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PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO DO COMÉRCIO

EXTERIOR

1
Sumário

NOSSA HISTÓRIA ............................................................................................... 2

HISTÓRIA E CONCEITO DE PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO ....................... 3

PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO .................................................................. 5


O DIAGNÓSTICO ESTRATÉGICO .................................................................. 7
COMÉRCIO EXTERIOR ....................................................................................... 9

MODELOS TRADICIONAIS DE INTERNACIONALIZAÇÃO .......................... 12


MODELO DE UPPSALA ................................................................................. 12

PARADIGMA ECLÉTICO DE DUNNING ........................................................ 15

PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO NA EXPORTAÇÃO .................................... 18

ESTRATÉGIAS DE APLICAÇÃO AO COMÉRCIO EXTERIOR ..................... 22


REFERENCIAS .................................................................................................. 30

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NOSSA HISTÓRIA

A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários,


em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós-
Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como entidade oferecendo
serviços educacionais em nível superior.

A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de


conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação
no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua.
Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que
constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de
publicação ou outras normas de comunicação.

A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma


confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base
profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições
modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica,
excelência no atendimento e valor do serviço oferecido.

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HISTÓRIA E CONCEITO DE PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO

A Revolução Industrial foi um marco na evolução da administração das


empresas. As características básicas deste período são o desenvolvimento do setor
fabril, a aplicação da energia à indústria, o melhoramento dos meios de transporte e
comunicação, o aumento do domínio do capitalismo e o grande desenvolvimento
tecnológico. A história do planejamento estratégico passa pela atuação do Estado,
particularmente do estamento militar, que a partir de estratégias pré-definidas
estabelecia planos que se transformavam em ações no teatro de operações.

Ao longo do tempo outros autores escreveram sobre o tema. Maquiavel, no


clássico trabalho “O Príncipe” escrito em 1513, mas só publicado em 1532, apresenta
princípios básicos de estratégia e mesmo de planejamento ao estruturar a base do
pensamento republicano que pretendia unificar as potências na península itálica.

O príncipe deveria ter uma tríplice missão: tomar o poder; assegurar a


estabilidade política; construir a República unificada. Maquiavel viu em Lourenço de
Médici a figura desse príncipe. Deveria ser um herói trágico, impiedoso e astucioso,
resoluto e frio, porque esta era a única maneira de controlar a instabilidade política e
a perversão dos homens, a fim de que fosse instaurada a cidade justa.

E para atingir tais objetivos, deveria planejar e arquitetar alianças, construir


cenários futuros. Clausewitz, com seu famoso trabalho “A Guerra”, publicado
postumamente, ficou conhecido com a frase em que ele define a associação entre
guerra e política: “a guerra é a continuação da política por outros meios”.

Os ensinamentos do general prussiano do século XIX são baseados na


incerteza, na necessidade de adaptação de posições, onde se destacam os conceitos
de tática e estratégia. Ainda no século XIX, George Siemens estudou a administração,
em especial o planejamento, como função e como estrutura e sobressaiu-se na
Alemanha, entre 1870 a 1880, ao projetar e construir o "Deutsch Bank" que se
transformou em pouco tempo numa instituição financeira líder e dinâmica dentro da
Europa continental.

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A revolução industrial produziu alterações significativas na estrutura econômica
da sociedade. As relações de produção foram modificadas e surgiu a necessidade de
sistematizar e gerir a produção que crescia exponencialmente. Neste contexto, entre
o final do século XIX até a década de 20 do século passado tivemos vários autores
com trabalhos expressivos acadêmicos ou não que influenciaram o modo de gerir as
empresas e instituições, o que sem dúvida estimulou o uso do planejamento
estratégico, como ferramenta de gestão.

Taylor, Gant, Fayol, Ford e Weber estão entre eles. As duas grandes guerras
obrigaram os Estados, em particular, suas Forças Armadas e os segmentos industriais
a desenvolverem técnicas e ferramentas que otimizassem seus recursos,
especialmente , os logísticos. Reforça-se, assim, o planejamento estratégico como
ferramenta decisiva para o desenvolvimento de ações de médio e longo prazo. Com
relação ao planejamento estratégico do Estado, o Brasil acumulou, sobretudo entre os
anos 40 e 70 do século passado, uma experiência razoável em matéria de
planejamento governamental.

Desde os primeiros exercícios, no imediato Pós-Segunda Guerra, por meio,


entre outros, do Plano Salte (saúde, alimentação, transportes e energia) e, mais
adiante, do Plano de Metas de Juscelino Kubitschek, até os mais recentes planos
plurianuais, determinados constitucionalmente, o Estado brasileiro empreendeu, ao
longo destas últimas cinco ou seis décadas, diversas tentativas de planejamento do
futuro e de organização do processo de desenvolvimento econômico.

Na iniciativa privada, no entanto, foi a partir de 1950 que as mudanças


começaram a serem intensas, contínuas e cada vez mais rápidas. A cada década,
novos conceitos e aplicações de Planejamento Estratégico foram surgindo,
impactando ou sendo impactados por áreas como Marketing, Finanças, Produção,
Globalização, Tecnologia e Qualidade. No entanto, o planejamento estratégico, como
hoje se conhece, surgiu somente no início da década de 70.
Nas décadas de 50 e 60 os administradores empregavam um planejamento
mais operacional, uma vez que o crescimento de demanda total estava controlado, e
era pouco provável que mesmo um administrador inexperiente não fosse bem
sucedido no negócio. Isso mudou com a turbulência dos anos 70, que trouxe a tona
diversas crises: os preços do petróleo dispararam com a guerra entre árabes e

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israelenses; houve escassez de energia e matéria-prima, inflação de dois dígitos,
recessão econômica e alarmantes índices de desemprego.

Essa sequência de eventos na economia trouxe como consequência a


necessidade de um novo processo de planejamento estratégico, visando manter as
empresas numa boa posição, mesmo diante de problemas que possam ocorrer em
qualquer um de seus negócios ou linhas de produtos.

A estratégia e mais diretamente o planejamento estratégico entraram


definitivamente na agenda das empresas no século XXI. Um dos mais respeitados
autores é Michael Porter, considerado a maior autoridade mundial em estratégia
competitiva. É autor dos maiores best-sellers internacionais na área, entre os quais se
destacam: Vantagem Competitiva, Estratégia Competitiva, A Vantagem Competitiva
das Nações, On competition e, mais recentemente, Redefining Health care que está
revolucionando a gestão da saúde em todo o mundo.

PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO

Uma das grandes dificuldades das empresas é a conceituação da função do


planejamento estratégico, em especial sua real amplitude e abrangência. Drucker
(1977), em seu livro Introdução a Administração, guarda em um de seus capítulos um
espaço para o tema em questão e, antes mesmo de definir o que é planejamento
estratégico, ele define o que não é planejamento estratégico.

Segundo ele:

• Planejamento estratégico não é uma caixa de mágicas nem um


amontoado de técnicas – quantificar não é planejar;
• Não é previsão – ele se faz necessário por não se ter a capacidade de
prever;

• Não opera com decisões futuras. Ele opera com o que há de futuro nas
decisões presentes;

• Ele não é uma tentativa de eliminar o risco.

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É fundamental que os riscos assumidos sejam os riscos certos. Há muitas
conceituações para planejamento estratégico. Segundo Kotler (1992, p.63),

“planejamento estratégico é definido como o processo gerencial de desenvolver e


manter uma adequação razoável entre os objetivos e recursos da empresa e as
mudanças e oportunidades de mercado”. O objetivo do planejamento estratégico é
orientar e reorientar os negócios e produtos da empresa de modo que gere lucros e
crescimento satisfatórios.

Já Drucker (1977) define Planejamento Estratégico como um processo


contínuo, sistemático, organizado e capaz de prever o futuro, de maneira a tomar
decisões que minimizem riscos. Outra conceituação interessante apresenta o
planejamento estratégico “como um processo administrativo para se estabelecer a
melhor direção a ser seguida pela empresa, visando ao otimizado grau de fatores
externos – não controláveis – e atuando de forma inovadora e diferenciada” (Oliveira
– 2007).

Independente do autor fica claro que o planejamento estratégico é um conjunto


de ferramentas que por si só são insuficientes, mas quando é seguido de
planejamentos táticos e operacionais, consiste em robusta ferramenta para
implementar o pensamento estratégico da organização. Mas qual a diferença entre o
planejamento entre o planejamento estratégico, tático e operacional?

De forma resumida, pode-se dizer que quanto aos níveis, o planejamento


estratégico relaciona-se com objetivos de longo prazo e com estratégias e ações para
alcançá-los que afetam a empresa como um todo, enquanto o planejamento tático
relaciona-se aos objetivos de mais curto prazo e com estratégias e ações que,
geralmente, afetam somente parte da empresa.
Já o planejamento operacional pode ser considerado como partes homogêneas
do planejamento tático, sendo a formalização, principalmente através de documentos
escritos, das metodologias de desenvolvimento e implantação estabelecidos. Tem
foco nas atividades do dia-a-dia. De uma maneira geral, o planejamento estratégico é
responsabilidade dos níveis hierárquicos mais elevados da empresa/organização, o
planejamento tático é desenvolvido pelos níveis intermediários, tendo como principal

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finalidade a utilização eficiente dos recursos disponíveis e o planejamento operacional
é elaborado pelos níveis mais baixos da organização.

O DIAGNÓSTICO ESTRATÉGICO

É a avaliação real da posição da instituição. Nesta etapa são considerados os


aspectos internos e externos a partir dos dados consistentes levantados durante a
análise do ambiente interno e externo. De acordo com Rebouças (2006, p. 86): O
diagnóstico estratégico corresponde à primeira fase do processo de planejamento
estratégico e procura responder à pergunta “qual a real situação da empresa quanto a
seus aspectos internos e externos?”, verificando o que a empresa tem de bom, de
regular ou de ruim em seu processo administrativo.

Com a elaboração do diagnóstico interno e externo, pode ser feita uma


complementação na análise e se obterem acertos nas estimativas futuras, baseando-
se nas situações atuais. Os fatores externos são formados por: fatores econômicos,
fatores sociais, fatores políticos/legais e fatores tecnológicos. Existem também os
fatores externo operacional, que são formados por: mercado consumidor, mercado
fornecedor e mercado concorrente, denominadas forças macro ambientais.

Essas forças não estão, em geral, ligadas ao controle direto das organizações.
Nas palavras de Wright, Kroll e Parnell (2000, p. 48): O objetivo da administração
estratégica é criar condições para que a empresa opere com eficácia diante de
ameaças ou restrições ambientais, e possa também capitalizar as oportunidades
oferecidas pelo ambiente.
Para atingir esse objetivo, os administradores estratégicos devem identificar e
analisar essas forças macro ambientais nacionais e mundiais. Um dos métodos que
podem auxiliar o processo do diagnóstico estratégico é o benchmarking. Como para
Rebouças (2006) apud Leibfried e McNair (1994), ele é um processo contínuo e
interativo para com as realidades ambientais para a avaliação de desempenho
corrente, estabelecimento de objetivos, bem como para identificação de áreas de
aperfeiçoamento e mudança nas empresas. Ou seja, o diagnóstico aumenta a
possibilidade de melhorias nas empresas e tem por objetivo principal projetar o futuro
da organização.

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Independentemente do seu tipo ou tamanho, muitos se utilizam de exemplos ou
realidades encontradas no mercado e assim estabelecem objetivos adaptados a suas
próprias atividades. Martins (2007) destaca que uma ferramenta bastante difundida e
utilizada para a elaboração de um bom diagnóstico situacional é a Matriz SWOT (vindo
do inglês strengths [forças], weaknesses [fraquezas], opportunities [oportunidades] e
threats [ameaças]. Também conhecida como análise de equilíbrio, ela visa confrontar
os aspectos negativos e positivos com relação às condições internas e externas que
podem afetar de alguma forma a organização.

Essa ferramenta vem na área da Administração e se encaixa com bastante


veracidade no processo de planejamento estratégico, sendo um eficiente recurso a ser
usado no mapeamento das condições socioeconômicas do ambiente onde está
inserida, bem como no levantamento dos acertos e dos pontos a melhorar no que diz
respeito à própria forma de trabalho e funcionamento da instituição que está sendo
gerenciada.

Com o objetivo de ajudar no processo decisório das instituições e permitir uma


ação mais rápida e uniforme das pessoas envolvidas, a Matriz SWOT (...) deve ser
elaborada com total franqueza, honestidade e ousadia para que retrate o ambiente de
funcionamento da escola da forma mais precisa e clara possível, oferecendo
segurança àqueles que tomarão as decisões estratégicas da organização. Como
demonstrado no quadro a seguir, é recomendado que se criem quatro quadrantes
onde serão descritas, de forma resumida e clara, as variáveis que podem ser
controladas e as que não podem ser controladas pela empresa, Deve-se tomar como
referência os aspectos positivos e negativos de um produto ou serviço oferecido pela
empresa.

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COMÉRCIO EXTERIOR

A internacionalização de empresas é um fenômeno que começou a ser


estudado em meados do século XVI, apesar das trocas comerciais entre nações
datarem da época do mercantilismo. A globalização trouxe um aumento do número de
empresas que estão presentes em mais de um país com sua marca, seus produtos ou
serviços. Tais empresas entram no mercado internacional por variados fatores,
normalmente, agem em busca do crescimento e da expansão da companhia.

No princípio, os estudos eram baseados nos fundamentos teóricos provenientes


da economia, da antropologia e da sociologia. Recentemente, marketing,
comportamento organizacional e negócios internacionais tornaram-se os pilares da
internacionalização (CAVUSGIL; KNIGHT; RIESENBERGER, 2010).
O contexto atual global é caracterizado pelo encurtamento das distancias, pela
globalização de mercados e dos padrões de consumo, neste ambiente existe uma
maior difusão dos centros de inovação e das mutações tecnológicas, que são cada
vez mais constantes.

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A progressiva liberalização do comércio internacional aumentou a concorrência
entre as empresas, trazendo novas oportunidades e ameaças para elas. A
internacionalização de uma empresa ocorre em diversas dimensões, trata se, de forma
resumida, de um processo no qual uma firma envolve-se continuamente em operações
fora do seu mercado doméstico (Dib, 2008).

O comércio exterior se caracteriza por um ambiente de negócios muito mais


amplo que o mercado doméstico, aonde diversas variáveis tem influência sobre o
sucesso ou o fracasso da empresa. As empresas que não se inserem neste contexto
por iniciativa própria são automaticamente inseridas no mesmo, já que as economias
globalizadas dos países expõem o empresário à competição externa, requerendo do
mesmo, adaptação e evolução. Tal inserção tem efeitos micro e macroeconômicos,
empresas internacionalizadas tem papel importante na inovação e no desenvolvimento
tecnológico, cultural, político e econômico de um país.

A internacionalização de empresas é parte ao mesmo tempo das causas e das


consequências das relações internacionais. A negociação de produtos ou serviços
entre diferentes nações cria relações políticas, culturais e econômicas entre estas, ao
mesmo tempo em que tais relações tendem a facilitar a existência deste comércio.
Além disso, a internacionalização de empresas não se trata apenas de trocas
comerciais, o investimento externo direto (IDE) é uma grande característica da
economia globalizada, aonde empresas buscam expandir sua atuação para o exterior
na busca por diferentes vantagens.

Rocha e Almeida (2006) enumeram os aspectos responsáveis pela atitude de


envolver-se em mercados estrangeiros por parte das empresas, dentre eles, destaque
para a necessidade de exploração de novos mercados, para as pressões competitivas,
que fazem com que as empresas busquem baratear seus custos, e para a
possibilidade de exploração de economias de escala.

Tais empresas traçam um planejamento estratégico que visa a


internacionalização pois não limitam o seu mercado de ação ao território ao qual
pertencem e apostam na criação de recursos intangíveis e tangíveis para ter sucesso
no mercado internacional. Os recursos intangíveis destas empresas dependem da

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inovação constante e tendem a gerar recursos tangíveis, assim como podem trazer
desenvolvimento para o país ao qual tais empresas pertencem.

A atividade de comercialização com o exterior atende a múltiplos interesses,


seja no aspecto privado da questão – na busca da empresa por crescimento e lucros
–, seja sob o aspecto determinado pelas diretrizes governamentais e das instituições
que amparam e incentivam o comércio internacional. Desta forma, além de obter
benefícios internos, a empresa encontra um ambiente favorável e de incentivo a
internacionalização criado pelo governo, que só tem a ganhar com o crescimento das
empresas nacionais. Internacionalização significa adaptação.

A questão da internacionalização foi trabalhada por diversos autores. Duas


abordagens foram criadas para estudar as motivações e os processos, uma de cunho
comportamental e outra de cunho econômico. Dentro destas abordagens destacam-
se a Escola de Uppsala e o Paradigma Eclético de Dunning, respectivamente, que
posteriormente serviram como base para a análise das empresas chamadas de Born
Globals, empresas que nasceram para o mercado internacional, que ao mesmo tempo
em que seguem os preceitos de ambas as abordagens, tomam caminhos diferentes
dos prescritos até então.

Fatores culturais, governamentais e econômicos, podem exigir da empresa


grandes esforços para obter sucesso no novo mercado, observando isso, o modelo de
Uppsala indica que as empresas tendem a investir primeiro em mercados cuja
distância psíquica é menor, para depois aventurarem-se em mercados mais distantes
em relação a geografia, cultura, governo e economia. Ao decidir lançar-se no mercado
internacional, a empresa deve ter cuidado ao escolher seu mercado alvo. Mercados
mais sofisticados, como Estados Unidos e Europa, não são apenas responsáveis por
grande parte da movimentação financeira global, mas também, com maiores
exigências e são, consequentemente, mais difíceis de entrar.

Dunning (2000), é responsável por um dos mais abrangentes estudos sobre a


internacionalização, o modelo criado pelo autor, foi o primeiro a estudar com precisão
os fatores determinantes do processo de internacionalização.

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MODELOS TRADICIONAIS DE INTERNACIONALIZAÇÃO

As teorias de internacionalização de empresas buscam explicar o porquê,


quando, onde e como as empresas buscam internacionalizar-se (Tornroos, 2002). Há
uma divisão das perspectivas no que tange as abordagens utilizadas na formação das
teorias de internacionalização. Tais abordagens podem basear-se na análise de
critérios econômicos ou da evolução comportamental.

No primeiro, as teorias são focadas no caminho da otimização de retornos


econômicos, já no segundo, as atitudes, percepções e comportamentos das
empresas, são focados na redução de riscos e na expansão da empresa (Andersen,
1993). A principal vertente histórica baseada nos processos econômicos é o
Paradigma Eclético da Internacionalização (ou Paradigma OLI), enquanto na vertente
comportamental, o Modelo de Uppsala tem maior destaque (Carneiro et all, 2005).

Ambos serviram de base para outros estudos e frequentemente, ao analisar o


processo de internacionalização de empresas, podemos enquadrar o mesmo em
diferentes concepções teóricas. Segundo Andersen (1993), considerando o fenômeno
de entrada no mercado global, não há um consenso acerca do que é teoria, modelo
conceitual ou paradigma.

MODELO DE UPPSALA

O modelo de Uppsala tem como pontos chave a questão da distância psíquica


entre os países e a cadeia de estabelecimento (Johanson e WiedersheimPaul, 1975).
Segundo a escola, o processo de internacionalização é um processo incremental,
onde as empresas aumentam seus investimentos no exterior de acordo com o
aumento do conhecimento sobre o mercado externo.

A cadeia de estabelecimento é o processo de desenvolvimento da empresa em


determinado mercado internacional. Os autores estabelecem o conceito de que uma
empresa se desenvolve em determinado mercado através do investimento sequencial
de recursos, o montante investido é dependente do grau de conhecimento do mercado
alvo, sendo assim, conforme o conhecimento de mercado da empresa evolui, cresce
o investimento em determinado mercado por parte da mesma.

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Johanson e Wiedersheim-Paul (1975) ilustram a cadeia de estabelecimento
propondo a existência de 5 estágios de evolução na internacionalização de uma
empresa, no primeiro, não há qualquer tipo de atividade exportadora, no seguinte, as
exportações são operações ocasionais, evoluindo para um terceiro estágio, aonde a
empresa começa a exportar sistematicamente por meio de agentes independentes,
após este, a empresa começa a investir em subsidiárias para gerir suas exportações,
no quinto e último estágio, a empresa investe no estabelecimento de unidades
produtoras no exterior.

Os autores reconhecem que algumas empresas nem sempre seguem tais


estágios, quando o mercado alvo não demanda a instalação de uma planta em seu
território – 5º estágio – a empresa deixará de investir tamanho montante no mesmo,
além disso, empresas com muitos recursos podem avançar diretamente para os
estágios finais do esquema proposto.

A distância psíquica – elemento utilizado em diferentes teorias e modelos – é


definida por Johanson e Wiedersheim-Paul (1975) como as diferenças percebidas
entre valores, práticas gerenciais e educação de dois países. O conceito de distância
psíquica é inserido para explicar a escolha dos primeiros mercados nos quais a
empresa deseja inserir-se.

Segundo o conceito, ao iniciar um projeto de internacionalização, as empresas


tendem a investir em mercados com características semelhantes ao de sua origem,
aonde a distância psíquica é menor, evitando arriscar-se em países culturalmente mais
distantes.

As empresas começam pela exportação direta (sem comprometimento de


recursos), após isso, passam a fazer exportações indiretas, por meio de agentes,
seguindo para a criação de uma subsidiária de vendas e futuramente, uma subsidiária
de produção (maior investimento de recursos). Partindo desta análise, os autores
definiram que o foco deste modelo de internacionalização é o comportamento e o
crescimento da firma pelo aumento gradual do nível de internacionalização da mesma,
que ocorre com o maior conhecimento dos novos mercados e gradual aumento do
comprometimento de recursos nestes mesmos.

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A operação no mercado externo seria a fornecedora de experiência da firma
para trabalhar no mesmo. Porém, tal experiência pode ser adquirida com a contratação
de profissionais previamente inseridos no contexto ou através da consultoria com
profissionais com expertise em negócios internacionais. Casson contribui para o
modelo ao analisar a transferência de operações das empresas para os países cuja
distância psíquica é menor.

O autor afirma que ao estabelecer-se em um país culturalmente mais próximo,


a firma adquire conhecimentos não só sobre o mercado-alvo, mas também, know-how
de internacionalização, que pode ser utilizado futuramente para investir em outros
países, inclusive os mais distantes culturalmente. O modelo comportamental tem a
colaboração de Treadgold (1988) e Kacker (1985), que incluem a ação dos fatores
push and pull na internacionalização de empresas, aonde os fatores push são os
fatores desfavoráveis do mercado interno e os fatores pull são os atrativos do mercado
externo.

Segundo os autores, entende-se por fatores desfavoráveis do mercado interno,


as condições econômicas, a demografia desfavorável, restrições comerciais, a forte
competição e a saturação do mercado doméstico. Os fatores que atraem as empresas
para o exterior são as tarifas e leis, as oportunidades de crescimento, possibilidades
de aquisições, os custos de logística e comunicações, entre outros.
Em suma, pull são os fatores externos de atração, enquanto push, são os
fatores internos que de certa forma empurram as empresas para o exterior. Em suma,
o modelo de Uppsala é baseado em três pressupostos.

O primeiro deles afirma que o maior obstáculo da internacionalização de uma


empresa é a falta de conhecimento. O segundo, apoiado na afirmativa de Penrose de
que o conhecimento adquirido pela experiência própria é o mais importante para a
internacionalização, afirma que as operações da empresa nos mercados-alvo são as
principais fontes de conhecimento para a internacionalização. O último pressuposto é
o de que a empresa se internacionaliza investindo recursos gradualmente, amparados
por evidências empíricas, adicionam o papel das redes de relacionamento no processo
de internacionalização.

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A performance internacional das empresas depende não apenas dos recursos
tangíveis e intangíveis da mesma, mas também dos mesmos recursos das firmas com
as quais a empresa se relaciona, além é claro, da natureza destes relacionamentos.
Desta forma, os mercados são compostos por redes de relações entre atores, sejam
elas de troca ou quaisquer outras. As empresas demandam recursos especializados
de outras organizações para chegarem ao consumidor final da maneira mais
competitiva o possível.

A competição existente entre empresas que vendem um mesmo produto, cria a


necessidade de cooperação entre uma empresa e outras organizações – fornecedores
em geral – criando canais intermediários que são utilizados pela empresa na busca
pelos seus objetivos, resultando na criação de uma rede. Esta rede de
relacionamentos tende a expandir-se, sendo que cada empresa ou organização, forma
e faz parte de diferentes redes.

A presença de empresas com experiência em internacionalização em uma rede


pode facilitar a internacionalização de outras empresas da mesma rede (Wilkinson et
al., 2000). A teoria de redes industriais enfatiza também a importância do
relacionamento entre as diferentes unidades de uma multinacional – matriz e
subsidiárias ou subsidiárias e subsidiárias – já que enfatiza o papel dos
relacionamentos construídos tanto intra quanto inter-organizacionais.

Por fim, o modelo de Uppsala é complementado com características do modelo


de redes por Schweizer, Johanson e Vahlne em 2010. Os autores defendem que a
internacionalização é resultado dos esforços para fortalecer a posição de uma
empresa dentro de uma rede de negócios. Agora, além de reconhecer que a
aprendizagem experiencial é elemento essencial da internacionalização, os autores
incluem a capacidade empreendedora – “o empreendedor que consegue viver sob um
ambiente de incerteza e ambiguidade que envolva aprendizagem, possui uma
vantagem”.

PARADIGMA ECLÉTICO DE DUNNING

Segundo Dunning (1994), o que leva as empresas a internacionalizarem-se é a


busca por um ou mais dos seguintes: recursos naturais (busca da exploração de

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recursos naturais com custos menores); mercados (mercados vizinhos ao país de
investimento); eficiência produtiva (economias de escala e redução dos custos); e
ativos estratégicos (inovação e canais de distribuição).

Considerada pertencente ao âmbito das teorias econômicas, a também


conhecida como paradigma OLI, afirma que as empresas precisam ter recursos que
as tornem competitivas no mercado internacional, recursos como conhecimento e
tecnologia, além das vantagens de propriedade (O-ownership) e localização
(Llocation), fazem com que a empresa decida internalizar (I-internalization) a produção
naqueles países ou não.

Analisando Dunning (1994), pode-se concluir que o paradigma OLI é o processo


pelo qual as empresas decidem como investir no exterior, assim, partindo da análise
de “O” e “L”, a empresa define o “I”, optando pela exportação, pelo licenciamento ou
pela produção no local para atender ao novo mercado. Dunning divide as vantagens
de propriedade em dois tipos:

I. Vantagens de natureza estrutural, que derivam da posse de ativos


específicos, geralmente intangíveis, resultantes de práticas
tecnológicas, de comercialização ou de gerenciamento da firma. Entre
estas estão as patentes, as marcas, capacidades de produção,
diferenciação de produtos, economias de escala e outros.

II. Vantagens de natureza transacional, relacionadas à capacidade de


hierarquia da firma. As vantagens de propriedade caracterizam-se, em
suma, pela propriedade tecnológica e intelectual da empresa, pela
economia de escala, diferenciação do produto, acesso a mercados e a
fontes de matéria-prima, além também da ocorrência ou não de uma
multinacionalização prévia.

A vantagem de localização, por sua vez, é caracterizada pela presença de


atrativos locais específicos de cada região. Quando existem fatores regionais que
venham conferir vantagens competitivas para uma empresa, sejam eles, naturais ou
criados, que não possam ser deslocados através de fronteiras, a empresa tende a
fortalecer seus investimentos no local (Dunning, 2000).

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Entre as vantagens específicas de localização estão a dimensão do mercado
consumidor e as perspectivas de crescimento do mesmo, assim como o nível de
desenvolvimento econômico e infra estrutural do país alvo, além da presença de
concorrentes diretos e da existência de políticas públicas que facilitem a entrada no
mercado. As vantagens de localização, segundo o autor, podem significar ganhos pela
diferença de preço e na qualidade de insumos e matérias-primas, ganhos com custos
de transporte e comunicação, e ainda, podem significar o encurtamento da distância
física e cultural entre a empresa e o mercado alvo.

Uma vez analisadas as vantagens de propriedade e de localização, a empresa


irá definir qual o melhor caminho para explorar suas competências centrais em
conjunto com os atrativos locais da região em que pretende investir. Sendo assim, a
decisão de internalizar suas atividades no mercado alvo ou optar por outros modos de
entrada, depende do estudo das vantagens de propriedade e localização.

Os custos, sejam eles de transação, da informação, dos agentes e também as


especificidades dos ativos são os fatores determinantes da decisão de investir no
mercado externo para uma empresa neste modelo. O modo de entrada será definido
analisando os elementos de propriedade e localização (Dunning, 1994). As vantagens
de internalizar a produção são: redução de custo das transações, proteção do direito
de propriedade, redução da incerteza, controle sobre a oferta e o aproveitamento das
externalidades (Dunning, 2000).

Dunning (2000) afirma que as chances de uma empresa optar por internalizar a
produção em outros países por sua própria conta e risco, ao invés de optar pelos
outros modos de entrada como exportação ou licenciamento, depende do tamanho da
rede de benefícios que a internalização no mercado alvo trará. Os benefícios de
internalizar a produção em um país não estão ligados somente ao acesso ao mercado
doméstico do mesmo, produzir em um mercado diferente do de sua origem coloca a
empresa em contato com outros mercados, tanto regionais quanto globais.

Segundo a metodologia criada por Dunning (2000), empresas que combinem


os três aspectos do paradigma OLI, tendem a realizar investimento direto para
internacionalizarem-se, enquanto firmas que venham a ter vantagens apenas de
propriedade, optem por modos de entrada ligados ao licenciamento, e companhias

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que combinem vantagens de propriedade e internalização, entrem no mercado global
via exportações.

PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO NA EXPORTAÇÃO

A decisão de internacionalizar-se parte do planejamento estratégico das


empresas, porém, políticas públicas podem ter influência positiva sobre as
possibilidades de internacionalização das mesmas. A competitividade internacional
dos países tem relação direta com a capacidade internacional de suas empresas, já
que o crescimento das firmas gera aumento de renda e possível aumento da oferta de
emprego no país de origem (ALÉM; CALVACANTI, 2007).

As instituições evoluíram e passaram a ter influência no processo de


internacionalização em resposta às imperfeições de mercado. As instituições existem
para minimizar as incertezas ligadas às ações humanas, protegendo aqueles que
estão sujeitos a elas. Segundo o autor, ao assumir um determinado arranjo
institucional, estabelece-se um conjunto de condutas que conferem determinado
resultado para a sociedade.

Ao estabelecerem um conjunto de condutas, as instituições tornam-se


responsáveis pelo grau de inovação da nação as quais pertencem. Porém, o papel
destas instituições é limitado, limitando-se estritamente a ser um meio de incremento

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da eficiência das estruturas econômicas de mercado. Estes autores, afirmam que a
capacidade das instituições de resolver as imperfeições de mercado está ligada a dois
fatores:

I. - A possibilidade de redução dos custos de transações, que quando


aplicada contribui para que aumentem os ganhos por produtividade em
alta escala, além de melhorar também o desenvolvimento da tecnologia
a ser aplicada.

II. - Custos de processamento das informações ligadas à tomada de


decisão das empresas, aonde a eficiência e qualidade das instituições,
atua de maneira a filtrar as informações incompletas e assimétricas que
possam existir.

A redução de custos de transação e informação não são as únicas consequências


da atuação das instituições, elas também diminuem o grau de incerteza e instabilidade
das sociedades e economias. Desta forma, os arranjos institucionais influenciam nas
estratégias corporativas, que resultam no desempenho dos negócios das empresas .

Analisando Hollingsworth, pode-se concluir que as instituições influenciam


diversos fatores dentro das empresas, entre eles: o grau de inovação, o nível de
empreendedorismo, a orientação para o mercado externo, o desenvolvimento
tecnológico, a cultura, a organização de mercado e outros. O empreendedorismo é
elemento necessário para a internacionalização e tem forte correlação com a
inovação.

O quadro institucional de um país pode facilitar ou dificultar o surgimento do


empreendedorismo, que classificam como a combinação de pro atividade, inovação e
propensão ao risco. Porter (1993) relatou, em seus estudos sobre as vantagens
competitivas das nações, diversos exemplos práticos que comprovavam a influência
das instituições sobre o empreendedorismo.

As instituições também têm influência sobre as chamadas redes de


relacionamento, assumindo a responsabilidade de determinar a finalidade de uma
determinada rede estabelecida e determinar os agentes que pertencem a esta rede.
As empresas que buscam a internacionalização em mercados aonde o arranjo

19
institucional é considerado frágil, optam pela formação de joint ventures, configurando
a maior importância das redes quando há baixa confiança nas instituições de um país.

As instituições dos países podem atuar de diversas maneiras no apoio à


internacionalização das empresas. Os instrumentos de apoio variam, o Estado pode
atuar no fornecimento de informações, na organização de missões empresariais e na
assistência técnica, fornecendo financiamentos, seguros e garantias .

Exportar pode ser um bom negócio para a empresa desde que os dirigentes se
conscientizem da importância do planejamento e de uma política que levem em conta
o conhecimento e o domínio das regras e usos do comércio internacional.
Caso contrário, as vendas ao exterior podem resultar em prejuízos e numa péssima
experiência para a empresa, com consequente reflexo negativo para o país.

Exportar é uma postura empresarial, uma alternativa estratégica de


desenvolvimento, ganho de experiência que propicia uma dimensão global à empresa.
Com isso, a empresa ganha competitividade e estímulo para ser mais eficiente. As
eventuais dificuldades deixarão de existir se os seguintes conselhos forem seguidos
quando da formulação do planejamento para a atividade de exportação:

I. Somente começar a exportar se estiver decidido. Reservar


determinada parcela da produção para o mercado externo. A
exportação exige continuidade e não pode ser considerada como
válvula de escape para as crises do mercado interno;

II. Estar disposto a investir na organização do seu mercado externo. Sem


pesquisa de mercado, escolha cuidadosa dos agentes, definição do
consumidor que se pretende atingir, e conhecimento das exigências de
cada mercado, somente poderão ser realizados negócios esporádicos,
nunca permanentes;

III. Estudar o mercado com o qual deseja operar, de modo a avaliar suas
efetivas possibilidades comerciais, focando primeiro o cliente e depois
o produto, suas variedades e qualidades exigidas;

IV. Estudar as táticas comerciais dos países, isto é, como são negociadas
as mercadorias, quais as formas de concorrência ali existentes etc;

20
V. Conhecer o essencial sobre os regimes alfandegários, cambial e de
impostos e taxas em vigor no país em questão, bem como o rito
processual de liquidações burocráticas, a ação judicial etc, não
descuidando de acompanhar suas modificações;

VI. Dar atenção especial às disposições sobre embalagens, etiquetagem


e requisitos fitossanitários, vigentes para o produto no mercado-alvo;

VII. Colocar um profissional experiente à frente do seu departamento de


exportação. Esse profissional deve falar as principais línguas usuais do
comércio internacional, e deve ser capaz de tirar dos ombros da
diretoria a responsabilidade sobre um setor que não pode merecer,
apenas de vez em quando, as atenções de um diretor, já
sobrecarregado pela administração de outros setores da empresa;

VIII. Manter alguma forma de representação no mercado a conquistar, de


modo a oferecer um mínimo de serviço pósvenda;

IX. Evitar trabalhar com amadores. A nomeação de parentes, amigos ou


conhecidos como representantes no exterior sem o pleno
conhecimento do ramo ou acesso aos compradores pode inviabilizar o
negócio. Mesmo que leve algum tempo, procure o melhor profissional
que puder encontrar. Uma pessoa que conheça o produto e o mercado.
Examine com muito cuidado os eventuais interessados;

X. Calcular com cuidado os preços de exportação. Se tiver dúvidas,


consultar um técnico dos órgãos oficiais ou não oficiais do comércio
exterior (SECEX, Federações, Câmaras de Comércio, BB etc). Além
de utilizar com perfeito equilíbrio os incentivos concedidos à
exportação, às vezes é necessário apresentar o preço mais vantajoso
possível, tendo sempre em conta o valor dos países e produtos
concorrentes;

XI. Lembrar que as formas de propaganda, publicidade e promoção de


vendas de um produto devem estar sempre em perfeita harmonia com
as peculiaridades de cada mercado. Para um bom produto sempre
haverá um bom mercado;

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XII. Observar um comportamento de rigorosa seriedade comercial e moral,
para conservar e ampliar relações com a clientela. Cumprir sempre o
que prometer. Responder com presteza à correspondência recebida do
exterior, mesmo que o assunto não tenha muita relevância e
importância. Não fornecer mercadorias que não correspondam à
amostra encaminhada ao cliente. Verificar e cumprir rigorosamente os
prazos de embarque convencionados, mesmo que isso lhe represente
um custo adicional;

XIII. Pagar em dia as comissões dos agentes, pois é disso que eles vivem
e suas despesas são elevadas, e mantê-los informados sobre os
planos
e programas de sua empresa. Fornecer as indicações corretas sobre
territórios a serem observados e as cotas a serem cumpridas. Os
grandes clientes compram uma ou duas vezes por ano e não se podem
perder as épocas de comprar. Não tumultuar o mercado, fazendo
negócios à revelia de seus agentes;

XIV. Lembrar que ninguém compra por favor. Só há uma razão para que
alguém comece a comprar de um fornecedor novo e tão distante:
melhor preço, qualidade aceitável, garantia de fornecimento contínuo e
atendimento tão eficiente quanto o dos fornecedores tradicionais;

XV. Não esperar resultados imediatos e grandiosos. A abertura de novos


mercados necessita de trabalho a médios e longos prazos. Na
realidade, trata-se de um investimento.

ESTRATÉGIAS DE APLICAÇÃO AO COMÉRCIO EXTERIOR

A Pesquisa de Mercado é o estudo mais importante para o empresário que se


lança no comércio internacional deve estar voltado à pesquisa para determinar as
perspectivas de venda de determinados produtos no mercado e à maneira de obter
melhores resultados.

Deve ser feito com clareza e de forma a permitir que o empresário tome a
decisão de lançar-se ou não a um mercado, a fim de facilitar a adoção de medidas

22
concretas. A pesquisa diminui a possibilidade de a empresa incorrer em erros de
apreciação em mercados potenciais, tanto no País como no exterior.

No caso do mercado externo, a análise deve ser minuciosa, pois a motivação


dos consumidores é diferente. Ela objetiva revelar se o produto poderá ser vendido a
um preço razoável e em quantidade satisfatória. Permite ainda analisar os mercados
que oferecem melhores perspectivas, as modificações no produto para aumentar o
nível de aceitabilidade e o tempo necessário para se alcançar o nível ideal de vendas.
Para ingressar no mercado mundial sem o risco de ser malsucedido, o
procedimento básico é recorrer a uma pesquisa de mercado por menor que seja a
empresa. Há produtos que têm excelente aceitação no mercado interno, mas, lá fora,
por contingência de costumes, gostos ou tradição de cada país importador, podem ter
pouca aceitação e até mesmo ser rejeitados.

A empresa deve oferecer o produto que o consumidor realmente deseja e não


o que a empresa quer vender. Ao conseguir comercializar os produtos com razoável
margem de lucratividade, o empresário não deve se acomodar e deve lembrar que o
mercado é dinâmico, pois as motivações e as necessidades dos consumidores sempre
se alteram. É preciso estar atento às mudanças de natureza econômica e de outra
ordem que podem influenciar o mercado. A empresa que se estabelecer em
determinado mercado deve regularmente:

• Supervisionar as operações, verificando se os objetivos estão sendo


cumpridos;

• Observar o andamento do mercado e prevenir-se para as


modificações que possam ocorrer;
• Verificar sempre se, em termos de comercialização das exportações, o
custo/benefício é compensador.

A pesquisa poderá delinear uma projeção a curto, médio e longo prazo para as
exportações de determinada empresa, com base em dados passados e atuais e nas
tendências de consumo que se verificam no tempo e no espaço. A análise destas
variáveis fornecerá a informação concreta sobre o seu produto.

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Os principais fatores de obstáculos a serem superados são: Regulamentação
do comércio exterior de cada país. Devem ser observadas as eventuais restrições para
certos países e as normas que regulam a entrada de divisas. Os procedimentos
burocráticos poderão inviabilizar uma exportação, o que poderá gerar gastos
adicionais que influirão no custo final do produto. Dificuldades de acesso ao mercado
de determinado país, os regulamentos de quase todos os países instituem um ou outro
tipo de restrição, desde a imposição de barreiras alfandegárias até a proibição pura e
simples.

Alguns países controlam os gastos em divisas para a importação de bens e


serviços. As questões econômico-financeiras a que estão sujeitos todos os países no
mundo globalizado poderão inviabilizar a manutenção ou expansão das vendas. É
necessário atentar para as restrições de caráter sanitário, principalmente para os
gêneros alimentícios, e observar as leis de proteção ao meio ambiente e de utilização
de conservantes.

É necessário verificar o volume e a expansão do mercado, onde para


dimensionar a quantidade e o valor que se pretende exportar, é necessário levantar,
no provável país comprador, a quantidade consumida, os países de procedência da
mercadoria, a evolução na participação dos fornecedores e o preço oferecido por eles.
Além disso, é importante verificar o volume e a tendência da produção do país
importador e o efeito dos produtos no país destinatário, apurando com segurança, as
tendências do mercado.

A concorrência existe em todos mercados e se estes forem amplos ou


dinâmicos, ela será acirrada. Competição direta é aquela que vende o produto "x" que
se pretende colocar no mercado, e a indireta vende os artigos "y" substancialmente
diferentes, mas de uso semelhante ou substitutivo de "x", no mesmo mercado. A
pesquisa deve considerar a força e a estrutura da concorrência, o motivo de êxito dos
competidores mais importantes e a possibilidade de competição entre eles.

O preço da venda de produtos a serem exportados deverá ser calculado de


maneira que possa competir com similares nacionais do país importador e com os
oferecidos por outros países. Definidos o preço e a quantidade dos produtos a ser
comercializado, o exportador poderá conhecer as reais possibilidades de se

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estabelecer no mercado e verificar se a atividade terá efetiva rentabilidade. Para isso,
é preciso prever, com exatidão, os custos da comercialização, ou seja, o valor que
será gasto para concretizar a venda. Os preços devem ser estabelecidos entre os tetos
mínimo e máximo. O desvio desta faixa de competitividade acarretará prejuízos.
Aspectos a analisar no novo mercado:

I. Tendências internacionais;
II. Localização de fornecedores de matérias-primas e componentes;
III. Tecnologia de produção; Normas de embalagem;
IV. Especificações técnicas; Ciclo de vida do produto;
V. Dados geográficos, econômicos, sociais e políticos;
VI. Produtos mais comercializados;
VII. Sistema de distribuição;
VIII. Legislação de importação;
IX. Concorrência local;
X. Estrutura de custos operacionais;
XI. Níveis de preços praticados;
XII. Entidades reguladoras de comércio exterior;
XIII. Meios de comunicação;
XIV. Paridade cambial-moeda; XV. Leis de proteção.

A pesquisa visa aferir no mercado a distância entre a concepção do produto


idealizado pelo consumidor e aquele que o fabricante deseja efetivamente vender.
Avaliam-se detalhes como tamanho, desenho e material de fabricação mais
apropriado ao produto. São levantados aspectos ergonométricos, legais e até a
compatibilidade dos padrões.

A escolha da cor da embalagem será determinante da rejeição ou não ao


produto; por isso deverá ser avaliado se o exportador respeitou os costumes do país
comprador. Ao julgar os produtos alimentícios, o fator preponderante é o sabor. Deve-
se, portanto, atentar para o grau de doçura, amadurecimento, acidez, tamanho, grau
de inoculação de defensivos e de composição de conservantes. O que é agradável ou
correto em determinado país, pode não ser em outro.

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A qualidade da embalagem é item a ser avaliado tanto quanto o produto que se
pretende exportar. Ao embalar o produto, o exportador deverá observar o tempo de
viagem, a manipulação nas diversas fases do transporte e proteção contra roubo,
condições ambientais e climáticas, custo de acondicionamento. Os produtos de consumo
deverão ter embalagem que sirva como vitrine da mercadoria.

Para melhor desempenho das vendas, o exportador deverá obter informações


sobre:

I. Preferência dos consumidores pelo tamanho e forma das embalagens;


II. Cores, tipos de impressão gráfica e nível de esclarecimentos mais
agradáveis aos consumidores;

III. Escolha adequada dos símbolos e nomes;


IV. Estudo da legislação vigente no país comprador, para os produtos em
exportação, quanto à validade, conteúdo, qualidade, e outros itens.

Todos os produtos devem apresentar design ajustado aos seguintes padrões:

V. Fabricação de maneira econômica e que permita lucro;


VI. Aspecto atrativo ao grupo de consumidores a que se destina;
VII. Adequação à solidez e durabilidade exigidos pelo consumidor para
produtos similares; • tamanho conveniente para facilitar o manejo pelo
usuário;

VIII. adequação da mercadoria para facilitar o transporte, distribuição e


exposição nas lojas.

A apresentação do produto favorece sobremaneira, a comercialização, em


especial a cor das embalagens, desde que a tonalidade não coincida com as cores da
bandeira nacional nem se use figuras ou emblemas do país comprador. Na
embalagem dos produtos alimentícios, devem constar os pesos líquido e bruto, data
de validade e, no caso de produtos farmacêuticos, obrigatoriamente, texto explicativo
no idioma do país do importador.

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Uma das principais características é a de ser autoexplicativa, ou seja, a
embalagem, por si só, é capaz de promover o produto que nela está contido. A falta
de critério ou erro na concepção de embalagem pode ocasionar graves consequências
ao prestígio do exportador e prejudicar a aceitação do produto no mercado em que
estiver sendo lançado.

A avaliação do melhor canal de distribuição deve considerar a possibilidade de


entrega direta do produto ao comprador ou da hipótese de intermediação, através da
utilização de importadores, atacadistas e varejistas ou parte deles. Assistência Técnica
Um bom serviço de pós-venda pode fazer a diferença diante de preços semelhantes
ao dos concorrentes no mercado importador, seja com agentes, seja com
intermediários.

Os itens mais usuais de assistência técnica a serem sondados junto ao


consumidor são:

• Manutenção e vistorias periódicas;


• Reposição de partes e peças;
• Garantia de funcionamento e durabilidade do produto;
• Assessoria na manipulação e utilização das mercadorias;
• Treinamento e aperfeiçoamento dos manipuladores; •
Responsabilidade como fabricante em caso de reparos;

• Tele atendimento.

A publicidade possibilita a inserção dos produtos em determinados mercados e


estimula a demanda, principalmente em países altamente industrializados. As técnicas
de promoção mais utilizadas são:

• Oferta de descontos excepcionais, conforme a quantidade;


• Divulgação do produto em publicações especializadas ou através de mala
direta;

• Envio de amostras;
• Publicação de anúncios em veículos de comunicação de grande
alcance;

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• Participação em feiras e exposições.

A qualidade do material impresso na confecção de folhetos, catálogos e folders


mantém o interesse do comprador e incrementa as vendas. Contudo, o uso da melhor
peça publicitária deve ser pesquisado, sob risco de ser imediatamente descartada. A
visualização deve salientar a qualidade do produto e a impressão do texto adequado ao
tempo de leitura.

O levantamento de potenciais mercados compradores no exterior é a fase


indispensável para a realização das vendas. Os exportadores contam com vários
instrumentos de consulta, tais como publicações especializadas em organismos
internacionais, oportunidades comerciais, boletins das câmaras de comércio, entre
outros. A Secretaria de Comércio Exterior, do Ministério da Indústria, do Comércio e
do Turismo, criou o Sistema de Análise das Informações de Comércio Exterior
(ALICE), com a finalidade de permitir a consulta e a divulgação de dados estatísticos
sobre o intercâmbio comercial do Brasil com o exterior.

O acesso ao Sistema é possível por intermédio de terminais on line, conectados


à rede do Serviço Federal de Processamento de Dados (SERPRO). As informações
referem-se a produtos, empresas, países, estados, portos, blocos econômicos, meios
de transporte; e são agrupadas por valor (US$ FOB), quantidade, peso (kg) e preço
médio. As consultas devem preservar o sigilo comercial das empresas, sob o risco de
haver prática de concorrência desleal.

O mundo globalizado torna os meios de comunicação cada vez mais rápidos e


eficientes. As fontes de consulta sobre o comércio mundial consistem em publicações
especializadas, tais como livros, boletins, revistas, jornais. Além desse material
impresso, pode-se contar com os dados fornecidos por redes de computadores,
interligados mundialmente, cuja disseminação é feita em grande velocidade pela
Internet.

No intercâmbio de informações, em discussões e fechamentos de negócios,


utilizam-se telefones, videoconferências e fac-símiles. Os meios de transporte
tornaram-se mais rápidos, acessíveis e seguros, permitindo que a conclusão de
negócios, a entrega de documentos e de mercadorias ocorram no menor tempo

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possível. Algumas fontes de consulta disponíveis para o exportador são fornecidas por
associações de comércio e indústria.
Tais publicações dão uma visão ampla do mercado, além de oferecer
informações em detalhes sobre assuntos específicos. Outras fontes são os anuários
comerciais, as estatísticas internacionais ou nacionais e os livros de referência. Estes
livros são necessários para que o pesquisador tenha conhecimento do processo de
comercialização, do perfil do país e do usuário de seus produtos.

O exportador deve procurar e selecionar, inicialmente, no seu país e depois no


país para onde se pretende vender, os serviços de promoção comercial oferecidos por
entidades vinculadas ao comércio exterior. As informações sobre o mercado externo
encontram-se em publicações de órgãos de promoção comercial ligados ao Ministério
da Indústria, do Comércio e do Turismo, e ao Ministério das Relações Exteriores que
dispõem de dados estatísticos sobre produtos e empresas interessadas em comprar.

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