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Autor
Marcelo Martins
Autor revisor
Cristiano Silveira Ribeiro
Videoaula - Acidentes de trabalho e a eficácia organizacional
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Introdução
No ambiente de produção, onde o risco e a interação do trabalhador com os processos são
presentes, a saúde e a segurança no trabalho têm se tornado cada vez mais importantes, uma vez
que, além do processo produtivo, é necessário cuidar para que os trabalhadores desempenhem as
suas atividades de forma segura, sem a ocorrência de acidentes que levam a lesões e situações
causadoras de doenças.
Será realizada abordagem da proteção nas operações perigosas detalhando os principais agentes
de periculosidade e os procedimentos de resposta à emergência. Por fim, abordaremos os
principais Sistemas de gestão de Saúde e Segurança no Trabalho.
Videoaula - Introdução à segurança e saúde ocupacional
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1 Contexto e conceitos de saúde e segurança do trabalho
O tema saúde e segurança do trabalhador nas empresas não são temas novos, pois é possível
verificar registros de cuidados e proteção à vida e segurança no trabalho desde os primórdios.
O médico e filósofo grego Hipócrates (460-375 a.C.), em Ares, Águas e Lugares, descreveu um
quadro de “intoxicação saturnina” em um mineiro (o saturnismo é o nome dado à intoxicação
aguda ou crônica por chumbo).
Plínio, O Velho (23-79 d.C.), naturalista e escritor romano, descreveu em De Historia Naturalis uma
alusão às doenças dos trabalhadores expostos ao chumbo, ao mercúrio e às poeiras. Ele faz a
descrição dos primeiros equipamentos de proteção, conhecidos como membranas de bexiga de
animais ou panos para o rosto, como forma de atenuar a inalação de poeiras nocivas
(FUNDACENTRO, 2004).
Galeno, em 200 d.C., relatou doenças entre os trabalhadores das ilhas do Mediterrâneo.
Nos séculos XII e XIII, algumas obras publicadas foram realizadas de maneira pouco significativa
e, apenas em 1473, o alemão Ulrich Ellenbog (1435-1499) publicou um tratado sobre doenças
ocupacionais e lesões entre mineiros de ouro, considerada a primeira obra sobre higiene
ocupacional. Ele também escreveu sobre a ação tóxica do monóxido de carbono, mercúrio,
chumbo e ácido nítrico.
Fonte: www.pri.org
[https://www.pri.org/stories/2017-06-
23/tracing-conflict-gold-democratic-
republic-congo] .
No século XVI, a higiene ocupacional era vista como algo místico, acreditava-se que os demônios
habitavam as minas e que as doenças podiam ser controladas pelo jejum e pela oração (ESTADOS
UNIDOS, 2017).
No século XIX, os industriais Robert Owen (1771-1858), reformador social e um dos fundadores do
socialismo utópico do País de Gales, e Daniel Legrand (1783-1859), industrial suíço e filantropo
que passou a maior parte de sua vida na França, também discutiam o tema segurança no trabalho
impulsionados pela Primeira Revolução Industrial (OIT, 2017).
Com o advento da Revolução Industrial e a completa mudança que se operou nas formas de
produção, entre 1760 e 1830, com a substituição do tear doméstico e artesanal pela grande
maquinaria movida a vapor, as pequenas oficinas ao longo dos cursos d’água foram transferidas
para grandes povoados com abundância de mão de obra e as primeiras indústrias foram
instaladas em galpões improvisados e estábulos adaptados, escuros e mal ventilados. Esses
teares complexos passaram a requerer grandes investimentos, o que inviabilizou a produção
artesanal e familiar, exigindo uma grande concentração de mão de obra, recrutada
indiscriminadamente entre homens, mulheres, crianças e velhos, criando-se a chamada
“sociedade industrial”.
Em 1802, foi aprovada na Grã-Bretanha a primeira parte da legislação da fábrica, considerada a
primeira lei sobre segurança do trabalho e aplicou-se a todos os aprendizes de até 21 anos de
idade, os quais foram impedidos de trabalhar durante a noite e por mais de 12 horas por dia; além
disso, ela providenciou que os aprendizes recebessem ensino básico. No entanto, a fraqueza da lei
era a falta de qualquer meio para impô-la. Geralmente, um juiz da paz local e um clérigo eram
nomeados para inspecionar fábricas em sua área, mas eles eram frequentemente conhecidos dos
proprietários. Ainda na Grã-Bretanha, em 1819, a Lei dos Moinhos de Algodão exigiu que nenhuma
criança com menos de nove anos fosse empregada em moinhos de algodão, com o máximo de 16
horas por dia para todos os menores de 16 anos. Mas, os meios para o cumprimento da
legislação continuaram sendo um problema.
A Lei de Fábrica e Oficinas, aprovada em 1831, limitou o dia útil em 12 horas para todos os
menores de 18 anos e, mais uma vez, não houve procedimentos para sua execução. Em 1833, o
Parlamento Britânico aprovou uma nova Lei de Fábrica, na qual nenhuma criança menor de nove
anos deveria trabalhar em fábricas e a semana deveria ter, no máximo, 48 horas de trabalho para
crianças de 9 a 13 anos, limitadas em oito horas por dia; já para crianças entre 13 e 18 anos,
foram limitados a trabalhar, no máximo, 12 horas por dia. A lei também exigiu que as crianças
menores de 13 anos recebessem educação por duas horas por dia.
O que tornou a Lei 1.833 tão importante foi que estabeleceu um sistema para garantir que os
regulamentos fossem cumpridos e criou o começo de um sistema de controle do governo no
trabalho das indústrias.
Em 1844, o Parlamento aprovou uma nova Lei de Fábricas e Oficinas que, de fato, foi o primeiro
ato de saúde e segurança na Grã-Bretanha. Todas as máquinas perigosas deveriam ser cercadas
de forma segura, e o não cumprimento era considerado uma infração criminal. Ela determinava
que nenhuma criança ou jovem deveria limpar as máquinas do moinho enquanto estivesse em
movimento. A Lei limitou as horas trabalhadas por crianças a seis e meia, com três horas de
escolaridade, e estabeleceu um dia máximo de 12 horas para jovens de 13 a 18 anos. A regra de
12 horas também foi aplicada às mulheres.
A Lei de Fábricas e Oficinas, de 1847, limitou o dia de dez horas para mulheres e jovens entre 13 e
18 anos. A Lei de Fábricas, de 1867, ampliou a legislação a todas as outras fábricas onde 50 ou
mais pessoas estivessem empregadas, além de trazer regulamentação para outras indústrias
específicas, altos-fornos, siderúrgicas, vidro, fabricação de papel, tabaco, impressão e
encadernação, independentemente dos números empregados. A Lei de 1867 foi, portanto, uma
nova medida de referência para melhorar, pela primeira vez, as condições dos trabalhadores em
fábricas e oficinas em todo o país. Mas, como a lei fazia tantos novos lugares de trabalho sujeitos
a inspeção oficial, foi difícil implementar.
A legislação inglesa fez surgir normas, na Alemanha, em 1869, e na Suíça, em 1877, as quais
responsabilizavam os empregadores por lesões ocupacionais (FUNDACENTRO, 2004).
Em outras Leis de Fábrica, em 1878, 1891 e 1895, o Parlamento colocou limites adicionais ao
emprego de mulheres e crianças em fábricas, os regulamentos de segurança anteriores foram
ampliados. A Lei de 1891 aumentou a idade mínima para o emprego em fábricas para 11
(PARLAMENTO BRITÂNICO, 2017).
No Brasil, a Universidade da Bahia desenvolveu, entre 1880 e 1903, trabalhos sobre a intoxicação
por chumbo nas indústrias de charutos e rapé e velas de sebo (FUNDACENTRO, 2004)
A primeira Comissão do Trabalho criada pela Conferência da Paz reuniu-se pela primeira vez em
Paris e, depois, em Versalhes, entre janeiro e abril de 1919. A Comissão, presidida por Samuel
Gompers, chefe da Federação Americana do Trabalho nos Estados Unidos, era composta por
representantes de nove países: Bélgica, Cuba, Checoslováquia, Estados Unidos, França, Itália,
Japão, Polônia e Reino Unido. Isso resultou em uma organização tripartite, a única desse gênero,
reunindo representantes de governos, empregadores e trabalhadores em seus órgãos executivos
(OIT, 2017).
Ainda na Grã-Bretanha, em 1901, a Lei de Fábrica e Oficinas legislou sobre temas como saúde,
segurança, acidentes, horas e feriados, trabalho noturno, emprego intermitente, ginástica laboral,
modificações e extensões especiais, educação de crianças, indústrias perigosas e não saudáveis,
regulamentos para operações perigosas e trabalho em casa. A lei ainda apontava medidas
especiais para empresas, como: fábrica de móveis, fábricas de algodão, panificadoras,
lavanderias, docas, edifícios e estradas de ferro (GRÃ-BRETANHA, 1901).
A OIT tem como responsabilidade a formulação e aplicação das normas do trabalho em âmbito
internacional, através de convenções e recomendações. As convenções são divididas pela OIT em
fundamental, de governança e técnica. As fundamentais são oito, as de governança quatro e as
técnicas são cento e oitenta e uma. A Figura 3 apresenta a quantidade de convenções publicadas
pela OIT em cada um dos anos.
Nota-se que, na década de 1920, foram publicadas 22 convenções; na década de 1930, foram
publicadas 39 convenções; na década de 1940, 32 convenções; na década de 1950, 17
convenções; na década de 1960, 16 convenções; na década de 1970, 24 convenções; na década
de 1980, 17 convenções; na década de 1990, 13 convenções; e, no século XXI, foram apenas
publicadas 7 convenções. Portanto, até o final da década de 1950, mais de 60% das convenções
da OIT já haviam sido publicadas.
Videoaula - Segurança e saúde ocupacional no Brasil
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O Brasil é um dos países membros e fundadores da OIT, incorporada pela ONU, e como signatário
de suas Convenções e Recomendações está compromissado a regulamentar as normas,
propostas e revistas anualmente em reuniões que ocorrem de forma “tripartite” (com
representantes de governos, empresários e trabalhadores), na sede desse organismo, em Genebra.
As convenções, quando ratificadas por um país, passam a fazer parte de seu ordenamento
jurídico; no Brasil, isso se dá através de leis e decretos (OIT, 2011). Das 193 convenções
publicadas pela OIT, o Brasil é signatário de 96, sendo sete de oito convenções fundamentais, três
de quatro convenções de governança e oitenta e seis de cento e setenta e sete convenções
técnicas.
Se considerarmos que nosso país conheceu sua “Revolução Industrial” tardiamente, somente a
partir do século XX, quando após a crise do setor agrícola e declínio dos ciclos do café, borracha e
cana-de-açúcar e com o fim da escravidão formal, os detentores do capital necessitaram
diversificar suas atividades e importaram um modelo de desenvolvimento experimentado há
quase um século pelos países europeus e norte-americano.
Tal movimento teve como reflexo a aprovação, em 1919, da primeira Lei de Seguros de Acidentes
de Trabalho de caráter compulsório para determinadas indústrias da iniciativa privada (caráter
excludente).
Em 1960, foi criada a Lei Orgânica da Previdência Social (LOPS) no intuito de centralizar os
diversos Institutos e ter maior controle de suas ações, ampliando os seus benefícios a uma
parcela da população.
Em 1966, é constituído o INPS, que, a partir de 1967, incorporou o seguro acidente de trabalho
(SAT), até então controlado pelas seguradoras privadas. Instituiu-se a tarifação múltipla desse
seguro, dependendo do tipo de empresa e de seus riscos.
No início da década de 70, o Brasil começou a ser apontado como recordista de analfabetismo, de
acidentes de trabalho etc. Estávamos em plena era das construções de obras faraônicas, tais
como a Ponte Rio-Niterói, Transamazônica, grandes hidrelétricas etc.
Em resposta a essa triste marca, o governo adotou alguns planos emergenciais na tentativa de
responder à opinião pública mundial. Criou o Plano Nacional de Valorização do Trabalhador -
PNVT, em 1972, que tinha entre suas diversas metas baixar as estatísticas oficiais de acidentes de
trabalho, no prazo de 2 anos, dos patamares absurdos de quase 20% de sua população
economicamente ativa (PEA), para valores próximos a zero. Na mesma época, os Estados Unidos
mantinham uma taxa em torno de 5%, o que motivou por lá um plano quinquenal de redução de
acidentes de trabalho no qual foram instituídas multas de até dez mil dólares diários para as
empresas infratoras.
O PNVT criava a obrigatoriedade dos SESMTs em empresas com mais de 100 empregados, sendo
que não havia, até então, no país, cursos regulares para formação de “especialistas”. Foram
aproveitados nos cursos emergenciais, criados a partir de então, as experiências de técnicos
formados em suas empresas, na grande maioria multinacionais e montadoras de automóveis, e
que tinham como objetivo controlar:
O absenteísmo no trabalho.
As horas perdidas por acidentes de trabalho.
Realizar estatísticas dos acidentes.
Combater incêndios e defender o patrimônio.
Foi essa a visão básica que norteou a formação profissional dos primeiros técnicos
especializados na área de segurança e saúde dos trabalhadores.
Como os cursos não eram reconhecidos pelos órgãos de Educação, ficou a cargo da
FUNDACENTRO, entidade criada pela Lei 5.161 de 21/10/66, e que iniciou suas atividades em
1969, com objetivo de promover estudos e pesquisas na área de Saúde e Trabalho, a autorização e
fiscalização do conteúdo desses cursos.
A legislação acidentária sofreu profundas alterações, em 1976, pela Lei 6.367, que além de instituir
taxação fixa do seguro acidente de trabalho (SAT) para as empresas, promoveu a enorme
subnotificação dos acidentes de trabalho existentes no país.
Em 1977, o Capítulo V do Título II da CLT - “Da Segurança e da Saúde do Trabalhador”, sofreu uma
profunda alteração, cuja redação foi dada pela Lei 6.514 de 22/12/77 (D.O.U. de 23/12/77), e
regulamentado pela Portaria 3.214 de 08/06/78 (D.O.U. de 06/07/78) e posteriores alterações, que
instituíram as 37 Normas Regulamentadoras existentes atualmente
Durante a “Era Collor”, novamente a Previdência Social passou por reformas com a criação do
INSS - Instituto Nacional do Seguro Social, que englobou o INPS e o IAPAS (aposentadorias e
pensões), já que o INAMPS (assistência médica) passou a fazer parte do SUS - Sistema Único de
Saúde, sob controle dos governos estaduais.
Novas Leis da previdência, de n. 8212 e 8213/91, regulamentadas pelos Decretos 611 e 612/92,
introduziram mudanças, entre as quais a estabilidade de emprego por 1 ano do acidentado no
trabalho, após o seu retorno ao emprego, e na CAT- Comunicação de Acidentes de Trabalho,
obrigatória para concessão de benefícios, e que, anteriormente, era de competência exclusiva do
empregador, podendo agora também ser realizada tanto pelo acidentado como pelo seu sindicato,
pelo serviço médico que o atendeu ou por seus familiares.
Desde o início dos anos 2000 até os dias atuais, as leis trabalhistas e previdenciárias vêm
sofrendo profundas alterações para melhor controle e fiscalização do governo. A modernização de
seu conteúdo, o uso da tecnologia de dados e a unificação das bases em sistema, chamado
eSocial, são ações que visam a redução da burocracia e ajustes na arrecadação previdenciária,
além de servir de base para que as empresas adaptem seus métodos e processos a ambientes
seguros e saudáveis.
A temática de saúde e segurança no trabalho envolve diversos conceitos importantes sob o ponto
de vista prático que permitem o entendimento específico da disciplina. São eles:
Fonte: Fertnig/iStock.
Acidente de trajeto: “Acidente sofrido pelo empregado no percurso da residência para o local de
trabalho ou deste para aquela, qualquer que seja o meio de locomoção, inclusive veículo de
propriedade do empregado, desde que não haja interrupção ou alteração de percurso por motivo alheio
ao trabalho” (NBR 14280, 2001).
Acidente impessoal: “Acidente cuja caracterização independe de existir acidentado, não podendo ser
considerado como causador direto da lesão pessoal” (NBR 14280, 2001).
Acidente pessoal: “Acidente cuja caracterização depende de existir acidentado” (NBR 14280, 2001).
Ato inseguro: “Ação ou omissão que, contrariando preceito de segurança, pode causar ou favorecer a
ocorrência de acidente.” (NBR 14280, 2001).
Avaliação de riscos: “Processo de avaliação de risco(s) proveniente(s) de perigo(s), levando em
consideração a adequação de qualquer controle existente, e decidindo se o risco é ou não aceitável”
(OHSAS 18001, 2007).
Condição ambiente de insegurança (condição ambiente): Condição do meio que causou o acidente ou
contribuiu para a sua ocorrência (NBR 14280, 2001).
Condição de trabalho: “Toda e qualquer variável presente ao ambiente de trabalho capaz de alterar
e/ou condicionar a capacidade produtiva do indivíduo, causando ou não agressão ou depreciações à
saúde deste” (BARBOSA FILHO, 2011).
Desempenho de Saúde e Segurança do Trabalho (SST): Resultados mensuráveis da gestão de uma
organização de seus risco(s) de SST, que inclui a medição da eficácia dos controles da organização e
envolve política de SST, objetivos de SST e outros requisitos de desempenho da SST da organização
(OHSAS 18001, 2007).
Doença: Condição física ou mental adversa identificável, oriunda de, e/ou agravada por, uma atividade
laboral e/ou situação relacionada ao trabalho (OHSAS 18001, 2007).
Fonte: Fg Trade/iStock.
Doença profissional: Doença do trabalho causada pelo exercício de atividade específica, constante de
relação oficial (NBR 14280, 2001).
Doença do trabalho: Doença decorrente do exercício continuado ou intermitente de atividade
laborativa capaz de provocar lesão por ação mediata (NBR 14280, 2001).
Incidente: ocorrência decorrente, ou no decorrer, de um trabalho, que pode resultar em lesões e
problemas de saúde (ISO45001, 2018).
Identificação de Perigo: Processo de reconhecimento de que um perigo existe e definição de suas
características (OHSAS 18001, 2007).
Higiene: Ciência que visa à preservação da saúde e à prevenção de doenças (FERREIRA, 1997).
Higiene do trabalho: Ciência e arte dedicadas à antecipação, reconhecimento, avaliação e controle de
fatores e riscos ambientais gerados nos postos de trabalho e que podem causar enfermidade, prejuízos
à saúde ou ao bem estar dos trabalhadores, tendo em vista o possível impacto nas comunidades
vizinhas e no meio ambiente geral (SALIBA, 2016).
Horas-homem de exposição ao risco de acidente (horas-homem): Somatório das horas durante as
quais os empregados ficam à disposição do empregador, em determinado período (NBR 14280, p. 2001).
Lesão com afastamento (lesão incapacitante ou lesão com perda de tempo): Lesão pessoal que impede
o acidentado de voltar ao trabalho no dia imediato ao do acidente ou de que resulte incapacidade
permanente (NBR 14280, p. 2001).
Lesão imediata: Lesão que se manifesta no momento do acidente (NBR 14280, 2001).
Lesão mediata (lesão tardia): Lesão que não se manifesta imediatamente após a circunstância
acidental da qual resultou (NBR 14280, 2001).
Lesão pessoal: Qualquer dano sofrido pelo organismo humano, como consequência de acidente do
trabalho (NBR 14280, 2001).
Lesão sem afastamento (lesão não incapacitante ou lesão sem perda de tempo): Lesão pessoal que não
impede o acidentado de voltar ao trabalho no dia imediato ao do acidente, desde que não haja
incapacidade permanente (NBR 14280, 2001).
Objetivo de SST: Meta de Saúde e Segurança do Trabalho, em termos do desempenho da SST, que uma
organização estabelece para ela própria atingir (OHSAS 18001, 2007).
Perigo: Fonte com potencial para provocar danos, lesões e problemas de saúde (ISO45001, 2018).
Política de SST: Intenções e princípios gerais de uma organização em relação ao seu desempenho da
SST, conforme formalmente expresso pela alta gestão da empresa. A política de SST fornece um
arcabouço para a ação e para o estabelecimento dos objetivos de SST (OHSAS 18001, 2007).
Risco: Combinação da probabilidade de ocorrência de um evento perigoso ou exposição(ões) com a
gravidade da lesão ou doença que pode ser causada pelo evento ou exposição(ões) (OHSAS 18001,
2007).
Saúde: Bem-estar físico, mental e social não sendo considerado somente a ausência de enfermidade
ou doença (FERREIRA, 1997).
Saúde e Segurança do Trabalho (SST): Condições e fatores que afetam, ou poderiam afetar, a segurança
e a saúde de funcionários ou de outros trabalhadores (incluindo trabalhadores temporários e pessoal
terceirizado), visitantes ou qualquer outra pessoa no local de trabalho (OHSAS 18001, 2007).
Segurança: Estado, qualidade ou condição daquele ou daquilo que se pode confiar (FERREIRA, 1997).
Figura 6 – Trabalhadores
executando trabalho em ambiente
seguro
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"https://player.vimeo.com/video/675978916".
Fonte: whyframestudio/iStock.
O CONFEA em sua resolução Nº 437, de 27 de Novembro de 1999, obriga que estudos, projetos,
planos, relatórios, laudos e quaisquer outros trabalhos ou atividades relativas à Engenharia de
Segurança do Trabalho só terão valor jurídico quando seus autores forem engenheiros ou
arquitetos, especializados em Engenharia de Segurança do Trabalho e registrados nos devidos
Conselhos Regionais.
1.4.2 Técnico em Segurança do Trabalho
Figura 8 – Técnico em Segurança do
Trabalho
Fonte: Kerkez/iStock.
I. Informar o empregador, através de parecer técnico, sobre os riscos existentes nos ambientes de trabalho,
bem como orientá-los sobre as medidas de eliminação e neutralização.
II. Informar os trabalhadores sobre os riscos da sua atividade, bem como as medidas de eliminação e
neutralização.
III. Analisar os métodos e os processos de trabalho e identificar os fatores de risco de acidentes do trabalho,
doenças profissionais e do trabalho e a presença de agentes ambientais agressivos ao trabalhador,
propondo sua eliminação ou seu controle.
IV. Executar os procedimentos de segurança e higiene do trabalho e avaliar os resultados alcançados,
adequando estratégias utilizadas de maneira a integrar o processo prevencionista em uma planificação,
beneficiando o trabalhador.
V. Executar programas de prevenção de acidentes do trabalho, doenças profissionais e do trabalho nos
ambientes de trabalho, com a participação dos trabalhadores, acompanhando e avaliando seus resultados,
bem como sugerindo constante atualização e estabelecendo procedimentos a serem seguidos.
VI. Promover debates, encontros, campanhas, seminários, palestras, reuniões, treinamentos e utilizar outros
recursos de ordem didática e pedagógica com o objetivo de divulgar as normas de segurança e higiene do
trabalho, assuntos técnicos, visando evitar acidentes do trabalho, doenças profissionais e do trabalho.
VII. Executar as normas de segurança referentes a projetos de construção, aplicação, reforma, arranjos físicos e
de fluxos, com vistas à observância das medidas de segurança e higiene do trabalho, inclusive por
terceiros.
VIII. Encaminhar aos setores e áreas competentes normas, regulamentos, documentação, dados estatísticos,
resultados de análises e avaliações, materiais de apoio técnico, educacional e outros, de divulgação para
conhecimento e autodesenvolvimento do trabalhador.
IX. Indicar, solicitar e inspecionar equipamentos de proteção contra incêndio, recursos audiovisuais e
didáticos e outros materiais considerados indispensáveis, de acordo com a legislação vigente, dentro das
qualidades e especificações técnicas recomendadas, avaliando seu desempenho.
X. Cooperar com as atividades do meio ambiente, orientando quanto ao tratamento e destinação dos resíduos
industriais, incentivando e conscientizando o trabalhador da sua importância para a vida.
XI. Orientar as atividades desenvolvidas por empresas contratadas, quanto aos procedimentos de segurança e
higiene do trabalho previstos na legislação ou constantes em contratos de prestação de serviço.
XII. Executar as atividades ligadas à segurança e higiene do trabalho utilizando métodos e técnicas científicas,
observando dispositivos legais e institucionais que objetivem a eliminação, controle ou redução
permanente dos riscos de acidentes do trabalho e a melhoria das condições do ambiente, para preservar a
integridade física e mental dos trabalhadores.
XIII. Levantar e estudar os dados estatísticos de acidentes do trabalho, doenças profissionais e do trabalho,
calcular a frequência e a gravidade para ajustes das ações prevencionistas, normas, regulamentos e outros
dispositivos de ordem técnica, que permitam a proteção coletiva e individual.
XIV. Articular-se e colaborar com os setores responsáveis pelos recursos humanos, fornecendo-lhes resultados
de levantamentos técnicos de riscos das áreas e atividades para subsidiar a adoção de medidas de
prevenção em nível de pessoal.
XV. Informar os trabalhadores e o empregador sobre as atividades insalubres, perigosas e penosas existentes
na empresa, seus riscos específicos, bem como as medidas e alternativas de eliminação ou neutralização
desses riscos.
XVI. Avaliar as condições ambientais de trabalho e emitir parecer técnico que subsidie o planejamento e a
organização do trabalho de forma segura para o trabalhador.
XVII. Articular-se e colaborar com os órgãos e entidades ligados à prevenção de acidentes do trabalho, doenças
profissionais e do trabalho.
XVIII. Participar de seminários, treinamento, congressos e cursos visando o intercâmbio e o aperfeiçoamento
profissional (BRASIL, 1989).
A redação da Norma Regulamentadora NR-04 aponta que o médico do trabalho deve ser portador
de certificado de conclusão de curso de especialização em Medicina do Trabalho, em nível de pós-
graduação, ou portador de certificado de residência médica em área de concentração em saúde
do trabalhador ou denominação equivalente, reconhecida pela Comissão Nacional de Residência
Médica do Ministério da Educação, ambos ministrados por universidade ou faculdade que
mantenha curso de graduação em Medicina.
Fonte: Nortonrsx/iStock.
Conforme resolução CREMESP n° 156, de 10 de outubro de 2006, são atribuições dos médicos que
exercem a Medicina do Trabalho:
a. Conhecer os processos produtivos e ambientes de trabalho da empresa atuando com vistas essencialmente
à promoção da saúde e prevenção de doenças, identificando os riscos existentes no ambiente de trabalho
(físicos, químicos, biológicos ou outros), atuando junto à empresa para eliminar ou atenuar a nocividade
dos processos de produção e organização do trabalho.
b. Avaliar o trabalhador e a sua condição de saúde para determinadas funções e/ou ambientes, procurando
ajustar o trabalho ao trabalhador; indicando sua alocação para trabalhos compatíveis com sua situação de
saúde, orientando-o, se necessário, no referido processo de adaptação.
c. Reconhecer que existem necessidades especiais determinadas por fatores, tais como sexo, idade, condição
fisiológica, aspectos sociais, barreiras de comunicação e outros fatores, que condicionam o potencial de
trabalho.
d. Comunicar, de forma objetiva, a comunidade científica, assim como as autoridades de Saúde e do Trabalho,
sobre achados de novos riscos ocupacionais, suspeitos ou confirmados.
e. Dar conhecimento, formalmente, aos empresários, comissões de saúde e CIPAs dos riscos existentes no
ambiente de trabalho, bem como dos outros informes técnicos no interesse da saúde do trabalhador,
considerando-se que a eliminação ou atenuação de agentes agressivos é da responsabilidade da empresa.
f. Providenciar junto à empresa a emissão de Comunicação de Acidente do Trabalho, de acordo com os
preceitos legais, independentemente da necessidade de afastamento do trabalho.
g. Notificar o órgão público competente, através de documentos apropriados, quando houver suspeita ou
comprovação de transtornos da saúde atribuíveis ao risco do trabalho, bem como recomendar ao
empregador os procedimentos cabíveis.
h. Motivar os enfermeiros do trabalho, os engenheiros e técnicos de Segurança, os higienistas ocupacionais,
os psicólogos ocupacionais, os especialistas em Ergonomia, em Reabilitação Profissional, em Prevenção de
Acidentes e outros profissionais que se dedicam à pesquisa em Saúde e Segurança no Trabalho em busca
do contínuo melhoramento das condições e ambientes de trabalho.
Recapitulando
Vimos neste capítulo:
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Videoaula - Legislação de segurança e saúde ocupacional
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2 Legislação
A legislação brasileira é composta por normas que observam uma estrutura hierárquica de
normas nas quais uma é subordinada a outra que tem a Constituição Federal como norma
máxima até contratos e estatutos.
Os tipos de normas são: Constituição Federal (CF), leis complementares, leis ordinárias,
convenções internacionais, leis delegadas, medidas provisórias, decretos legislativos, resoluções,
instruções normativas, portarias, normas regulamentadoras (NRs) e notas técnicas.
Com relação à saúde e segurança do trabalho, temos os seguintes ordenamentos jurídicos que
tratam sobre o tema:
Constituição Federal.
Convenções da Organização Internacional do Trabalho (OIT) sobre segurança e saúde do trabalho.
Legislação, Atos e Portarias.
Normas Regulamentadoras do Ministério do Trabalho e Emprego.
XXII - redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança.
XXIII - adicional de remuneração para as atividades penosas, insalubres ou perigosas, na forma da lei.
XXVIII - seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador, sem excluir a indenização a que
este está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa.
XXXIII - proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores de 18 e de qualquer trabalho a
menores de 16 anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de 14 anos.
Para complementar o conhecimento sobre legislação, além da constituição federal, torna-se
imprescindível para o aprendizado o conhecimento sobre as convenções da Organização
Internacional do Trabalho. Para conhecer, acesse: www.tst.jus.br
[https://www.tst.jus.br/web/trabalhoseguro/normas] .
No Brasil, o Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943, que aprova a consolidação das leis do
trabalho, no seu capítulo V, seção II, já descreve sobre a higiene do trabalho e, na secção III, sobre
a segurança do trabalho.
Em 1988, a Constituição Federal, em seu capítulo II dos direitos sociais da população brasileira, no
artigo 7º, dispõe que são direitos dos trabalhadores urbanos e rurais a redução dos riscos
inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança.
Fonte: FG Trade/iStock.
Com base no artigo 7º presente no capítulo II da Constituição Federal, pode-se observar o assunto
Saúde e Segurança no Trabalho presente em diversas esferas legais, incorrendo sobre pessoas e
empresas a responsabilidade em garantir aos trabalhadores condições de trabalho seguro e as
adequadas ao exercício das atividades, prevenindo e controlando os perigos e riscos que podem
considerar o trabalho penoso, insalubre ou perigoso.
O Código Civil brasileiro apresenta diversos artigos sobre o direito à reparação do dano causado a
um trabalhador que sofre um acidente durante exercício da atividade.
O Código Penal dispõe sobre a caracterização de crime expor um trabalhador a condições de risco
ou na ocorrência de um acidente, deixando, nesse caso, de aplicar medidas de proteção
necessárias. Uma pessoa poderá responder de forma culposa na empresa pela imperícia,
imprudência ou negligência de situações que levaram a ou causaram dano a outros.
As normas regulamentadoras estão em constante mudança, são de domínio público e podem ser
acessadas no site www.gov.br [https://www.gov.br/trabalho-e-previdencia/pt-
br/composicao/orgaos-especificos/secretaria-de-trabalho/inspecao/seguranca-e-saude-no-
trabalho/ctpp-nrs/normas-regulamentadoras-nrs] .
Além das Normas Regulamentadoras (no site: www.gov.br [https://www.gov.br/trabalho-e-
previdencia/pt-br/composicao/orgaos-especificos/secretaria-de-trabalho/inspecao/seguranca-
e-saude-no-trabalho/ctpp-nrs/normas-regulamentadoras-nrs] ), você pode acessar publicações
e materiais técnicos comentados em Segurança e Saúde no trabalho.
A estrutura das leis de Segurança e Saúde, começando pela Constituição Federal de 1988, partindo
para seus desdobramentos, com ênfase nas leis trabalhistas (no governo Bolsonaro a cargo da
Secretaria de Inspeção no Ministério da Economia) e nas leis previdenciárias, aplicáveis aos seus
segurados.
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"https://player.vimeo.com/video/675980849".
3 Prevenção de acidentes no trabalho
O artigo 19 da Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991, descreve: “acidente do trabalho é o que ocorre
pelo exercício do trabalho a serviço da empresa, ou pelo exercício do trabalho do segurado
especial, provocando lesão corporal ou perturbação funcional, de caráter temporário ou
permanente”. Esse tipo de evento pode causar desde um simples afastamento, perda ou redução
da capacidade para o trabalho, ou até mesmo a morte do segurado.
Os acidentes são originados em ações ou situações que contribuem para o seu acontecimento.
Dessa forma, todos os acidentes de trabalho têm como antecedentes (conhecidos ou não) uma
variedade de causas, sendo elas enquadradas em dois tipos: atos inseguros ou condições
inseguras de trabalho.
São definidos como as principais causas dos acidentes do trabalho, que reside exclusivamente no
fator humano. Nada mais são que a violação das normas internas de segurança, Código de
Trânsito Brasileiro e Normas Regulamentadoras do Ministério do Trabalho.
Em uma pesquisa foi constatado que, em 90% dos casos de acidentes, o motivo principal é o ato
inseguro. A seguir, alguns exemplos de atos inseguros mais conhecidos (PREFEITURA DO
MUNICÍPIO DE TIETÊ, 2015):
São aquelas que estão presentes no ambiente de trabalho, das quais geralmente todos têm a
ciência do risco e que podem levar à ocorrência de acidentes, colocando em risco a integridade
física e mental do colaborador, de terceiros e também do patrimônio da empresa.
Má arrumação/falta de limpeza.
Defeitos nas edificações.
Piso danificado.
Risco de fogo ou explosão.
Falta de manutenção adequada.
Máquinas, equipamentos ou ferramentas com defeitos.
Você já imaginou exatamente quantas pessoas sofrem acidentes de trabalho todos os dias no
Brasil?
Ocorrem mais de 1.500 acidentes de trabalho todos os dias em território nacional. Um acidente a
cada 57,6 segundos.
Os critérios de análise da classificação dos riscos nos ambientes de trabalho devem ser
realizados por profissionais qualificados, como determina a Norma Regulamentadora NR-15
quando aborda os riscos físicos, químicos e biológicos e a Norma Regulamentadora NR-17, ao
abordar os riscos ergonômicos.
Agentes físicos como “as diversas formas de energia a que possam estar expostos os trabalhadores,
tais como: ruído, vibrações, pressões anormais, temperaturas extremas, radiações ionizantes,
radiações não ionizantes, bem como o infrassom e o ultrassom”.
Agentes químicos como “as substâncias, compostos ou produtos que possam penetrar no organismo
pela via respiratória, nas formas de poeiras, fumos, névoas, neblinas, gases ou vapores, ou que, pela
natureza da atividade de exposição, possam ter contato ou ser absorvidos pelo organismo através da
pele ou por ingestão”.
Agentes biológicos “as bactérias, fungos, bacilos, parasitas, protozoários, vírus, entre outros”.
Já os riscos de acidentes são situações ou condições de trabalho com potencial para causar
danos à integridade física das pessoas.
Equipamento de Proteção Coletiva (EPC) é todo equipamento utilizado para proteger inúmeros
trabalhadores ao mesmo tempo e se caracteriza em beneficiar um grupo de trabalhadores
indistintamente. Eles eliminam ou reduzem os riscos na própria fonte. São exemplos de EPCs:
bandeja de proteção contra queda de pessoas, tela de proteção contra quedas de materiais,
extintores de incêndio, enclausuramento acústico de fontes de ruído etc.
Fonte: Timyee/iStock.
Segundo a Norma Regulamentadora (NR-6), o EPI é todo dispositivo ou produto de uso individual
utilizado pelo trabalhador, destinado à proteção de riscos suscetíveis de ameaçar a segurança e a
saúde no trabalho.
Os equipamentos de proteção individual podem ser agrupados em EPIs para cabeça, proteção de
olhos e face, proteção auditiva, proteção respiratória, proteção para o tronco, proteção para
membros superiores, proteção para membros inferiores, proteção para o corpo inteiro proteção
contra quedas com diferença de nível (SALIBA, 2016).
Figura 16 – Equipamento de proteção
Fonte: nipastock/iStock.
Capacete
Proteção da cabeça:
Capuz ou balaclava
Óculos
Máscara de Solda
Respirador de fuga
Vestimentas
Proteção do tronco:
Colete à prova de balas
Luvas
Creme protetor
Braçadeira
Dedeira
Calçado
Meia
Proteção dos membros inferiores:
Perneira
Calça
Macacão
Proteção do corpo inteiro:
Vestimenta de corpo inteiro
Para aprofundamento sobre cada tipo de proteção mencionada no Quadro 2, bem como suas
descrições, acesse o site: www.gov.br [https://www.gov.br/trabalho-e-previdencia/pt-
br/composicao/orgaos-especificos/secretaria-de-trabalho/inspecao/seguranca-e-saude-no-
trabalho/ctpp-nrs/norma-regulamentadora-no-6-nr-6] .
Importante destacar que, conforme texto da nova norma regulamentadora NR-01, as medidas de
controle aos riscos identificados nos ambientes de trabalho devem priorizar a aplicação da
hierarquia de controle ao risco, que segue a seguinte sequência:
Note que o equipamento de proteção individual é sempre o último recurso a ser empregado para o
controle do risco ocupacional.
Conforme novo texto da NR-01, a empresa deve manter à disposição das partes interessadas
evidência documental de elaboração do PGR, contendo:
Além da norma regulamentadora NR-01, existem diversas normas nacionais e internacionais que
podem ser usadas como referência para a implementação de modelos de gestão, assim como
normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), Occupational Health and Safety
Assessment Series (OHSAS), International Organization for Standardization (ISO), British Standard
(BS), Standards Australia and New Zeland (AS/NZS), entre outras.
Independentemente da norma utilizada, todas elas são estruturadas seguindo o padrão do ciclo
de melhoria contínua, também conhecido como ciclo PDCA (do inglês: plan; do; check; act ou
adjust). A Figura 17 apresenta o modelo da estrutura PDCA aplicada na norma de Gestão,
seguindo estrutura do Anexo SL.
Figura 17 – Anexo SL aplicado no ciclo PDCA
Fonte: ISO45001:2018.
Nota-se pela figura que a estrutura e o planejamento do sistema de gestão começam pelo
reconhecimento e a análise dos elementos internos e externos à organização que podem, de
alguma forma, impactar a segurança e a saúde do trabalhador na empresa. Isso pode estar
relacionado ao ramo de atividade, tecnologia empregada, exigências legais, requisitos de mercado,
sindicato, órgãos de classe, interesse de acionistas ou investidores, cultura local, clima, fatores
sociais, entre outros elementos que podem determinar a forma de trabalho e como elas interagem
com as partes envolvidas no sistema de gestão.
Com base nesse levantamento inicial, a empresa pode estabelecer os limites ou a abrangência do
seu Sistema de Gestão, determinando o escopo de gestão e partindo para as fases de aplicação
do PDCA propriamente dito.
Em todos os momentos do PDCA, a mentalidade de risco deve estar presente. Trata-se das
situações que podem comprometer o negócio da empresa.
Por fim, a fase de ação do sistema de gestão envolve a análise de todo o sistema de gestão para
que novas decisões sejam tomadas a fim de melhorar o seu desempenho: análise dos itens de
controle, estabelecimento de ações corretivas e definição das melhorias que formam tal etapa.
Como o ciclo PDCA é contínuo, é importante lembrar que as etapas aqui apresentadas estão
sempre ocorrendo com o objetivo de melhorar o sistema de gestão.
atividades;
Fonte: senivpetro/Freepik.
a. Identificar os riscos do processo de trabalho, e elaborar o mapa de riscos, com a participação do maior
número de trabalhadores, com assessoria do SESMT, onde houver.
b. Elaborar plano de trabalho que possibilite a ação preventiva na solução de problemas de segurança e saúde
no trabalho.
c. Participar da implementação e do controle da qualidade das medidas de prevenção necessárias, bem como
da avaliação das prioridades de ação nos locais de trabalho.
d. Realizar, periodicamente, verificações nos ambientes e condições de trabalho visando a identificação de
situações que venham a trazer riscos para a segurança e saúde dos trabalhadores.
e. Realizar, a cada reunião, avaliação do cumprimento das metas fixadas em seu plano de trabalho e discutir
as situações de risco que foram identificadas.
f. Divulgar aos trabalhadores informações relativas à segurança e saúde no trabalho.
g. Participar, com o SESMT, onde houver, das discussões promovidas pelo empregador, para avaliar os
impactos de alterações no ambiente e no processo de trabalho relacionados à segurança e saúde dos
trabalhadores.
h. Requerer ao SESMT, quando houver, ou ao empregador, a paralisação de máquina ou setor onde considere
haver risco grave e iminente à segurança e saúde dos trabalhadores.
i. Colaborar no desenvolvimento e implementação do PCMSO e PPRA e de outros programas relacionados à
segurança e saúde no trabalho.
j. Divulgar e promover o cumprimento das Normas Regulamentadoras, bem como cláusulas de acordos e
convenções coletivas de trabalho, relativas à segurança e saúde no trabalho.
k. Participar, em conjunto com o SESMT, onde houver, ou com o empregador, da análise das causas das
doenças e acidentes de trabalho e propor medidas de solução dos problemas identificados.
l. Requisitar ao empregador e analisar as informações sobre questões que tenham interferido na segurança e
saúde dos trabalhadores.
m. Requisitar à empresa as cópias das CAT emitidas.
n. Promover, anualmente, em conjunto com o SESMT, onde houver, a Semana Interna de Prevenção de
Acidentes do Trabalho (SIPAT).
o. Participar, anualmente, em conjunto com a empresa, de Campanhas de Prevenção da AIDS (BRASIL, 2001d).
A ABNT NBR 14280:2001 tem como objetivo estabelecer critérios para registro, comunicação,
estatística, investigação e análise de acidentes do trabalho, suas causas e consequências,
aplicando-se a quaisquer atividades de trabalho, sendo aplicada a qualquer organização que
queira investigar os acidentes de trabalho para entender suas causas e consequências.
Para maior comodidade, o INSS disponibiliza um site que permite o Registro da CAT de forma
online, desde que preenchidos todos os campos obrigatórios. Através do sistema, também é
possível gerar o formulário da CAT em branco para, em último caso, ser preenchido manualmente.
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4 Cálculos estatísticos
As horas-homem são calculadas pelo somatório das horas de trabalho de cada empregado, mas
quando o número de horas trabalhadas varia de grupo para grupo, calculam-se os vários produtos
que devem ser somados para obtenção do resultado final.
Fonte: lamontak590623/iStock.
Segundo exemplo: 40 homens, dos quais 20 homens trabalham, cada um, 200 horas por mês, 10
homens trabalham 180 horas por mês e 10 homens trabalham 160 horas por mês, totalizam 7400
horas-homem.
As horas de exposição são retiradas das folhas de pagamento ou quaisquer outros registros de
ponto, consideradas apenas as horas trabalhadas, inclusive as horas extras.
Quando não é possível determinar o total de horas efetivamente trabalhadas, elas devem ser
estimadas multiplicando-se o total de dias de trabalho pela média do número de horas
trabalhadas por dia.
4.2 Dias perdidos por incapacidade temporária total
Figura 21 – Trabalhador com
incapacidade temporária
Fonte: Dragonimagens/iStock.
São considerados como dias perdidos por incapacidade temporária total os seguintes:
a. Os dias subsequentes ao da lesão, em que o empregado continua incapacitado para o trabalho (inclusive
dias de repouso remunerado, feriados e outros dias em que a empresa, entidade ou estabelecimento
estiverem fechados).
b. Os dias subsequentes ao da lesão, perdidos exclusivamente devido à não disponibilidade de assistência
médica ou recursos de diagnóstico necessários.
NOTA – Não são computáveis o dia da lesão e o dia em que o acidentado é considerado apto para
retornar ao trabalho.
São os dias que se debitam, por incapacidade permanente ou morte, para o cálculo do tempo
computado.
I – Morte 6000
a) Membro superior:
b) Mão:
c) Membro inferior:
d) Pé:
3ª falange – distal - 35
IV – Perturbação funcional:
1) Se o osso não é atingido, usar somente os dias perdidos e classificar como incapacidade temporária.
A Norma Regulamentadora NR-04, apresenta em seus quadros III, IV, V e VI alguns elementos a
serem preenchidos pelas organizações. São dados estatísticos de acidentes cuja fórmulas para
cálculo são apresentadas a seguir:
Sendo,
N = número de acidentes com lesão ou número absoluto;
H = homens/hora de exposição ao risco. Produto da multiplicação desse número de empregados
pela jornada de trabalho normal da empresa vezes o número de dias úteis do ano (variável);
= constante da fórmula.
Sendo,
DP = número de dias perdidos em acidentes;
DD = número de dias debitados em acidentes;
H = homens/hora de exposição ao risco. Produto da multiplicação desse número de empregados
pela jornada de trabalho normal da empresa vezes o número de dias úteis do ano (variável);
1.000.000 = constante da fórmula.
e. INDICADORES NIOSH
Algumas empresas, principalmente aquelas com origem fora do Brasil, classificam os acidentes
em categorias para melhor definição e análise de gravidade. O Instituto Americano de Segurança e
Saúde Ocupacional (NIOSH – National Institute of Occupational Safety and Health), o órgão do
trabalho nos Estados Unidos, adota a seguinte classificação:
Acidentes reportáveis
PS (Primeiros Socorros): simples ocorrências de incidente com atendimento sem restrição ao trabalho
ou afastamento. Sem lesão ao trabalhador.
f. CÁLCULO DO TRIR
O acidentes reportáveis compõem um indicador chamado TRIR (Total Recordable Incident Rate),
formado pela seguinte fórmula:
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"https://player.vimeo.com/video/416134726".
Conclusão
A saúde e a segurança do trabalhador nas organizações, de todos os ramos, segmentos e
tamanhos, têm sido objeto de preocupação constante e de atenção.
A busca pelo desenvolvimento do trabalho de forma segura não somente é uma boa prática, mas
também uma exigência constante da legislação nacional e um tema que, quando negligenciado,
pode causar prejuízo à imagem, perdas produtivas e financeiras às organizações.
Cada vez mais, o enfoque dado às partes interessadas tem obrigado as organizações a tomar
ações de prevenção a lesões e doenças, bem como estabelecer rígidos critérios de controle para
evitar acidentes ou ocorrências anormais no ambiente laboral.
Dessa forma, tem sido necessário um estudo cada vez mais aprofundado na medicina do trabalho,
na engenharia de segurança e na higiene ocupacional pelo engenheiro de produção, uma vez que
esses estudos alinhados ao próprio processo produtivo levariam a uma condição controlada e
salubre do desenvolvimento de suas atividades e do desempenho organizacional.
Autoria
Marcelo Martins
Autor
Mestre em Administração (2016), possui Graduação em Engenharia Mecânica pela Universidade
Presbiteriana Mackenzie (1998), Pós Graduação em Gestão e Tecnologias Ambientais (FAAP) e
Pós Graduação em Engenharia de Segurança do Trabalho na Universidade Nove de Julho. Tem
experiência na área de consultoria e auditoria em meio ambiente e segurança do trabalho,
sustentabilidade e Ciência da Computação. É conteudista e professor de graduação e pós-
graduação nas modalidades presencial e EAD.
Trabalhou e prestou serviços nas áreas de Qualidade, Meio Ambiente e Segurança Ocupacional
em empresas de diversos portes e segmentos.
Julgar como árbitro: arbitrar um litígio. Controlar a regularidade de um jogo: arbitrar uma partida
de futebol. Fonte: www.dicio.com.br/arbitrar [https://www.dicio.com.br/arbitrar] .
Arcabouço
Clérigo
Sujeito que faz parte da classe eclesiástica; aquele que alcançou as ordens sacras; cristão que
exerce o sacerdócio. Tem como sinônimos, padre, pároco, prior, arcebispo e vigário. Fonte:
www.dicio.com.br/clerigo [https://www.dicio.com.br/clerigo] .
Corroborar
Confirmar a existência ou a verdade de; dar provas de; comprovar: corroborar declarações alheias;
dados que corroboram um estudo quantitativo. Obter força; tornar forte; fortalecer: este
medicamento corrobora o sistema nervoso; corroborou-se com exercícios físicos. Fonte:
www.dicio.com.br/corroborar [https://www.dicio.com.br/corroborar/] .
Dolo
Fraude; modo de agir fraudulento de uma pessoa em relação à outra. Ato criminoso da pessoa que
age de má-fé, buscando induzir alguém à prática de uma ação, sendo a pessoa lesada
responsável pelos prejuízos causados por ela. Violação deliberada da lei, por ação ou omissão,
tendo consciência plena do crime que está cometendo. Fonte: www.dicio.com.br/dolo
[https://www.dicio.com.br/dolo/] .
Embargo
O que pode causar impedimento; em que há obstáculo ou dificuldade; empecilho. Capaz de impor
um obstáculo à vontade do adversário na obtenção de um direito; que impede a obtenção de
algum direito. Proibição provisória que, sendo realizada pelo Estado, faz com que um navio de
origem estrangeira não saia do porto em que está ancorado. Fonte: www.dicio.com.br/embargo
[https://www.dicio.com.br/embargo/] .
Iminente
Imediato; que pode acontecer em um momento muito próximo; que está prestes a ocorrer; que se
pode realizar a qualquer momento: tragédia iminente. Fonte: www.dicio.com.br/iminente
[https://www.dicio.com.br/iminente/] .
Insalubre
Que não faz bem à saúde; diz-se do local cujas condições são prejudiciais à saúde. Que provoca
doenças; insalutífero. Que pode causar danos à saúde do trabalhador; diz-se das circunstâncias
de trabalho. Fonte: www.dicio.com.br/insalubre [https://www.dicio.com.br/insalubre/] .
Laboral
Que se refere à labuta, ao labor, ao trabalho, trabalhista, ambiente laboral tranquilo. Fonte:
www.dicio.com.br/laboral [https://www.dicio.com.br/laboral/] .
Oriundo
Procedente; que tem sua origem em; que provém de; que tem determinada proveniência: ex.
produto oriundo do Sul da África. Fonte: www.dicio.com.br/oriundo
[https://www.dicio.com.br/oriundo/] .
Patologia
Derivado do grego pathos, sofrimento, doença e logia, ciência, estudo) é um ramo da biologia e
medicina primariamente dedicado à análise e estudo de órgãos, tecidos e fluidos corporais, com a
finalidade de fazer um diagnóstico das doenças. Fonte: pt.wikipedia.org/wiki/Patologia
[https://pt.wikipedia.org/wiki/Patologia] .
Silicose
A silicose é uma forma de pneumoconiose causada pela inalação de finas partículas de sílica
cristalina e caracterizada por inflamação e cicatrização em forma de lesões nodulares nos lóbulos
superiores do pulmão. Provoca, na sua forma aguda, dificuldades respiratórias, febre e cianose.
Pode ser confundida como edema pulmonar, pneumonia ou tuberculose. Fonte:
pt.wikipedia.org/wiki/Silicose [https://pt.wikipedia.org/wiki/Silicose] .
Subsidiar
Financiar; dar apoio financeiro a: a empresa subsidiava a campanha do candidato; sua mãe
subsidiou suas viagens. Ajudar; oferecer qualquer tipo de auxílio, ajuda, subsídio: ela subsidiava
campanhas filantrópicas; o professor subsidiava os projetos educacionais. Fonte:
www.dicio.com.br/subsidiar [https://www.dicio.com.br/subsidiar/] .
Tripartite
Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). NBR 14280. Cadastro de acidente do trabalho -
Procedimento e classificação. Rio de Janeiro: ABNT, 2001. Disponível em:
www.alternativorg.com.br [http://www.alternativorg.com.br/wdframe/index.php?
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BARBOSA FILHO, Antonio Nunes. Segurança do Trabalho & Gestão Ambiental. 4. ed. São Paulo:
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BRASIL. Decreto-Lei no 5.452, de 1º de maio de 1943. Diário Oficial [da] República Federativa do
Brasil, Rio de Janeiro, 1 maio 1943. Disponível em www.planalto.gov.br
[http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del5452.htm] . Acesso em: 26 out. 2017.
BRASIL. Portaria n. 25, de 15 de outubro de 2001. Altera a Norma Regulamentadora que trata de
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COSTA, Paulo Roberto da; COSTA, Laísa Quadros da. Normalização e Legislação Aplicada. Santa
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FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo dicionário da língua portuguesa. Rio de Janeiro:
Nova fronteira, 1997.
SALIBA, Tuffi Messias. Manual Prático de Higiene Ocupacional e PPRA: Avaliação e controle dos
Riscos Ambientais. 8. ed. São Paulo: LTR, 2017.
TAVARES, Cláudia Regina Gomes. Acidentes de trabalho: conceitos básicos. Brasília: Secretaria de
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