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20/01/2024, 08:41 Adoção do Recall no Brasil | Instituto de Direito Real

Adoção do Recall no Brasil


Por Eliomar Júnior 25/09/2020 as 13:25

Direito Constitucional

Neste artigo da série sobre democracia, vamos analisar o instituto


do recall (revogar) tendo como parâmetro o modelo americano.

Inicialmente, é indispensável esclarecer que não se deve confundir


o recall em estudo, com o recall previsto no Código de Defesa do
Consumidor (Lei 8.078/1990), dado que os institutos tratam de
assuntos e sistemáticas com objetivos completamente distintos.
Sendo, por vezes, ambos confundidos, tendo em vista que escrita,
pronúncia e origem de ambos os institutos serem iguais.

Possibilidade de implementação no Brasil


A possibilidade de implementação no Brasil do instituto do recall
(revogar) não é novidade no transcorrer da nossa história
democrática, principalmente por termos tido (em apenas trinta e um
anos de Constituição) dois processos de impeachment de ex-
presidentes da República, bem como pela constante instabilidade
política presente no país.

Sendo assim, constantemente são vistas propostas no sentido de


se importar do direito norte-americano a ideia de revogação de
mandatos, sobretudo os eletivos. Todos aqueles que se interessam
minimamente pelo debate político já se deparam com o tema, ainda
que de maneira breve, sem conhecer a fundo como funciona em
âmbito americano ou como, possivelmente, seria adotado no Brasil.
Políticos, imprensa, entidades de classe, eleitores (dentre outras

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categorias) não raro se defrontaram com a questão e buscam


elucidar o tema.

No que tange a doutrina pátria sobre o tema, faz-se necessário citar


a obra “O Referendo” de Adrian Sgarbi (1999). O livro trata a
respeito de experiências de deliberação popular pela via direta, sem
intermediação parlamentar, ao redor do mundo, minuciando as mais
diversas formas de participação política nos vários modelos de
democracia participativa.

Com relação às abordagens de cunho político, não é raro se


deparar com propostas de mudanças constitucionais neste sentido.
Exemplo disso foi a Proposta de Emenda Constitucional 73/2005
apresentada pelo ex-deputado e senador Eduardo Suplicy (PT/SP).
Na época o país era presidido pelo também petista Luiz Inácio Lula
da Silva. O ex-senador era entusiasta da adoção do recall para os
cargos de Presidente, Senador e Deputado Federal. Para ele:

A soberania popular não pode jamais ser alienada ou transferida,


sob pena de desaparecer. Os chamados representantes do povo
não recebem, ainda que minimamente, parcelas do poder político
supremo, mas exercem suas atribuições como delegados do povo
soberano, perante o qual devem prestar contas de sua gestão.
(SENADO, 2013)

O petista alertou ainda, à época, a necessidade de se debater tal


questão, haja vista estar intimamente relacionada à ideia
democracia participativa estabelecida em nossa Constituição
(SENADO, 2013):

Essa proposta, que de há muito já deveria ter sido considerada, dá


mais força ao povo, para que, de forma organizada, possa cobrar
de seus representantes o cumprimento das promessas de
campanha, pois caso não o façam, a sociedade tem o direito de
pedir de volta os mandatos, para concedê-los a novos
representantes políticos, mais sintonizados com a vontade popular.

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Além disso, não raro os candidatos apresentam ainda em suas


campanhas eleitorais a necessidade e a busca, caso eleitos, para
adesão do recall. É o caso, por exemplo, do vislumbrado no plano
de governo da candidata à Presidência da República Vera Lúcia do
Partido Socialista dos Trabalhadores Unificados (PSTU), conforme
veiculado pela imprensa durante a última corrida eleitoral (G1,
2018).

Mais recentemente, a classe política se deparou novamente com a


questão, através de Proposta de Emenda Constitucional 21/2015
(de relatoria de Antônio Anastasia - PSDB/MG). Em maio de 2019 a
questão achava-se em grande evidência (ONOFRE, 2019). O
governo encontrava grande desgaste perante o Congresso
Nacional, haja vista as tentativas, nos primeiros meses de gestão,
de aprovar as reformas que julgava necessárias para um bom
governo e, sobretudo, retomada do crescimento econômico.
Congressistas estavam preocupados com crise política instaurada,
não só dentro do governo, mas também nas relações entre
Congresso e Planalto. O que causava apreensão perante a
sociedade brasileira e investidores.

Adiante, serão apresentadas as perspectivas para adoção nos


entes possuidores de autonomia federativa, bem como os
respetivos desafios a se enfrentarem na República Federativa do
Brasil.

Adoção em âmbito nacional


Com o advento da Constituição de 1988, instaurou-se no Brasil
uma federação em que existem membros como entes político-
administrativos autônomos. Esses entes são União, Estados,
Municípios e Distrito Federal, sendo este último possuidor, ora de
características estaduais, ora de características municipais.
Costuma-se dizer que o Brasil adotou um federalismo
tridimensional (federalismo de terceiro grau). Ao possuírem essas
características, tais membros devem dispor de suas respectivas

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normas regulamentadoras, obedecendo aquilo que está permitido e


não-proibido pela Constituição Federal.

Assim sendo, para que haja a admissão do recall no Brasil, será


necessário, primeiramente, mudanças em nossa Constituição da
República Federativa do Brasil e posteriormente nas constituições
dos Estados e leis orgânicas dos Municípios. Tais mudanças
deveriam acontecer principalmente no CAPÍTULO IV, denominado
DOS DIREITOS POLÍTICOS, da Constituição Federal.

Nossa constituição definiu expressamente três mecanismos de


participação popular direta: plebiscito, referendo e iniciativa popular
de lei. Tais mecanismo encontram-se previstos no Artigo 14 da
Constituição Federal, que assim estabelece:

Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e


pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos, e, nos termos
da lei, mediante:

I - plebiscito;

II - referendo;

III - iniciativa popular.

O legislador ordinário cuidou de regulamentar tais institutos, que


constam no artigo transcrito acima, através da Lei 9709/1998,
definindo o que são cada um desses institutos, em seus artigos 2º e
13º transcritos a seguir:

Art. 2o Plebiscito e referendo são consultas formuladas ao povo


para que delibere sobre matéria de acentuada relevância, de
natureza constitucional, legislativa ou administrativa.

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§ 1o O plebiscito é convocado com anterioridade a ato legislativo ou


administrativo, cabendo ao povo, pelo voto, aprovar ou denegar o
que lhe tenha sido submetido.

§ 2o O referendo é convocado com posterioridade a ato legislativo


ou administrativo, cumprindo ao povo a respectiva ratificação ou
rejeição.

Art. 13. A iniciativa popular consiste na apresentação de projeto de


lei à Câmara dos Deputados, subscrito por, no mínimo, um por
cento do eleitorado nacional, distribuído pelo menos por cinco
Estados, com não menos de três décimos por cento dos eleitores
de cada um deles.

Em que pese tais previsões de índole constitucional, os institutos


foram pouquíssimos utilizados no transcorrer das últimas décadas
de regime democrático. Apenas um plebiscito fora realizado até
aqui, em 1993 o povo se dirigiu as urnas para decidir a forma de
governo (monarquia parlamentar x república) e o sistema de
governo (parlamentarismo x presidencialismo) a serem adotados no
Brasil. Já quanto ao referendo só foi realizado um em 2005; à
época existia grandes dúvidas quanto a proibição do comércio de
armas de fogo e munição. Iniciativas populares de lei, apesar de
mais comuns, foram raras as vezes que se chegou a atingir os
requisitos estabelecidos para que a iniciativa fosse admitida perante
o Congresso Nacional, e em muitos casos tiveram seus respectivos
textos iniciais alterados sensivelmente pelos congressistas. Em
poucos mais de 31 anos de constituição, apenas quatro projetos
foram devidamente convertidos em lei (PEDREIRA, 2018).

Sendo assim, o mecanismo a ser utilizado para a inserção do termo


recall, referendo revogatório - a exemplo do termo existente na
Constituição venezuelana (embora seja muito difícil, atualmente, a
aceitação de qualquer ideia que remeta ao nosso vizinho sul-
americano, haja vista as discursões acaloradas entre esquerda x
direita envolvendo temas que remetam à Venezuela) ou qualquer
outro termo que transmita a mesma ideia de revisão popular de
mandatos eletivos, deve ser uma Emenda Constitucional. Isso
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porque é o único ato legislativo hábil a produzir mudanças no texto


constitucional, conforme estabelecido nos artigos 59 e 60 da
Constituição Federal.

Cabe esclarecer que por se tratar de Proposta de Emenda


Constitucional (PEC), os presidentes que se deparem com a
questão durante seus governos não poderão vetar ou sancionar a
respectiva emenda, haja vista que este tipo de categoria legislativa
não está no rol de atos legislativos sujeitos a parecer da
Presidência da República, restando a cargo do Congresso Nacional
a aceitação da proposta, análise, discussão e consequente
aprovação de eventual proposta.

Além do Congresso Nacional, a única instituição capaz de impedir,


juridicamente, a aprovação de uma Emenda Constitucional neste
sentido, seria a Suprema Corte do Brasil. A Constituição outorgou
ao Supremo Tribunal Federal a incumbência do controle de
constitucionalidade, cabendo a este órgão de cúpula do poder
judiciário brasileiro a missão de zelar pela Constituição e seus
ditames ali estabelecidos. Havendo algum indício ou evidência de
inconstitucionalidade, cabe ao órgão atuar no sentido de combater
tais irregularidades.

Adoção em âmbito estadual e municipal


Cumpre destacar que, por uma opção do Constituinte de 1988, os
Estados da federação ficaram com pouca ou quase nenhuma
competência constitucional legislativa, o que se denominou chamar
de competência residual. Mas fato é que os mesmos, juntamente
com os municípios são dotados de capacidade legislativa (auto-
organização), devendo por isso instituírem suas diretrizes quanto as
competências delegadas pela Constituição Federal.

Assim sendo, os mesmos devem instituir suas respectivas


Constituições e Leis Orgânicas. Nestes mecanismos deve haver
previsão da possibilidade de destituição de um mandato eletivo

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estadual ou municipal, a depender do ente e somente em caso de


incorporação do instituto do recall ao direito brasileiro, através de
Emenda Constitucional, conforme explanado no tópico anterior.

Pode-se dizer que o instituto do recall, analisado em seu contexto


americano, possui profundas ligações com os assuntos que
envolvam um menor colégio eleitoral. Não à toa nos Estados
Unidos da América é muito utilizado para questões relacionadas à
destituição de reitores de universidades, diretores de escolas,
dentre outros cargos ligados a funções eminentemente locais.

Sendo assim, no caso brasileiro, resta evidente que, pelo tamanho


territorial de nossa nação e os dilemas enfrentados no país, o
instituto seria mais bem aplicado em âmbito municipal (cargos de
prefeitos e vereadores). Isso porque as populações dos municípios
inevitavelmente estão mais envoltas aos assuntos locais, sobretudo
em municípios com demanda populacional menor. O que não é raro
de se vislumbrar, haja vista que o Brasil possui mais de cinco mil
Municípios espalhados por seu território nacional.

Além disso, da leitura e interpretação de nossa Carta Magna, é


possível dizer que há uma tendência de ampliação de participação
popular local, haja vista que os mesmos são dotados, como dito
anteriormente, de autonomia federativa, que se reflete nas mais
diversas áreas (administrativa, financeira, legislativa etc.) e assim
não poderia ser diferente no campo político.

Até por isso, não raro as lideranças locais sugerem a adoção do


recall como uma alternativa aos problemas relacionados à falta de
identidade entre uma determinada população e respectivos anseios
e aqueles que os representam. Renato Cinco (PSOL), vereador
pelo Município do Rio de Janeiro, defende a adesão do recall no
Brasil. O vereador denomina o instituto através da nomenclatura
“revogabilidade de mandado”. Ele cita casos de recall ocorrido no
direito comparado, sendo os da Califórnia (Gray Daves) e
Venezuela (Hugo Chaves) bases para o discurso do político
carioca. Renato Cinco afirma ter certeza que, se no Estado do Rio
de Janeiro houvesse recall, o ex-governador Sérgio Cabral, por
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exemplo, possivelmente teria feito um melhor governo, mais


responsável e sobretudo estaria menos propenso a corrução, visto
que no caso das iminentes apresentações de escândalos
envolvendo desvios de verbas públicas em sua administração, ele
correria sérios riscos de perder o mandato de governador do
Estado da Guanabara.

É inevitável conceber o recall como um mecanismo possivelmente


mais eficaz em âmbito municipal, haja vista fatores como espaço
físico territorial, demanda eleitoral, ligação entre eleitorado e os
ocupantes dos cargos a serem objeto do recall, bem como os
custos que envolveriam a mobilização local. Levando-se todos
esses aspectos em consideração, fica evidente que, no caso do
Brasil por possuir um espaço territorial quase que continental, bem
como pelas características de nossa federação, melhor seria sua
incorporação ao direito brasileiro primeira ou unicamente em âmbito
municipal.

Desafios político-institucionais
É inegável que o Brasil vive atualmente uma crise em seu sistema
jurídico e político. A descrença da população nas instituições
públicas e nos governantes nunca foi tão grande e alvo de tantas
críticas, ou mesmo, estiveram tão desacreditadas pela maior parte
da população como nos dias atuais. Tais fatos se refletem em
acontecimentos que fragilizam as instituições públicas, a ponto de
desestabilizar o Estado Democrático Brasileiro, levando,
principalmente, aqueles que se dedicam as chamadas ciências
sociais, a buscarem novas perspectivas para um avanço social,
político, econômico e jurídico pra nação brasileira.

Sendo assim, faz-se necessário estudar e propor novas


alternativas, para que não ocorram “sensos comuns” que, muitas
das vezes, atrapalham o caminhar e desenvolvimento no plano
jurídico e político do país. Vide o recente caso de impeachment
[impedimento/impugnação] ocorrido em 2016 com a ex-presidente
Dilma Rousseff (2011-2016), que, diferentemente do sofrido pelo
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ex-presidente Fernando Collor de Melo (1990-1992), não contava


com o apoio tão maciço da população, e de variados setores,
embora, a bem da verdade, a presidente encontrasse
descontentamento, em parte expressiva da sociedade brasileira. No
caso de Collor, o desejo de sua saída era quase unânime: a maior
parte da população, políticos, entidades de classe, movimentos
estudantis, não desejavam que o até então presidente, continuasse
a exercer suas atribuições até o fim do mandato, além do fato de o
mesmo não contar com apoio perante o Congresso Nacional.

A possibilidade de revisão de mandatos eletivos me parece uma


alternativa atual, legitima e possível para o país, haja vista os
motivos, até aqui expostos. Tratar do tema em comento possibilita
uma maior participação popular em decisões ímpares, compactua
com o princípio representativo, encontrando fundamento na própria
ideia de democracia, já que o povo é o titular do poder constituinte
originário, aquele que cria uma nova constituição e, portanto, um
novo ordenamento jurídico (SILVA, 2015). Tal retomada se faz
necessária justamente pela descrença dos cidadãos nos ocupantes
de cargos políticos que muitas das vezes se dá pela quebra de
confiança ao longo do exercício do mandato eletivo, por exemplo.
Falta de comprometimento com a coisa pública, casos de
corrupção, insuficiência de resultados, inúmeros são os fatores que
levam a população a desacreditar nos ocupantes de cargos
públicos, especialmente os eletivos.

É importante esclarecer até que ponto o recall seja algo compatível


com a realidade política brasileira, isso porque o mesmo é um
mecanismo perfeitamente utilizado nos EUA pelo fato do país
contar com um sistema de votos distrital, influenciando
profundamente a mentalidade eleitoral da população americana.

Outro fator que influencia profundamente nas questões eleitorais


está relacionado a grandes problemas enfrentados pelo nosso país
ao longo dos das últimas décadas no que tange a educação.
Historicamente o Brasil é um país que investe pouco em educação
e possui profundas dificuldades em melhorar a qualidade de seu
ensino. Ainda é alto número de pessoas que sequer são
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alfabetizadas, terminam o primário, que concluem o segundo grau e


menos ainda que possuem formação em nível superior. Tais fatores
inevitavelmente influenciam nas questões relacionadas à cidadania
das pessoas e na consequente capacidade de participação em
questões que envolvam o Estado. Rousseau, em uma de suas
obras mais famosas, “A Educação de Emílio” (1762), alerta que é
necessário que o homem desde pequeno tenha acesso a uma
educação de qualidade e uma profunda noção cívica, para que
assim possa melhor exercer o direito de poder.

Além disso, é importante ressaltar que muitas são as ressalvas


quanto a eficácia do modelo democrático. Noberto Bobbio
(BOBBIO, 1985, p. 33) ressalta que “[...]defensor do governo do
povo (que ainda não é chamado de “democracia”; esse termo tem
de modo geral, nos grandes pensadores políticos, uma acepção
negativa, de mau governo)”. Ou seja, apesar de a democracia ser
algo almejado por muitos e ser tida como um modelo agregador e
ampliativo, há suas nuanças, o que faz com que muitos dos
grandes nomes da filosofia e da história do direito tenham receios
quanto a sua eficácia. Rousseau (ROUSSEAU, 1980), por exemplo,
defende a ideia de que democracia seria um governo ideal para
estados pequenos, haja vista que haveria uma maior eficiência na
participação dos indivíduos nas participações coletivas em estados
menores, já que, assim, haveria maior facilidade para que a
população se reúna com razoável frequência. O mesmo acrescenta
ainda que:

[...] não há governo tão sujeito às guerras civis e às agitações


intestinas como o democrático ou popular, pois que não há nenhum
outro que tenda tão frequente e continuamente a mudar de forma,
nem que demande mais vigilância e coragem para se manter na
sua. É sobretudo nessa constituição de governo que o cidadão se
deve armar de força e constância, e dizer em cada dia de sua vida,
no fundo do coração, o que dizia um virtuoso palatino na dieta da
Polônia: Malo periculosam libertatem quam quietum servitium.
(ROUSSEAU, 2001, p. 95)

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E é mais radical ainda ao afirmar ser inevitável a morte do corpo


político. Para ele, a degeneração é um mal inerente aos governos,
ainda que tenham boas administrações e efetivas participações
populares:

Tal é o pendor natural e inevitável dos governos melhor


constituídos. Se Esparta e Roma pereceram, qual o Estado que
pode esperar durar eternamente? Se quisermos constituir um
estabelecimento durável, não pensemos em absoluto em fazê-lo
eterno. Para sermos bem sucedidos, não devemos tentar o
impossível, nem nos vangloriamos de dar à obra dos homens uma
solidez que as coisas humanas não comportam. (ROUSSEAU,
2001, p. 122)

Outo ponto a ser considerado é que a democracia normalmente é


temida por determinados grupos em uma dada sociedade, isso
porque ela necessariamente implica em uma redistribuição de
forças, sejam elas políticas, financeiras ou sociais. Com a migração
para um modelo democrático em dado país, ampliam-se as
cobranças e responsabilidades sobre o poderio estatal e tudo que
dele deriva. Novos atores políticos ganham relevância e passam a
ocupar cenários anteriormente destinados a pequenos grupos. Tais
fatores fazem com que, principalmente os mais ricos, temam uma
maior participação popular nas questões do estado, sobretudo
quando da eleição de novos representantes, haja vista ser comum
existir uma maior instabilidade nos meios de desenvolver a política
e captação de votos.

O renomado autor italiano Domenico Losurdo alerta quando a


intervenção de pequenos grupos, normalmente empresários de
maior influência na elite e do alto escalão militar, exercem sobre
democracias, especialmente nas modernas e que ainda estão em
processo de amadurecimento. Para ele “a extensão dos direitos
políticos é ligada não a um projeto de emancipação social, mas a
uma precisa preocupação política” (LOSURDO, 2004, p. 91).

Outra crítica do autor marxista italiano reside na existência de uma


espécie de bonapartismo soft que consiste em países que
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fundamentam seus modelos democráticos no existente nos Estados


Unidos da América, em que há uma suposta presença de sufrágio
universal, mas que, a bem da verdade, possui uma centralização de
poder e decisão no Poder Executivo. Para ele, tais fatores reduzem
a participação popular, asfixiando a vontade da maioria,
corroborando com uma “democracia de fachada” e que fortalece a
personificação da figura ocupante da chefia do poder executivo,
assemelhando-se a um monarca opressor, haja vista que o mesmo
se torna uma espécie de juiz que determinada a necessidade e
conveniência de determinadas decisões. “O presidente vê
reconhecido o seu direito de decidir” (LOSURDO, 2004, p. 143).

Exemplo atualmente existente no Brasil reside na possibilidade de


edição de medidas provisórias para tratar de diversos assuntos,
dentre eles questões sensíveis a economia do país, como fora
a reforma trabalhista ocorrida em 2017 que se deu através desta
espécie normativa. Muitas das vezes as medidas provisórias
servem para atender interesses do empresariado, sobretudo em
momentos de grande recessão financeira, como é o caso do Brasil.

O autor marxista alerta que esse fenômeno bonapartista é oriundo,


principalmente, da maneira americana de governar.
Tradicionalmente a figura do presidente americano personifica o
ideal americano e constantemente defende posturas que, caso não
sejam adotadas, colocam em risco o futuro da nação
estadunidense. O italiano destaca:

Assim, a realidade política americana nos coloca diante de uma


espécie de bonapartismo soft, que, no entanto, pode se
transformar, se necessário, de modo bastante fácil, num explicito
bonapartismo de guerra, para retornar novamente à normalidade
uma vez que se considere superado o estado de exceção.

É um regime político que supera brilhantemente a prova de fogo do


primeiro conflito mundial, conquista uma vitória depois da outra até
nossos dias. (LOSURDO, 2004, p. 146)

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O que se percebe é que costumeiramente pequenos grupos


pertencentes à burguesia (o que se assemelha a um modelo
oligárquico de governo) exercem influências sobre governos
formalmente estabelecidos através de voto popular, ano após ano,
mandatos após mandatos, sejam tais governos defensores de
ideias de direita ou de esquerda.

Rousseau outrora já alertava o quanto o aparelhamento estatal por


parte de anseios particulares pode ser negativo a uma sociedade:

nada é mais perigoso que a influência dos interesses privados nos


negócios públicos [...] Rigorosamente falando, nunca existiu
verdadeira democracia nem jamais existirá. Contraria a ordem
natural o grande número governar, e ser o pequeno governado. É
impossível admitir esteja o povo incessantemente reunido para
cuidar dos negócios públicos. (ROUSSEAU, 2001, p. 93- 94).

Fato que é que os dilemas que estão envoltos as formas de


governar não são fenômenos recentes, inerentes às sociedades
modernas. Não à toa, um dos grandes pensadores no que tange a
temáticas relacionadas ao estudo das mais diversas relações de
governos existentes (Políbio) entende que há um caminhar natural
e inevitável das formas de governo o que se denominou chamar de
“teoria ciclo”. Para ele existem seis formas de governar, nas quais
três são boas, e outras três ruins, sendo cada uma das formas ruins
sucessoras da forma antagônica boa até completar-se o ciclo por
inteiro. Tais formas são monarquia, aristocracia e democracia
(formas boas); tirania, oligarquia e oclocracia.

No livro A Teoria das Formas de Governo (1985), de autoria de


Noberto Bobbio, o autor esclarece os pensamentos de Políbio. Para
o teórico, na monarquia há a presença de um rei legítimo e que
posteriormente dá lugar a um regime de tirania, marcada pelo
terrorismo e força de seus atos, contrariando as expectativas dos
súditos. Evoluindo posteriormente para a aristocracia, governo de
poucas pessoas que dá lugar a oligarquia, também relacionada a
ideia de poucos governando, mas que diferentemente da
aristocracia é um governo composto pela elite, burguesia. Em uma
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“última” fase surge a democracia, governo legitimado pela


soberania popular, baseada no respeitos as instituições e maioria
de votos para a tomada de decisões que se deixa levar por paixões
a ponto de ser degenerada e substituída pela oclocracia, regime de
governo ruim, em que o governo, instituições e a soberania popular
constituem mera maquiagem do que realmente existe, que seria um
domínio de políticos demagogos influenciados por outros interesses
obscuros.

Assim, pode-se dizer, em síntese, que o historiador Políbio entende


que uma sucessão desses regimes de governos acima
mencionados é algo essencial e inevitável, sendo um processo
contínuo. E acrescenta, ainda, que governos simples são instáveis
e, inevitavelmente, ruins e que o ideal é que se adotem modelos de
governos mistos, a fim de dar maior eficiência e impedindo que os
excessos inerentes às formas más prevaleçam em determinado
momento.

Políbio cita ainda que corrupção se faz presente no interior de toda


e qualquer constituição, seja qual for o regime de governo adotado
(monarquia, aristocracia e democracia). O historiador faz uma
associação aos males que acometem ferragens e madeiras:

Da mesma forma como a ferrugem, que é um mal congênito do


ferro, o caruncho e as traças, que são males (internos) da madeira,
pelos quais um e outra são consumidos, ainda que escapem a
todos os danos externos, assim também toda constituição
apresenta um mal natural que lhe é inseparável: o despotismo com
relação ao reino; a oligarquia com relação à aristocracia; o governo
brutal e violento com respeito à democracia. Nessas formas, como
já disse, é impossível que não se alterem com o tempo todas as
constituições (VI, 10) (BOBBIO, 1985, p. 58)

Outro teórico importante a se debruçar sobre temáticas que


envolvem a constituição do Estado é Rousseau. O autor
contratualista é defensor de Estados menores, especialmente
daqueles maiores territorialmente afirmando que “um Estado

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pequeno é proporcionalmente mais forte que o maior”


(ROUSSEAU, 1980, p. 47).

Dalmo de Abreu Dallari afirma que somente será possível a


participação direta do povo em grandes democracias, quando a
tecnologia vir a ser utilizada, de fato, com este fim, trazendo
acessibilidade e rapidez na coleta as opiniões do povo. Porém
afirma ser difícil vislumbrar tal feito, haja vista que nas sociedades
modernas ainda é comum a figura da representação, sobretudo em
democracias populosas. Políticos resistem a tais mudanças, haja
vista que para os mesmos não seria algo produtivo, colocando sob
risco o sistema político atual, profundamente dependente da
representação política (DALLARI, 2013, p. 153)

A tecnologia é algo inerente aos dias correntes e, até por isso, não
é algo que pode ser usado apenas nos dias de votação, mas
também durante o processo eleitoral. Pode-se dizer, atualmente,
que vivemos em um mundo cada vez mais dinâmico, marcado pelo
entretenimento e velocidade das informações. Tais fatores
influenciam na política e processo de formação e constituição de
qualquer sociedade e governo, sobretudo em períodos eleitorais,
como acontecem em democracias atuais. Sendo assim, Addrian
Sgarbi alerta quanto a influência exercida pelos meios de
comunicação no processo político atualmente. O autor alerta que
(ao citar os históricos de referendos nos Estados Unidos da
América):

Tem-se acentuado, em sede estatística, que a opinião dos cidadãos


eleitores reflete, em significativa escala, o que os meios de
comunicação massivamente divulgam. Demais disso que as
proposições de referendo, principalmente por intermédio das
iniciativas, decorrem de forte pressão do empresariado, contando
com vultuosas somas em dinheiro” (SGARBI, 1999, pp. 319-320)

E acrescenta ainda que, para coibir as influência de tais fatores, a


legislação americana adota preços altos para propagandas de
opiniões pessoais; promovem a distribuição de matérias de cunho
explicativo; divulgam o balanço inicial das consequências de ambas
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20/01/2024, 08:41 Adoção do Recall no Brasil | Instituto de Direito Real

as decisões a serem tomadas; regulamentaram o tempo destinado


a cada um dos lados da campanha; bem como punem severamente
penalidades por propagandas enganosas (Adrian, 1999, p. 320).

É importante destacar que, sem dúvida alguma, meios de


participação popular direta são formas altamente democráticas de
manter sob a influência do povo o poder de decidir sobre
determinadas questões. Porém, é importante elucidar possíveis
consequências da adoção do recall no ordenamento jurídico
brasileiro, sobretudo em âmbito nacional, como se vislumbra por
diversos políticos e determinadas camadas da sociedade.

A adesão a revogação de mandatos poderia resolver determinadas


questões de ordem política, especialmente as relacionadas a
insatisfação com ocupante de mandatos eletivos, mais
rapidamente, dando celeridade ao processo que vai desde a
insatisfação política até a destituição do ocupante do cargo em si.
Porém, também geraria grande instabilidade na eficácia dos
institutos estabelecidos em nossa constituição, sobretudo no que
tange ao exercício completo do tempo estabelecido para mandatos
políticos, causando grande instabilidade jurídica.

O grande dilema a ser enfrentado pelo Brasil é fazer com que o


instituto não seja usado como trunfo por opositores e meios de
comunicação para extorquir e atingir os ocupantes de cargos a fim
de verem seus interesses também obtidos. Será necessária a
adoção, em contrapartida, de meios que obstem tais anseios
inerentes a democracias profundamente demagogas como a
atualmente vigente em nosso país.

O Ministro Marco Aurélio Mello da Suprema Corte Brasileira alerta


que o recall possui mais riscos do que um processo de
impeachment a ser conduzido pelo Congresso Nacional. Na visão
dele:

A população, especialmente a leiga, é muito sugestionável a


emoções. E não se pode marchar dessa forma, potencializando as

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eleições. O povo de início gosta de circo. E o circo é algo


totalmente discrepante do Estado Democrático de Direito. E só se
avança culturalmente observando as regras estabelecidas (MELLO,
2016)

Além disso, o ministro também esclarece a necessidade da


instituição de um novo ordenamento jurídico (nova constituição)
para inserção do recall na sistemática política brasileira:

Haveria ainda um obstáculo adicional à inserção do referendo


revogatório no ordenamento jurídico brasileiro: o STF. Marco Aurélio
garante que a corte barraria uma eventual emenda constitucional
que instituísse o mecanismo no país. Isso porque ela violaria a
cláusula pétrea da preservação do resultado das eleições. Dessa
forma, a medida só poderia ser criada caso uma nova Constituição
fosse elaborada do zero. (MELLO, 2016)

Fato é que a possibilidade de revogação de mandatos no Brasil,


especialmente eletivos, geraria um cenário propício a debates
acalorados e distorções de índole ideológicas quando do seu
trâmite. Pode-se dizer que, em alguns casos/aspectos, haveria a
ressureição do que se viu em séculos anteriores, com o chamado
mandato imperativo, que por muito tempo vigorou em países da
Europa e que ainda encontra embasamento na legislação de alguns
países, como a Colômbia. Embora, de fato, com uma outra
concepção da prevista anteriormente, haja vista que não é possível
vislumbrar que determinados candidatos firmem compromissos
irrestritos a determinadas causas, sem que se desvinculem
minimamente de suas promessas anteriormente feitas ao
eleitorado. Porém, de fato, é possível afirmar que haveria uma
espécie mínima de coação do eleitorado para com seus escolhidos
no sentido de ver seus anseios atingidos no transcorrer do
mandato, desestabilizando determinadas administrações e
legislaturas, o que pode comprometer o interesse público, já que
nem sempre a consciência e nível de instrução da população está
madura o suficiente para entender determinadas questões
relacionadas aos dilemas estatais.

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Por fim, é importante ressaltar que possibilidade de revogação


poderia atrapalhar uma constante oxigenação da classe política, no
sentido de que possíveis novos atores políticos se sentissem
coibidos a ingressar em pleitos populares, já que o recall, num
cenário brasileiro atual, inevitavelmente seria usado como uma
espécie chantagem política por parte de opositores e, até mesmo,
por parte da população, havendo, assim, uma espécie de
intimidação prévia dos eventuais concorrentes a cargos públicos.

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