
deverá fazer-se por decisão da maioria
absoluta dos órgãos executivos de direção
dos partidos coligados, podendo o
substituto ser filiado a qualquer partido
dela integrante, desde que o partido ao qual
pertencia o substituído renuncie ao direito
de preferência

§ 3º Tanto nas eleições majoritárias como


nas proporcionais, a substituição só se
24

efetivará se o novo pedido for apresentado


até 20 (vinte) dias antes do pleito, exceto em
caso de falecimento de candidato, quando a
substituição poderá ser efetivada após esse
prazo.

A substituição de candidato é direito assegurado a organização


partidária, e só por ela pode ser exercido, na forma estabelecida pelo
estatuto.

Por determinação constitucional, no segundo turno não é possível a


substituição (art. 77, §4º).

No primeiro turno ou no caso das eleições proporcionais, deve-se


compatibilizar o §1º e o §3º. O registro do novo candidato deve ser
pleiteado no prazo de 10 dias, contados do fato ou da notificação do
partido da decisão judicial que deu origem a substituição, mas isso
deverá ocorrer até 20 dias antes do pleito.

Então, o candidato morreu, pode substituí-lo? Pode. O candidato


renunciou pode substituí-lo? Pode. O candidato teve o seu registro
indeferido, pode substituí-lo? Pode. Agora tem algumas regras que
devem ser observadas aqui.

Por exemplo, se houve o falecimento do candidato, que aconteceu isso


recentemente, o Eduardo Campos, candidato às eleições presidenciais de
2014, candidato a Presidência da República, faleceu em um acidente
aéreo. Daquele fato, o partido ou coligação, tem o prazo de 10 (dez) dias,
para requerer a substituição ou da notificação do partido da decisão
judicial que deu origem à substituição, ou seja, candidato teve o seu
registro indeferido pela Justiça Eleitoral, a partir do momento em que o
partido for notificado desse fato, ele tem 10 (dez) dias para requerer a
substituição.

Tanto nas eleições majoritárias como nas proporcionais, a substituição


só se efetivará se o novo pedido for apresentado até 20 (vinte) dias antes
do pleito, então a gente tem que compatibilizar dois prazos, 10 (dez) dias
25

do fato ou da notificação da decisão judicial; você tem que ter um prazo


de 10 (dez) dias para pedir.

O novo pedido à Justiça Eleitoral tem que acontecer até 20 (vinte) dias
antes das eleições, tem que acontecer, necessariamente, até 20 (vinte)
dias do pleito. Só em uma exceção se admite uma substituição após esse
prazo, no caso de falecimento do candidato, quando a substituição
poderá ser efetivada até esse prazo. Se existe a morte por falecimento, a
substituição pode ser efetuada, inclusive na véspera da eleição. Até,
talvez, no dia do pleito.

A substituição do candidato é direito assegurado a organização


partidária, só por ela pode ser exercido, na forma estabelecida pelo
estatuto (autonomia partidária).

Por determinação constitucional, no segundo turno não é possível a


substituição.

Art. 77 da CF/88. A eleição do Presidente


e do Vice-Presidente da República realizar-
se-á, simultaneamente, no primeiro
domingo de outubro, em primeiro turno, e
no último domingo de outubro, em segundo
turno, se houver, do ano anterior ao do
término do mandato presidencial vigente.

(...)

§4º - Se, antes de realizado o segundo


turno, ocorrer morte, desistência ou
impedimento legal de candidato, convocar-
se-á, dentre os remanescentes, o de maior
votação.
26

AIRC – AÇÃO DE IMPUGNAÇÃO DE REGISTRO DE CANDIDATURA


(art. 3º a 16 da LC nº 64/90):

Objetivo: Reconhecimento judicial da inelegibilidade do candidato,


impedindo a sua candidatura, seja pela ausência de uma das condições
de elegibilidade, seja pela incidência de alguma causa de inelegibilidade.

Legitimados: Candidato (pré-candidato escolhido em convenção),


partido político, coligação ou Ministério Público (art. 3o da LC 64/90).

Está pacificado no TSE: Partido político coligado não tem legitimidade


para ajuizar AIRC isoladamente. A legitimidade vai ser de quem? Da
coligação; não vai ser do partido político. O partido que concorre coligado,
ele não tem legitimidade para ajuizar essa ação de forma isolada. Pacífico
na jurisprudência (AgR-REsp no 10827/BA).

Súmula 11 do TSE: O Partido que não


ajuizou AIRC, não tem legitimidade para
recorrer da sentença que deferiu o registro
da candidatura, salvo se for matéria
constitucional. Não vale para o Ministério
Público, que tem sempre legitimidade
recursal (STF - Agravo em Rec. Extraord. no
728.188).

TSE: A petição da AIRC não precisava ser subscrita por advogado, o que
se exigia apenas na fase recursal (AgR-REsp no 33.378). A justificativa
era a possibilidade de indeferimento do registro de ofício pelo juízo. No
entanto, apesar desse julgado, o próprio TSE parece agora exigir que o
impugnante tenha representação processual, conforme art. 38, §1º da
Res TSE 23.548/2017 (“§1º A impugnação ao registro de candidatura
exige representação processual e será peticionada diretamente no PJe.”) -
Essa Resolução valeu para as eleições de 2018.

Súmula TSE no 45: Nos processos de


registro de candidatura, o Juiz Eleitoral
pode conhecer de ofício da existência de
27

causas de inelegibilidade ou da ausência de


condição de elegibilidade, desde que
resguardados o contraditório e a ampla
defesa.

Em relação ao Ministério Público:

(1) Tem predominado o entendimento pela desnecessidade de intimação


do Ministério Público para fins de ajuizamento da AIRC. Trata-se de uma
exceção à regra geral de intimação pessoal, justificada pela celeridade
que se exige nos processos de registro (Súmula 49 do TSE).

(2) Mesmo quando o MPE não ajuizar a AIRC, haverá obrigatória atuação
ministerial no pedido de registro do candidato, como custos legis.

Polo passivo: Na AIRC, o réu é sempre o pré-candidato, o cidadão que


teve o registro de sua candidatura requerido pelo partido.

Não há litisconsórcio passivo entre o impugnado e seu partido ou


coligação, mas nada impede que estes sejam assistentes do réu na
referida ação.

Não há litisconsórcio necessário entre titular e vice, já que as


condições de elegibilidade e causas de inelegibilidade têm caráter pessoal
(art. 18 da LC nº 64/90). Sendo indeferido o registro da candidatura, o
partido poderá promover a substituição.

Não existe litisconsórcio necessário, nas eleições para cargos


majoritários, entre o titular e o vice, por quê? Porque as condições de
elegibilidade e as causas de elegibilidade são condições de caráter
pessoais, sendo indeferido o registro da candidatura do titular ou do vice,
o partido político ou a coligação vão poder promover o quê? A
substituição.

Art. 18 da LC 64/90: A declaração de


inelegibilidade do candidato à Presidência
da República, Governador de Estado e do
Distrito Federal e Prefeito Municipal não
28

atingirá o candidato a Vice-Presidente, Vice-


Governador ou Vice-Prefeito, assim como a
destes não atingirá aqueles.

Competência: art. 2º, parágrafo único, da LC nº 64/90.

Art. 2º Compete à Justiça Eleitoral


conhecer e decidir as argüições de
inelegibilidade. Parágrafo único. A
argüição de inelegibilidade será feita
perante:

I - o Tribunal Superior Eleitoral, quando


se tratar de candidato a Presidente ou Vice-
Presidente da República;

II - os Tribunais Regionais Eleitorais,


quando se tratar de candidato a Senador,
Governador e Vice-Governador de Estado e
do Distrito Federal, Deputado Federal,
Deputado Estadual e Deputado Distrital;

III - os Juízes Eleitorais, quando se tratar


de candidato a Prefeito, Vice-Prefeito e
Vereador.

Onde que eu entro com a ação de impugnação do registro de


candidatura? Onde que o MP, o promotor eleitoral, partido político,
coligação ou candidato vão impugnar o registro da candidatura?
Obviamente, eles vão impugnar perante o mesmo juízo eleitoral ou
mesmo TRE ou ao TSE, responsável pela análise do pedido de registro de
candidatura.

AIRC é um incidente no processo de registro do candidato. Normalmente


se desenvolve nos mesmos autos ou em autos apensados. O importante
é que ambas as demandas sejam julgadas simultaneamente, em uma só
sentença.
29

Publicado o edital contendo a relação dos candidatos cujos registros


foram requeridos à Justiça Eleitoral, começa a correr o prazo de 5 dias
para a impugnação prevista no art. 3º da LC no 64/90. A impugnação
por parte dos demais legitimados não impede a ação do MP.

Art. 3º Caberá a qualquer candidato, a


partido político, coligação ou ao Ministério
Público, no prazo de 5 (cinco) dias, contados
da publicação do pedido de registro do
candidato, impugná-lo em petição
fundamentada.

Art. 3º §1° da LC 64/90: A impugnação,


por parte do candidato, partido político ou
coligação, não impede a ação do Ministério
Público no mesmo sentido.

Súmula-TSE nº 49 - O prazo de cinco dias,


previsto no art. 3º da LC nº 64/90, para o
Ministério Público impugnar o registro
inicia-se com a publicação do edital, caso
em que é excepcionada a regra que
determina a sua intimação pessoal.

A partir da notificação do réu, passa a correr o prazo de 7 dias para


apresentar a contestação. (art. 4º da LC nº 64/90).

É possível o julgamento antecipado da lide? O julgamento antecipado


da lide é possível e encontra respaldo no art. 5º da LC no 64/90.

Art. 5° Decorrido o prazo para contestação,


se não se tratar apenas de matéria de direito
e a prova protestada for relevante, serão
designados os 4 (quatro) dias seguintes
para inquirição das testemunhas do
impugnante e do impugnado, as quais
comparecerão por iniciativa das partes que
30

as tiverem arrolado, com notificação


judicial.

§1° As testemunhas do impugnante e do


impugnado serão ouvidas em uma só
assentada.

§ 2° Nos 5 (cinco) dias subseqüentes, o Juiz,


ou o Relator, procederá a todas as
diligências que determinar, de ofício ou a
requerimento das partes.

art. 6º: A doutrina vem entendendo pela obrigatoriedade de ser


franqueada às partes a apresentação de alegações finais, ainda que o
dispositivo diga “poderão”.

A doutrina vem entendendo pela obrigatoriedade de ser franqueada às


partes, a apresentação de alegações finais, ainda que, o art. 6º da LC nº
64/1990, que acabei de ler para vocês, disse “poderão”, então, tem que
ser franqueado às partes, a possibilidade da apresentação das alegações
finais.

Art. 6º Encerrado o prazo da dilação


probatória, nos termos do artigo anterior, as
partes, inclusive o Ministério Público,
poderão apresentar alegações no prazo
comum de 5 (cinco) dias.

arts. 7º e 8º: sentença deve ser proferida no prazo de 3 dias após a


conclusão. Apresentada a sentença em cartório, começa a correr o prazo
de 3 dias para interposição de recurso. Protocolado o recurso, prazo
de 3 dias para contrarrazões, mas nesse caso o recorrido tem que ser
notificado.

Art. 15. Transitada em julgado ou


publicada a decisão proferida por órgão
colegiado que declarar a inelegibilidade do
31

candidato, ser-lhe-á negado registro, ou


cancelado, se já tiver sido feito, ou
declarado nulo o diploma, se já expedido.

Ou seja, nas eleições estaduais, federais e presidenciais, a eficácia do


julgado surgiria com a simples publicação da decisão do órgão colegiado.

Entretanto, o TSE decidiu que o art. 16-A da Lei 9.504/97 deve prevalecer
sobre o art. 15 da LC no 64/90, uma vez que caso fossem adotadas as
medidas previstas neste último, as candidaturas estariam inviabilizadas,
quer em decorrência do manifesto prejuízo à campanha eleitoral, quer
pela retirada do nome do candidato da urna eletrônica. (Agravo
Regimental em Reclamação no 87.629 – Relator Arnaldo Versiani – julg.
em 04.10.2012)

Art. 16-A da Lei 9.504/97. O candidato


cujo registro esteja sub judice poderá
efetuar todos os atos relativos à campanha
eleitoral, inclusive utilizar o horário eleitoral
gratuito no rádio e na televisão e ter seu
nome mantido na urna eletrônica enquanto
estiver sob essa condição, ficando a
validade dos votos a ele atribuídos
condicionada ao deferimento de seu registro
por instância superior.

Parágrafo único. O cômputo, para o


respectivo partido ou coligação, dos votos
atribuídos ao candidato cujo registro esteja
sub judice no dia da eleição fica
condicionado ao deferimento do registro do
candidato.

P: Candidato a vereador tem seu registro indeferido pelo juiz


eleitoral antes do pleito. Após as eleições, o TRE decide dar
provimento ao recurso do referido candidato e a decisão transita em
32

jugado. Os votos dados ao candidato devem ser computados para a


legenda? R: Como a Justiça Eleitoral, ao final, decidiu pelo deferimento
do registro do candidato, ainda que ele tenha concorrido sub judice, os
votos devem ser computados para a legenda, conforme dispõe o art. 16-
A, parágrafo único da Lei 9.504/97 e o art. 219, parágrafo único da
Resolução 23.554/2017 (aplicável às eleições de 2018).

Temos que entender se o voto dado ao candidato do sistema proporcional,


obviamente sub judice, vale para a legenda ou não.

A gente tem três possibilidades, vejam só, o candidato a Vereador tem o


seu requerimento indeferido pelo juiz eleitoral, antes do pleito. Após as
eleições, o TRE decide dar provimento ao recurso do referido candidato e
a decisão transitada em julgado, ou seja, ao final a Justiça Eleitoral deu
deferimento ao registro desse candidato. Os votos dados aos candidatos,
dever ser disputados pela legenda.

Depois da relação, deferiu o registro dele, como a Justiça Eleitoral, ao


final decidiu pelo deferimento do registro do candidato.

Ainda que ele tenha concorrido sub judice, os votos devem ser
computados, para legenda? Sim, conforme dispõe o art. 16-A, parágrafo
único.

E o art. 219, parágrafo único, da Resolução 23.554/2017, que foi


aplicável a eleição de 2018. Essa é a primeira hipótese.

Vamos a segunda hipótese:

P: No dia das eleições, o candidato a vereador está com o seu registro


deferido pela Justiça Eleitoral. Todavia, após a realização do pleito
eleitoral, o TRE julga procedente o recurso apresentado pelo
Ministério Público, indeferindo o registro. A decisão transita em
julgado. Os votos dados ao candidato devem ser computados para a
legenda? R: Sim. Nos termos dos art. 175, §4º do Código Eleitoral e art.
16-A da Lei 9.504/97, devem ser computados para a legenda os votos
33

dados ao candidato cujo registro esteja deferido na data do pleito e que


tenha sido indeferido posteriormente.

P: Candidato a vereador tem seu registro indeferido pelo juiz


eleitoral antes do pleito. Após as eleições, o TRE decide por negar
provimento ao recurso do referido candidato e a decisão transita em
jugado. Os votos dados ao candidato devem ser computados para a
legenda? R: Não. Os votos dados ao candidato que estava com o registro
indeferido pela Justiça Eleitoral no dia da eleição não devem ser
computados para a legenda. Nesse sentido, o art. 175, §3º do Código
Eleitoral dispõe que “serão nulos, para todos os efeitos, os votos dados a
candidatos inelegíveis ou não registrados”.

Para finalizar a ação de impugnação de registro de candidatura, o art.


26-C, da LC no64/1990 não trata exatamente da ação de impugnação do
registro de candidaturas, mas traz um tema importantíssimo. Por que é
importantíssimo? Porque foi exatamente, com base nesse dispositivo,
que o Ex-Presidente Lula tentou concorrer nas eleições de 2018.

Art. 26-C. O órgão colegiado do tribunal ao


qual couber a apreciação do recurso contra
as decisões colegiadas a que se referem as
alíneas d, e, h, j, l e n do inciso I do art. 1º
poderá, em caráter cautelar, suspender a
inelegibilidade sempre que existir
plausibilidade da pretensão recursal e
desde que a providência tenha sido
expressamente requerida, sob pena de
preclusão, por ocasião da interposição do
recurso.

§ 1º Conferido efeito suspensivo, o


julgamento do recurso terá prioridade sobre
todos os demais, à exceção dos de mandado
de segurança e de habeas corpus.
34

§ 2º Mantida a condenação de que derivou


a inelegibilidade ou revogada a suspensão
liminar mencionada no caput, serão
desconstituídos o registro ou o diploma
eventualmente concedidos ao recorrente.

A suspensão da inelegibilidade deve ser requerida ao órgão colegiado do


tribunal a que couber a apreciação do recurso contra as decisões
colegiadas a que se referem as alíneas d, e h, j, l do inciso I do art. 1º da
LC 64/90. Eventual concessão de liminar deve ser imediatamente
submetida ao órgão colegiado.

Vamos pensar no caso do Ex-Presidente Lula, que se adequa a esse caso


aqui. O Ex-Presidente Lula foi condenado em primeira instância, pela
Vara Federal de Curitiba e posteriormente foi condenado por um órgão
judicial colegiado, pelo crime de corrupção. Ele condenado por um
órgão colegiado, ele incidiu na inelegibilidade prevista no art. 1º,
inciso I, alínea “e” da LC no 64/1990? Sim, ele foi condenado pelo
TRF-4, que é um órgão colegiado, é um crime de corrupção, está inelegível
por 8 (oito) anos, nos termos da alínea “e”.

O que diz o art. 26-C da LC no 64/1990? O órgão colegiado do tribunal


ao qual couber a apreciação do recurso contra as decisões colegiadas a
que se referem as alíneas d, e, h, j, l e n do inciso I do art. 1º poderá, em
caráter cautelar, suspender a inelegibilidade sempre que existir
plausibilidade da pretensão recursal e desde que a providência tenha sido
expressamente requerida, sob pena de preclusão, por ocasião da
interposição do recurso, ou seja, a quem cabe julgar a decisão do TRF-
4? Normalmente é o STJ.

Quando se tratar de decisão colegiada oriunda de TJ dos Estados ou TRF,


o pedido de suspensão deve ser efetuado em recurso especial perante o
STJ.

E, nos termos do art. 26-C, o STJ poderia, em caráter cautelar, suspender


a inelegibilidade se estiverem presentes dois requisitos: (1) plausibilidade
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da pretensão recursal e (2) desde que a providência (suspensão) tenha


sido expressamente requerida no recurso.

Caso o STJ suspenda a inelegibilidade, nos termos do art. 26-C da LC


64/90, não restaria, em tese, à Justiça Eleitoral uma alternativa que não
o deferimento do registro de candidatura, a não ser que exista outra
causa de inelegibilidade sobre o candidato.

Mas seria um deferimento sob condição. Caso seja eleito na pendência


desta condição, o “requerente” poderia ser diplomado, investido no
mandato e empossado no cargo eletivo. Solução só será definitiva a partir
do resultado do julgamento do recurso no STJ.

Caso o requerente seja absolvido no STJ, a diplomação fica mantida e ele


exercerá normalmente o cargo para o qual foi eleito. Caso seja mantida a
condenação do TJ ou TRF pelo STJ, ou ainda se for revogada a liminar,
o diploma será desconstituído e o requerente deverá ser desinvestido do
cargo eletivo (art. 26-C, §2º da LC 64/90).

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