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DIREITO ELEITORAL:

 Conceito, objeto e princípios; Elegibilidade e inelegibilidade (art. 14


da CF);

Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e


pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos, e, nos
termos da lei, mediante:

- Justiça Eleitoral: estrutura, composição e competência; Alistamento Eleitoral;

O Direito Eleitoral é um conjunto de princípios e regras cujo escopo é


assegurar que a conquista do poder pelos grupos sociais seja efetuada
segundo o princípio democrático, resguardando a soberania popular, de forma
direta ou indireta.

Assim, estamos diante da disciplina que cuida do exercício do poder do povo


descrito no art. 1º, parágrafo único da Constituição
Federal, segundo o qual “todo o poder emana do povo,
que o exerce por meio de representantes eleitos ou
diretamente, nos termos desta Constituição”.

O Direito Eleitoral, precisamente, dedica-se ao estudo das normas e


procedimentos que organizam e disciplinam o funcionamento do poder de
sufrágio popular, de modo que se estabeleça a precisa adequação entre a
vontade do povo e a atividade governamental”. Neste sentido, a compreensão
da democracia participativa guarda nítida e estreita vinculação com o
aperfeiçoamento das normas de Direito Eleitoral.

Trata-se, portanto, de ramo autônomo do direito público interno, representado


pelo conjunto de princípios e regras que regulam os direitos, os deveres e as
relações do cidadão com a atividade governamental, tanto no plano ativo
(direito de votar) quanto no plano passivo (direito de ser eleito).

Vale ressaltar que é o Direito Constitucional a base jurídica originária do


Direito Eleitoral, o qual fornece os conceitos mais elementares da disciplina.
Quem pode ser candidato?

Qualquer cidadão pode pretender investidura em cargo eletivo, desde


que atenda às condições constitucionais e legais de elegibilidade e
incompatibilidade e não incida em quaisquer das causas de inelegibilidade.

Momento de aferição da elegibilidade


Na expressa dicção do texto legal, as condições de elegibilidade e as
causas de inelegibilidade devem ser aferidas no momento da formalização do
pedido de registro da candidatura, ressalvadas as alterações, fáticas ou
jurídicas, supervenientes ao registro que afastem a inelegibilidade.

Condições de elegibilidade
O Tribunal Superior Eleitoral adota o seguinte conceito de elegibilidade:
É a capacidade de ser eleito, a qualidade de uma pessoa que é elegível nas
condições permitidas pela legislação. A elegibilidade é, na restrita precisão
legal, o direito do cidadão de ser escolhido mediante votação direta ou indireta
para representante do povo ou da comunidade, segundo as condições
estabelecidas pela Constituição e pela legislação eleitoral

De acordo com a Constituição Federal de 1988, são condições de


elegibilidade:
I – a nacionalidade brasileira;
Nos termos do art. 12 da Constituição Federal, são privativos de
brasileiros natos os cargos de Presidente e Vice-Presidente da República, não
havendo ressalva quanto aos cargos em disputa neste pleito estadual, os quais
podem ser disputados por brasileiros naturalizados.

II – pleno exercício dos direitos políticos;


O nacional poderá exercer seus direitos políticos, em sua plenitude – se
não incorrer em nenhuma das hipóteses de perda ou suspensão previstas no
art. 15 da CF/88, quais sejam:
(i) cancelamento da naturalização por sentença transitada em julgado;
(ii) incapacidade civil absoluta;
(iii) condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem seus efeitos;
(iv) recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação alternativa, nos
termos do art. 5º, VIII; e
(v) improbidade administrativa, nos termos do art. 37, § 4º.

III – alistamento eleitoral;


Entende-se o alistamento eleitoral como a primeira fase do processo
eleitoral. Trata-se de procedimento administrativo cartorário e compreende dois
atos inconfundíveis: a qualificação e a inscrição do eleitor. A qualificação é a
prova de que o cidadão satisfaz as exigências legais para exercer o direito de
voto, enquanto que a inscrição faz com que o mesmo passe a integrar o
Cadastro Nacional de Eleitores da Justiça Eleitoral.
O ato de alistamento é feito por meio de processamento eletrônico e se
perfaz pelo preenchimento do requerimento de alistamento eleitoral (RAE), na
forma das resoluções aplicáveis do TSE (a principal é a Res. 21.538/03) e da
legislação eleitoral.
Através do alistamento o cidadão adquire seus direitos políticos,
tornando-se titular de direito político ativo (capacidade para votar) e
possibilitando sua elegibilidade e filiação partidária, após a expedição do
respectivo título eleitoral.

IV – domicílio eleitoral na circunscrição;


O Código Eleitoral, no
art. 42, parágrafo único, considera o domicílio eleitoral como “o lugar de
residência ou moradia do requerente, e, verificado ter o alistando mais de uma,
considerar-se-á domicílio qualquer delas”. O Código Civil, a seu turno,
conceitua domicílio da pessoa natural o lugar onde ela estabelece a sua
residência com ânimo definitivo (art. 70). Inexiste, pois, coincidência entre o
conceito de domicílio eleitoral e de domicílio civil.
Segundo interpretação do TSE, o domicílio eleitoral abarca não apenas
a residência ou moradia do eleitor, abrangendo, também, aquela localidade
com a qual o eleitor tenha uma vinculação específica, seja na forma de
exercício profissional (vínculo profissional), interesse patrimonial (vínculo
patrimonial), reconhecida notoriedade no meio social daquela comunidade
(vínculo social, político e afetivo).

V – filiação partidária deferida pelo partido;


No Brasil, o sistema eleitoral vigente não prevê possibilidade de
candidaturas avulsas, ou seja, desvinculadas de partido, de forma que apenas
podem concorrer aos cargos eletivos os filiados que tiverem sido escolhidos em
convenção partidária.
O Militar da ativa não pode ser filiado a partido político em razão de
vedação constitucional, motivo pelo qual essa condição de elegibilidade não lhe
é exigível, bastando o pedido de registro de candidatura, após prévia escolha
em convenção partidária. Esta exceção, contudo, não se aplica ao militar da
reserva, o qual deve observar normalmente a regra geral de filiação partidária.

VI – idade mínima;
Cargo Pleiteado Idade Mínima
Presidente e Vice-Presidente da República; 35 anos
Senador 35 anos
Governador e Vice-Governador de Estado e do Distrito Federal 30 anos
Deputado Federal e Estadual 21 anos

A idade mínima terá por referência a data da posse.

Causas de inelegibilidade
Além de preencher as condições de elegibilidade, para ter seu registro
deferido e, desta forma, possa ser validamente votado, o candidato deve,
ainda, não incorrer em nenhuma causa de inelegibilidade ou incompatibilidade.
A restrição da inelegibilidade ao exercício da capacidade eleitoral
passiva (direito de ser votado) pode ter origem:
a) em fatos pessoais;
b) em motivos funcionais;
c) na prática de determinadas condutas.
A previsão de causas de inelegibilidade visa proteger a probidade
administrativa, a moralidade para o exercício do mandato e a normalidade e
legitimidade das eleições contra a influência do poder econômico ou o abuso
do exercício de função, cargo ou emprego na administração direta ou indireta.
As inelegibilidades são de natureza constitucional (art. 14, §§ 4º ao 7º) e
infraconstitucional (previstas na Lei Complementar nº 64/90).
 Lei das Eleições (Lei no 9.504/97 com alterações):
Disposições Gerais (Art. 1o a 5o);
Art. 1º As eleições para presidente e vice-presidente da República,
governador e vice-governador de estado e do Distrito Federal, prefeito e vice-
prefeito, senador, deputado federal, deputado estadual, deputado distrital e
vereador dar-se-ão, em todo o país, no primeiro domingo de outubro do ano
respectivo.
Parágrafo único.
Serão realizadas simultaneamente as eleições:
I – para presidente e vice-presidente da República, governador e vice-
governador de estado e do Distrito Federal, senador, deputado federal,
deputado estadual e deputado distrital;
II – para prefeito, vice-prefeito e vereador.

Art. 2º Será considerado eleito o candidato a presidente ou a governador que


obtiver a maioria absoluta de votos, não computados os em branco e os nulos.
§ 1º Se nenhum candidato alcançar maioria absoluta na primeira votação, far-
se-á nova eleição no último domingo de outubro, concorrendo os dois
candidatos mais votados, e considerando-se eleito o que obtiver a maioria dos
votos válidos.
§ 2º Se, antes de realizado o segundo turno, ocorrer morte, desistência ou
impedimento legal de candidato, convocar-se-á, dentre os remanescentes, o de
maior votação.
§ 3º Se, na hipótese dos parágrafos anteriores, remanescer em segundo lugar
mais de um candidato com a mesma votação, qualificar-se-á o mais idoso.
§ 4º A eleição do presidente importará a do candidato a vice-presidente com
ele registrado, o mesmo se aplicando à eleição de governador.

Art. 3º Será considerado eleito prefeito o candidato que obtiver a maioria dos
votos, não computados os em branco e os nulos.
§ 1º A eleição do prefeito importará a do candidato a vice-prefeito com ele
registrado.
§ 2º Nos municípios com mais de duzentos mil eleitores, aplicar-se-ão as
regras estabelecidas nos §§ 1º a 3º do artigo anterior.
Art. 4º Poderá participar das eleições o partido que, até seis meses antes do
pleito, tenha registrado seu estatuto no Tribunal Superior Eleitoral, conforme o
disposto em lei, e tenha, até a data da convenção, órgão de direção constituído
na circunscrição, de acordo com o respectivo estatuto.
Art. 4º com redação dada pelo art. 1º da Lei nº 13.488/2017.
Art. 5º Nas eleições proporcionais, contam-se como válidos apenas os votos
dados a candidatos regularmente inscritos e às legendas partidárias.
Das Coligações (Art. 6o),
Propaganda Eleitoral (Art. 36 a 57-I),
Condutas vedadas aos Agentes Públicos em campanhas eleitorais (Art.
73 a 78).

 Lei dos Partidos Políticos (Lei no 9.096/95 com alterações):

Disposições Preliminares (Art. 1o a 7o),


Filiação Partidária (Art. 16 a 22),
Da Fidelidade e da Disciplina Partidárias (Art. 23 a 26),

Art. 23. A responsabilidade por violação dos deveres partidários deve ser apurada e
punida pelo competente órgão, naconformidade do que disponha o estatuto de cada
partido.
§ 1º Filiado algum pode sofrer medida disciplinar ou punição por conduta que não
esteja tipificada no estatuto do partidopolítico.
§ 2º Ao acusado é assegurado amplo direito de defesa.
Art. 24. Na Casa Legislativa, o integrante da bancada de partido deve subordinar sua
ação parlamentar aos princípiosdoutrinários e programáticos e às diretrizes
estabelecidas pelos órgãos de direção partidários, na forma do estatuto.
Art. 25. O estatuto do partido poderá estabelecer, além das medidas disciplinares
básicas de caráter partidário, normas sobrepenalidades, inclusive com desligamento
temporário da bancada, suspensão do direito de voto nas reuniões internas ou
perdade todas as prerrogativas, cargos e funções que exerça em decorrência da
representação e da proporção partidária, narespectiva Casa Legislativa, ao
parlamentar que se opuser, pela atitude ou pelo voto, às diretrizes legitimamente
estabelecidaspelos órgãos partidários.
Art. 26. Perde automaticamente a função ou cargo que exerça, na respectiva Casa
Legislativa, em virtude da proporçãopartidária, o parlamentar que deixar o partido sob
cuja legenda tenha sido eleito.

Propaganda Partidária (Art. 45 a 49).

‘Art. 50-E. As emissoras de rádio e de televisão terão direito a compensação


fiscal pela cessão do horário gratuito previsto nesta Lei, em conformidade com os
critérios estabelecidos no art. 99 da Lei nº 9.504, de 30 de setembro de 1997.

§ 1º A compensação fiscal à qual as emissoras de rádio e de televisão farão jus


deverá ser calculada com base na média do faturamento dos comerciais dos
anunciantes do horário compreendido entre as 19h30 (dezenove horas e trinta
minutos) e as 22h30 (vinte e duas horas e trinta minutos).

§ 2º A emissora de rádio ou de televisão que não exibir as inserções partidárias


nos termos desta Lei perderá o direito à compensação fiscal e ficará obrigada a
ressarcir o partido político lesado mediante a exibição de inserções por igual tempo,
nos termos definidos em decisão judicial.’

Ações e recursos eleitorais.

 Lei no 4.737/1965 (Código Eleitoral) e alterações posteriores.

- Organização da Justiça Eleitoral: composição e competências.


A Justiça Eleitoral é um órgão de jurisdição especializada que integra o
Poder Judiciário2 e cuida da organização do processo eleitoral (alistamento
eleitoral, votação, apuração dos votos, diplomação dos eleitos, etc.). Logo,
trabalha para garantir o respeito à soberania popular e à cidadania.
Para que esses fundamentos constitucionais – previstos no art. 1º da
CF/1988 – sejam devidamente assegurados, são distribuídas competências e
funções entre os órgãos que formam a Justiça Eleitoral. Aliás, são eles: o
Tribunal Superior Eleitoral, os tribunais regionais eleitorais, os juízes eleitorais
e as juntas eleitorais.
O Tribunal Superior Eleitoral é composto de, no mínimo, sete
membros, sendo eles: três ministros do Supremo Tribunal Federal (STF); dois
ministros do Superior Tribunal de Justiça (STJ); e dois ministros dentre
advogados indicados pelo STF e nomeados pelo presidente da República (art.
119 da CF/1988).
Algumas de suas principais competências são3: (i) processar e julgar
originariamente o registro e a cassação de registro de partidos políticos, dos
seus diretórios nacionais e de candidatos à Presidência e Vice-Presidência da
República; (ii) julgar recurso especial e recurso ordinário interpostos contra
decisões dos tribunais regionais; (iii) aprovar a divisão dos estados em zonas
eleitorais ou a criação de novas zonas; (iv) requisitar a força federal necessária
ao cumprimento da lei, de suas próprias decisões ou das decisões dos
tribunais regionais que a solicitarem, e para garantir a votação e a apuração; e
(v) tomar quaisquer outras providências que julgar convenientes à execução da
legislação eleitoral.
Já os tribunais regionais eleitorais estão distribuídos nas capitais de
cada estado e no Distrito Federal (ex.: TRE-GO, TRE-AL, TRE-DF, etc.) e são
compostos, cada um, de sete juízes: dois juízes dentre os desembargadores do
Tribunal de Justiça (TJ) do respectivo estado; dois juízes, dentre juízes de
direito, escolhidos pelo TJ; um juiz do Tribunal Regional Federal (TRF) com
sede na capital, ou, não havendo, de um juiz federal; e dois juízes nomeados
pelo presidente da República dentre seis advogados de notável saber jurídico e
idoneidade moral, indicados pelo Tribunal de Justiça (art. 120 da CF/1988).
Suas competências4 compreendem ações como:
(i) processar e julgar originariamente o registro e o cancelamento do
registro dos diretórios estaduais e municipais de partidos políticos,
bem como de candidatos a governador, vice-governadores e
membro do Congresso Nacional e das assembleias legislativas;
(ii) (ii) julgar recursos interpostos contra atos e decisões proferidas
pelos juízes e juntas eleitorais;
(iii) (iii) constituir as juntas eleitorais e designar a respectiva sede e
jurisdição; e
(iv) (iv) requisitar a força necessária ao cumprimento de suas
decisões e solicitar ao Tribunal Superior a requisição de força
federal.

Os juízes eleitorais, por sua vez, são os juízes de Direito de primeiro grau de
jurisdição integrantes da Justiça Estadual e do Distrito Federal (art. 32 do
Código Eleitoral), sendo algumas de suas atribuições5: (i) processar e julgar os
crimes eleitorais e os comuns, exceto o que for da competência originária do
Tribunal Superior Eleitoral e dos tribunais regionais eleitorais; (ii) expedir títulos
eleitorais e conceder transferência de eleitor; e (iii) tomar todas as providências
ao seu alcance para evitar os atos ilícitos das eleições.
Finalmente, as juntas eleitorais são compostas de um juiz de Direito –
que será o presidente da junta eleitoral – e de dois ou quatro cidadãos de
notória idoneidade (art. 36 do Código Eleitoral; e art. 11, § 2º, da LC nº
35/1979), aos quais compete6, por exemplo, resolver as impugnações e
demais incidentes verificados durante os trabalhos da contagem e da
apuração, bem como expedir diploma aos candidatos eleitos para cargos
municipais.
Descritas as composições e as competências dos órgãos da Justiça
Eleitoral, nota-se que esta funciona em uma dinâmica diferenciada de modo a
permitir, por exemplo, que, em sua esfera, atuem magistrados de outros
tribunais, tais como do STF, do STJ e da Justiça Comum Estadual,
evidenciando, assim, a ausência de uma magistratura própria, organizada em
carreira.
Além disso, outras peculiaridades dessa justiça especializada podem ser
observadas quando se descrevem algumas de suas funções. Aliás, a Justiça
Eleitoral desempenha outros papéis nos limites de sua atuação – afora as
funções administrativa e jurisdicional – a saber, funções normativa e consultiva.
Primeiramente, ainda a respeito da função administrativa, o juiz eleitoral
administra todo o processo eleitoral, independentemente de que um conflito de
interesses lhe seja submetido para solução, mesmo porque está investido do
poder de polícia, que é a “atividade da administração pública que, limitando ou
disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a prática de ato ou
abstenção de fato, em razão de interesse público concernente [...]”, por
exemplo, à segurança, à ordem, aos costumes, à tranquilidade pública (art. 78
do Código Tributário).
Alguns exemplos do exercício da função administrativa são: alistamento
eleitoral, transferência de domicílio eleitoral e medidas para impedir a prática
de propaganda eleitoral irregular.
De outra parte, ao exercer a função jurisdicional, atuará na solução de
conflitos sempre que provocada judicialmente para aplicar o Direito. Isso
acontecerá em situações tais como ajuizamento de ação de investigação
judicial eleitoral(AIJE),ação de impugnação de mandato eletivo(AIME), ação de
impugnação de registro de candidatura(AIRC) e nas representações por
propaganda eleitoral irregular.

Outra função atribuída à Justiça Eleitoral – e que lhe confere um caráter


peculiar – é a normativa, descrita no art. 1º, parágrafo único e art. 23, IX,
ambos do Código Eleitoral e que lhe permite – por meio de resoluções7 –
expedir instruções para a execução das leis eleitorais, entre elas o Código
Eleitoral. O conteúdo inserido nessas normas tem o propósito de regulamentar
as matérias de competência do órgão colegiado que as instituiu, criando
situações gerais e abstratas.
Podemos citar, como exemplo, instruções criadas para auxiliar a
execução de leis no ano das eleições, tal como a Res.-TSE nº 23.376/2012,
que dispõe sobre a arrecadação e os gastos de recursos por partidos políticos,
candidatos e comitês financeiros e, ainda, sobre a prestação de contas nas
eleições de 2012.
Finalmente, a função consultiva8 permite o pronunciamento dessa
Justiça especializada – sem caráter de decisão judicial – a respeito de
questões que lhe são apresentadas em tese, ou seja, de situações abstratas e
impessoais. Pode-se dizer que também é uma função de caráter particular da
Justiça Eleitoral, haja vista que o Poder Judiciário não é, por natureza, órgão
de consulta.
Conclui-se que a Justiça Eleitoral tem ampla atuação descrita em lei, o
que permite, de fato, sejam preservadas a ordem e a lisura do processo
eleitoral, e, assim, assegurados os fundamentos constitucionais da soberania
popular e da cidadania.
- Ministério Público Eleitoral: atribuições.
Ministério Público, segundo o art. 127 da Constituição, é instituição
permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a
defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e
individuais indisponíveis, e tem como princípios institucionais a unidade, a
indivisibilidade e a independência funcional.
Na Justiça Eleitoral atua por meio do procurador-geral da República, que
exerce o cargo do procurador-geral eleitoral no TSE, onde lhe compete assistir
às sessões e tomar parte nas discussões, manifestando-se, por escrito ou
oralmente, quando for solicitado ou quando entender necessário, em todos os
assuntos submetidos à deliberação do Tribunal.
Além de exercer a ação pública e promovê-la até o final, deve oficiar em
todos os recursos encaminhados ao TSE, defender sua jurisdição, representar
ao Tribunal sobre a fiel observância das leis eleitorais e expedir instruções aos
órgãos do Ministério Público junto aos tribunais regionais.
Junto a cada Tribunal Regional Eleitoral, o procurador da República do
respectivo estado servirá como procurador regional; e aos juízes e juntas
eleitorais, os promotores eleitorais.

- Alistamento eleitoral.

Obrigatório Facultativo Proibido


entre 18 e 70 anos - maiores de 16 e menores de 18 anos* para estrangeiros(as) e conscritos
- analfabetos(as)
- maiores de 70 anos
Alistamento - 1º Título

*Jovens a partir de 15 anos completos também podem se alistar, no entanto,


somente poderão votar se já tiverem completado 16 anos na data do primeiro
turno .

- Domicílio eleitoral.
O domicílio é juridicamente relevante, pois é com base nele que os
indivíduos exercerão alguns de seus direitos. Como exemplo de sua
importância, pode-se dizer que é nesse local que o cidadão centraliza seus
negócios, responde aos processos civis e, a depender do caso, saberá perante
qual juiz responderá criminalmente. Percebe-se, então, que o conceito de
domicílio é de grande influência tanto para o Direito Civil quanto para o Direito
Penal. Porém, não menos importante, será, também, de grande valia para o
Direito Eleitoral.
Entretanto, curiosamente, o conceito de domicílio para o Direito Eleitoral
não coincide com o de domicílio para o Direito Civil. Um é mais abrangente que
o outro, a saber: o eleitoral é mais amplo. Imagina-se, no sentimento popular,
que seriam coincidentes, mas não são. Essa diferenciação traz consigo uma
série de consequências benéficas aos eleitores e aos candidatos, pois permite
uma maleabilidade que não seria possível caso a legislação eleitoral se
mantivesse irredutível ao conceito de domicílio civil.
Entre outras finalidades, o domicílio eleitoral serve para organizar todo o
conjunto de eleitores (o eleitorado), o que permite à Justiça Eleitoral organizar
as eleições em todo o país. Nesse sentido, o domicílio civil demonstrou-se
rígido demais para suprir as necessidades dos cidadãos, o que originou a
necessidade de mudanças para atender às finalidades eleitorais.
Dessa forma, partindo do conceito civil de domicílio, tem-se a finalidade
de revelar o que é domicílio para o Direito Eleitoral e de detalhar as
consequências práticas disso, alertando-se, inclusive, para a necessidade do
recadastramento biométrico iniciado pela Justiça Eleitoral, momento em que o
domicílio eleitoral precisará ser comprovado por todos os eleitores, ao
procederem ao recadastro (arts. 7º e 8º da Res.-TSE nº 23.335/2011).
O domicílio civil, para ser caracterizado, leva em conta dois requisitos:
um objetivo e outro subjetivo. O primeiro diz respeito a circunstâncias que não
são influenciadas pela vontade do indivíduo. Trata-se apenas do lugar
propriamente dito, ou seja, é o local físico, a residência. O segundo requisito –
subjetivo – envolve a vontade de permanecer de modo definitivo naquele lugar
objetivamente indicado. Logo, é totalmente dependente da vontade, motivo
pelo qual é chamado de subjetivo. Portanto, para que haja o domicílio civil,
juntam-se o lugar com a vontade de permanecer definitivamente nele. Essa
vontade é o elemento essencial e decisivo para caracterizar o domicílio civil.
De modo diverso ocorre no Direito Eleitoral, visto que há requisitos
menos rigorosos. Na verdade, a necessidade de um vínculo subjetivo foi
trocada pela necessidade de um vínculo especial. Veja que, com requisitos
mais suaves, a probabilidade de escolher um domicílio é maior, pois, quando
não se exige o vínculo subjetivo, pode acontecer de a mesma pessoa ter mais
de um possível domicílio, posto que esse vínculo é o ânimo definitivo e
manifesto de centralizar a vida, as necessidades e os negócios em um lugar.
Em outras palavras, não é necessária a vontade de centralizar a vida em
determinado lugar para considerá-lo um domicílio eleitoral. Basta o requisito
objetivo conjugado com o vínculo especial.
Assim, o requisito objetivo, quando desligado do vínculo especial, não
satisfaz os requisitos caracterizadores do domicílio eleitoral, porque “A simples
comprovação fática objetiva da residência (casa, apartamento etc.) não
preenche o sentido da norma legal.”2. Logo, são aspectos complementares.
Na sequência, esse vínculo especial pode surgir por inúmeros motivos
que não sejam, exclusivamente, a vontade de morar. Essa vinculação especial
surge a partir de um elo, seja ele familiar, social, afetivo, comunitário,
patrimonial, negocial, econômico, profissional ou político com o lugar. Nesse
contexto, ainda que os eleitores ou candidatos não morem efetivamente no
local, eles poderão votar e se candidatar, desde que comprovem algum dos
vínculos citados acima. Observe o seguinte julgado do Tribunal Superior
Eleitoral (TSE): “A circunstância de o eleitor residir em determinado município
não constitui obstáculo a que se candidate em outra localidade onde é inscrito
e com a qual mantém vínculos (negócios, propriedades, atividades políticas)”3.
O tema, portanto, não é motivo de controvérsias.
A jurisprudência tem sido bastante flexível ao considerar quais
elementos podem vincular eleitoralmente o cidadão, veja: “Para o Código
Eleitoral, domicílio é o lugar em que a pessoa mantém vínculos políticos,
sociais e econômicos.”4, “Admite-se o domicílio eleitoral em localidade onde o
eleitor mantenha vínculo patrimonial.”5, “Provada a filiação, além de outros
vínculos com o município, é de se deferir a inscrição do eleitor no município
onde tem domicílio seu genitor.”6 e “Não se pode negar tais vínculos políticos,
sociais e afetivos do candidato com o município no qual, nas eleições
imediatamente anteriores, teve ele mais da metade dos votos para o posto pelo
qual disputava.”7
Enfim, verifica-se possível ter domicílio eleitoral em local diverso do qual
efetivamente reside, por exemplo, onde se encontrem membros da família
(familiar), onde se promovam projetos beneficentes (social ou comunitário),
onde seja proprietário de empresa ou de investimentos relevantes (patrimonial,
negocial ou econômico), onde exerça advocacia, consultoria ou mantenha
contrato de trabalho (profissional), onde já tenha sido candidato ou tenha
participado de atividade política (político) etc.
Entretanto, antes de prosseguir com a matéria, faz-se necessária a seguinte
advertência: não se confunda a possibilidade de escolha entre mais de uma
opção para domicílio eleitoral com a possibilidade de ter dois ou mais
domicílios eleitorais. A primeira afirmativa é verdadeira; a segunda, não. Ou
seja, pelo fato de o conceito eleitoral ser mais amplo, um local que não
cumprirá os requisitos para ser um domicílio civil talvez possa ser um domicílio
eleitoral. Desse modo, diante de várias possibilidades, o eleitor deverá escolher
um, e apenas um, domicílio eleitoral, ainda que ele não coincida com o
domicílio civil. Essa é a amplitude do conceito quando se fala em Direito
Eleitoral. Portanto, não se diga que, por ter várias possibilidades, o eleitor terá
vários domicílios.
Para finalizar o conceito, une-se o parágrafo único do art. 42 do Código
Eleitoral, “[...] é domicílio eleitoral o lugar de residência ou moradia do
requerente, e, verificado ter o alistando mais de uma, considerar-se-á domicílio
qualquer delas.”, ao seguinte acórdão do TSE: “O conceito de domicílio
eleitoral não se confunde com o de domicílio do direito comum, regido pelo
Direito Civil. Mais flexível e elástico, identifica-se com a residência e o lugar
onde o interessado tem vínculos políticos e sociais.”8, o que confirma os
apontamentos acima.
Delimitado o conceito, passa-se à análise da importância de um domicílio
eleitoral. Nesse momento, é comum surgir a seguinte indagação: qual a
necessidade de ter um domicílio eleitoral, visto que já temos o domicílio civil?
Ora, o tema interessa a todos os participantes do processo eleitoral9, tanto aos
eleitores quanto aos candidatos e à Justiça Eleitoral, e sua importância é
peculiar às necessidades de cada um deles.
Primeiramente, o domicílio eleitoral é de interesse dos eleitores, pois é nele
que exercerão o direito de votar. Perceba que é perfeitamente possível alguém
querer votar em local diverso de onde efetivamente more, por qualquer
daqueles motivos capazes de manter o vínculo especial. A moradia em
determinado lugar não significa o rompimento total dos vínculos com a antiga
residência, que, aliás, podem ser mais fortes que o novo vínculo. Imagine, por
exemplo, o caso de alguém que se mude apenas para cursar nível superior ou
para trabalhar temporariamente. Os vínculos com sua origem não são desfeitos
e, às vezes, podem até ser bem mais robustos que o motivo da mudança.
Portanto, a rigidez do domicílio civil talvez pudesse entrar em conflito com a
liberdade de exercer o voto onde o eleitor tenha algum dos vínculos
mencionados nos parágrafos anteriores.
Por outro lado, da mesma maneira que não se pode tolher a vontade do eleitor
que deseje votar onde mantenha vínculos, não se pode impedir o futuro
candidato de lançar sua campanha nesses lugares. Os motivos são os
mesmos. Se o desejo de votar pode ser influenciado por tais vínculos, quanto
mais em relação à candidatura. Um projeto social, uma disputa eleitoral anterior
ou o exercício de uma profissão de extrema relevância social podem ser
fatores decisivos para o sucesso de uma candidatura, portanto, seria injusto
impossibilitar ao cidadão o direito de candidatar-se nesses lugares. Por
consequência, o domicílio eleitoral é de grande importância para os candidatos.
À Justiça Eleitoral também interessa o assunto, pois é por meio do domicílio
eleitoral que ela organizará todas as eleições. É com base nesse cadastro que
se separa quem é eleitor de quem será candidato, como também se organizam
os colégios eleitorais. De posse de todos esses dados, é possível gerir eleições
nacionais em um país continental como o nosso.
E, apenas a título de esclarecimento, acrescenta-se a informação de que os
documentos aceitos para comprovarem o domicílio eleitoral estão dispostos no
art. 65 da Res.-TSE nº 21.538/2003, entre eles: contas de luz, água ou
telefone, nota fiscal ou envelopes de correspondência. Resumidamente, esse
artigo define o procedimento para comprovar o domicílio e as medidas que o
juiz eleitoral pode utilizar para se certificar da veracidade das informações
prestadas pelo cidadão.
Finalizando, estas são as justificativas de o conceito de domicílio ser mais
abrangente para o Direito Eleitoral: permitir que os eleitores votem onde
tenham vínculos reais, ainda que não sejam no município de sua moradia;
eliminar possíveis injustiças a quem queira lançar candidatura em local diverso
de onde mora, mas que a ele esteja vinculado; e viabilizar a organização das
eleições.

 Crimes eleitorais.
“Os crimes eleitorais são infrações que atentam contra bens jurídicos eleitorais.
O objetivo da tipificação penal é zelar por bens relevantes, como a
autenticidade do processo eleitoral, o funcionamento do serviço eleitoral, a
liberdade eleitoral e os padrões éticos ou igualitários nas atividades eleitorais”

1. Boca de urna (art. 39, § 5°, da Lei n. 9.504/97)


2. Calúnia eleitoral (art. 324, § 1°, do Código Eleitoral)
3. Compra de votos (art. 299 do Código Eleitoral)
4. Derramamento de santinhos (art. 39, §5°, inc. III, da Lei n. 9.504/97)
5. Difamação eleitoral (art. 325 do Código Eleitoral)
6. Divulgação de fatos inverídicos (art. 323 do Código Eleitoral)
7. Falsidade ideológica eleitoral/ caixa 2 (art. 350 do Código Eleitoral)
8. Injúria eleitoral (art. 326 do Código Eleitoral)
9. Promover desordem prejudicando trabalhos eleitorais (art. 296 do Código
Eleitoral)
10. Propaganda eleitoral – uso de frases e slogans de governo ( art. 40 da Lei
n. 9.504/97)
11. Transporte de eleitores ( art. 11, inc. III, c/c art. 5º, ambos da Lei n.
6.091/74)
12. Inscrever-se fraudulentamente eleitor: Art. 289.
Pena – reclusão até 5 anos e pagamento de 5 a 15 dias-multa.
 Princípios do Direito Eleitoral

1 Princípio da lisura das eleições:


Lisura, em sentido meramente semântico, está ligada à idéia de honestidade,
franqueza. No que concerne ao Direito Eleitoral, o princípio da lisura tem por
escopo preservar a intangibilidade dos votos e igualdade dos candidatos
perante a lei eleitoral. Protege o processo eleitoral, no sentido de combater
abusos, fraude e corrupção.
Veja art. 23 da Lei Complementar 64/90.

2 Princípio do aproveitamento do voto:


Semelhante ao princípio in dubio pro reu, noDireito Eleitoral adota-se o
princípio in dubio pro voto, de modo a preservar a soberania popular, a
apuração dos votos e a diplomação dos eleitos.

3 Princípio da celeridade:
Impõe que as decisões eleitorais sejam imediatas, evitando-se ultrapassar a
fase da diplomação. No mesmo sentido, o cumprimento das decisões eleitorais
deve ser imediato.
Veja art. 257, parágrafo único do Código Eleitoral.

4 Princípio da devolutividade dos recursos:


Preserva os efeitos das decisões proferidas pela Justiça Eleitoral, de modo que
os recursos não suspendam seus efeitos.
Veja os arts. 216 e 257 do Código Eleitoral e a Resolução 21635/04.
5 Princípio da preclusão instantânea:
Este princípio é uma decorrência da celeridade, consubstancia-se numa série
de regras que visam dar sequencia ao processo eleitoral.
Veja os arts. 147, § 1º, 149 e 223, todos do Código Eleitoral.

6 Princípio da anualidade:
O princípio da anualidade está previsto no art. 16 da CRFB/88 e visa preservar
o processo eleitoral de mudanças casuística que possam, de alguma forma,
confundir o eleitor, deformando o resultado das eleições.

7 Princípio da responsabilidade solidária:


Impõe a solidariedade entre os candidatos e partidos políticos por atos
praticados na propaganda eleitoral e nas despesas de campanha.
Veja o art. 17, 24 e 38 da Lei 9504/97.

8 Princípio da irrecorribilidade das decisões:


O princípio veda a interposição de recursos contra as decisões do Tribunal
Superior Eleitoral.
Veja art. 281 e 121 § 3º da CRFB/88.

9 Princípio da moralidade
É um corolário do regime democrático. Tem por escopo preservar a confiança
do eleitor no candidato, bem como a capacidade para exercer de forma proba o
mandato eletivo. Está previsto no art. 14 § 9º da CRFB/88, e regulamentado
pela LC 64/90 alterada pela LC 135/10.

 Fontes do Direito Eleitoral


Fontes Diretas Há, ainda, uma outra classificação, que divide as fontes do
Direito Eleitoral em diretas e indiretas.
Assim, são consideradas fontes diretas aquelas que, de forma principal,
inovam na ordem jurídica e criam novas normas jurídicas em Direito Eleitoral.
Essa é a razão pela qual as fontes diretas também são denominadas de fontes
primárias.
São exemplos de fontes diretas:
a) Constituição Federal;
b) Lei das Eleições;
c) Código Eleitoral;
d) Lei das Inelegibilidades;
e) Lei n. 6.091/1974.
Fontes Indiretas São as fontes que, de forma subsidiária (não diretamente),
tratam de Direito Eleitoral ou, ainda, aquelas que não podem inovar na ordem
jurídica. São exemplos de fontes indiretas:
a) Código Penal;
b) Código Civil;
c) Código de Processo Civil;
d) Resoluções do TSE – essas fontes não podem inovar na ordem jurídica,
mas apenas regulamentar a aplicação da lei eleitoral.
as fontes do Direito Eleitoral, que são: a Constituição Federal, o Código
Eleitoral, a Lei das Eleições, a Lei das Inelegibilidades, a Lei Orgânica dos
Partidos Políticos, as consultas, as resoluções do TSE e as demais citadas
anteriormente: a jurisprudência, os costumes, a doutrina, os princípios gerais
de Direito e a equidade.

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