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DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
Autor
João Carlos Barreto
Apresentação
Todos sabem que o planejamento estratégico é algo fundamental para a consolidação de uma
empresa no mercado, entretanto, poucos praticam isso. Dados do Sebrae apontam que mais de
60% das micro e pequenas empresas (MPEs) não fazem planejamento antes (plano de negócio) e
durante a sua permanência no mercado. Se considerarmos que entre 97% e 99% das empresas
no Brasil são MPEs, esse é um dado alarmante que precisa ser, urgentemente, corrigido.
E por que essa urgência? Ora, se não há planejamento estratégico, existe então planejamento
estratégico ambiental? É muito provável que não, porém, considerando que existe a necessidade
da gestão ambiental estar presente nas atividades das empresas, seja na administração dos
recursos disponíveis ou ainda na exigência crescente da sociedade, o desenvolvimento
sustentável vem à tona e, com ele, o planejamento. No entanto, para que tudo funcione com o
objetivo de suprir as necessidades do presente sem afetar o atendimento da demanda no futuro,
é preciso, sem dúvida alguma, discutir sobre um trade-off difícil de ser solucionado: produção e
gestão ambiental. Como produzir, independentemente do fim a que se destina o produto ou
serviço, sem causar dano permanente ao meio ambiente? Parece esse o grande desafio dos
próximos anos, tornando o desenvolvimento (contínuo) sustentável a cada vez que haja
aproximação da produção e gestão ambiental. Ainda há muito a fazer mas é possível fazer!
Bons estudos!
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1. Planejamento estratégico
1.1 Introdução
Por sua vez, a participação da sociedade em geral – e não apenas nas empresas em seus
processos – para que o objetivo seja alcançado, é fundamental atender a demanda atual, sem
prejudicar o atendimento da demanda futura de outras gerações. O desafio está aí, vamos tentar
entender um pouco mais sobre tudo isso.
O planejamento é algo inerente ao ser humano, por mais que não possa parecer, por exemplo,
quando ainda na fase infantil, o objetivo pode estar relacionado à viagem dos sonhos ou à uma
festa de aniversário e apesar de ser associado às crianças, tais objetivos podem ser ainda de um
adolescente ou adulto, ou seja, não importa o objetivo, se há interesse em conquistá-lo, é preciso
fazer um planejamento.
Obviamente, nem tudo que se planeja, se alcança, isso porque existem diversos aspectos
envolvidos, principalmente relacionados aos prazos, recursos e custos. Por exemplo, você pode
ter feito um planejamento para concluir uma pós-graduação, mas com o passar do tempo
descobriu que não seria possível, seja por uma gravidez indesejada, desemprego ou qualquer
outra situação que impossibilitaria cumprir o objetivo, é então nesse momento que não basta ter
um planejamento, é preciso ajustar as expectativas.
A evolução dos negócios, demonstrada pelas quatro revoluções industriais, é um dos aspectos
mais marcantes para se entender o planejamento estratégico, isso acontece desde a Era
artesanal e segue alcançando as tecnologias avançadas que estão disponíveis nos dias atuais.
No Brasil, o primeiro planejamento estratégico pode ser representado na criação das capitanias
hereditárias, por volta de 1534.
Não é possível definir a origem, mas há quem diga que a estratégia tenha surgido no ambiente
militar, ou seja, em ações de como ganhar uma guerra, apesar de ser percebida na administração
de reis e governantes ao longo do tempo. O que se sabe é que o planejamento estratégico e as
estratégias adotadas foram implementadas e, da mesma maneira que acontece com qualquer
setor da sociedade, seja ele o primeiro (governos), segundo (empresas privadas) ou terceiro
(organizações não-governamentais), houve mudanças ao longo do tempo.
Um dia, quando perguntaram a Alexandre se ele estaria disposto a competir na corrida dos jogos
olímpicos, o príncipe respondeu que correria, mas apenas se pudesse competir contra reis. Se
alguém ainda duvidava de seu desejo de governar e buscar a glória no campo de batalha, ele baniu
estas dúvidas quando tinha apenas dezesseis anos. Enquanto estava ocupado liderando uma
expedição contra seu aliado rebelde Bizâncio, Felipe deixou seu filho em Pela como regente do reino
macedônio. Quando Felipe entregou a Alexandre o anel com o selo real, garantindo-lhe poder para
reinar em seu lugar, com certeza deu conselhos paternos para que não fosse feito nada drástico. O
anel era como um teste. Se Alexandre conseguisse resistir às tentações de tal poder por alguns
meses, sua posição como herdeiro seria assegurada. (FREEMAN, 2011, p. 32).
Alexandre, o Grande, morreu com apenas 33 anos de idade, mas o seu planejamento estratégico
foi considerado muito avançado para aquela época, pois, um dos princípios adotados se tornaria
um recurso indispensável não só para as guerras que viriam, mas também para as atividades
das empresas: a logística.
Figura 2 - O império de Alexandre
Estima-se que a estratégia de Alexandre fez movimentar uma grande quantidade, até então
impensável, de recursos – armas e alimentos – que foram determinantes em suas vitórias.
Avanço fulminante em dez anos, ele expandiu as fronteiras de um pequeno reino europeu até a
Índia:
1. Alexandre nasce em 356 a.C. em Pella, capital do reino da Macedônia. Quando chega aos 18 anos,
seu pai, Filipe II, parte para campanhas militares e deixa nas mãos do filho a defesa do país. Com a
morte do pai, em 336 a.C., Alexandre herda um império que mal ultrapassa as fronteiras da atual
Macedônia.
2. Em 334 a.C., ele lidera um exército com 14 mil macedônios e 7 mil aliados gregos na invasão da
Frígia (na atual Turquia). Em Gordium, capital da região, Alexandre teria sido desafiado a desatar o
“nó górdio”, que, segundo a tradição local, só seria desfeito pelo homem que governaria a Ásia. Ele
3. Um ano depois, Alexandre obtém uma vitória decisiva contra os persas na cidade de Issus. O rei
persa Dario III foge às pressas, deixando a família real nas mãos do conquistador. Com a vitória,
Alexandre pode avançar pela costa do Mediterrâneo rumo ao sul, invadindo a Síria e a Fenícia.
4. Em 332 a.C., o império se estende até o Egito, que antes estava sob domínio persa. Além de
reorganizar a administração da região e fundar a cidade de Alexandria, ele viaja até o oásis de Siwa,
onde um oráculo o saúda como faraó, dando-lhe o direito divino de governar o Egito.
5. Após a conquista do Egito, ele volta à região do Oriente Médio e parte para vitórias na
Mesopotâmia (atual Iraque) e no próprio território da Pérsia (Irã). Ocupa também a região da
Babilônia e escolhe a cidade de Susa, capital desta província, como o local de onde irá governar o
império.
6. Alexandre segue conquistando territórios asiáticos, que hoje correspondem a países como
Uzbequistão e Paquistão. No ano 326 a.C., já dentro das atuais fronteiras da Índia, os soldados se
recusam a avançar e Alexandre permite que parte deles retorne para a Pérsia. O império atingira seu
auge. No dia 13 de junho de 323 a.C., Alexandre morre em Susa, vítima de um grave desarranjo
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A ação de pensar no presente o que vai acontecer no futuro, com o propósito de se preparar
adequadamente é denominada de plano. Por outro lado, apenas pensar não é suficiente, é
preciso minimizar o erro, ou seja, chegar o mais próximo possível da realidade e é por isso que o
plano não funciona sem estratégia.
Estratégia é a ação ou caminho mais adequado a ser executado para alcançar, preferencialmente de
empresa perante seu ambiente. É importante estabelecer estratégias alternativas para facilitar as
alterações dos caminhos ou ações de acordo com as necessidades. (DE OLIVEIRA, 2009, p. 53).
A junção do plano (objetivo) e estratégia (ferramentas disponíveis) propõe uma série de ações
que uma empresa precisa adotar para alcançar suas metas e propósitos, desde o lançamento de
um produto ou serviço no mercado.
Trata-se da análise sobre o ambiente interno e externo, essa fase separa-se em:
Os diversos objetivos traçados por uma empresa ao longo do tempo devem ter um
direcionamento macro, a chamada visão, ou seja, motivar as pessoas e deixar claro onde se quer
fatores microambientais que afetam sua capacidade de obter lucros. Ela deve estabelecer um
ii. Propósitos: é a definição clara dos objetivos atuais e futuros, envolvendo todas as áreas de
uma empresa.
Somos uma família global e diversificada, com um legado histórico do qual nos orgulhamos e
ou nenhuma atenção. É assim que você deve enxergar algo a ser controlado. Muitas empresas
têm confundido necessidade de controle com excesso de ações controladas, a maioria delas sem
qualquer objetivo. Ao fim de cada período, não sabem o que fazer com tantas informações
geradas.
denominados de KPIs, permitem medir o desempenho de uma empresa e, assim, garantem que
2021, p. 59).
Trata-se da análise sobre o ambiente interno e externo, essa fase separa-se em:
Os diversos objetivos traçados por uma empresa ao longo do tempo devem ter um direcionamento
macro, a chamada visão, ou seja, motivar as pessoas e deixar claro onde se quer chegar e em quanto
fatores microambientais que afetam sua capacidade de obter lucros. Ela deve estabelecer um
ii. Propósitos: é a definição clara dos objetivos atuais e futuros, envolvendo todas as áreas de
uma empresa.
Somos uma família global e diversificada, com um legado histórico do qual nos orgulhamos e
O que não se mede, não se controla. Se não mede, não é relevante. Se não é relevante, dê pouca ou
nenhuma atenção. É assim que você deve enxergar algo a ser controlado. Muitas empresas têm
confundido necessidade de controle com excesso de ações controladas, a maioria delas sem
qualquer objetivo. Ao fim de cada período, não sabem o que fazer com tantas informações geradas.
denominados de KPIs, permitem medir o desempenho de uma empresa e, assim, garantem que
mesmo objetivo. Além disso, os KPIs identificam problemas e oportunidades. (BARRETO, 2021, p. 59).
1.6 Transparência e competitividade
Tempos atrás, principalmente no começo da década de 1981, a sociedade de uma maneira geral
começava a perceber a importância de outros fatores para definir a sua opção de compra de um
produto ou serviço, relacionando esse produto com o comportamento da empresa – fabricante
ou detentora – sob o princípio da transparência das informações.
Com o avanço da tecnologia, no começo do século XXI tal exigência passa a ser ainda mais
contundente, o que pode gerar uma correlação positiva nesse processo: quanto mais acesso à
informação, mais ética a empresa demonstra ser, o que pode resultar em ganho de
competitividade.
Nos negócios, esse tipo de atuação pode ser exemplificado por um indicador no setor privado
denominado value reporting, definido como uma proposta de governança corporativa para
melhorar a relação entre a administração da empresa e as partes interessadas (HONG, 2006).
Entretanto, isso não deve estar restrito ao ambiente privado, pois, conforme citam Castro e
Castro (2014, p. 112) “é de suma importância que as instituições públicas tenham um modelo de
gestão definido [...]”, o que significa, entre outras coisas, anuência da população por meio de dois
princípios básicos: informação acessível e transparência.
Voltando ao âmbito privado, a informação acessível, bem como a transparência é percebida por
meio da responsabilidade social corporativa (RSC), o que na prática significa que as pessoas
estão mais engajadas em causas que acreditam e as empresas podem ser uma das maneiras de
tornar tais causas possíveis (operacional e financeiramente), o que por sua vez, pode gerar uma
melhoria na imagem corporativa e solidificação da marca perante os consumidores.
Por sua vez, a responsabilidade social tem objetivos distintos, considerando práticas voluntárias
e/ou involuntárias, o que fez surgir algumas extensões que complementam ou criam um novo
conceito:
É fundamental que se saiba que a responsabilidade social e suas extensões não podem ser
confundidas com simples ações de filantropia, são na verdade, uma contribuição da empresa
para a melhoria de qualidade de vida e bem-estar dos envolvidos, o que sugere, entre outros
fatores, a responsabilidade socioambiental.
Videoaula - Planejamento estratégico ambiental
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A RSA vai além dos compromissos de uma empresa em manter seus processos dentro de
condições que busquem a redução do impacto ao meio ambiente, está também na adoção de
práticas por todos os envolvidos, ou seja, a sociedade em geral.
Está ligada (RSA) a ações que respeitam o meio ambiente e a políticas que tenham como um dos
O Plano de Ação para a Produção e Consumo Sustentáveis é uma ação do MMA que tem o objetivo
país. Enfoca em seis áreas principais: Educação para o Consumo Sustentável; Varejo e Consumo
Agenda Ambiental na Administração Pública (A3P). Esse último programa incentiva a incorporação
Para que esse plano de ação seja implementado e os objetivos propostos sejam atingidos, o
planejamento estratégico ambiental deve passar por todos da sociedade. Do ponto de vista das
organizações privadas, é a RSC incorporada na RSA que novamente traz à tona a ética, agora
transformada em compliance.
Compliance é um conjunto de regras, padrões, procedimentos éticos e legais, que, uma vez definido
e implantado, será a linha mestra que orientará o comportamento da instituição no mercado em que
atua, bem como a atitude dos seus funcionários. (CANDELORO; RIZZO; PINHO, 2012, p. 30).
Esse conjunto de regras é uma preocupação em alta nas empresas, pois a transparência das
informações é um dos pilares da boa governança corporativa, o que pode resultar em
investimento e outras ações de mercado.
Observa-se que a prática do comportamento ético no âmbito empresarial, interno ou externo, pode
ser adotada e impulsionada tanto pela cooperação quanto pela imposição, sendo a primeira muito
mais eficiente, pois demonstra a alteração de mentalidade dos atores envolvidos. As empresas
somente adotarão uma política de compliance quando o aumento no valor da produção por ela
gerado for perceptivel mente maior que os custos incorridos para implementá-la. (RIBEIRO; DINIZ,
2015, p. 95).
E o que tudo isso tem a ver com o planejamento estratégico ambiental? Para responder essa
pergunta, veja o planejamento estratégico ambiental sob o ponto do principal órgão interessado,
o Ministério do Meio Ambiente (MMA).
A última proposta destacada merece uma reflexão, afinal: Como fazer isso acontecer
efetivamente se o consumismo e o ganho das empresas são colocados à frente da gestão
ambiental?
Recapitulando a Unidade 1
Apesar de estar mais associado às empresas, o planejamento acontece em diversos momentos
na vida particular, com planos de viagem, estudos etc. Dessa forma, se há um plano (objetivo) é
preciso ter uma estratégia (ferramentas para alcançá-lo).
Entretanto, para que a gestão ambiental seja realmente executada, é preciso que os órgãos
públicos fomentem tais práticas, incentivando outros órgãos públicos, as empresas privadas e a
sociedade de uma maneira geral, com o propósito de uso dos recursos naturais em acordo com
as necessidades, mas sem causar dano, ou seja, um desafio e tanto em uma sociedade
consumista.
Videoaula - Consumo x gestão ambiental
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2. Produção x Gestão Ambiental
Não há dúvida que muitas lacunas ainda precisam ser preenchidas para que a gestão ambiental
seja aplicada intensivamente na sociedade, para isso, é preciso o envolvimento das empresas,
dos órgãos públicos e da comunidade. O problema é que os interesses comerciais, muitas vezes,
estão à frente dos interesses ambientais, o que cria um trade-off entre o que deveria ser feito e o
que está sendo feito em relação ao desenvolvimento sustentável.
1. O primeiro deles trata da tríade (i) produção, (ii) consumo, (iii) faturamento, determinando que um é
complementado pelo outro.
2. O segundo é a gestão ambiental, que consta como uma seta para o lado do crescimento e também da
redução, pois depende das ações das partes envolvidas.
3. O terceiro é o desenvolvimento sustentável, em um processo que se desenvolve a partir do momento em
que há interesse e aplicação de ações sustentáveis.
A primeira parte dessa difícil equação é a junção da produção e da gestão ambiental de tal maneira que
nenhuma das ações saia prejudicada. Trata-se de um conceito definido como produção reversa.
Ao se discutir sobre produção reversa, percebe-se a necessidade de abordar o environmental footprint, ou seja,
o rastro ambiental em uma cadeia de suprimentos, consequência do fluxo de materiais transitando entre os
diversos pontos, desde a fábrica, passando pelos armazéns e alcançando os consumidores. O alcance da
produção reversa em sua plenitude vai depender do grau de envolvimento da empresa, passando por dois
momentos, o primeiro trata da fase em que a empresa se encontra e o segundo da mudança de comportamento
compulsória.
Engajamento – Momento 1
FASE 1 FASE 2
FASE 3 FASE 4
Questionamento – Momento 2
Fase 1
INDIFERENÇA (taxa zero): A maior parte dos produtos da empresa tem destino incerto, causando danos ao meio
ambiente.
Fase 2
NEGAÇÃO (taxa baixa): A empresa não se sente responsável pelo seu produto após a venda e, muito menos,
após o uso/consumo.
Fase 3
TRANSIÇÃO (taxa média): Com a maior preocupação ambiental e discussão na sociedade, aumenta a atenção
Fase 4
AUTORRESPONSABILIDADE (taxa alta): A aplicação de ações concretas está relacionada com as obrigações
legais, melhoria da imagem corporativa ou a necessidade de uma resposta à sociedade em geral, fazendo com
Fator Engajamento
Fator Execução
Fator Responsabilidade
Quem são os responsáveis pelas atividades da produção reversa, considerando o retorno do produto?
Fator Processo
Fator Estruturação
Fator Contribuição
uma combinação de ações que vão desde a voluntariedade até a compulsoriedade, traduzida em obrigações
das partes envolvidas. A Lei 12.305/2010 é um pouco da fase 4 do momento 1 e está destacada em alguns
trechos abaixo.
Art. 1o Esta Lei institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos, dispondo sobre seus princípios,
§ 1o Estão sujeitas à observância desta Lei as pessoas físicas ou jurídicas, de direito público ou
V - coleta seletiva: coleta de resíduos sólidos previamente segregados conforme sua constituição
ou composição;
resíduos sólidos ao setor empresarial, para reaproveitamento, em seu ciclo ou em outros ciclos
O último dos itens citados trata da logística reversa, amplamente divulgada como fator determinante na gestão
ações, a produção reversa, considerada aqui como o principal fator da gestão ambiental no âmbito empresarial,
outro qualquer).
- Produção reversa é o processo de fabricação de um bem que tem quatro objetivos centrais: a
1) Todas as fábricas têm processo de produção, mas nem todas têm produção reversa.
Essa separação consiste na necessidade da gestão ambiental se iniciar onde realmente vai fazer diferença, na
produção de um bem. É nesse momento que, se temos intenção de buscar o desenvolvimento sustentável,
podemos fazê-lo por meio das matérias-primas utilizadas, do uso de embalagens e de outros tantos recursos
nesse processo. Em paralelo, para que isso aconteça, é preciso que ao menos um de três pilares seja percebido
Retenção de clientes: Acontece quando as ações de produção reversa causam impacto no comportamento de
seus clientes/consumidores ao ponto de os fidelizarem. Exemplo: empresas que fabricam produtos com
materiais que não agridem o meio ambiente ou tratam os resíduos adequadamente (BARRETO, 2021, p. 291).
Redução de custos: Ocorre quando as ações de produção reversa causam impacto financeiro no processo da
empresa, sendo capaz de minimizar custos ou maximizar receita. Exemplo: empresas que ao fazerem coleta de
seus materiais, os reutilizam em seu processo novamente, reduzindo assim, a compra ou produção desses
Imagem corporativa: Realiza-se quando as ações de produção reversa causam impacto na sociedade, sendo
capaz de melhorar a percepção da marca. Exemplo: empresas que adotam métodos, práticas e ações e as
divulgam por meio de ações de marketing para alcançar o máximo de consumidores, governo e sociedade em
A relação consumo x gestão ambiental tem um capítulo importante no entendimento desses pilares, o ganho de
valor para as empresas. Para acontecer, é preciso que as partes envolvidas – órgãos públicos, empresas e
sociedade em geral – tenham um conjunto de ações, tais como leis ambientais que forçam as empresas a
receberem seus produtos após uso/consumo, com o objetivo de destinação adequada, benefícios econômicos
para as empresas – quando esses produtos retornam ao seu ponto de origem – e apoio da sociedade em
uso/consumo de produtos oriundos de empresas que praticam a produção reversa; esse pode ser o verdadeiro
desenvolvimento sustentável.
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O refugo foi acrescentado junto aos 3Rs, já conhecidos no mercado pela necessidade de adotar,
ainda que como uma opção intermediária, esse tipo de atividade. Nesse caso, é possível incluir
incineração ou qualquer outra ação não constante nos 3Rs.
Sobre a reciclagem, talvez seja o “R” mais importante pelo aumento do interesse da sociedade
em geral por essa atividade e pelas diversas possibilidades existentes, a sua implementação em
larga escala é, sem dúvida, fundamental. Os números de apenas um segmento de negócio já
demonstram tal necessidade.
Sobre o reuso, contempla principalmente os bens duráveis, ou seja, vida útil considerada longa,
não há uma certeza nesse prazo, mas é direcionado aos itens com mais de dois anos. O reparo é
típico de bens duráveis, como veículos, máquinas e equipamentos diversos. Os quatro somados
devem estar na estrutura do desenvolvimento sustentável.
a região. Reacendia-se, assim, nas cabeças de cientistas e intelectuais, uma preocupação que
começara no século 19, quando os cursos d’água que abasteciam a cidade do Rio de Janeiro
minguaram por causa do desmatamento das encostas do Maciço da Tijuca nos duzentos anos
anteriores. Não por acaso, o símbolo da Sociedade dos Amigos das Árvores era a Araucária
resultaram subsídios para a elaboração do Código Florestal, no ano seguinte. Em 1937, um decreto
federal criava o primeiro parque nacional brasileiro, o de Itatiaia, na divisa do Estado do Rio e Minas
Gerais. A luta por sua criação tinha começado em 1913, por iniciativa do botânico Alberto Loefgren.
Dois anos depois, a Serra dos Órgãos, também no Estado do Rio, e a região das Cataratas do Iguaçu,
É importante destacar que a transição até o conceito de gestão ambiental é um processo lento,
realizado ao longo de aproximadamente 30 anos até que o primeiro parque nacional fosse criado.
No entanto, isso não era problema apenas no Brasil, somente em 1962 um estudo da bióloga
Rachel Louise Carson apresentou que a gestão ambiental estava além da preservação das
árvores, ao abordar o impacto dos produtos químicos na natureza. No Brasil, somente no
começo dos anos de 1980, a Lei 6938/1981 instituiu a Política Nacional do Meio Ambiente,
alocando outros recursos naturais à gestão ambiental.
Já no início de 1990, com o crescimento econômico mundial, principalmente motivado pelo ainda
recente término da Guerra Fria, surge o termo desenvolvimento sustentável e com ele a busca
por iniciativas para viabilizar a atividade econômica. Além disso, os termos “consciência
ecológica”, “consumo sustentável” e “produção limpa” podem ter sua origem nesse período, e
claro, a tal sustentabilidade.
- paz;
- ausência de corrupção;
A partir desse momento, diversas ações foram propostas para alcançar o desenvolvimento
sustentável conforme a definição proposta por Almeida (2002). Uma das ações foi, por exemplo,
diferenciar resíduos de lixo.
Apesar dessa definição, é comum o termo “lixo eletrônico” para designar pilhas, celulares,
impressoras e outros equipamentos que estão sendo descartados após o uso, tornando-se um
rejeito antes mesmo de ser um resíduo.
disponibilizar aos consumidores locais para o recebimento das pilhas e baterias inservíveis. Os
consumidores que desejam descartar suas pilhas devem levá-las até o ponto de entrega mais
O Brasil gerou, em 2018, 79 milhões de toneladas de lixo por ano, um aumento de quase 1% em
relação ao ano anterior, segundo o Panorama dos Resíduos Sólidos 2018, elaborado pela Associação
Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe). Deste total, a estimativa
é de que somente 3% sejam de fato reciclados, sendo que o potencial é de até 30%. “Não mudou muito
a visão de que basta ter lixeiras e o sistema de coleta já está resolvido. Não está”, diz Ana Maria Luz,
presidente do Instituto GEA — Ética e Meio Ambiente, organização que tem como finalidade
oferece como um serviço para os clientes. Através desse serviço, batizado de Reentry, a Interface se
próprio cliente no momento da compra. E responsabiliza-se pela gestão do final da sua vida útil. Em
termos bem simples: o fabricante do carpete compromete-se a recebê-lo de volta quando não servir
mais para o usuário e fazer de tudo para reaproveitá-lo, retardando ao máximo sua destinação final.
um produto, do começo ao fim – ou, como já se convencionou dizer, “do berço ao túmulo”. Tudo isso
com agregação de valor. Além de fabricar os tapetes e carpetes, a empresa oferece ao comprador um
serviço de manutenção, com mão de obra treinada e materiais de limpeza desenvolvidos para
De posse do carpete velho, a empresa avalia, pela condição, tipo e medidas do produto e outros
reutilização (transformar um grande carpete em pequenas peças para automóveis, por exemplo); e
até a doação para comunidades carentes e organizações sociais. A única ordem é não deixar que o
Observe que a produção reversa não é nenhuma novidade, ela apenas precisa ser praticada para
que o desenvolvimento sustentável seja possível. Para isso, podemos separar em duas partes, a
primeira é acentuar o conceito do “berço à cova”, ou seja, os fabricantes devem se preocupar
com o destino do produto após o uso/consumo e isso deve acontecer desde o projeto deste
produto. As principais características desse processo, ora denominado como produção limpa
são, segundo Barreto (2021, p. 294) são:
Nessa proposta, a quebra de paradigma começa no direcionamento das ações com o propósito
de gerar ganho antes mesmo do esforço em colaborar com a gestão ambiental e o consequente
desenvolvimento sustentável. A partir disso, pode ser possível gerar propostas que realmente
contribuam, de maneira mais abrangente, no objetivo da sustentabilidade. Caso você não
concorde, tente responder essas duas questões e reflita sobre o assunto:
Infelizmente, a sua resposta deve ser bem próxima da minha, conhecemos pouquíssimas
pessoas (isso quando conhecemos) que estão realmente engajadas com a gestão ambiental,
talvez pela falta de incentivo ao processo. Obviamente tal engajamento deveria ser voluntário,
mas o incentivo pode ser o melhor caminho nesse momento de solidificação de um conceito que
deveria estar há muito tempo na sociedade. Pense nisso.
Práticas profissionais - Resíduos e sua destinação
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Recapitulando a Unidade 2
Um produto deve nascer com o princípio de retorno ao seu ponto de origem para destinação
adequada, para isso, a produção reversa pode ser o caminho necessário para que a gestão
ambiental e o consequente desenvolvimento sustentável sejam verdadeiramente implementados
na sociedade. Entretanto, não basta que as empresas busquem tais objetivos, é preciso que
sejam gerados benefícios aos praticantes da produção reversa ao mesmo tempo em que a
população faça uso/consumo de produtos oriundos dessas empresas, resultando em aumento
da imagem corporativa, redução de custos e retenção de clientes, ou seja, pilares fundamentais
da motivação às práticas ambientais.
Como consequência, surge o tal desenvolvimento sustentável, e apesar de ser requerido por
muitos, acaba, de certa maneira, sendo praticado por poucos se considerarmos a quantidade de
lixo gerada pelas pessoas, a falta de reciclagem e outras ações importantes como a utilização de
materiais não tóxicos e reutilizáveis, poucas embalagens e facilidade para montar, desmontar,
consertar, reciclar etc. Porém, nem tudo está perdido, é preciso que o desenvolvimento
sustentável tenha ações de motivação às empresas, aos governos e à própria sociedade,
gerando ganhos por meio de práticas de preocupação ambiental. Ao que se identifica até agora,
somente com esses recursos a gestão ambiental vai acontecer em larga escala, garantindo o
atendimento da demanda atual, sem deixar de atender as demandas das próximas gerações.
Considerações Finais
Apesar de parecer algo que todos desejam, o desenvolvimento sustentável precisa ainda ser
praticado de fato pela sociedade em geral e isso deve acontecer desde os princípios da
fabricação de um bem. Para isso, é preciso que os consumidores adquiram produtos com os
propósitos ambientais estudados, porém, é fato que a criação de leis e determinações
ambientais ainda precisam de consolidação, principalmente as não compulsórias, pois, ainda é
incipiente a quantidade de empresas realmente preocupadas com a destinação de seus
produtos, bem como não é amplamente comum encontrarmos consumidores que realizam o
descarte adequado após o uso/consumo desses bens.
O que se precisa é criar mecanismos de incentivo à gestão ambiental, com bonificações, redução
de tributos e outras sugestões para que os consumidores se interessem pela prática recorrente,
pois é pelo consumidor que o processo pode funcionar, isto é, consumidores, ao fazerem
uso/consumo de produtos dentro do conceito do berço à cova forçam as empresas não atuantes
a adotarem tais medidas, gerando o desejado desenvolvimento sustentável.
O efeito que uma pessoa, empresa, atividade, etc. tem no meio ambiente, por exemplo, a
quantidade de recursos naturais que utilizam e a quantidade de gases nocivos que produzem.
Toda organização deve trabalhar em direção a uma pegada ambiental zero, conservando,
restaurando e substituindo os recursos naturais usados em suas operações. Fonte: Cambridge
Dictionary / https://dictionary.cambridge.org/pt/dicionario/ingles/environmental-footprint
[https://dictionary.cambridge.org/pt/dicionario/ingles/environmental-footprint] .
Leasing
Market share
Trade-off
Crescimento orgânico
Por meio de aquisição total (a compra de um concorrente da região, por exemplo), aquisição de
controle acionário (entrada na parte societária) ou ainda fusão (união com uma ou mais
empresas). Fonte: Mintzberg et al., 2006.
Bibliografia
Bibliografia Clássica
BRASIL. Lei nº 12.305, de 02 de agosto de 2010. Casa civil. Brasília, DF: Presidência da República,
2010. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/l12305.htm.
Acesso em: 16 fev. 2022.
Bibliografia Geral
BARRETO, J. C. Gestão de negócios x Cadeia de suprimentos: a difícil arte de tomar decisões. São
Paulo: Amazon Books, 2021.
BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Mapa estratégico – Ministério do Meio Ambiente - 2014-
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