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PROVA 1 – DIREITO ELEITORAL – PROFESSOR FLAVIO DE LEÃO

BASTOS PEREIRA – 2022/1

Lucca de S. B. Migliavacca – TIA 41819624

1. Considere a seguinte situação: Pedro de Oliveira, cidadão brasileiro, 20 anos, nascido na


cidade do Rio de Janeiro sob condições socioeconômicas marcadas por alta vulnerabilidade,
após se envolver com atividades ilícitas, foi condenado a sete anos de reclusão, mais
pagamento de 1000 dias-multa, com base no Artigo 33 da Lei nº 11.343 de 23 de Agosto de
2006 (tráfico ilícito de drogas). Cumprida a pena, Pedro deixa a prisão, mas sem qualquer
condição de pagar os valores correspondentes aos dias-multa. Diante de sua situação, por
meio de uma entidade não-governamental voltada ao atendimento humanitário a egressos
do sistema penitenciário, uma vez que tal grupo de pessoas sofre discriminação da sociedade
quanto a vagas no mercado de trabalho, Pedro consegue uma oferta de emprego que,
entretanto, exige a apresentação do título de eleitor. Diante da situação, responda as
questões abaixo: (4,0) – Máximo de 20 linhas. Procure responder separadamente, seguindo
a ordem das alíneas.

a. Qual a natureza constitucional do direito de Pedro representado por seu título de eleitor,
restringido devido à sua condenação?

R: Trata-se de direito fundamental, especificamente os constantes dos direitos políticos, o qual


foi restringido pela sua condenação.
Nas palavras de Jairo Gomes: “Denominam-se direitos políticos ou cívicos as prerrogativas e os
deveres inerentes à cidadania. Englobam o direito de participar direta ou indiretamente do
governo, da organização e do funcionamento do Estado.”
O título de eleitor representa este direito cívico ao voto, o qual garante a participação do governo,
organização e do funcionamento do Estado. Enquanto esteve recluso, teve o direito a ir as urnas
restrito, apesar de não ser inalistável. O art. 15¸caput e inciso III da Constituição Federal disciplina
que: “Art. 15. É vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda ou suspensão só se dará nos
casos de: (...) III - condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem seus efeitos”,
assim, seus direitos políticos restaram suspensos em decorrência da condenação.

b. Referido Direito pode ser restringido sempre que alguém estiver recolhido à prisão? Qual
o fundamento jurídico?

R: Não. A mera condição de recolhido à prisão não enseja à suspensão dos direitos políticos e do
voto, apenas nos casos dos incisos do art. 15 da Constituição Federal, entre eles, o inciso III que
disciplina o caso do condenado com trânsito em julgado, não suspendendo direitos políticos de
presos provisórios que, apesar de recolhido à prisão, ainda goza de seus direitos políticos.
Trata-se de uma garantia e proteção aos direitos fundamentais. Ainda podemos destacar que o
Código Eleitoral, em mesmo sentido, prevê a proibição de prisões no período entre 5 dias
anteriores à data das eleições, e 48 horas após a realização dela, com exceção de: “flagrante delito
ou em virtude de sentença criminal condenatória por crime inafiançável, ou, ainda, por
desrespeito a salvo-conduto”.

c. O fato de um cidadão se encontrar condenado por um juiz titular de Vara Criminal,


projeta uma situação de inalistabilidade ou de inelegibilidade?

R: Trata-se de uma das condições de inelegibilidade, nos termos do mesmo art. 15, inciso III da
Constituição Federal, pelo fato de configurar uma suspensão dos direitos políticos; e não uma das
hipóteses de inalistabilidade, os quais estão descritos no art. 14, §2º da Constituição Federal:
“§ 2º Não podem alistar-se como eleitores os estrangeiros e, durante o período do serviço militar
obrigatório, os conscritos.”

d. Quais as fontes admitidas pelo Direito brasileiro para previsão das hipóteses de
inelegibilidade?

R: Como principal fonte, temos o art. 15 e parágrafos da Constituição Federal, o qual numera
especificamente hipóteses de inelegibilidade, pela suspensão dos direitos políticos.

“Art. 15. É vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda ou suspensão só


se dará nos casos de:
I - cancelamento da naturalização por sentença transitada em julgado;
II - incapacidade civil absoluta;
III - condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem seus efeitos;
IV - recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação alternativa, nos
termos do art. 5º, VIII;
V - improbidade administrativa, nos termos do art. 37, § 4º.”

Além da Constituição, na lei brasileira, temos a Lei Complementar de Inelegibilidade, de 1990 e


posteriormente a Lei da Ficha Limpa. Complementativamente, temos tratados internacionais que
abordam o tema, como, por exemplo, o Pacto de São José da Costa Rica, o qual, em seu Artigo
23, alínea “2” confere as hipóteses que os direitos políticos poderão ser regulados pela lei interna:

“A lei pode regular o exercício dos direitos e oportunidades e a que se refere o


inciso anterior, exclusivamente por motivos de idade, nacionalidade, residência,
idioma, instrução, capacidade civil ou mental, ou condenação, por juiz
competente, em processo penal”.
2. Assinale a alternativa correta: (1,0)

a) Os analfabetos são inalistáveis.


b) Os conscritos são inelegíveis. (Correta)
c) Os estrangeiros são alistáveis.
d) Filiação partidária é condição de alistabilidade.

3. Não constitui hipótese de justa causa de desfiliação partidária sem perda de mandato
eletivo por ocupante de cargo proporcional: (1,0)

a) A mudança substancial ou o desvio reiterado do programa partidário pelo partido político ao


qual o parlamentar é filiado.
b) Grave discriminação política pessoal.
c) Alteração na orientação ideológica do eleito por sistema proporcional. (Correta)
d) Mudança de partido, dentro do prazo legal, com a finalidade de concorrer a cargos eletivos, no
último ano do mandato vigente.

4. Assinale a alternativa incorreta: (1,0)

a) O Princípio da Anterioridade Eleitoral constitui cláusula pétrea, tal como já reconhecido pelo
Supremo Tribunal Federal.
b) 5 de março de ano eleitoral constitui a data máxima para a promulgação de Lei eleitoral.
(Correta)
c) O Princípio da Anualidade Eleitoral impõe seus limites tanto sobre a Lei que alterar o processo
eleitoral, quanto sobre decisões do TSE sobre casos concretos que estabeleçam novos precedentes
de ordem processual.
d) A Lei que alterar o processo eleitoral não possui vacatio legis.

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