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PROF.

: Adriane Fauth Direito Constitucional

A democracia direta é aquela que permite a


DIREITOS POLÍTICOS participação do povo diretamente na tomada
de decisões políticas, sem intermediários,
NOÇÕES GERAIS exercendo a chamada soberania popular. A CF
Os direitos políticos são direitos públicos consagra algumas formas de participação
subjetivos que asseguram aos chamados direta do povo no art. 14, I da CF através do:
CIDADÃOS o exercício da Soberania Popular, referendo, do plebiscito e da iniciativa popular;
atribuindo a esses poderes para participarem podemos acrescentar a esse rol de
das decisões políticas do Estado, através, por instrumentos de democracia direta a chamada
exemplo, do chamado direito de sufrágio, que é Ação popular.
o direito de votar e o direito de ser votado. A democracia indireta é aquela em que a
A Soberania popular contudo, não se resume ao vontade popular é exercida através de
direito de sufrágio, havendo outros representantes legitimamente eleitos, através
instrumentos para o seu exercício, como por de um processo eleitoral democrático, pelo
exemplo a iniciativa popular, a ação popular etc. voto, modelo esse também encontrado na nossa
O exercício dos direitos políticos decorre do CF.
Regime Político adotado no nosso país que é o Dessa forma, podemos observar que a nossa CF
regime político democrático. estabelece tanto elementos da democracia
direta quanto elementos da democracia
indireta, de modo que quando isso ocorre
REGIME POLÍTICO - DEMOCRACIA temos a chamada democracia semidireta.
O Regime político é a forma como um Estado se Assim, o modelo de democracia adotada no
organiza para exercer o seu poder sobre a Brasil é a democracia SEMIDIRETA ou
sociedade, assim podemos dividir os regimes PARTICIPATIVA, que conjuga elementos da
políticos em dois grandes grupos: democracia direta e da democracia indireta.
a) os democráticos: que permitem a A escolha desse modelo pode ser visualizada no
participação do povo nas decisões parágrafo único do art. 1o da CF
políticas do Estado. Parágrafo único. Todo o poder emana
b) os não democráticos: regimes do povo, que o exerce por meio de
autoritários ou totalitários. representantes eleitos ou diretamente,
Quanto ao regime político o caput do art. 1o da nos termos desta Constituição.
CF afirma que o Estado brasileiro é um Estado
Democrático de Direito, consagrando assim a
adoção de um regime político democrático.
Soberania Popular
Art. 1º A República Federativa do
Brasil, formada pela união indissolúvel A Soberania popular, nos termos do art. 14 da
dos Estados e Municípios e do Distrito CF, deve ser exercida pelo Sufrágio Universal,
Federal, constitui-se em Estado pelo voto e pelos instrumentos de democracia
Democrático de Direito e tem como direta, a saber: plebiscito, referendo e iniciativa
fundamentos: popular.
Um regime político democrático é aquele que Art. 14. A soberania popular será exercida
permite a participação do povo nas decisões pelo sufrágio universal e pelo voto direto
políticas do Estado, dependendo da forma e secreto, com valor igual para todos, e,
como essa participação é realizada nós temos nos termos da lei, mediante:
as modalidades de democracia, que podem ser: I - plebiscito;
❖ direta, II - referendo;
III - iniciativa popular.
❖ indireta ou representativa e
❖ semidireta ou participativa.

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Assim, podemos dizer que a Soberania Popular


UNIVERSAL
será exercida pelo sufrágio universal e pelo
voto, direto e secreto, não podemos, entretanto, SUFRÁGIO Censitário
confundir Sufrágio, com voto e com escrutínio, RESTRITO
vejamos: Capacitário
➢ DIREITOS DE SUFRÁGIO: É direito
público, subjetivo fundamental que assegura o ➢ VOTO: O voto é o instrumento para o
direito de votar e ser votado. Desse modo o exercício do sufrágio. É um direito e um dever
direito de sufrágio pode ser visto por duas fundamental (para maiores de 18 e menores de
perspectivas: 70 anos)
(i) capacidade eleitoral ativa: que é o O voto tem algumas características:
direito de votar, de alistar-se perante • DIRETO = dado aquele que se pretende
a justiça eleitoral de ter o título de eleger.
eleitor; • SECRETO = Sigiloso, não se pode violar
(ii)capacidade eleitoral passiva: que a cabine de votação.
é o direito de se candidatar a um • UNIVERSAL = é um direito que abrange
cargo eletivo. O direito de sufrágio é todas as pessoas. Vale ressaltar que esse
o que caracteriza os chamados universalismo, na prática, não é absoluto,
direitos políticos. visto que existem condições para poder
De acordo com a doutrina, o SUFRÁGIO pode participar do processo eleitoral, como as
ser de dois tipos, universal ou restrito: idades mínimas para votar e se candidatar,
a) Universal: quando o direito de votar é entre outras
concedido a todos os nacionais, • PERIÓDICO = ocorre em um intervalo de
independentemente de condições econômicas, tempo definido com a finalidade de
culturais, sociais ou outras condições especiais, assegurar a rotatividade no poder.
preenchidos mínimos requisitos • IGUAL VALOR PARA TODOS = one man
constitucionais. Os critérios para se determinar one vote.
a capacidade de votar e de ser votado são não- • LIVRE = liberdade de escolha do eleitor,
discriminatórios nessa modalidade. escolha do candidato.
b) Restrito (qualificativo): quando o direito de • PERSONALISSIMO = só exercido pela
votar depende do preenchimento de algumas pessoa, não pode votar por procuração ou
condições especiais, sendo atribuído a apenas correspondência.
uma parcela dos nacionais. O sufrágio restrito
• OBRIGATÓRIO = para alguns
pode ser censitário, quando depender do
brasileiros, mas não para todos.
preenchimento de condições econômicas
(renda, bens, etc.) ou capacitário, quando exigir
que o indivíduo apresente alguma STF (ADI 4643): inconstitucional a impressão do
voto.
característica especial, de natureza intelectual
STF (ADI 4.467): não precisa do título eleitoral para
(ser alfabetizado, por exemplo). votar – basta apresentar documento com foto

A Constituição Federal de 1988 consagra o


SUFRÁGIO UNIVERSAL, assegurando o direito
IMPORTANTE!!! O voto OBRIGATÓRIO não é
de votar e de ser votado a todos os nacionais cláusula pétrea1, dessa forma é possível alterar o
que cumpram alguns requisitos. voto no Brasil de obrigatório para facultativo.

1
É cláusula pétrea: art. 60 § 4º Não será objeto de
deliberação a proposta de emenda tendente a abolir: II - o
voto direto, secreto, universal e periódico;

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Ademais, tem-se que uma decisão tomada pelo


VOTO (materialização do Sufrágio)
povo em plebiscito ou referendo não pode ser
alterada por lei, nem mesmo por emenda
DIRETO SECRETO UNIVERSAL PERIÓDICO
IGUAL VALOR
PARA TODOS
OBRIGATÓRIO -
não é CP!
constitucional, de modo que podemos afirmar
que a democracia direta prevalece sobre a
democracia indireta.

➢ ESCRUTÍNIO: é a maneira, o Referência Histórica: O primeiro plebiscito no


modo como se realiza o voto, se público Brasil foi realizado em 1993, nos termos do art.
ou secreto. 2o do ADCT2, para definição da nossa forma e
sistema de governo. Quanto ao primeiro
secreto referendo a doutrina diverge, uns defendem
Escrutínio que foi em 1963 para retorno do sistema
público presidencialista outros defendem que foi o
(aberto)
referendo do desarmamento, de 23 de outubro
de 2005.
Além do sufrágio e do voto a soberania popular
também é exercida através do Referendo, do
Plebiscito e da Iniciativa Popular, que são Iniciativa Popular
instrumentos ou institutos da democracia
direta, importante destacarmos as suas A iniciativa popular é a possibilidade de o povo
principais características e diferenças: deflagrar, iniciar um projeto de lei, tanto de lei
ordinária quanto de lei complementar.
Esse projeto de lei deve ser apresentado
Plebiscito e Referendo perante à Câmara dos Deputados, subscrito por,
no mínimo, um por cento do eleitorado
Plebiscito e referendo são consultas formuladas
nacional, distribuído pelo menos por cinco
ao povo para que delibere sobre matéria de
Estados, com não menos de três décimos por
acentuada relevância, de natureza
cento dos eleitores de cada um deles. Como se
constitucional, legislativa ou administrativa.
extrai do art. 61 § 2º da CF, veja:
A diferença entre eles é que o plebiscito é
convocado com anterioridade a ato legislativo Art. 61. § 2º A iniciativa popular pode ser
ou administrativo, cabendo ao povo, pelo voto, exercida pela apresentação à Câmara dos
aprovar ou rejeitar o que lhe tenha sido Deputados de projeto de lei subscrito por,
submetido. no mínimo, um por cento do eleitorado
Enquanto o referendo é convocado com nacional, distribuído pelo menos por cinco
posterioridade a ato legislativo ou Estados, com não menos de três décimos
por cento dos eleitores de cada um deles.
administrativo, cumprindo ao povo a
respectiva ratificação ou rejeição.
Ação Popular
Para não confundir: PLEBISCITO =
“PRÉBISCITO” (ANTES) Art. 5º LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima
para propor ação popular que vise a anular ato
Como a decisão decorre do exercício de lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que
o Estado participe, à moralidade administrativa, ao
soberania popular a decisão tomada pelo povo
meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural,
vincula os governantes.

2
Art. 2º. No dia 7 de setembro de 1993 o eleitorado (parlamentarismo ou presidencialismo) que devem vigorar
definirá, através de plebiscito, a forma (república ou no País.
monarquia constitucional) e o sistema de governo

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ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de alistamento desde que complete 16 anos até a
custas judiciais e do ônus da sucumbência; data da eleição, inclusive.
✓ O alistamento e o voto são
proibidos: estrangeiros e os conscritos.
Direito de organização e participação 1. Estrangeiros – não possuem
Nacionalidade brasileira – pressuposto da
em partidos, cidadania;
Art. 17. É livre a criação, fusão, incorporação e extinção Destaque-se que os portugueses equiparados
de partidos políticos, resguardados a soberania (quase nacional), por receberem tratamento
nacional, o regime democrático, o pluripartidarismo, equivalente ao de brasileiro, poderão se alistar
os direitos fundamentais da pessoa humana e como eleitores.
observados os seguintes preceitos: 2. Conscritos – convocados para o serviço
militar obrigatório.
§ 1º O alistamento eleitoral e o voto são:
DIREITOS POLÍTICOS POSITIVOS I - obrigatórios para os maiores de dezoito anos;
II - facultativos para:
Como visto o direito de sufrágio, também
a) os analfabetos;
chamado de direito político positivo, se divide
no exercício do direito de votar – capacidade b) os maiores de setenta anos;
eleitoral ativa e no direito de se eleger – c) os maiores de dezesseis e menores de dezoito
capacidade eleitoral passiva. anos.
§ 2º Não podem alistar-se como eleitores os
estrangeiros e, durante o período do serviço
CAPACIDADE ELEITORAL ATIVA militar obrigatório, os conscritos.
(ALISTABILIDADE) – DIREITO DE
VOTAR.
CAPACIDADE ELEITORAL PASSIVA
A capacidade eleitoral ativa permite a
participação do cidadão no exercício da (ELEGIBILIDADE) – DIREITO DE SER
democracia, através do exercício do voto. VOTADO.
Essa capacidade é adquirida com o alistamento
Caracteriza-se pela possibilidade de participar
na Justiça Eleitoral, não sendo, portanto, um ato
das decisões políticas do Estado, concorrendo a
de ofício. A qualidade de eleitor é demonstrada
mandato eletivo.
através do título de eleitor que dá ao nacional a
São requisitos de elegibilidade:
condição de cidadão.
✓ *nacionalidade brasileira: nato,
De acordo com o art. 14 § 1o da CF o
naturalizado, ou condição de português
alistamento e o voto são obrigatórios para
equiparado, em alguns casos a CF exige que o
alguns, facultativos para outros e pode ainda
cargo seja privativo de brasileiros natos, como
ser proibido para determinadas pessoas.
o cargo de Presidente e Vice- Presidente da
Vejamos:
República. (art. 12 § 3o)
✓ O alistamento e o voto são
✓ *Pleno exercício dos Direitos Políticos:
obrigatórios: para maiores de 18 anos e
não pode incidir nas causas de perda ou
menores de 70 anos, que não sejam
suspensão dos direitos políticos (art. 15 CF).
analfabetos.
✓ *Alistamento eleitoral: tem que ter
✓ O alistamento e o voto são
capacidade eleitoral ativa para poder ser eleito,
facultativos: Analfabetos, maiores de
ter título de eleitor.
setenta anos e jovens entre dezesseis e
✓ *Domicílio eleitoral – na circunscrição
dezoito anos.
onde pretende se eleger – vínculo com a
Destaca-se que o adolescente que ainda tiver 15
população, pelo prazo mínimo de 6 meses antes
anos poderá, no ano eleitoral, realizar o

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das eleições. Domicílio eleitoral diferente de INELEGIBILIDADES ABSOLUTAS


domicílio civil.
✓ *Filiação partidária: deve estar filiado a As inelegibilidades absolutas impedem que o
um partido político, pelo prazo mínimo de 6 cidadão concorra para qualquer cargo eletivo,
meses3 antes das eleições, pois o nosso sistema por condições pessoais.
eleitoral não admite candidaturas avulsas ou Por se tratar de medidas excepcionais as
autônomas, sem partido político. inelegibilidades absolutas são previstas apenas
✓ *Idade mínima: idade constitucional na CF em rol taxativo.
exigida para exercício de determinados cargos, São inelegíveis absolutamente: os inalistáveis e
a ser comprovada em regra na data da posse, os analfabetos, nos termos do art. 14 § 4º da CF:
salvo para o caso do vereador, que deve ser § 4º São inelegíveis os inalistáveis e os
comprovada na data-limite do pedido de analfabetos.
registro de candidatura4.
35 -
Presidente/Vice/Senador Os inalistáveis são os estrangeiros e os
conscritos, conforme já analisado.
30 - Governador/Vice Analfabeto é aquele que não sabe ler nem
escrever, exigindo-se assim o mínimo de
conhecimento da língua portuguesa para que o
21 - Deputados, Prefeito, juiz de paz
cidadão possa concorrer a um cargo eletivo.
Ressalta-se que o analfabeto possui capacidade
18 - Vereador eleitoral ativa de forma facultativa, mas não
tem capacidade eleitoral passiva, é dizer: pode
votar, mas não pode ser eleito.
Não devemos confundir o analfabeto, que não
DIREITOS POLITICOS NEGATIVOS sabe ler nem escrever, com o analfabeto
São normas que impedem a participação do funcional, que é aquele que, apesar de saber ler
cidadão no processo político, implicam na e escrever, não compreende textos simples
negativa dos direitos políticos positivos, são e/ou realizar operações básicas de matemática.
eles: Dessa forma, o analfabeto funcional pode se
1. As Inelegibilidades. candidatar a cargos eletivos.
2. As causas de perda ou suspensão
dos direitos políticos – art. 15
INELEGIBILIDADES RELATIVAS
As inelegibilidades relativas são circunstâncias
INELEGIBILIDADES que impedem que o cidadão concorra a alguns
cargos em virtude de condições especiais do
As inelegibilidades são circunstâncias, fatores próprio candidato ou de seu cônjuge ou
que impedem o indivíduo de exercer a parente.
capacidade eleitoral passiva, ou seja, de se As hipóteses de inelegibilidades relativas são
eleger, total ou parcialmente e são classificadas EXEMPLIFICATIVAS e não taxativas, isso
dentro dos direitos políticos negativos. porque a própria constituição autoriza que
A CF estabelece dois tipos de inelegibilidades: outras hipóteses de inelegibilidades sejam
(i) absolutas; (ii) relativas.

3Lei das Eleições 9.504/97 - Art. 9º Para concorrer às eleições, o 4 Lei das Eleições 9.504/97 – Art. 11 §2o A idade mínima
candidato deverá possuir domicílio eleitoral na respectiva circunscrição
constitucionalmente estabelecida como condição de elegibilidade é
pelo prazo de seis meses e estar com a filiação deferida pelo partido no
verificada tendo por referência a data da posse, salvo quando fixada em
mesmo prazo.
dezoito anos, hipótese em que será aferida na data-limite para o pedido de
registro.

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criadas através de Lei Complementar. Veja o Observe que a vedação é para um terceiro
art. 14§ 9º da CF: mandato SUCESSIVO, isso porque é possível
que um candidato cumpra três ou mais
Art. 14 § 9º Lei complementar
mandatos, desde que não os realize de forma
estabelecerá outros casos de
inelegibilidade e os prazos de sua sucessiva.
cessação, a fim de proteger a probidade Outra observação importante é a de que essa
administrativa, a moralidade para limitação só se aplica aos membros do Poder
exercício de mandato considerada vida Executivo, pois não existe limitação à reeleição
pregressa do candidato, e a para os membros do Poder Legislativo.
normalidade e legitimidade das De acordo com a literalidade da CF essa
eleições contra a influência do poder limitação abrange não apenas os titulares, mas
econômico ou o abuso do exercício de também aqueles que sucederam (definitivo) ou
função, cargo ou emprego na substituíram (temporário) o titular do cargo,
administração direta ou indireta. ou seja, os vices.
Contudo, de acordo com a jurisprudência do
Podemos destacar quatro hipóteses de STF5 a “mera substituição” não deve ser
inelegibilidades relativas previstas na CF: computada para fins de reeleição, incidindo a
a) inelegibilidade por motivos funcionais: inelegibilidade relativa somente quando
limite de reeleição; houver o exercício efetivo da titularidade do
b) inelegibilidade por motivos funcionais: cargo, que se dá mediante eleição ou sucessão.
desincompatibilização; Dessa forma, podemos estabelecer algumas
c) inelegibilidade reflexa ou em virtude do observações pertinentes em relação ao Vice:
parentesco; a) Os vices poderão ser eleitos para
d) inelegibilidade do militar. o mesmo cargo, ou seja, o de vice por um
único período subsequente;
b) Os vices reeleitos poderão se
INELEGIBILIDADE POR MOTIVOS candidatar ao cargo do titular nas
FUNCIONAIS – LIMITE DE eleições subsequentes, mesmo que
REELEIÇÃO tenham substituído os titulares.

Dispõe a CF no art. 14 § 5º: Vamos exemplificar: Imagine que Zezinho e


§ 5º O Presidente da República, os Luizinho sejam eleitos respectivamente aos
Governadores de Estado e do Distrito cargos de Prefeito e Vice, uma vez cumprido o
Federal, os Prefeitos e quem os houver primeiro mandato, foram reeleitos, e
sucedido, ou substituído no curso dos finalizaram o segundo mandato, pergunta-se:
mandatos poderão ser reeleitos para a) Zezinho pode ser candidato a
um único período subsequente. reeleição como Prefeito? A resposta é
evidentemente não, pois ele já cumpriu
Dessa forma, o Presidente da República,
dois mandatos e está impedido de
Governadores de Estado e Prefeitos só podem
cumprir um terceiro mandato
se reeleger por um único período subsequente,
consecutivo.
ou seja, 4 anos mais 4 anos, estando inelegíveis
b) Zezinho pode ser candidato a
para o mandato seguinte.
vice-prefeito na eleição imediatamente
Esse dispositivo estabelece um limite a
seguinte ao término do seu segundo
reeleição dos membros do Poder Executivo,
mandato como Prefeito? A Resposta é
vedando a reeleição para um terceiro mandato
também não, pois caso o titular venha a
de forma sucessiva.

5
(STF - RE: 366488 SP, Relator: CARLOS VELLOSO,
Data de Julgamento: 04/10/2005, Segunda Turma,
Data de Publicação: DJ 28-10-2005)

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falecer ou perca o seu cargo, Zezinho aos seus respectivos mandatos no prazo de 6
assumiria e iria cumprir um terceiro (seis) meses antes das eleições, conforme art. 14
mandato, o que é proibido pela CF. §6º da CF:
c) Luizinho pode ser candidato a
§ 6º. Para concorrerem a outros cargos, o
vice-prefeito nas eleições seguintes? A
Presidente da República, os
resposta é não pois ele já foi vice por Governadores de Estado e do Distrito
dois mandatos consecutivos. Federal e os Prefeitos devem renunciar
d) Luizinho pode ser candidato ao aos respectivos mandatos até seis meses
cargo de Prefeito nas eleições seguintes? antes do pleito.
Aqui a resposta é SIM, ainda que
Luizinho tenha substituído Observe que não será necessária a renúncia
temporariamente o titular ele poderá se para concorrer ao mesmo cargo, ou seja, para
candidatar ao cargo do titular, isso concorrer a reeleição.
porque o tempo em que Luizinho foi vice Os vices não precisam se desincompatibilizar
não é computado como exercício de para concorrer a outros cargos desde que não
mandato eletivo, dessa forma, ele tenham sucedido ou substituído o titular nos
poderia ser candidato a Prefeito. seis meses anteriores ao pleito.
Quando a essa última indagação temos que ir Inclusive, caso o vice assuma o mandato de seus
além. titulares, no prazo de desincompatibilização,
No exemplo citado Zezinho e Luizinho ainda que de forma temporária, haverá
cumpriram dois mandatos na condição de inelegibilidade reflexa para os seus parentes.
Prefeito e vice até o final, dessa forma, Luizinho
pode ser candidato ao cargo do Prefeito
cumprindo um primeiro mandato e por INELEGIBILIDADE REFLEXA -
consequência poderá na sequência ser Parentesco
candidato a reeleição. A inelegibilidade em decorrência do parentesco
Entretanto, se Luizinho tiver sucedido Zezinho é chamada de reflexa, porque a inelegibilidade
ou substituído nos seis meses anteriores ao é gerada para terceiros e não para quem está no
pleito, poderá também candidatar-se ao cargo cargo eletivo, ou seja, não é direta. É uma
do titular, contudo, não poderá ser candidato a proibição para o cônjuge ou parente até 2o grau
reeleição, pois o período de sucessão deve ser de membros do Poder Executivo. Vejamos o que
contado como um primeiro mandato. diz o texto constitucional no art. 14 § 7º:
PREFEITO ITINERANTE –
PROIBIÇÃO DE TERCEIRA ELEIÇÃO EM § 7º São inelegíveis, no território de
CARGO DA MESMA NATUREZA jurisdição do titular, o cônjuge e os
De acordo com a jurisprudência os PREFEITOS parentes consanguíneos ou afins, até o
segundo grau ou por adoção, do
que já cumpriram o segundo mandato sucessivo
Presidente da República, de
não poderão candidatar-se a outro cargo de Governador de Estado ou Território, do
prefeito, ainda que em Município distinto, em Distrito Federal, de Prefeito ou de quem
respeito ao princípio republicano, essa decisão os haja substituído dentro dos seis
veio afastar a figura do Prefeito itinerante ou meses anteriores ao pleito, salvo se já
profissional titular de mandato eletivo e candidato à
reeleição.
INELEGIBILIDADE PO MOTIVOS Dessa forma, o titular de um mandato eletivo ou
FUNCIONAIS – REGRA DE quem tenha substituído nos últimos seis meses
antes das eleições, pertencente ao Poder
DESINCOMPATIBILIZAÇÃO Executivo – Presidente, Governador e Prefeito,
Os membros do Poder Executivo para gera, no seu território de jurisdição,
concorrerem a OUTROS cargos deverão renunciar inelegibilidade para o cônjuge ou parente até

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segundo grau, tanto para cargos do poder


executivo quanto para os cargos do poder FORMAS DE GRAUS DE
legislativo. PARENTESCO PARENTESCO
Observe que os membros do Poder Legislativo
1º grau 2º grau
não geram inelegibilidades ao seu cônjuge e
parentes, mas tão somente os membros do Em Ascen PAIS AVÓS
Parent
Executivo. linh dente (inclus
esco
Cônjuge é o esposo, a esposa, decorrente do a ive
consan
casamento civil, religioso, ou de União Estável, reta madra
guíneo
inclusive as uniões homoafetivas. sta e
s
O parentesco pode se dar de duas formas, por padras
consanguinidade – que decorre de aspectos to)
biológicos – ou por afinidade – que se constitui Descen FILHO NETOS
em decorrência do casamento ou da união dente S
estável, tornando o cônjuge ou companheiro Em ---- ----- IRMÃO
parente dos parentes do outro, inclusive nas linh S
hipóteses de adoção. a
Esse parentesco pode-se dar em linha reta ou cola
colateral. tera
➢ Por consanguinidade e em linha reta l
temos os ascendentes e os descendentes, sem
Parent Em Ascen SOGRO AVÓS
limites de graus:
es Por linh dentes S DO
1º grau: pai e filho
Afinida a (inclus CÔNJUG
2º grau: avô e neto reta ive E OU
de
3º grau: bisavô e bisneto padras COMPA
➢ Por consanguinidade e em linha to ou NHEIR
colateral temos aquelas pessoas que apesar de madra O
não serem ascendentes e descentes decorrem sta do
de um ancestral comum, encerrando o cônjug
parentesco até o 4o grau: e ou
2º grau: irmãos compa
3º grau: tios e sobrinhos nheiro
4º grau: sobrinhos-netos, tios-avós e primos )
Descen ENTEA NETOS
➢ Por afinidade e em linha reta temos os dentes DOS,
ascendentes e os descendentes do cônjuge, sem GENRO
limites: SE
1º grau: sogro, sogra, genro, nora, enteados NORAS
2º grau: avôs do cônjuge, netos do cônjuge (inclus
3º grau: bisavô e bisneto do cônjuge. ive do
➢ Por afinidade e em linha colateral temos cônjug
aquelas pessoas que apesar de não serem e ou
ascendentes e descentes decorrem de um compa
ancestral comum, a afinidade vai apenas até o nheiro
segundo grau: )
2o grau: cunhados. Em - - CUNHA
Veja que a inelegibilidade reflexa se estende até linh DOS
os parentes de 2o grau, não alcançando, a (irmãos
portanto, parentes de 3o e 4o graus. cola do
Observe o esquema: cônjuge

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tera ou titular) tiver direito à reeleição (primeiro


l compan mandato) e houver renunciado seis meses
heiro) antes do pleito.
Se for para outros cargos que não o do titular,
bastará a renúncia seis meses antes do pleito.
Aliás, a inelegibilidade reflexa se aplica apenas para Imagine o seguinte exemplo: José é Prefeito e
aquelas candidaturas do cônjuge ou parentes até 2º Maria, sua esposa quer se candidatar:
grau, no território de jurisdição do titular, ou seja, a) Se Maria quiser se candidatar ao
na circunscrição que foi eleito, assim podemos cargo de vereadora, basta que José
concluir que:
renuncie seis meses antes do pleito para
1) O cônjuge, parentes e afins, até o
que ela fique elegível.
segundo grau, ou por adoção de PRESIDENTE
b) Se Maria quiser se candidatar ao
não poderão se candidatar a nenhum cargo
cargo do titular, ou seja, ao cargo de
eletivo no País.
prefeita, para que fique elegível o titular
2) O cônjuge, parentes e afins, até o
deverá estar no primeiro mandato
segundo grau, ou por adoção de GOVERNADOR
(tenha direito à reeleição) e renunciar
não poderão se candidatar a nenhum cargo
seis meses antes do pleito.
dentro daquele Estado. Isso inclui os cargos de
Lembra-se o caso da ex-governadora do RJ,
Vereador, Prefeito e Vice-Prefeito (de qualquer
Rosinha Garotinho, que foi eleita em 2002, logo
dos Municípios daquele estado), bem como os
após seu esposo, Anthony Garotinho, que foi
cargos de Deputado Federal, Deputado
eleito em 1998, para um primeiro mandato, ter
Estadual, Senador, Governador e Vice-
renunciado seis meses antes para concorrer ao
governador por aquele estado.
cargo de presidente em 2002.
3) O cônjuge, parentes e afins, até o
Destaca-se que não haverá inelegibilidade
segundo grau, ou por adoção de PREFEITO não
reflexa se, por exemplo, o esposo e a esposa
poderão se candidatar a nenhum cargo dentro
forem candidatos a cargos eletivos pela
daquele Município, ou seja, estarão inelegíveis
primeira vez, isso porque, como nenhum dos
par ao cargo de Vereador, Prefeito e Vice-
dois detêm mandato eletivo não haverá
Prefeito.
inelegibilidades.
Quanto a figura do cônjuge temos que destacar
EXCEÇÕES: ainda a Súmula vinculante 18 do STF:
1A - REELEIÇÃO
Ao lermos o art. 14, §7o, percebemos, em sua A dissolução da sociedade ou do vínculo
parte final, que há uma exceção a essa regra da conjugal, no curso do mandato, não
afasta a inelegibilidade prevista no § 7º
inelegibilidade reflexa, vejamos: “salvo se já do artigo 14 da Constituição Federal.
titular de mandato eletivo e candidato à
reeleição”. Em decorrência dessa súmula, a separação ou
Essa disposição significa que a inelegibilidade divórcio na vigência do mandato não afasta a
reflexa não se aplica caso o cônjuge, parente ou inelegibilidade reflexa para o mandato
afim já possua mandato eletivo e esteja subsequente.
candidato a reeleição; nessa situação, será Contudo, a referida súmula não se aplica no
possível que estes se candidatem à reeleição, caso de extinção do vínculo conjugal pela morte
mesmo se ocuparem cargos dentro da de um dos cônjuges.
circunscrição do Chefe do Executivo, se, Desse modo, a inelegibilidade não se aplica ao
entretanto, a candidatura for para outro cargo viúvo (a) do Chefe do Executivo, uma vez que o
que não de reeleição haverá inelegibilidade. falecimento afasta a inelegibilidade

2A – RENÚNCIA
O cônjuge, parentes e afins são elegíveis até MILITARES
mesmo para o cargo do titular, quando este (o

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O Militar que pode se alistar, ou seja, que pode


votar, poderá ser eleito, conforme artigo 14 §
8º: IMPUGNAÇÃO MANDATO ELETIVO
§ 8º O militar alistável é elegível, atendidas as § 10 – O mandato eletivo poderá ser
seguintes condições: impugnado ante a Justiça Eleitoral no
prazo de quinze dias contados da
I - se contar menos de dez anos de serviço, diplomação, instruída a ação com
deverá afastar-se da atividade; provas de abuso do poder econômico,
II - se contar mais de dez anos de serviço, será corrupção ou fraude.
agregado pela autoridade superior e, se eleito,
passará automaticamente, no ato da
diplomação, para a inatividade. AÇÃO DE IMPUGNAÇÃO DE
Ressalta-se que a CF, art. 142 §3o, V, veda ao MANDATO
Militar a filiação partidária enquanto no serviço
§ 11 – A ação de impugnação de
ativo.
mandato tramitará em segredo de
V - o militar, enquanto em serviço ativo, não justiça, respondendo o autor, na forma
pode estar filiado a partidos políticos da lei, se temerária ou de manifesta má-
fé.
Assim, para suprir o requisito constitucional de
filiação partidária a justiça eleitoral entende
que basta o registro de candidatura do militar CONSULTAS POPULARES
apresentado pelo partido político.
§ 12. Serão realizadas concomitantemente às
eleições municipais as consultas populares sobre
OUTRAS HIPÓTESES questões locais aprovadas pelas Câmaras
Municipais e encaminhadas à Justiça Eleitoral até
A CF estabelece a possibilidade de se criar, 90 (noventa) dias antes da data das eleições,
através de Lei Complementar, novas hipóteses observados os limites operacionais relativos ao
de inelegibilidades relativas. número de quesitos. (Incluído pela Emenda
Observe que as hipóteses de inelegibilidade só Constitucional nº 111, de 2021)
podem ser estabelecidas por LEI
COMPLEMENTAR, enquanto as hipóteses de § 13. As manifestações favoráveis e contrárias às
questões submetidas às consultas populares nos
elegibilidade podem ser previstas em lei
termos do § 12 ocorrerão durante as campanhas
ordinária. eleitorais, sem a utilização de propaganda gratuita
Como dispõe o art. 14 §9o: no rádio e na televisão. (Incluído pela Emenda
§ 9º Lei complementar estabelecerá outros Constitucional nº 111, de 2021)
casos de inelegibilidade e os prazos de sua
cessação, a fim de proteger a probidade
administrativa, a moralidade para exercício PERDA OU SUSPENSÃO DOS
de mandato considerada vida pregressa do
candidato, e a normalidade e legitimidade das DIREITOS POLÍTICOS
eleições contra a influência do poder A CF veda expressamente a Cassação dos Direitos
econômico ou o abuso do exercício de função, Políticos, contudo permite a sua privação,
cargo ou emprego na administração direta ou restrição de duas formas: permanente (perda) ou
indireta.
temporária (suspensão).
Essa restrição privam o cidadão do direito de
A Lei complementar mencionada no dispositivo votar e de ser votado.
é a lei 64/90, chamada de lei das O Art. 15o da CF apresenta um ROL TAXATIVO
inelegibilidades que foi significativamente dessas possíveis restrições, no entanto, não diz
alterada pela LC 135/2010, que é a Lei da Ficha quais são as hipóteses de perda e quais são as
Limpa.

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hipóteses de suspensão, por isso, nesse ponto a 7. (CESPE/2018) Gilberto, brasileiro nato,
doutrina é divergente. Veja as hipóteses: completou sessenta e um anos de idade no mês
de janeiro de 2018. Neste mesmo ano, transitou
em julgado condenação criminal contra ele, tendo
Art. 15. É vedada a cassação de direitos políticos, sido arbitrada, entre outras sanções, pena
cuja perda ou suspensão só se dará nos casos de: privativa de liberdade. Considerando essa
I - cancelamento da naturalização por sentença situação hipotética, julgue o item a seguir, com
transitada em julgado; relação aos direitos políticos de Gilberto. Em razão
II - incapacidade civil absoluta; de sua idade, o ato de votar nas eleições de 2018
III - condenação criminal transitada em julgado, é facultativo para Gilberto.virtude de atividade
enquanto durarem seus efeitos; nociva ao interesse nacional.
IV - recusa de cumprir obrigação a todos imposta 8. (CESPE/2017) O alistamento eleitoral é
ou prestação alternativa, nos termos do art. 5º, obrigatório para todos os brasileiros natos maiores
VIII; de dezoito anos de idade, independentemente da
V - improbidade administrativa, nos termos do escolaridade.
art. 37, § 4º. 9. (CESPE/2017) Durante o período do serviço
militar obrigatório, o alistamento eleitoral é
facultativo para os conscritos.
Parte da doutrina vai defender que são causas de
perda o cancelamento da naturalização (I) e a 10. (CESPE/2016) Servidor público na ativa, com
escusa de consciência (IV) sendo que as demais trinta e quatro anos de idade à época da eleição
hipóteses seriam causas de suspensão. para deputado distrital, não poderá concorrer ao
Outra parte da doutrina vai defender que a escusa cargo eletivo, ainda que se afaste de seu cargo
de consciência é hipótese de suspensão dos público antes da eleição, dada a sua idade.
direitos políticos. GABARITO:
Dessa forma a doutrina diverge apenas quanto a 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
escusa de consciência, uns considerando como E E E E E C E E E E
causa de perda e outros como causa de suspensão.

QUESTÕES:
ACOMPANHE AS MINHAS REDES
1. (CESPE/2021) Direito político passivo SOCIAIS:
corresponde ao direito do eleitor de votar.
2. (CESPE/2020) Os analfabetos não podem
@adrianefauth Profa. Adriane Fauth
registrar-se como eleitores.
3. (CESPE/2019) No Brasil, o exercício da
democracia efetiva-se unicamente por meio do
voto nas eleições.
@FauthAdriane Adriane Fauth
4. (CESPE/2019) Plebiscito é a convocação do
povo para ratificar ou rejeitar ato legislativo ou
administrativo previamente aprovado pelo Poder
Legislativo.
5. (CESPE/2019) A iniciativa popular é uma
forma de democracia indireta.
6. (CESPE/2017) Um cidadão pode preencher os
requisitos para o alistamento eleitoral e ser
inelegível como candidato.

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