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DIREITO ELEITORAL

Direitos Políticos – Perda ou Suspensão dos Direitos Políticos II


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DIREITOS POLÍTICOS – PERDA OU SUSPENSÃO


DOS DIREITOS POLÍTICOS II

I – cancelamento da naturalização por sentença transitada em julgado

A perda dos direitos políticos por cancelamento de naturalização decorre do


simples trânsito em julgado da sentença que decretar o cancelamento, conforme
se infere do art. 15, I, da CF/1988.
Nesse sentido, as decisões colegiadas não são aptas a limitar a cidadania.
Além disso, na sentença que decreta o cancelamento da naturalização, o juiz
não precisa mencionar que existirá a perda dos direitos políticos, pois esta será
um efeito automático do cancelamento dessa naturalização. Isso porque o brasi-
leiro que tem a sua naturalização cancelada se torna um estrangeiro e, portanto,
não será mais titular de direitos políticos no Brasil.
Apesar de a CF/1988 citar expressamente que haverá a perda dos direitos
políticos no caso de cancelamento da naturalização por sentença transitada em
julgado, a doutrina entende que essa perda também ocorrerá nas hipóteses de
perda da nacionalidade previstas no art. 12, § 4º, da CF/1988. Nesse sentido,
o brasileiro que perder a nacionalidade brasileira em função da opção por uma
nacionalidade estrangeira, sem que isso tenha ocorrido por imposição ou para o
exercício de direitos, também perderá os seus direitos políticos no Brasil.

II – incapacidade civil absoluta

A capacidade civil é condição para aquisição e manutenção da capacidade


política. De acordo com o Código Civil, após alterações promovidas pelo Esta-
tuto da Pessoa com Deficiência, o  único absolutamente incapaz existente no
Brasil atualmente é o menor de 16 anos, pessoa que ainda não pode se tornar
titular de direitos políticos.
Atualmente, não há uma hipótese fática que atraia a incidência do disposto no
art. 15, § 2º, da CF/1988; entretanto, caso futuramente o Código Civil seja nova-
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mente alterado e algum grupo de pessoas seja incluído como absolutamente inca-
paz, então os efeitos dessa suspensão dos direitos políticos ocorrerão enquanto
perdurar a incapacidade civil absoluta.

III – condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem seus


efeitos

Qualquer pessoa que sofrer uma condenação criminal sofrerá como efeito
automático da pena a suspensão de direitos políticos. Essa comunicação é feita
à Justiça Eleitoral logo após o trânsito em julgado da sentença penal condena-
tória. Feita essa comunicação, a Justiça Eleitoral adota as medidas necessárias
para que a suspensão dos direitos políticos produza os seus regulares efeitos no
âmbito jurídico eleitoral.
O disposto no art. 15, § 3º, da CF/1988, é considerado uma norma consti-
tucional de eficácia plena, ou seja, não é exigível a atuação do legislador infra-
constitucional para regular essa suspensão dos direitos políticos. Isto é diferente
do que acontece no art. 14, § 9º, da CF/1988, pois o legislador constitucional
prevê expressamente que deverá ser criada uma lei complementar para tratar
das hipóteses de criação de novas inelegibilidades no Brasil.
A suspensão dos direitos políticos não é pena acessória, e sim consubstan-
cia consequência da condenação criminal.
Contudo, desse entendimento, surgiram algumas dúvidas. Uma delas é se
suspensão dos direitos políticos também se aplica ao que cometeu um crime cul-
poso (aquele em que inexistia a intenção de se praticar o fato criminoso). Nesse
sentido, o entendimento que ficou firmado é que, independentemente se doloso
ou culposo, qualquer condenação criminal gerará, no trânsito em julgado, a sus-
pensão dos direitos políticos do condenado.
Além disso, independentemente de o agente ter sido condenado à pena pri-
vativa de liberdade, privativa de direitos ou apenas pecuniária, qualquer conde-
nação criminal transitada em julgado tem como efeito a suspensão dos direitos
políticos.
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Mesmo no caso das infrações penais de menor potencial ofensivo previstas


na Lei n. 9.099/1995, o agente também sofrerá a suspensão dos direitos polí-
ticos após o trânsito em julgado. A exceção é quando houver acordo entre as
partes ou mesmo a transação penal, pois são institutos diferentes da condena-
ção criminal.
Se alguém for condenado pela prática de uma contravenção penal, segundo
o TSE, também terá os seus direitos políticos suspensos enquanto durar os efei-
tos da pena.

Súmula n. 9 do Tribunal Superior Eleitoral: “A suspensão de direitos políti-


cos decorrente de condenação criminal transitada em julgado cessa com o cum-
primento ou a extinção da pena, independendo de reabilitação ou de prova de
reparação dos danos”.

IV – recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação alternativa,


nos termos do art. 5º, VIII

Ao fazer uma interpretação literal do dispositivo acima, a mera recusa em


cumprir obrigação legal a todos imposta já teria como efeito a perda ou a suspen-
são dos direitos políticos. No entanto, há hipóteses em que pode ser aplicada a
chamada objeção de consciência (ou escusa de consciência), ou seja, quando
uma pessoa, seja por conta de sua convicção religiosa ou filosófica, tem o direito
de se recusar a cumprir uma obrigação legal a todos imposta.
Nesse sentido, a recusa em cumprir uma obrigação legal a todos imposta em
razão de objeção de consciência é um direito individual previsto no art. 5º, VIII,
da CF/1988. Ou seja, há um impasse entre as normas.
Ao fazer uma análise sistemática entre o art. 15, IV, e o art. 5º, VIII, da CF/1988,
chega-se à conclusão de que qualquer pessoa tem, por objeção de consciência,
o direito de se recusar a cumprir obrigação legal a todos imposta; contudo, não
tem o direito de se recusar a cumprir a prestação alternativa prevista em lei.
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Assim, na verdade, o que irá gerar efetivamente a perda ou suspensão dos


direitos políticos é justamente a recusa em cumprir a prestação alternativa pre-
vista em lei.

V – improbidade administrativa

A prática da improbidade administrativa, nos termos do art. 37, § 4º, da


CF/1988, também gera a suspensão dos direitos políticos pelo prazo previsto na
Lei n. 8.429/1992, no que for estabelecido pelo juiz em sua sentença. Caso o juiz
seja omisso em dispor o prazo de suspensão dos direitos políticos, então não há
que se falar em suspensão dos direitos políticos para aquele que praticou o ato
de improbidade administrativa.
A suspensão de direitos políticos em face de ato de improbidade não é ato
de competência da Justiça Eleitoral, mas, sim, da Justiça Comum. Há apenas
o reconhecimento – no processo de registro – dessa causa de suspensão dos
direitos políticos.

�Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a
aula preparada e ministrada pelo professor Weslei Machado.
A presente degravação tem como objetivo auxiliar no acompanhamento e na revisão do con-
teúdo ministrado na videoaula. Não recomendamos a substituição do estudo em vídeo pela
leitura exclusiva deste material.
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