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Direito Constitucional II

Professor: Dr. Igor Beltrão


Direitos Políticos
1. Formas de participação popular no regime
democrático
• O art. 14 da Constituição, quando menciona as modalidades de
exercício da soberania popular, refere-se, expressamente, apenas ao
plebiscito, ao referendo e à iniciativa popular;
• O direito brasileiro, porém, contempla outras formas de democracia
direta, o que amplia os direitos políticos dos cidadãos;
1. Formas de participação popular no regime
democrático
• Plebiscito e referendo
 Duas formas, além das eleições para cargos eletivos, pelas quais se
pode exercer o direito de sufrágio (art. 14, I e II);
 Plebiscito e referendo são consultas propostas ao povo acerca de
matérias relevantes, de natureza constitucional, legislativa ou
administrativa (art. 2º da Lei 9.709/98);
1. Formas de participação popular no regime
democrático
• Plebiscito e referendo
 Plebiscito: é a consulta convocada com anterioridade a ato legislativo ou
administrativo, cabendo ao povo, pelo voto, aprovar ou denegar o que lhe
tenha sido submetido (art. 2º, §1º, da Lei 9.709/98);
 Manifestação extraordinária e excepcional que exprime a decisão popular
sobre medidas de base ou de princípio, tais como a forma de Estado ou de
governo, modificação das formas políticas ou territoriais;
1. Formas de participação popular no regime
democrático
• Plebiscito e referendo
 Referendo: é a consulta convocada com posterioridade a atos legislativos
ou administrativos, a fim de que o povo decida ratifica-los ou rejeitá-los
(art. 2º, §2º, da Lei 9.709/98);
 Na forma do art. 11 da Lei 9.709/98, pode ser convocado no prazo de 30
dias contados a partir da promulgação da lei ou da adoção de medida
administrativa que se relacione de maneira direta com a consulta;
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democrático
• Plebiscito e referendo
 Referendo: são espécies de referendo: (a.1) constituinte: apreciação popular de
emenda constitucional, ou; (a.2) legislativo: apreciação de leis; (b.1) de efeito
constitutivo: quando aprova a medida legislativa, ou; (b.2) de efeito ab-rogativo:
quando rejeita; (c.1) obrigatório: quando a Constituição o exige, ou; (c.2)
facultativo: quando a Constituição permita a algum órgão a prerrogativa de
consulta; (d.1) ante legem: antes da edição da lei (prejudicado, no Brasil, pela Lei
9.709/98), ou; (d.2) post legem: após aprovação do projeto de lei;
1. Formas de participação popular no regime
democrático
• Plebiscito e referendo
 Convocação: tanto o plebiscito quanto o referendo são convocados
mediante decreto legislativo, por proposta de, no mínimo, um terço
dos membros da Câmara ou do Senado (Lei 9.709/98, art. 3º);
 A convocação implica a sustação dos projetos legislativos ou das
medidas administrativas cujas matérias constituam objeto da
consulta popular (art. 9º da Lei 9.709/98);
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• Plebiscito e referendo
 Procedimento: pela Lei 9.709/98, aprovada a convocação popular, o Presidente do
Congresso Nacional cientificará a Justiça Eleitoral (TSE, se a consulta for de interesse
nacional, ou os TREs, nos casos de competência dos estados, do Distrito Federal e dos
municípios), conforme previsão nas respectivas constituições estaduais ou leis
orgânicas);
 Em seguida, a Justiça Eleitoral: (a) fixará a data de realização da consulta; (b) tornará
pública a cédula de votação; (c) expedirá as instruções necessárias, e; (d) assegurará o
acesso e a divulgação dos postulados e opiniões acerca do objeto da consulta;
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democrático
• Plebiscito e referendo
 Quórum: o plebiscito ou referendo será considerado aprovado ou
rejeitado por maioria simples (Lei 9.709/98, art. 10);
1. Formas de participação popular no regime
democrático
• Iniciativa popular
 Poder conferido a uma parcela do eleitorado para propor direito novo, mediante a
apresentação de projetos de lei;
 Iniciativa popular no processo legislativo federal: em matéria de leis da competência da
União, a iniciativa popular é exercida perante a Câmara dos Deputados e está
condicionada à subscrição do projeto por, no mínimo, um por cento do eleitorado
nacional, distribuído por pelo menos cinco estados, com não menos de três décimos
por cento dos eleitores de cada um deles (art. 61, §2º, da CF, e art. 13 da Lei 9.709/98);
 A iniciativa popular só pode ser exercida quanto a projetos de lei ordinária ou
complementar (art. 61, caput, e §2º);
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democrático
• Iniciativa popular
 Iniciativa popular no processo legislativo estadual: quanto à iniciativa popular relativa às leis
estaduais, a Constituição só dispôs que a “lei” trataria do assunto (§4º do art. 27). Contudo, não
definiu se essa lei deva ser federal ou estadual;
 Iniciativa popular no processo legislativo municipal: a Constituição Federal prescreve que a lei
orgânica municipal deve cuidar da “iniciativa popular de projetos de lei de interesse específico do
município, da cidade ou de bairros, através de manifestação de, pelo menos, cinco por cento do
eleitorado” (art. 29, XIII);
 A expressão “cinco por cento do eleitorado” deve ser entendida como relacionada ao número
total de eleitores municipais, e não ao conjunto de eleitores do município, da cidade ou dos
bairros a que se referir o projeto;
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• Ação popular
 A legitimidade conferida ao “cidadão” para a propositura da ação
popular abre margem ao exercício direto de uma função fiscalizadora
que, via de regra, é exercida pelo Legislativo;
 Por isso, também representa mecanismo de participação popular
direta;
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• Tribunal do júri
 A função judicante desempenhada por cidadãos nos tribunais do júri deve ser
reconhecida como autêntico direito político;
 Na redação da Lei 11.689/2009, o CPP manteve a exigência de que os jurados
sejam “cidadãos” (maiores de 18 anos e com “notória idoneidade”), o que
pressupõe o gozo de direitos políticos;
 Ademais, os veredictos do conselho de sentença são manifestações soberanas de
jurisdição (art. 5º, XXXVIII, “c”), o que demonstra tratar-se de instituto da
democracia direta;
1. Formas de participação popular no regime
democrático
• Direito de organização e associação a partidos políticos:
 Outro dos direitos políticos diz respeito ao de as pessoas se
organizarem sob a forma de partidos políticos;
 Dispôs o constituinte ser livre a criação, fusão, incorporação e
extinção de partidos políticos, resguardados a soberania nacional, o
regime democrático, o pluripartidarismo, os direitos fundamentais da
pessoa humana e observados os seguintes preceitos:
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• Direito de organização e associação a partidos políticos:
 (a) caráter nacional dos partidos; (b) proibição de recebimento de recursos
financeiros de entidade ou governo estrangeiros ou de subordinação a
estes; (c) prestação de contas à justiça Eleitoral; e (d) funcionamento
parlamentar de acordo com a lei (art. 17, incisos I a IV);
 Também está vedada a utilização, pelos partidos políticos, de organização
paramilitar (§4º do art. 17);
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• Direito de organização e associação a partidos políticos:
 Ademais, diferentemente da Constituição anterior, o constituinte deu aos partidos
políticos a personalidade jurídica de direito privado, de forma a restringir interferências
do Poder Público;
 Diz a atual Constituição que os partidos políticos adquirem personalidade jurídica na
forma da lei civil, embora devam registrar seus estatutos no TSE (§2º do art. 17);
 Todavia, garantiram-se aos partidos políticos o direito a recursos do fundo partidário e o
acesso gratuito ao rádio e à televisão, na forma da lei (§3º do art. 17); Lei nº 9.096, de 19
de setembro de 1995 (Lei dos Partidos Políticos)

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