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DIREITO ELEITORAL

Direitos Políticos - Aspectos Gerais


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DIREITOS POLÍTICOS - ASPECTOS GERAIS

Também chamado de Princípios Constitucionais Aplicáveis aos Direitos Políticos, este


tema está inscrito nos arts. 14 a 16 da Constituição Federal.
O art. 1º, caput da Constituição traz a previsão de que a República Federativa do Brasil
constitui-se em estado democrático de direito. Um dos princípios fundamentais previstos na
Constituição é de que no Brasil houve a adoção do regime democrático de governo, o que
significa que o governo é do povo, exercido pelo povo e para o povo.
Uma análise etimológica da palavra democracia revela que demo significa povo e cracia
significa governo. Em razão de o Brasil ser uma democracia, o art. 1º, inciso II da Constitui-
ção reconheceu a cidadania como um dos fundamentos da República. Observe:

Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios
e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:
(...)
II – A cidadania

Cidadão é o titular de direitos políticos. O cidadão só é desrespeitado quando é impedido


de exercer os seus direitos políticos. Assim, existe uma imprecisão terminológica quando se
diz que é um desrespeito ao cidadão as longas filas no posto de saúde. Nesses casos, ocorre
um desrespeito à pessoa, e não ao cidadão.
A cidadania, por sua vez, garante ao povo o direito de interferir na formação da vontade
política do Estado e de participar na tomada de decisões políticas fundamentais. É o reco-
nhecimento de que o povo deve participar na tomada das decisões.
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Considerando que a cidadania é um fundamento da República, isso significa que existe
soberania popular, ou seja, a fonte de legitimação do poder no Brasil é o povo. Não por outra
razão, o art. 1º, parágrafo único da Constituição prevê

Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos
ou diretamente, nos termos desta Constituição.

Assim, diante da possibilidade do povo interferir na formação da vontade política do


Estado, a fonte de legitimação do poder é o povo. Adota-se no Brasil o regime democrático
participativo, em que o povo ora irá participar da tomada de decisões de forma direta, ora de
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forma indireta. Neste caso, as decisões serão exaradas pelos seus representantes popula-
res eleitos.
Um dos exemplos da manifestação direta da vontade do povo no passado recente ocor-
reu em 2005, quando o povo foi chamado a concordar ou discordar sobre uma decisão polí-
tica tomada pelo Congresso Nacional. Nas deliberações do Estatuto do Desarmamento (Lei
n. 10.826), o Congresso definiu que, atendidas as condições legais, é possível que os cida-
dãos possuam armas e, em certas circunstâncias, portem armas de fogo. Dada a importância
e repercussão dessa decisão, o Congresso decidiu submeter a sua opção a um referendo
popular. Em 2005, o povo foi chamado a dizer sim ou não ao desarmamento. Ao final, o povo
decidiu pela manutenção do Estatuto, ou seja, atendidas as condições legais, ter direito a
adquirir armas de fogo.
A interferência do povo de forma direta ocorre por meio de plebiscito, referendo, iniciativa
popular de leis e propositura de ação popular. De forma indireta, o povo participa por meio de
representantes eleitos.
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Princípios Fundamentais (arts. 1º a 4º da Constituição Federal)

• regime democrático de governo (art. 1º, caput)


• cidadania (art. 1º, inciso II)
• soberania popular (art. 1º, parágrafo único)

Se não houvesse a previsão dos instrumentos de exercício do poder, esses princípios


seriam uma mera declaração formal. Os instrumentos de exercício do poder estão inscritos
no art. 14, caput da Constituição Federal. Observe a íntegra desse dispositivo:

Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com
valor igual para todos, e, nos termos da lei, mediante:

Em outras palavras, a forma de exercício da soberania popular ocorre por meio dos direi-
tos políticos.
15m
Os direitos políticos são tratados nos arts. 14 ao 16 da Constituição Federal.
Os direitos fundamentais são um dos elementos da tríade do direito constitucional, ao lado
da organização do Estado e da organização dos poderes. As constituições modernas tratam
dos direitos fundamentais dentro do próprio texto, pois se trata de uma forma de limitação do
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poder do Estado e de previsão de deveres estatais que devem ser cumpridos para que exista o
respeito à dignidade da pessoa humana. O tratamento dos direitos fundamentais está no Título
II da Constituição Federal, e compõe-se dos arts. 5º ao 17.
A Constituição Federal adotou uma classificação das espécies de direitos fundamentais,
adotada pelo próprio legislador constituinte. São elas:

• Capítulo I – Direitos Individuais e Coletivos (art. 5º)


• Capítulo II – Direitos Sociais (arts. 6º a 11)
• Capítulo III – Da Nacionalidade (arts. 12 e 13)
• Capítulo IV – Dos Direitos Políticos (arts. 14 a 16)
• Capítulo V – Dos Partidos Políticos (art. 17)
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Assim, os direitos políticos são uma das espécies de direitos fundamentais. Diante de
normas restritivas de direitos políticos, o art. 15 da Constituição elenca as hipóteses de perda
ou suspensão dos direitos políticos.

Art. 15. É vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda ou suspensão só se dará nos casos de:
I – cancelamento da naturalização por sentença transitada em julgado;
II – incapacidade civil absoluta;
III – condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem seus efeitos;
IV – recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação alternativa, nos termos do art. 5º, VIII;
V – improbidade administrativa, nos termos do art. 37, § 4º.

Como se está diante de normas restritivas dos direitos fundamentais, isso significa que
essas normas recebem uma interpretação restritiva. Não é possível atribuir interpretação
ampliativa ou extensiva a essas normas. Exemplo de aplicação da interpretação restritiva:
art. 71 do Código Eleitoral, que trata das hipóteses de cancelamento da inscrição eleitoral.
Por outro lado, diante de normas que atribuem ou reconhecem direitos políticos, essas normas
receberão interpretação extensiva ou ampliativa. Essa é uma das razões pelas quais se conclui
que o rol de direitos políticos previstos no art. 14 da Constituição é meramente exemplificativo.
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Assim, qualquer outro meio que permita ao povo manifestar a sua vontade e interferir na
tomada das decisões (exemplos: tuitaços, manifestações em redes sociais e manifestações popu-
lares a partir do exercício do direito de reunião, previsto no art 5º, inciso XVI) serão consideradas
formas legítimas de exercício da cidadania, ainda que não previstas expressamente no art. 14.

�Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a aula
preparada e ministrada pelo professor Weslei Machado Alves.
A presente degravação tem como objetivo auxiliar no acompanhamento e na revisão do conteúdo
ministrado na videoaula. Não recomendamos a substituição do estudo em vídeo pela leitura exclu-
siva deste material.

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