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DIREITO CONSTITUCIONAL

1. DOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS


Art. 1º Fundamentos da República Federativa do Brasil
A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e
Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e
tem como fundamentos:
SOCIDIVAPLU.

SOBERANIA.

CIDADANIA.

DIGNIDADE DA PESSOA
HUMANA.

VALORES SOCIAIS DO
TRABALHO E LIVRE
INICIATIVA.

PLURALISMO POLÍTICO.

Observação: O art. 60, § 4º, cita as cláusulas pétreas explícitas, mas a doutrina
coloca os princípios fundamentais como cláusula pétrea implícita.
Observação: Hoje em dia fala-se muito do princípio da dignidade da pessoa humana
por conta de um movimento chamado neoconstitucionalismo, que coloca a pessoa
humana no centro do sistema e faz surgir, a partir daí, uma série de consequências.
Ex. 1: existe uma súmula vinculante que todo brasileiro conhece, que é a que proíbe o
uso de algemas em presos, em regra, pois é algo constrangedor e que ofende a
dignidade da pessoa humana. Então com base nesse princípio é que foi editada essa
SV n. 11. Algemas só podem ser utilizadas em caso de perigo, de resistência ou de
fuga – o mnemônico é PRF. A dignidade da pessoa humana vai além e se espalha em
várias outras circunstâncias.
Ex. 2: hoje em dia são permitidos o casamento e a união estável entre pessoas do
mesmo sexo. Um dos fundamentos que o STF usou foi justamente o da dignidade da
pessoa humana.
Ex. 3: a respeito das pesquisas com células-tronco embrionárias. Certa vez uma
questão de prova dizia que o princípio da felicidade guarda íntima relação com a
dignidade da pessoa humana. Essa frase foi retirada de um julgamento da pesquisa
com células-tronco, em que o STF disse que, se para a pessoa ter uma vida plena,
digna e feliz, ela puder fazer uso de pesquisas de tratamentos médicos que melhorem
sua condição de vida, a pesquisa com células- -tronco é permitida.
Os entes que compõem nossa República (União, estados, DF e municípios) têm
tríplice autonomia: financeira, administrativa e política (FAP).
Observação: No DF existem empresas de transporte por aplicativo (Uber, 99 Pop,
Cabify etc.). Alguns municípios fizeram lei municipal proibindo transporte de
passageiros por aplicativo. O STF entendeu que essa proibição por lei municipal
ofende, viola o princípio da livre iniciativa e da liberdade econômica.
O Art. 1º trata dos Fundamentos da RFB, conforme apresentado nos incisos.Sobre
esse assunto, pode ser perguntado a forma de Estado, as formas de Governo ou os
sistemas de Governo, conforme descritos a seguir.

FORMAS DE ESTADO FORMAS DE GOVERNO SISTEMA DE GOVERNO.


Unitário. República. Presidencialismo.
Federação. Monarquia. Parlamentarismo.
Confederação.

De todos os itens acima, confederação é o único que o Brasil não foi. Nosso país foi
um Estado unitário até 1891 e é uma federação desde então.
A proclamação da República se deu em 15 de novembro de 1889, e o Brasil se tornou
uma federação somente 2 anos depois. A 1ª Constituição brasileira, de 1824, adotava
a monarquia; só nos tornamos república na 2ª Constituição, de 1891. 1889 é a data do
marco histórico; por isso a divergência.
Além disso, nosso sistema foi o parlamentarismo tanto no Brasil Império quanto no
intervalo entre 1961/1963, um pequeno período que antecedeu o golpe militar de
1964. Desde 1963, nosso sistema é o presidencialismo.
Características parlamentarismo: há 2 chefes um de Estado e um de governo. No
nosso caso, Tancredo Neves era o primeiro ministro e João Goulart era o presidente
da República.
Diferenças entre Presidencialismo X Parlamentarismo:
(a) Presidencialismo: Independência entre os Poderes nas funções
governamentais, governantes possuem mandato certo, há um só chefe do
executivo (presidente ou monarca) que acumula as funções de chefe de estado
e chefe de governo, a responsabilidade do governo é perante o povo.

(b) Parlamentarismo: Regime de colaboração; de corresponsabilidade entre o


Legislativo e Executivo, Primeiro-Ministro só permanece na chefia de governo
enquanto possuir maioria parlamentar, Mandato dos parlamentares pode ser
abreviado, caso haja a dissolução do parlamento, chefia do executivo é dual, já
que exercida pelo Primeiro-Ministro (chefe de governo), juntamente com o
Presidente ou Monarca (chefe de estado), a responsabilidade do governo é
perante o parlamento.

Características monarquia:
(1) Vitaliciedade: se a pessoa não abdicar do trono, o regente fica no cargo até
morrer. Um exemplo é a rainha da Inglaterra, que reina há décadas;
(2) Hereditariedade; a escolha não é feita pelo povo;
(3) Irresponsabilidade perante o povo.
A monarquia não respondia perante o povo, respondia perante Deus; ele era escolhido
por Deus. Existe uma expressão em inglês, segundo o qual The king can do no wrong,
cuja tradução é “o rei não pode errar”.

Características república:
(1) Temporariedade;
(2) Eletividade; a escolha é feita por meio de eleições;
(3) Responde perante o povo.
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de
representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.
Vamos dissecar agora alguns pontos do art. 1º:
• Poder: Titularidade x Exercício: Todo poder emana do povo, logo o titular do poder
é o povo. Já o exercício do poder pode ser feito pelo povo ou não. Na regra, no Brasil
o exercício é de forma indireta, mas a bem da verdade o Brasil mescla as duas
formas: democracia direta e indireta. Por isso é comum aparecer em provas que nossa
democracia é mista ou semidireta.
(a) Democracia indireta: (representativa). É a regra, através das eleições, a
população escolhe as pessoas que a irão representar, em teoria.
(b) Democracia direta:

1- Plebiscito: consulta popular feita antes de a norma ser elaborada. Aconteceu,


por exemplo, em 1994 para perguntar à população brasileira se ela queria república
ou monarquia e parlamentarismo ou presidencialismo. Nada mudou e foram
mantidos a república e o presidencialismo;

2- Referendo: consulta popular posterior à norma. Aconteceu no âmbito do direito


brasileiro no Estatuto do Desarmamento: foi perguntado se a população queria a
proibição ou não da comercialização de armas de fogo, e os brasileiros não foram
favoráveis a essa proibição;

3- Iniciativa popular de lei (diferente de ação popular): ação popular é um dos


“remédios constitucionais”; já a lei de iniciativa popular é uma forma de exercício
direto da democracia. Nela, o povo dá o pontapé inicial no processo legislativo, ou
seja, o povo manda o projeto de lei para a Câmara dos Deputados. Ex: em 2010
surgiu a Lei Complementar n. 135, a famosa Lei da Ficha Limpa, que nasceu da
iniciativa popular.

• Iniciativa popular de lei nas três esferas – Particularidades:


a) Federal:
O povo pode apresentar proposta de Lei Ordinária (LO), de Lei Complementar (LC),
mas não Proposta de Emenda à Constituição (PEC).
As pessoas que são legitimadas a ingressar com uma PEC constam no art. 60 da CF,
que são: Presidente da República, 1/3 da Câmara dos Deputados, 1/3 do Senado
Federal e mais da metade das assembleias legislativas.
A iniciativa popular pode ser exercida pela apresentação à Câmara dos Deputados de
projeto de lei subscrito por:
1% do eleitorado nacional. Distribuído por pelo menos 5 estados, com no mínimo
0,3% em cada um deles.

b) Estadual:
O povo também pode apresentar proposta de LO e de LC; a diferença é que também
pode apresentar PEC, desde que previsto na Constituição estadual. No 2º semestre
de 2018, o STF determinou que a Constituição Estadual pode prever o povo
apresentando PEC. Além disso, no âmbito estadual não existe a exigência de 1% do
eleitorado; aqui se trabalha a autonomia de cada um dos entes da Federação e o
estado é quem vai disciplinar.
c) Municipal:
No âmbito do município, a CF determina que o projeto de iniciativa popular deve
nascer de 5% do eleitorado. O povo também pode apresentar projeto de LO e de LC.
A máxima no âmbito federal é a CF, e no âmbito estadual, as CE. No âmbito do DF e
dos municípios, a norma máxima é, respectivamente, Lei Orgânica do DF e Lei
Orgânica Municipal.
Logo, aqui não há PEC (Proposta de Emenda à Constituição), e sim PELO (Proposta
de Emenda à Lei Orgânica), que também pode ser apresentada pelo povo.
Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o
Legislativo, o Executivo e o Judiciário.
Dentre os princípios fundamentais, somente o art. 2º é uma cláusula pétrea expressa,
explícita. O art. 60, § 4º, da CF cita 4 cláusulas pétreas expressas: a forma federativa
de Estado; os direitos e garantias individuais; o voto direto, secreto, universal e
periódico; e a separação dos poderes.
Esses são os poderes no âmbito federal. No âmbito dos municípios, por exemplo, não
existe Poder Judiciário. Note que os fóruns que existem nos municípios provavelmente
pertencem ao Tribunal de Justiça do estado. No DF, o Poder Judiciário é organizado e
mantido pela União.
• Posicionamento constitucional do MP, Defensoria Pública e do Tribunal de
Contas
Esses 3 órgãos têm autonomia, não estão em subordinação a nenhum dos 3 poderes.
O TC auxilia o Poder Legislativo, mas não é subordinado a ele.
Existe o Tribunal de Contas da União (TCU), o Tribunal de Contas do Estado (TCE), o
Tribunal de Contas do DF (TCDF) e o Tribunal de Contas do Município (TCM), em
alguns casos excepcionais. Uma pessoa que atua como conselheira no TCM do
município do RJ, por exemplo, tem foro especial e será julgado, de início, no STJ; o
mesmo vale para quem atua em TCE e TCDF.
Um vereador faz o papel do Poder Legislativo no município; ele não tem foro especial
na CF. A fiscalização, no âmbito municipal, cabe à Câmara dos Vereadores, auxiliada
pelo TCE ou TCM onde houver. Entretanto, quem auxilia tem o foro especial e quem é
auxiliado, o dono do controle externo, fica sem foro especial. Essa é uma clara
amostra de que não há subordinação nesses órgãos em relação aos Poderes.
• Teoria dos freios e contrapesos (checks and balances – Montesquieu)
Essa teoria diz que nenhum poder pode se sobrepor ao outro, logo, há freios e
controles recíprocos.
Ex. 1: A escolha de ministro para o STF, o mais alto cargo do Poder Judiciário, é feita
pelo Presidente da República, o mais alto cargo do Poder Executivo. O Poder
Legislativo também participa da escolha por meio de sabatina feita pelo Senado
federal.
Ex. 2: o art. 37 da CF estabelece que os vencimentos dos Poderes Legislativo e
Judiciário não podem ser maiores que os do Poder Executivo. Entretanto, essa é só a
teoria, pois o salário mais alto é o do Legislativo, seguido pelo do Judiciário e do
Executivo. Para os servidores do Senado Federal (Legislativo), por exemplo,
conseguirem um reajuste salarial, eles mesmos o pedem; o Presidente da República
(Executivo) também participa sancionando ou vetando o projeto de lei aprovado pelo
Legislativo. O STF (Judiciário) pode declarar o projeto de lei inconstitucional.
Montesquieu dizia que cada poder tem sua função principal (típica) e também exerce
funções secundárias (atípicas); ou seja, todo mundo faz tudo:

O julgamento do STF a respeito da súmula do nepotismo, por exemplo, nasceu para


verificar a validade de uma resolução editada pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ)
Art. 3º - Objetivos internos (normas de eficácia programática).
Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:
CONGAPROERRE (Construir, Garantir, Erradicar e Reduzir).

I – construir uma sociedade livre, justa e solidária.

II – garantir o desenvolvimento nacional.

III – erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e


regionais.

IV – promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e
quaisquer outras formas de discriminação.

Observação: Dentre as de caráter programático, pode-se citar (como exemplos mais


cobrados em provas): o próprio art. 3º, o art. 4º, o art. 6º (direitos sociais); o art. 196
(saúde) e o art. 205 (educação).
Art. 4º - Princípios das relações internacionais (eficácia programática).
A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos
seguintes princípios:
(a) independência nacional.
(b) prevalência dos direitos humanos.
(c) autodeterminação dos povos.
(d) não intervenção.
(e) igualdade entre os Estados.
(f) defesa da paz.
(g) solução pacífica dos conflitos.
(h) repúdio ao terrorismo e ao racismo.
(i) cooperação entre os povos para o progresso da humanidade.
(j) concessão de asilo político.
Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará a integração econômica,
política, social e cultural dos povos da América Latina, visando à formação de uma
comunidade latino-americana de nações.
Atenção: Algumas provas modificam o parágrafo único, dizendo que essa busca por
integração é dos povos da América do Sul, por exemplo.
• Concessão de asilo político
Diferenciação entre asilo e refúgio:

ASILO POLÍTICO. REFÚGIO POLÍTICO.

Mais restrito. Mais abrangente.

Em caso de perseguição política. Em caso de perseguição política, sexual,


religiosa, étnica, etc.

Ato administrativo discricionário. Ato administrativo vinculado.


Observação: Ambos podem ser concedidos pelo governo.
Observação: Extradição é uma análise vinculada do presidente da república e o ato
não pode ser contestado.
Observação: Estrangeiro com família brasileira: Não interessa quando gerou a família
brasileira, sendo possível a extradição e não possível a expulsão.
• Repúdio ao Terrorismo e ao Racismo
Figuras equiparadas ao racismo: Anti-semitismo e anti-seonismo (livro ofendendo
judeus), homofobia e transfobia, injúria racial.
Crime Imprescritível: racismo e golpe de estado.
Injúria racial x racismo: a questão da imprescritibilidade O art. 5º da CF traz que os
crimes de racismo e de formação de grupos armados, civis ou militares, contra o
estado democrático de direito (em outras palavras, golpe de estado) são
imprescritíveis – ou seja, o Estado nunca perde o direito de punir quem os pratique – e
punidos com reclusão. A injúria racial aparece no Código Penal, mas o racismo não,
pois tem uma lei separada. Houve um caso envolvendo os conhecidos jornalistas
Heraldo Pereira e Paulo Henrique Amorim em que o segundo vivia ofendendo o
primeiro, dizendo que ele só tinha destaque devido a sua cor. Ele foi acusado de
injúria racial e disse que tal crime já havia prescrito. O STF e o STJ então
determinaram que a injúria racial também é crime imprescritível.
Observação: Permitido que exista a cláusula de barreira ou de desempenho em
concursos ou eleitoral. Ex. aprovado aquele que tiver a nota tal, aprovado mas não
ultrapassou o filtro para a próxima fase. Aprovado mas a segunda fase passariam 50 e
ele ficou em 51.
2. DOS DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS (arts. 5º a 17)
Características dos direitos e garantias fundamentais:
(a) Relatividade: não há direito absoluto.
Ex: A pessoa sabe que vão falar mal dela e entra na justiça para não entrar no ar: isso
seria censura prévia. No conflito entre direitos fundamentais, a liberdade de expressão
age antes e, depois, se tiver algum problema, age com danos morais.
(b) Imprescritíveis: a pessoa não perde o direito de agir. De acordo com o Código
Civil, os direitos da pessoa à personalidade (à honra, ao nome) são
imprescritíveis, em regra. Entretanto, o direito à propriedade é uma exceção.
Ex: Usucapião no caso do direito de propriedade.
(c) Inalienáveis: Em regra, não é possível vender; mas alguns têm repercussão
econômica e é possível a venda. O próprio professor, por exemplo, abre seu direito de
imagem e direito autoral para a Gran Cursos explorar economicamente. O mesmo
acontece com um jogador de futebol ou mesmo os participantes do Big Brother Brasil.
Em geral, essa venda tem prazo, é algo temporário, restrito e determinado.
(d) Irrenunciáveis: A pessoa não pode, por exemplo, abrir mão de sua vida. É
possível abrir mão da integridade física ao permitir, por exemplo, que um médico-
cirurgião faça uma cirurgia plástica. No exemplo apresentado anteriormente, do sítio
abandonado, a pessoa renunciou do seu direito de propriedade, sofreu a prescrição
com a usucapião.
Ex.: na França, um anão trabalhava em um circo. Em uma das atrações, ele era usado
como uma bala de canhão. Representantes dos direitos humanos intercederam, mas o
anão dizia que era o trabalho dele. Entretanto, mesmo que a pessoa concorde, as
regras trabalhistas não permitiam. O direito fundamental à vida é irrenunciável.
(e) Historicidade:
O § 2º do art. 5º da CF indica que os direitos ali previstos não excluem outros que
possam ser incorporados. As pessoas têm direitos fundamentais e esses vão
evoluindo com o passar do tempo, sendo incorporados ao longo da história. Em 1215,
na magna carta do rei João Sem Terra, quando nasce a ideia de devido processo
legal, os direitos fundamentais eram diferentes dos que existem hoje. O STF recebeu
uma ação chamada Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental – ADPF
na ocasião de uma paralisação do WhatsApp por decisão judicial, que alegava que o
direito fundamental à internet estava sendo violado. O acesso à internet virou um
preceito fundamental, mesmo que não haja qualquer menção na CF/1988; ou seja, o
rol previsto é aberto e permite que outros sejam implementados com o passar do
tempo.
• Extensão a pessoas jurídicas? Os direitos fundamentais nascem para proteger
pessoas naturais/físicas, mas também podem ser usados para proteger pessoa
jurídica no que couber, no que for aplicável. Ex. 1: a Gran Cursos Online tem direito a
seu nome. Ex. 2: uma pessoa falar mal da Gran Cursos Online está ferindo sua honra?
As pessoas naturais têm honra objetiva e subjetiva; já as pessoas jurídicas só têm
honra objetiva. Honra subjetiva é o que a pessoa acha a seu próprio respeito; honra
objetiva é o que terceiros acham dessa pessoa.
(1) Dados: pessoas físicas e jurídicas possuem.
(2) Vida: pessoa jurídica não possui.
(3) Liberdade: pessoa jurídica não tem locomoção. Não cabe um habeas corpus
para pessoa jurídica, mas cabem habeas data e mandado de segurança.
• Extensão a estrangeiros? Sim, no que couber, tanto para estrangeiros quanto para
apátridas.
Existe diferença entre geração e dimensão? Na sua prova pode cair qualquer um dos
dois; tanto faz. O grande desafio é que, para a doutrina internacionalista, o termo
“geração” é um pouco ultrapassado. Seria atualmente “dimensão”. Eles alegam que
uma geração substitui a outra e nos direitos fundamentais não é assim. Elas vão se
acumulando, convivem, coexistem.
(1) LIBERDADE: 1789. Esse ideal está ligado a uma atuação negativa do Estado.
(2) DIREITOS SOCIAIS: 1917. Intervenção do Estado.
(3) FRATERNIDADE: 1970. É pensar no coletivo. Aqui surgem os direitos difusos,
coletivos, individuais homogêneos, transindividuais, metaindividuais. Nos
direitos de fraternidade, começa-se a se pensar no princípio da solidariedade.
Assim:
1ª Geração/Dimensão: “Liberdade”. Absenteísmo ou abstencionismo estatal
(liberdades clássicas).
2ª Geração/Dimensão: “Igualdade”. Welfare State ou Estado do Bem-estar Social
(direitos sociais, culturais e econômicos). Atuação positiva do Estado.
3ª Geração/Dimensão: “Fraternidade”. Direitos trans/meta individuais, difusos ou
coletivos (meio ambiente, consumidor, aposentadoria etc.).

Os quatro status de Jellinek - 1949.


Para Jellinek – doutrinador alemão –, o cidadão se posiciona frente ao Estado de
quatro formas diferentes. Ele chama essas quatro formas de quatro status.
• Status Negativo: Proximidade com a 1ª geração/dimensão.
• Status Positivo: Proximidade com a 2ª geração/dimensão.
• Status Ativo: Possibilidade de o cidadão intervir na vontade estatal (direitos políticos).
• Status Passivo: Possibilidade de o Estado intervir na relação entre particulares.

Dimensões de aplicação dos direitos fundamentais:

• Os direitos fundamentais nascem para proteger o particular contra abusos do


Estado.
• No status passivo de Jellinek, o Estado pode intervir na vontade entre
particulares.
• A depender da relação – isso se vê muito na relação de consumo e trabalho –
embora sejam dois particulares, um tem extrema ascendência sobre o outro; um
tem maior poder sobre o outro.

Evolução dos direitos fundamentais:

Geração estaria ultrapassada para a doutrina e dimensão seria mais atual.

1º Geração/Dimensão: Liberdade - 1789 (atuação negativa do estado – absenteísmo ou


abstencionismo estatal.

2º Geração/Dimensão: Igualdade – 1917 (atuação positiva do estado, direitos sociais)

3º Geração/Dimensão: Fraternidade – 1970 (direitos trans/meta individuais – pensar no


coletivo) – meio ambiente, consumidor, aposentadoria. Principio da solidariedade EC
41/03
4º Geração/Dimensão: bioética, biodireito, clonagem humana, globalização.

5º Geração/Dimensão: Paulo Bonavides traz a 5 geração de paz mundial.

Obs: apenas 1, 2 e 3 são mais comuns.

Os quatro status de Jellinek

a) Status negativo: proximidade com a 1º geração/dimensão


b) Status positivo: proximidade com a 2º geração/dimensão
c) Status ativo: possibilidade de o cidadão intervir na vontade do estado (direitos
políticos) Ex: escolher em quem votar.
d) Status passivo: possibilidade do Estado intervir na vontade do individuo (Estado
intervindo na relação entre particulares. – eficácia horizontal/privada.

Dimensões de aplicação dos direitos fundamentais:

Vertical: Direitos fundamentais nascem para defender os direitos dos particulares, contra o
Estado.

Horizontal: relação entre particulares

Transversal ou diagonal: relação entre particulares mas um tem mais poder que o outro Ex:
relações de trabalho ou consumo.

Art. 5º da Constituição Federal (ler):

Todos são iguais perante a lei: princípio da igualdade – garantido aos brasileiros e aos
estrangeiros residentes no País.

- Extensão da ideia de igualdade: formal (tratar todos da mesma forma) x material ou


aristotélica (tratar igual os iguais e os desiguais na medida de suas desigualdades).

- A questão das cotas na universidade e o princípio meritocrático (capacidade de cada um): STF
disse que pode ter cotas na universidade e centro de pesquisa, inclusive em concurso público.
– Ações afirmativas (discriminações positivas, tentar equilibrar aqueles que tiveram uma vida
mais difícil)

- Cláusula de barreira ou de desempenho e concurso público: é valida e não ofende o princípio


da isonomia.

- Estrangeiro pratica crime: será preso e depois condenado. Para ir para o aberto o estrangeiro
tem os direitos, mesmo que não cumpra os requisitos no regime aberto.

- Não pode ter cobrança de preço diferenciado nas mensalidades de alunos deficientes.

- Não pode ter cobrança de valor para leitos diferenciados pelo SUS.

- Transgêneros: : é permitida mudança de nome sem cirurgia por via judicial ou diretamente
em cartório por via administrativa.

- O STF entende que tanto o casamento quanto a união estável entre pessoas do mesmo sexo
são assegurados

- Direito sucessório: , o Código Civil tratava de formas diferentes a pessoa que vinha do
casamento e a pessoa que vinha da união estável. Casamento: cônjuge. União estável:
Companheiro - O cônjuge sobrevivente tinha mais direitos do que o companheiro
sobrevivente. Essa diferenciação estava disposta no art. 1.790 (Código Civil). Esse artigo foi
considerado inconstitucional pelo STF. Hoje, tanto do casamento quanto da união estável, o
direito sucessório traz os mesmos direitos para quem sobrevive.

- Teste de Aptidão Física (TAF): 2ª chamada e a situação das gestantes

A 2ª chamada só vale se estiver expresso no edital para todos os candidatos. Exceção as


gestantes tem direito, mesmo sem estar no edital. STJ disse que a que está amamentando
também tem direito a 2º chamada para curso de formação.

- Princípio da legalidade – art. 5º, II CF/98 – pode fazer o que quiser, desde que não tenha lei
proibindo.

Legalidade Ampla x Legalidade Estrita (Administrativa) A ideia de legalidade aparece em


diversos pontos da Constituição. A legalidade do art. 5º é bem diferente da do art. 37. Neste,
trata-se da legalidade administrativa, isto é, em sentido estrito; enquanto a legalidade do art.
5º é a legalidade em sentido amplo. A administração só pode atuar quando houver lei
permitindo; enquanto o particular pode fazer aquilo que quiser, desde que não haja proibição
legal. Porém, dentro da legalidade administrativa, a lei é entendida, na verdade, como norma.
Por isso, muito se fala no princípio da juridicidade, o qual prevê que o agente público pode agir
dentro do ordenamento jurídico, isto é, não apenas com base na lei, mas também com base
em outros atos normativos.

Legalidade x Reserva Legal: O princípio da reserva legal exige lei em sentido estrito, formal. A
legalidade tem viés mais amplo, ou seja, pode-se fazer qualquer coisa, desde que não haja
norma proibindo.

(Im)possibilidade de Medida Provisória em Direito Penal: No art. 62, § 1º, da CF, institui-se que
é vedada a edição de medida provisória em direito penal, de modo que não há margem para
que seja editada uma MP em direito penal. Não há diferenciação em relação à MP ser benéfica
ou maléfica ao acusado. O dispositivo mencionado foi adicionado por meio da EC 32/2001.

Em 2000, o STF entendeu que a MP benéfica ao réu poderia ser editada; enquanto a MP
maléfica ao acusado não poderia. Assim, em relação às normas prejudiciais, não há que se
falar em edição de MP, bem como em relação às normas benéficas. Entretanto, em se
tratando provas discursivas, deve-se considerar que a doutrina – de certa forma – permite a
edição de MP benéfica ao réu.

Se tiver prova objetiva: colocar que nunca pode. Salvo se estiver perguntando sobre o STF.

Exame Psicotécnico em Concursos Públicos (SV 44): O STF entende que o exame psicotécnico é
válido e não pode ser questionado na via juridica se estiver previsto em lei e no edital, tiver
critérios objetivos de correção e possibilidade de recurso na via administrativa.

A banca costuma tentar confundir o candidato usando palavras como “prescinde” para induzi-
lo ao erro. O exame psicotécnico precisa de lei, logo ele não prescinde (não dispensa) de lei.

Limite de Idade em Concurso Público (STF, Súmula 683): O limite de idade pode existir na área
da segurança pública. Concursos militares, em especial, costumam ter limite de idade. Este é
legítimo – desde que tenha relação com a natureza do cargo. É preciso previsão legal, não
bastando ato administrativo ou previsão editalícia, isto é, é preciso lei no sentido formal.
- A idade máxima é levada em consideração no momento da inscrição no concurso público. Se
a idade fosse aferida no momento do curso de formação, o candidato seria prejudicado,
porque as demais fases do concurso podem demorar, de maneira que o candidato extrapole a
idade máxima. Os demais requisitos do concurso público são conferidos na data da posse.

Tatuagens: O candidato tatuado pode participar de concursos públicos, inclusive os da


segurança pública e da carreira militar. O Supremo entende que a tatuagem pode aparecer,
mesmo com o uso de farda. Entretanto, a depender da tatuagem e de seu significado, o
candidato pode ser eliminado, isto é, um candidato não pode ter uma tatuagem de suástica ou
de palhaço (simboliza assassinato de policial), por exemplo.

Escusa de consciência e liberdade religiosa art. 5, VI e VIII CF:


CF/88: Art. 5º (…) VI – é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos
cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias; VIII – ninguém será
privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para
eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei;

O Brasil é um Estado laico, isto é, admite as religiões e não professa fé específica. Na educação,
por exemplo, o ensino religioso é de oferta obrigatória, mas de matrícula facultativa. Além
disso, mesmo nos locais de internação coletiva, é assegurado o oferecimento da questão
religiosa.

No fim do ano de 2019, o programa Porta dos Fundos fez uma crônica de natal na qual eram
ironizados dogmas do cristianismo, colocando Jesus e Maria fora de situações bíblicas. A
crônica viralizou nas mídias e algumas pessoas foram à justiça para retirar do ar o episódio. O
STF entendeu que a crônica era de mau gosto, mas isso não justificava tirar do ar o serviço de
streaming, pois as pessoas não eram obrigadas a assistir ao episódio ou assinar o serviço.

Liberdade de Crença: Sacrifício de Animais em Rituais Religiosos: No Estado do Rio Grande do


Sul uma lei ambiental permitia o sacrifício de animais em rituais religiosos, citando os rituais de
matriz africana. Entretanto, outras religiões também fazem o sacrifício de animais. Prevaleceu
o entendimento do STF de que é válido o sacrifício de animais em rituais religiosos,
independentemente do consumo da carne e de a religião ser de matriz africana.

Ensino Religioso em Escolas Públicas: O ensino religioso é de oferecimento obrigatório, mas de


matrícula facultativa. A depender da escola particular, há o ensino religioso confessional, isto
é, aquele que professa uma fé específica. Houve a discussão sobre o ensino religioso nas
escolas públicas, prevalecendo a ideia de que é possível que ele tenha natureza confessional (6
votos contra 5).

Recusa da Prestação Obrigatória e da Alternativa: Perda ou Suspensão dos Direitos Políticos?


Exemplo: uma pessoa se recusa a cumprir o serviço militar obrigatório por convicções
filosóficas. Nesse caso, institui-se a prestação alternativa de desempenho da função de
porteiro do Ministério da Justiça pelo período de um ano. Haverá, portanto, a privação de um
direito, pois houve recusa de cumprimento da prestação alternativa. Em geral, as bancas
trazem o entendimento de que o não cumprimento da prestação alternativa acarreta perda
dos direitos políticos.

Serviço Militar Obrigatório: Algumas religiões são sabatistas (ex.: adventista, judeu ortodoxo),
isto é, guardam o sábado. Por isso, há dificuldades em aplicar provas aos sábados e fazer com
que um servidor trabalhe aos sábados durante seu estágio probatório ou mesmo depois de
adquirida a estabilidade. Devido a essa problemática, o STF entendeu que é possível a
aplicação de provas em datas ou horários distintos, devendo se considerar a razoabilidade, a
preservação da igualdade entre candidatos e o ônus à Administração – que não pode ser
desproporcional. A Administração deve decidir de forma fundamentada.

Liberdade de expressão e vedação ao anonimato – art. 5º IV e XIV CF/88


CF/88: Art. 5º (…) IV – é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato; XIV – é assegurado a
todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissional;

-O sigilo da fonte é claramente previsto para jornalistas e parlamentares. Em manifestação


não pode usar máscaras.

- Disque-Denúncia O disque-denúncia permite o anonimato para proteger aquele que faz a


denúncia. A vedação ao anonimato se aplica àquele que acusa outra pessoa, por exemplo. Por
isso, mesmo nas manifestações, não é permitido o uso de máscaras.

A Posição de Destaque da Liberdade de Expressão na Jurisprudência do STF: Não há hierarquia


entre direitos fundamentais ou normas constitucionais. Contudo, o STF, em várias
oportunidades, tem feito prevalecer a liberdade de expressão quando do confronto entre
direitos fundamentais. O STF já chegou a afirmar que a liberdade de expressão larga na frente
quando em confronto com outro direito fundamental. Não há valor ou direito absoluto.

Censura Prévia: Excepcionalidade da Medida: Se uma pessoa sabe que uma matéria contra ela
será publicada em determinada revista, ela pode não pedir que a revista não vá para as
bancas. Segundo o STF, isso caracterizaria censura prévia e uma medida excepcionalíssima. Só
seria possível impedir que a revista vá para as bancas se ficar comprovado de forma
incontestável que se trata de uma notícia falsa. Portanto, em regra, deve-se prestigiar a
reportagem, a liberdade de expressão. Por outro lado, após publicada a reportagem, nada
impede que seja pedido o ressarcimento por dano moral e dano material na esfera cível . Além
disso, é possível buscar a penalização na esfera penal, bem como a reparação e o direito de
resposta.

Discurso de Ódio: Hate Speech: Chegou ao STF uma situação em que um religioso estava
ofendendo outras religiões. Para isso, ele pregava desmoralizando outras religiões. O STF
entendeu que tal situação configurava discurso de ódio e era possível a responsabilização
penal. Portanto, a liberdade de expressão não é um valor absoluto, logo, admite exceção, a
exemplo do hate speech (discurso de ódio).

Oferecimento de Denúncia com Base em Delação Apócrifa: a Necessidade de Diligências


Preliminares A denúncia anônima, por si só, não pode deflagrar toda a persecução penal.
Quando é feita a denúncia apócrifa, cabe à autoridade policial fazer as diligências preliminares.

Direito ao Esquecimento: A Rede Globo exibiu no programa Linha Direta a recontagem de


determinado crime, muitos anos depois do acontecimento. A família da vítima pediu que o
crime não fosse mais divulgado, pois a lembrança dele fazia com que a ferida reabrisse. Nesse
caso, o STF entendeu que não existe direito ao esquecimento, pois seria uma espécie de
censura. Desse modo, não se pode impedir que os veículos de imprensa divulguem fatos
verídicos, porque faz parte da imprensa e da história divulgá-los, até mesmo para evitar que se
repitam. A análise de cada caso concreto, entretanto, pode aferir abuso do direito de informar.
Havendo abuso, o veículo de imprensa pode ser responsabilizado. Todavia, não há direito ao
esquecimento, de maneira geral.

Indenização por dano material, moral ou à imagem – art. 5º V e X CF/88


V – é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à
imagem; X – são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a
indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação;

Obs.: a Constituição fala em dano moral, material e à imagem, no entanto o dano estético tem
aparecido com frequência em provas.

• A questão das biografias não autorizadas (Roberto Carlos):

– As possibilidades de biografias não autorizadas independem do consentimento do


biografado; – Caso Roberto Carlos: o cantor solicitou que a sua biografia fosse retirada de
circulação. Posteriormente, o STF decidiu pela possibilidade de divulgação, mesmo sem o
consentimento do biografado. A atuação do STF com relação à divulgação será posterior e não
preventiva à publicação.

• Possibilidade de incidência de forma cumulada em razão do mesmo evento:

– É possível, pelo mesmo evento, cumular dano material, estético e moral. Ex.: uma pessoa
que paga por um procedimento de cirurgia plástica e, por conta de erro médico, acaba saindo
com a aparência prejudicada. Nesse caso, há a acumulação de dano estético, por causa da
aparência, dano material, já que o procedimento foi pago; e dano moral, pois afetou a imagem
da paciente.

• Formas de ressarcimento:

– O ressarcimento pode ser através da tutela ressarcitória (em dinheiro) ou através da tutela
inibitória (impedimento da continuidade do ato).

Casa asilo inviolável – art. 5º, XI CF/88


XI – a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo
em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial;

Obs.: com o consentimento do morador, a entrada é permitida a qualquer momento.

Conceitos de Casa e de Dia/Noite

• Abrangência do conceito de “casa”

– O conceito de casa é amplo: considera-se apartamento, escritório, oficinas, garagens,


habitações de uso coletivo (quartos de hotel, motel, pensão, pousada, hospedaria).

– Boleia de caminhão: não é considerada casa, ainda que o caminhão esteja estacionado ou
parado.

• O que se entende por dia/noite:

– Critério físico-astronômico: aurora x crepúsculo (para o STF).

– Critério temporal: José Afonso da Silva e Nova Lei do Abuso de Autoridade:


Art. 22. Invadir ou adentrar, clandestina ou astuciosamente, ou à revelia da vontade do ocupante, imóvel alheio ou
suas dependências, ou nele permanecer nas mesmas condições, sem determinação judicial ou fora das condições
estabelecidas em lei: (...) III - cumpre mandado de busca e apreensão domiciliar após as 21h (vinte e uma horas) ou
antes das 5h (cinco horas) – Lei n. 13.869/2019.
Para as provas que cobrarem a Nova Lei de Abuso, vale o que está na Lei n. 13.869/2019. Para
as provas de Direito Constitucional, pode-se usar uma mescla entre os critérios físicos e o
critério legal.

Inviolabilidade de Domicílio

• Autoridade judicial e a cláusula de reserva de jurisdição. Somente o poder judiciário


determina. Embora o art. 58 afirme que CPI tem poderes de investigação próprios de
autoridades judiciais, ela não pode determinar a invasão de domicílio.

• O ingresso desautorizado em domicílio e a responsabilização por abuso de autoridade:

– Policiais, suspeitando de tráfico de drogas, adentram em uma residência, revistam- -na, mas
não encontram as drogas. Nesse caso, os policiais responderão por abuso de autoridade?

De acordo com o STF, não se pode presumir a má-fé dos policiais. Em regra, é necessário que
haja uma justificativa por parte dos policiais, com fundados indícios da prática criminosa. Do
contrário, a entrada poderá, sim, ser considerada abuso de autoridade.

• O cheiro de droga e a autorização para ingresso em domicílio:

– O cheiro da droga é indício de prática delitiva e permite a entrada de policiais na residência.

• A relativização do ingresso no período noturno por ordem judicial:

– É permitido o ingresso à noite para os casos em que seja necessária a colocação de escuta
ambiental.

Obs.: somente deve ser considerada essa possibilidade se o item da questão conduzir a ela

Inviolabilidade de sigilos – art. 5º XII CF/88


XII – é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das comunicações
telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de
investigação criminal ou instrução processual penal;

Quebrar o sigilo das comunicações telefônicas é mais difícil do que quebrar os demais sigilos.
CPI pode quebrar o sigilo da correspondência, das comunicações telegráficas e de dados, mas
não pode quebrar o sigilo das comunicações telefônicas. Mesmo no Poder Judiciário, a quebra
do sigilo das comunicações telefônicas não se aplica a qualquer processo, apenas à
investigação criminal. Assim, diante da investigação de um ato de improbidade, por exemplo,
não é possível quebrar o sigilo das comunicações telefônicas. O sigilo de dados se refere aos
dados bancários, fiscais e telefônicos. O sigilo dos dados telefônicos se refere ao extrato da
conta, isto é, para quem a pessoa ligou e quem ligou para ela. O sigilo das comunicações
telefônicas se refere à interceptação telefônica e à escuta

QUEBRA DE SIGILOS – PODER JUDICIÁRIO

• Pode quebrar qualquer um dos sigilos, desde que o faça de forma fundamentada. A quebra
do sigilo das comunicações telefônicas só se dá na esfera criminal, na fase de investigação ou
de instrução.

• Inexistência de direito absoluto.

– De um lado, tem-se a intimidade e a privacidade das pessoas. De outro lado, tem-se o


poder-dever do Estado de reprimir a prática de crimes.

• A quebra é sempre medida excepcional.

QUEBRA DE SIGILOS – CPI

CPI pode quebrar todos os sigilos, exceto o das comunicações telefônicas. Portanto, a CPI não
pode determinar interceptação, escuta, grampo, nem a quebra de dados telemáticos, isto é,
de WhatsApp, instagram, redes sociais. Todos os aplicativos de mensagens instantâneas usam
dados telemáticos, logo, usam como base as comunicações telefônicas. Por isso, o dado
telemático é entendido como comunicação telefônica.

A quebra deve ser fundamentada e deve observar o princípio da colegialidade. Este prevê que
a decisão deve ser tomada pelo colegiado, isto é, não deve vir do relator ou do presidente da
comissão.

- CPIs estaduais/distritais também podem quebrar, pois têm os mesmos poderes das
autoridades judiciais.

- CPIs municipais não podem quebrar sigilo, porque não há judiciário no município. De acordo
com o art. 58, § 3º, da CF, a CPI possui poderes próprios de investigação das autoridades
judiciais. Portanto, o município não tem poder de investigação judicial.

QUEBRA DE SIGILOS – MINISTÉRIO PÚBLICO

Prevalece a orientação de que o Ministério Público não pode quebrar sigilos, devendo
requerer a providência ao Poder Judiciário.
O MP poderia ter acesso a contas pertencentes à Prefeitura, independentemente de autorização judicial, porque
nesse caso o poder público seria o titular da conta. Como se tratam de contas públicas, há a incidência do princípio
da publicidade. Se as contas fossem do Prefeito, deveria haver o pedido de autorização na justiça.

QUEBRA DE SIGILOS – TRIBUNAL DE CONTAS

Embora possua os chamados poderes implícitos, os TCs não podem quebrar sigilos, devendo
requerer a providência ao Poder Judiciário.
Chegou na jurisprudência do STF um mandado de segurança contra o TCU, impetrado pelo BNDES, o qual é uma
instituição pública de fomento, incentivo à atividade econômica. O BNDES emprestou grande quantia de dinheiro ao
grupo JBS/FRIBOI. Quando o Tribunal de Contas da União viu a grande quantia emprestada, pediu o contrato para
fiscalizar. O BNDES argumentou que havia o sigilo do contrato. O STF afirmou que a quebra de sigilo não era
possível, mas há a possibilidade de requisição/acesso, pelo TCU, de informações constantes no contrato.

QUEBRA DE SIGILOS – RECEITA FEDERAL


Quando a instituição financeira percebe uma movimentação suspeita, ela informa a Unidade
de Inteligência Fiscal – UIF. Esta percebeu que algo estava errado e compartilhou as
informações com a Receita Federal, a qual aciona o Ministério Público. O Poder Judiciário
entendeu que pode haver o compartilhamento entre as instituições citadas sem passar pelo
Judiciário, ou seja, todos esses órgãos podem transferir o sigilo sem que haja quebra.

QUEBRA DE SIGILOS – ABIN/SISBIN

A ABIN compartilha dados com outros entes públicos. O SISBIN compartilha dados com a
Polícia Federal, a AGU, a ANAC, a ANTT, a Casa Civil e a PRF. Quando há alguma situação
suspeita, a ABIN compartilha dados com esses entes. O STF afirmou que não pode haver
arapongagem em benefício pessoal. Deve haver a instauração formal da investigação para que
seja possível analisar se existe situação que comprove interesse público na medida. Além
disso, deve-se respeitar a reserva de jurisdição, logo, quando diante de situações que
necessitam da interferência do Judiciário, será necessária a atuação deste. A ABIN não pode
ser utilizada para fins privados

SIGILO DAS COMUNICAÇÕES TELEFÔNICAS

O STF entende que entre 1988 e 1996, como não havia lei, não era possível fazer a quebra do
sigilo das comunicações telefônicas.

Prazo: Lei x Jurisprudência – Renovações Sucessivas? A Lei n. 9.296/1996 prevê o prazo de 15


dias, prorrogável uma vez por mais 15 dias. Pela lei, não se admitem renovações sucessivas,
porém, pela jurisprudência, sim, desde que haja fundamentação e necessidade, porque a
quebra de sigilo é excepcional. Com ordem judicial, é possível a autorização judicial por 30 + 30
+ 30… dias.

Incidência do Fenômeno da Serendipidade (Ato ou capacidade de descobrir coisas boas por


mero acaso, sem previsão):

A palavra serendipidade vem de encontro fortuito. Exemplo: Houve um diálogo entre Lula e
Dilma, no telefone, em que Dilma avisava ao Lula que Messias estava indo levar um papel que
ele poderia assinar se precisasse. Esse papel era a nomeação do Lula como Ministro de Estado,
porque havia a suspeita de que um mandado de prisão seria expedido contra Lula. O Lula não
tinha foro especial, enquanto Dilma era Presidente da República. Quem fazia a interceptação
era a polícia, com a autorização de um juiz de primeiro grau. Este pode interceptar de uma
pessoa sem foro especial, mas não pode quando houver alguém com foro especial, devendo
mandar a prova para o foro especial, o qual decidirá se ficará lá quem tem foro especial ou
todos os investigados. As provas colhidas até chegar em quem tem foro especial são válidas. Se
as investigações continuarem, porém, a prova se torna ilícita. O encontro fortuito pode ser
objetivo ou subjetivo. No último, aparecem mais investigados, enquanto no primeiro
aparecem mais crimes. A prova é válida, mas quando há foro especial a prova é válida apenas
até a descoberta do foro.

Degravação dos Diálogos: Integral x Parcial: Basta a degravação parcial. Entretanto, o sistema
de defesa determina que a mídia integral seja colocada à disposição dos advogados. A polícia
não precisa degravar integralmente, mas deve entregar a mídia integral para a defesa.

Espelhamento de Celular, Print de Tela de WhatsApp Web e Troca de Chip: A polícia não pode
espelhar a tela do celular do investigado, segundo o STF, porque o WhatsApp e o Telegram
têm criptografia de ponta a ponta, de modo que se uma mensagem for apagada, não poderá
ser recuperada. Além disso, não é possível saber quem apagou a mensagem, isto é, se foi a
polícia ou o investigado. Pelos mesmos motivos, também não é permitido o print de tela do
WhatsApp Web.

A troca de chip do celular do investigado pela polícia também não é permitida. Se a polícia
apreender um celular e desejar ter acesso às conversas, será necessária a autorização judicial.
Nesse caso, há sigilo de dados telemáticos, os quais usam como base as comunicações
telefônicas, logo, há reserva de jurisdição.

Princípio da liberdade do exercício profissional – art. 5º XIII CF/88


CF/88: Art. 5º (…) XIII – é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações
profissionais que a lei estabelecer; - NORMA DE EFICÁCIA CONTIDA.

Classificação da Norma: A classificação tradicional das normas do direito constitucional foi


criada por José Afonso da Silva, que fala de normas de eficácia plena, contida e limitada.
Segundo ele, a norma de eficácia limitada se desdobra em: de princípio institutivo e de caráter
programática. Normalmente, o examinador coloca quatro normas no edital: plena, contida,
limitada e programática. O XIII do art. 5º da Constituição é o dispositivo mais cobrado como
exemplo de norma de eficácia contida. A norma de eficácia contida é aquela que nasce com
aplicabilidade direta, imediata e integral. Essa norma será integral até ser contida. Para exercer
algumas atividades profissionais, a lei traz requisitos. A regra é a liberdade, a desnecessidade.
Porém, quando a atividade desenvolvida tiver potencial de lesividade para a população, são
necessários requisitos, a exemplo do exercício da medicina e da advocacia.

Registro na OAB x Registro na OMB: O STF entendeu que para o exercício da atividade de
músico não é necessário o registro na OMB (Ordem de Músicos do Brasil). A regra é a
inexigibilidade do registro. Quando o Magistrado deixa o cargo porque se aposentou ou pediu
exoneração, ele fica três anos sem poder exercer a advocacia no juízo ou tribunal de onde saiu.
O Conselho Federal da OAB instituiu que esse impedimento atinge todo o escritório que o
advogado integra, porém o STF entendeu que se tratava de punição indevida às pessoas que
não tinham relação com a situação, havendo uma espécie de intranscendência da pena.

Inadimplência e Suspensão do Registro: Chegou ao STF um caso em que uma advogada não
estava pagando a anuidade da OAB. Esta suspendeu o registro da advogada em questão. O STF
entendeu que essa suspensão é indevida, devendo a OAB utilizar os meios de cobrança
disponíveis.

Direito de reunião e direito de associação – art. 5º XVI CF/88


CF/88: Art. 5º (…) XVI – todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público,
independentemente de autorização, desde que não frustrem outra reunião anteriormente convocada para o
mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade competente;

Ilegalidade da Reunião por Falta de Comunicação Formal: No fim de 2020, o STF fixou a
seguinte tese: são permitidas reuniões ou manifestações, independentemente de
comunicação oficial prévia. Portanto, se não houver a comunicação prévia, a reunião não é
ilegal. A exigência constitucional é satisfeita com a veiculação da informação.

Marcha da Maconha e o Crime de Incitação ao Consumo de Drogas: O povo pode chamar a


atenção de seus representantes eleitos pedindo que votem pela descriminalização da
maconha, por exemplo. O STF entendeu que pode acontecer marcha da maconha, mas é
preciso respeitar algumas balizas. Balizas fixadas pelo STF para a realização das marchas: •
Durante a manifestação, não pode ocorrer consumo de drogas, nem haver a incitação ao
consumo; • Não pode haver a participação de crianças e adolescentes; • Devem ser
respeitados os requisitos do art. 5º, XVI, da CF.

Diferenças para o Direito de Associação: O vínculo da reunião é menos estável, pois se desfaz
no fim da manifestação. Na associação se pressupõe um vínculo mais permanente.

Negativa do Direito de Reunião e Remédio Cabível: O Mandado de Segurança (MS) é o


remédio cabível contra a negativa injustificada ao direito de reunião, de certidão e de petição.
CF/88: Art. 5º (…) XVII – é plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de caráter paramilitar; XVIII – a
criação de associações e, na forma da lei, a de cooperativas independem de autorização, sendo vedada a
interferência estatal em seu funcionamento; XIX – as associações só poderão ser compulsoriamente dissolvidas ou
ter suas atividades suspensas por decisão judicial, exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito em julgado; XX –
ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a permanecer associado; XXI – as entidades associativas, quando
expressamente autorizadas, têm legitimidade para representar seus filiados judicial ou extrajudicialmente;

Liberdade de Criação – Vedação às Associações de Caráter Paramilitar: A caracterização com


armas, códigos e uniformes próprios configura o caráter paramilitar. No Brasil, o que mais se
assemelha à associação de caráter paramilitar é a milícia.

Vedação à Interferência Estatal – Criação de Associações e Cooperativas: A criação de


associações, sindicatos e cooperativas não precisa de autorização do Estado devido ao
princípio da liberdade de associação e dos sindicatos.

Dissolução e Suspensão Compulsórias: Tanto a dissolução quanto a suspensão compulsórias


precisam de autorização judicial. Dissolver é mais grave do que suspender. A dissolução exige
decisão judicial com trânsito em julgado. A suspensão pode ser feita por meio de qualquer
decisão judicial, inclusive a cautelar.

Associação: Representação x Substituição Processual: Quando a associação vai defender seus


associados em juízo, ela pode representá-los ou substituí-los. A representação é a regra,
enquanto a substituição é a exceção e ocorre no Mandado de Segurança Coletivo e no
Mandado de Injunção Coletivo.

Na representação processual, a parte age em nome alheio buscando interesse alheio. Na


substituição, a parte age em nome próprio em defesa de interesse alheio. Exemplo: Os juízes
do DF têm uma associação chamada AMAGIS. Um juiz entende que tem direito a receber um
valor retroativo. Ele pode entrar sozinho, assim como os demais juízes, na justiça ou pode
pedir para associação entrar para todos eles. A associação pode entrar em forma de
representação processual ou de substituição processual. Na representação, a Constituição
exige que a associação pegue autorização expressa dos associados, porque a associação age
em nome alheio. Nesse caso, não basta a previsão no estatuto social. Por outro lado, quando
houver substituição processual, não é exigida a autorização expressa, porque a associação age
em nome próprio. A decisão só beneficia quem estava na associação no momento do
ajuizamento. Assim, quem entra depois não tem direito ao benefício.

Associação em Condomínios: Cobrança de Taxas: Até a existência da Lei Federal n.


13.465/2017, a cobrança de taxas era inconstitucional, porque ninguém era obrigado a se
associar ou a se manter associado e também não havia previsão legal. A partir de 2017, o
condômino passou a ser obrigado a pagar a taxa.
Direito de certidão e direito de petição:

• Extensão da gratuidade (para todos). Exemplo 1: um indivíduo teve seu carro furtado ou roubado e vai à
delegacia fazer um boletim de ocorrência (BO), que é registro de uma ocorrência policial. Esse registro é o exercício
de um direito de petição, portanto é gratuito tanto para quem tem um carro simples quanto para quem tem um
Não confundir BO com denúncia, pois denúncia é o nome técnico de uma peça
carro sofisticado.
que o Ministério Público vai propor.

Obs.: há alguns anos, cobrava-se para emitir certidões negativas (nada consta). Atualmente,
essas certidões não são mais cobradas, pois o Conselho Nacional de Justiça decidiu que, por
ser um direito de certidão, não poderia ser cobrado. O Poder Público tomou para si o cartório
e com isso, a cobrança foi extinta.

Há um dispositivo da Constituição Federal (CF), que aparentemente se choca com outro. Veja:
CF: O direito de certidão de nascimento (gratuidade) é assegurado a todos os pobres, na forma da lei.

O dispositivo constitucional também prevê, em outro inciso, que é assegurado a gratuidade


para os atos necessários ao exercício da cidadania. Sendo assim, a certidão de nascimento não
deve ser gratuita somente para os pobres, na forma da lei, e sim para todos (o que é detalhado
na Lei de Registros Públicos:a primeira certidão é gratuita para todos e as outras vias são
gratuitas para os pobres, na forma da lei), já que é um ato necessário ao exercício da
cidadania. Afinal, como se falar em cidadania se o indivíduo não existe formalmente (se não
tem a certidão de nascimento)?

Muitas pessoas, no Brasil, são indigentes e só se descobre que nunca tiveram um documento
formal de identificação quando são presos pelo cometimento de um crime. Aqueles que não
possuem documento formal de identificação não conseguem benefícios do governo, pois ele
não existe formalmente.
XXXIV – são a todos assegurados, independentemente do pagamento de taxas: a) o direito de petição aos Poderes
Públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder; b) a obtenção de certidões em repartições
públicas, para defesa de direitos e esclarecimento de situações de interesse pessoal.

São recorrentes em provas: • Remédio cabível em caso de indeferimento injustificado na


expedição de certidão com informação de caráter pessoal. A negativa injustificada do direito
de petição e do direito de reunião é combatida via mandado de segurança. Note a seguinte
situação: Um indivíduo é servidor do Tribunal de Justiça do DF e recorre ao RH solicitando uma
certidão de tempo de contribuição para iniciar seu processo de aposentadoria. O atendente se
recusa a emitir a certidão por estar muito ocupado no momento, solicitando que o indivíduo
volte em outro momento. Houve aqui uma negativa injustificada, negando a emissão de uma
certidão que possui informações de caráter pessoal (a saber, o tempo de contribuição). O
indivíduo entra então com o “remédio”. Esse remédio será o habeas data (caso se trate de
informação pessoal) ou com o mandado de segurança (MS)? Toda vez que houver negativa do
direito de petição, de reunião ou de certidão, a ferramenta utilizada será o MS. Apesar de
haver uma informação de caráter pessoas, esta vem “embrulhada” por meio de uma certidão,
o que faz com que se conduza para a ferramenta do mandado de segurança. Há o direito
líquido e certo na expedição de certidão e do direito de petição.

Presunção de inocência, art. 5º, LVII, CF/88


LVII – ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória;
Esse dispositivo tem vários nomes, que podem variar de concurso para concurso. Pode ser
chamado de Princípio da Presunção de Inocência (mais comum), Princípio do Estado de
Inocência, Princípio da Não Culpabilidade. Estudaremos dois dispositivos do Código de
Processo Penal que ajudarão no entendimento da matéria:

TEXTO DO ART. 283 DO CPP – pós Pacote Anticrime Art. 283. Ninguém poderá ser preso senão
em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária
competente, em decorrência de prisão cautelar ou em virtude de condenação criminal
transitada em julgado.

• Flagrante

• Prisão cautelar:

– Preventiva; – Temporária;

• Em virtude de condenação criminal transitada em julgado

Essa foi uma mudança de 2019, feita pelo Congresso Nacional e envolve o julgamento de
prisão em segunda instância. Como não traz escrito Prisão em segunda instância, haverá a
fundamentação de decisão do Supremo Tribunal Federal que é o esquema do “tira casaco,
coloca casaco”. Trabalharemos, abaixo, o conceito de possibilidade de prisão após o
julgamento em segunda instância.

Na CF, temos que ninguém é culpado antes do trânsito em julgado. Mas em 1991, houve a
decisão do Supremo que consta no quadro acima (28.06.1991). Ser possível fazer a execução
provisória da pena significa que, depois que se julgou na primeira e segunda instâncias, com
condenação em ambas, expede-se mandado de prisão e se prende o indivíduo. Houve o
julgamento pelo juiz e a condenação. Entretanto, o indivíduo respondia o processo em
liberdade. Recorreu-se ao tribunal de justiça que manteve a condenação (o indivíduo estava
recorrendo em liberdade). O indivíduo foi condenado a 10 anos (roubo) e o juiz permitiu que
ele respondesse ao processo em liberdade. Se isso ocorre, não havia fundamento para a prisão
cautelar. Quando se entra com recurso de apelação, esse recurso é dotado de efeito
suspensivo (mesmo condenado, o indivíduo pode responder em liberdade). A partir daqui,
quando o Tribunal de Justiça manteve a condenação, em regra, o processo acaba, devido ao
duplo grau de jurisdição. É possível, excepcionalmente, que se consiga subir para o STJ
(recurso especial) e para o STF (recurso extraordinário). Entretanto, ambos os recursos
(especial e extraordinário) são sem efeito suspensivo. Se há o feito suspensivo, ao se entrar
com o recurso, o efeito (condenar o indivíduo a 10 anos e prisão) será suspenso. Ao se julgar
no Tribunal de Justiça, pode-se, ainda, subir, mas ao entrar como recurso, não haverá efeito
suspensivo.

Esse era o fundamento que o Supremo Tribunal Federal usava e usou no caso do ex-presidente
Lula (quando o então juiz Sérgio Moro condenou Lula, houve recurso ao TRF – crime federal,
que aumentou a pena e decretou a prisão de Lula, pois o ex-presidente ainda poderia ir ao STJ
e STF, mas os recursos que seriam utilizados não suspenderiam a execução. Em 2009, há a
primeira mudança (vide quadro, 05/05/2009): o trânsito em julgado precisava ser aguardado
devido ao Princípio da presunção de Inocência (que está na CF, que se sobrepõe ao Código).
Em 2016 há nova mudança (vide quadro, 17/02/2016), voltando-se ao entendimento original.
Em 2019, ocorre outra mudança (vide quadro, 24/10/2019), na qual precisa-se aguardar o
trânsito. Isso é o que vale atualmente.

Por que isso ocorre? Porque a ação declaratória de constitucionalidade veio para dizer se
aquele dispositivo do Código de Processo Penal (283 – CPP) era ou não para ser confirmado. O
STF confirmou o dispositivo feito pelo Congresso: ou se prende em flagrante (não era o caso),
ou se prende em prisão preventiva ou temporária (não era o caso) ou somente quando a
condenação transitar em julgado. Logo, todos os que estavam presos, mas não havia
fundamento para a preventiva, puderam responder em liberdade. Exemplos: Suzane von Richthofen
e o casal Nardoni não responderam em liberdade porque havia fundamentação para a prisão preventiva; havendo
essa fundamentação, pode- -se prender a qualquer momento (antes ou depois da segunda instância).

O que prevalece hoje no Supremo Tribunal Federal é que se não houver flagrante, preventiva
ou trânsito em julgado, não se pode expedir mandado de prisão somente pelo fato de se ter
julgado à segunda instância. A exceção é o tribunal do júri, devido à soberania dos veredictos.
Nesse caso, vale a regra específica.
Art. 492. Em seguida, o presidente (juiz do Tribunal do Júri) proferirá sentença que: I – no caso de condenação: (...)
e) mandará o acusado recolher-se (se vinha solto) ou recomendá-lo-á à prisão em que se encontra (se vinha preso),
se presentes os requisitos da prisão preventiva, ou, no caso de condenação a uma pena igual ou superior a 15
(quinze) anos de reclusão, determinará a execução provisória das penas, com expedição do mandado de prisão, se
for o caso, sem prejuízo do conhecimento de recursos que vierem a ser interpostos;

Tudo aquilo que precisa haver fundamentação para a preventiva ou somente no trânsito em
julgado, aqui não prevalece se a condenação for acima de 15 anos. Acima de 15 anos, o sujeito
vai preso, não importando se vinha preso ou solto. Ele ficará preso até o final. Isso se dá
porque o júri é soberano (sua decisão não mudará). Vale recurso, mas o indivíduo recorrerá
estando preso. Não se esquecer de que, nesse caso, a condenação é referente a uma pena
igual ou superior a 15 anos.

Presunção de inocência (não culpabilidade):

• Delimitação do conceito de maus antecedentes:

– inquéritos e ações penais em andamento.

– crimes cometidos após “período depurador” do art. 64 do Código Penal.

Segundo a CF, ninguém será considerado culpado antes do trânsito em julgado da sentença
penal condenatória. Se o sujeito tem inquéritos ou ações penais em andamento, não se pode
aumentar a pena, nem sob o argumento de reincidência, nem sob o argumento de maus
antecedentes, pois vale a presunção de inocência. Até o trânsito em julgado da sentença penal
condenatória, o sujeito é primário e de bons antecedentes.
E se no momento do julgamento o sujeito estiver respondendo a 5, 19 ou 20 processos? Como
não há trânsito em julgado em nenhum dos 5 processos, o sujeito é considerado primário e de
bons antecedentes, logo não se pode aumentar a pena (Súmula 444/STJ).

Obs.: quando se comete um crime e a condenação é transitada em julgado, “gasta-se” o réu


primário e passa-se a ser reincidente. Entretanto, o código penal no art. 64 traz que, após 5
anos do cumprimento ou da extinção da pena, volta-se a ser réu primário. Nesse caso, o réu
primário será de bons ou maus antecedentes? Para o STJ, o sujeito seria primário de maus
antecedentes por toda a vida. No STF, havia vários julgados da 2ª Turma no sentido de
considerar o sujeito primário e com bons antecedentes, já que não se pode ter pena de caráter
perpétuo. Entretanto, pela individualização da pena, um sujeito que nunca cometeu crime
deve ter tratamento diferente daquele que já cometeu um crime.

Um precedente do plenário do STF pacificou, em agosto de 2020, a questão: depois de 5


anos, o sujeito volta a ser réu primário, mas com maus antecedentes (nesse caso, pode-se
aumentar a pena) por toda a vida. No caso de adolescente que teve atos infracionais, esses
atos não podem ser usados para aumento de pena por reincidência ou por maus
antecedentes, mas pode justificar a prisão preventiva. Exemplo: indivíduo comete um roubo
com 18 anos e 1 mês. O advogado da defesa argumenta que o indivíduo era primário e de bons
antecedentes, não tendo nada registrado em sua folha de antecedentes penais, que é
instituída a partir de 18 anos. Entretanto, o indivíduo tinha 17 passagens em sua folha de
passagens por roubo (antes dos 18 anos, por atos infracionais). Nesse caso, não se utiliza a
folha de passagens para aumento da pena em caso de condenação, mas se utiliza para
justificar a prisão.

• Eliminação de candidato na fase de sindicância de vida pregressa. Pode-se eliminar o


candidato na fase de investigação social (sindicância de vida pregressa)? Em março de 2020 o
STF pacífica essa questão trazendo que não se pode usar processo, inquérito em andamento
ou ação penal em andamento na fase de investigação social. Apenas a condenação penal
definitiva poderia eliminar o candidato na fase de investigação social. Redução da
remuneração de servidor que responde a processo criminal: Não se pode reduzir a
remuneração pelo princípio da presunção ou do estado de inocência (ou não culpabilidade).

Princípio da irretroatividade da norma penal mais gravosa ou da retroatividade da norma


penal mais benéfica:
CF/1988, Art. 5º XL – a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu.

- Quando não se trata de norma penal, é possível aplicá-la a fatos anteriores (Caso que o
professor contou do Governador do DF – Lei Complementar 135/2010.

Retroatividade de Normas Temporárias e Excepcionais: Não é sempre que uma lei penal
poderá retroagir para beneficiar o réu. Esse é o caso, por exemplo, das normas temporárias e
excepcionais, pois não têm força retroativa, mesmo se for para beneficiar, não retroagem.

(Im)possibilidade de Aplicação da Norma mais Severa na Continuidade Delitiva e no Crime


Permanente: Tomando como exemplo o crime de extorsão mediante sequestro, considere que
os criminosos pegaram a vítima como refém no dia 5 de um determinado mês. No dia 18 desse
mesmo mês, entrou em vigor uma lei mais grave, que aumentava a pena do crime de extorsão
mediante sequestro. No dia 30, a polícia estourou o cativeiro e prendeu os criminosos. Nesse
caso, como a extorsão mediante sequestro é um crime permanente, a lei mais grave poderá
ser aplicada aos réus. Isso acontece pois será aplicada ao réu a lei do tempo do fato, pois, no
dia 30, o crime ainda estava em consumação.

Provas ilícitas:
CF/1988, Art. 5º LVI – são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos;

É importante perceber que o texto da constituição não fez diferença entre as provas ilícitas e
as provas ilegítimas, que são gênero das chamadas provas inadmitidas. No entanto, é
importante lembrar que tanto as ilícitas quanto as ilegítimas não são aceitas pela CF/1988.

Diferença entre Ilícitas e Ilegítimas: As provas ilícitas são aquelas que violam direito material
(penal). Já a prova ilegítima viola o direito processual.

Teoria dos Frutos da Árvore Envenenada (ou Ilicitude por Derivação) Para essa teoria, que é
derivada do Direito Norte-Americano, são inadmissíveis as provas obtidas por meios ilícitos e
as que delas derivarem. Para essa teoria, que é derivada do Direito Norte-Americano, são inadmissíveis as
provas obtidas por meios ilícitos e as que delas derivarem. Exemplo: um processo é dotado de três provas – A, B e C,
sendo a prova A considerada ilícita, pois foi uma interceptação telefônica feita sem autorização judicial. No entanto,
após 15 dias de interceptação, foi concedida a autorização judicial para a realização dessa diligência, o que gerou a
prova B. Ao analisar individualmente essa prova B, ela pode ser considerada lícita, pois trata-se de uma
interceptação telefônica feita com autorização judicial. No entanto, ela se derivou da prova A, que é ilícita e,
portanto, contaminou a prova B. É importante destacar que o fato de um processo conter prova ilícita nem sempre
tornará todo o processo inválido. No caso do exemplo acima, a prova C contava com o depoimento de várias
testemunhas, todos colhidos sob o crivo do contraditório, ampla defesa e do devido processo legal. Nesse caso, a
prova C é lícita e não tem nenhuma relação com as provas A e B, logo a ilicitude por derivação não se aplica a essa
prova C. Na realidade, a essa prova C se aplica outra teoria, que é a fonte independente (ou prova independente.

Encontro Fortuito de Provas ou Crime Achado (Fenômeno da Serendipidade): Serendipidade


significa “achar sem querer”. Nesse sentido, o encontro fortuito de provas pode envolver a
descoberta de novos crimes ou de novos agentes criminosos. Exemplo: a polícia está
investigando uma quadrilha pela prática do crime de tráfico de drogas. No entanto, ao
interceptar esses traficantes, a polícia descobre que eles também praticavam o crime de
clonagem de veículos. Nesse caso, o encontro fortuito envolveu novos crimes. Dessa forma,
ele é chamado de encontro fortuito objetivo. Já quando são descobertos outros agentes
criminosos, tem-se o chamado encontro fortuito subjetivo. Um exemplo desse fenômeno da
serendipidade envolveu o cantor Belo. Na ocasião, a polícia estava investigando dois
traficantes via interceptação telefônica e, de repente, os dois suspeitos começaram a
conversar com uma terceira pessoa, que era o Belo. Nesse caso, houve um encontro fortuito
subjetivo.

Gravação Clandestina: Conceito e (in)Admissibilidade da Prova: A gravação clandestina é


aquela feita por um dos interlocutores sem o consentimento do outro. Um exemplo disso foi o
caso envolvendo o empresário Joesley Batista e o ex-Presidente Temer. Vale lembrar que a
gravação clandestina, em regra, é considerada válida. Todavia, não é admitida a gravação
clandestina de conversa informal entre o preso e o policial. Isso porque tal conduta feriria o
direito do preso de permanecer em silêncio (aviso de Miranda).

Inviolabilidade de Sigilo de Correspondência: O STF entendeu ser ilícita a prova obtida a partir
da abertura de carta, pacote, telegrama ou outro meio análogo, desde que seja feita sem
autorização judicial.

Hipóteses de admissão de provas ilícitas: • Como meio de defesa; • Teoria da descoberta


inevitável; • Teoria da mancha purgada ou diluída; • Teoria da fonte ou prova independente.
A teoria da descoberta inevitável é pouco cobrada em prova, mas é importante conhecê- -la.
Segundo essa teoria, se, inevitavelmente, a polícia chegaria a uma prova por meios lícitos, o
fato de ela ter sido descoberta anteriormente por meios ilícitos não irá torná-la ilegal. A
doutrina norte-americana ainda dispõe sobre a teoria da mancha purgada ou diluída. Para essa
teoria, mesmo que exista uma ilicitude no caminho, por ser de pequena importância, ela pode
acabar se diluindo. Exemplo: a polícia capturou dois criminosos e torturou um deles para que
confessasse o crime. No entanto, ao se dirigir ao comparsa, este confessou o crime por medo
de ser torturado.

TRIBUNAL DO JÚRI:
Art. 5º XXXVIII – é reconhecida a instituição do júri, com a organização que lhe der a lei, assegurados: a) a plenitude
de defesa; b) o sigilo das votações; c) a soberania dos veredictos; d) a competência para o julgamento dos crimes
dolosos contra a vida;

O sigilo das votações teve uma modificação dentro da norma infraconstitucional, pois, há
algum tempo, passou-se a não abrir todos os votos dos jurados, até mesmo por uma questão
de segurança. Hoje são abertos os votos dos jurados até que quatro deles, ou seja, a maioria,
seja pelo sim ou pelo não.

A CF/1988 dispõe que o júri tem competência para julgar os crimes dolosos contra a vida,
contudo não delimita quais são esses crimes. Nesse sentido, são crimes dolosos contra a vida:
• Homicídio; • Aborto; • Infanticídio; • Instigação, auxílio ou induzimento ao suicídio.

Feminicídio e a Legítima Defesa da Honra Exemplo: um homem descobriu que a sua


companheira o estava traindo com outra pessoa. Diante disso, acaba matando a sua
companheira sob o pretexto de proteger a sua honra. Apesar de parecer absurda a situação
acima, o STF já precisou enfrentar casos como esses e decidiu que é nulo o júri se a defesa
técnica ou o acusado alegarem a legítima defesa da honra para a prática do crime. A plenitude
de defesa no Tribunal do Júri é algo que vai muito além da ampla defesa. Nesse sentido, é
possível que os jurados absolvam uma pessoa que é réu confesso por entenderem que o crime
praticado por ele foi considerado um “bem” para a sociedade, algo que o juiz não pode fazer.

Competência: Ao Tribunal do Júri compete julgar os crimes dolosos contra a vida e os crimes
conexos. O crime culposo, em princípio, não é julgado pelo júri. Um crime conexo é aquele que
tem alguma relação com o crime principal. Exemplo: uma pessoa mata alguém e esconde o
cadáver. Nesse caso, o crime de ocultação de cadáver não é considerado crime doloso contra a
vida, mas sim um crime contra o respeito aos mortos. Todavia, ao julgar o homicídio, como a
ocultação de cadáver estava conexa, os jurados também irão julgá-lo.

Soberania x Imutabilidade dos Veredictos – Apelação e Revisão Criminal: Em razão da


soberania dos veredictos do Tribunal do Júri, o advogado de uma pessoa que foi condenada
pelo júri não pode entrar com um recurso de apelação pedindo a absolvição de seu cliente. No
entanto, é possível pedir, via apelação, que o condenado seja levado a um novo júri, que terá
soberania em seu veredicto. Vale lembrar que se a apelação for feita pela defesa, o novo júri
não poderá aumentar a pena do réu se entender novamente pela sua condenação, pois o juiz
togado fica limitado à pena anterior. Já se o recurso foi do Ministério Público, então é possível
aumentar a pena. Por outro lado, é possível que a defesa entre com um pedido de revisão
criminal, que pode mudar a situação do condenado, inclusive, absolvendo-o, tudo isso sem
que seja necessário realizar um novo júri. Um exemplo em que cabe a revisão criminal é
quando uma pessoa é condenada por matar alguém e, após alguns dias, a pessoa que foi
declarada como morta reaparece na cidade. – art. 621 CPP (revisão criminal).
SV 45: foro especial previsto exclusivamente na Constituição Estadual: De acordo com a SV
45, a regra do júri prevalece sobre o foro especial previsto exclusivamente em Constituição
Estadual. Assim, imagine que um Deputado Federal comete um homicídio doloso durante o
seu mandato e por razões relacionadas ao mandato. Por conta do art. 102 da CF/1988, esse
parlamentar tem foro especial para crimes cometidos em razão do cargo e durante o mandato.
Nesse caso, o crime seja julgado perante o STF e não perante o júri, pois trata-se de uma das
exceções previstas na CF/1988.

Princípio da inafastabilidade de jurisdição:


Art. 5º XXXV – a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito;

Comissões de Conciliação Prévia na Justiça do Trabalho: Havia uma Lei do ano de 2000 que
dizia que uma pessoa somente poderia procurar a Justiça do Trabalho se antes passasse pela
Comissão de Conciliação Prévia (CCP), mesmo que não tivesse interesse na conciliação.
Todavia, o STF entendeu que a Lei n. 9.958/2000 violou o princípio da inafastabilidade de
jurisdição.

Exigência, pela Justiça Federal, de Prévia Submissão ao INSS: O trabalhador precisava


procurar o INSS antes de buscar o seu direito junto à Justiça Federal. Acontece que muitas
pessoas estavam entrando com o pedido direto na Justiça Federal, pois entendiam que o
pedido seria negado no INSS. Nisso, os juízes federais começaram a devolver os pedidos,
alegando que a pessoa precisaria primeiramente buscar o INSS para tentar resolver o conflito
antes de buscar a Justiça Federal. Esses casos começaram a chegar ao STF com a alegação de
que o ato dos juízes federais feriria o princípio da inafastabilidade de jurisdição. No entanto, o
Supremo entendeu que os juízes federais estavam certos ao devolver esses casos, pois é
necessário que a pessoa procure primeiro o INSS para tentar resolver a sua situação.
Entretanto, se a pessoa conseguir comprovar a negativa sistemática e generalizada do INSS
quanto a um determinado tema, poderá buscar a Justiça Federal diretamente, sem passar pelo
INSS. Essa é uma exceção.

Desporto: No art. 217, a CF/1988 dispõe que o Judiciário não admitirá ações relacionadas a
competições desportivas sem o prévio exaurimento na Justiça Desportiva, que é uma instância
administrativa de cunho forçado.

Ampla defesa e contraditório:


LV – aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório
e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes;

- Não há o que se falar em contraditório e ampla defesa em inquérito policial, pois este é
procedimento inquisitorial.

• Autodefesa x Defesa Técnica:

- Autodefesa: feita pelo acusado

- Defesa técnica: feita pelo advogado, pelo defensor público ou até mesmo pelo próprio
acusado, se estiver advogando em causa própria.

PAD e a necessidade de advogado: diferenças entre PAD Administrativo e PAD Penal (SV 5 e
Súmula 533/STJ): Súmula vinculante n. 5: não é nulo o PAD Administrativo sem advogado. –
- PAD Penal: aberto na execução penal (ex.: nos casos em que o preso é liberado, mas não
retorna ao presídio).

Duas punições: perda de 1/3 dos dias remidos ou regressão de regime. PAD penal necessita de
advogado, já que o direito à liberdade está em voga.

• Condução coercitiva para interrogatório: Ninguém é obrigado a produzir prova contra si. – A
condução coercitiva do réu viola o direito de defesa. – É permitida a condução coercitiva da
testemunha e da vítima.

• Multa de trânsito Súmula Vinculante 21: A notificação de multa de trânsito não chega
diretamente para pagamento, mas sim para que o motorista faça a sua defesa. – A Súmula
Vinculante n. 21 considera que é inconstitucional a exigência do pagamento prévio para
possibilitar a interposição de recurso, pois viola o direito de defesa.

•Súmula Vinculante 14: A defesa tem acesso aos elementos de prova já documentados.

Penas proibidas:
XLVII – não haverá penas: a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX; b) de caráter
perpétuo; c) de trabalhos forçados; d) de banimento; e) cruéis;

- Morte, salvo em caso de guerra declarada: Será por fuzilamento

- Banimento – Expulsão de brasileiro do território nacional. O banimento de estrangeiro é


permitido.

- Trabalhos Forçados

- Cruéis – Ex.: Prisões em contêiner

- De Caráter Perpétuo: Limite de pena e benefícios da execução penal: - Pacote anticrime


alterou o limite de 30 para 40 anos. - Suponha-se que um indivíduo entre em um cinema e
mate as 20 pessoas que lá estiverem. Apesar de matar as 20 pessoas e ter, teoricamente, uma
pena acumulada em 400 anos, a duração máxima da pena deverá ser de 40 anos. - Para que
esse agente tenha direito aos benefícios da execução penal (ex.: regime semiaberto), deverá
cumprir a porcentagem calculada com base na pena total, ou seja, nos 400 anos.

– Duração da medida de segurança: Súmula 527/STJ: A duração máxima da medida de


segurança não poderá ultrapassar a pena abstratamente prevista.

Pessoas com distúrbios mentais recebem medida de segurança, e não pena, como punição a
um crime.

Individualização da pena: CF/1988 Art. 5º XLVI – a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre
outras, as seguintes: a) privação ou restrição da liberdade; b) perda de bens; c) multa; d) prestação social
alternativa; e) suspensão ou interdição de direitos;

Obs.: quanto à suspensão ou à interdição de direitos, há uma polêmica envolvendo a retirada


da CNH de uma pessoa que trabalha como motorista profissional. O STF entende que é
possível a suspensão desse direito.

Imposição de Cumprimento de Pena em Regime Fechado: Para o STF, no caso do crime de


tortura, o condenado pode iniciar em regime fechado, independentemente da pena. Já para o
STJ, o regime inicial depende da pena, sendo que adota a regra do Código Penal.
A Constitucionalidade da Agravante da Reincidência : De acordo com o Código Penal, a
reincidência é uma agravante. Exemplo: os criminosos A e B praticaram o mesmo crime,
todavia o criminoso A é primário e o criminoso B é reincidente. Nesse caso, o que é reincidente
terá uma pena maior. No entanto, chegou ao supremo o questionamento no sentido de que
essa majoração da pena em razão da reincidência configuraria bis in idem, pois o sujeito
estaria sendo punido por algo que já pagou. O STF, contudo, não acolheu essa argumentação,
pois não entendeu que há bis in idem nesse caso.

Direito de herança: CF/1988 Art. 5º XXX - é garantido o direito de herança; XXXI – a sucessão de bens de
estrangeiros situados no País será regulada pela lei brasileira em benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros,
sempre que não lhes seja mais favorável a lei pessoal do “de cujus”;

Tratamento dado a bens de estrangeiros situados no país: regra benéfica aos herdeiros
brasileiros Exemplo: um alemão se casou com uma brasileira e teve três filhos. No entanto, ao
morrer, esse alemão deixou bens no Brasil. Nesse caso, a sucessão dos bens que foram
deixados pelo alemão pode seguir a lei brasileira ou a lei alemã. A regra é que será utilizada a
lei mais favorável aos herdeiros brasileiros. Trata-se do chamado direito de preferência.
Obs: A banca CESPE já perguntou em uma prova se o princípio do prélèvement é adotado no Brasil, na Constituição
Federal de 1988 e na Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro (LINDB).O item estava correto, pois o
chamado princípio do prélèvement se refere justamente a essa ideia de que prevalece a regra mais benéfica aos
herdeiros brasileiros.

Direito de propriedade: CF/1988 Art. 5º XXII – é garantido o direito de propriedade; XXIII – a propriedade
atenderá a sua função social; XXIV – a lei estabelecerá o procedimento para desapropriação por necessidade ou
utilidade pública, ou por interesse social, mediante justa e prévia indenização em dinheiro, ressalvados os casos
previstos nesta Constituição; XXV – no caso de iminente perigo público, a autoridade competente poderá usar de
propriedade particular, assegurada ao proprietário indenização ulterior, se houver dano; XXVI – a pequena
propriedade rural, assim definida em lei, desde que trabalhada pela família, não será objeto de penhora para
pagamento de débitos decorrentes de sua atividade produtiva, dispondo a lei sobre os meios de financiar o seu
desenvolvimento;

Desapropriação por Interesse Público, Necessidade ou Utilidade Pública x Desapropriação-


sanção: Como não existe direito absoluto, o direito de propriedade pode sofrer a incidência da
desapropriação, que pode se dar por interesse público, necessidade ou utilidade pública ou
pode ser a desapropriação-sanção. Na desapropriação por interesse público, necessidade ou
utilidade pública, o proprietário do imóvel não fez nada de errado. Exemplo: o Estado deseja
passar uma estrada em um terreno particular. Por conta disso, no caso de interesse público,
necessidade ou utilidade pública, não há punição e o proprietário receberá indenização prévia,
justa e em dinheiro. Já no caso da desapropriação, a sanção é uma punição ao proprietário de
um imóvel, que não respeitou a função social da propriedade. Ela se aplica tanto ao imóvel
urbano quanto ao imóvel rural. No caso do imóvel urbano, quando o proprietário não respeita
a função social, o poder público pode puni-lo, porém o proprietário receberá uma indenização.
Vale lembrar que essa punição deve levar em conta o uso progressivo da força. Nesse sentido,
o primeiro passo é fazer a edificação ou parcelamento obrigatório, em seguida, aplica-se o
IPTU progressivo no tempo. Por fim, a última medida é a desapropriação. A indenização, nesse
caso, será em títulos da dívida pública, resgatáveis em até 10 anos. Já no caso do imóvel rural,
também haverá indenização, mas ela será em títulos da dívida pública, resgatáveis em até 20
anos. Se uma pessoa tem um grande latifúndio improdutivo, entende-se que está prejudicando
o país. Assim, a solução será a desapropriação com a indenização em títulos, pois o sujeito não
respeitou a função social da propriedade.
Expropriação: A expropriação é a retirada da propriedade de: • terras nas quais se cultive
substâncias psicotrópicas; e • terras nas quais se utilize de mão de obra escrava (vide EC n.
81/2014).
A discussão que existe no STF é quanto à habitualidade do uso dos bens, por exemplo, no caso do tráfico de drogas.
Assim, se uma pessoa é flagrada dirigindo um carro com o porta-malas cheio de barras de maconha, mesmo que
seja a primeira vez que o veículo é utilizado para isso, permite que esse veículo seja confiscado. Ou seja, havendo ou
não a habitualidade, haverá o confisco dos bens. A mesma lógica se aplica no caso das terras nas quais se cultivem
substâncias psicotrópicas. Vale lembrar que esse confisco não ocorre de forma automática, pois pode ser que o
proprietário da terra tenha alugado para alguém que disse que iria cultivar mangas, por exemplo, mas usou a terra
para cultivar maconha. Se for comprovada a boa-fé do proprietário do imóvel, este não perderá as suas terras. O
Brasil ainda tem muitos casos de terras em que se utiliza mão de obra escrava. Há, inclusive, uma espécie de “lista
suja”, que é um cadastro de empregadores que se utilizam desse tipo de mão de obra em sua produção. Essa “lista
suja” era organizada pelo antigo Ministério do Trabalho e hoje é mantida pelo Ministério da Economia. Ocorre que
a inclusão do nome de uma empresa nessa lista, que era divulgada todos os anos, manchava a imagem de qualquer
empresa que tivesse o seu nome citado. Assim, o STF foi procurado para que não houvesse a divulgação dessa “lista
suja”. Todavia, o STF entendeu que não há nada de errado em divulgar essa informação.

Uso da Propriedade Particular em Caso de Iminente Perigo Público: Nesse caso, a indenização
não é automática, pois acontecerá posteriormente e somente se for comprovado dano.

Requisição Envolvendo Bens Públicos: a regra é que um ente federativo não pode requisitar
bens de um ente menor. Todavia, isso será possível nas hipóteses de estado de sítio.

Pequena Propriedade Rural: De acordo com a Constituição Federal de 1988, a pequena


propriedade rural não será objeto de penhora. No entanto, o texto constitucional dispõe que
essa pequena propriedade rural será conforme definido em lei. Nesse caso, a Lei n. 8.629/1993
dispõe que a pequena propriedade rural é aquela definida de 1 a 4 módulos fiscais. Assim, se
uma pessoa tem dois terrenos dentro desses limites, a proteção da impenhorabilidade
abrangerá os dois? De acordo com o STF, é possível que os dois imóveis sejam considerados
impenhoráveis, mas desde que os terrenos sejam contínuos e a área total de ambos seja
inferior a quatro módulos fiscais.
XLIII – a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura, o tráfico ilícito de
entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os
mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem;

Obs: A Constituição Federal não tipifica crimes, mas sim estipula mandados de criminalização

Crimes Hediondos + TTT (Trafico, Tortura e Terrorismo) Características dos crimes hediondos e
equiparados:

• inafiançáveis: cabendo a liberdade provisória desde que sem fiança;

• insuscetíveis de graça e anistia: ao citar a graça, a Constituição interpreta o termo em todo o


seu gênero (composto por três subgêneros, todos concedidos pelo PR), o qual inclui o indulto e
a comutação. A anistia, concedida pelo Poder Legislativo, pode ser disposta pelo Congresso
Nacional (crimes e atos disciplinares) ou por Assembleia Legislativa (somente atos
disciplinares).

Diferenciando Indulto, Comutação e a Graça:

Indulto: concedido pelo Presidente da República, é o perdão coletivo total da pena;

Comutação/Indulto Parcial: Concedido pelo Presidente da República, é o perdão coletivo


parcial da pena;
Graça: concedido pelo Presidente da República, é o perdão individual da pena. Prescritíveis:
ainda que seja considerada sua gravidade, os crimes hediondos também são passíveis de
prescrição.

• Regime prisional: a redação original previa o cumprimento integral da pena sob regime
fechado. Considerada inconstitucional, foi substituída por instrumento que previa apenas o
início do cumprimento da pena sob regime fechado. Atualmente, não se admite mais essa
hipótese, também inconstitucional e sendo vigente as disposições do art. 33, CP, sendo o
regime prisional diretamente depende da pena a ser cumprida;

• (im)possibilidade de o STF restringir os limites do decreto presidencial de indulto: segundo o


STF, o Presidente da República possui plena liberdade para elaboração dos indutos, desde que
sejam respeitados os limites impostos pela constituição.
XLII – a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei;

XLIV – constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem
constitucional e o Estado Democrático;

Crimes Imprescritíveis

Racismo:

• inafiançabilidade: cabendo hipótese de liberdade provisória sem o pagamento de fiança;

• imprescritibilidade: o Estado (Poder Público) nunca perderá seu direito de punir;

• antissemitismo e antissionismo: produzir obra literária ofensiva a judeus, ato não recebido
pela liberdade de expressão;

• homofobia e transfobia: condutas equiparadas pelo Supremo Tribunal Federal ao racismo na


modalidade de racismo social.

Obs: O racismo diz respeito a uma coletividade indeterminada, enquanto a injúria racial
dispõe-se sobre uma pessoa específica. Ambos são crimes imprescritíveis, sendo o racismo
definido desta forma pela própria constituição, enquanto a injúria racial tem sua
imprescritibilidade sustentada pelo STF/STJ (jurisprudência)

Golpe de Estado – a Lei de Anistia e os atos praticados durante o regime militar: A Lei da
Anistia, elaborada em 1979, foi aplicada a todos os atos praticados durante o regime militar
que fossem considerados crimes políticos ou conexos. Assim, crimes desse tipo praticados
entre 1961 a 1979 não seriam considerados. Em 2010, a lei foi questionada mediante a
Constituição de 1988, a qual não permite a possibilidade de anistia para os crimes hediondos,
tráfico, tortura e terrorismo. Apesar deste questionamento, o STF preservou a validade da Lei
de Anistia, uma vez que o Supremo a interpretou como sendo uma lei medida, a qual possui a
averiguação de sua constitucionalidade não no momento do julgamento, mas sim de acordo
com as circunstâncias de sua época.

Princípio da Proporcionalidade/Razoabilidade: Para a maior parte da doutrina constitucional,


a proporcionalidade se destaca frente a razoabilidade, possuindo maior abrangência. Isso
ocorre porque ela realiza a inclusão de três subprincípios: adequação, necessidade e a
proporcionalidade em sentido estrito, a qual corresponde a própria razoabilidade.
DIREITOS E DEVERES

Cláusula pétrea: A cláusula pétrea pode sofrer modificação, desde que esta não ocorra no
sentido de abolição de direito. A Emenda n. 45/2004, conhecida como Reforma do Judiciário,
não provocou alterações somente naquele Poder: em verdade, modificou vários pontos da CF,
como verificado, também, no caso da Reforma da Previdência. A Emenda n. 45/2004
acrescentou três dispositivos ao art. 5º da CF:

LXXVIII – a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do


processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação. § 3º Os tratados e
convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do
Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros,
serão equivalentes às emendas constitucionais. (CAI MUITO) § 4º O Brasil se submete à
jurisdição de Tribunal Penal Internacional a cuja criação tenha manifestado adesão.

Princípios: No Brasil, o que se verifica é o princípio da Civil Law, baseado na legislação, de


autoria de Hans Kelsen.

Tradicionalmente, sempre se entendeu que os tratados internacionais possuíam status de lei


ordinária. Com o passar do tempo, tal entendimento foi modificado. Considera-se hoje que os
tratados internacionais podem ter status de lei ordinária somente se não tratarem de Direitos
Humanos, configurando, nesse caso, atos normativos primários.

Para que se considere um tratado internacional pertencente à esfera dos Direitos Humanos, é
preciso que se avalie se ele foi aprovado em 2º turno, por 3/5 dos votos e por cada uma das
casas do Congresso Nacional. Se sim, o tratado será considerado equivalente a uma Emenda
Constitucional. Se não for aprovado em rito especial, será equivalente a uma norma
supralegal.

Obs: A prisão civil do depositário infiel — indivíduo que descumpre sua parte em um contrato
— é, atualmente, considerada ilícita pelo STF, mas não inconstitucional, pois que é norma
originária da Constituição.

Em referência à Pirâmide de Kelsen, é preciso saber o que se segue:

• quando se faz o parâmetro da norma constitucional perante a Constituição, chama-se a isso


controle de constitucionalidade;

• quando a análise vai da norma secundária para a primária, verifica-se o chamado controle de
legalidade;
• ao se estabelecer análise da norma primária para a supralegal, tem-se o controle de
convencionalidade.

Obs: Adesão ao Tribunal Penal Internacional. O Brasil não admite extradição de brasileiro nato,
mas sim a entrega deste para o Tribunal Internacional de Haia.

APLICAÇÃO IMEDIATA DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS

A Constituição afirma:
§1º As normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata.

Obs: No tocante à aplicabilidade, é fundamental saber que as normas limitadas e


programáticas têm aplicação mediata. Muitos examinadores, erroneamente, confundem os
conceitos de aplicação e aplicabilidade. Aplicação imediata significa a tentativa de máxima
extração do que se afigura após promulgação do texto da Constituição. Isso não que dizer que
tudo, a partir de um possível sucesso nesse sentido, terá aplicabilidade imediata, pois as
normas que se relacionam a um complemento legislativo dele dependem inteiramente.
Exemplo de norma limitada, no art. 5º da CF, é o Código de Defesa do Consumidor.

O art. 5º pertence ao rol exemplificativo e, portanto, permite a possibilidade de inserção de


novos direitos fundamentais, a exemplo do que ocorreu em relação ao acesso do brasileiro à
internet. O referido artigo estende-se a brasileiros, estrangeiros e apátridas que estejam em
nosso território. O mesmo artigo aplica-se também às Pessoas Jurídicas, no que couber.
Observe-se:
§ 2º Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios
por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte.

REMÉDIOS CONSTITUCIONAIS

Os remédios constitucionais são ações, garantias, writs, como se verifica na língua inglesa. Não
constituem direitos. É fundamental a ciência de que as garantias se diferem dos direitos. As
garantias protegem os direitos. Exemplos: a garantia do habeas corpus protege o direito de
locomoção; a garantia do habeas data protege o direito de informação de caráter pessoal.

REMÉDIOS CONSTITUCIONAIS JUDICIAIS DO ART. 5º

• Habeas corpus (gratuito) Protege o direito de locomoção (ir, vir e permanecer).

• Habeas data (gratuito) Protege o direito de informação de caráter pessoal.

• Mandado de segurança (pago) Pode ser individual ou coletivo. Direito líquido e certo.

• Mandado de injunção (pago) Pode ocorrer individual ou coletivamente. Omissão legislativa.

• Ação Popular (gratuita, salvo em caso de má-fé)

REMÉDIOS CONSTITUCIONAIS ADMINISTRATIVOS DO ART. 5º

• Direito de Petição (gratuito)

• Direito de Certidão (gratuito)

REMÉDIO CONSTITUCIONAL JUDICIAL DO ART. 129


• Ação Civil Pública É regulada pela Lei n. 7.347/1985 e possui vários legitimados, destacando-
se o Ministério Público e a Defensoria Pública

A Ação Civil Pública difere-se da Ação Popular. Esta é ajuizada por um cidadão; aquela, em
regra, pelo Ministério Público e pela Defensoria Pública.

Três direitos podem ser tutelados na Ação Civil Pública: difusos, coletivos em sentido estrito e
individuais homogêneos

1) HABEAS CORPUS:

Conforme o texto constitucional: LXVIII – conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se
achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder;

O habeas corpus protege os direitos de ir, vir e permanecer. Mas, nem sempre foi assim. Aqui,
tínhamos a doutrina brasileira do habeas corpus. Na realidade, o habeas corpus fazia as vezes
de outros remédios constitucionais. Cabia, no Brasil, habeas corpus contra ilegalidade ou
abuso de poder. Foi assim até 1926. Então, por conta dessa restrição, veio, na sequência, o
surgimento de outro remédio: o mandado de segurança. O próprio texto constitucional deixa
claro que é sempre “que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação
em sua liberdade de locomoção”.

- A primeira constituição brasileira que trouxe o habeas corpus foi a de 1891. Após isso, ele
esteve presente em todas. No entanto, na constituição de 1967, fruto do golpe militar, houve
restrição e não coube o habeas corpus com toda a extensão que temos hoje.

- Partes: Quem entra com o HC é o impetrante. Contra quem ele vai entrar é a figura chamada
de autoridade coautora ou impetrado. Além disso, o paciente é quem está sofrendo ou está na
iminência de sofrer a violação ao direito de locomoção. Ademais, pode acontecer de o
impetrante ser paciente? Sim.

a) Impetrante: Ressalta-se que o habeas corpus não possui formalidades. Além disso, quem
pode impetrá-lo é qualquer pessoa natural ou jurídica. Um estrangeiro, inclusive, pode
impetrar habeas corpus, desde que use o vernáculo (o idioma português). Salienta-se que a
pessoa jurídica, embora possa ser impetrante, não pode ser paciente de habeas corpus.
Incumbe mencionar que menores de idade também podem entrar como um habeas corpus,
pois são pessoas.

Em relação a este, o juiz pode conceder habeas corpus de ofício caso observe ilegalidade. É
preciso tomar cuidado com uma coisa. Observe o seguinte: o advogado entrou para beneficiar
o seu cliente, alegando “A”. Ocorre que Fulano não tem direito a “A”, mas sim a “B”. Ocorre
que o advogado esqueceu de pedir “B”. Neste caso, não será concedido habeas corpus para
“A”, mas sim para “B”, sem provocação. Então, no exercício das funções, o juiz não impetra o
HC, mas sim o concede de ofício (o que é muito comum).

O Ministério Público e a Defensoria podem entrar com HC? Sim. Mas, no caso do Ministério
Público, este pode entrar com HC desde que em benefício do acusado. Além disso, o delegado
de polícia, no exercício das funções, não pode entrar com HC. Inclusive, ele não pode conceder
habeas corpus de ofício, pois isso é atribuição do Poder Judiciário.

b) Impetrado: Destaca-se que, em regra, a autoridade coautora é uma autoridade pública. É


possível também que um ministro de Estado seja impetrante e paciente, por exemplo. Será
que é possível impetrar habeas corpus contra particular? Sim. Ex.: boate que viola o seu direito
de locomoção por não ter pago a conta. Assim, é possível, em regra, entrar com habeas corpus
contra uma escola, um hospital ou uma boate.

c) Paciente: É mister mencionar que o paciente é o beneficiário do habeas corpus. Nesse


contexto, adolescente pode ser paciente? Sim. Pessoa jurídica pode ser paciente no HC? Essa
discussão chegou ao Supremo Tribunal Federal há alguns anos. Ocorre que nos crimes
ambientais, há uma tripla responsabilização da pessoa jurídica: esfera administrativa, esfera
cível e esfera penal. Então, a única hipótese de pessoa jurídica responder criminalmente é no
caso de crime ambiental. Nesse caso, é preciso destacar que pessoa jurídica não pode ser
paciente no HC, nem em crime ambiental, pois não possui direito de locomoção. Animais
podem ser pacientes no HC? Não, pois animais são objetos de direito e não titulares de direito.
Essa é a orientação que prevalece hoje.

Momento para impetração do Habeas Corpus:

Preventivo ou salvo conduto: impetração antes da violação. Repressivo ou liberatório:


impetração depois da violação. Tenha cuidado com as seguintes expressões:

• Habeas corpus profilático; • Habeas corpus preservativo; • Habeas corpus trancativo.

Essas nomenclaturas são utilizadas no caso de um habeas corpus pré-preventivo (termo para
fins didáticos). Ex.: começaram uma ação penal contra você, mas você afirma que o fato é
atípico. Neste caso, solicita-se o trancamento da ação penal.

Quando você ouve na televisão a expressão “concessão de liminar em habeas corpus, destaca-
se que, na legislação, não existe a previsão de liminar em habeas corpus, mas ela existe por
uma construção da jurisprudência e da doutrina.

Obs: Ressalta-se que não há previsão na legislação para habeas corpus na modalidade coletiva.
Porém, tanto o STF quanto o STJ o admitem. Nesse caso, a legitimação é a mesma do mandado
de injunção coletivo.

Habeas Corpus e a Vedação à Dilação Probatória: Será que, no habeas corpus, é possível
buscar a absolvição de alguém? Depende. O habeas corpus não aceita dilação probatória. Ex.:
sujeito condenado por estupro. Muitas provam fizeram com que o juiz entendesse pela
condenação. Mas, houve recurso para segunda instância, o qual foi negado e a condenação foi
mantida. Com isso, foi alegado, em habeas corpus no STJ, que não havia provas suficientes
para condenação. Nesse caso, não cabe HC, pois, para afirmar que as provas são suficientes ou
não, é preciso analisá-las, mas o HC não admite dilação probatória. Assim, se houver a
necessidade de dilação probatória, não é possível buscar absolvição no habeas corpus. Por
outro lado, para questionar se a conduta é criminosa ou não, é possível. É o exemplo da
insignificância.

SITUAÇÕES EM QUE NÃO CABE HC

• Questionar a perda de patente militar;

• Discutir a pena acessória de perda da função pública;

Obs.: no crime de tortura, a perda do cargo é automática, inclusive na forma de omissão.

• Questionar a pena de multa, quando ela for a única aplicada ou aplicável;

• Pleitear a restituição de coisas apreendidas, inclusive passaporte;


Em algumas situações, o STF e o STJ pensam diferente. É o seguinte: retiveram bens meus; será
que eu posso entrar com habeas corpus para pegá-los de volta? Não, pois não cabe HC para
restituição de coisas apreendidas. Em relação ao passaporte, há uma divergência nas
jurisprudências do STF e do STJ. Para o STF, não cabe HC, pois entende-se que a restrição ao
passaporte só te tira a possibilidade de sair do país e não o direito de locomoção. Porém, para
o STJ, cabe o HC, porque seria uma forma de restrição ao direito de locomoção. Nesse caso,
responda o que te perguntarem. Mas, se não mencionarem qual é o tribunal, responde que
não cabe.

• Buscar direito a visita íntima em presídios;

• Plenário do STF, contra decisão de Turma do Tribunal;

É preciso lembrar que o STF possui 11 ministros (Presidente + Primeira Turma + Segunda
Turma). Cada turma tem 5 ministros. Se a Primeira Turma negar um HC, é possível ir ao
Plenário do STF? De acordo com a súmula n. 606 do STF, não cabe HC para o Plenário contra
decisão de Turma ou ministro. A bem da verdade, quando a Turma nega, ela age em nome do
tribunal/Plenário. Mas, não cabe HC contra decisão de Turma ou Ministro quando o processo
foi subindo até chegar ao Supremo. Isso é diferente do caso em que a violação ao direito de
locomoção nasceu no Supremo. Neste caso, cabe HC para o Plenário.

• Como substitutivo de Recurso Ordinário?

Nos arts. 102 e 105 da Constituição, afirma-se que cabe recurso ordinário para o STF e para o
STJ. Uma das situações de recurso ordinário é contra decisão desfavorável em remédios,
inclusive o HC. Nesse caso, o certo seria entra com um Recurso Ordinário em HC (ROHC).
Todavia, recurso ordinário é recurso, o qual possui formalidade e prazo.

Obs.: ao entrar com um HC, é preciso assinar. Não cabe HC apócrifo (sem assinatura).

Vale destacar que para o STJ, não cabe habeas corpus substitutivo de recurso ordinário. Por
outro lado, para o STF, cabe. Mais uma vez, responde a depender do que te perguntarem.

Obs.: para pleitear colaboração premiada negada, cabe HC.

• Contra decisão que indefere pedido de liminar (as hipóteses de relativização da Súmula n.
691/STF;

Observe a seguinte situação: quando você entra com um HC com pedido de liminar, primeira
julga-se a liminar. Após o deferimento ou indeferimento, julga-se o mérito (o que demora
algumas semanas ou meses). Qual é a lógica do sistema? Julgou a liminar, você espera julgar o
mérito. Julgou o mérito, tendo perdido, é hora de subir. Mas, a manobra que a defesa faz é
não esperar o mérito e sim entrar direto com habeas corpus com pedido de liminar. A
reclamação não é contra o mérito, mas sim contra a liminar negada. Isso se chama liminar em
liminar. A regra é que não cabe habeas corpus contra decisão que nega liminar. Porém, o
próprio Supremo Tribunal Federal flexibiliza a Súmula n. 691 em duas exceções:

1. Decisão teratológica;

2. Ilegalidade manifesta.

Se estiver escancarada a ilegalidade, passa-se por cima da proibição e concede-se o habeas


corpus. Já a decisão teratológica é a decisão “esquisitona”.
• Contra pena já extinta

HC E PUNIÇÕES DISCIPLINARES MILITARES

Conforme o art. 142 da Constituição, não cabe HC para punição disciplinar militar. Mas, o
Supremo Tribunal Federal diferencia dois cenários. Embora o art. 142 diga de forma muito
clara que não cabe HC para punição disciplinar militar, duas situações serão separadas. Para
discutir se a punição é justa ou injusta, não cabe. Mas, para definir os pressupostos de
legalidade da prisão, cabe.

2) HABEAS DATA
LXXII – conceder-se-á habeas data: a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do
impetrante, constantes de registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter público; b)
para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo;

Cabimento: O habeas data possui natureza dúplice, pois serve para duas coisas:

• Ter acesso a informações;

• Corrigi-las.

Momentos da Impetração: Conforme a Súmula n. 2/STJ, não cabe habeas data antes da prévia
negativa na via administrativa. Isso significa que o habeas data é sempre repressivo, pois ele é
sempre usado depois que o direito é negado.

Quem pode ser Impetrado: Como regra geral, cabe habeas data contra autoridade pública ou
particular detentor de banco de dados de caráter público. Então, cabe habeas data contra SPC
e SERASA, por exemplo.

POLÊMICAS:

1) Cabimento para cidadão ter acesso a procedimento administrativo-fiscal que tramite


perante a Receita Federal; O STJ afirmou que não cabe habeas data, porque o dado era
sigiloso. Mas, o STF entrou na jogada e afirmou que o sigilo não pode ser imposto ao
próprio contribuinte.
2) Cabimento para ter acesso a processo administrativo (Lei n. 9.784/1999); Não cabe
habeas data para ter acesso a processo administrativo que tramita com base na Lei n.
9.784. Ocorre que, na própria lei, há uma ferramenta para ser usada. Caso haja
negativa, deve-se entrar com mandado de segurança.

Obs.: no caso de negativa de certidão de tempo de contribuição, há informação de caráter


pessoal. Nesse cenário, é possível entrar com habeas data ou mandado de segurança? O
Supremo Tribunal Federal entende que é o mandado de segurança.

Quando a informação de caráter pessoal vem embrulhada por uma certidão, deve-se
entrar com mandado de segurança, pois o que está sendo negado é o direito de certidão.

3) Não cabe habeas para sustação de matéria jornalística em sítio eletrônico;


4) Em regra, não cabe habeas data para ter acesso a informações de terceiros; No
entanto, há uma exceção. Na época do regime militar, a “galera” sumiu. E o STJ admite
que os familiares dessa galera sumida na época do regime militar impetrem habeas
data para buscar informações a respeito do familiar.
5) Não cabe habeas data para acessar registros ou bancos de dados de instituições
financeiras não compartilhadas com terceiros. É apenas o banco de dados da própria
instituição financeira, a qual não é compartilhada com terceiros.

3) MANDADO DE SEGURANÇA
LXIX – conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo não amparado por habeas corpus
ou habeas data quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de
pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público.

O direito líquido e certo de informação é protegido pelo habeas data. O direito líquido e certo
de locomoção é garantido pelo habeas corpus.

- Diante do exposto na lei, entende-se que quando as questões de prova trazem o termo
“remédio residual”, estão se referindo ao mandado de segurança.

É possível impetrar mandado de segurança contra agente de pessoa jurídica que aja com
atribuições de pessoa pública. É cabível impetração de mandado de segurança contra o agente
público que aja como tal. Não cabe mandado de segurança nas situações em que o público age
como se particular fosse.

- Entende-se por direito líquido e certo como aquele pode ser demonstrado de plano,
demandando prova pré-constituída, meramente documental.

Momentos da impetração: O mandado de segurança pode existir na forma preventiva, quando


antes da violação do direito líquido e certo, e na forma repressiva, quando depois deste.

Prazo: O prazo do mandado de segurança, aplicável na forma repressiva, é decadencial (não


prescricional) e é de 120 dias.

Obs: Só é possível tratar de prazo decadencial de 120 dias quando o mandado de segurança se
dá na forma repressiva.

Desistência: A regra de desistência do mandado de segurança se dá contrariamente ao


estabelecido no Direito Processual Civil. Segundo este, até o momento da contestação, é
possível a desistência do processo; a partir do momento em que a outra parte comparece, a
desistência só poderá ocorrer com sua anuência.

Na regra do mandado de segurança, a desistência é possível a qualquer tempo, antes do


trânsito em julgado, independentemente do consentimento do impetrado. É, ainda, possível a
desistência após prolação de sentença, se tal for favorável ao impetrante.

Situações que não permitem o mandado de segurança:

• Contra decisão judicial transitada em julgado

• Contra decisão interlocutória de juizado especial;

O não cabimento de mandado de segurança contra decisão interlocutória de juizado especial


se justifica pela própria natureza dele, posto que é rápido, simples e admite pouco recurso.

• Contra decisão passível de recurso com efeito suspensivo;


Caso, em determinada situação, se impetre recurso que já possua efeito suspensivo, como
uma apelação, o mandado de segurança não terá efeito.

• Para dar efeito suspensivo a recurso do MP que não o possui.

Como exemplo esclarecedor, considere-se o caso Suzane von Richthofen. Esta se encontrava
cumprindo pena em regime fechado e, posteriormente, intentou-se a possibilidade de
mudança para o regime semiaberto. O juiz, então, respondeu favoravelmente. O Ministério
Público recorreu com o recurso cabível: agravo em execução. Ocorre que este não tem efeito
suspensivo. Isso equivale a dizer que, até que o Tribunal de segunda instância julgue o
contexto de Suzane von Richthofen, ela continuará em regime semiaberto. O MP não pode
impetrar mandado de segurança para dar efeito suspensivo ao recurso de agravo em
execução.

Obs: A decisão proferida no Mandado Segurança não produz efeitos patrimoniais em relação
ao período pretérito. Não é cabível MS contra ato de gestão negocial de entidade exploradora
de atividade econômica.

• Contra ato de gestão negocial de entidade exploradora de atividade econômica (caso em que
o público age como particular); e

• Contra lei em tese.

Em 2014, a então Presidente Dilma Rousseff enviou ao Congresso Nacional a Lei das Cotas
Raciais, que destinava 20% das vagas do Executivo federal às pessoas negras e pardas, no que
foi aprovada. Na ocasião, um instituto que defende a igualdade racial, IARA, impetrou um
mandado de segurança, no intuito de que os referidos 20% fossem extensíveis a todas as áreas
do âmbito federal. O IARA, à época, questionou a lei de modo abstrato e se valeu de uma ADI
(Ação Direta de Inconstitucionalidade). Ocorre que esta exige a existência de um legitimado,
conforme versa o art. 103 da CF, que não é o caso de referido instituto. Não compete ao STF
conhecer originariamente de mandado de segurança contra atos de outros tribunais.

Obs: É preciso, nesse caso, certo cuidado com o senso comum, que julga só ser possível ação
contrária ao STJ por parte do STF. Exemplo eloquente disso deu-se quando, em certa ocasião, a
OAB impetrou mandado de segurança contra o STJ, demandando deste as razões da recusa de
uma lista sêxtupla de indicações por ela preparada.

4) MANDADO DE INJUNÇÃO
LXXI – conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta de norma regulamentadora torne inviável o exercício
dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania.

Está-se, aqui, diante de uma norma constitucional de eficácia limitada, que possui
aplicabilidade indireta, mediata e dependente de complemento legislativo, que deve ser
realizado não pelo constituinte, mas pelo legislador ordinário. Nesse sentido, o Mandado de
Injunção surge para combater a síndrome da inefetividade das normas constitucionais. Faz-se
necessário, portanto, observar a norma constitucional em questão e perceber se ela carece ou
não de um complemento.

O combate às omissões constitucionais é realizado por meio de duas ferramentas: o MI, que
faz parte do controle difuso, e a ADO (Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão),
integrante do poder concentrado.

Atente-se às diferenças entre o MI e a ADO, a saber:


• MI – Regulamentado pela Lei n. 13.300/2016; realizado por qualquer juiz ou tribunal. No
controle difuso, as decisões são inter partes, ou seja, afetam apenas partes do processo

. • ADO – Regulamentada pela Lei n. 9.868/1999; realizada apenas no STF, tem só nove
legitimados. Em regra, a decisão do controle concentrado é erga omnes, ou seja, para todos.

A competência para julgamento do Mandado de Injunção depende de quem é o omisso. O MI


permite, atualmente, que o Judiciário crie normas (sentenças normativas), a exemplo do
disposto sobre certos tipos de greve, como a dos servidores públicos.

5) MANDADO DE SEGURANÇA E MANDADO DE INJUNÇÃO COLETIVOS

Cabimento:
LXX – o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por: a) partido político com representação no
Congresso Nacional; b) organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em
funcionamento há pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seus membros ou associados;

O exposto acima também se aplica ao MI. O requisito supracitado de um ano é válido apenas
para associações.

Legitimados:

• Partidos políticos;

• Entidades de classe;

• Defensoria Pública (para o mandado de injunção); e

• Ministério Público (para o mandado de injunção).

Associação: representação X substituição processual


Art. 12. O mandado de injunção coletivo pode ser promovido: I – pelo Ministério Público, quando a tutela requerida
for especialmente relevante para a defesa da ordem jurídica, do regime democrático ou dos interesses sociais ou
individuais indisponíveis; II – por partido político com representação no Congresso Nacional, para assegurar o
exercício de direitos, liberdades e prerrogativas de seus integrantes ou relacionados com a finalidade partidária; III –
por organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há pelo
menos 1 (um) ano, para assegurar o exercício de direitos, liberdades e prerrogativas em favor da totalidade ou de
parte de seus membros ou associados, na forma de seus estatutos e desde que pertinentes a suas finalidades,
dispensada, para tanto, autorização especial; IV – pela Defensoria Pública, quando a tutela requerida for
especialmente relevante para a promoção dos direitos humanos e a defesa dos direitos individuais e coletivos dos
necessitados, na forma do inciso LXXIV do art. 5º da Constituição Federal: Parágrafo único. Os direitos, as liberdades
e as prerrogativas protegidos por mandado de injunção coletivo são os pertencentes, indistintamente, a uma
coletividade indeterminada de pessoas ou determinada por grupo, classe ou categoria.

Ministério Público e Defensoria Pública não estão entre os legitimados para o Mandado de
Segurança Coletivo, e sim para o Mandado de Injunção. No MIC, a associação não necessita de
autorização expressa dos associados nos casos de substituição processual; tal autorização será
necessária somente quando a associação estiver cumprindo papel de representante.

O cabimento dos MS e MI coletivos obedece à mesma lógica dos individuais. Onde couberem
aqueles estes também caberão.

6) AÇÃO POPULAR
LXXIII – qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio
público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio
histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência.
A ação popular é, via de regra, gratuita, salvo em casos de comprovada má-fé. Esse tipo de
remédio visa questionamento de ato lesivo ao meio ambiente, à moralidade administrativa, ao
patrimônio histórico etc.

Quem pode ajuizar AP: Qualquer cidadão pode propor uma AP, ou seja, qualquer brasileiro
que possua capacidade eleitoral ativa. O Direito Civil preconiza que pessoas entre 16 e 18 anos
são relativamente incapazes, o que significa que, nos atos da vida civil, elas precisam da
assistência dos pais. No entanto, essas pessoas, desde que possuam capacidade de votar, se
quiserem propor AP, não precisam ser assistidas, pois aqui os direitos em questão não são
civis, e sim políticos.

Quem não pode ajuizar AP: Em regra, é vedado ao estrangeiro proposição de AP. A única
exceção se verifica no caso de português em situação de equiparação, conforme o exposto no
art. 12 da CF. Todos os que não podem votar estão impedidos de propor AP, tais como
sindicatos, associações, sociedades de classe e pessoas jurídicas, entre outros. A Lei de Ação
Popular n. 4.717/1965, estabelece que, nos casos em que os cidadãos desistam de ajuizar uma
AP, o Ministério Público pode prosseguir com a ação. A mesma lei, no entanto, não afirma que
o MP pode ajuizar tal remédio constitucional. O que cabe a ele, MP, é ajuizar Ação Civil
Pública, de acordo ao determinado na Lei n. 7.347/1985.

ATENÇÃO: Alguns julgados do STJ afirmam que, dada a semelhança entre ACP e AP, o
Ministério Público também poderia ajuizar AP.

Competência para julgamento: É preciso frisar que Ação Popular, Ação Civil Pública e Ação de
Improbidade Administrativa não possuem foro especial. Portanto, quem julga a Ação Popular
é o juiz de primeiro grau. Eloquente exceção a essa regra foi verificada por ocasião da
demarcação da reserva indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima. Atendendo a pressões
internacionais, a União realizou, em determinada ocasião, uma marcação em faixa contínua
delimitando uma reserva indígena. De acordo com a lei, toda reserva indígena é de
propriedade da União. Nesse ínterim, um Senador de Roraima impetrou AP contra o então
Presidente da República, questionando o referido ato. O juiz de primeiro grau, que
recepcionou a Ação, encaminhou-a ao STF, que, de acordo com o art. 102, I, da CF, é
responsável por julgar questões que envolvam conflitos federativos.

Obs: Conflito federativo se dá entre os membros da federação.

DIREITOS SOCIAIS:

O capítulo II versa sobre os direitos sociais, do art 6º ao art. 11.

O art. 6º dispõe sobre os direitos sociais, o art. 7º sobre os direitos dos trabalhadores urbanos
e rurais e dos artigos 8º ao 11 são expostos o direito sindical e o direito coletivo de greve

Antes de entrar no texto da Constituição é necessário trabalhar um ponto mais abstrato, que
costuma ser abordado em provas, causando dificuldade aos concurseiros: o direito da saúde.
Em torno desse direito há divergências entre duas teorias muito importantes: a teoria da
reserva do possível e a teoria do mínimo existencial.

O poder público (Estado) não dispõe de dinheiro para atender aos direitos sociais de toda a
população. Perceba que, muitas pessoas precisam de moradia. No entanto, o governo não
conta com recursos para assistir todas. Na prática, como não há fundos suficientes para a
totalidade das demandas, é necessário eleger algumas em detrimento de outras. O mínimo
existencial diz respeito ao mínimo necessário para garantir uma vida digna.

Reserva do Possível x Mínimo Existencial

O mínimo existencial envolve saúde e educação, mas não em sua totalidade. No âmbito
educacional, por exemplo, são priorizados a educação infantil ‒ com vagas em creches e pré-
escolas, para que as pessoas possam trabalhar ‒ e o ensino em libras (língua brasileira de
sinais). Relativamente à saúde, são exemplos os leitos em UTI e os remédios de alto custo ‒
não todos. O remédio para tratar a doença AME custa cerca de 12 milhões de reais. Por mais
perverso que possa soar, em função da limitação de recursos, o governo não o fornece, já que,
ao destinar 12 milhões para arcar com o tratamento de um indivíduo, todo o sistema público é
privado dessa verba. Assim, para atender a demanda de uma pessoa, milhares de outras
teriam de ser prejudicadas.

ATENÇÃO: Há um ponto incluído no mínimo existencial muito explorado pelas bancas: obras
emergenciais em presídios, que podem ser determinadas pelo Poder Judiciário. Esse ato não
gera violação à repartição de competências.

O Supremo Tribunal Federal entende que o Judiciário pode determinar que a administração
pública (no caso, o Poder Executivo) libere dinheiro para essas obras de emergência. O poder
público tem o direito de punir, mas não violar os direitos básicos dos presos.

A teoria da reserva do possível, que tem relação com atender a todos na medida do possível,
se desdobra em reserva do possível fática ‒ quando há dinheiro em caixa ‒ e jurídica ‒ quando
existe previsão orçamentária para a despesa.

Na reserva do possível fática sempre haverá dinheiro em caixa, contudo, a reserva do possível
jurídica é mais importante, pois é ela que deve ser respeitada para que haja o mínimo de
saúde orçamentária.

Sinônimos para a teoria do mínimo existencial: teoria dos limites dos limites, das restrições das
restrições, Schranken-schranken (nome em alemão) e minimum minimorum (nome em latim).

- O Estado é obrigado a fornecer medicamentos. Porém, não todos.

- O Poder Público não é obrigado a fornecer remédios experimentais, que devem ser custeados
por laboratórios e centros de pesquisa, pois são eles que usufruirão do direito de patente, que,
talvez, venha a ser quebrada, muitos anos depois, propiciando a produção de genéricos.

- Se o remédio não conta com registro na Anvisa parte-se da premissa de que não será
concedido. Entretanto, a depender da situação, é possível consentir que o Estado o forneça.

ATENÇÃO: O STF fixou uma tese estabelecendo que o Estado (Poder Público) NÃO é obrigado a
fornecer medicamento de alto custo solicitado judicialmente quando esse não estiver na
relação de medicamentos em situação excepcional, o programa de dispensação de
medicamentos adotado pelo SUS.

Se o fármaco não constar na lista do SUS o Poder Público não será obrigado a fornecê-lo. Existe
uma balança entre recursos financeiros e saúde e, em regra, esta prevalece. Isso repercutiu na
necessidade de o Supremo Tribunal Federal fixar uma tese para fornecimento de remédios de
alto custo pelo Estado.

Fornecimento de Remédios de Alto Custo pelo Estado


1. O Estado não pode ser obrigado a fornecer medicamentos experimentais.

2. A ausência de registro na Anvisa impede, como regra geral, o fornecimento de medicamento


por decisão judicial.

3. É possível, excepcionalmente, a concessão judicial de medicamento sem registro sanitário,


em caso de mora irrazoável da Anvisa em apreciar o pedido (prazo superior ao previsto na Lei
n. 13.411/2016), quando preenchidos três requisitos: I ‒ a existência de pedido de registro do
medicamento no Brasil, salvo no caso de medicamentos órfãos, para doenças raras e
ultrarraras; II ‒ a existência de registro do medicamento em renomadas agências de regulação
no exterior; III ‒ a inexistência de substituto terapêutico com registro no Brasil.

4. As ações que demandem o fornecimento de medicamentos sem registro na Anvisa, deverão


ser necessariamente propostas em face da União.

A falta de registro na Anvisa, impede, como regra, o fornecimento de medicamento. Não


obstante, é possível excepcioná-la no caso de o laboratório já ter cumprido todo o
procedimento para a aquisição do registro, faltando, apenas, sua expedição pela Anvisa ‒
devido à mora em apreciar o pedido. Outra circunstância contemplada é a dos medicamentos
órfãos ‒ para doenças raras e ultrarraras. Como são voltados para doenças incomuns, não é
vantajoso para o laboratório registrá-los, uma vez que os acometidos são poucos e, o registro
no Brasil é caro. Desse modo, se o medicamento for registrado em outras agências renomadas
do mundo ‒ como FDA e EMA ‒ poderá ser fornecido.

O item 4, que é de grande importância para a prova, dispõe que as ações para fornecimento
de medicamentos sem registro deverão ser propostas em face da União, indo, portanto, para
a Justiça Federal. Esse item é uma exceção.

Em matéria de saúde, o Supremo Tribunal Federal entende que a responsabilidade é solidária


entre os entes, de modo que é cabível entrar com ação contra a União, o Estado, o Município e
o Distrito Federal. O Município é o ente mais próximo do cidadão, entretanto, é o que possui
menos dinheiro. Entre os entes municipal e federal, está Estado e, o com mais recursos é a
União.

O paciente poderá acionar qualquer um deles, pois a responsabilidade é solidária e não


subsidiária. Porém, se o remédio não detém registro na Anvisa, a regra da responsabilidade
solidária será quebrada. Nessa circunstância a ação só poderá ser ajuizada contra a União,
tendo em vista centralizar e evitar decisões divergentes, organizando melhor o pagamento de
medicamentos de alto custo, que consome uma grande parcela da receita dos cofres públicos
federais.

A (In)constitucionalidade da lei sobre o fornecimento da pílula da luz para o câncer

É vedado ao Poder Legislativo determinar o fornecimento de um medicamento do qual não se


sabe a segurança e a eficácia

Adiante, será trabalhado o texto do art. 6º da CF, porém, com cautela. No final do ano de 2021
houve uma mudança no texto da Constituição, vinda com a PEC dos precatórios. Foram duas
emendas: 113 e 114, relacionadas a precatório ‒ assunto do art. 100 da Constituição.

A emenda 114 versa sobre um ponto do art. 6º, e, o texto da Constituição, por si só, já traz
problemas.
Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a
segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma
desta Constituição. (Redação original da Constituição)

A Emenda 114, de 2021, estabelece que:


Parágrafo único. Todo brasileiro em situação de vulnerabilidade social terá direito a uma renda básica familiar,
garantida pelo poder público em programa permanente de transferência de renda, cujas normas e requisitos de
acesso serão determinados em lei, observada a legislação fiscal e orçamentária.

No final de 2021 o governo deu um calote nos precatórios para possibilitar a ampliação do
antigo Bolsa Família. O programa social, que já existia há muitos anos, ganhou uma nova
roupagem no final de 2021 com valores maiores. Isso foi garantido pelo explicitado no art. 6º:
todo o brasileiro em situação de vulnerabilidade terá acesso a um programa de renda básica
familiar permanente de transferência de renda. Os trechos destacados em negrito no texto da
lei ‒ alimentação, moradia, transporte ‒ foram inseridos por meio de emenda. Às vezes, as
provas cobram os direitos sociais inseridos dessa forma. O direito à alimentação foi
introduzido pela EC 64/2010, o à moradia pela EC 26/2000 e o ao transporte pela EC 90/2015.
Um direito social colocado na Constituição não é uma norma vazia, ele deve ser implementado
pelo poder público.

Obs.: o art. 6º é uma norma programática que é aquela que veicula programas de governo a
serem implementados pelo Poder Público.

MORADIA

O direito social à moradia impede a penhora do bem de família do fiador? A penhora do bem
de família do fiador dependerá do fato de a locação ser residencial ou comercial. Se for
comercial, o bem de família não pode ser penhorado, em outras palavras, o fiador não pode
perder sua casa. Se for residencial pode sofrer penhora.

Previdência social: Em matéria de previdência social, o Supremo declarou ser inconstitucional a


fixação de prazo decadencial quando se tratar de revisão para negativa de benefício
previdenciário. Nessa situação, em que o solicitante tem o benefício previdenciário negado e
pede a revisão, é vedada a fixação de prazo decadencial, uma vez que ele pode levar à perda
do direito de revisão. O Supremo entendeu que o estabelecimento do prazo poderia prejudicar
os mais vulneráveis ‒ e por isso os mais necessitados do benefício ‒ que muitas vezes não têm
informação e acesso à justiça e, por isso, são os mais propícios a deixar o limite expirar. Diante
disso, foi declarada a inconstitucionalidade do dispositivo que previa a fixação do prazo
decadencial.
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social:

• Existem trabalhadores e servidores. Os trabalhadores são regidos pelo art. 7º, os servidores
não. Estes são regidos pelo art. 39, § 3º da Constituição.

• Os servidores possuem apenas alguns direitos dispostos no art. 7º.

• Não há distinção entre trabalho avulso e com vínculo permanente. – Ex.: trabalhadores
portuários que são contratados por cada embarcação.

• Não há distinção entre trabalho, artístico, intelectual, mecânico ou braçal.

• Não há diferença entre homens e mulheres, salvo nos pontos que se referem à maternidade.
• A Reforma Trabalhista do ano de 2017 teve alguns pontos declarados inconstitucionais pelo
Supremo, tal como a parte que permitia que gestantes trabalhassem em situação de
insalubridade.
I – relação de emprego protegida contra despedida arbitrária ou sem justa causa, nos termos de lei complementar,
que preverá indenização compensatória, dentre outros direitos;

• Deve ser lei complementar.


II – seguro-desemprego, em caso de desemprego involuntário; III – fundo de garantia do tempo de serviço; IV –
salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender a suas necessidades vitais básicas e às de
sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social,
com reajustes periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para qualquer fim; V –
piso salarial proporcional à extensão e à complexidade do trabalho; VI – irredutibilidade do salário, salvo o disposto
em convenção ou acordo coletivo;

• O salário pode ser reduzido mediante convenção ou acordo coletivo.

Situação excepcional: durante o período de pandemia, foi permitida a redução de salário


mediante acordo individual.
VII – garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para os que percebem remuneração variável; VIII – décimo
terceiro salário com base na remuneração integral ou no valor da aposentadoria; IX – remuneração do trabalho
noturno superior à do diurno;

• A Constituição não cita o percentual, mas a legislação específica, sim.


X – proteção do salário na forma da lei, constituindo crime sua retenção dolosa;

• A retenção culposa não é crime.

XI – participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da remuneração, e, excepcionalmente, participação na


gestão da empresa, conforme definido em lei;

• Trata-se de norma de eficácia limitada.


XII – salário-família pago em razão do dependente do trabalhador de baixa renda nos termos da lei; XIII – duração
do trabalho normal não superior a oito horas diárias e quarenta e quatro semanais, facultada a compensação de
horários e a redução da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho; XIV – jornada de seis horas
para o trabalho realizado em turnos ininterruptos de revezamento, salvo negociação coletiva;

• O STF aceita compensação de horários, banco de horas e escalas de revezamento.

• É permitida a semana ou jornada inglesa e a semana ou jornada espanhola, ou seja, a


diluição de horas durante a semana para os casos em que o estabelecimento não funcione aos
sábados.
XV – repouso semanal remunerado, preferencialmente aos domingos;

• Preferencialmente e não obrigatoriamente aos domingos.


XVI – remuneração do serviço extraordinário superior, no mínimo, em cinquenta por cento à do normal; XVII – gozo
de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um terço a mais do que o salário normal; XVIII – licença à gestante,
sem prejuízo do emprego e do salário, com a duração de cento e vinte dias; XIX – licença-paternidade, nos termos
fixados em lei; XX – proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante incentivos específicos, nos termos da lei;
XXVI – reconhecimento das convenções e acordos coletivos de trabalho; XXVII – proteção em face da automação, na
forma da lei; XXVIII – seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador, sem excluir a indenização a que
este está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa; XXIX – ação, quanto a créditos resultantes das relações de
trabalho, com prazo prescricional de cinco anos, até o limite de dois anos após a extinção do contrato; XXX –
proibição de diferença de salários, de exercício de funções e de critério de admissão por motivo de sexo, idade, cor
ou estado civil; XXXI – proibição de qualquer discriminação no tocante a salário e critérios de admissão do
trabalhador portador de deficiência; XXXII – proibição de distinção entre trabalho manual, técnico e intelectual ou
entre os profissionais respectivos; XXXIII – proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores de
dezoito e de qualquer trabalho a menores de dezesseis anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de quatorze
anos; XXXIV – igualdade de direitos entre o trabalhador com vínculo empregatício permanente e o trabalhador
avulso Parágrafo único. São assegurados à categoria dos trabalhadores domésticos os direitos previstos nos incisos
IV, VI, VII, VIII, X, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XXI, XXII, XXIV, XXVI, XXX, XXXI e XXXIII e, atendidas as condições
estabelecidas em lei e observada a simplificação do cumprimento das obrigações tributárias, principais e acessórias,
decorrentes da relação de trabalho e suas peculiaridades, os previstos nos incisos I, II, III, IX, XII, XXV e XXVIII, bem
como a sua integração à previdência social.

• Os trabalhadores domésticos não possuem todos os direitos previstos nos 34 incisos.

Direitos dos Trabalhadores Urbanos e Rurais (art. 7º)

• Alcance – São válidos para trabalhadores urbanos e rurais.

• Proibição de distinções – A proibição não é válida para trabalhadores domésticos. Nesse


caso, pode haver distinção

– Entre homens e mulheres, trabalhadores urbanos e rurais, trabalhos braçais e intelectuais


não pode haver distinção.

• A Reforma Trabalhista – Dois pontos principais foram declarados inconstitucionais pelo


Supremo: - O fim da gratuidade de Justiça. - A permissão da gestante em atividade insalubre.

• Terceirização de atividade-meio x atividade-fim – Antes, era permitida a terceirização na


atividade-meio, não na atividade-fim. – O Supremo declarou a inconstitucionalidade da
exigência de salários iguais para a empresa contratada e contratante, pois isso inviabilizaria a
terceirização.

FGTS

• Rompimento do contrato de trabalho

– Pode se dar por iniciativa do trabalhador ou do patrão. Se for por iniciativa do patrão, este
deverá pagar a multa do FGTS.

– Acordo: a legislação de 2017 legitima o acordo com a multa em 20% ao invés dos 40%.

• A repercussão da aposentadoria no contrato de trabalho

– Servidor: quando se aposenta do cargo efetivo, o vínculo é rompido.

– Empregado de empresa privada: quando se aposenta, o vínculo com o empregador não é


rompido. Ou seja, pode se aposentar e continuar trabalhando, pois a aposentadoria não
rompe o vínculo.

– Empregado público (empresa pública, sociedade de economia mista, consórcio de


empresas): após a Emenda Complementar n. 103/2019, a aposentadoria passou a romper o
vínculo trabalhista.

• Prescrição trintenária x quinquenal – O prazo de prescrição era trintenário, mas passou a ser
quinquenal, ou seja, 5 anos.

Jornada de Trabalho

• Diária – 8 horas, e semanal – 44 horas. –


No serviço público, o valor costuma ser de 40 horas semanais.

• Turnos ininterruptos e escalas de revezamento

– São permitidos turnos de 6 horas, escalas de 12x36, 24x72 etc.

• Semanas inglesa e espanhola

– Semana inglesa: trabalha-se de segunda a quinta um pouco mais para poder folgar no
sábado. – Semana espanhola: em uma semana trabalha-se 40 horas e, na outra, trabalha- -se
48 horas.

• Limite semanal para servidores em acumulação lícita

– Quando o servidor faz acumulação, não há limite semanal, desde que haja compatibilidade
de horários.

– Para os casos de acumulação, é possível que a soma dos salários ultrapasse o teto máximo
permitido.

Salário Mínimo

• Caráter nacional

• Proibição de vinculação

– Na pensão alimentícia, o juiz pode fixar porcentagem do salário mínimo ou quantidade de


salário mínimo.

– A pensão alimentícia e o salário mínimo podem ser vinculados.

• SV 4 e o Adicional de insalubridade

– O adicional de insalubridade não pode ter vinculação com o salário mínimo, por conta do
dispositivo constitucional.

- SV 6 e o soldo dos conscritos

– Conscritos podem receber menos que um salário mínimo, pois não é considerado emprego,
mas, sim, um serviço obrigatório.

• Remuneração paga ao preso por seu trabalho.

– Presos: segundo a LEP podem receber ¾ do salário mínimo.

• Redutibilidade dos salários Prescrição de Verbas Trabalhistas

– É possível que o salário seja reduzido mediante acordo ou convenção coletiva.

• Prescrição total e parcial

– Prescrição envolve 5 anos, o que significa que, se o empregado trabalhou por 20 anos em
uma empresa e deseja processá-la, serão considerados para esse fim apenas os últimos 5 anos.
– A reclamação pode ocorrer até 2 anos após o rompimento com a empresa. Em qualquer dos
casos, é valido o prazo de 5 anos, ou seja, caso o trabalhador decida processar o empregador
após 2 anos do rompimento do vínculo, serão contabilizados apenas os três últimos anos
trabalhados.

Limites Etários

• Entre 14 e 16 anos

– Entre 14 e 16 anos: é possível trabalhar como aprendiz.

– A EC antes da Emenda n. 20/1998 considerava 12 anos a idade mínima para trabalhar como
aprendiz.

• Entre 16 e 18 anos

– É possível trabalhar, exceto em trabalho noturno, perigoso e insalubre

– A Constituição não proíbe formalmente o trabalho penoso para adolescentes entre 16 e 18.

- O trabalho penoso é o trabalho extremamente desgastante físico ou intelectualmente. Ex.:


trabalho em mina, trabalho em fronteira.

– A partir dos 18 anos é permitido qualquer tipo de trabalho.

Obs.: os adicionais de insalubridade e periculosidade não podem ser acumulados, segundo


jurisprudência majoritária.

Licenças à gestante e licença-paternidade

• Prazos constitucionais e possibilidade de ampliação

– Licença-maternidade: 120 dias.

– Licença-paternidade: 5 dias.

• Início da contagem do prazo

– O STF entende que o início da contagem se dá quando os dois, mãe e filho, tiverem alta do
hospital. Durante o momento que o bebê permanece no hospital (para os casos em que
precise de incubadora) o prazo não é contado.

• Licença à adotante

– Possui prazo igual à licença-maternidade, independentemente da idade da criança adotada.

DIREITO SINDICAL
CF, art. 8º É livre a associação profissional ou sindical, observado o seguinte:

Obs.: trata-se do princípio da liberdade sindical, que possui dois aspectos – de um lado, sob a
ótica da relação Estado vs. sindicato, de outro, sob a ótica do sindicato vs. sindicalizado.
I – a lei não poderá exigir autorização do Estado para a fundação de sindicato, ressalvado o registro no órgão
competente, vedadas ao Poder Público a interferência e a intervenção na organização sindical;

Obs.: em relação ao órgão competente, vale destacar que houve mudança no início do
governo de Jair Bolsonaro, que extinguiu, entre outros, o Ministério do Trabalho, que, até
então, era o órgão competente para o registro sindical. Com a extinção do Ministério do
Trabalho, parte de suas competências foi assumida pelo Ministério da Economia e outra parte
pelo Ministério da Justiça, que assumiu, inclusive, a competência para o registro sindical.
II – é vedada a criação de mais de uma organização sindical, em qualquer grau, representativa de categoria
profissional ou econômica, na mesma base territorial, que será definida pelos trabalhadores ou empregadores
interessados, não podendo ser inferior à área de um Município;

Obs.: trata-se do princípio da unicidade sindical, ou seja, não pode haver mais do que um
sindicato representativo da mesma categoria econômica ou profissional na mesma base – a
base mínima é o município. Apesar disso, é possível que haja mais de um sindicato na prática,
mas apenas um deles terá o registro no órgão competente. No Distrito Federal, havia dois
sindicatos representativos da categoria dos taxistas, um fundado em 1965 e outro, em 1996. A
Justiça deu ganho de causa para o mais novo, em razão de ter sido registrado no órgão
competente. Mas antes de 1996, o sindicato anterior já defendia os interesses da categoria,
mesmo sem registro. Ademais, como mencionado, a base mínima é um município, mas não
existe um limite máximo para a base, ou seja, pode haver sindicato para um estado inteiro, por
exemplo, e até um sindicato nacional.
III – ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses coletivos ou individuais da categoria, inclusive em questões
judiciais ou administrativas; IV – a assembleia geral fixará a contribuição que, em se tratando de categoria
profissional, será descontada em folha, para custeio do sistema confederativo da representação sindical respectiva,
independentemente da contribuição prevista em lei;

Obs.: não se trata da contribuição sindical, mas da contribuição confederativa, paga pelos
filiados ao sindicato
V – ninguém será obrigado a filiar-se ou a manter-se filiado a sindicato;

Princípio da Liberdade Sindical

• Relação Estado x Sindicato e entre Sindicato x Sindicalizado

– A lei não pode exigir autorização para funcionamento de sindicatos, associações ou


cooperativas.

– Além disso, ninguém é obrigado a se sindicalizar nem a permanecer sindicalizado.

- Em colônias de pescadores, há épocas do ano em que a pesca é proibida, em virtude do


período reprodutivo dos peixes. Nesses períodos, o governo paga um benefício para os
pesadores que dependem dessa atividade, o seguro-defeso. Entretanto, para receber o
seguro-defeso, o pescador deveria estar obrigatoriamente filiado à colônia de pescadores. O
STF entendeu que essa obrigação fere a liberdade sindical, portanto não é válida a regra que
condiciona a filiação à colônia de pescadores para o acesso ao seguro-defeso.

• A (im)possibilidade de o sindicato atuar sem estar registrado.

– Como mencionado, o sindicato pode atuar na defesa dos interesses de sua categoria, mas o
registro é importante para preservar a unicidade sindical

Princípio da Unicidade Sindical Na estrutura sindical tradicional, há três graus:

• 1º grau: sindicato;

• 2º grau: federação;

• 3º grau: confederação.
As centrais sindicais, como CUT, CGT e Força Sindical, não pertencem à estrutura sindical
tradicional. O art. 103 da CF estabelece como legitimados para ajuizar as ações de controle
concentrado de constitucionalidade – ação direta de inconstitucionalidade (ADI), ação
declaratória de constitucionalidade (ADC), ação declaratória de inconstitucionalidade por
omissão (ADO) e arguição de descumprimento de preceito fundamental (ADPF) – as
confederações sindicais ou entidades de classe de âmbito nacional. Esse assunto pode ser
exigido em provas no âmbito de controle de constitucionalidade, de direitos e garantias
fundamentais, de Poder Judiciário e de direitos sociais. Em que pese a possibilidade de existir
sindicato, federação e central de âmbito nacional, o STF – ao qual cabe julgar as ações de
controle concentrado – entende que nenhuma dessas três entidades tem legitimidade para
ajuizar ação de controle concentrado, pois somente a confederação sindical é legitimada, ou
seja, somente a entidade de terceiro grau na estrutura sindical.

Contribuição Sindical x Federativa

A contribuição sindical, mais conhecida popularmente, diz respeito àquela que era paga
anualmente por todos os trabalhadores, mesmo os não sindicalizados. Por sua vez, a
contribuição federativa é paga apenas pelo sindicalizado. Essa contribuição é facultativa. A
contribuição sindical era obrigatória até 2017, quando foi aprovada a Reforma Trabalhista, que
determinou que a contribuição sindical não pode mais ser obrigatória. As entidades sindicais
ingressaram com ADI no STF argumentando que o fim da obrigatoriedade da contribuição seria
inconstitucional. Um dos aspectos em discussão dizia respeito à seguinte questão: se o
sindicato não possui recursos, ele não possui as condições necessárias para defender os
trabalhadores que representa, assim, na relação entre trabalhador e patrão, um sindicato forte
é melhor para o trabalhador. Os autores da ADI, então, sustentavam que cortar os meios de
recurso dos sindicatos causaria desequilíbrio na relação entre empregador e empregados.
Depois de embates intensos no STF, prevaleceu o entendimento de que o fim da
obrigatoriedade é constitucional. Mesmo assim, muitas entidades passaram a remeter boletos
bancários relativos à contribuição sindical, sob pena de protesto. Diante dessa situação, o STF
validou a seguinte regra: se o trabalhador desejar fazer a contribuição para o sindicato, deverá
informar o sindicato de maneira expressa sobre essa opção – antes dessa regra, a lógica era
inversa, quem não queria pagar a contribuição deveria ir ao sindicato para informar essa
opção. Na prática, esse cenário fragilizou a estrutura sindical e isso pode vir a ser prejudicial
aos funcionários.
CF, art. 8º É livre a associação profissional ou sindical, observado o seguinte: [...] VI – é obrigatória a participação
dos sindicatos nas negociações coletivas de trabalho; VII – o aposentado filiado tem direito a votar e ser votado nas
organizações sindicais; VIII – é vedada a dispensa do empregado sindicalizado a partir do registro da candidatura a
cargo de direção ou representação sindical e, se eleito, ainda que suplente, até um ano após o final do mandato,
salvo se cometer falta grave nos termos da lei. Parágrafo único. As disposições deste artigo aplicam-se à
organização de sindicatos rurais e de colônias de pescadores, atendidas as condições que a lei estabelecer

Estabilidade do Dirigente Sindical e dos Membros Eleitos da CIPA

• Sindicato: órgão criado para defender os interesses de sua categoria.

– Se para uma eleição para a direção do sindicato forem apresentadas três chapas, as três
terão estabilidade do registro da candidatura até as eleições, porque a ideia é resguardar
aqueles que irão defender a categoria

. – Já a chapa vitoriosa terá estabilidade até um ano após o término do mandato como
dirigente sindical.
– A estabilidade do dirigente sindical não pertence a ele individualmente, mas à categoria.

• CIPA – Comissão Interna de Prevenção de Acidentes:

– Representantes eleitos pela categoria (os membros da CIPA previnem acidentes da


categoria); - Somente esses possuem estabilidade, que é equiparada ao do dirigente sindical
(do registro da candidatura até as eleições e, para os eleitos, até um ano após o término do
mandato).

– Representantes indicados pelo empregador.

ATENÇÃO: O dirigente sindical pode ser demitido em caso de falta grave, como roubo, mesmo
possuindo estabilidade

Estabilidade da Gestante

De acordo com o texto constitucional, do ADCT, a estabilidade da gestante vai da confirmação


da gravidez até cinco meses depois do parto. Diferentemente do dirigente sindical e do
membro eleito da CIPA, cuja estabilidade pertencem à categoria e não ao indivíduo, a
estabilidade da gestante pertence a ela individualmente. Cumpre ressaltar, no entanto, que a
gestante pode ser demitida durante o período da estabilidade, desde que seja devidamente
indenizada, isto é, a indenização deve cobrir o período até cinco meses após o parto – isso vale
também para as trabalhadoras domésticas, para as trabalhadoras contratadas por prazo
determinado, para as que estão em cargo em comissão e para as militares temporária s. Há um
entendimento do Tribunal Superior do Trabalho (TST), de 2017, segundo o qual, no contrato
por prazo determinado, não valeria a estabilidade para a gestante. Apesar disso, o
entendimento do STF (o que geralmente é exigido em prova) é de que a estabilidade também
vale para as trabalhadoras temporárias, servidoras em cargo de comissão ou função
comissionada e para as militares temporárias.

Negociação Coletiva

Existem regras divergentes sobre a necessidade de representação dos trabalhadores para a


negociação coletiva. Na Lei n. 8.112/1990, por exemplo, está previsto que a quantidade de
representantes varia de acordo com a quantidade de servidores no órgão. Na Constituição, por
sua vez, a previsão é de que, nas empresas com mais de 200 empregados, um empregado irá
representar a negociação entre trabalhador e empresa. Ou seja, não há escalonamento,
sempre deverá haver um representante, ainda que uma empresa tenha 1.000 empregados,
por exemplo. O STF tem reconhecido o papel da negociação coletiva. Nesse sentido, por
exemplo, no caso de plano de demissão voluntária (PDV), mais corretamente chamado de
plano de dispensa incentivada (PDI), se um indivíduo assinou o PDI negociado com a
participação do sindicato, não poderá acionar a Justiça posteriormente, porque o STF entende
que o PDI assinado com a participação do sindicato representa uma plena, geral e irrestrita
quitação.

CRITÉRIOS PARA A DEFINIÇÃO DA NACIONALIDADE

Há dois critérios para a definição da nacionalidade: territorial e sanguíneo. Em regra, país


colonizador adota o critério sanguíneo e país colonizado segue o critério territorial. Filhos de
Italianos, por exemplo, serão italianos independentemente do lugar em que nasçam.
Jus solis (território) x Jus sanguinis (sangue)

Qual o Modelo Adotado no Brasil? O Brasil adota o critério territorial. Tal critério pode ser
extremado ou temperado. No primeiro caso, adota-se apenas o território. No segundo caso,
admitem-se exceções ligadas ao sangue. Pode-se afirmar que o Brasil adota o critério
territorial com exceções (ou temperado). O que não se pode dizer é que o Brasil adota o
critério misto.
Art. 12. São brasileiros: I – natos: a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de pais estrangeiros,
desde que estes não estejam a serviço de seu país; b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira,
desde que qualquer deles esteja a serviço da República Federativa do Brasil; c) os nascidos no estrangeiro de pai
brasileiro ou de mãe brasileira, desde que sejam registrados em repartição brasileira competente ou venham a
residir na República Federativa do Brasil e optem, em qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela
nacionalidade brasileira;

a) Ainda que o filho não seja registrado no Brasil, este continuará sendo brasileiro nato.

ATENÇÃO: Situação hipotética: pai chileno e mãe argentina que estão no Brasil a serviço do
Uruguai. O filho do casal, nascido no Brasil, será brasileiro nato? SIM, pois nenhum dos pais
estava a serviço de seu país.

b) Para filhos nascidos no exterior, basta que um dos pais esteja a serviço do Brasil para que o
filho seja considerado brasileiro nato, não sendo necessário realizar qualquer tipo de registro
no país do nascimento.

c) Essa hipótese é a que mais costuma cair em concursos.

BRASILEIROS NATOS

• Critério territorial (nascidos no Brasil);

• Critério sanguíneo + trabalho; – Nascidos no estrangeiro com um dos pais a serviço do Brasil.

• Critério sanguíneo + opção ou registro na repartição competente (nacionalidade potestativa)


– Nascidos no estrangeiro e registrados em repartição competente serão brasileiros, ainda que
nunca venham a residir no Brasil.

• Naturalização tácita? A naturalização tácita não existe. Um indivíduo estrangeiro residente


no Brasil apenas se tornará brasileiro caso solicite.

Obs.: A aquisição de nacionalidade originária é automática.

ATENÇÃO:

Nato = nacionalidade originária, primária ou de primeiro grau.

Naturalizado = nacionalidade adquirida, derivada, secundária ou de segundo grau.

Situação hipotética: Um indivíduo, cujos pais não estavam a serviço do Brasil, nasceu em
território estrangeiro e não foi registrado em repartição brasileira competente. Aos 18 anos, o
indivíduo comete um crime na Espanha (cidade em que mora) e, aos 23 anos, vem para o
Brasil. Estando em território brasileiro, o indivíduo poderá solicitar a nacionalidade brasileira, a
qual será concedida na modalidade retroativa, considerando-o brasileiro nato desde o
nascimento. Caso a Espanha solicite ao Brasil a extradição do indivíduo, esta não será
concedida, pois o Brasil não extradita brasileiro nato.
Art. 12. São brasileiros: II – naturalizados: a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira, exigidas
aos originários de países de língua portuguesa apenas residência por um ano ininterrupto e idoneidade moral; b)
os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na República Federativa do Brasil há mais de quinze anos
ininterruptos e sem condenação penal, desde que requeiram a nacionalidade brasileira.

Os casos de brasileiros naturalizados referem-se a estrangeiros que desejam adquirir


nacionalidade brasileira.

a) Diz respeito à naturalização ordinária: “os que, na forma da lei, adquiram a


nacionalidade brasileira, exigidas aos originários de países de língua portuguesa
apenas residência por um ano ininterrupto e idoneidade moral;”
b) Diz respeito à naturalização extraordinária: “os estrangeiros de qualquer
nacionalidade, residentes na República Federativa do Brasil há mais de quinze anos
ininterruptos e sem condenação penal, desde que requeiram a nacionalidade
brasileira.”

Obs.: Os anos ininterruptos de ambos os casos não admitem a residência, mas admitem a
visita a outros países, inclusive o país de origem do indivíduo.

SITUAÇÃO DOS PORTUGUESES

• A quase nacionalidade:
Art. 12. São brasileiros: §1º Aos portugueses com residência permanente no país, se houver reciprocidade em
favor de brasileiros, serão atribuídos os direitos inerentes ao brasileiro, salvo os casos previstos nesta
Constituição.

• Portugueses não serão considerados brasileiros natos, mas, sim, quase naturalizados,
com os mesmo direitos dos naturalizados, desde que haja reciprocidade.
§ 2º A lei não poderá estabelecer distinção entre brasileiros natos e naturalizados, salvo nos casos previstos
nesta Constituição.

• A lei não poderá estabelecer distinção entre brasileiros natos e naturalizados, mas a
constituição poderá.
Obs.: Um indivíduo que possua duas nacionalidades originárias possuirá as mesmas
prerrogativas de um brasileiro que nasceu no Brasil, podendo, inclusive, tornar-se
Presidente da República. Rodrigo Maia, presidente da câmara dos deputados, filho de pais
brasileiros, nasceu no Chile e possui, portanto, duas nacionalidades: a brasileira e a
chilena.

– Dentro do Conselho da República, admitem-se brasileiros não natos, porém, em casos


determinados, seis brasileiros deverão ser natos: dois serão escolhidos pelo Presidente,
dois pela Câmara e dois pelo Senado.

Obs.: Para os cargos que não estão descritos no § 3º, não é necessário ser brasileiro nato.
Por exemplo, ministros e presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ).

CARGOS PRIVATIVOS DE BRASILEIROS NATOS – MP3.COM

§ 3º São privativos de brasileiro nato os cargos: I – de Presidente e Vice-Presidente da República; II – de


Presidente da Câmara dos Deputados; III – de Presidente do Senado Federal; IV – de Ministro do Supremo
Tribunal Federal; V – da carreira diplomática; VI – de oficial das Forças Armadas. VII – de Ministro de Estado da
Defesa.

I – Ordem de vocação sucessória

• Presidente e Vice-Presidente da República

• Presidente da Câmara dos Deputados

• Presidente do Senado Federal

• Ministros do STF

II – Segurança

• Ministro de Estado da Defesa

• Oficiais das Forças Armadas

III – Relações Internacionais

• Membros da carreira diplomática

Obs.: Ministro das Relações Exteriores (chanceler) não precisa ser brasileiro nato,
bastando ser naturalizado. Oficiais da Polícia Militar não precisam ser natos.

PERDA DA NACIONALIDADE
§ 4º Será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro que: I – tiver cancelada sua naturalização, por
sentença judicial, em virtude de atividade nociva ao interesse nacional; II – adquirir outra nacionalidade, salvo
nos casos: a) de reconhecimento de nacionalidade originária pela lei estrangeira; b) de imposição de
naturalização, pela norma estrangeira, ao brasileiro residente em estado estrangeiro, como condição para
permanência em seu território ou para o exercício de direitos civis;

ATENÇÃO: O cancelamento da naturalização é válido apenas para brasileiro naturalizado.


Não é possível ao brasileiro nato cancelar a sua naturalização.

• O cancelamento da naturalização ocorrerá por sentença judicial, nunca por via


administrativa.

• Caso o brasileiro nato decida adquirir, por vontade própria, outra nacionalidade, ele
perderá a nacionalidade brasileira, caso haja obrigatoriedade (como nos casos dos
jogadores de futebol), o indivíduo não pede a nacionalidade brasileira.

• Por opção voluntária, não é possível ser nato e naturalizado ao mesmo tempo, mas
admitem-se duas nacionalidades primárias.

PERDA DA NACIONALIDADE

• Cancelamento da naturalização, em decisão judicial transitada em julgado:

– Uso de documentação falsa

• Há como se readquirir a nacionalidade?

– A requisição para o naturalizado deve ser feita através de ação rescisória (para que
rescinda o trânsito em julgado);
– Caso o brasileiro nato, que tenha perdido a nacionalidade, deseje voltar a ser brasileiro,
voltará como brasileiro nato.

• Por opção voluntária: – Natureza da decisão que reconhece perda (declaratória).

• Não há perda: – Reconhecimento de nacionalidade originária; – Imposição unilateral.


Art. 13. A língua portuguesa é o idioma oficial da República Federativa do Brasil. § 1º São símbolos da
República Federativa do Brasil a bandeira, o hino, as armas e o selo nacionais. § 2º Os Estados, o Distrito
Federal e os Municípios poderão ter símbolos próprios.

SÍMBOLOS DA RFB – BAHIAS • Bandeira; • Hino; • Armas; • Selo.

Obs.: Há possibilidade de adoção de outros símbolos pelos demais Entes da RFB.

DIREITOS POLÍTICOS

ATENÇÃO: Os direitos políticos estão dispostos nos artigos 14 (mais extenso e bastante
cobrado), 15 (curto e também muito cobrado) e 16.
Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual
para todos, e, nos termos da lei, mediante: I – plebiscito; II – referendo; III – iniciativa popular § 1º O
alistamento eleitoral e o voto são: I – obrigatórios para os maiores de dezoito anos; II – facultativos para: a) os
analfabetos; b) os maiores de setenta anos; c) os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos.

Sufrágio significa a possibilidade de o indivíduo participar do processo eleitoral. O sufrágio


pode ser universal ou restrito, sendo adotado no Brasil o sufrágio universal. O escrutínio
está contido na ideia do voto que, por sua vez, está inserido na noção de sufrágio.

SUFRÁGIO

• Universal;

• Restrito:

– Censitário (ligado à quantidade de capital);

– Capacitário (capacidade intelectual):

- Mulheres e analfabetos não votavam.

VOTO

• Eleições diretas: – O voto é secreto.

• Eleições indiretas: – O voto é aberto.

Obs.: O Distrito Federal, em 2010, teve eleições indiretas para o cargo de Governador. Os
Deputados Distritais anunciavam o voto abertamente.

ESCRUTÍNIO (Votação em que os votos são colocados em uma urna).


• Aberto;

• Secreto.

DEMOCRACIA MISTA OU SEMIDIRETA (ADOTADA NO BRASIL)

• Representativa;

• Direta:

– Plebiscito;

– Referendo;

– Iniciativa popular.

ANALFABETOS

• Voto facultativo;

• Não têm capacidade eleitoral passiva, ou seja, não podem ser votado

MAIORES DE 70 ANOS

• Voto facultativo.

ATENÇÃO: O Brasil não admite a candidatura avulsa. Para se candidatar, é necessário que
candidato esteja filiado a algum partido.

DISK-CONSTITUIÇÃO – 3530-2118

35 – Presidente da República e Senador;

30 – Governador;

21 – Deputado Federal, Deputado Estadual ou Distrital, Prefeito, Vice-Prefeito e juiz de


paz;

18 – Vereador (ou Edil)

Obs.: A idade de 21 anos vale para Prefeito de qualquer munícipio, interior ou capital.

Obs.: Por conta da idade mínima, o Senado também é chamado de casa dos anciãos.

Os direitos políticos dividem-se em direitos positivos e negativos:

• Positivos: são aqueles em que é possível participar votando ou sendo votado.

• Negativos: abrangem de um lado inelegibilidades e de outro, perda e suspensão.

INELEGIBILIDADE
• Absoluta (só podem estar previstas na Constituição, valem para qualquer cargo);

• Relativas (podem estar previstas na Constituição ou em lei complementar).

ATENÇÃO: Não existe cassação de direitos políticos.


Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para
todos, e, nos termos da lei, mediante: § 2º Não podem alistar-se como eleitores os estrangeiros e, durante o
período do serviço militar obrigatório, os conscritos. § 4º São inelegíveis os inalistáveis e os analfabetos

• Os apátridas (heimatlos) também não podem se alistar como eleitores.

• Os conscritos ficam inalistáveis durante o período como recrutas. É possível alistar-se de


forma tardia (após o término da graduação).

• Os inalistáveis e os analfabetos caracterizam a inelegibilidade absoluta

ATENÇÃO: A inelegibilidade relativa por cônjuge ou parentesco é a que mais costuma cair em
prova.
Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para
todos, e, nos termos da lei, mediante: § 8º O militar alistável é elegível, atendidas as seguintes condições: I – se
contar menos de dez anos de serviço, deverá afastar-se da atividade; II – se contar mais de dez anos de serviço,
será agregado pela autoridade superior e, se eleito, passará automaticamente, no ato da diplomação, para a
inatividade.

Obs.: O prazo de dez anos deve-se ao fato de esse ser o período de estabilidade dos militares.

SITUAÇÃO DOS MILITARES

• Com MENOS de 10 anos: – Para concorrer a cargo político, deverá ir embora do serviço
militar, independentemente de ganhar ou perder as eleições.

• Com MAIS de 10 anos: – Para concorrer, ficará na condição de agregado. Caso perca as
eleições, o militar volta a trabalhar. Caso ganhe, o militar passa, no ato da diplomação, para a
inatividade. Após o término do mandato, o militar seguirá na inatividade
Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para
todos, e, nos termos da lei, mediante: § 5º O Presidente da República, os Governadores de Estado e do Distrito
Federal, os Prefeitos e quem os houver sucedido, ou substituído no curso dos mandatos poderão ser reeleitos para
um único período subsequente. § 6º Para concorrerem a outros cargos, o Presidente da República, os
Governadores de Estado e do Distrito Federal e os Prefeitos devem renunciar aos respectivos mandatos até seis
meses antes do pleito.

Obs.: Acima trata-se da desincompatibilização.


§ 7º São inelegíveis, no território de jurisdição do titular, o cônjuge e os parentes consanguíneos ou afins, até o
segundo grau ou por adoção, do Presidente da República, de Governador de Estado ou Território, do Distrito
Federal, de Prefeito ou de quem os haja substituído dentro dos seis meses anteriores ao pleito, salvo se já titular de
mandato eletivo e candidato à reeleição.

ATENÇÃO: O § 7º é o que mais costuma cair (inelegibilidade reflexa). Vale apenas para o
Executivo. Para o Legislativo, não há impedimento.
Para cada risca, conta-se um grau, não havendo parente de 1º grau em linha colateral.

PODEM: BISAVÔ, TIO/SOBRINHO (3º GRAU) - PRIMOS, TIO-AVÔ, SOBRINHO-NETO (4º


GRAU).

ATENÇÃO: Inelegibilidade reflexa não deve ser confundida com nepotismo. A primeira diz
respeito à concorrência de cargo eletivo. Suponha-se que o pai seja governador no DF e o filho
deseje candidatar-se a Deputado do DF. A regra não permite, a menos que o filho estivesse
candidatando-se à reeleição.

Obs.: O nepotismo refere-se à contratação de parentes para cargos em comissão

Exemplo 1 : Em 2018, Jair Bolsonaro candidatou-se a Presidente; o filho 1 candidatou-se a


Senador; filho 2, a Deputado Federal; e o filho 3, a Vereador.
• Pai: Presidente;

• Filho 1: Senador;

• Filho 2: Deputado Federal;

• Filho 3: Vereador.

O pai ainda não era Presidente. Ele estava concorrendo à Presidência, então não havia
impedimento para os filhos. Em 2022, o pai poderá candidatar-se novamente à reeleição. Os
filhos poderão candidatar-se somente à reeleição, não sendo permitida a mudança de cargo
eletivo.

Exemplo 2: O governador Mario Covas, de São Paulo, cujo vice era Geraldo Alkmin, disputou a
reeleição do cargo. Foi reeleito, mas faleceu no meio do segundo mandato, assumindo Geraldo
Alkmin o mandato tampão. Nesse caso, o STF entendeu que Alkmin poderia concorrer às
próximas eleições para o mesmo cargo, pois ele assumira apenas um mandato (o segundo)
como titular.

Exemplo 3: Casal Garotinho e Rosinha. Garotinho exerceu o primeiro mandato como


governador e abriu mão do segundo mandato, colocando a esposa, Rosinha, em seu lugar.
Caso Garotinho resolvesse candidatar-se novamente, Rosinha não poderia disputar um
terceiro mandato. O casal, então, optou pelo divórcio, para que assim pudessem disputar o
cargo alternadamente.

O STF, a fim de evitar vários mandatos consecutivos alternados entre um casal divorciado,
impôs a Súmula Vinculante n. 18, a qual aponta que o rompimento do vínculo, no curso do
mandato, não afasta a inelegibilidade reflexa.

Obs.: Em caso de morte, essa regra não se aplica, ou seja, caso Garotinho falecesse no segundo
mandato, Rosinha poderia disputar as eleições seguintes.

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