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ELEIÇÕES 2024
PROCURADORIA-GERAL DO MUNICÍPIO
BELO HORIZONTE - 2024
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PROCURADORIA-GERAL DO MUNICÍPIO l BELO HORIZONTE
SUMÁRIO
1. APRESENTAÇÃO ........................................................................................ 4
4. SANÇÕES .................................................................................................... 23
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PROCURADORIA-GERAL DO MUNICÍPIO l BELO HORIZONTE
1. APRESENTAÇÃO
O presente documento tem por objetivo apresentar as normas que devem orientar as(os)
agentes públicas(os) municipais em 2024, ano no qual serão realizadas eleições para os
mandatos de Prefeito, Vice-Prefeito e Vereador. Nessa linha, a Procuradoria-Geral do Município,
por meio da Diretoria Técnico-Consultiva (DTIC), elaborou este manual com o propósito de
auxiliar as servidoras e servidores, a fim de evitar a prática de atos administrativos ou a tomada
de decisões que possam incidir em irregularidades durante o período eleitoral.
Este manual não tem a pretensão de esgotar o tema, buscando apenas fornecer informações
básicas sobre as restrições impostas pela legislação.
A orientação geral é a de que as(os) agentes públicas(os) municipais atuem com cautela para
que seus atos não incidam em favorecimento de candidaturas, ferindo a lisura e a igualdade de
condições na disputa eleitoral. Há que se considerar, também, que é necessário dar
continuidade às atividades rotineiras e atos de gestão, concomitantemente à observância da
legislação, sem favorecimento a candidata, candidato, partido político, federação ou coligação,
conforme destacado em pronunciamentos judiciais inseridos no presente manual.
Este volume apresenta, de forma sistematizada, o disciplinamento legal a ser observado pela
Administração Municipal no ano eleitoral de 2024, com foco nos artigos 73, 74, 75 e 77 da Lei
nº 9.504/97 (Lei das Eleições); na Resolução TSE nº 23.735, de 27 de fevereiro de 2024 (Dispõe
sobre os ilícitos eleitorais); na Resolução TSE nº 23.738, de 27 de fevereiro de 2024 (Calendário
Eleitoral), na Resolução TSE Nº 23.610, de 18 de dezembro de 2019 (Dispõe sobre a propaganda
eleitoral) e na Lei Complementar nº 101/00 (Lei de Responsabilidade Fiscal), abarcando, ainda,
a jurisprudência e decisões judiciais do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e do Tribunal Regional
Eleitoral de Minas Gerais (TRE-MG), bem como estudos desenvolvidos no âmbito da doutrina
especializada sobre o tema.
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“Reputa-se agente público, para os efeitos deste artigo, quem exerce, ainda que
transitoriamente ou sem remuneração, por eleição, nomeação, designação, contratação ou
qualquer outra forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou função nos órgãos
ou entidades da administração pública direta, indireta ou fundacional.”
“Assim, sob o aspecto subjetivo, a conduta inquinada deve ser realizada por agente público. Este
termo é tecnicamente designado para empregar os exercentes de funções estatais. Abrange os
chamados agentes políticos, servidores públicos, militares, e particulares que colaboram com o
Estado, como mesários da Justiça Eleitoral e jurados do Tribunal do Júri. Consoante ensina
Bandeira de Mello (2002, p. 219), trata-se de expressão genérica, pela qual se nomeiam ‘os
sujeitos que servem ao Poder Público como instrumentos expressivos de sua vontade ou ação,
ainda quando o façam apenas ocasional ou episodicamente’.(...)”
Verifica-se que a definição dada pela lei é bastante ampla, estando nela compreendidos, por
exemplo, os seguintes agentes públicos municipais:
e. estagiários;
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GOMES, José Jairo. Direito Eleitoral. 14. ed. rev., atual. e ampl. – São Paulo: Atlas, 2018, p. 844/845.
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As condutas vedadas constituem-se como espécie do gênero abuso de poder e estão previstas
nos artigos 73, 74, 75 e 77 da Lei nº 9.504/97 (Lei das Eleições). O bem jurídico a ser preservado
pelas condutas vedadas é o princípio da igualdade entre os candidatos e partidos. Nesse sentido,
o próprio caput do artigo 73 da Lei das Eleições prevê que as condutas ali listadas são vedadas
porque tendem a afetar a igualdade de oportunidades entre os candidatos nos pleitos eleitorais.
Assim, apresentamos, a seguir, quadro contendo as condutas vedadas às agentes e aos agentes
públicos municipais, com a indicação do período de vedação e dos fundamentos baseados na
doutrina e na jurisprudência.
Art. 73. São proibidas aos agentes públicos, servidores ou não, as seguintes condutas tendentes a afetar
a igualdade de oportunidades entre candidatos nos pleitos eleitorais:
O Município (Administração Direta e Indireta) não pode autorizar a utilização de qualquer bem
móvel ou imóvel em favor de candidata, candidato, partido político, federação ou coligação, exceto
se exclusivamente para realização de convenção partidária (vide art. 15, inciso I, Resolução TSE
23.735/24).
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TSE, Recurso Ordinário nº 265041, Relator(a) Min. Gilmar Mendes, DJE 08/05/2017).
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Exceção 2: A vedação de cessão e utilização de bens públicos não se aplica ao uso, em campanha,
pelos candidatos à reeleição de Prefeito e Vice-Prefeito, de suas residências oficiais, com os
serviços inerentes à sua utilização normal, para realização de contatos, encontros e reuniões
pertinentes à própria campanha, desde que não tenham caráter de ato público. Sobre isso, cumpre
transcrever o art. 19, da Resolução TSE 23.735/24:
“Art. 19. Somente é lícito a ocupante de cargo de presidente da República, governador ou prefeito
fazer uso de cômodo da residência oficial para realizar live, podcast ou outro formato de
transmissão eleitoral se, cumulativamente:
I – tratar-se de ambiente neutro, desprovido de símbolos, insígnias, objetos, decoração ou outros
elementos associados ao poder público ou ao cargo ocupado;
II – a participação for restrita à pessoa detentora do cargo;
III – o conteúdo divulgado se referir exclusivamente à sua candidatura;
IV – não forem utilizados recursos materiais e serviços públicos nem aproveitados servidoras,
servidores, empregadas e empregados da Administração Pública direta ou indireta; e
V – houver o devido registro, na prestação de contas, de todos os gastos efetuados e doações
estimáveis relativas à live, ao podcast ou à transmissão eleitoral, inclusive referentes a recursos e
serviços de acessibilidade.”
Exceção 3: Na doutrina, José Jairo Gomes3 explicita a inaplicabilidade do art. 73, inciso I, da Lei
Federal nº 9.504/97, no que concerne aos bens públicos de uso comum do povo, nos seguintes
termos:
“A restrição de cessão e uso veiculada no artigo 73, I, da LE atinge somente os bens empregados
na realização de serviço público, isto é, os de uso especial, dominicais e por afetação. É que são
empregados pela Administração Pública para o cumprimento de seus misteres. Assim, por
exemplo, os edifícios em que se instalam serviços públicos (como delegacias, repartições fiscais,
de saúde, museus, galerias, escolas, postos de atendimento), equipamentos, materiais,
copiadoras, computadores, mesas e veículos. Por óbvio, a cessão ou o uso de tais bens em
campanha política podem comprometer a realização do serviço a que se encontram ligados, além
de a eles vincular a imagem do candidato ou da agremiação, o que carrearia a estes evidente
benefício em detrimento do equilíbrio do certame.
O mesmo não ocorre com os bens de uso comum do povo. Como tais, consideram-se as coisas que
podem ser usadas livremente por qualquer pessoa, sem distinção de nacionalidade. Entram nessa
categoria: rios, mares, praias, espaço aéreo, estradas, ruas, avenidas, praças, bancos de praças,
parques. (...)”.
TRE-MG:
“Ementa: RECURSO ELEITORAL. ELEIÇÕES 2020. AÇÃO DE INVESTIGAÇÃO JUDICIAL ELEITORAL.
CONDUTA VEDADA. IMPROCEDÊNCIA DOS PEDIDOS. UTILIZAÇÃO DE ÁREA PÚBLICA PARA
REALIZAÇÃO DE CARREATA. NÃO CONFIGURADO ABUSO DE PODER POLÍTICO OU ECONÔMICO.
RECURSO A QUE SE NEGA PROVIMENTO. 1. Utilização de estacionamento de Parque de Exposições
para realização de evento de campanha. Bem de uso comum compartilhado com a comunidade.
Inexistência de irregularidade. Garantia do direito de manifestação. Conduta vedada não
configurada. 2. Ausente comprovação de benefício à candidatura do recorrido. Lisura do pleito não
comprometida. Abuso de poder político e econômico não configurado. 3. Recurso a que se nega
provido. (TRE-MG, RE nº 060070639, Relator(a): Des. Luiz Carlos Rezende e Santos Relator
designado(a): Des. Marcos Lincoln dos Santos, Julgamento: 24/03/2021, Publicação: 30/04/2021)
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GOMES, José Jairo. Direito Eleitoral. 14. ed. rev., atual. e ampl. – São Paulo: Atlas, 2018, p. 849.
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Frisa-se ainda que, conforme posicionamento do autor Rodrigo López Zilio 4, para a incidência do
comando proibitivo previsto no art. 73, I, é indiferente que a Administração Pública seja
proprietária, possuidora, detentora, depositária ou locatária do bem:
TSE:
“Ementa AGRAVO INTERNO. RECURSO ESPECIAL. ELEIÇÕES 2020. PREFEITO. VICE–PREFEITO. AÇÃO
DE INVESTIGAÇÃO JUDICIAL ELEITORAL (AIJE). CONDUTAS VEDADAS. ART. 73, I, III, V E § 10, DA LEI
9.504/97. ABUSO DE PODER POLÍTICO. ART. 22 DA LC 64/90. MÉRITO CONDUTA VEDADA DO ART.
73, I, DA LEI 9.504/97. USO DA ESTRUTURA DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. AUSÊNCIA DE BENEFÍCIO
DO CANDIDATO. SÚMULA 24/TSE. 7. De acordo com o art. 73, I, da Lei 9.504/97, é proibido aos
agentes públicos “ceder ou usar, em benefício de candidato, partido político ou coligação, bens
móveis ou imóveis pertencentes à administração direta ou indireta, dos estados, do Distrito
Federal, dos territórios e dos municípios, ressalvada a realização de convenção partidária". 8. No
entanto, consoante entendimento doutrinário, "a mera cessão ou uso de bens, por si só, não
caracteriza a conduta vedada. É indispensável que a ação seja desenvolvida em benefício de
candidato, partido político ou coligação, causando prejuízo aos demais concorrentes ao pleito".
(TSE, REspE nº 060153053, Relator(a): Min. Benedito Gonçalves, Julgamento: 01/12/2022
Publicação: 14/12/2022)
“I. (...) Na linha da jurisprudência do TSE, ‘para configuração da conduta vedada descrita no art. 73,
I, da Lei nº 9.504/97, é necessário que a cessão ou utilização de bem público seja feita em benefício
de candidato, violando-se a isonomia do pleito’, pois ‘o que a lei veda é o uso efetivo, real, do
aparato estatal em prol de campanha, e não a simples captação de imagens de bem público” (Rp
nº 3267-25/DF, rel. Min. Marcelo Ribeiro, julgada em 29/3/12). 2. Configura a conduta vedada pelo
art. 73, incisos I e III, da Lei nº 9.504/1997 a efetiva utilização de bens públicos – viatura da Brigada
Militar e farda policial – e de servidores públicos – depoimentos de policiais militares fardados
gravados no contexto da rotina de trabalho e divulgados para promoção de candidatura política”.
(Recurso Ordinário nº 137994, Relator(a) Min. Gilmar Ferreira Mendes, Dje 22/03/2017)
“(...) 1. A caracterização da conduta vedada prevista no art. 73, 1, da Lei 9.504197 pressupõe a
cessão ou o uso, em benefício de candidato, partido político ou coligação, de bens móveis ou
imóveis pertencentes à administração direta ou indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal,
dos Territórios e dos Municípios. (TSE, Agravo Regimental no Recurso Especial Eleitoral, n. 1839-
71. 2011.6.00.0000, Relator(a) Min (a) NANCY ANDRIGHI, julgamento em 29/03/2012).
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LÓPEZ ZILIO, Rodrigo. Direito Eleitoral. 6ª edição. Porto Alegre: Verbo Jurídico, 2018, p. 704.
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Comentários:
O Município não pode permitir o uso de materiais e serviços públicos em benefício de candidatas,
candidatos, partidos, federações ou coligações. A proibição visa a resguardar o respeito, pelo
agente público, às regras próprias dos órgãos em que atuam, no que tange à utilização de materiais
ou serviços custeados pelo dinheiro público. Desse modo, não pode o agente público valer-se das
verbas destinadas ao custeio de bens ou serviços postos à sua disposição a fim de que bem exerça
sua função, para, por exemplo, imprimir panfletos, livretos, calendários, com o objetivo de fazer
promoção pessoal do próprio agente público ou de candidato por ele apoiado.
Jurisprudência:
“(...). Eleições 2010. (...). 1. As condutas vedadas previstas no art. 73, I e II, da Lei 9.504/97 podem
configurar-se mesmo antes do pedido de registro de candidatura, ou seja, anteriormente ao
denominado período eleitoral. Precedente. (...) a conduta descrita no inciso II do mesmo artigo
pressupõe o uso de materiais ou serviços, custeados pelos Governos ou Casas Legislativas, que
exceda as prerrogativas consignadas nos regimentos e normas dos órgãos que integram. (...) Na
inicial, o representante sustenta a ocorrência das condutas vedadas do art. 73, I e II, da Lei 9.504/97
em razão da realização de audiência pública na Câmara Municipal de Sorocaba/SP (...) foram
distribuídos brindes às pessoas presentes, suposto benefício da futura candidatura (...)”. (Ac. de
22.3.2012 no RO nº 643257, rel. Min. Nancy Andrighi)
“(...) Conduta vedada. Tipicidade. Período de configuração. - Para a incidência dos incisos II e III do
art. 73 da Lei nº 9.504/97, não se faz necessário que as condutas tenham ocorrido durante o
período de três meses antecedentes ao pleito, uma vez que tal restrição temporal só está
expressamente prevista nos ilícitos a que se referem os incisos V e VI da citada disposição legal.
Agravo regimental não provido”. (Ac.-TSE, de 6.9.2011, no AgR-REspe nº 35546)
Caracteriza-se como conduta vedada a cessão de servidor ou empregado público do Poder Executivo
e o uso de seus serviços para comitês de campanha eleitoral. Está vedada, portanto, a cessão de
servidor ou empregado público e uso de seus serviços para a prática de atos de campanha em horário
normal de expediente.
TSE
“[...] Eleições 2016 [...] Conduta vedada. Art. 73, III, da Lei nº 9.504/1997. [...] 2. O art. 73 da Lei nº
9.504/1997, por encerrar norma restritiva de direitos, deve ser interpretado restritivamente,
devendo a conduta corresponder exatamente ao tipo previsto na lei. 3. Para a incidência da vedação
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do art. 73, III, relativa à cessão de servidores ou utilização de seus serviços em benefício de candidato,
partido político ou coligação, é necessário que se verifique o uso efetivo do aparato estatal em prol
de determinada campanha. O mero engajamento eleitoral de servidor público, fora do exercício das
atribuições do cargo, não caracteriza a prática de conduta vedada. (...) (Ac. de 13.6.2019 no AgR-AI
nº 12622, rel. Min. Luís Roberto Barroso.)
TRE-MG
“Ementa: Recurso Eleitoral. Eleições 2020. Ação de Investigação Judicial Eleitoral. Candidatos aos
cargos de Prefeito e de Vice-Prefeito. Conduta vedada a agente público. Ceder servidor público ou
usar de seus serviços para beneficiar campanha. Art. 73, III, da Lei 9.504/97. Sentença de
improcedência. 1. Alegação de prática de conduta vedada a agente público em razão do uso de
servidor público em campanha de candidato à reeleição. Não configura a conduta vedada a agente
público prevista no art. 73, III, da Lei 9.504/97 a prestação de serviços a campanha eleitoral por
servidor ocupante de cargo comissionado durante o período de férias. 2. Alegação de utilização de
funcionários públicos e da máquina pública em benefício da campanha dos investigados e de
candidato ao cargo de Vereador, mediante a liberação irregular de alvará de funcionamento.
Conduta vedada a agente público e abuso de poder político não configurados. Recurso a que se nega
provimento. (TRE-MG, RE nº 060047316, PATROCÍNIO – MG, Relator(a): Des. Patricia Henriques
Ribeiro, Julgamento: 09/08/2023, Publicação: 16/08/2023)
TSE:
“[...] 6. Nos termos do art. 73, IV, da Lei 9.504/97, é proibido aos agentes públicos ‘fazer ou permitir
uso promocional em favor de candidato, partido político ou coligação, de distribuição gratuita de
bens e serviços de caráter social custeados ou subvencionados pelo Poder Público’. O ilícito
pressupõe três requisitos cumulativos: (a) contemplar bens e serviços de cunho assistencialista,
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<http://www.justicaeleitoral.jus.br/arquivos/tse-informativo-ano-6-22> Acesso em: 05/03/2024
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diretamente à população; (b) gratuidade, sem contrapartidas; (c) caráter promocional em benefício
de candidatos ou legendas. (Ac. de 8.2.2024 no REspEl nº 060010570, rel. Min. Benedito Gonçalves,
red. para acórdão Min. Cármen Lúcia.)
“[...] Eleições 2020. Prefeito. Representação. Conduta vedada. [...] 5. Nos termos do art. 73, IV, da
Lei 9.504/97, é vedado aos agentes públicos ‘fazer ou permitir uso promocional em favor de
candidato, partido político ou coligação, de distribuição gratuita de bens e serviços de caráter social
custeados ou subvencionados pelo Poder Público’. 6. Consoante entende esta Corte, a incidência do
citado dispositivo exige três requisitos cumulativos: (a) contemplar bens e serviços de cunho
assistencialista, diretamente à população; (b) ser gratuita, sem contrapartidas; (c) ser acompanhada
de caráter promocional em benefício de candidatos ou legendas. 7. A suposta realização de ‘obras
de conserto e serviços de limpeza urbana, estratégica e insidiosamente realizadas nos locais em que
logo após foram realizados eventos de campanha eleitoral’, descrita pela recorrente, não se amolda
ao dispositivo que o reputa violado, pois nem sequer descreve a entrega de bem ou serviço de
caráter assistencial aos munícipes. 8. De todo modo, extrai-se do acórdão a quo que não se
comprovou que o prefeito, candidato à reeleição, teria interferido no cronograma dos serviços de
limpeza com o objetivo de preparar o ambiente em locais públicos nos quais realizaria atos de
campanha. [...]” (Ac. de 17.11.2023 no REspEl nº 060068091, rel. Min. Benedito Gonçalves.)
Comentários:
No ano de 2024, a partir de 06 de julho até a posse dos eleitos, ficam proibidas as nomeações,
contratações ou movimentações funcionais mencionadas no caput do inciso V do art. 73, ressalvadas
as hipóteses contidas nas alíneas “a” a “e”.
Observe-se que a lei eleitoral não proíbe a realização de concurso público. A vedação é para a
nomeação dos aprovados nas hipóteses em que o certame não tenha sido homologado até o início
do prazo de vedação.
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TRE-MG
“RECURSO ELEITORAL. CONDUTA VEDADA A AGENTE PÚBLICO. (...) Estagiário não é considerado
servidor público. O estágio consubstancia–se, consoante artigo 1º, parágrafo 2º, e 3º, da Lei
11.788/2008, em atividade destinada a propiciar a complementação do ensino, visando o
aprendizado de competências próprias da atividade profissional e à contextualização curricular,
podendo o estagiário receber auxílio sob a forma de 'bolsa'. Logo, a regra do dispositivo em
referência (artigo 73,V, da Lei 9.504/97) não se aplica a elas.” (TRE-MG, REl nº 060130661, Acórdão
ONÇA DE PITANGUI – MG, Relator(a): Des. Guilherme Mendonca Doehler, Julgamento: 22/10/2021,
Publicação: 03/11/2021).
“[...] Prorrogação e substituição de contratação de estagiários pela Prefeitura Municipal, nos 3 (três)
meses que antecedem o pleito eleitoral. Inexistência de impedimento à prorrogação, renovação ou
substituição de contrato de estágio. Possibilidade de dispor da questão envolvendo estágio de
estudantes, ainda que remunerado, junto aos diversos órgãos da municipalidade, como se período
eleitoral não fosse. Recurso conhecido como consulta”. (TRE-MG – Ac. nº 3.723 – PSS 22/9/2008)
O Município não poderá receber recursos advindos de transferência voluntária do Estado e da União
a partir de 06/07/2024 até a data das eleições, exceto:
a) se houver obrigação formal preexistente para a execução de obra ou serviço em andamento, com
cronograma prefixado; (os três requisitos devem estar presentes)
Por "obra ou serviço em andamento" entende-se aqueles que já foram fisicamente iniciados
(Resolução TSE n° 21.878/2004)
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Importa enfatizar que estão fora da vedação legal as transferências efetuadas com base nas normas
constitucionais que disciplinam a repartição de receitas tributárias e os recursos destinados à
seguridade social, inclusive os destinados ao SUS.
TSE:
“[...] Eleições 2016. Representação por conduta vedada. Transferência voluntária de recursos. [...] 3.
Conforme o art. 73, VI, a, da Lei nº 9.504/1997, nos três meses que antecedem o pleito, é vedado
aos agentes públicos em campanha eleitoral realizar transferência voluntária de recursos da União
aos Estados e Municípios, e dos Estados aos Municípios, sob pena de nulidade de pleno direito. São
ressalvados apenas os recursos destinados a cumprir obrigação formal preexistente para execução
de obra ou serviço em andamento e com cronograma prefixado, e os destinados a atender situações
de emergência e de calamidade pública. Precedente. (...) 5. A literalidade do art. 73, VI, a, da Lei nº
9.504/1997 indica que é necessária a existência de obras em andamento, e não apenas de
cronograma de execução das obras, para que se configure exceção à conduta ilícita [...]” (Ac. de
24.9.2019 no AgR-AI nº 62448, rel. Min. Luís Roberto Barroso.)
“Art. 73, VI, a, da Lei n. 9.504/97. À União e aos estados é vedada a transferência voluntária de
recursos, até que ocorram as eleições municipais, ainda que resultantes de convênio ou outra
obrigação preexistente, quando não se destinem à execução de obras ou serviços já iniciados
fisicamente. Para atrair a ressalva contida no art. 73, VI, a da Lei n. 9.504/97, não basta a mera
celebração do convênio ou a formalização dos procedimentos preliminares; é indispensável a sua
efetiva execução física antes do início do período de vedação. (...) Unânime.” (TSE, REsp n. 25.324/RJ,
rel. Min. Gilmar Mendes, em 7/2/2006. No mesmo sentido o REsp n. 25.325/RJ, rel. Min. Gilmar
Mendes, em 7/2/2006).
O TCU, no acórdão 287/2016 Plenário, decidiu que “[a]s transferências decorrentes de emendas
parlamentares individuais estão submetidas à vedação do art. 73, VI, a, da Lei 9.504/97 (Lei Eleitoral),
por se caracterizarem essencialmente como transferências voluntárias. ” (Boletim de Jurisprudência
114/TCU).
Assim, a regra geral é a de que o Município não poderá realizar publicidade institucional, a partir de
6 de julho de 2024 até a data do pleito (06.10.2024 ou 27.10.2024, se houver segundo turno), salvo
autorização expressa da Justiça Eleitoral.
A respeito do assunto, merece realce ainda o disposto no artigo 37, §1º, da Carta Magna:
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“Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade,
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: (...)
§ 1º - A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos
deverá ter caráter educativo, informativo ou de orientação social, dela não podendo constar
nomes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal de autoridades ou
servidores públicos. (...)”
Atenção: Segundo o TSE, basta a veiculação de publicidade institucional nos três meses anteriores
ao pleito para que se configure a conduta aqui vedada, independentemente do período da
autorização de tal conduta. Veja-se, nesse sentido, que durante o período de vedação não deve ser
exibido material que contenha publicidade institucional, independentemente do veículo utilizado.
Essa vedação se aplica nos casos de publicidade institucional em panfletos, folders, flyers, catálogos,
guias, folhetos, dentre outros materiais publicitários impressos; portais da PBH e entidades da
Administração Indireta, facebook institucional; blog oficial; back bus (traseiras de ônibus), dentre
outros. Portanto, eventuais publicidades institucionais normalmente veiculadas por esses meios não
devem ser exibidas no período de vedação.
“Por oportuno, conforme salientado, também é vedado o uso do logotipo característico da atual
Administração, porquanto conforme já exaustivamente demonstrado, caracteriza promoção pessoal
vedada pela Constituição da República. Ao revés, o que pode e deve ser usado é o brasão do
Município de ***, que simboliza o ente estatal e não a atual gestão pública.” (grifamos)
Assim, extrai-se que não há óbice à utilização dos símbolos oficiais do Município (bandeira, hino e
brasão)7 nos atos oficiais no período referido acima.
TSE:
6
OLIVEIRA, Adilson José Selim de Sales de et al. Publicidade institucional: vedação constitucional à
promoção pessoal: publicidade em ano eleitoral (...) Revista Brasileira de Direito Municipal – RBDM, Belo
Horizonte, ano 13, n. 44, p. 171-182, abr./jun. 2012.
7
Lei Orgânica do Município de Belo Horizonte e Lei Municipal nº 6.938/95.
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“Eleições 2016 [...] Conduta vedada. Publicidade institucional em período não permitido por lei. [...]
1. O TRE/PR assinalou que a manutenção das placas com publicidade institucional do Município de
Piraquara/PR depois de 5.7.2016, tal como comprovado nos autos, configura a conduta vedada
descrita no art. 73, VI, b, da Lei nº 9.504/1997, não se enquadrando em qualquer das exceções
previstas na legislação. Assentou, ainda, a desnecessidade do caráter eleitoreiro ou da
potencialidade lesiva para a configuração da conduta proibida por lei, bem como que é vedado
veicular publicidade institucional, no período não permitido pela legislação eleitoral,
independentemente de o conteúdo ter caráter informativo. 2. [...] a exegese dada ao art. 73, VI, b,
da Lei nº 9.504/1997 pelo Tribunal a quo não merece reparos. 3. O TSE firmou a compreensão de
que é vedado veicular publicidade institucional nos 3 meses que antecedem o pleito,
independentemente de o conteúdo ter caráter informativo, educativo ou de orientação social [...] 4.
A divulgação do nome e da imagem do beneficiário na propaganda institucional não é requisito
indispensável para a configuração da conduta vedada pelo art. 73, VI, b, da Lei nº 9.504/1997 [...]”
(Ac. de 12.5.2020 no AgR-AI nº 29293, rel. Min. Og Fernandes.)
“[...] Eleições 2018. Governador. [...] Conduta vedada. Publicidade institucional. Art. 73, VI, b, da Lei
9.504/97. Placas em obras públicas. [...] 3. Esta Corte já decidiu, em caso similar, que a presença de
termos como ‘mais uma obra do governo´ em placas é o bastante para caracterizar a publicidade
institucional vedada [...] 4. A teor da moldura fática do aresto a quo, as quatro placas de obras
públicas na sede da Central de Abastecimento do Paraná S.A. (CEASA/PR), nos três meses que
antecederam o pleito, continham não apenas dados técnicos como também as expressões ‘mais uma
obra´; ‘Paraná Governo do Estado´, a bandeira do Estado e o respectivo brasão, o que configura
conduta vedada e, por conseguinte, autoriza impor multa. [...]” (Ac. de 15.8.2019 no AgR-REspe nº
060229748, rel. Min. Jorge Mussi.)
“[...] Conduta vedada aos agentes públicos em campanha. Art. 73, VI, b, da Lei 9.504/97. Publicidade
institucional. Afixação de placa de obra pública no período vedado. Obra realizada em parceria entre
o governo do estado e a prefeitura municipal. [...] 1. A jurisprudência deste Tribunal é uníssona no
sentido de que é permitida a manutenção das placas de obras públicas, desde que não seja possível
identificar a administração do concorrente ao cargo eletivo. 2. O Tribunal de origem reconheceu a
prática de publicidade institucional em período vedado, nos termos do art. 73, VI, b, da Lei 9.504/97,
em razão da veiculação de placas que, além do brasão da prefeitura, constava a informação de que
as obras eram realizadas em associação do Município com o Estado. 3. Ainda que a publicidade
institucional tenha sido objeto de uma parceria entre dois entes da Federação e mesmo que fosse
ela responsabilidade do Governo do Estado, cabe à municipalidade diligenciar para que as placas não
fossem mantidas, segundo as características apuradas, a fim de se obedecer o comando proibitivo
do art. 73, VI, b, da Lei 9.504/97, em virtude do período eleitoral alusivo ao pleito municipal. [...]”
(Ac. de 5.12.2017 no AgR-AI nº 8542, rel. Min. Admar Gonzaga.)
“[...] Conduta vedada. Publicidade institucional. Período vedado. Autorização. Justiça eleitoral.
Extrapolação. Limites. Art. 73, VI, b, da Lei nº 9.504/97. Caracterização. [...] Autorizada pela Justiça
Eleitoral, a publicidade institucional, em período vedado, deve conter caráter exclusivamente
informativo, educativo ou de orientação social. Comprovada a veiculação de elementos
caracterizadores de promoção pessoal, caracterizada a conduta vedada prevista no art. 73, VI, b, da
Lei das Eleições. [...]” (Ac. de 11.10.2016 no AgR-REspe nº 39269, rel. Min. Rosa Weber.)
"[...] A publicação de atos oficiais, tais como leis e decretos, não caracteriza publicidade
institucional". (Ac.-TSE, de 7.11.2006, no REspe nº 25.748)
15
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“(...) os agentes públicos devem zelar pelo conteúdo a ser divulgado em sítio institucional, ainda que
tenham proibido a veiculação de publicidade por meio de ofícios a outros responsáveis, e tomar
todas as providências para que não haja descumprimento de proibição legal”. (AgR-REspe nº 35.590,
Acórdão de 29/04/2010, Relator Ministro Arnaldo Versiani Leite Soares)
Comentários:
O Município não pode realizar pronunciamento em cadeia de rádio e televisão a partir de 06 de julho
de 2024, salvo autorização expressa da Justiça Eleitoral nos moldes do dispositivo legal em destaque.
A vedação alcança o pronunciamento em cadeia ou por meio de inserções. Nesse sentido, vejamos
os ensinamentos do eleitoralista José Jairo Gomes:
16
PROCURADORIA-GERAL DO MUNICÍPIO l BELO HORIZONTE
mesmas restrições do pronunciamento em cadeia, ou seja, deve ser autorizada pela Justiça Eleitoral
e versar somente acerca de ‘matéria urgente, relevante e característica das funções de governo’. ”8
A redação anterior do art. 73, inciso VII, da Lei das Eleições, previa como limite de gastos para a
publicidade institucional no primeiro semestre do ano eleitoral a média dos gastos nos primeiros
semestre dos três últimos anos que antecedessem o pleito. Contudo, com o advento da Lei nº
14.356/2022, esse parâmetro foi alterado.
Como indica o art. 73, inciso VI, "b", da Lei das Eleições, a regra é que, nos três meses que
antecederem as eleições, não poderá ser veiculada publicidade institucional, excetuadas as
hipóteses de propaganda de produtos e serviços que tenham concorrência no mercado e em casos
de grave e urgente necessidade pública, assim reconhecida pela Justiça Eleitoral.
Assim:
Consoante destacado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), a Lei 14.356/2022 deu nova redação à
Lei das Eleições (Lei 9.504/1997) e à Lei 12.232/2010, que trata da contratação de serviços de
publicidade pela administração pública, determinando que o limite de gastos no primeiro semestre
do ano de eleição deve ser equivalente a seis vezes a média mensal dos valores empenhados e não
cancelados nos três últimos anos anteriores ao pleito, com valores corrigidos pelo Índice Nacional de
Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Na redação anterior, a despesa com publicidade não poderia
exceder a média dos gastos no primeiro semestre dos três últimos anos que antecedem as eleições.9
8
GOMES, José Jairo. Direito Eleitoral. 14. ed. rev., atual. e ampl. – São Paulo: Atlas, 2018, p. 866.
9
https://portal.stf.jus.br/noticias/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=490046&ori=1 Acesso em:
06/03/2024.
17
PROCURADORIA-GERAL DO MUNICÍPIO l BELO HORIZONTE
No período indicado não poderá haver a revisão geral da remuneração dos servidores públicos que
exceda a recomposição da perda do poder aquisitivo, apurada ao longo do ano da eleição. Nesse
sentido, dispõe a Resolução TSE 23.738/2024 (Calendário Eleitoral):
“9 de abril - terça-feira
(180 dias antes do 1º turno)
(...)
2. Data a partir da qual, até a posse das pessoas eleitas, é vedado às(aos) agentes públicos fazer, na
circunscrição do pleito, revisão geral da remuneração das servidoras públicas e dos servidores
públicos que exceda a recomposição da perda de seu poder aquisitivo ao longo do ano da eleição
(Lei nº 9.504/1997, art. 73, VIII).”
“Veda-se qualquer recomposição que exceda o repique inflacionário, seja qual for a denominação
dada ao acréscimo financeiro. Em outras palavras, resta proibido qualquer aumento real na
remuneração do servidor público.”
TSE
“[...] Eleições 2014 [...] Conduta vedada. Art. 73, VIII, da Lei 9.504/97. [...] Revisão geral da
remuneração acima da inflação. [...] 2. O art. 73, VIII, da Lei nº 9.504/97 veda ao agente público fazer,
na circunscrição do pleito, revisão geral da remuneração ( lato sensu ) dos servidores públicos que
exceda a recomposição da perda de seu poder aquisitivo ao longo do ano da eleição, a partir do início
do prazo estabelecido no art. 7º do mesmo diploma legal até a posse dos eleitos. 3. A interpretação
estritamente literal do aludido artigo - de modo a entender que revisão geral apta a caracterizar
ilícito eleitoral é somente aquela que engloba todos os servidores da circunscrição do pleito - não é
a que melhor se coaduna com a finalidade precípua da norma de regência, que é a de proteger a
normalidade e a legitimidade do prélio eleitoral da influência do poder político. Assim, revela-se
defeso ao agente público conceder reajuste remuneratório que exceda a recomposição da perda do
poder aquisitivo, no período vedado, a servidores que representem quantia significativa dos quadros
geridos. 4. A proibição quanto ao incremento do valor percebido pelos servidores a título de
contraprestação do trabalho prestado alcança qualquer das parcelas pagas sob essa rubrica, de
modo que, para fins do art. 73, VIII, da Lei das Eleições, não há como distinguir vencimento-base de
remuneração final. [...]” (Ac. de 9.4.2019 no RO nº 763425, rel. Min. João Otávio de Noronha, red.
designado Min. Tarcisio Vieira de Carvalho Neto.)
10
LÓPEZ ZILIO, Rodrigo. Direito Eleitoral. 6ª edição. Porto Alegre: Verbo Jurídico, 2018, p. 732.
18
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Comentários:
Em ano de eleições municipais está vedada a distribuição gratuita de bens, valores ou benefícios por
parte da Administração Pública, ressalvadas as hipóteses legais de calamidade pública, estado de
emergência ou programas sociais autorizados em lei e em execução orçamentária no exercício
anterior.
“Refere-se a lei, aqui, a todos os programas sociais realizados pela administração pública
federal, estadual, distrital ou municipal, de caráter eventual ou de duração continuada (CF,
art. 165, § 1º). Compreende, também os planos e programas regionais, estaduais ou setoriais,
também da União, Estados, Distrito Federal ou Municípios, quer tenham caráter de
investimento, quer tenham natureza de desenvolvimento ou assistencial.
Exemplos comuns desses programas sociais ocorrem com as áreas de saúde, educação,
segurança pública, previdência e assistência social, realizados, normalmente, pelo Poder
Executivo das três esferas da administração pública, como distribuição de cesta básica para
população carente, mediante prévio cadastramento” 11.
Julgados TSE:
“Eleições 2020 [...] AIJE. Representação. Prefeito e vice–prefeito não eleitos. Abuso de poder.
Conduta vedada. [...] Execução de programa social no ano da eleição sem observância dos critérios
legais. Art. 73, § 10, da Lei das eleições. [...] 3. Embora seja permitida a continuação da execução de
programas sociais no ano eleitoral, esse permissivo legal exige tenha sido o programa social criado
por lei e comprovada sua execução orçamentária no ano anterior ao pleito, sob pena de o ato
configurar conduta vedada a agente público, nos termos do art. 73, § 10, da Lei nº 9.504/1997.
Precedente. 4. A distribuição gratuita de bens, valores ou benefícios por parte da Administração
Pública ressalvada pelo § 10 do art. 73 da Lei das Eleições deve observar os critérios da lei que institui
o programa social (AgR–AI nº 334–81/BA, rel. Min. Tarcisio Vieira de Carvalho Neto, julgado em
10.10.2017, DJe de 17.11.2017), de modo a impedir o uso eleitoreiro do ato público e, por
conseguinte, a configuração da prática de abuso do poder político. 5. O desvio de finalidade de
programas sociais a fim de angariar vantagens eleitorais é conduta grave o suficiente para atrair a
norma do art. 22 da LC nº 64/1990, sobretudo quando esses atos, pelo volume de recursos ou pelo
ardil empregados, impactam a disputa eleitoral e violam a legitimidade e a moralidade do pleito.
[...]” (Ac. de 18.5.2023 no AREspE nº 060106560, rel. Min. Raul Araújo.)
“Representação. Conduta vedada. Art. 73, VI, b e § 10, da Lei nº 9.504/97. (...) 3. Ainda que a
distribuição de bens não tenha caráter eleitoreiro, incide o § 10 do art. 73 da Lei das Eleições, visto
que ficou provada a distribuição gratuita de bens sem que se pudesse enquadrar tal entrega de
benesses na exceção prevista no dispositivo legal. Agravo regimental a que se nega provimento.”
(Ac. TSE no AgR-AI nº 12.165, de 19/08/2010, Rel. Min. Arnaldo Versiani, publicado no DJE de
01/10/2010).
11
CÂNDIDO, Joel J. Direito eleitoral brasileiro. 13 ed. São Paulo: Edipro, 2008. p. 572.
19
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Não é permitido que a execução de um programa social, em ano eleitoral, seja concretizada por
entidade nominalmente vinculada a candidato ou por esse mantida.
[...] Art. 73, § 11, da Lei nº 9.504/97. Repasses financeiros. Entidade vinculada. Candidato. Lei
autorizativa. Fato ocorrido antes do período eleitoral. Irrelevância. Conduta vedada. Caracterização.
[...] 1. As condutas do art. 73 da Lei nº 9.504/97 se configuram com a mera prática dos atos, os quais,
por presunção legal, são tendentes a afetar a isonomia entre os candidatos. 2. Repasses financeiros
realizados por prefeito a entidade vinculada a candidato caracterizam a vedação prevista no § 11 do
art. 73 da Lei das Eleições. 3. A citada norma é clara ao estipular como período vedado todo o ano
eleitoral, daí concluir-se que a vedação abrange, inclusive, atos praticados antes dos requerimentos
de registro. 4. Esta Corte já decidiu que a vedação de que trata o § 11 do art. 73 da Lei n° 9.504/97
tem caráter absoluto e proíbe, no ano da eleição, a execução por entidade vinculada nominalmente
a candidato ou por ele mantida de qualquer programa social da Administração, incluindo os
autorizados em lei e já em execução orçamentária no exercício anterior [...]” (Ac. de 10.5.2016 no
REspe nº 39306, rel. Min. Luciana Lóssio.)
Comentários:
“A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos deverá
ter caráter educativo, informativo ou de orientação social, dela não podendo constar nomes,
símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal de autoridades ou servidores
públicos”.
Assim, o art. 37, § 1º, da Constituição, deve ser permanentemente observado pelos agentes públicos
municipais, sob pena de ferir o princípio da impessoalidade, podendo acarretar a apuração de
responsabilidade.
TSE:
“(...) ‘I. A ação de investigação judicial eleitoral para apuração do abuso de autoridade previsto no
art. 74 da Lei nº 9.504, de 1997, por violação ao princípio da impessoalidade (Constituição, art. 37, §
1º), pode ser ajuizada em momento anterior ao registro de candidatura, haja vista, na hipótese de
eventual procedência, as sanções atingirem tanto candidatos quanto não candidatos. 2. O abuso do
poder de autoridade pode se configurar, inclusive, a partir de fatos ocorridos em momento anterior
20
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“Não configura propaganda institucional irregular entrevista que, no caso, inseriu-se dentro dos
limites da informação jornalística, apenas dando a conhecer ao público determinada atividade do
governo, sem promoção pessoal, nem menção a circunstâncias eleitorais”. (TSE, Rp n. 234.313,
Acórdão de 07/10/2010, relator Ministro Joelson Costa Dias)
A conduta proscrita no art. 74 da LE “não sofre a limitação temporal da conduta vedada” e, “para a
configuração do abuso, é irrelevante o fato de a propaganda ter ou não sido veiculada nos três meses
antecedentes ao pleito” (Recurso Especial Eleitoral nº 25.101 – Rel. Luiz Carlos Madeira – j.
09.08.2005)
O referido dispositivo não proíbe a realização de inaugurações no período glosado, o que se veda é
que tais atos sejam realizados com apresentação de shows artísticos pagos com recursos públicos.
Comentários:
“Para uma eficaz proteção do bem jurídico protegido, a concepção de obra pública deve ser
a mais ampla possível. Daí que não parece admissível a distinção entre obra ou reforma de
obra pública, para fins de exclusão da regra do art. 77 da LE (...)”.
Atenção: Na Resolução TSE nº 23.735/2024, que dispõe sobre os ilícitos eleitorais, foi apresentado
o seguinte dispositivo sobre essa vedação:
12
LÓPEZ ZILIO, Rodrigo. Direito Eleitoral. 6. ed. – Porto Alegre: Verbo Jurídico, 2018, p. 746.
21
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“Art. 22. É proibido a candidata ou candidato comparecer, nos 3 (três) meses que precedem
a eleição, a inaugurações de obras públicas (Lei nº 9.504/1997, art. 77, caput).
§ 1º A inobservância do disposto neste artigo sujeitará a infratora ou o infrator à cassação do
registro ou do diploma (Lei nº 9.504/1997, art. 77, parágrafo único).
§ 2º A realização de evento assemelhado ou que simule inauguração de obra pública será
apurada na forma do art. 6º desta Resolução.”
TSE:
“Eleições 2016. [...] Conduta vedada. Abuso de poder. [...] Art. 77 da Lei nº 9.504/1997. Condição de
candidato. Descompasso legislativo. Interpretação teleológica. Preservação do espectro de proteção
da norma. Abuso de poder. Gravidade da conduta. Reexame de provas. Súmula nº 24/TSE. [...] 4. Nos
termos do art. 132, § 2º, do Código Civil, os prazos materiais em meses expiram no dia de igual
número do de início. Dessa forma, o prazo de 3 meses referido na vedação do art. 77 da Lei nº
9.504/1997 incidiu, nas eleições de 2016, a partir de 2.7.2016. [...] 10. O art. 77 da Lei nº 9.504/1997,
ao exigir a condição de candidato para a configuração da conduta vedada, deve ser interpretado de
acordo com o telos subjacente à normatização, no sentido de evitar que agentes e gestores se
utilizem das inaugurações de obras públicas como meio de angariar benefício eleitoral. 11. As
alterações promovidas pela Lei nº 13.165/2015, ao estreitarem o processo eleitoral e postergarem a
data-limite para apresentação do registro de candidatura, não alteraram a possibilidade de que
gestores compareçam a eventos imbuídos da condição material de concorrentes à reeleição.
Portanto, o fato de o gestor não ostentar a qualificação formal de candidato não afasta a necessidade
de proteção reconhecida pelo art. 77 da Lei nº 9.504/1997. 12. Impor interpretação estritamente
formal ao ilícito em debate enveredaria por violação ao princípio da proporcionalidade sob a ótica
da vedação da proteção deficiente. A qualificação formal de candidato seria exigível apenas a partir
do dia 16 de agosto, possibilitando que notórios candidatos participem de inaugurações de obras
públicas até 45 dias antes das eleições e decotando pela metade o espectro de proteção da norma.
13. Demonstrada a participação do prefeito na condição de candidato à reeleição, não se pode fazer
prevalecer condição formalista sobre a realidade comprovada nos autos. [...]” NE: Alegações de que
na data do evento (2.7.2016) ainda não era vedada a participação de candidatos em inaugurações
de obras públicas, inexistindo a conduta vedada, pois o evento impugnado foi realizado em data
permitida pela legislação. (Ac. de 5.2.2019 no AgR-REspe nº 29409, rel. Min. Edson Fachin.)
22
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4. SANÇÕES
Nos termos do art. 20 da Resolução TSE Nº 23.735, de 27 de fevereiro de 2024, que dispõe sobre
os ilícitos eleitorais, a configuração de conduta vedada acarreta, sem prejuízo de outras sanções
de caráter constitucional, cível, penal, administrativo ou disciplinar fixadas pela legislação
vigente:
I - a suspensão do ato e de seus efeitos ou a confirmação da decisão liminar que tiver antecipado
essa medida;
II - a aplicação de multa no valor de R$ 5.320,50 (cinco mil, trezentos e vinte reais e cinquenta
centavos) a R$ 106.410,00 (cento e seis mil, quatrocentos e dez reais) à(ao) agente pública(o)
responsável e à candidata, ao candidato, ao partido político, à federação ou à coligação
beneficiária(o) da conduta (Lei nº 9.504/1997, art. 73, §§ 4º e 8º);
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5. O INSTITUTO DA DESINCOMPATIBILIZAÇÃO
13
Para a verificação do prazo a ser observado em cada caso concreto, recomenda-se acesso à aba
“desincompatibilização”, no site do Tribunal Superior Eleitoral.
<http://www.tse.jus.br/eleicoes/desincompatibilizacao>
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PRAZOS DE DESINCOMPATIBILIZAÇÃO
Presidente, Diretor,
Superintendente e Dirigente de 4 meses antes do pleito 6 meses antes do pleito
Autarquia e Fundação Pública
Presidente, Diretor,
Superintendente e Dirigente de
4 meses antes do pleito 6 meses antes do pleito
Empresa Pública e Sociedade de
Economia Mista
Servidores públicos
efetivos/comissionados, cargo
relativo a 4 meses antes do pleito 6 meses antes do pleito
arrecadação/fiscalização de
impostos, taxas e contribuições
Precedentes TSE:
25
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“(...) 1. O prefeito, assim como os chefes do Executivo Estadual e Federal, mesmo se candidatos
à reeleição, não necessitam se desincompatibilizar, devendo dar continuidade a seus atos de
administração. 2. Recurso conhecido e provido. (Acórdão n° 19.178 -19.4.01 - RECURSO
ESPECIAL ELEITORAL N° 19.178, Relator: Ministro Fernando Neves, TSE)
Nos termos do art. 37, da Lei nº 9.504/97 (Lei das Eleições), está vedada a qualquer tempo a
veiculação de propaganda eleitoral nos bens cujo uso dependa de cessão ou permissão do
poder público ou que a ele pertençam.
Consideram-se bens públicos para este fim todo e qualquer móvel ou imóvel pertencente à
Administração Pública Direta ou Indireta, independentemente da destinação. Exemplos: postes
de iluminação pública, sinalização de tráfego, viadutos, passarelas, pontes, paradas de ônibus
e outros equipamentos urbanos, veículos que estejam a serviço da Administração,
computadores, sítios oficiais da rede de acesso à internet, serviço de correio eletrônico (Correio
Web PBH), aparelhos telefônicos, material de consumo, dentre outros.
26
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da Lei nº 9.504/97 (Lei das Eleições), segundo o qual independe da obtenção de licença
municipal e de autorização da Justiça Eleitoral a veiculação de propaganda eleitoral pela
distribuição de folhetos, adesivos, volantes e outros impressos, os quais devem ser editados
sob a responsabilidade do partido, coligação ou candidato. Nesse sentido, destaca-se o art. 21
da Resolução TSE Nº 23.610/19, que dispõe sobre a propaganda eleitoral:
Precedentes do TSE:
Desde que exercida em harmonia com a legislação eleitoral, não pode a propaganda sofrer
nenhum tipo de censura (LE, art. 41, § 2º), nem ser coibida por autoridade pública ou por
particular. Por esta razão, tratando-se o comício de modalidade prevista no ordenamento
jurídico, não há porque a Municipalidade, na época em que já estiver permitida a propaganda
eleitoral, apor obstáculos à sua realização.
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Nos termos do art. 39, § 1º, da Lei 9.504/97 (Lei das Eleições) e do art. 13, § 1º, da Resolução
TSE Nº 23.610/2019 (Dispõe sobre propaganda eleitoral), a candidata, o candidato, o partido
político, a federação ou a coligação que promover o ato fará a devida comunicação à Polícia
Militar com, no mínimo, 24 (vinte e quatro) horas de antecedência, a fim de que essa lhe
garanta, segundo a prioridade do aviso, o direito contra quem pretenda usar o local no mesmo
dia e horário.
28
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8. QUESTIONAMENTOS RECORRENTES
1) Quais são os agentes públicos que estão sujeitos às vedações da Lei das Eleições?
“Reputa-se agente público, para os efeitos deste artigo, quem exerce, ainda que
transitoriamente ou sem remuneração, por eleição, nomeação, designação, contratação ou
qualquer outra forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou função nos órgãos
ou nas entidades da administração pública direta, indireta ou funcional.”
Como se vê, tal conceito de agente público é amplo, compreendendo todos aqueles que, mesmo
transitoriamente ou sem remuneração, exerçam – por meio de eleição, nomeação, designação,
contratação ou qualquer outra forma de investidura ou vínculo – mandato, cargo, emprego ou
função nos órgãos ou nas entidades da administração pública direta, indireta ou fundacional.
“Art. 22. É proibido a candidata ou candidato comparecer, nos 3 (três) meses que precedem a
eleição, a inaugurações de obras públicas (Lei nº 9.504/1997, art. 77, caput).
§ 1º A inobservância do disposto neste artigo sujeitará a infratora ou o infrator à cassação do
registro ou do diploma (Lei nº 9.504/1997, art. 77, parágrafo único).
§ 2º A realização de evento assemelhado ou que simule inauguração de obra pública será
apurada na forma do art. 6º desta Resolução.”
Atenção:
“Eleições 2016. [...] Conduta vedada. Abuso de poder. [...] Art. 77 da Lei nº 9.504/1997. Condição
de candidato. Descompasso legislativo. Interpretação teleológica. Preservação do espectro de
proteção da norma. Abuso de poder. Gravidade da conduta. Reexame de provas. Súmula nº
24/TSE. [...] 4. Nos termos do art. 132, § 2º, do Código Civil, os prazos materiais em meses
expiram no dia de igual número do de início. Dessa forma, o prazo de 3 meses referido na
vedação do art. 77 da Lei nº 9.504/1997 incidiu, nas eleições de 2016, a partir de 2.7.2016. [...]
10. O art. 77 da Lei nº 9.504/1997, ao exigir a condição de candidato para a configuração da
conduta vedada, deve ser interpretado de acordo com o telos subjacente à normatização, no
sentido de evitar que agentes e gestores se utilizem das inaugurações de obras públicas como
meio de angariar benefício eleitoral. 11. As alterações promovidas pela Lei nº 13.165/2015, ao
estreitarem o processo eleitoral e postergarem a data-limite para apresentação do registro de
candidatura, não alteraram a possibilidade de que gestores compareçam a eventos imbuídos da
condição material de concorrentes à reeleição. Portanto, o fato de o gestor não ostentar a
qualificação formal de candidato não afasta a necessidade de proteção reconhecida pelo art. 77
da Lei nº 9.504/1997. 12. Impor interpretação estritamente formal ao ilícito em debate
enveredaria por violação ao princípio da proporcionalidade sob a ótica da vedação da proteção
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deficiente. A qualificação formal de candidato seria exigível apenas a partir do dia 16 de agosto,
possibilitando que notórios candidatos participem de inaugurações de obras públicas até 45 dias
antes das eleições e decotando pela metade o espectro de proteção da norma. 13. Demonstrada
a participação do prefeito na condição de candidato à reeleição, não se pode fazer prevalecer
condição formalista sobre a realidade comprovada nos autos. [...]” NE: Alegações de que na data
do evento (2.7.2016) ainda não era vedada a participação de candidatos em inaugurações de
obras públicas, inexistindo a conduta vedada, pois o evento impugnado foi realizado em data
permitida pela legislação. (Ac. de 5.2.2019 no AgR-REspe nº 29409, rel. Min. Edson Fachin.)
Não. O artigo 77 da Lei das Eleições, com a redação dada pela Lei nº 12.034/09, proíbe que
qualquer candidato compareça à inauguração de obras públicas nos três meses anteriores às
eleições (a partir de 06 de julho de 2024).
Não. Nos termos do artigo 37, caput, da Lei 9.504/97, nos bens cujo uso dependa de cessão ou
permissão do poder público, ou que a ele pertençam, e nos bens de uso comum, inclusive
postes de iluminação pública, sinalização de tráfego, viadutos, passarelas, pontes, paradas de
ônibus e outros equipamentos urbanos, é vedada a veiculação de propaganda de qualquer
natureza, inclusive pichação, inscrição a tinta e exposição de placas, estandartes, faixas,
cavaletes, bonecos e assemelhados. Nas dependências de órgãos do Poder Legislativo,
entretanto, caberá à respectiva Mesa Diretora decidir sobre sua autorização (art. 37, § 3º, Lei
nº 9.504/97).
5) Como proceder nos casos em que se constate a grave e urgente necessidade pública na
veiculação de publicidade institucional nos três meses antes do pleito?
Não. Em ano eleitoral, a Administração Pública só pode distribuir gratuitamente bens, valores
ou benefícios se ocorrer alguma das hipóteses legais especificadas no § 10, do art. 73, da Lei nº
9.504/97 (Lei das Eleições), a saber: calamidade pública, estado de emergência ou nos casos de
programas sociais autorizados em lei e já em execução orçamentária no exercício anterior. A
última das hipóteses permissivas pressupõe a existência de política pública prevista em lei e em
execução orçamentária desde o exercício anterior ao ano das eleições, ou seja, já antes do ano
eleitoral. Ainda assim, o artigo 73, inciso IV, da Lei nº 9.504/97 veda o uso político-promocional
dessa distribuição, que deve ocorrer de maneira normal e costumeira, sem que o ato seja
desvirtuado de sua finalidade. Além disso, como preceitua o § 11, do art. 73, da Lei das Eleições,
“Nos anos eleitorais, os programas sociais de que trata o § 10 não poderão ser executados por
entidade nominalmente vinculada a candidato ou por esse mantida”.
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A publicidade institucional é aquela que se destina a divulgar atos, ações, programas, obras,
serviços, campanhas, metas e resultados dos órgãos e entidades do Poder Executivo Municipal,
com a finalidade não só de atender ao princípio da publicidade, mas também de valorizar as
ações da administração a partir de métodos e estratégias que carregam traços de identidade e
aparência com a propaganda.
“(...) De qualquer forma, necessário esclarecer desde já que a publicidade institucional aqui
mencionada é aquela que carrega traços de identidade e aparência com a propaganda – e até
poderia ser assim denominada -, porque elaborada a partir de métodos e estratégias que desta
se aproximam, inclusive pela finalidade, que é sempre convencer o cidadão destinatário de que
os programas, as obras e os serviços empreendidos pela administração são os melhores e mais
adequados às necessidades do conjunto da sociedade. (...)”
Este tipo de publicidade está vedado a partir de 06/07/2024 até 06/10/2024 (ou 27/10/2024,
se houver segundo turno).15
8) Secretários que não serão candidatos podem ir a inaugurações? Podem aparecer em fotos,
cortar fitas? É ato oficial? Ou é propaganda que beneficia o governo?
14
CASTRO, Edson de Resende. Curso de Direito Eleitoral. 9. ed. rev. e atual. Belo Horizonte: Del Rey, 2018,
p. 410-411.
15
TRE-MG – 2018 – Petição 0600227-2.2018.6.13.0000:
“PETIÇÃO. ELEIÇÕES 2018. PEDIDO DE AUTORIZAÇÃO DE MANUTENÇÃO DE
PROPAGANDA INSTITUCIONAL. PLACAS. ADESIVOS. ENTE FEDERATIVO. ART. 73, VI, “B”,
DA LEI 9.504, DE 30/9/1997 (LEI DAS ELEIÇÕES). A manutenção de placas, adesivos, quando
presentes elementos que identifiquem agentes públicos, servidores e gestões é vedada durante o período
compreendido no art. 73, VI, “b”, da Lei 9.504/97. Pedido deferido em parte para que o Estado realize a
adequação da propaganda institucional conforme sugerido pelo Ministério Público Eleitoral. (...)
POSTO ISSO, defiro parcialmente o pedido do ESTADO DE MINAS GERAIS, para determinar a
manutenção dos símbolos e slogans que digam respeito unicamente ao ente federativo Estado de Minas
Gerais, autarquias, fundações e demais pessoas jurídicas a ele vinculadas direta ou indiretamente, mas que
realizem a adequação das placas, adesivos, dentre outras propagandas institucionais mencionadas em sua
petição, conforme sugerido pela Procuradoria Regional Eleitoral, de forma a manter cobertos por todo o
período eleitoral as expressões e slogans que identifiquem os administradores, partidos, agentes ou pessoas
que se encontrem na gestão do Estado, isso com o objetivo de minimizar os custos que ocorreriam com a
ampla remoção de toda a propaganda institucional da Administração Pública, o que também serve como
forma de manutenção do controle da propaganda institucional por parte da população em geral”.
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No ano de 2024, os agentes públicos devem estar atentos principalmente aos seguintes
regramentos previstos na Lei de Responsabilidade Fiscal (LC 101/2000):
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10. FONTES
ZILIO, Rodrigo López. Direito Eleitoral. 6ª edição, Porto Alegre: Verbo Jurídico, 2018
GOMES, José Jairo. Direito Eleitoral. 14ª edição, São Paulo: Atlas, 2018
CASTRO, Edson de Resende. Curso de Direito Eleitoral. 9 ed. rev. e atual. Belo Horizonte: Del
Rey, 2018
CÂNDIDO, Joel J. Direito Eleitoral Brasileiro. 13 ed. São Paulo: Edipro, 2008
TSE: www.tse.jus.br
TRE-MG: www.tre-mg.jus.br
STF: https://portal.stf.jus.br/
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