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UNIDADE V - FORMAS DE MANIFESTAÇÃO DA DEMOCRACIA NA ARENA

CONSTITUCIONAL

Democracia direta: formas de participação popular no regime democrático (plebiscito e


referendo, iniciativa popular, ação popular, Tribunal do Júri, direito de organização e
associação a partidos políticos). Democracia indireta e representativa. Regimes políticos
de democracia representativa: parlamentarismo e presidencialismo.

Referência bibliográfica:
LENZA, Pedro. Capítulo 17 – Direitos Políticos (p. 1121 a 1127)

1 - NOÇÕES INTRODUTÓRIAS
1.1 Conceito de Direitos Políticos:

“prerrogativas, atributos, faculdades, ou poder de intervenção dos


cidadãos ativos no governo de seu país, intervenção direta ou indireta,
mais ou menos ampla, segundo a intensidade do gozo desses direitos.
São o Jus Civitatis, os direitos cívicos, que se referem ao Poder Público,
que autorizam o cidadão ativo a participar na formação ou exercício da
autoridade nacional, a exercer o direito de vontade ou eleitor, os direitos
de deputados ou senador, a ocupar cargos políticos e a manifestar suas
opiniões sobre o governo do Estado” (Pimenta, Bueno. Direito público
brasileiro e análise da Constituição do Império, p. 458).

Os direitos políticos nada mais são que instrumentos por meio dos quais a CF
garante o exercício da soberania popular, atribuindo poderes aos cidadãos para
interferirem na condução da coisa pública, seja direta, seja indiretamente.
De modo geral podemos classificar os regimes democráticos em três espécies:

a) democracia direta, em que o povo exerce por si o poder, sem intermediários,


sem representantes;

b) democracia representativa, na qual o povo, soberano, elege representantes,


outorgando-lhes poderes, para que, em nome deles e para o povo, governem o país; e

c) democracia semidireta ou participativa, um “sistema híbrido”, uma


democracia representativa, com peculiaridades e atributos da democracia direta, a qual,
conforme observação de Mônica de Melo, constitui um mecanismo capaz de propiciar,
“além da participação direta, concreta do cidadão na democracia representativa, controle
popular sobre os atos estatais” – CASO BRASILEIRO
Caso Brasileiro reúne práticas de democracia indireta e direta (híbrido):
A democracia participativa ou semidireta assimilada pela CF/88 (arts. 1.º,
parágrafo único, e 14) caracteriza -se, portanto, como a base para que se possa, na
atualidade, falar em participação popular no poder por intermédio de um processo,
no caso, o exercício da soberania que se instrumentaliza por meio do plebiscito,
referendo, PL de iniciativa popular, bem como pelo ajuizamento da ação popular.

1.2 INSTITUTOS DE DEMOCRACIA SEMIDIRETA OU


PARTICIPATIVA

1.2.1 PLEBISCITO E REFERENDO:

são consultas a serem realizados perante os cidadãos para que delibere sobre
matéria de acentuada relevância, de natureza constitucional, legislativa ou administrativa.

O art. 3.º da Lei n. 9.709/98 estabelece que nas questões de relevância nacional,
de competência do Poder Legislativo ou do Poder Executivo, e no caso do § 3.º do art. 18
da CF, o plebiscito e o referendo são convocados mediante decreto legislativo, por
proposta de 1/3, no mínimo, dos membros que compõem qualquer das Casas do
Congresso Nacional. Lembrar, por fim, que a competência de autorizar referendo e
convocar plebiscito, de acordo com o art. 49, XV, da CF/88, é exclusiva do Congresso
Nacional, materializada, como visto, por decreto legislativo.

A diferença está no momento da consulta:

a) no plebiscito, a consulta é prévia, sendo convocado com anterioridade ao ato


legislativo ou administrativo, cabendo ao povo, por meio do voto, aprovar ou denegar o
que lhe tenha sido submetido à apreciação. Ou seja, primeiro consulta -se o povo, para
depois, só então, a decisão política ser tomada, ficando o governante condicionado ao que
for deliberado pelo povo;

b) por outro lado, no referendum, primeiro se tem o ato legislativo ou


administrativo, para, só então, submetê -lo à apreciação do povo, que o ratifica (confirma)
ou o rejeita (afasta).
1.2.2 – PL DE INICIATIVA POPULAR e AÇÃO POPULAR

INICIATIVA POPULAR - Instrumento de participação popular, por intermédio


de um processo, de forma direta, no exercício do poder, dá -se por iniciativa popular,
que consiste, em âmbito federal, na apresentação de projeto de lei à Câmara dos
Deputados, subscrito por, no mínimo, 1% do eleitorado nacional, distribuído por,
pelo menos, cinco Estados, com não menos de 0,3% dos eleitores de cada um deles
(ver art. 61, § 2.º, da CF/88).
EX.: Lei de Crimes Hediondos (Caso Daniella Perez)

AÇÃO POPULAR – A ação popular é o remédio jurídico--processual posto à


disposição do cidadão para a tutela dos direitos difusos da coletividade, visando a
anular os atos lesivos ao patrimônio público ou de entidades de que o Estado participe, à
moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural.

1.2.3– TRIBUNAL DO JÚRI

O tribunal do júri é o instituto que aproxima o cidadão comum dos órgãos


julgadores e dá ao Conselho de Sentença o direito de representar a sociedade e
exercer a democracia por meio de decisões e julgamento de seus pares que cometem
crimes dolosos contra a vida (Homicídio, Infanticídio, Participação em Suicídio e
Automutilação e Crimes de Aborto).
1.2.4 – OUTROS INSTITUTOS DE DEMOCRACIA SEMIDIRETA OU
PARTICIPATIVA (não existentes na CRFB/88

→ RECALL: com a sua origem nos EUA, o recall seria um mecanismo de


revogação popular do mandato eletivo, como, por exemplo, em razão de não
cumprimento de promessas de campanha. José Afonso da Silva denomina “revogação
popular”, definindo -a como um “instituto de natureza política pelo qual os eleitores,
pela via eleitoral, podem revocar mandatos populares”;

→ VETO POPULAR: instrumento pelo qual o povo poderia vetar projetos de


lei, podendo arquivá-los, mesmo contra a vontade do parlamento. Segundo Agra, “a
diferença entre o veto popular e o plebiscito é que, naquele, o seu uso se restringiria a
projetos de leis que estivessem tramitando no Congresso Nacional, manifestando -se a
população contra a sua aprovação, e este se refere a qualquer propositura que a população
tenha interesse que passe a integrar o ordenamento jurídico, independentemente de sua
tramitação no Congresso Nacional”.

CASOS CONCRETOS NO BRASIL

2 REFERENDOS: Manutenção do Regime Parlamentarista (1963) - NÃO; e


Estatuto do Desarmamento (2005) - SIM.

1 PLEBSCITO (1993): escolha entre a forma política (República ou monarquia)


e sistema de governo (presidencialismo ou parlamentarista) – REPÚBLICA
PRESIDENCIALISTA.

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