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Direito Eleitoral

- Direitos Políticos
 Conceito
Os direitos políticos correspondem a prerrogativas reconhecidas a
todos os cidadãos, no sentido de exercerem parcela de influência na
condução do Estado. Por isso, são também conhecidos como
“direitos de participação”, “direitos cívicos”, “direitos de cidadania”.
Em sentido “lato”, os direitos políticos englobam os direitos de
opinião, oposição, associação, reunião, petição, fiscalização,
participação, etc. Era esse o significado assimilado por Pimenta
Bueno (constitucionalista no Brasil Imperial), quando dizia serem
os direitos políticos os direitos cívicos “que asseguram o cidadão
ativo a participar na formação ou exercício da autoridade nacional,
a exercer o direito de vontade, (...) a ocupar cargos políticos e a
manifestar suas opiniões sobre o governo do Estado”.
O Direito Eleitoral, todavia, encara os direitos políticos sob uma
ótica estrita, que os prende às faculdades de eleger e ser eleito, isto
é, de conduzir ou nomear os condutores do Estado. São, nessa linha,
“poder que possui o nacional de participar ativa e passivamente da
estrutura governamental “.
Como visto, são diversas as formas de manifestação dos direitos
políticos. Não se nega, entretanto, que sua emanação mais clara e
recorrente encontra-se nos atos de votar e ser votado, daí dizer-se
que o sufrágio, alicerce do regime democrático, é o direito político
por excelência.

 Espécies de Direitos Políticos


- Direitos Políticos Ativos
Os direitos políticos ativos relacionam-se com a denominada
capacidade eleitoral ativa, que nada mais é do que a aptidão
jurídica para participar de maneira ativa nos processos de decisão

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política. Posto de modo mais simples, os direitos políticos ativos
consistem no direito de votar, elegendo representantes.
Apesar da opção constitucional pelo voto universal, a capacidade
eleitoral ativa não é aberta a toda população. Com efeito, sua
obtenção demanda o preenchimento de certos requisitos: (a) a
condição de nacional, nato ou naturalizado, ou ainda, de português
equiparado; (b) a idade mínima de 16 anos; e (c) a inexistência de
causa de restrição de direitos políticos – hipóteses de suspensão e
perda, além da situação de conscrição (arts. 12, § 4º , 14, § § 1º e 2º ,
e 15, CF).
O indivíduo que cumpre as condições acima encontra-se apto à
aquisição de seus direitos políticos ativos, devendo, para tanto,
proceder ao seu alistamento. Por isso é que, em doutrina, a
capacidade eleitoral ativa é também conhecida pelo termo de
alistabilidade.

 Requisitos:
a). Condição de nacional (nato
ou naturalizado);
b). Idade mínima de 16 anos;
c). Inexistência de causas de
restrição de direitos políticos.
- Direitos Políticos Passivo
De outro lado, os direitos políticos passivos, referem-se à capacidade
eleitoral passiva, a qual, existindo, autoriza que o cidadão submeta-
se ao crivo do eleitorado, no intento de conquistar um cargo eletivo.
Ou seja, os direitos políticos passivos correspondem à aptidão
jurídica para lançamento de candidaturas e o posterior
recebimento de votos.

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O direito de ser votado se perfaz com o preenchimento, pelo
candidato, de todas as condições de elegibilidade para o cargo que
pleiteia, aliado à não incidência de direitos políticos negativos.

 Condiçõ es de elegibilidade:
A elegibilidade consiste no direito de postular a designação pelos
eleitores de um mandato político no Legislativo ou no Executivo.
Refere-se, portanto, à denominada capacidade eleitoral passiva,
status jurídico adquirido mediante o cumprimento de exigências
previstas no ordenamento eleitoral. Não é difícil notar, assim, que
elegibilidade e direitos políticos passivos constituem conceitos
sinônimos.

a). Nacionalidade brasileira;


b). Pleno exercício dos direitos
políticos;
c). Alistamento eleitoral;
d). Domicílio eleitoral na
circunscrição;
e). Filiação partidária;
f). Idade mínima.
 Momento de aferiçã o das
condiçõ es de elegibilidade.
Para participar do processo eletivo, deve o candidato reunir as
condições de elegibilidade. Sabendo, porém, que o dito processo se

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expande no tempo, há que se investigar em qual de suas fases devem
aquelas ter existência. Em outras palavras: qual é o marco temporal
para seu exame?
No que toca à idade mínima, não existe dúvida: o momento de
aferição tem por referência a data da posse, exceto quando fixada
em 18 anos, caso em que será aferida na data-limite para o registro
de candidatura (art. 11, § 2º , da Lei Eleitoral, com redação dada
pela Lei n. 13.165|2015).
Gozam de certeza, também, as questões relativas ao prazo de seis
meses de filiação partidária e de seis meses de domicilio eleitoral,
que tem como alvo a data da eleição.
O marco de aferição – salvo para idade mínima, domicilio eleitoral e
filiação – é, em regra, o momento da apresentação do registro.
Admite-se, entretanto, uma exceção consistente na superveniência
de modificações de fato ou de direito que exclua causa de
inelegibilidade.

- Direitos Políticos Negativos


Os direitos políticos negativos traduzem-se em formulações
constitucionais restritivas e impeditivas das atividades político-
partidárias, privando o cidadão do exercício de seus direitos
políticos, bem como impedindo-o de eleger um candidato
(capacidade eleitoral ativa) ou de ser eleito (capacidade eleitoral
passiva). Os direitos políticos negativos constituem um gênero, do
qual são espécies as causas de : (a) perda de direitos políticos; (b)
suspensão de direitos políticos; e (c) inelegibilidade.

 Perda e suspensã o dos


direitos políticos:
A Carta Política, autoriza que, em casos excepcionais, privem-se os
cidadãos de seus direitos políticos, de maneira temporária ou

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definitiva. Tais casos revelam, respectivamente, as hipóteses de
suspensão e perda de direitos políticos, previstos no art. 15 da CF.
No sentido literal, privar é tirar ou subtrair algo de alguém, que fica
destituído ou despojado do bem subtraído. O bem em questão são os
direitos políticos.

a). Cancelamento de
naturalização;
b). Incapacidade civil absoluta;
c). Condenação criminal
transitada em julgado;
d). Recusa de cumprir
obrigação a todos imposta;
e). Improbidade Administrativa.

 Inelegibilidade:
A inelegibilidade consiste na existência de causas
negativas que restringem o direito de exercer a
capacidade eleitoral passiva, isto é, o direito de ser
votado. Nessa linha, denomina-se inelegibilidade ou
ilegibilidade o impedimento ao exercício da cidadania
passiva, de maneira que o cidadão fica impossibilitado
de ser escolhido para ocupar cargos políticos eletivos.
Em outros termos, trata-se de fator negativo cuja
presença obstrui ou subtrai a capacidade eleitoral
passiva do nacional, tornando-o inapto para receber
votos e, pois, exercer mandatos representativos.

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Sobre a inelegibilidade, alguns princípios são
relevantes:
- Legalidade: a criação de hipóteses de inelegibilidade
dependerá de previsão por norma constitucional, legal.
- Ordem pública: as normas instituidoras das hipóteses
de inelegibilidade são de ordem pública, normas
imperativas, cogentes e visam a proteção dos interesses
públicos.
- Temporalidade: as inelegibilidades não terão caráter
perene ou imutável, devendo as normas preverem
prazos para sua cessação.
- Personalíssimo: a inelegibilidade atinge somente o
cidadão causador da ofensa legal, não existindo a
hipótese de inelegibilidade por ricochete.
- Ocorrência temporal: para fins de organização das
eleições, as inelegibilidades são aferidas no momento do
processo de registro de candidatura.
Detectada a inelegibilidade no momento do registro?
Pode ser afastada, se surgirem alterações fáticas ou
jurídicas, posteriores ao registro.
Inelegibilidade detectada após deferimento do registro?
Pode ensejar à cassação do diploma do candidato, caso
seja eleito.
- Interpretação estrita: deve ser interpretada de modo
restritivo e não de modo ampliativo.

 Hipó teses de inelegibilidade:


a). Previstas na Constituição
Federal;
b). Previstas na Lei
Complementar n. 64|90.

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