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O Código de Defesa do Consumidor (Lei 8078/1990) é o dispositivo

legal que dispõe sobre os direitos e deveres dos consumidores, bem


como, determina regras e procedimentos para guiar as relações de
consumo no Brasil.  

Antes de mais nada, no entanto, é fundamental entender que é o


“consumidor” que esse código protege? O conceito de consumidor
pode ser encontrado logo no princípio do texto legal: 

  Art. 2° Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire


ou utiliza produto ou serviço como destinatário final. 

Assim, não apenas comprar ou usar um produto – um bem móvel ou


imóvel, material ou imaterial (art. 3º) – como também contratar a
prestação de um serviço podem tornar a pessoa um consumidor.  

Isso posto, é hora de entender porque vale a pena conhecer em


detalhes o Código do Consumidor.  

– Qual a importância do Código do


Consumidor? 
Não importa se você é um advogado da área, ou se é um consumidor
sem formação no tema: ao longo da sua vida, você certamente já se
deparou com dúvidas e conflitos relacionados à aquisição de um
produto ou serviço. Na loja online, no restaurante ou mesmo em um
serviço de atendimento de saúde, os problemas consumeristas são
bastante comuns.  
E é por isso que o Código de Defesa do Consumidor é tão importante
no ordenamento pátrio. Embora existam outros dispositivos para
legislar sobre setores e atividades econômicas mais delicadas, na
prática, é o CDC que reúne o arcabouço de regras gerais em matéria
consumerista.  

Assim, é no Código do Consumidor que as empresas vão encontrar os


padrões mínimos que precisam seguir. Bem como, encontrarão as
práticas abusivas, lesivas e que precisam ser evitadas. Sempre que
houver uma dúvida ou conflito na relação de consumo, portanto, o
Código é um bom lugar para começar a buscar por respostas.  

Como o CDC está dividido? 


O Código de Defesa do Consumidor conta com quase 120 artigos.
Para facilitar a leitura e navegação por esse texto legal, é
imprescindível conhecer seus sete títulos, assim distribuídos: 

TÍTULO I – Dos Direitos do Consumidor 


CAPÍTULO I – Disposições Gerais (Art. 1º ao 3º) 
CAPÍTULO II – Da Política Nacional de Relações de Consumo (Art. 4º e
5º) 
CAPÍTULO III – Dos Direitos Básicos do Consumidor (Art. 6º e 7º)  
CAPÍTULO IV – Da Qualidade de Produtos e Serviços, da Prevenção e
da Reparação dos Danos (Art. 8º ao 28, dividido em 5 seções) 
CAPÍTULO V – Das Práticas Comerciais (Art. 29 ao 45, dividido em 6
seções) 
CAPÍTULO VI – Da Proteção Contratual (Art. 46 ao 54, divido em 3
seções) 
CAPÍTULO VI-A – Da prevenção e do tratamento do
superendividamento (Art. 54-A ao 54-G) 
CAPÍTULO VII – Das Sanções Administrativas (Art. 55 ao 60) 
TÍTULO II – Das Infrações Penais (Art. 61 ao 80) 
TÍTULO III – Da Defesa do Consumidor em Juízo (Art. ao ) 
CAPÍTULO I – Disposições Gerais (Art. 81 ao 90) 
CAPÍTULO II – Das Ações Coletivas Para a Defesa de Interesses
Individuais Homogêneos (Art. 91 ao 100) 
CAPÍTULO III – Das Ações de Responsabilidade do Fornecedor de
Produtos e Serviços (Art. 101 e art. 102) 
CAPÍTULO IV – Da Coisa Julgada (Art. 103 e art. 104 ) 
CAPÍTULO V – Da Conciliação no Superendividamento (Art. 104-A ao
104-C) 
TÍTULO IV – Do Sistema Nacional de Defesa do Consumidor (Art. 105 e
106) 
TÍTULO V – Da Convenção Coletiva de Consumo  (Art. 107 e 108) 
TÍTULO VI – Disposições Finais (Art. 109 ao 119) 

Importa ressaltar que, ao longo dos mais de 30 anos de vigência do


Código, diversos trechos foram sendo alterado. Dentre os exemplos
mais expressivos, está a adição de dois capítulos inteiros ao CDC, por
meio da aprovação da Lei do Superendividamento.  

Principais artigos do Código


de Defesa do Consumidor
comentados 
Dentre as dezenas de artigos que compõem o Código de Defesa do
Consumidor, há alguns que merecem especial atenção – tanto dos
consumidores, quanto de empresas, e profissionais do direito.  

Abaixo, trazemos a íntegra e um breve comentário sobre cada um


desses artigos. Vamos lá? 
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Art. 06 – Código do consumidor:


dos direitos básicos 
O artigo 06 do Código de Defesa do Consumidor é um dos mais longos
de todo o dispositivo. Isso porque detalha os direitos básicos de todo
consumidor. Esses direitos abarcam questões amplas, como a
proteção à saúde. Mas também pontos específicos, como o direito de
acessar informações sobre o preço do produto, de acordo com uma
unidade de medida inteira (quilograma, litro, etc).  
Vejamos o art. 6º na íntegra: 
Art. 6º São direitos básicos do consumidor: 

        I – a proteção da vida, saúde e segurança contra os riscos


provocados por práticas no fornecimento de produtos e serviços
considerados perigosos ou nocivos; 

        II – a educação e divulgação sobre o consumo adequado dos


produtos e serviços, asseguradas a liberdade de escolha e a
igualdade nas contratações; 

       III – a informação adequada e clara sobre os diferentes


produtos e serviços, com especificação correta de quantidade,
características, composição, qualidade, tributos incidentes e
preço, bem como sobre os riscos que apresentem;             

        IV – a proteção contra a publicidade enganosa e abusiva,


métodos comerciais coercitivos ou desleais, bem como contra
práticas e cláusulas abusivas ou impostas no fornecimento de
produtos e serviços; 

        V – a modificação das cláusulas contratuais que estabeleçam


prestações desproporcionais ou sua revisão em razão de fatos
supervenientes que as tornem excessivamente onerosas; 

        VI – a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e


morais, individuais, coletivos e difusos; 

        VII – o acesso aos órgãos judiciários e administrativos com


vistas à prevenção ou reparação de danos patrimoniais e morais,
individuais, coletivos ou difusos, assegurada a proteção Jurídica,
administrativa e técnica aos necessitados; 

        VIII – a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a


inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando,
iéi d j i f í il l d f l
hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiências; 

        IX – (Vetado); 

        X – a adequada e eficaz prestação dos serviços públicos em


geral. 

XI – a garantia de práticas de crédito responsável, de educação


financeira e de prevenção e tratamento de situações de
superendividamento, preservado o mínimo existencial, nos termos
da regulamentação, por meio da revisão e da repactuação da
dívida, entre outras medidas;      

XII – a preservação do mínimo existencial, nos termos da


regulamentação, na repactuação de dívidas e na concessão de
crédito;    

XIII – a informação acerca dos preços dos produtos por unidade


de medida, tal como por quilo, por litro, por metro ou por outra
unidade, conforme o caso.  

       Parágrafo único.  A informação de que trata o inciso III


do caput deste artigo deve ser acessível à pessoa com deficiência,
observado o disposto em regulamento. 

A partir da íntegra do artigo 6º, cabe destacar alguns pontos .


Primeiramente, a proteção integral da vida, saúde e segurança do
consumidor, expressa no inciso I. Claramente, trata-se de uma
disposição que vai ao encontro do princípio da dignidade humana.  

Em seguida, merecem atenção os inúmeros incisos – sobretudo III, IV


e XIII –  que versam sobre o acesso a informações e dados que
permitam ao consumidor tomar uma decisão justa, autônoma e
orientada.  

Em terceiro lugar, chama atenção a proteção contratual, prevista


sobretudo no inciso V. O Código apoia o consumidor em situações
de onerosidade excessiva, entre outras condições abusivas.  

Ainda, é no art. 6º do Código do Consumidor que encontramos a


previsão de inversão de ônus da prova em favor do consumidor. A
facilitação da defesa é ainda mais extensa à medida em que menciona
a manutenção do mínimo existencial e a hipossuficiência.  

Por tudo isso, o artigo 6º é um dos artigos-chave para entender o


Código de Defesa do Consumidor.  

Art 18 – Código do consumidor: dos


vícios em produtos e serviços
O artigo 18 do Código de Defesa do Consumidor trata,
especificamente, das responsabilidades por eventuais vícios em
produtos ou serviços. Na prática, no entanto, o art. 18 também acaba
por dirimir uma série de dúvidas sobre a troca ou reembolso em fase
de produtos com defeitos que não forem corrigidos no prazo de 30
dias. In verbis: 
Art. 18. Os fornecedores de produtos de consumo duráveis ou
não duráveis respondem solidariamente pelos vícios de qualidade
ou quantidade que os tornem impróprios ou inadequados ao
consumo a que se destinam ou lhes diminuam o valor, assim
como por aqueles decorrentes da disparidade, com a indicações
constantes do recipiente, da embalagem, rotulagem ou mensagem
publicitária, respeitadas as variações decorrentes de sua natureza,
podendo o consumidor exigir a substituição das partes viciadas. 

        § 1° Não sendo o vício sanado no prazo máximo de trinta


dias, pode o consumidor exigir, alternativamente e à sua escolha: 

        I – a substituição do produto por outro da mesma espécie, em


perfeitas condições de uso; 

        II – a restituição imediata da quantia paga, monetariamente


atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos; 

        III – o abatimento proporcional do preço;  

        § 2° Poderão as partes convencionar a redução ou ampliação


do prazo previsto no parágrafo anterior, não podendo ser inferior a
sete nem superior a cento e oitenta dias. Nos contratos de
adesão, a cláusula de prazo deverá ser convencionada em
separado, por meio de manifestação expressa do consumidor. 

        § 3° O consumidor poderá fazer uso imediato das alternativas


do § 1° deste artigo sempre que, em razão da extensão do vício, a
substituição das partes viciadas puder comprometer a qualidade
ou características do produto, diminuir-lhe o valor ou se tratar de
produto essencial. 

        § 4° Tendo o consumidor optado pela alternativa do inciso I


do § 1° deste artigo, e não sendo possível a substituição do bem,
d áh b i i d é i d l
diversos, mediante complementação ou restituição de eventual
diferença de preço, sem prejuízo do disposto nos incisos II e III do
§ 1° deste artigo. 

        § 5° No caso de fornecimento de produtos in natura, será


responsável perante o consumidor o fornecedor imediato, exceto
quando identificado claramente seu produtor  

        § 6° São impróprios ao uso e consumo: 

        I – os produtos cujos prazos de validade estejam vencidos; 

        II – os produtos deteriorados, alterados, adulterados,


avariados, falsificados, corrompidos, fraudados, nocivos à vida ou
à saúde, perigosos ou, ainda, aqueles em desacordo com as
normas regulamentares de fabricação, distribuição ou
apresentação; 

        III – os produtos que, por qualquer motivo, se revelem


inadequados ao fim a que se destinam. 

No que diz respeito ao art. 18, cabe salientar que qualquer ação de
substituição do produto, reembolso da quantia paga, ou abatimento do
prazo (§ 1°) se aplicam exclusivamente após transcorrer o prazo legal
de 30 dias – ou o prazo que foi pré-acordado entre consumidor e
fornecedor.  

Ademais, a jurisprudência consolidada no STJ vai no sentido de


facultar ao consumidor a escolha sobre a alternativa que melhor
atende aos seus interesses – dentre as possibilidades de substituição
do bem, restituição do preço, ou abatimento proporcional.  
Ainda no que tange ao prazo para que o consumidor receba
compensação pelos produtos ou serviços com vício, importa destacar
que o § 3° permite que as alternativas de compensação sejam
imediatamente acionadas. Isso se aplica aos casos em que a
substituição das partes viciadas comprometer o produto, diminuir-lhe o
valor ou se tratar de produto essencial.  

A lei, no entanto, não define o que é considerado produto essencial,


cabendo buscar na doutrina e jurisprudência tal conceituação.  

Por fim, temos ainda no bojo do artigo 18 algumas indicações


essenciais para consumidores de produtos in natura ou perecíveis.
Especial atenção para a responsabilização nestes casos, e para a
exigência de que os produtos estejam dentro da validade, sobre pena
de serem considerados impróprios para consumo.  

Art 26 – Código do consumidor: do


prazo para reclamar ou acionar
garantia  
O Art. 26 versa sobre os prazos de decadência e prescrição quando se
trata do direito do consumidor de reclamar frente à vícios em produtos
ou serviços. Por esse motivo, o artigo em questão é conhecido também
como aquele que regula a garantia desses itens. Vejamos: 
Art. 26. O direito de reclamar pelos vícios aparentes ou de fácil
constatação caduca em: 

        I – trinta dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de


produtos não duráveis; 

        II – noventa dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de


produtos duráveis. 

        § 1° Inicia-se a contagem do prazo decadencial a partir da


entrega efetiva do produto ou do término da execução dos
serviços. 

        § 2° Obstam a decadência: 

        I – a reclamação comprovadamente formulada pelo


consumidor perante o fornecedor de produtos e serviços até a
resposta negativa correspondente, que deve ser transmitida de
forma inequívoca; 

        II – (Vetado). 

        III – a instauração de inquérito civil, até seu encerramento. 

        § 3° Tratando-se de vício oculto, o prazo decadencial inicia-


se no momento em que ficar evidenciado o defeito. 

Antes de mais nada, está evidente na letra da lei que não há


necessidade de contratação formal de uma garantia contra vícios. A
garantia é automática e está embutida no momento da aquisição, ainda
que os prazos – 30 e 90 dias – não sejam tão amplos.  
Fica claro, ainda, que a durabilidade do bem em questão é o que
determina o tempo de garantia. Além disso, o Art. 6º do Código do
Consumidor tratou de explicitar quando se inicia a contagem do prazo.
A saber, no momento da compra, para bens com vício evidente. Ou no
momento em que o vício é detectado, quando estiver inicialmente
oculto. 

Art 35 – Código de Defesa do


Consumidor: da obrigação de
cumprir com a oferta
O fornecedor de um produto ou serviço está obrigado a cumprir com a
oferta que anunciou, uma vez que ela é divulgada? A priori, o Código
de Defesa do Consumidor responderá que “sim”. Contudo, a resposta
não é absoluta, como veremos nos comentários.  

Por ora, passemos a íntegra do art. 35, onde esse tema é tratado: 
Art. 35. Se o fornecedor de produtos ou serviços recusar
cumprimento à oferta, apresentação ou publicidade, o consumidor
poderá, alternativamente e à sua livre escolha: 

        I – exigir o cumprimento forçado da obrigação, nos termos da


oferta, apresentação ou publicidade; 

        II – aceitar outro produto ou prestação de serviço


equivalente; 

        III – rescindir o contrato, com direito à restituição de quantia


eventualmente antecipada, monetariamente atualizada, e a perdas
e danos. 

Manifestadamente, a responsabilidade pelo cumprimento da oferta


apresentada é do fornecedor. Assim, se o fornecedor comete um erro e
publiciza um valor incorreto para um produto, ao primeiro olhar, é sua
obrigação cumprir com a oferta 

Logo, é possível encontrar inúmeros exemplos de julgados que, com


base no art. 35 do CDC, deram ganho de causa ao consumidor que
pagou um valor consideravelmente abaixo do valor de mercado por um
bem ou serviço.  

O protecionismo do consumidor não é absoluto, de modo que há


outros julgados em que os magistrados consideraram haver ma-fé e
tentativa de enriquecimento ilícito do consumidor. Motivo pelo qual, ao
fim e ao cabo, eximiram o fornecedor de cumprir a oferta anunciada.  

As querelas, no entanto, estão situadas sobretudo nos produtos de


maior valor aquisitivo. Para bens de consumo de menor valor, em
geral, prevalece o disposto no Código do Consumidor. Assim, se o
cliente vai até o caixa com um produto anunciado por, suponha, R$10,
e lá lhe é cobrado R$15, ele pode exigir que a se aplique o preço de
R$10 ou, até mesmo, pedir restituição do valor pago.  

Art 42 – Código de Defesa do


Consumidor: das condições de
cobrança de débitos 
Tanto o caput quanto o parágrafo único do art. 42 do CDC trazem duas
previsões fundamentais quando o assunto é cobrança de débitos.
Vejamos: 

Art. 42. Na cobrança de débitos, o consumidor inadimplente não


será exposto a ridículo, nem será submetido a qualquer tipo de
constrangimento ou ameaça.  

        Parágrafo único. O consumidor cobrado em quantia indevida


tem direito à repetição do indébito, por valor igual ao dobro do que
pagou em excesso, acrescido de correção monetária e juros
legais, salvo hipótese de engano justificável. 

Quanto ao caput, há menos margem para interpretações. Afinal, está


claro, o CDC busca proteger o consumidor de situações que possam
ferir sua dignidade.  

Já o parágrafo único é alvo de extensos debates, centrados sobretudo


no trecho que prevê “repetição do indébito, por valor igual ao dobro do
que pagou em excesso”. Em teoria, portanto, o consumidor que pago
valor indevido, sem engano justificável, poderia receber não apenas o
reembolso pela quantia paga em excedente, mas também o dobro
desta.  

Como explica o jurista Fábio Calheiros do Nascimento, há algumas


questões passíveis de interpretação – e dissonantes na jurisprudência
e na doutrina. Primeiramente, em que tipo de ação de cobrança é
cabível a aplicação da restituição em forma dobrada?  

Para Nascimento, frente há tantas correntes de pensamento distintas,


tanto a cobrança judicial quanto a cobrança extrajudicial estão
submetidas às regras do art. 42 do Código do Consumidor.  

Uma segunda questão apontada pelo jurista é sobre o ônus da prova.


A quem cabe provar que houve cobrança indevida: ao consumidor, ou
ao fornecedor? Mais uma vez, não há resposta pacificada para essa
questão. A doutrina, em geral, apregoa pela responsabilidade subjetiva,
mas com presunção de culpa do fornecedor. Nos supremos tribunais,
no entanto, esse entendimento não é pacificado.  

Art 49 – Código de Defesa do


Consumidor: do direito de
arrependimento 
Um dos mais conhecidos artigos do CDC, o art. 49 trata do direito de
arrependimento do consumidor, estabelecendo as condições em que
este direito pode se materializar. Vejamos: 
Art. 49. O consumidor pode desistir do contrato, no prazo de 7
dias a contar de sua assinatura ou do ato de recebimento do
produto ou serviço, sempre que a contratação de fornecimento de
produtos e serviços ocorrer fora do estabelecimento comercial,
especialmente por telefone ou a domicílio. 

Parágrafo único. Se o consumidor exercitar o direito de


arrependimento previsto neste artigo, os valores eventualmente
pagos, a qualquer título, durante o prazo de reflexão, serão
devolvidos, de imediato, monetariamente atualizados. 

Antes de mais nada, é importante atentar-se para o fato de que o


direito de arrependimento conforme disposto no art. 49 do CDC só se
aplica às compras feitas fora do estabelecimento. No cenário atual, isto
inclui, por exemplo, as compras feitas em ecommerces (lojas online),
pela internet.  

Em segundo lugar, chama atenção que o texto legal não exige a


apresentação de uma justificativa por parte do consumidor, para que se
efetive o arrependimento.  

E, por fim, vale destacar as condições em que se dá a devolução do


produto, em virtude do arrependimento. Como pontua o Tribunal de
Justiça do Distrito Federal (TJDF), em artigo sobre o tema: 
“Muitos estabelecimentos comerciais, contrariando a lei, exigem,
para efetuar a desistência, que o produto esteja lacrado ou na
embalagem, mas não é isso que diz o CDC, que garante que o
direito à desistência da compra  ocorre sobre o produto e não
sobre a embalagem ou caixa.” 

Quais as penas previstas no


Código de Defesa do
Consumidor? 
O CDC, entre os artigos 63 e 72, tipifica uma série de crimes contra o
consumidor, além de apresentar as penas e as condições majorantes
aplicavéis a esses crimes.  

De modo geral, podemos dividir as penas previstas no Código de


Defesa do Consumidor em dois tipos: 

Sanções administrativas; 
Penas restritivas de liberdade ou de natureza patrimonial (multas); 

No que diz respeito às sanções administrativas, são previstas as


seguintes penalidades (Art. 57), sem prejuízo de outras, aplicadas na
esfera civil ou penal:         

multa; 
apreensão do produto; 
inutilização do produto; 
cassação do registro do produto junto ao órgão competente; 
proibição de fabricação do produto; 
suspensão de fornecimento de produtos ou serviço; 
suspensão temporária de atividade; 
revogação de concessão ou permissão de uso; 
cassação de licença do estabelecimento ou de atividade; 
interdição, total ou parcial, de estabelecimento, de obra ou de atividade; 
intervenção administrativa; 
imposição de contrapropaganda. 

Já no que tange às penas para infrações, buscamos resumi-las no


quadro abaixo:

QUADRO-RESUMO: PENAS
PREVISTAS NO CÓDIGO DO
CONSUMIDOR
Pena
Conduta  Artigo 
prevista 

Omitir dizeres
ou sinais
ostensivos
sobre a
Detenção
nocividade ou
de
periculosidade
6 meses Art. 63 
de produtos,
a 2 anos
nas
e multa. 
embalagens,
invólucros,
recipientes ou
publicidade.  
Deixar de
comunicar à
autoridade
competente e
aos Detenção
consumidores a de
Art.
nocividade ou 6 meses
64  
periculosidade a 2 anos
de produtos cujo e multa.  
conhecimento
seja posterior à
sua colocação
no mercado. 

Executar serviço
de alto grau de Detenção
periculosidade, de
Art.
contrariando 6 meses
65  
determinação a 2 anos
de autoridade e multa. 
competente: 
Fazer afirmação
falsa ou
enganosa, ou
omitir
informação
relevante sobre
a natureza, Detenção
característica, de
qualidade, 3 meses Art. 66 
quantidade, a 1 ano e
segurança, multa.  
desempenho,
durabilidade,
preço ou
garantia de
produtos ou
serviços. 

Fazer ou
promover Detenção
publicidade que de
sabe ou deveria 3 meses Art. 67 
saber ser a 1 ano e
enganosa ou multa. 
abusiva: 
Fazer ou
promover
publicidade que
sabe ou deveria
Detenção
saber ser capaz
de
de induzir o
6 meses Art. 68 
consumidor a se
a 2 anos
comportar de
e multa.  
forma prejudicial
ou perigosa a
sua saúde ou
segurança. 

Deixar de
Detenção
organizar dados
de 1 a
fáticos, técnicos
6 meses Art. 69 
e científicos que
ou
dão base à
multa. 
publicidade. 

Empregar na
reparação de
Detenção
produtos, peça
de
ou componentes
3 meses Art. 70 
de reposição
a 1 ano e
usados, sem
multa. 
autorização do
consumidor. 
Utilizar, na
cobrança de
dívidas, de
ameaça,
coação,
constrangimento
físico ou moral,
afirmações Detenção
falsas incorretas de
ou enganosas 3 meses Art. 71 
ou de qualquer a 1 ano e
outro meio que multa. 
exponha o
consumidor a
ridículo ou
interfira com seu
trabalho,
descanso ou
lazer. 

Impedir ou
dificultar o
acesso do
Detenção
consumidor às
de seis
informações que
meses a
sobre ele Art. 72 
um ano
constem em
ou
cadastros,
multa. 
banco de
dados, fichas e
registros. 
Deixar de
corrigir
imediatamente
informação
sobre Detenção
consumidor de 1 a
constante de 6 meses Art. 73 
cadastro, banco ou
de dados, fichas multa.  
ou registros que
sabe ou deveria
saber ser
inexata 

Deixar de
entregar ao
consumidor o
termo de Detenção
garantia de 1 a
Art.
adequadamente 6 meses
74  
preenchido e ou
com multa.  
especificação
clara de seu
conteúdo. 

Para além das condutas apresentadas no quadro-resumo acima, é


importante consultar a letra da lei para verificar, por exemplo, ações
similares que podem tipificar o mesmo crime. Ou, ainda, verificar em
detalhes todos os majorantes aplicáveis.  

É na letra da lei também que encontramos a previsão de


responsabilização para sócio e gestores de pessoas jurídicas
envolvidas em crimes contra o consumidor. In verbis: 
  Art. 75. Quem, de qualquer forma, concorrer para os crimes
referidos neste código, incide as penas a esses cominadas na
medida de sua culpabilidade, bem como o diretor, administrador
ou gerente da pessoa jurídica que promover, permitir ou por
qualquer modo aprovar o fornecimento, oferta, exposição à venda
ou manutenção em depósito de produtos ou a oferta e prestação
de serviços nas condições por ele proibidas. 

Leia também:

Direito do Consumidor: como e por que atuar nessa área?


Práticas comerciais abusivas e propaganda enganosa no CDC
Lei do Superendividamento: o que muda com a Lei 14.871/21
Lei do SAC: principais determinações do Decreto 11.034/22
ProConsumidor: conheça a plataforma que substitui o Sindec

Como as empresas podem


se adequar ao Código do
Consumidor (CDC)? 
Como você viu, o Código de Defesa do Consumidor é uma legislação
bastante ampla e abrangente, motivo pelo qual vai exigir uma série de
cuidados das empresas e, sobretudo, do setor jurídico delas.  

O primeiro passo para se adequar é, sem sombra de


dúvidas, mapear os regramentos aplicáveis à sua organização. Nem
todas as regras dispostas no CDC se aplicam a todas as atividades
ô i P i t éf d t l
De posse dessa lista de regramentos, obrigações e responsabilidades,
é hora de identificar quais são os pontos críticos para o surgimento
de irregularidades e conflitos consumeristas. Para isso, você pode usar
os dados que a sua operação já gera.  

Por exemplo, alimente uma planilha ou ferramenta de Business


Intelligence do jurídico, para identificar quais as causas raiz mais
recorrentes na esfera consumerista. Ou, ainda, observe quais tipos de
ações relacionadas ao consumidor geraram mais ônus para a
empresa.  

Com esses dados em mãos, você será capaz de identificar as


melhorias que precisam ser priorizadas, dando o ponta-pé inicial na
adequação.  

Adiante-se à judicialização: como a


tecnologia pode ser sua aliada?  
Mesmo estabelecendo altos padrões de atendimento e conformidade
legal, se a sua empresa atende um grande volume de consumidores, é
quase impossível que o seu departamento jurídico consiga eliminar a
totalidade dos conflitos consumeristas.  

Mas há uma maneira de reduzir o tempo e os recursos empregados


em processos judiciais movidos por consumidores: adiantando-se a
judicialização. Nessa área, muitas vezes, o consumidor busca
primeiro a ajuda de órgãos de defesa, como os Procons. E, só em
uma segunda etapa, leva a demanda à justiça.  

Aqui na Projuris, ajudamos dezenas de empresas a reduzirem esse


custo, graças ao Módulo Consumidor do Projuris Empresas – nossa
Plataforma de Inteligência Legal para departamentos jurídicos. Com o
Projuris Empresas seu jurídico tem: 

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administrativos abertos contra sua empresa, em plataformas como o
Sindec e o Proconsumidor
Monitoramento automático das movimentações realizadas nesses
processos administrativos; 
Possibilidade de propor um acordo, com antecedência e agilidade.  
Mais tempo para recolher subsídios e construir a defesa, em um
eventual processo.  

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Perguntas frequentes  
Qual é o Código do Consumidor? 
O Código do Consumidor, ou Código de Defesa do Consumidor, está
materializado na Lei 8.078, de 1990. É possível encontrar o Códido do
Consumidor em pdf, entre outros formatos digitais, em sites oficiais de
Procons e de tribunais de justiça, por exemplo.  
Quais são os principais direitos do consumidor?
Os direitos básicos do consumidor estão previstos no art. 6º do Código
de Defesa do Consumidor. Alguns dos principais são: 
– Direito à proteção da vida, saúde e segurança, frente aos riscos
trazidos pelo fornecimento de produto e serviços; 
– Direito à informação precisa e clara; 
– Direito à proteção contra publicidade abusiva ou enganosa de
produtos ou serviços; 
– Direito à facilitação da defesa dos consumidores, inclusive com a
inversão do ônus da prova.  
– Entre outros. 

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