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Ações Eleitorais

e Processo
Contencioso nas
Eleições 2022
Ações Eleitorais e Processo
Contencioso nas Eleições 2022

Prof. MSc Alessandro Costa


professoreleitoral@gmail.com
3

Servidor Público Federal do Tribunal Superior Eleitoral - TSE


Assessor Jurídico da Presidência do Senado Federal 2018-2020
Ex-Coordenador de Registros de Partidos, Autuação e Distribuição - TSE
Ex-Chefe de Seção de Dados Partidários - TSE
Doutorando em Ciências Sociais - UNB/DF
Mestre em Ciência Política - Unieuro/DF
Especialista em Direito Eleitoral - UCAM/MG
Especialista em Direito Processual Civil - UGF/RJ
Especialista em Gestão de Equipes e Viabilidade de
Projetos - UCAM
Especialista em Direito Administrativo – UCAM
Coordenador curso de pós-graduação em Direito
Eleitoral ATAME/DF
Professor de Direito Eleitoral da Pós-Graduação IDP/DF
Professor do Instituto de Direito Público de Brasília - IDP
Consultor da Rádio Justiça em matéria eleitoral
4

1. AIJE
•Ação de Investigação Judicial Eleitoral (AIJE)
5

1. AIJE
6

1. AIJE
7

1. AIJE
A ação de investigação judicial Eleitoral (AIJE), prevista no
art. 22 da LC nº 64/90 é conhecida como a ação matriz do
Processo Eleitoral moderno e foi trazida – enquanto meio
processual de desconstituição de mandato - na redação
original da Lei de Inelegibilidades, em 1990.
8

1. AIJE
Edson de Resende Castro (Teoria e Prática do Direito Eleitoral,
2010, p. 349), ressalta que a AIJE do Código Eleitoral apenas

“desencadeava uma atividade administrativa da Justiça


Eleitoral, sem que dela resultasse a aplicação de sanção e com
vistas à posterior propositura do Recurso contra Expedição de
Diploma. Assim “saía do nada e ia a lugar algum, como
mostrou a experiência”.
9

1. AIJE
Disposições legais

Art. 14, § 9º, da Constituição Federal;

§ 9º Lei complementar estabelecerá outros casos de inelegibilidade e os


prazos de sua cessação, a fim de proteger a probidade administrativa, a
moralidade para exercício de mandato considerada vida pregressa do
candidato, e a normalidade e legitimidade das eleições contra a influência
do poder econômico ou o abuso do exercício de função, cargo ou emprego
na administração direta ou indireta.
10

1. AIJE
Disposições legais
Art. 237 do Código Eleitoral;

Art. 237. A interferência do poder econômico e o desvio ou


abuso do poder de autoridade, em desfavor da liberdade do
voto, serão coibidos e punidos.
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1. AIJE
Disposições legais - Art. 19 da LC no 64/90;

Art. 19. As transgressões pertinentes a origem de valores pecuniários,


abuso do poder econômico ou político, em detrimento da liberdade de
voto, serão apuradas mediante investigações jurisdicionais realizadas
pelo Corregedor-Geral e Corregedores Regionais Eleitorais.
Parágrafo único. A apuração e a punição das transgressões mencionadas
no caput deste artigo terão o objetivo de proteger a normalidade e
legitimidade das eleições contra a influência do poder econômico ou do
abuso do exercício de função, cargo ou emprego na administração direta,
indireta e fundacional da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios.
1
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1. AIJE
Ação de Investigação Judicial Eleitoral (AIJE)

A AIJE tem por objetivo impedir e apurar a prática de atos que


possam afetar a igualdade dos candidatos em uma eleição nos
casos de abuso do poder econômico, abuso do poder político ou
de autoridade e utilização indevida dos meios de comunicação
social, penalizando com a declaração de inelegibilidade e cassação
quantos hajam contribuído para a prática do ato.
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1. AIJE
Fundamento legal:

Lei Complementar n.º


64/90, arts. 1º, I, d e h, 19
e 22, XIV.

14
15

1. AIJE
Art. 22. Qualquer partido político, coligação, candidato ou
Ministério Público Eleitoral poderá representar à Justiça Eleitoral,
diretamente ao Corregedor-Geral ou Regional, relatando fatos e
indicando provas, indícios e circunstâncias e pedir abertura de
investigação judicial para apurar uso indevido, desvio ou abuso do
poder econômico ou do poder de autoridade, ou utilização
indevida de veículos ou meios de comunicação social, em
benefício de candidato ou de partido político [...]
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1. AIJE
Ilícito apurável na Ação de Investigação Judicial Eleitoral
Abuso de poder nas campanhas eleitorais

Hipóteses de cabimento

- Abuso do poder econômico;


- Uso indevido dos meios de comunicação social;
- Abuso do poder político.
1
7

1. AIJE
Lei Complementar n.º 64/90
Art. 1º São inelegíveis:
I – para qualquer cargo:
[...]
d) os que tenham contra sua pessoa representação julgada
procedente pela Justiça Eleitoral, em decisão transitada em julgado
ou proferida por órgão colegiado, em processo de apuração de
abuso do poder econômico ou político, para a eleição na qual
concorrem ou tenham sido diplomados, bem como para as que se
realizarem nos 8 (oito) anos seguintes;
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1. AIJE
LC 64/90
Art. 1º São inelegíveis:
I – para qualquer cargo:
[...]
h) os detentores de cargo na administração pública direta, indireta ou
fundacional, que beneficiarem a si ou a terceiros, pelo abuso do poder
econômico ou político, que forem condenados em decisão transitada em
julgado ou proferida por órgão judicial colegiado, para a eleição na qual
concorrem ou tenham sido diplomados, bem como para as que se
realizarem nos 8 (oito) anos seguintes;
19

1. AIJE
ABUSO DE PODER ECONÔMICO OU POLÍTICO

A expressão “abuso de poder econômico e político”, em Direito Eleitoral, refere-se


às “transgressões à legislação comum, eleitoral ou partidária,
lesivas à liberdade do voto, à normalidade e legitimidade das
eleições, à probidade administrativa e à moralidade para o
exercício do mandato, praticados por qualquer pessoa, por políticos ou por
quem exerce autoridade e que, por isso mesmo, podem gerar a inelegibilidade do
infrator, entre outras sanções políticas”.
Joel J. Cândido, Inelegibilidades no Direito Brasileiro.
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1. AIJE
Abuso do poder econômico

O abuso de poder econômico em matéria eleitoral se refere à utilização


excessiva, antes ou durante a campanha eleitoral, de recursos materiais
ou humanos que representem valor econômico, buscando beneficiar
candidato, partido ou coligação, afetando assim a normalidade e a
legitimidade das eleições.
(AgRgRESPE nº 25.906, de 09.08.2007 e AgRgRESPE nº 25.652, de
31.10.2006).
21
22

1. AIJE
Sanções:

- Inelegibilidade por
oito anos
e
- Cassação do registro
ou diploma
23

1. AIJE
Art. 22, LC 64/90
[...]
XIV – julgada procedente a representação, ainda que após a proclamação dos
eleitos, o Tribunal declarará a inelegibilidade do representado e de quantos hajam
contribuído para a prática do ato, cominando-lhes sanção de inelegibilidade para
as eleições a se realizarem nos 8 (oito) anos subsequentes à eleição em que se
verificou, além da cassação do registro ou diploma do candidato diretamente
beneficiado pela interferência do poder econômico ou pelo desvio ou abuso do
poder de autoridade ou dos meios de comunicação, determinando a remessa dos
autos ao Ministério Público Eleitoral, para instauração de processo disciplinar, se
for o caso, e de ação penal, ordenando quaisquer outras providências que a
espécie comportar; (Redação dada pela Lei Complementar nº 135, de 2010)
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1. AIJE
•Bem tutelado:

•A legitimidade e normalidade das eleições


25

1. AIJE
Legitimidade ativa
Art. 22 da LC no 64/90
Partido, coligação, candidato ou Ministério Público têm legitimidade;
A lei confere legitimidade aos personagens do processo eleitoral
para defesa do interesse público de se coibir a prática de condutas
tendentes a afetar a integridade do pleito, não importando se
haverá, ou não, repercussão da decisão na esfera política do
candidato. (AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL No 25.912, REL.
MIN. CEZAR PELUSO, DE 14.2.2008).
26

1. AIJE
Eleitor não tem legitimidade.

Possuem legitimidade para o ajuizamento de


representação visando a abertura de investigação judicial
eleitoral apenas os entes arrolados no art. 22 da Lei
Complementar no 64/90, entre os quais não figura o mero
eleitor, conforme a reiterada jurisprudência do TSE.
27

1. AIJE
“Representação. Investigação judicial. Eleitor. Ilegitimidade de parte.
Indeferimento da inicial. Agravo regimental. Inexistência de afronta à
Constituição. Desprovimento. Possuem legitimidade para o
ajuizamento de representação visando a abertura de investigação
judicial eleitoral apenas os entes arrolados no art. 22 da Lei
Complementar no64/90, entre os quais não figura o mero eleitor,
conforme a reiterada jurisprudência do TSE. O direito de petição
consagrado no art. 5o, XXXIV, a, da Constituição, embora sendo matriz
do direito de ação, com ele não se confunde, encontrando este último
regulação específica na legislação infraconstitucional, daí decorrendo
não poder ser exercido de forma incondicionada. [...]”
(Ac. de 30.11.2006 no AgRgRp no 1.251, rel. Min. Cesar Asfor Rocha.)
28

1. AIJE
Legitimidade ativa

- Ministério Público: legitimidade decorrente do disposto no


art. 127 da Constituição Federal, já que é a quem incumbe a
defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos
interesses sociais e individuais indisponíveis.
- Partidos políticos: legitimidade reconhecida, inclusive para as
agremiações partidárias que não participam das eleições.
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RECURSO ESPECIAL ELEITORAL. REPRESENTAÇÃO. ART. 22, CAPUT, DA LEI


COMPLEMENTAR No 64/90. LEGITIMIDADE DE QUALQUER PARTIDO
POLÍTICO. NÃO-CONDICIONAMENTO À PARTICIPAÇÃO NAS ELEIÇÕES.
INTERESSE PÚBLICO. LISURA. ELEIÇÕES. PROVIMENTO.
1. A titularidade da ação de investigação judicial eleitoral, nos termos do art.
22, caput, da Lei Complementar no 64/90, é conferida a "qualquer partido
político, coligação, candidato ou Ministério Público Eleitoral".
2. O objetivo de se ampliar o leque de legitimados e de incluir qualquer
partido político, desde que regularmente registrado, é o de salvaguardar um
interesse público de privilegiar a lisura do processo eleitoral.
3. Recurso a que se dá provimento, para ordenar o julgamento de mérito da
demanda, pelo Eg. TRE de São Paulo.
(RESPE No 26.012, REL. MIN. TOFFOLI, DE 29.6.2016).
30

1. AIJE
Nos termos do art. 11 da Lei 9.096/95, os diretórios
municipais têm legitimidade para ajuizar AIJE nas eleições
municipais; os diretórios regionais, nas eleições estaduais e
federais; e os diretórios nacionais, nas eleições presidenciais.
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1. AIJE
- Coligações: pessoas jurídicas pro tempore com personalidade jurídica
distinta dos partidos que a compõem. Devem funcionar como um só partido
no relacionamento com a JE e no trato dos interesses partidários
(Art. 6º, § 1º, da Lei 9.504/97). Formam-se para a disputa das eleições, mas têm
legitimidade para a propositura de ações eleitorais mesmo após a
realização da eleição, já que os atos praticados durante o processo
eleitoral podem ter repercussão até após a diplomação.

- Candidatos: a legitimidade passa a existir a partir do pedido de registro.


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1. AIJE
Legitimidade passiva (Art. 22 da LC no 64/90)
Podem sofrer uma AIJE aquele que contribuiu para o ato – ou
seja, o responsável – e o candidato diretamente beneficiado.
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1. AIJE
Legitimidade passiva (Art. 22 da LC no 64/90)

o responsável e o beneficiário
Para as eleições de 2016,
TIVERAM necessariamente que figurar em
litisconsórcio passivo necessário, conforme decidido no
Recurso Especial nº 843-56, concluído em 21.6.2016,
uniformizando assim a jurisprudência do tema, diante da aplicação dessa
orientação nas representações por conduta vedada (art. 73 da Lei das
Eleições).
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1. AIJE
Atualmente, exige-se que o vice também integre a relação
processual (passivo) em feitos que possam atingir seu
patrimônio jurídico, como, por exemplo, nas hipóteses das
chapas majoritárias.
35

Vice. Polo passivo. Decadência.


1. Está pacificada a jurisprudência do Tribunal Superior Eleitoral no sentido de que o
vice deve figurar no polo passivo das demandas em que se postula a cassação de
registro, diploma ou mandato, uma vez que há litisconsórcio necessário entre os
integrantes da chapa majoritária, considerada a possibilidade de o vice ser afetado
pela eficácia da decisão.
2. Consolidada essa orientação jurisprudencial, exige-se que o vice seja indicado, na
inicial, para figurar no polo passivo da relação processual ou que a eventual
providência de emenda da exordial ocorra no prazo para ajuizamento da respectiva
ação eleitoral, sob pena de decadência.
3. Não cabe converter o feito em diligência para que o autor seja intimado a promover
a citação do vice, sob pena de se dilatar o prazo de três dias, contados da diplomação,
para propositura do recurso contra expedição de diploma. Agravo regimental
desprovido. (AGR-RESPE No 35.942, REL. MIN. ARNALDO VERSIANI, DE 2.2.2010).
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Súmula TSE nº 38: “Nas ações que visem à cassação de


registro, diploma ou mandato, há litisconsórcio passivo
necessário entre o titular e o respectivo vice da chapa
majoritária”.
Súmula
atualizada em
2015 pelo TSE
37

1. AIJE
Pessoas jurídicas são partes ilegítimas para figurar em AIJE.
As pessoas jurídicas são partes ilegítimas para figurar no pólo
passivo de representações com pedido de abertura de
investigação judicial eleitoral, nos termos do art. 22 da Lei
Complementar no 64/90, tendo em vista o fato de a sanção
imposta pela referida norma não as alcançar. (RP No 1.229,
REL. MIN. CEZAR ROCHA, DE 9.11.2006).
38

1. AIJE
Nas ações eleitorais, incluindo a AIJE, o partido político dos
candidatos investigados não é considerado parte no
processo, pois considera-se que a sanção não atinge o
partido.
Porém, nos termos do art. 121 do NCPC, é admitida sua
intervenção no processo na condição de assistente simples.
39

1. AIJE
Assim, não obstante, pode ser admitida sua intervenção
no processo na condição de assistente simples, dado o
interesse jurídico na discussão de eventual cassação de
mandato de seu filiado. Não se aplica a disciplina dos
feitos de infidelidade partidária.

Nesse sentido, a Súmula TSE nº 40: “O partido político não


é litisconsorte passivo necessário em ações que visem à
cassação de diploma”.
40

[...]

1. Segundo o entendimento deste Tribunal Superior Eleitoral,


admite-se a intervenção, na condição de assistente simples, do
primeiro suplente de candidato ao cargo de vereador, em ações
eleitorais que visam impugnar pedido de registro de candidatura
ou que objetivam a cassação de mandato ou diploma em eleições
proporcionais, nas hipóteses em que, por estarem filiados a
partidos políticos coligados, há possibilidade de o pretenso
assistente ser atingido pelos reflexos eleitorais decorrentes da
eventual cassação do diploma ou mandato do candidato eleito.
Precedentes. (Agravo Regimental em Recurso Especial nº 106886,
relatora Minª. Maria Thereza, DJE de 1º.7.2015)
41

1. AIJE
Competência
Arts. 22, caput, e 24 da LC no 64/90

- Corregedor-geral nas eleições presidenciais;


- Corregedor regional eleitoral nas eleições federais e
estaduais;
- Juiz eleitoral nas eleições municipais.
42

1. AIJE
Nas eleições municipais, a competência para processamento e
julgamento é do Juiz Eleitoral, conforme dispõe o art. 24 da LC
64/90, que, nesse caso, é competente para a apreciação de todas as
ações eleitorais no âmbito do pleito municipal.

Art. 24 da LC nº 64/90. Nas eleições municipais, o Juiz Eleitoral será competente para
conhecer e processar a representação prevista nesta lei complementar, exercendo
todas as funções atribuídas ao Corregedor-Geral ou Regional, constantes dos incisos I
a XV do art. 22 desta lei complementar, cabendo ao representante do Ministério
Público Eleitoral em função da Zona Eleitoral as atribuições deferidas ao
Procurador-Geral e Regional Eleitoral, observadas as normas do procedimento
previstas nesta lei complementar.
43

1. AIJE
Prazo para ajuizamento
A investigação pode ser ajuizada até a data da diplomação.

Procedimento
Arts. 22, I a XVI, e 23 da LC no 64/90
44

1. AIJE
Procedimento
Arts. 22, I a XVI, e 23 da LC no 64/90

A petição inicial deve relatar fatos e indicar provas, indícios e


circunstâncias.
45

1. AIJE
Procedimento
Arts. 22, I a XVI, e 23 da LC no 64/90

- O termo notificação equivale à citação, a qual informará a parte


sobre o processo e a necessidade de defesa. No momento da
defesa, devem ser apresentados documentos e indicadas as
testemunhas.
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1. AIJE
Procedimento
Arts. 22, I a XVI, e 23 da LC no 64/90

- Se o réu não apresentar defesa, não haverá revelia nem


confissão.
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1. AIJE
Procedimento
Arts. 22, I a XVI, e 23 da LC no 64/90

- O corregedor pode indeferir a inicial, quando não for caso de


representação ou lhe faltar algum requisito da LC 64/90. Essa regra
não se aplica quando se tratar de eleições municipais, quando
caberá recurso, no caso de indeferimento da petição inicial, ou
caberá a invocação, perante o TRE, do inciso III dos citados artigos,
no caso de demora.
48

1. AIJE
O TSE entendeu que, no caso de chefe do executivo com o seu respectivo
vice, cada um terá seis testemunhas.

AGRAVOS REGIMENTAIS. CARTA DE ORDEM.


1. O Tribunal Superior Eleitoral entende que há formação de litisconsorte
necessário unitário entre o Chefe do Executivo e o seu Vice. Razão pela
qual cada um deles tem o direito a oitiva de suas testemunhas.
(AGRAVO REGIMENTAL EM RCED No 671, REL. MIN. CARLOS AYRES BRITTO,
DE 10.4.2008).
49

1. AIJE
Igualmente ocorre no caso de diversidade de fatos.
Representação. Captação ilícita de sufrágio. Em virtude da diversidade de fatos
suscitados num mesmo processo regido pelo art. 22 da Lei Complementar no
64/90, é admitida a extrapolação do número de testemunhas previsto no inciso
V do referido dispositivo. Caso contrário, poder-se-ia ensejar que os sujeitos do
processo eleitoral ajuizassem demandas distintas, por cada fato, de modo a não
sofrer limitação na produção de prova testemunhal, o que compromete a
observância do princípio da economia processual.
(...)
(AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO ESPECIAL No 36.151, REL. MIN. ARNALDO
VERSIANI, DE 4.5.2010).
50

A legislação não prevê depoimento pessoal em ação de investigação judicial.


(...)
1. Nem a disciplina legal da investigação judicial - objeto do art. 22 da LC 64/90,
nem a da representação por infringência à L. 9.504/97 - objeto do seu art. 96 e, a
rigor, a adequada à espécie - contêm previsão de depoimento pessoal do
investigado ou representado; limitam-se a facultar-lhe o oferecimento de defesa escrita.
2. O silêncio da lei eleitoral a respeito não é casual, mas eloqüente; o depoimento pessoal,
no processo civil, é primacialmente um ensaio de obter- se a confissão da parte, a qual, de
regra, não tem relevo no processo eleitoral, dada a indisponibilidade dos interesses de que
nele se cuidam.
3. Entre as diligências determináveis de ofício previstas no art. 22, VI, da LC 64/90 não está a
de compelir o representado - ainda mais, sob a pena de confissão, de manifesta
incompatibilidade com o Processo Eleitoral - à prestação de depoimento pessoal, ônus que a
lei não lhe impõe.
(SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL, HABEAS CORPUS No 85.029, REL. MIN.
SEPÚLVEDA PERTENCE, DJ DE 1o.4.2005).
51

1. AIJE
52

1. AIJE
Sanções (Inciso XIV, do art. 22 da LC no 64/90)
Julgada procedente a representação, ainda que após a proclamação dos
eleitos, o tribunal declarará a inelegibilidade do representado e de todos que
contribuíram para a prática do ato.
Decidirá, TAMBÉM, pela inelegibilidade para as eleições a se realizarem nos
oito anos subsequentes à eleição em que se verificou o ilícito.
E, ainda, cassará o registro ou diploma do candidato diretamente beneficiado
pela interferência do poder econômico ou pelo desvio ou abuso do poder de
autoridade ou dos meios de comunicação.
Será determinada, também, a remessa dos autos ao Ministério Público Eleitoral para instauração
de processo disciplinar e, se for o caso, de ação penal, juntamente com quaisquer outras
providências que a espécie comportar. (Redação dada pela Lei Complementar no 135, de 2010).
53

Bibliografia consultada

CASTRO, Edson de Resende. Curso de Direito


Eleitoral. 11ª Edição. Ed. Del Rey. 2019.
GOMES, José Jairo. Direito Eleitoral. 16ª Edição.
Ed. Atlas. 2020.
NIESS, Pedro Henrique Távora. Direito Eleitoral.
Editora Edipro. 2016.
RAMAYANA, Marcos. Direito Eleitoral. 15ª Edição.
Editora Impetus. 2016.
SEREJO, Lourival. Direito Eleitoral. Ed. Del Rey.
2016.
AÇÃO DE IMPUGNAÇÃO
AO MANDATO ELETIVO -
AIME
Previsão constitucional.

Trata-se da única ação eleitoral com previsão


constitucional. Conforme assevera Rodrigo López Zilio
(Verbo Jurídico, 2016, p. 459),

“historicamente, o legislador sempre


preocupou-se em estabelecer limites na influência
das forças de dominação pública e privada na
formação do poder governamental”.
Art. 14 da Constituição Federal.
A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto
direto e secreto, com valor igual para todos, e, nos termos da lei,
mediante:
[...]
§ 10. O mandato eletivo poderá ser impugnado ante a
Justiça Eleitoral no prazo de quinze dias contados da
diplomação, instruída a ação com provas de abuso do
poder econômico, corrupção ou fraude.
§ 11. A ação de impugnação de mandato tramitará em segredo
de justiça, respondendo o autor, na forma da lei, se temerária ou de
manifesta má-fé.
Legitimidade

Legitimidade ativa - Partidos, coligações, candidatos e


Ministério Público.
Legitimidade passiva - Candidato diplomado.

A legitimidade passiva "ad causam" é restrita ao player que


logrou o êxito na disputa, ainda que beneficiado por atos
praticados por parentes, correligionários, dirigentes
partidários, cabos eleitorais etc.
É possível, então, ajuizamento de AIME contra
suplente?
SIM.

IMPUGNAÇÃO DE MANDATO. SUPLENTE. EMBORA NÃO


SEJA TITULAR DE MANDATO, O SUPLENTE
ENCONTRA-SE TITULADO A SUBSTITUIR OU
SUCEDER QUEM O É. A AÇÃO DE IMPUGNAÇÃO DE
MANDATO PODERÁ, LOGICAMENTE, REFERIR-SE,
TAMBÉM, AO COMO TAL DIPLOMADO.

(Agravo de Instrumento nº 1.130, rel. Min. Eduardo Ribeiro,


de 15.12.1998).
Competência

A competência, à semelhança do que ocorre com maior


parte das ações eleitorais, é definida pelo juízo da
diplomação.
Ilícitos apuráveis

A exemplo dos ilícitos apuráveis na Ação de Investigação


Judicial Eleitoral (AIJE) - na forma do art. 22 da LC nº
64/90 -, os três ilícitos que a Constituição menciona, com
relação à AIME, constituem conceitos abertos; não há
noções fechadas de abuso do poder econômico, de
fraude e de corrupção no processo eleitoral. A dicção da
norma constitucional abarca assim tudo o que se atenta
com a lisura dos pleitos.
Abuso de poder econômico, corrupção ou fraude
“Eleições 2016. Agravo interno em Recurso Especial Eleitoral. Ação de
impugnação de mandato eletivo. Fraude. Interpretação aberta. Jurisprudência do
TSE. Fraudes em transferência eleitoral. Cabimento. Recebimento da inicial.
Agravo desprovido. 1. Nos termos do art. 14, § 10, da Constituição Federal, a
ocorrência de fraude é fundamento autônomo para o ajuizamento da
ação de impugnação de mandato eletivo, ainda que não se alegue
corrupção ou abuso do poder econômico. 2. O conceito de fraude deve ser
interpretado de forma ampla, não se limitando às questões atinentes ao processo
de votação. Nesse sentido, admite-se a alegação de fraude em transferências de
eleitores alegadamente aptas a privilegiar candidaturas. Precedente. 3. As
alegações de que as transferências eleitorais não foram associadas com o
oferecimento de vantagem e de que a situação concreta difere da jurisprudência
desta Corte não podem ser acolhidas. Tais argumentos apenas reforçam a
necessidade de instrução probatória e o descabimento da extinção prematura do
feito. [...]” - (Ac. de 8.8.2019 no AgR-REspe nº 55749, rel. Min. Edson
Fachin.)
“[...] Abuso de poder político e econômico. Conduta vedada. [...] 1. A
teor da jurisprudência desta Corte Superior: ‘possível apurar, em
Ação de Impugnação de Mandato Eletivo (AIME), abuso de
poder político entrelaçado com abuso de poder econômico.
Trata-se de hipótese em que agente público, mediante desvio de sua
condição funcional, emprega recursos patrimoniais, privados ou do
Erário, de forma a comprometer a legitimidade das eleições e a
paridade de armas entre candidatos’. Precedente.[...]”

(Ac. de 24.5.2018 no AgR-REspe nº 3611, rel. Min. Rosa Weber.)


"Eleições 2012. Agravo regimental. Recurso especial. Ação de impugnação de
mandato eletivo. Vereador. Dupla identidade. Ocultação de histórico criminal.
Finalidade clara de ludibriar o eleitor e burlar a legislação eleitoral. Fraude.
Configuração. Agravo provido. 1. O TSE, no julgamento do REspe no 1-49/PI,
rel. Min. Henrique Neves, assentou que ‘o conceito da fraude, para fins
de cabimento da ação de impugnação de mandato eletivo (art. 14, §
10, da Constituição Federal), é aberto e pode englobar todas as
situações em que a normalidade das eleições e a legitimidade do
mandato eletivo são afetadas por ações fraudulentas, inclusive nos
casos de fraude à lei’.[...] 3. O candidato, em que pese tenha utilizado na
campanha eleitoral o apelido pelo qual era conhecido e apresentado todos os
documentos exigidos por lei no momento do registro de candidatura
referentes ao seu nome verdadeiro, ao ocultar seu histórico criminal, agiu de
forma fraudulenta, com a finalidade clara de ludibriar o eleitor e burlar a
legislação eleitoral. [...] - (Ac de 3.5.2016 no AgR-REspe 137, rel. Min.
Gilmar Mendes)
“Ação de impugnação de mandato eletivo. Abuso do poder econômico.
Inelegibilidade. [...] 2. A procedência da ação de impugnação de
mandato eletivo acarreta a cassação do mandato obtido por meio dos
ilícitos de abuso do poder econômico, corrupção ou fraude, a que se
refere o § 10 do art. 14 da Constituição Federal. 3. A inelegibilidade
não é pena, não cabendo ser imposta em decisão judicial ou
administrativa, salvo na hipótese do art. 22 da LC nº 64/90,
conforme previsão expressa do seu inciso XIV, o que não prejudica a
respectiva arguição por ocasião de pedido de registro de candidatura,
se configurados os seus pressupostos. Recurso especial parcialmente
provido”. (Ac. de 16.8.2011 no REspe nº 557, rel. Min. Arnaldo
Versiani.)
"[...] AIME. Propaganda eleitoral irregular. Demonstração de
potencialidade para influir no resultado do pleito. A propaganda
eleitoral irregular pode ser objeto de representação prevista no art. 96
da Lei nº 9.504/97, mas também pode constituir abuso de poder,
desde que o excesso praticado possa influir no resultado do pleito.
[...]" (Ac. de 4.9.2008 no AgRgAg nº 7.191, rel. Min. Joaquim
Barbosa.)
Abuso do poder econômico

O texto constitucional prevê expressamente que cabe


AIME para apurar abuso de poder econômico. Diante
disso, pergunta-se:

há a possibilidade de ajuizamento de AIME para


apuração de abuso do poder político?
Abuso do poder econômico

1. O abuso de poder exclusivamente político não dá ensejo ao


ajuizamento da ação de impugnação de mandato eletivo (§ 10 do artigo 14
da Constituição Federal).
2. Se o abuso de poder político consistir em conduta
configuradora de abuso de poder econômico ou corrupção
(entendida essa no sentido coloquial e não tecnicamente penal),
é possível o manejo da ação de impugnação de mandato eletivo.
3. Há abuso de poder econômico ou corrupção na utilização de empresa
concessionária de serviço público para o transporte de eleitores, a título
gratuito, em benefício de determinada campanha eleitoral.
Recurso desprovido. (Recurso Especial nº 28.040, relator Ministro
Carlos Ayres Britto, de 22.4.2008)
Corrupção

O conceito de corrupção, no âmbito da AIME, tem


recebido uma interpretação extensiva, de modo a não
abranger tão somente o ilícito de compra de votos.

Modalidades de infração eleitoral alusiva à


compra de votos – corrupção eleitoral (art. 299 do
CE); captação ilícita de sufrágio (art. 41-A da Lei nº
9.504/97) e corrupção eleitoral (art. 14, § 10, da CF).
Corrupção

O Ministro Carlos Ayres Britto, no julgamento do REspe nº 28.040,


afirmou que

“[...] para melhor cumprir os seus eminentes fins tutelares,


a Constituição preferiu falar de corrupção naquele sentido
coloquial [não tecnicamente penal de “conspurcação”,
“degeneração”, “putrefação”, “degradação”, “depravação”
(...)”.
Corrupção

De igual modo, o Ministro Arnaldo Versiani, no julgamento do


Recurso Especial Eleitoral nº 28.396, igualmente sustentou que

“a corrupção, tal como prevista no § 10, do art. 14, da


Constituição Federal, não está ali no sentido técnico, nem
mesmo no sentido específico, objeto do art. 41-A da Lei nº
9.504/97”, concluindo que “o raio de alcance material do
termo “corrupção”, no citado dispositivo constitucional,
deve ser o mais abrangente, e, não, no sentido técnica e
puramente penal”.
Ação de impugnação de mandato eletivo. Corrupção.

Caracteriza corrupção a promessa de, caso os


candidatos se elejam, assegurar a permanência de
pessoas em cargos na Prefeitura Municipal,
certamente em troca de votos ou de apoio
político-eleitoral.
Recurso especial, em parte, conhecido e, nessa parte, provido.
(RECURSO ESPECIAL ELEITORAL nº 28396, Acórdão de
18/12/2007, Relator(a) Min. ARNALDO VERSIANI LEITE
SOARES, Publicação: DJ - Diário de justiça, Data
26/02/2008, Página 05
[...]

2. O vocábulo corrupção (art. 14, § 10, da CF/88)


constitui gênero de abuso de poder político e deve ser
entendido em seu significado coloquial, albergando
condutas que atentem contra a normalidade e o
equilíbrio do pleito. Precedentes.

Recurso Especial Eleitoral nº 73646, Acórdão de 31/05/2016,


Relator(a) Min. ANTONIO HERMAN DE VASCONCELLOS E
BENJAMIN, Publicação: DJE - Diário de justiça eletrônico,
Data 13/06/2016 )
CABE AIME POR PRÁTICA DE BOCA
DE URNA???
“[...] Ação de impugnação de mandato eletivo. Abuso e
captação ilegal de sufrágio. Não demonstrada a ilicitude.
[...]” NE: “[...] a alegação de que os fatos – boca-de-urna e
captação ilícita de sufrágio – não podem lastrear ação de
impugnação de mandato eletivo não se sustenta. Em
que pese a prática da chamada boca-de-urna ser
tipificada como crime – art. 39 da Lei no 9.504/97 –,
aqui se analisa o abuso dela decorrente e sua possível
influência no resultado do pleito. E esse é o
pressuposto para a ação de impugnação de mandato
eletivo. De igual modo, ocorre com a captação ilícita
de sufrágio, espécie do gênero corrupção.”

(Ac. no 893, de 6.9.2005, rel. Min. Luiz Carlos Madeira.)


Fraude
Conceito do vocábulo: Qualquer ato ardiloso, enganoso, de
má-fé, com o intuito de lesar ou ludibriar outrem.

Na lição de Rodrigo Zílio (Verbo Jurídico, 2016, p. 463),


“caracteriza-se como ato voluntário que induz
outrem em erro, mediante a utilização de meio
astucioso ou ardil”, em prejuízo a candidato, partido
ou coligação.
Fraude

No âmbito da Justiça Eleitoral, tem se assentado que a fraude


deve ser compreendida de forma abrangente, não se
aplicando a jurisprudência mais antiga no sentido de que ela se
restringiria àquela relacionada diretamente ao processo de
votação ou apuração (quando vigorava a votação por cédulas).
Fraude

Rodrigo Zilio (Verbo Jurídico, 2016, p. 463) lembra que “o


exemplo mais clássico de fraude, para fins de impugnação
de mandato eletivo é o denominado “mapismo”, que
consiste na alteração do boletim de urna preenchido no
sistema manual de apuração”.
Fraude

1. A fraude objeto da ação de impugnação de mandato eletivo diz


respeito a ardil, manobra ou ato praticado de má-fé pelo
candidato, de modo a lesar ou ludibriar o eleitorado, viciando
potencialmente a eleição.
(Recurso Especial Eleitoral nº 36643, Acórdão de 12/05/2011,
Relator(a) Min. ARNALDO VERSIANI LEITE SOARES, Publicação:
DJE - Diário da Justiça Eletrônico, Data 28/06/2011, Página 54)
Fraude
Ademais, há avanço da jurisprudência para tipificar hipóteses de fraude à
lei, o que o TSE já tem assim decidido em ações de investigação judicial
eleitoral e ação de impugnação de mandato eletivo.

2.O conceito da fraude, para fins de cabimento da ação de


impugnação de mandato eletivo (art. 14, § 10, da Constituição
Federal), é aberto e pode englobar todas as situações em que a
normalidade das eleições e a legitimidade do mandato eletivo
são afetadas por ações fraudulentas, inclusive nos casos de fraude à
lei. A inadmissão da AIME, na espécie, acarretaria violação ao direito de
ação e à inafastabilidade da jurisdição.
Recurso especial provido. (Recurso Especial Eleitoral nº 149, Acórdão de
04/08/2015, Relator(a) Min. HENRIQUE NEVES DA SILVA)
RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE IMPUGNAÇÃO DE MANDATO ELETIVO (AIME).
EXTINÇÃO SEM RESOLUÇÃO DO MÉRITO. INADEQUAÇÃO DA VIA ELEITA.
AUSÊNCIA DE PROVA PRÉ-CONSTITUÍDA. FRAUDE EM ATA DE CONVENÇÃO
QUE INSTRUIU O REGISTRO DE CANDIDATURA. VIRAGEM JURISPRUDENCIAL.
CONCEITO DE FRAUDE PREVISTO NO ART. 14, § 10, DA CONSTITUIÇÃO
FEDERAL. AMPLITUDE. DESNECESSIDADE DE PROVA PRÉ-CONSTITUÍDA.
ACÓRDÃO REGIONAL QUE INDICA A PRESENÇA DE SUPORTE PROBATÓRIO
MÍNIMO. PROSSEGUIMENTO DA AÇÃO. PROVIMENTO.
1. Este Tribunal Superior, ao julgar o Recurso Especial nº 1-49/PI, superou
entendimento anterior e passou a interpretar o termo "fraude" contido no
art. 14, § 10, da CF de forma ampla, englobando todas as situações de fraude que
possam afetar a normalidade das eleições e a legitimidade do mandato.
2. No caso de estar a petição inicial acompanhada de mínimo suporte probatório,
recomenda-se a instauração do juízo e o prosseguimento da instrução do feito em
busca da verdade dos fatos, com respeito às garantias do contraditório e da ampla
defesa, deixando as teses jurídicas para o julgamento do mérito da ação. Precedentes.
3. Recurso especial provido.
(Recurso Especial Eleitoral nº 794, Acórdão de 07/06/2016, Relator(a) Min. MARIA
THEREZA ROCHA DE ASSIS MOURA, Publicação: DJE - Diário de justiça eletrônico,
Data 19/08/2016, Página 121 )
RECURSO ESPECIAL. ELEIÇÕES 2012. PREFEITO. AÇÃO DE IMPUGNAÇÃO DE MANDATO
ELETIVO (AIME). EMBARGOS NÃO PROTELATÓRIOS. MULTA AFASTADA. FRAUDE.
PESQUISA ELEITORAL. PROPAGANDA. GRAVIDADE.
[...]
3. Extrai-se do acórdão regional que os recorrentes, de forma velada, por intermédio de empresa
com única incumbência de prestar serviços de marketing, patrocinaram e manipularam
pesquisa eleitoral sem qualquer rigor metodológico, inclusive com opiniões colhidas
durante evento de campanha e em duplicidade, visando obter resultado não
consentâneo com a realidade e, com isso, influenciar eleitores em favor de sua candidatura
aos cargos de prefeito e vice-prefeito de Pedro Avelino/RN.
4. A divulgação do levantamento, por quatro vezes, nos dias 12 e 14/9/2012, em programas de
campanha, ocorreu mediante desobediência a ordem judicial emanada nos autos da RP
140-06/RN, proposta com fim de impedir a publicidade dos dados.
[...]

(Recurso Especial Eleitoral nº 120, Acórdão de 21/06/2016, Relator(a) Min. ANTONIO HERMAN
DE VASCONCELLOS E BENJAMIN, Publicação: DJE - Diário de justiça eletrônico, Data
14/09/2016, Página 47-48 )
ELEIÇÕES 2012. AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE IMPUGNAÇÃO DE
MANDATO ELETIVO. FRAUDE. CONCEITO ABERTO. PRECEDENTE. MANUTENÇÃO DA DECISÃO
AGRAVADA.
1. A controvérsia dos autos reside em saber se eventual falsificação de assinatura em pedido de registro
enquadra-se na hipótese de fraude objeto de ação de impugnação de mandato eletivo. O Regional
entendeu que a fraude passível de apuração em AIME é somente a que ocorre durante a
votação e/ou apuração.
2. O TSE, ao julgar o REspe nº 1-49/PI, rel. Min. Henrique Neves da Silva, em 4.8.2015, assentou que
"o conceito da fraude, para fins de cabimento da ação de impugnação de mandato eletivo
(art. 14, § 10, da Constituição Federal), é aberto e pode englobar todas as situações em
que a normalidade das eleições e a legitimidade do mandato eletivo são afetadas por
ações fraudulentas, inclusive nos casos de fraude à lei".
3. Os requisitos de admissibilidade do recurso especial foram satisfatoriamente demonstrados, tendo
sido reconhecida violação legal e devidamente prequestionada a matéria.
4. Recurso especial provido com o fim de anular o acórdão recorrido e determinar o retorno dos autos
à instância de origem, para a regular instrução probatória da ação.
5. Manutenção da decisão agravada. Agravo regimental desprovido.
(Agravo Regimental em Recurso Especial Eleitoral nº 169, Acórdão de 25/02/2016, Relator(a) Min.
GILMAR FERREIRA MENDES, Publicação: DJE - Diário de justiça eletrônico, Tomo 76, Data
20/04/2016, Página 33/34.
Fraude

No mesmo sentido:

“É possível verificar, por meio da ação de investigação judicial


eleitoral, se o partido político efetivamente respeita a normalidade
das eleições prevista no ordenamento jurídico – tanto no momento
do registro como no curso das campanhas eleitorais, no que tange à
efetiva observância da regra prevista no art. 10, § 3º, da Lei das
Eleições – ou se há o lançamento de candidaturas apenas
para que se preencha, em fraude à lei, o número mínimo de
vagas previsto para cada gênero, sem o efetivo
desenvolvimento das candidaturas” (Voto do Ministro
Henrique Neves no Recurso Especial nº 243-42, julgamento ainda
http://www.brasil247.com/pt/247/tocantins247/245358/TSE-estar%C3%A1-atento-%C3%A0s-candidaturas-femininas-%E2%80%9Claranjas%E2%80%9D-alerta-ministra.htm
Termo de Recomendação nº 001/2016 – MPE-PRE/TO, DJE de 25.7.2016.
O MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL, no exercício de suas atribuições constitucionais e legais [...]
[...]
CONSIDERANDO que candidaturas fictícias, com gastos de campanha inexistentes ou irrisórios e
votação ínfima são consideradas fraudulentas e que as candidaturas de servidores e servidoras
públicas, civis ou militares, com fruição de três meses de licença remunerada, e sem o
correspondente intento de engajarem-se em campanhas, configuram, em tese, ato de improbidade
administrativa (art. 10 e 11 da Lei n.º 8.429/92), além de atentarem contra o princípio constitucional
da moralidade administrativa;
CONSIDERANDO, por fim, que no julgamento do Recurso Especial Eleitoral n.º 1-49/PI, o Tribunal
Superior Eleitora assentou que o lançamento de candidaturas fictícias apenas para atender os
patamares exigidos pela legislação eleitoral e o oferecimento de valores e vantagens para a renúncia
de candidatas são situações que compõem o conceito de fraude de que trata o art. 14, § 10, da
Constituição Federal, autorizando a propositura da Ação de Impugnação de Mandado
Eletivo (AIME);
RESOLVE expedir a presente NOTIFICAÇÃO RECOMENDATÓRIA aos DIRETÓRIOS MUNICIPAIS
DOS PARTIDOS POLÍTICOS NO MUNICÍPIO DE BOA VISTA que observem o preenchimento de no
mínimo 30% e o máximo de 70% para candidaturas de cada sexo, mantendo as proporções
originárias durante todo o processo eleitoral.
Caberia AIME por prática de
propaganda irregular que
configurasse espécie de fraude?
"[...] AIME. Propaganda eleitoral irregular. Demonstração
de potencialidade para influir no resultado do pleito. A
propaganda eleitoral irregular pode ser objeto de
representação prevista no art. 96 da Lei nº 9.504/97, mas
também pode constituir abuso de poder, desde que o
excesso praticado possa influir no resultado do pleito. [...]“

(Ac. de 4.9.2008 no AgRgAg nº 7.191, rel. Min. Joaquim


Barbosa.)
Potencialidade na AIME.

Um requisito diferencial e sempre exigido para a condenação no


âmbito da AIME, antes mesmo da edição da LC nº 135/2010 é
que, diante da configuração dos ilícitos previstos no texto
constitucional, seja comprovada a potencialidade do fato
narrado pelo autor.
Potencialidade na AIME.

Quanto à questão, assinalou o Ministro Sepúlveda Pertence,


no Recurso Ordinário nº 516, de 29.9.2001:

“O que se visa (...) não é punir o candidato ímprobo, tanto


que a sua procedência independe de que lhe sejam
imputáveis o abuso, a fraude ou a corrupção. Cuida, sim,
na ação de impugnação, é da cassação do mandato
viciado na sua origem por vícios que se possam
reputar capazes de haver influído – com provável
influência causal – no resultado do pleito”.
Potencialidade na AIME.

Embora a jurisprudência dos tribunais eleitorais venha exigindo o requisito de


potencialidade para a procedência da AIME, fato é que, houve o abandono desse
requisito no âmbito da Ação de Investigação Judicial Eleitoral, dadas as
novas disposições da LC nº 135/2010, com a adoção do conceito da
gravidade.

Lc 64/90 - Art. 22. Qualquer partido político, coligação, candidato ou


Ministério Público Eleitoral poderá representar à Justiça Eleitoral, diretamente
ao Corregedor-Geral ou Regional, relatando fatos e indicando provas, indícios e
circunstâncias e pedir abertura de investigação judicial para apurar uso
indevido, desvio ou abuso do poder econômico ou do poder de autoridade, ou
utilização indevida de veículos ou meios de comunicação social, em benefício de
candidato ou de partido político, obedecido o seguinte rito:
[...]
XVI – para a configuração do ato abusivo, não será considerada a potencialidade
de o fato alterar o resultado da eleição, mas apenas a gravidade das
circunstâncias que o caracterizam. (Incluído pela Lei Complementar nº 135, de
2010)
Potencialidade na AIME.

Embora a jurisprudência dos tribunais eleitorais venha


exigindo o requisito de potencialidade para a procedência da
AIME, fato é que, houve o abandono desse requisito no
âmbito da Ação de Investigação Judicial Eleitoral,
dadas as novas disposições da LC nº 135/2010, com a
adoção do conceito da gravidade.

Provavelmente, tal discussão será trazida para o âmbito da


Ação de Impugnação de Mandato Eletivo.
Litispendência com outras ações eleitorais

ELEIÇÕES 2012. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL COM AGRAVO.


PREFEITO E VICE. AÇÃO DE IMPUGNAÇÃO DE MANDATO ELETIVO. CAPTAÇÃO
ILÍCITA DE SUFRÁGIO (ART. 41-A DA LEI DAS ELEIÇÕES) E ABUSO DO PODER
ECONÔMICO. CONFIGURAÇÃO. REEXAME DE FATOS E PROVAS.
IMPOSSIBILIDADE. ENUNCIADOS DE SÚMULAS Nº 7/STJ E Nº 279/STF.
DECISÃO MANTIDA POR SEUS PRÓPRIOS FUNDAMENTOS. DESPROVIMENTO.
[...]
5. Frise-se, por oportuno, que os fatos trazidos na presente AIME, embora
semelhantes àqueles narrados na AIJE n° 293-92 (também de minha relatoria), são
mais abrangentes na medida em que envolvem, além da distribuição de bonés,
camisetas e viseiras, a realização de atendimentos médicos em prol da candidatura
dos Impugnados. Precisamente por isso, não se revela possível cogitar-se
litispendência entre as referidas ações, cujo reconhecimento, em algumas
hipóteses, está em discussão nesta Corte.
6. Agravo regimental desprovido.
(Agravo Regimental em Agravo de Instrumento nº 513, Acórdão de 01/07/2016,
Relator(a) Min. LUIZ FUX, Publicação: DJE - Diário de justiça eletrônico, Tomo 177,
Data 14/09/2016, Página 48-49 )
Art. 22 da LC nº 64/90.

XVI – para a configuração do ato abusivo, não será


considerada a potencialidade de o fato alterar o
resultado da eleição, mas apenas a gravidade das
circunstâncias que o caracterizam. (Incluído pela Lei
Complementar nº 135, de 2010).
Rito/Procedimento

Durante anos, o TSE entendeu que deveria ser adotado o rito


ordinário do Código de Processo Civil à AIME, o que
praticamente tornava inócuo o meio processual
constitucional, considerada a duração dos mandato, em
regra, de quatro anos.
Rito/Procedimento

A partir das Instruções de 2004 (Res.-TSE nº 21.634/2004), o TSE


passou a indicar que o rito a ser adotado deveria ser aquele
atinente à Ação de impugnação de registro de
candidatura, de modo a imprimir celeridade ao procedimento.
Rito/Procedimento

AIME até 15 dias


da diplomação
O trâmite da AIME é sigiloso, nos termos do art. 14, § 11, ou seja, tramita em
segredo de justiça, mas o julgamento é público (Res.-TSE nº 21.283/2002,
Processo Administrativo nº 18.961, rel. Min. Ellen Gracie, de 5.11.2002).

Joel J. Cândido (Direito Eleitoral Brasileiro, 2016, p. 263) bem fundamenta


crítica a tal sigilo, pelas seguintes razões:

I – Não foi estabelecida sanção pelo descumprimento do sigilo;


II – Há interesse público versado nessa ação constitucional, defendendo o
estudioso que “o eleitor deve saber, desde o início, qual a razão que está pondo
em risco o mandato eletivo do candidato que pelo poder de sufrágio,
decorrente da soberania, ele ajudou a eleger”, o que evidenciaria uma medida
de caráter corporativo;
III – A exigência é inócua, porque muitas vezes já há uma AIJE correlata,
envolvendo a mesma causa de pedir, que possibilita o conhecimento público da
matéria discutida.
Prazo para ajuizamento
- Quinze dias contados
da diplomação e tal
prazo tem natureza
decadencial.
99
AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ORDINÁRIO. ELEIÇÕES 2004. AÇÃO DE IMPUGNAÇÃO DE
MANDATO ELETIVO. PRAZO DECADENCIAL. TERMO AD QUEM. PRORROGAÇÃO.
1. O c. Supremo Tribunal Federal (MS nº 20.575-DF, Rel. Min. Aldir Passarinho, DJ de 21.11.86) firmou
o entendimento de que o prazo decadencial do mandado de segurança obedece à sistemática
do Código de Processo Civil (art. 184, § 1º do CPC), sendo prorrogável caso o termo final
recaia em dia não-útil ou em que não haja expediente normal no Tribunal.
2. À luz desse entendimento, fixou-se no c. Tribunal Superior Eleitoral que sendo decadencial o
prazo para a propositura da Ação de Impugnação de Mandato Eletivo (REspe nº
25.482/DF, Rel. Min. Cesar Rocha, DJ 11.4.2007; REspe nº 15.248, Rel. Min. Eduardo
Alckmin, DJ de 18.12.98) este não se interrompe nem se suspende durante o recesso
forense, entretanto, o seu termo final é prorrogado para o primeiro dia útil subseqüente
(art. 184, § 1º, CPC), não havendo expediente normal no Tribunal.
3. Sendo decadencial, tal prazo só se suspende ou se interrompe havendo previsão legal expressa. Nesse
sentido, a edição de portaria da Presidência do e. Tribunal a quo, suspendendo o curso dos prazos
processuais durante o recesso de 20.12.2006 a 5.1.2007, não tem efeito sobre esse prazo decadencial.
[...]
5. o caso, o prazo inicial da ação deve ser contado a partir do primeiro dia subseqüente ao da
diplomação (no caso, 20.12.2006, data em que o Tribunal funcionou em regime de plantão),
findando-se em 3.1.2007. Como não havia expediente normal no Tribunal, o prazo final foi prorrogado
para o primeiro dia útil após o recesso (8.1.2007). Se a ação só foi proposta em 12.1.2007, é evidente a
ocorrência da decadência.
6. Agravo regimental desprovido.
(Agravo Regimental em Recurso Ordinário nº 1.459, rel. Min. Felix Fischer, de 26.6.2008).
ELEIÇÕES 2012. RECURSO ESPECIAL. ABUSO DE PODER
POLÍTICO E ECONÔMICO. AÇÃO DE IMPUGNAÇÃO DE MANDATO
ELETIVO. CASSAÇÃO DOS DIPLOMAS. INELEGIBILIDADE.
IMPOSSIBILIDADE. PROVIMENTO PARCIAL DO RECURSO
ESPECIAL.
1. Afasta-se a alegação de intempestividade da AIME ajuizada em
7.1.2013, uma vez que o prazo para o ajuizamento da referida ação,
conquanto tenha natureza decadencial, deve obedecer aos ditames do
art. 184, § 1º, do CPC, prorrogando-se para o primeiro dia útil
subsequente o termo final que recair em feriado ou dia em
que não haja expediente normal no cartório. Precedentes.
[...]
(Recurso Especial Eleitoral nº 138, Acórdão de 10/03/2015, Relator(a)
Min. MARIA THEREZA ROCHA DE ASSIS MOURA, Publicação: DJE -
Diário de justiça eletrônico, Tomo 56, Data 23/03/2015, Página 33/34 )
O dia de plantão judiciário não é considerado dia útil para fins
de contagem de prazo na AIME:

1. Esta c. Corte já assentou que o prazo para a propositura da Ação de


Impugnação de Mandato Eletivo submete-se às regras do art. 184 e § 1º do
CPC, prorrogando-se para o primeiro dia útil seguinte se o termo final cair
em feriado ou dia em que não haja expediente normal no Tribunal.
2. Aplica-se essa regra ainda que o tribunal tenha disponibilizado
plantão para casos urgentes, uma vez que plantão não pode ser
considerado expediente normal. Precedentes: STJ: EREsp
667.672/SP, Rel. Min. José Delgado, CORTE ESPECIAL, julgado em
21.5.2008, DJe de 26.6.2008; AgRg no RO nº 1.459/PA, de minha
relatoria, DJ de 6.8.2008; AgRg no RO nº 1.438/MT, Rel. Min. Joaquim
Barbosa, DJ de 31.8.2009.
3. Agravo regimental não provido.
(Agravo Regimental em Recurso Especial nº 35.916, rel. Min. Felix Fischer,
de 29.9.2009)
Contagem de prazo decadencial. Ação rescisória e
NCPC. Alinhamento à orientação.

Art. 975. O direito à rescisão se extingue em 2 (dois) anos


contados do trânsito em julgado da última decisão proferida
no processo.

§ 1º Prorroga-se até o primeiro dia útil


imediatamente subsequente o prazo a que se refere
o caput, quando expirar durante férias forenses,
recesso, feriados ou em dia em que não houver
expediente forense
Suspensão dos prazos processuais. Novo CPC.
Art. 220 do NCPC. Suspende-se o curso do prazo processual nos
dias compreendidos entre 20 de dezembro e 20 de janeiro,
inclusive.
§ 1º Ressalvadas as férias individuais e os feriados instituídos por
lei, os juízes, os membros do Ministério Público, da Defensoria
Pública e da Advocacia Pública e os auxiliares da Justiça exercerão
suas atribuições durante o período previsto no caput.
§ 2º Durante a suspensão do prazo, não se realizarão audiências
nem sessões de julgamento.
Art. 10 da Res.-TSE nº 23.478. A suspensão dos prazos
processuais entre os dias 20 de dezembro e 20 de janeiro de
que trata o art. 220 do Novo Código de Processo Civil aplica-se no
âmbito dos cartórios eleitorais e dos tribunais regionais eleitorais.
Sanções/efeitos da decisão na AIME.

A sanção cabível, diante da procedência da AIME, é a cassação do


mandato eletivo.

Não há na AIME a imposição de pena de inelegibilidade, o que é


objeto da AIJE fundada no art. 22 da LC nº 64/90.

Não é possível na AIME a imposição da pena de multa.


Recurso especial. Ação de impugnação de mandato eletivo.
Corrupção. Multa.
[...]
2. A procedência da AIME enseja a cassação do
mandato eletivo, não sendo cabível a imposição de
multa a que se refere o art. 41-A da Lei nº 9.504/97, por falta
de previsão no art. 14, § 10, da Constituição Federal e na
própria Lei nº 9.504/97.
Recurso parcialmente conhecido e, nessa parte, provido, para
tornar insubsistente a multa aplicada.
(Recurso Especial nº 28.186, rel. Min. Arnaldo Versiani, de
6.12.2007).
Antiga jurisprudência acerca da não incidência na alinea “d” e
incidência na alínea “j”

LC 64/90, art. 1º , I – São inelegíveis para quaisquer cargos:

[...]

d) Os que tenham contra sua pessoa representação julgada procedente pela Justiça
Eleitoral, em decisão transitada em julgado ou proferida por órgão colegiado, em processo de
apuração de abuso do poder econômico ou político, para a eleição na qual concorrem ou
tenham sido diplomados, bem como para as que se realizarem nos 8 (oito) anos seguintes;
Ac.-TSE, de 8.2.2011, no AgR-RO nº 371450: não incidência da inelegibilidade desta alínea
quando proferida em sede de RCED ou AIME.

[...]

j) os que forem condenados, em decisão transitada em julgado ou proferida por órgão colegiado da
Justiça Eleitoral, por corrupção eleitoral, por captação ilícita de sufrágio, por doação, captação ou
gastos ilícitos de recursos de campanha ou por conduta vedada aos agentes públicos em campanhas
eleitorais que impliquem cassação do registro ou do diploma, pelo prazo de 8 (oito) anos a contar da
eleição;
Antiga jurisprudência acerca da não incidência na alinea “d” e incidência na
alínea “j”

AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ORDINÁRIO. REGISTRO DE CANDIDATURA. VERIFICAÇÃO DE


CERCEAMENTO DE DEFESA. INELEGIBILIDADE. ART. 1º, I, l, DA LC Nº 64/90. NÃO CONFIGURAÇÃO.
IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. SUSPENSÃO DOS DIREITOS POLÍTICOS. INOCORRÊNCIA DE
ENRIQUECIMENTO ILÍCITO. ART. 1º, I, d, DA LC Nº 64/90. NÃO CARACTERIZAÇÃO. ABUSO APURADO EM
SEDE DE AIME. DESPROVIMENTO.
1. In casu, a decisão do Tribunal de Justiça local que condenou o agravado por improbidade administrativa não foi
juntada aos autos com a inicial da impugnação ao seu registro de candidatura, mas tão somente após a apresentação
de contestação por parte do impugnado, sobre a qual não foi oportunizado manifestar-se. É flagrante, portanto, o
prejuízo acarretado à sua defesa, cuja plenitude deve ser preservada, de acordo com os princípios do contraditório,
da ampla defesa e do devido processo legal.
2. Nos termos da alínea l do inciso I do art. 1º da LC nº 64/90, para a incidência da causa de inelegibilidade nele
prevista, é necessária não apenas a condenação à suspensão de direitos políticos por ato doloso de improbidade
administrativa, mas, também, que tal ato tenha importado lesão ao patrimônio público, bem como enriquecimento
ilícito.
3. Conforme assentado por esta Corte nos autos do RO nº 3128-94/MA, para que haja a incidência
da causa de inelegibilidade prevista no art. 1º, I, d, da LC nº 64/90, a condenação por abuso deve ser
reconhecida pela Justiça Eleitoral por meio da representação de que trata o art. 22 da LC nº 64/90,
não incidindo quando proferida em sede de recurso contra expedição de diploma ou ação de
impugnação a mandato eletivo, hipótese dos autos.
4. Agravo regimental desprovido.

(Agravo Regimental em Recurso Ordinário nº 371450, Acórdão de 08/02/2011, Relator(a) Min. MARCELO
HENRIQUES RIBEIRO DE OLIVEIRA, Publicação: DJE - Diário da Justiça Eletrônico, Data 15/04/2011,
Página 72 )
NOVA JURISPRUDÊNCIA SOBRE A INELEGIBILIDADE EM AIME
ELEIÇÕES 2014. CANDIDATO A DEPUTADO FEDERAL. RECURSOS ORDINÁRIOS. REGISTRO DE
CANDIDATURA INDEFERIDO. INCIDÊNCIA NAS INELEGIBILIDADES REFERIDAS NO ART. 1º, INCISO I,
ALÍNEAS d E g, DA LEI COMPLEMENTAR Nº 64/1990.
[...]
3. Recurso do candidato. Na causa de inelegibilidade do art. 1º, inciso I, alínea d, da LC nº
64/90 incidem os condenados por abuso em ação de investigação judicial eleitoral e em ação de
impugnação de mandato eletivo. Com base na compreensão do princípio da isonomia, não há fator
razoável de diferenciação para concluir que está inelegível o cidadão condenado por abuso de poder econômico
nas eleições de 2008 em AIJE, enquanto está elegível aquele condenado também por abuso de poder no
mesmo pleito, porém em AIME, pois ambas as ações têm o abuso como causa de pedir, tramitam sob o mesmo
procedimento (art. 22 da LC nº 64/90) e acarretam idêntica consequência jurídica - cassação de registro e de
diploma -, desde que o abuso seja grave o suficiente para ensejar a severa sanção.
4. Não se trata de interpretar extensivamente norma restritiva de direito, como são as causas de
inelegibilidades, mas buscar a interpretação lógica da norma, visando à harmonia do sistema de
inelegibilidades e evitando eventuais contradições jurídicas, com base nos valores previstos no
art. 14, § 9º, da CF/88.
5. Tanto a ação de investigação judicial eleitoral quanto a ação de impugnação de mandato eletivo buscam
tutelar justamente a normalidade e legitimidade do pleito contra o abuso de poder econômico assim
reconhecido pela Justiça Eleitoral, razão pela qual as condenações por abuso nessas ações podem acarretar a
causa de inelegibilidade referida no art. 1º, inciso I, alínea d, da LC nº 64/90.
[...]
6. Com base na compreensão da reserva legal proporcional, nem toda condenação por abuso de poder
econômico em ação de impugnação de mandato eletivo gerará a automática inelegibilidade referida na alínea d,
mas somente aquelas que imputem ao cidadão a prática do ato ilícito ou a sua anuência a ele, pois, como se
sabe, não se admite a responsabilidade objetiva em matéria de inelegibilidades. Circunstância ausente no caso
concreto.
7. Conquanto o mero benefício seja suficiente para cassar o registro ou o diploma do candidato beneficiário do
abuso de poder econômico, nos termos do art. 22, inciso XIV, da LC nº 64/90, segundo o qual, "além da
cassação do registro ou diploma do candidato diretamente beneficiado pela interferência do
poder econômico ou pelo desvio ou abuso do poder de autoridade ou dos meios de
comunicação", a parte inicial do citado inciso esclarece que a declaração de inelegibilidade se restringe
apenas ao "representado e de quantos hajam contribuído para a prática do ato, cominando-lhes sanção de
inelegibilidade para as eleições a se realizarem nos 8 (oito) anos subsequentes à eleição em que se verificou".
8. Conclusão jurídica que se reforça com o art. 18 da LC nº 64/90, que consagra o caráter pessoal das causas
de inelegibilidade, afastando, consequentemente, qualquer interpretação que almeje a responsabilização de
forma objetiva, pois "a declaração de inelegibilidade do candidato à Presidência da República, Governador de
Estado e do Distrito Federal e Prefeito Municipal não atingirá o candidato a Vice-Presidente, Vice-Governador
ou Vice-Prefeito, assim como a destes não atingirá aqueles".
9. Recurso do candidato provido. (Recurso Ordinário nº 29659, Acórdão de 03/03/2016, Relator(a) Min.
GILMAR FERREIRA MENDES, Publicação: DJE - Diário de justiça eletrônico, Volume -, Tomo 188, Data
29/09/2016, Página 63/64 )
NOVA JURISPRUDÊNCIA SOBRE A INELEGIBILIDADE EM AIME
ELEIÇÕES 2008. RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE IMPUGNAÇÃO DE MANDATO ELETIVO. TRIBUNAL DE ORIGEM
ASSENTOU A OCORRÊNCIA DE FRAUDE. SUBSTITUÍDO EMPREGOU MANOBRAS COM O INTUITO DE OCULTAR
A ALTERAÇÃO DA SUA CANDIDATURA PELA DE SEU FILHO AO CARGO DE VEREADOR. OBJETIVO DA AIME
LIMITADO À CASSAÇÃO DE MANDATO. FALTA DE PREVISÃO NORMATIVA PARA A IMPOSIÇÃO DA
INELEGIBILIDADE POR MEIO DESSE INSTRUMENTO. RECURSO PROVIDO PARA EXTINGUIR A AIME NO
TOCANTE AO ORA RECORRENTE.
[...]
4. A ação de impugnação de mandato eletivo, cuja causa petendi veicule suposta prática de fraude, não tem o condão
de atrair a pecha de inelegibilidade do art. 1º, I, alínea d, cujo escopo cinge-se ao reconhecimento da prática abusiva
de poder econômico ou político.
5. No caso sub examine,
a) o aresto hostilizado assentou expressamente que o Recorrente praticou fraude nas eleições de 2008, materializada
no emprego de manobras com o objetivo de ocultar do eleitor a substituição de sua candidatura ao cargo de Vereador no
pleito de 2008 pela de seu filho, Jander Tabosa, não havendo qualquer alusão à prática de abuso de poder econômico ou
político;
b) Justamente por isso, resta impossibilitada a análise de eventual inelegibilidade do art. 1º, inciso I, alínea d
(inelegibilidade como efeito secundário), da LC nº 64/90, cujo escopo se limita ao reconhecimento de abuso de
poder econômico ou político.
6. Recurso especial eleitoral provido, para extinguir a ação de impugnação ao mandato eletivo no tocante ao ora
Recorrente, considerada a sua ilegitimidade passiva. (Recurso Especial Eleitoral nº 52431, Acórdão de 16/06/2016,
Relator(a) Min. LUIZ FUX, Publicação: DJE - Diário de justiça eletrônico, 165, Data 26/08/2016, Página 125-126 )
Bibliografia consultada

COSTA, Alessandro Rodrigues da, KREUTZ, Luiz Carlos.


Manoal do Advogado e do Eleitor - Eleições Municipais
2020.
GOMES, José Jairo. Direito Eleitoral. 1ª Edição. Ed. Atlas.
2019.
NIESS, Pedro Henrique Távora. Direito Eleitoral. Editora
Edipro. 2016.
RAMAYANA, Marcos. Direito Eleitoral. 15ª Edição. Editora
Impetus. 2016.
SEREJO, Lourival. Direito Eleitoral. Ed. Del Rey. 2016.
Representação Eleitoral por captação e gastos ilícitos
de recursos de campanha

113
Art. 30-A. LEI 9.504/97

Qualquer partido político ou coligação poderá representar à Justiça


Eleitoral, no prazo de 15 (quinze) dias da diplomação, relatando
fatos e indicando provas, e pedir a abertura de investigação judicial
para apurar condutas em desacordo com as normas desta Lei,
relativas à arrecadação e gastos de recursos.
Legitimidade ativa
Podem ajuizar a representação os partidos políticos ou
coligações e os representantes do Ministério Público
Eleitoral.
Nesse sentido:
Representação. Art. 30-A da Lei nº 9.504/97. Candidato. Ilegitimidade ativa.
[...] 2. O art. 30-A da Lei nº 9.504/97 estabelece legitimidade para a
propositura de representação prevista nessa disposição legal apenas a
partido político e coligação, não se referindo, portanto, a candidato. 3. O §
1º do art. 30-A da Lei das Eleições - ao dispor que, para a apuração das
condutas, será observado o procedimento do art. 22 da Lei Complementar nº
64/90 - refere-se, tão somente, ao rito, não afastando, portanto, a regra de
legitimidade específica, expressamente estabelecida no caput do mencionado
artigo. [...]. (TSE, Ac. de 19.3.2009 no RO nº 1.498, Rel. Min. Arnaldo Versiani)
o Legitimidade passiva (art. 30-A, § 2º, da LE).
Apenas o candidato pode sofrer a representação.
Relevância jurídica
Para a configuração do art. 30-A da Lei nº 9.504/97, é necessária a
avaliação da relevância jurídica do ilícito, uma vez que a cassação do
mandato ou do diploma deve ser proporcional à gravidade da
conduta e à lesão ao bem jurídico protegido pela norma.
Dessa forma, não se trata de examinar apenas se houve irregularidades
censuráveis na prestação de contas do candidato. Importa verificar se tal
irregularidade foi relevante a ponto de impor ao candidato a cassação
devida.
Prazo para ajuizamento (art. 30-A, caput, da LE)

Até 15 dias após a diplomação.

RECURSO ORDINÁRIO. REPRESENTAÇÃO. LEI Nº 9.504/97. ART. 30-A.


DEPUTADO ESTADUAL. DOAÇÃO ESTIMÁVEL EM DINHEIRO.
IRREGULARIDADE. INSIGNIFICÂNCIA. RECIBO ELEITORAL.
PREENCHIMENTO. VÍCIO FORMAL. CONCESSÃO DE VANTAGENS OU
BENEFÍCIOS A ELEITORES. DESCARACTERIZAÇÃO. DESPROVIMENTO. 1. O
prazo para ajuizamento da representação instituída pelo art. 30-A da Lei
nº 9.504/97, com a redação dada pela Lei nº 12.034/2009, é de 15 dias
contados da diplomação. Não opera na espécie a decadência. [...]. (TSE,
Ac. de 28.11.2013 no RO nº 1.214, Rel. Min. Dias Toffoli)
Representação por captação e gastos ilícitos de
recursos em campanha (art. 30-A da LE)

A representação por captação ou gastos ilícitos de recursos, para


fins eleitorais, visa apurar condutas em desacordo com as
normas, relativas à arrecadação e aos gastos de recursos.
[...] 2. Na representação instituída pelo art. 30-A da Lei nº
9.504/97, deve-se comprovar a existência de ilícitos que
extrapolem o universo contábil e possuam relevância jurídica
para comprometer a moralidade da eleição, o que não
ocorreu na espécie. 3. A desaprovação das contas devido à
realização de saque para pagamento em espécie de despesas
eleitorais, em contrariedade ao disposto no § 1º do art. 21 da
Res.-TSE nº 23.217/2010, não acarreta necessariamente a
procedência da representação, mormente quando não
demonstrada a ilicitude da origem ou da destinação dos
recursos movimentados na campanha eleitoral. [...].

(TSE, Ac. de 7.5.2013 no RO 874, Rel. Min. Dias Toffoli)


[...]3. Para a aplicação da sanção de cassação do diploma pela prática de
arrecadação e gastos ilícitos de recursos de campanha não basta a
ocorrência da ilegalidade. Além da comprovação do ilícito, deve-se
examinar a relevância do ato contrário à legislação ante o contexto da
campanha do candidato. Precedentes. 4. Na hipótese dos autos, não
obstante o caráter reprovável das condutas de responsabilidade do
recorrido, verifica-se que o montante comprovado das irregularidades
(R$ 21.643,58) constitui parcela de pouca significação no contexto da
campanha do candidato, na qual se arrecadou R$ 1.336.500,00 e se
gastou R$ 1.326.923,08. Logo, a cassação do mandato eletivo não
guarda proporcionalidade com as condutas ilícitas praticadas pelo
recorrido no contexto de sua campanha eleitoral, razão pela qual se deixa
de aplicar a sanção do § 2º do art. 30-A da Lei 9.504/97. [...].

(TSE, Ac. de 22.3.2012 no Respe nº 28.448, Rel. desig. Min. Nancy


Andrighi)
Procedimento

De acordo com o § 1º do art. 30-A da LE, a representação


fundamentada na prática de captação e gastos ilícitos de recursos em
campanha eleitoral deve obedecer ao trâmite previsto no art. 22 da
LC nº 64/1990.

Ac.-TSE, de 1º.2.2011, no AgR-REspe nº 28315: a adoção do rito do


art. 22 da LC nº 64/1990 para a representação prevista neste artigo
não implica o deslocamento da competência para o corregedor.
A Lei nº 12.034/2009 proporcionou alteração significativa nas
representações previstas na Lei das Eleições(LE).

Tais alterações fizeram com que quatro delas passassem a adotar o


rito do art. 22 da LC nº 64/90.

São elas (art. 22 da Res. TSE nº 23.398/2013):


i) Representação por captação e gastos ilícitos de recursos em
campanha (art. 30-A da LE);
ii) Representação por captação ilícita de sufrágio (art. 41-A da LE);
iii) Representação por condutas vedadas a agentes públicos (arts. 73
a 77 da LE);
iv) Representação por doação de recursos acima do limite legal (arts.
23 e 81 da LE)
Procedimento (art. 22 da LC nº 64/90):

Ao despachar a inicial, o relator adotará as seguintes providências

I) Ordenará que se notifique o representado, encaminhando-lhe a segunda via da


petição, acompanhada das cópias dos documentos, para que, no prazo de cinco dias,
ofereça defesa, juntada de documentos e rol de testemunhas;
II) Determinará que se suspenda o ato que deu origem à representação, quando
relevante o fundamento e do ato impugnado puder resultar a ineficácia da medida, caso
seja julgada procedente, ou indeferirá desde logo a inicial, quando não for caso de
representação ou lhe faltar algum requisito essencial;
III) Feita a notificação, a Secretaria Judiciária do Tribunal juntará aos autos cópia
autêntica do documento endereçado ao representado, bem como a prova da entrega ou
da recusa em aceitá-la ou em dar recibo;
IV) Se a defesa for instruída com documentos, a Secretaria Judiciária do Tribunal
intimará o representante a se manifestar sobre eles no prazo de 48 horas;
V) Terminado o prazo da notificação, com ou sem defesa, ou, ainda, decorrido o prazo
para que o representante se manifeste sobre os documentos juntados, os autos serão
imediatamente conclusos ao relator, que designará, nos cinco dias seguintes, data, hora e
local para a realização da audiência para oitiva das testemunhas;
VI) Ouvidas as testemunhas ou indeferida a oitiva, o relator, nos três dias subsequentes,
procederá a todas as diligências que determinar, de ofício ou a requerimento das partes;
VII) Encerrado o prazo da dilação probatória, as partes, inclusive o Ministério Público,
poderão apresentar alegações finais no prazo comum de dois dias;
VIII) Terminado o prazo para as alegações finais, os autos serão conclusos ao relator
no dia imediato para apresentação de relatório conclusivo no prazo de três dias;
IX) Apresentado o relatório, os autos serão encaminhados à Secretaria Judiciária do
Tribunal, com pedido de inclusão em pauta, para julgamento na primeira sessão
subsequente.

Julgada a representação, o tribunal providenciará a imediata publicação do


acórdão no Diário da Justiça Eletrônico.
Do recurso

A Lei nº 12.034/2009 prevê que, nas infrações dos artigos 23, 30-A,
41-A, 73 a 77 e 81 da Lei das Eleições, o prazo para interposição de
recurso será de três dias, a contar da data da publicação do
julgamento no Diário da Justiça Eletrônico.

Deve-se observar o mesmo prazo para os recursos subsequentes,


inclusive recurso especial e agravo, bem como as respectivas
contrarrazões e respostas (art. 34 da Res. TSE nº 23.398/2013).
Sanção (art. 30-A, § 2º, da LE)

§ 2º Comprovados captação ou gastos ilícitos de recursos, para


fins eleitorais, será negado diploma ao candidato, ou cassado,
se já houver sido outorgado.
Inelegibilidade

LC 64/90. Art. 1º São inelegíveis:

I - para qualquer cargo:

[...]

j) os que forem condenados, em decisão transitada em julgado ou


proferida por órgão colegiado da Justiça Eleitoral, por corrupção eleitoral,
por captação ilícita de sufrágio, por doação, captação ou gastos ilícitos de
recursos de campanha ou por conduta vedada aos agentes públicos em
campanhas eleitorais que impliquem cassação do registro ou do diploma,
pelo prazo de 8 (oito) anos a contar da eleição; (Incluído pela Lei
Complementar nº 135, de 2010)
Rito das Representações
Eleitorais AIJE - AIME - RP
30-A: art. 22, LC 64/90
Alessandro Costa
Outubro 2021

128
A Lei nº 12.034/2009 proporcionou alteração significativa nas
representações previstas na Lei das Eleições(LE).

Tais alterações fizeram com que quatro delas passassem a adotar o


rito do art. 22 da LC nº 64/90. São elas (art. 22 da Res. TSE nº
23.398/2013):

i) Representação por captação e gastos ilícitos de recursos em


campanha (art. 30-A da LE); ii) Representação por captação ilícita
de sufrágio (art. 41-A da LE);
iii) Representação por condutas vedadas a agentes públicos (arts.
73 a 77 da LE);
iv) Representação por doação de recursos acima do limite legal
(arts. 23 e 81 da LE)
Procedimento

Ao despachar a inicial, o relator adotará as seguintes providências (art. 22 da LC nº


64/90):

i) Ordenará que se notifique o representado, encaminhando-lhe a segunda via da


petição, acompanhada das cópias dos documentos, para que, no prazo de cinco dias,
ofereça defesa, juntada de documentos e rol de testemunhas;
ii) Determinará que se suspenda o ato que deu origem à representação, quando
relevante o fundamento e do ato impugnado puder resultar a ineficácia da medida,
caso seja julgada procedente, ou indeferirá desde logo a inicial, quando não for caso de
representação ou lhe faltar algum requisito essencial;
iii) Feita a notificação, a Secretaria Judiciária do Tribunal juntará aos autos cópia
autêntica do documento endereçado ao representado, bem como a prova da entrega
ou da recusa em aceitá-la ou em dar recibo;
iv) Se a defesa for instruída com documentos, a Secretaria Judiciária do Tribunal
intimará o representante a se manifestar sobre eles no prazo de 48 horas;
Procedimento

v) Terminado o prazo da notificação, com ou sem defesa, ou, ainda, decorrido o prazo
para que o representante se manifeste sobre os documentos juntados, os autos serão
imediatamente conclusos ao relator, que designará, nos cinco dias seguintes, data, hora
e local para a realização da audiência para oitiva das testemunhas;
vi) Ouvidas as testemunhas ou indeferida a oitiva, o relator, nos três dias subsequentes,
procederá a todas as diligências que determinar, de ofício ou a requerimento das
partes;
vii) Encerrado o prazo da dilação probatória, as partes, inclusive o Ministério Público,
poderão apresentar alegações finais no prazo comum de dois dias;
viii) Terminado o prazo para as alegações finais, os autos serão conclusos ao relator no
dia imediato para apresentação de relatório conclusivo no prazo de três dias;
ix) Apresentado o relatório, os autos serão encaminhados à Secretaria Judiciária do
Tribunal, com pedido de inclusão em pauta, para julgamento na primeira sessão
subsequente.

Julgada a representação, o tribunal providenciará a imediata publicação do acórdão no


Diário da Justiça Eletrônico
Do recurso

A Lei nº 12.034/2009 prevê que, nas infrações dos artigos 23,


30-A, 41-A, 73 a 77 e 81 da Lei das Eleições, o prazo para
interposição de recurso será de três dias, a contar da data da
publicação do julgamento no Diário da Justiça Eletrônico.

Deve-se observar o mesmo prazo para os recursos


subsequentes, inclusive recurso especial e agravo, bem como
as respectivas contrarrazões e respostas (art. 34 da Res. TSE
nº 23.398/2013).
Bibliografia consultada

COSTA, Alessandro Rodrigues da, KREUTZ, Luiz Carlos.


Manoal do Advogado e do Eleitor - Eleições Municipais
2020.
GOMES, José Jairo. Direito Eleitoral. 1ª Edição. Ed. Atlas.
2019.
NIESS, Pedro Henrique Távora. Direito Eleitoral. Editora
Edipro. 2016.
RAMAYANA, Marcos. Direito Eleitoral. 15ª Edição. Editora
Impetus. 2016.
SEREJO, Lourival. Direito Eleitoral. Ed. Del Rey. 2016.

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