Você está na página 1de 16

CARVALHO & MARQUES

Advocacia e Consultoria

DA AUSÊNCIA DE ILÍCITO ELEITORAL OU TIPIFICAÇÃO COMO


CONDUTA VEDADA NA NOMEAÇÃO DE SECRETÁRIO

As digressões feitas na vertente representação não lograram


estabelecer as ilegalidades a que a Promotoria pretende imputar aos
representados.

De acordo com o entendimento consolidado no Tribunal


Regional Eleitoral de Goiás e no Tribunal Superior Eleitoral, o abuso do
poder político, tal como definido na Lei Complementar nº 64/90, ocorre
nas situações em que o detentor do poder vale-se de sua posição para
agir de modo a influenciar o eleitor, em detrimento da liberdade de voto.

Caracteriza-se, dessa forma, como ato de autoridade


exercido em detrimento do voto.

As eventuais composições político-partidárias estão na


própria base do exercício de poder do Estado e não se confundem com
eventuais ilegalidades cometidas contra o livre exercício do direito de
sufrágio, captação ilícita de eleitores ou práticas de condutas vedadas
descritas nos artigos 73 e seguintes da Lei Federal n 9.504/97, Lei das
Eleições.

A publicidade institucional repostada em rede social privada


do então Agente Público, sem a análise e comprovação da gravidade das
circunstâncias são requisitos indispensáveis para a configuração
do abuso de autoridade do art. 74 da Lei nº 9.504 /97, não bastando a
alegação sem a devida demonstração à norma do art. 37 da Constituição
no âmbito de abuso de poder e o uso de recurso público para promoção
pessoal, em virtude de uma auto promoção em período anterior ao
período eleitoral, sendo que na época sequer era pré-candidato e ou tinha

__________________________________________________________________________________________________________
Rua Emiliano Pinheiro de Lemos, nº 16, Centro, Mossâmedes-GO. Contatos: (64) 98107-7830 / (62) 98111-7356.
Dr. Pedro Henrique Carvalho da Silva – OAB/GO 48.364
Dr. Lázaro Marques Ferreira Júnior – OAB/GO 50.446
CARVALHO & MARQUES
Advocacia e Consultoria

menções nos vídeos apresentados onde demonstrasse a intenção de uma


futura candidatura.

De fato, a preocupação com o abuso do poder político nas


eleições ganhou peso após a inclusão do instrumento da reeleição no
processo eleitoral brasileiro, com a edição da Emenda Constitucional nº
16/1997. Essa emenda autorizou a reeleição para um único período
subsequente, do presidente da República, dos governadores de Estado e
do Distrito Federal, dos prefeitos e quem os houver sucedido ou
substituído no curso dos mandatos.

Ou seja, permitiu-se que os chefes do Poder Executivo, no


âmbito federal, estadual e municipal, disputassem as eleições sem que
houvesse exigência para o afastamento dos cargos/mandatos já
ocupados.

Nesse sentido, houve um reforço institucional para que se


evitassem condutas que pudessem afetar a isonomia nas eleições,
suprimindo aquelas que pudessem levar a máquina do Estado a usar sua
estrutura em favor de determinadas candidaturas.

Porém, essas vedações estão longe de referir-se às praticas


de recursos públicos e promoção pessoal.

Pois a coligação “JUNTOS FAREMOS MAIS” durante a


companha sempre determinou os seguintes preceitos: I - caráter
nacional; II - proibição de recebimento de recursos financeiros de
entidade ou governo estrangeiros ou de subordinação a estes; III -
prestação de contas à Justiça Eleitoral;

A Constituição Federal prevê a proibição do abuso do poder


político e econômico NAS ELEIÇÕES ao dispor que devem ser
estabelecidos por lei complementar os casos de inelegibilidade e seus
__________________________________________________________________________________________________________
Rua Emiliano Pinheiro de Lemos, nº 16, Centro, Mossâmedes-GO. Contatos: (64) 98107-7830 / (62) 98111-7356.
Dr. Pedro Henrique Carvalho da Silva – OAB/GO 48.364
Dr. Lázaro Marques Ferreira Júnior – OAB/GO 50.446
CARVALHO & MARQUES
Advocacia e Consultoria

prazos, para proteger a probidade administrativa, a moralidade para


exercício de mandato – considerada a vida pregressa do candidato – e a
normalidade e legitimidade das eleições contra a influência do poder
econômico ou o abuso do exercício de função, cargo ou emprego na
administração direta ou indireta, mas, por certo, a possibilidade de
contratar empresas e profissionais seguindo suas convicções e
necessidade, não existindo vedação destes profissionais em contratarem
com o Poder Publico e usar esse critério para conduzir a administração
pública é da essência da atividade político-administrativa.

Assim, ainda que se pudesse argumentar que o critério de


Promoção Pessoal utilizando vídeos institucionais disponíveis a todos na
Rede Mundial de Computadores de forma sempre discricionária onde fora
utilizado os mesmo vídeos produzidos, contratados e pagos pelo
Município, em sua redes sociais particulares e quanto a contratação da
mesma empresa posteriormente em sua companha, esse mérito, cabe,
por certo, ao Chefe do Poder Executivo, contratar empresa para
finalidades licitas devidamente desempenhadas.

Percebe-se, com clareza, que a postagem de vídeos


institucionais, produzidos para o Município e disponíveis a toda população
através do Site e redes sociais mais variadas do ente público e
posteriormente repostados nas redes sociais do representado, não
representou nenhuma prática das chamadas condutas vedadas ou de
eventual abuso do poder político.

A caracterização do abuso do poder político induz


“GRAVIDADE” dos fatos, na forma do art. 22, XVI, da Lei Complementar
64/90, no âmbito da Ação de Investigação Judicial Eleitoral, isto é, “para
a configuração do ato abusivo, não será considerada a
potencialidade de o fato alterar o resultado da eleição, mas apenas
a gravidade das circunstâncias que o caracterizam”.
__________________________________________________________________________________________________________
Rua Emiliano Pinheiro de Lemos, nº 16, Centro, Mossâmedes-GO. Contatos: (64) 98107-7830 / (62) 98111-7356.
Dr. Pedro Henrique Carvalho da Silva – OAB/GO 48.364
Dr. Lázaro Marques Ferreira Júnior – OAB/GO 50.446
CARVALHO & MARQUES
Advocacia e Consultoria

Não há gravidade a ser considerada nos atos apontados.

Para além do rol das condutas vedadas aos agentes


públicos, o que se tem na representação em nada se aproxima com a
conduta narrada.

Entre as hipóteses de condutas vedadas estão: o uso, em


benefício de candidato, partido político ou coligação, de bens móveis ou
imóveis pertencentes à administração direta ou indireta União, dos
Estados, do Distrito Federal, dos territórios e dos municípios; o uso de
materiais ou serviços, custeados pelos governos ou casas legislativas, que
excedam as prerrogativas de seus regimentos; ceder servidor público ou
empregado da administração direta ou indireta federal, estadual ou
municipal do Poder Executivo, ou usar de seus serviços, para comitês de
campanha eleitoral de candidato, partido político ou coligação, durante o
horário de expediente normal; e fazer ou permitir uso promocional em
favor de candidato, partido político ou coligação, de distribuição gratuita
de bens e serviços de caráter social, custeados ou subvencionados pelo
poder público, entre outras hipóteses previstas na lei.

O vídeos apresentados a exordial estão disponíveis nos


arquivos digitais do Município a disponibilidade de todos cidadãos e ainda
a disposição de toda e quaisquer instituição, inclusive foi desta forma que
foram adquiridos pelo representante, onde neles não tem qualquer
vedação ao art. 37, § 1º da Constituição Federal in verbis”

§ 1º A publicidade dos atos, programas,


obras, serviços e campanhas dos órgãos
públicos deverá ter caráter educativo,
informativo ou de orientação social, dela não
podendo constar nomes, símbolos ou imagens

__________________________________________________________________________________________________________
Rua Emiliano Pinheiro de Lemos, nº 16, Centro, Mossâmedes-GO. Contatos: (64) 98107-7830 / (62) 98111-7356.
Dr. Pedro Henrique Carvalho da Silva – OAB/GO 48.364
Dr. Lázaro Marques Ferreira Júnior – OAB/GO 50.446
CARVALHO & MARQUES
Advocacia e Consultoria

que caracterizem promoção pessoal de


autoridades ou servidores públicos.

Como se vê, não há qualquer paralelo que possa ser


estabelecido neste sentido.

Publicações institucionais podem ser postadas e repostadas


por qualquer cidadão, desde que não se faça pedidos explícitos ou
implícitos de votos, fora do período regulado pela Lei Eleitoral, o prestígio
compartilhado nessas atividades, não caracteriza qualquer espécie de
abuso.

Pelo contrário. A questão foi tratada em Procedimento


Preparatório Eleitoral, onde ficou comprovado que a empresa prestou
serviços ao município, entregou o objeto contrato e recebeu pelos serviços
prestados, inclusive obedecendo todos os procedimentos legais e com
todos devidamente publicados e atendendo a legislação pertinente.

Tenta o Ministério Público induzir o uso de dinheiro publico


para promoção pessoal, porém sem demonstrar qual seria a vantagem
ilícita recebida pelo o então gestor publico onde foi beneficiado em eleição
a qual foi vencedor com uma margem avassaladora de votos e onde a
própria adversaria ao contrario dos representados usou imagens das obras
publicas realizadas a época que era Prefeita Municipal para convencer
eleitores, o que sequer questionamos por entendermos nenhuma
vantagem eleitoral nesta conduta.

De um lado, a única prova trazida pelos impugnantes acerca da


utilização desses vídeos institucionais na rede social do representado
Cacio, onde forma postados nos períodos de 26/06/2020 até

__________________________________________________________________________________________________________
Rua Emiliano Pinheiro de Lemos, nº 16, Centro, Mossâmedes-GO. Contatos: (64) 98107-7830 / (62) 98111-7356.
Dr. Pedro Henrique Carvalho da Silva – OAB/GO 48.364
Dr. Lázaro Marques Ferreira Júnior – OAB/GO 50.446
CARVALHO & MARQUES
Advocacia e Consultoria

12/08/2020 segundo próprias informações constantes da representação


ministerial.

Ocorre que tais vídeos faz qualquer menção pessoal e qualquer


relevância a eleição que ocorreria a mais de 90 (noventa) dias depois,
pois sequer foram divulgadas no períodos de vedações eleitorais, nesta
época sequer havia candidaturas registradas e ou sequer convenções
eleitorais para definir candidatos ou sequer coligações partidárias, não
tem qualquer proveito econômico e/ou eleitoral com as atitudes
transcritas na representação, sequer foi proposto qualquer processo de
improbridade administrativo por desvio de recursos públicos e/ou desvio
de finalidade envolvendo os supostos fatos constantes da representação
ministerial. Não há qualquer notícia nos autos de que tais publicações
foram veiculadas no período eleitoral ou mesmo de que teve continuidade
após as publicações informadas na peça exordial.

De todo modo, ainda que se admitisse o raciocínio por analogia


com as vedações à propaganda eleitoral, o que se faz apenas para
argumentar, pois incabível na análise do pedido de registro de coligação,
não estamos diante da utilização de "símbolos, frases ou imagens,
associadas ou semelhantes às empregadas por órgão de governo,
empresa pública ou sociedade de economia mista" (artigo 40, da Lei nº
9.5014/97), eis que a tanto não se equipara slogan de programa ou
projeto temporário, e sem prova de que esteja ativo, de Secretaria de
Assistência Social do Município de Mossâmedes Governo.

Assim, os representados CACIO MOREIRA ADORNO E MARTA


CAETANO não se beneficiaram de vantagem eleitoral nem tampouco de
recursos públicos a implicar afronta ao art. 40 da Lei nº 9.504/97 nem
impregna, nessa senda, as peças publicitárias institucionais repostadas
em rede social do representado CACIO, Prefeito Municipal e
posteriormente respectivo candidato de vício de qualquer ordem, não
__________________________________________________________________________________________________________
Rua Emiliano Pinheiro de Lemos, nº 16, Centro, Mossâmedes-GO. Contatos: (64) 98107-7830 / (62) 98111-7356.
Dr. Pedro Henrique Carvalho da Silva – OAB/GO 48.364
Dr. Lázaro Marques Ferreira Júnior – OAB/GO 50.446
CARVALHO & MARQUES
Advocacia e Consultoria

havendo razão jurídica para a proibição e ou qualquer vedação legal de


veiculação dos vídeos institucional no período devidamente informado.

Por fim, respeitado o entendimento dos representados, não se


vislumbra procedência das teses utilizadas pelo representante na
postulação, trazida aqui sob o enfoque da irregularidade no uso dos
vídeos institucionais no intuito de promoção pessoal e/ou sequer utilização
de recursos públicos para beneficio de candidatura eleitoral, de modo a
não ser passível de punição a este título, pois não houve qualquer afronta
legal a legislação eleitoral invocada na presente Aije.

Note-se que os vídeos só faz sentido em relação às


competências municipais ora postas em discussão, não demonstrado
qualquer vinculação e/ou referencia a campanha eleitoral, ou sequer faz
menção pessoal ao Gestor Público, afastando qualquer irregularidade ou
abuso, como quer fazer crer a d. Promotoria Eleitoral.

POTENCIALIDADE, GRAVIDADE E PROPORCIONALIDADE

Estando convictos que os argumentos anteriores são suficientes


para a declaração de IMPROCEDENCIA da presente representação
eleitoral, mas os representados por amor ao debate jurídico vem alegar os
efeitos de POTENCIALIDADE, GRAVIDADE E PROPORCIONALIDADE,
pois na representação vem o Parquet requerer notadamente a
CASSAÇÃO do registro ou diploma e inelegibilidade para eleições a
se realizarem nos 08 oito anos subsequentes as eleições
municipais de 2.020.

Ao requerer em cassação de diploma refere-se no presente caso


a cassação de mandato, verifica-se, de início, um aparente conflito entre
dois princípios constitucionais e democráticos: a prevalência da vontade
popular e a legitimidade das eleições.

__________________________________________________________________________________________________________
Rua Emiliano Pinheiro de Lemos, nº 16, Centro, Mossâmedes-GO. Contatos: (64) 98107-7830 / (62) 98111-7356.
Dr. Pedro Henrique Carvalho da Silva – OAB/GO 48.364
Dr. Lázaro Marques Ferreira Júnior – OAB/GO 50.446
CARVALHO & MARQUES
Advocacia e Consultoria

De acordo com o primeiro, o eleito através do sufrágio deve


exercer o mandato, o que é basilar ao funcionamento de qualquer
democracia. Isso porque, normalmente, a vontade da maioria deve ser
respeitada.

Partindo-se de uma análise da democracia crítica, não há justa


verificação de um critério adequado para saber quem serão os ocupantes
do mandato eletivo, haja vista a impossibilidade de se separar os
indivíduos em bons e maus.

Por outro lado, segundo o princípio da legitimidade das eleições,


é necessário verificar se o eleito assim o foi de forma legítima, ou seja, se
a escolha popular que o elegeu se deu com base nas regras
procedimentais para tanto, se foi respeitado o princípio da igualdade entre
os candidatos e, por fim, se foi observada a vontade popular,
consubstanciada na liberdade do exercício do voto foi o que ocorreu no
caso dos representados.

Há, aparentemente, um choque entre esses princípios, do qual


resulta o questionamento quanto a como é possível superar tal conflito.
Tendo em vista a impossibilidade de deixar de aplicar um princípio em
detrimento do outro, é necessário pensar em um meio de alcançar o
equilíbrio e a concordância prática entre eles.

A resolução dessa colisão é, pois, tarefa que se deve propor não


só aos julgadores, mas também aos demais operadores da prática
eleitoral, Ministério Público e advogados. A jurisprudência eleitoral evoluiu
muito na análise das ações que pleiteiam a cassação do mandato eletivo,
sobretudo após o advento da Lei Complementar nº 135/2010 (Lei da Ficha
Limpa), que conferiu nova redação ao art. 22, XIV da LC nº 64/90,
estabelecendo a possibilidade de cassação mesmo após a proclamação
dos eleitos.
__________________________________________________________________________________________________________
Rua Emiliano Pinheiro de Lemos, nº 16, Centro, Mossâmedes-GO. Contatos: (64) 98107-7830 / (62) 98111-7356.
Dr. Pedro Henrique Carvalho da Silva – OAB/GO 48.364
Dr. Lázaro Marques Ferreira Júnior – OAB/GO 50.446
CARVALHO & MARQUES
Advocacia e Consultoria

Não obstante, ainda remanescem entendimentos dissonantes a


respeito dessa revisão da decisão popular soberana, principalmente em
relação ao preenchimento e análise dos requisitos necessários para afastar
o candidato eleito.

Três são os elementos constantemente presentes na análise do


caso concreto: a jurisprudencialmente consagrada “POTENCIALIDADE”
de alterar o resultado do pleito, a legalmente exigida “GRAVIDADE DA
CONDUTA” e, enfim, o postulado geral de proporcionalidade da sanção
aplicada à luz do ato ilegal, de seu resultado e de suas consequências.

Esse espectro de conceitos será o objeto central do presente


debate.

É importante, de início, conceituar o trinômio potencialidade-


gravidade-proporcionalidade a partir de aspectos constantes nos
presentes autos, conferindo a cada um desses institutos conteúdo jurídico
para facilitar o cotejo

Em termos de estrutura, a ponderação possui três fases. A


primeira é a identificação dos princípios em conflito (publicação dos vídeos
na rede social do representado Cacio e contratos celebrados com
Município), seguida pela atribuição de um peso ou importância para cada
um deles (efeitos da publicação nas eleições municipais de 2.020),
atentando-se às particularidades do caso e, por fim, a decisão sobre a
prevalência de um princípio sobre outro.

Por sua vez, atenta que não se pode fazer do princípio da


proporcionalidade a ditadura da magistratura e do Judiciário, vez que
desse poder seja necessário exigir a devida fundamentação e a máxima
objetividade possível.

__________________________________________________________________________________________________________
Rua Emiliano Pinheiro de Lemos, nº 16, Centro, Mossâmedes-GO. Contatos: (64) 98107-7830 / (62) 98111-7356.
Dr. Pedro Henrique Carvalho da Silva – OAB/GO 48.364
Dr. Lázaro Marques Ferreira Júnior – OAB/GO 50.446
CARVALHO & MARQUES
Advocacia e Consultoria

Logo, a conduta indevida deve ser proporcional à sanção


aplicada.

Nesse sentido, a cassação do registro é a punição mais gravosa


existente no âmbito eleitoral não penal, a qual, por ser absolutamente
grave, deve ter por base uma conduta juridicamente relevante.

Para o primeiro, em linhas gerais, deve-se verificar se o meio


utilizado é adequado a atingir o fim ao qual ele se destina, pois neste
frágil Aije requer a sanção máxima eleitoral, ou seja a CASSAÇÃO de
diplomas eleitoras conquistados de forma legitima e em obediência a
Legislação Eleitoral.

Ultrapassado esse elemento, faz-se necessário apreciar a


necessidade, que deve ser entendida como a busca, entre as intervenções
possíveis por qualquer operador do direito, pela medida mais adequada e
mais necessária.

Por fim, surge o terceiro critério, correspondente à


proporcionalidade em sentido estrito (ou razoabilidade), representativo
da medida exata, segundo a qual se deve adotar um critério nem aquém
nem além do exato para se alcançar a finalidade a que se destina.

Ausentes tais elementos, há o ferimento à proibição do excesso, nas


palavras de Canotilho:

Posteriormente, o princípio da proporcionalidade em


sentido amplo, também conhecido por princípio da
proibição de excesso (Übermassverbot), foi erigido à
dignidade de princípio constitucional [...]. Na
qualidade de regra de razoabilidade – rule of
reasonableness – desde cedo começou a influenciar a
jurisprudência de países de Commom Law. 8

__________________________________________________________________________________________________________
Rua Emiliano Pinheiro de Lemos, nº 16, Centro, Mossâmedes-GO. Contatos: (64) 98107-7830 / (62) 98111-7356.
Dr. Pedro Henrique Carvalho da Silva – OAB/GO 48.364
Dr. Lázaro Marques Ferreira Júnior – OAB/GO 50.446
CARVALHO & MARQUES
Advocacia e Consultoria

Assim, as primeiras manifestações jurisprudenciais se voltavam


à linha de que seria necessário comprovar um nexo de causalidade entre
as condutas e a cassação de mandatos.

Isto é, seria praticamente necessário demonstrar que a eleição


do candidato se dera em função das condutas ilícitas praticadas, segundo
fórmulas que eram praticamente matemáticas.

Posteriormente, a jurisprudência evoluiu, afastando-se de seu


subjetivismo inicial e passando a exigir a potencialidade, ou seja, um juízo
de probabilidade de influir no resultado das eleições ou de atingir sua
normalidade e legitimidade. Tal entendimento foi aplicado nas eleições a
partir de 2008.

Nesse sentido, o entendimento do TSE é de que, na análise das


condutas vedadas do art. 73, é mais recomendável adotar o PRINCÍPIO
DA PROPORCIONALIDADE, deixando o exame do requisito da
potencialidade para os casos mais graves, o que tenta em sede de uma
frágil Aije cassar os resultados da urnas.

Potencialidade, então, é perquirir se houve afetação da lisura do


pleito, a partir de elementos que indiquem o comprometimento da
legitimidade da eleição, fato que não há qualquer elemento objetivo ou
subjetivo de existência.

Necessita-se, então, provar que o comportamento abusivo tenha


comprometido as eleições.

E essa prova de contaminação se dá segundo o livre


convencimento do juiz, sem olvidar a existência do art. 23 da Lei
Complementar nº 64/90.

__________________________________________________________________________________________________________
Rua Emiliano Pinheiro de Lemos, nº 16, Centro, Mossâmedes-GO. Contatos: (64) 98107-7830 / (62) 98111-7356.
Dr. Pedro Henrique Carvalho da Silva – OAB/GO 48.364
Dr. Lázaro Marques Ferreira Júnior – OAB/GO 50.446
CARVALHO & MARQUES
Advocacia e Consultoria

São suficientes, portanto, elementos convergentes, desde que


robustos, e extremes de duvidas para demonstrar a interferência no
pleito.

A potencialidade, portanto, é elemento constitutivo do abuso de


poder, o que não foi minimamente demonstrada nas frágeis alegações da
presente representação.

Cálculos aritméticos lhe são desnecessários, pois algumas ações


como a AIJE podem ter resultado antes mesmo das eleições, o que
tornaria inócuo se exigir do juízo a adivinhação sobre a robustez quanto
ao resultado deste abuso, mas no presente caso o qual veio a baila após a
eleição e perdurar após a posse no mandato eletivo dos representados.

Com o advento da Lei da “Ficha Limpa”, surge o entendimento


de que, para configurar o abuso de poder, não se poderia mais falar em
nexo de causalidade, probabilidade ou potencialidade, advindo o
elemento da “gravidade das circunstâncias”, segundo o qual somente
se deveria tomar em consideração questões como quem praticou o ato, ou
como, quando e onde ele fora praticado.

Dessa forma, a própria redação da LC nº 64/90 passa a


desconsiderar tal fator em seu art. 22, in verbis: Art. 22. [...] XVI - para
a configuração do ato abusivo, não será considerada a
potencialidade de o fato alterar o resultado da eleição, mas apenas
a gravidade das circunstâncias que o caracterizam.

A partir de então, o TSE considerou a análise da potencialidade,


no sentido de que o ilícito praticado deve ser apto a influenciar (e não ter
concretamente influenciado) o resultado das eleições.

Para o TSE, em relação às condutas vedadas do art. 73 da Lei


das Eleições, deve ser observado o princípio da proporcionalidade e
__________________________________________________________________________________________________________
Rua Emiliano Pinheiro de Lemos, nº 16, Centro, Mossâmedes-GO. Contatos: (64) 98107-7830 / (62) 98111-7356.
Dr. Pedro Henrique Carvalho da Silva – OAB/GO 48.364
Dr. Lázaro Marques Ferreira Júnior – OAB/GO 50.446
CARVALHO & MARQUES
Advocacia e Consultoria

somente se exige a potencialidade do fato naqueles casos mais graves,


em que se cogita a cassação do registro ou do diploma, como enquadra-se
no caso concreto dos autos.

Admitiu-se, portanto, que o reconhecimento da potencialidade


implica o exame da gravidade da conduta, previstas nas hipóteses de
condutas vedadas.

O TSE analisa a proporcionalidade conjuntamente com a


gravidade, a exemplo do precedente a seguir, no qual se entendeu pela
não cassação do mandato de candidato que promoveu seis veiculações
irregulares de propaganda antecipada no rádio, em ano anterior das
eleições:

[...] 4. Na espécie, as seis veiculações de rádio


consideradas abusivas pelo Tribunal a quo estão
compreendidas entre os meses de junho e dezembro
do ano de 2011. Portanto, em período bem anterior ao
pleito, enfraquecendo, a meu sentir, sua capacidade de
comprometer a disputa. Desse modo, a conduta
descrita, embora possa eventualmente caracterizar
propaganda antecipada, não apresenta gravidade
suficiente para impor ao candidato eleito a sanção de
cassação do mandato. 5. Agravo regimental ao qual se
nega provimento.22

Deve-se o nobre julgador observar dentro de um possivel


sancionamento com essa correspondência entre gravidades mínimas,
médias e máximas, no âmbito das ações específicas, e presentes no bojo
dos autos, isto a titulo de debate jurídico, visto que entendemos que não
houve qualquer conduta indevida.

__________________________________________________________________________________________________________
Rua Emiliano Pinheiro de Lemos, nº 16, Centro, Mossâmedes-GO. Contatos: (64) 98107-7830 / (62) 98111-7356.
Dr. Pedro Henrique Carvalho da Silva – OAB/GO 48.364
Dr. Lázaro Marques Ferreira Júnior – OAB/GO 50.446
CARVALHO & MARQUES
Advocacia e Consultoria

Nesse contexto hipotetico, é sempre necessária a


fundamentação, inclusive necessitando a análise da capacidade
econômico-financeira do candidato.

Se a lesividade for de grau médio, podem-se agregar à multa


outros tipos de sanção, como a suspensão da conduta e proibição de
recebimento de fundo partidário.

E, no grau máximo, deverá haver a concentração de todas as


sanções.

Justamente nesse cotejo reside a proporcionalidade, com


respeito à questão da gravidade, sem ter de se recorrer ao requisito
atípico para as ações específicas, que é o requisito técnico da
potencialidade que ainda existe mesmo após a LC nº 135, pois não é
verossímil entender que se possa caracterizar nas ações genéricas ofensas
gerais aos valores mais abrangentes, à míngua do tipo de valor que é a
significação sobre o resultado.

Destarte, qualquer conclusão que se possa traçar deverá partir


da percepção de que não podem ser desproporcionas as intervenções
judiciais eleitorais ao ponto de CASSAR MANDATOS
indiscriminadamente, modus operandi que não se coaduna com nenhum
regime que se pretenda democrático.

No presente caso, e em nome do próprio princípio democrático,


as condutas citadas como ilegítimas e indevidas pelo representante
ministerial não prosperam e falecem de toda e qualquer ilicitude, pois
nenhum dos atos indevidamente apontados foi contundente para
demonstrar que macula de forma inexoravelmente a legitimidade do
processo eleitoral, onde elegeram democraticamente os representados
CACIO MOREIRA ADORNO E MARTA CAETANO.

__________________________________________________________________________________________________________
Rua Emiliano Pinheiro de Lemos, nº 16, Centro, Mossâmedes-GO. Contatos: (64) 98107-7830 / (62) 98111-7356.
Dr. Pedro Henrique Carvalho da Silva – OAB/GO 48.364
Dr. Lázaro Marques Ferreira Júnior – OAB/GO 50.446
CARVALHO & MARQUES
Advocacia e Consultoria

CONCLUSÃO E PEDIDO

Ante todo o exposto, requer seja julgada TOTALMENTE IMPROCEDENTE


a presente representação pelas razões jurídicas acima apontadas.

Sobre as provas, cumpre informar que, muito embora a douta promotoria


eleitoral tenha colacionado vários documentos e depoimentos produzidos
unilateralmente para a formalização do instrumento de sua representação
eleitoral, praticamente a integralidade não diz respeito a nenhum dos
argumentos deduzidos na exordial, razão pela qual os representados
impugnam os documentos, sem, contudo, imiscuírem-se em seu
conteúdo.

Sobre as testemunhas arroladas pelo representante, cumpre destacar que


já foram inquiridas unilateralmente no curso do procedimento preparatório
eleitoral, sendo que seus respectivos depoimentos não guardam
absolutamente nenhuma relação com as razões esposadas na exordial
apresentada pelo parquet eleitoral.

Muito embora a matéria seja exclusivamente de direito, de modo que


nada foi provado pelo representante, o que, por si só, já dispensa
qualquer necessidade de produção de novas provas, o representado
protesta pela inquirição das testemunhas Laércio Benko e Guilherme Mussi
para provar os fatos aqui deduzidos.

Nesses Termos,

Pede Deferimento.

Mossâmedes/GO, 22 de outubro de 2020.

__________________________________________________________________________________________________________
Rua Emiliano Pinheiro de Lemos, nº 16, Centro, Mossâmedes-GO. Contatos: (64) 98107-7830 / (62) 98111-7356.
Dr. Pedro Henrique Carvalho da Silva – OAB/GO 48.364
Dr. Lázaro Marques Ferreira Júnior – OAB/GO 50.446
CARVALHO & MARQUES
Advocacia e Consultoria

PEDRO HENRIQUE CARVALHO DA SILVA


OAB/GO 48.364

LÁZARO MARQUES FERREIRA JÚNIOR


OAB/GO 50.446

__________________________________________________________________________________________________________
Rua Emiliano Pinheiro de Lemos, nº 16, Centro, Mossâmedes-GO. Contatos: (64) 98107-7830 / (62) 98111-7356.
Dr. Pedro Henrique Carvalho da Silva – OAB/GO 48.364
Dr. Lázaro Marques Ferreira Júnior – OAB/GO 50.446

Você também pode gostar