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DIREITO CONSTITUCIONAL

Princípios Fundamentais
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PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS

 Obs.: Uma marca de todas as aulas será a interdisciplinaridade e a interconexão entre um


ponto e outro do direito constitucional.

TÍTULO I
PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS (ARTIGOS 1º A 4º)

TEXTO CONSTITUCIONAL

Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municí-
pios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:

Como forma de governo, o Brasil é uma República e como forma de Estado é uma
Federação.
A União é citada no art. 18. Compõem a organização político-administrativa do Brasil:
União, Estados, DF e Municípios – todos autônomos.
Aqui, neste art. 1º, aparece a União indissolúvel, mas não aparece a União como
ente federado.
Há algum antagonismo nisso? Não. Na verdade, a Constituição tem que ser analisada
em conjunto. De acordo com o Ministro Eros Grau, do Supremo Tribunal Federal (STF), a
Constituição não pode ser interpretada em tiras e, dentro de uma interpretação sistemática,
Princípio da Unidade da Constituição, acopla-se o dispositivo do art. 1º e do art. 18, che-
gando à conclusão de que, de fato, existem a União, Estados, DF e Municípios como entes
autônomos.
O art. 1º dispõe sobre a proibição, “União indissolúvel”, a vedação do direito de secessão
(direito de separação), sob pena da incidência das regras dos arts. 34, 35 e 36, que tratam
da intervenção federal e da intervenção estadual.

I – a soberania;
II – a cidadania;
III – a dignidade da pessoa humana;
IV – os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;
V – o pluralismo político.

 Obs.: MNEMÔNICO – SO-CI-DI-VA-PLU


ANOTAÇÕES

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Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes
eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.

Serão aqui desdobrados os conceitos de democracia direta e democracia indireta ou


representativa.
Normalmente, quando se trata de democracia direta, as pessoas associam somente três
elementos, três formas de exercício direto da democracia, mas não são somente elas.

Princípios Fundamentais

• Forma de Estado: Unitário x Federação x Confederação


O Brasil adotava o Estado Unitário até 1891.
Aqui será sempre utilizado o marco constitucional, porque sabe-se o que aconteceu na
história e há um certo atraso para aquilo que acontece nos termos da Constituição.
Por exemplo, foi em 1889, no ano da história, que houve a Proclamação da República,
mas a República se torna uma forma de governo em 1891, na segunda Constituição.
Dentro do histórico das Constituições, a mais importante, sem dúvida, é a atual, e
a segunda mais importante, para as provas, é a de 1891, dada a grande mudança que
ela operou.
A Federação brasileira é por desagregação ou por segregação e, ainda, por movimento
centrífugo.
5m
A Confederação nunca foi adotada pelo Brasil.

• Forma de Governo: Monarquia x República


O Brasil foi uma Monarquia até 1891 (na Constituição).

• Sistema de Governo: Parlamentarismo x Presidencialismo


A diferença central entre Monarquia e República, é possível traçar alguns paralelos:
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Monarquia República
Vitaliciedade: fica no Marcada pela temporariedade, de quatro em quatro anos (é o que se tem hoje no
mandato até morrer Brasil) há uma alternância de poder.
ou abdicar do trono. Há uma possibilidade do chefe de governo, o Poder Executivo, ficar por dois man-
Já é sabido quem datos consecutivos apenas – não pode sofrer renovações sucessivas do mandato.
será o sucessor natu- O candidato precisa ser votado.
ral do trono. Há a possibilidade do governante responder perante o povo.

De um lado, hereditariedade e, do outro, elegibilidade.


O Brasil já foi monarquia presidencialista, monarquia parlamentarista, república parla-
mentarista e, hoje, é república presidencialista.
Desde quando o Brasil adota o presidencialismo?
O Brasil teve dois períodos de parlamentarismo. O primeiro aconteceu na época do Impé-
rio, havia a figura do príncipe regente (D. Pedro II, que era uma criança) numa monarquia
parlamentarista – mas o período mais importante é entre 1961 e 1963, quando também
houve o parlamentarismo no Brasil, com a figura do primeiro ministro: Tancredo Neves – uma
república parlamentarista.
É importante reparar no ano (1963), véspera do golpe militar – e essa coincidência não é
à toa. Na verdade, para enfraquecer o poder de João Goulart (Jango), foi colocado no Brasil
o sistema parlamentarista.
Jango era muito querido pelo povo e, em 1963, conclamou o povo fazendo a pergunta
“vocês me querem com muito ou com pouco poder”? A população votou para que fosse
devolvido os poderes para Jango, em consequência, uma república presidencialista. A partir
daí, houve a exacerbação dos conflitos e em 1964 foi decretado o golpe militar.

• Regime de Governo: Ditadura x Democracia

Cláusula pétrea implícita?

As cláusulas pétreas constam na Constituição Federal no art. 60, § 4º. (Cláusulas pétreas
explícitas ou expressas: separação de poderes, forma federativa de Estado, direitos e garan-
tias individuais, por exemplo). Voto direito, secreto, universal e periódico
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 Obs.: Mnemônico: FO – DI – VO – SE.

Gilmar Mendes, no Manual de Direito Constitucional, cita os princípios fundamentais,


Título I da Constituição, como cláusula pétrea implícita. art. 1º, 2º, 3º e 4º
10m

FUNDAMENTOS DA RFB

 Obs.: Mnemônico: SO – CI – DI – VA – PLU.

DI – Dignidade da pessoa humana: citado na doutrina como princípio matriz, como supra-
princípio, metaprincípio.
A dignidade da pessoa humana é a base do movimento do neoconstitucionalismo.
No neoconstitucionalismo, acontecem dois fenômenos:

• A pessoa humana é alçada ao centro do sistema, o ponto mais alto do sistema.


• Há também a incidência forte da rede principiológica.
Parte-se de um modelo que era formado só por regras e, a partir daí, o ordenamento jurí-
dico é reconhecido também por uma densidade normativa maior aos princípios.
Dentro das normas que compõem o sistema, haveria regras e princípios, e o princípio
matriz, o maior princípio de todos está centrado na dignidade da pessoa humana. A partir daí,
vários julgamentos do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça, invocarão
a dignidade da pessoa humana – um exemplo é Súmula Vinculante n. 11, que proíbe, em
regra, o uso de algemas (ela é baseada na dignidade da pessoa humana).
Outros pontos se entrelaçarão, seja no art. 1º, seja no art. 3º Por exemplo: a situação da
pessoa transgênero que queira mudar de nome.
VA – Valores sociais do trabalho e da livre iniciativa: o reconhecimento da adoção do
regime capitalista na economia. É preciso ler o art. 1º em conjunto com o art. 170 – valores
sociais do trabalho e da livre iniciativa podem aparecer no art. 1º e no art. 170 da Constituição
(que trata dos princípios da ordem econômica). Em 2019, houve a MP da liberdade econô-
mica, que depois foi convertida em lei, e tem base nesses artigos.
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Ponto importante dos valores sociais do trabalho e da livre iniciativa: esse ponto foi usado
pelo Supremo Tribunal Federal para afirmar a inconstitucionalidade de normas municipais
que proibiam o transporte por aplicativo de passageiros em determinados municípios. A força
dos taxistas em determinados municípios blindava aqueles municípios da entrada de Uber,
99 e outros tantos aplicativos de transporte de passageiros.
PLU – no ano de 2020, o Supremo Tribunal Federal (STF) confirmou um julgamento que
já tinha sido suspenso por meio de cautelar. A questão da cláusula de barreira, aqui, vai inci-
dir muito fortemente, até porque, num primeiro momento, o STF determinou que não pode-
ria haver cláusula de barreira em matéria eleitoral. O STF, num primeiro momento, declarou
a inconstitucionalidade de uma lei. Mas o tempo passou e aquela proibição da cláusula de
barreira por conta da inconstitucionalidade de uma lei, o STF percebeu a mudança de cenário
por conta da Emenda n. 97/2017, que trouxe de volta o instituto da cláusula de barreira em
matéria eleitoral.
15m
Detalhe importante: trata-se de uma Emenda à Constituição que aparentemente foi contra
dispositivo de decisão do STF. Algum problema? Nenhum. Até porque o STF, quando decide,
mesmo em controle concentrado, não vincula o Poder Legislativo, na sua função típica de
legislar. Isso sempre deve ser lembrado.

 Obs.: Há alguns nomes interessantes para provas discursivas em matéria jurídica.

Cláusula de barreira:
Há a figura do ativismo congressual, da reação legislativa ou, ainda, do efeito backlash.
Para entender de uma maneira mais simples, basta pensar naquela norma do Estado
do Ceará, que proibia a prática de Vaquejada. A norma foi declarada inconstitucional pelo
STF. Na sequência, houve uma reação dentro do Congresso Nacional – uma Emenda que
determinou que aquilo que, na forma da lei, for considerado patrimônio cultural nacional, não
é prática violadora de direitos dos animais. Em seguida, foi elaborada uma lei com a deter-
minação de que vaquejada, rodeio e laço são considerados patrimônio cultural nacional. É a
incidência do ativismo congressual, reação legislativa ou efeito backlash.
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A cláusula de barreira (ou cláusula de desempenho), hoje, é válida em matéria eleitoral,


ou seja, o partido deve demonstrar um determinado desempenho para continuar recebendo
recursos do fundo partidário. Além disso, também é válida nos concursos públicos.

Poder: titularidade x exercício



“Todo poder emana do povo” – mas é preciso distinguir titularidade (o titular do poder é
sempre o povo) e exercício (que pode ser na forma direta ou indireta).

Democracia mista ou semidireta: indireta (representativa) + direta.



Os elementos de democracia direta, no Brasil, são: plebiscito, referendo e iniciativa popu-
lar de lei.

ATENÇÃO
Há outras formas de exercício direto da democracia (arts. 203 e 204, CF): quando se
trata da assistência social com a participação da comunidade na formulação de políti-
cas públicas.

A regra, no Brasil, é a democracia indireta ou representativa.

Iniciativa popular de lei nas diferentes esferas de governo:



A iniciativa popular de lei não pode ser confundida com ação popular, que é remédio
constitucional.
20m

A iniciativa popular de lei nas três esferas de governo:


Há um julgamento do STF (de 2018), que continua relevante.

Federal:
No âmbito federal, o povo pode apresentar projeto de lei ordinária (LO) e projeto de lei
complementar (LC) – Lei da Ficha Limpa e Pacote Anticrime, por exemplo.
O ano da morte da atriz Daniela Perez (filha de Glória Perez) é muito importante. A Lei dos
Crimes Hediondos é de 1990. Na origem, o crime de homicídio qualificado não era hediondo.
O crime de homicídio qualificado se torna hediondo por causa do crime envolvendo a atriz
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Daniela Perez. Houve uma grande mobilização popular, à época foram juntadas 800 mil assi-
naturas, mas a iniciativa popular dependia de 1% do eleitorado, que, à época, estava em 1
milhão de eleitores.
No âmbito federal, o povo não pode apresentar EC (os legitimados para PEC constam
no art. 60 e são apenas quatro: o Presidente da República, 1/3 da Câmara, 1/3 do Senado e
mais da metade das Assembleias).
A iniciativa para PEC é concorrente, qualquer um dos quatro legitimados pode tratar de
qualquer um dos temas da CF.

Estadual/Distrital:
No âmbito estadual, o povo pode apresentar projeto de LO e projeto de LC e EC (desde
que esteja previsto na Constituição Estadual).

Municipal:
No âmbito municipal, também pode apresentar projeto de LO e projeto de LC e PELO
(desde que previsto na lei orgânica municipal, mas houve uma preocupação do constituinte,
pois o município, normalmente, é pequeno e 1% de pouca coisa seria uma enxurrada de pro-
jetos de lei de iniciativa popular, então, no âmbito municipal, o percentual é de 5%).

�Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a aula
preparada e ministrada pelo professor Aragonê Nunes Fernandes.
A presente degravação tem como objetivo auxiliar no acompanhamento e na revisão do conteúdo
ministrado na videoaula. Não recomendamos a substituição do estudo em vídeo pela leitura exclu-
siva deste material.
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