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EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DA VARA

ÚNICA DA COMARCA DE SÃO CAETANO/PE


 

LUIZ AUGUSTO (NOME COMPLETO), brasileiro, (estado civil),


comerciante, de CPF n° XXX, RG n° XXX e título de eleitor n° 123456, possuidor do
endereço de e-mail XXX, residente e domiciliado à Rua X, n° X, bairro XX, CEP X, na
cidade de São Caetano – PE, em pleno gozo de seus direitos políticos, por seu advogado
infra-assinado, conforme procuração anexa (doc. 01), aonde informa o endereço que
recebe citações, intimações e demais documentos de praxe, vêm perante Vossa
Excelência, amparado no art. 5º, LXXIII da Carta Magna, combinado com o Artigo 1º
da Lei 4.717/65, propor a seguinte

AÇÃO POPULAR

Em face do MUNICÍPIO DE SÃO JOÃO CAETANO, entidade civil,


de direito público, CNPJ X, endereço avenida X, n° X, bairro XX, CEP X, na cidade de
São Caetano – PE, representado pelo Prefeito Municipal ora também demandado,
JACINTO JACARÉ (NOME COMPLETO), brasileiro, prefeito, CPF XXX, RG
XXX, possuidor do endereço de e-mail XXX, residente e domiciliado à Rua X, n° X,
bairro XX, CEP X, na cidade de São Caetano, e a ASSOCIAÇÃO DE
COMERCIANTES LOCAIS DE SÃO CAETANO – ACSC/PE, na pessoa do seu
representante legal, Sr. SOMBRA (nome completo), sediada à Rua X, n° X, bairro X,
cidade de São Caetano/PE, de CNPJ X e endereço de e-mail X, mediante as razões de
fato e de direito que passa a expor.
I. CABIMENTO DA AÇÃO

Da Legitimidade Ativa

O autor, brasileiro, regular com a Justiça Eleitoral (doc.02), com


amparo no Art. 5º, LXXIII da Carta Magna, tem direito ao ajuizamento de AÇÃO
POPULAR, que se substancia num instituto legal de Democracia.
Para tanto, confirmando o interesse de agir do cidadão em questão,
compõe-se aos presentes autos, conforme exposto no art. 1°, § 3° da lei n° 4.717/1965, a
apresentação de comprovação de cidadania mediante a apresentação de título eleitoral e
certidão negativa emitida pela Justiça Eleitoral, devidamente colacionados aos autos
(doc. 03).
De tal modo, é direito intrínseco do próprio do cidadão participar da vida
política do Estado fiscalizando a gestão do Patrimônio Público, a fim de que esteja
conforme com os Princípios da Moralidade e da Legalidade.
Ademais, conforme resguardado pela Constituição, também no Art. 5°,
LXXIII, o autor fica isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência.

Da Legitimidade Passiva

A Lei nº 4.717/65 – LAP – Lei da Ação Popular, em seu art. 6º,


estabelece um espectro abrangente de modo a empolgar no polo passivo o causador ou
produtor do ato lesivo, como também todos aqueles que para ele contribuíram por ação
ou omissão.
A par disto, respondem passivamente os suplicados nesta sede processual
na condição de pessoas públicas, autoridades e administradores.

Do Cabimento do Procedimento

É a AÇÃO POPULAR o remédio constitucional que aciona o Poder


Judiciário, dentro da visão democrática participativa dos jurisdicionados pátrios,
fiscalizando e atacando os atos lesivos ao Patrimônio Público com a condenação dos
agentes responsáveis, assim garante o Art. 5º, LXXIII da CFB.
Aqui constituídos todos os pressupostos da Ação Popular, quais sejam,
condição de eleitor, ilegalidade e lesividade, o que impugna para que seja cabível a
propositura da Ação Popular, por conter ato ilegal e lesivo ao patrimônio público, em
conformidade com a Lei 4.717/65.

II. DOS FATOS

No ano de 2019, foi publicado o Decreto n° 01/2019 da Prefeitura


Municipal de São Caetano, assinado pelo Prefeito Jacinto Jacaré, decreto este anexo ao
doc. 04.
Conforme pode verificar, Excelência, o teor de tal decreto é a
transferência de cobrança do serviço de estacionamento em locais públicos,
popularmente denominado como “Zona Azul” realizada à ACSC-PE, cujo presidente,
Sr. Sombra, é amigo pessoal do então Prefeito e principal colaborador de sua campanha
eleitoral.
Para espanto de todos, o decreto transferiu o serviço sem que fosse
realizada a devida licitação, modalidade imposta aos entes públicos para realizar a
denominada concessão de serviços públicos.
Deste modo, verificou-se então após a publicação do Decreto que
ocorrera violação aos preceitos constitucionais da administração pública.

3.  DO DIREITO

Doravante, é nítido que a concessão de serviço público sem o seu devido


processo de licenciamento se trata de lesão à legislação pátria, não observando o
princípio constitucional da isonomia, conforme esposado pela lei n° 8.666/1993, em seu
art. 3°.                                                                     
Art. 3° A licitação destina-se a garantir a observância do princípio
constitucional da isonomia, a seleção da proposta mais vantajosa para a
administração e a promoção do desenvolvimento nacional sustentável e será
processada e julgada em estrita conformidade com os princípios básicos da
legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da igualdade, da publicidade,
da probidade administrativa, da vinculação ao instrumento convocatório, do
julgamento objetivo e dos que lhes são correlatos.
No referido Decreto 01/2019, se verifica claramente as condições que
comprometem inequivocamente o caráter competitivo, o que vedado conforme § 1º, art.
3° da mesma Lei, a seguir, uma vez que fora realizada transferência direta:

§ 1º - É vedado aos agentes públicos;


I. admitir, prever, incluir ou tolerar, nos atos de convocação, cláusulas ou
condições que comprometam, restrinjam ou frustrem o seu caráter
competitivo e estabeleçam preferências ou distinções em razão da
naturalidade, da sede, ou domicilio dos licitantes ou de qualquer outra
circunstância impertinente ou irrelevante para o específico objeto do
contrato;
                                                      
Ora Excelência, já se vê de imediato a ilegalidade do ato, quando a
referida transferência direta frustra o caráter competitivo, não obedecendo diretamente o
preceito constitucional da obrigatoriedade de licitação. Vê-se tal obrigatoriedade no art.
37, XXI, da Constituição Federal, ipsis litteris:

Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da


União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos
princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e
eficiência e, também, ao seguinte:

XXI - ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, serviços,


compras e alienações serão contratados mediante processo de licitação
pública que assegure igualdade de condições a todos os concorrentes, com
cláusulas que estabeleçam obrigações de pagamento, mantidas as condições
efetivas da proposta, nos termos da lei, o qual somente permitirá as
exigências de qualificação técnica e econômica indispensáveis à garantia do
cumprimento das obrigações.

Ademais, como demonstrado na própria Carta Magna, a administração


pública deverá sempre estar obedecendo aos princípios da impessoalidade e moralidade,
entre outros, mas estes em destaque, vez que os mesmos não foram devidamente
observados no procedimento de elaboração do Decreto 01/2019. Isto porque a
impessoalidade não ocorreu no momento em que a transferência favorecia diretamente
parceiro político do Prefeito, envolvendo-o na relação em função de laços pessoais e
políticos, ferindo, consequentemente, a moralidade da Administração Pública.
Além disso, não se trata de situação de não realização de licitação
(inexigibilidade de licitação), vez que o serviço a ser realizado não atende os critérios
dispostos no art. 25 da Lei de Licitações, não sendo aquisição de materiais ou
equipamentos fornecidos por empresa exclusiva, não sendo contratação de serviço
técnico e nem para contratação de profissional de setor artístico.
Verifica-se também no caso em tela o óbvio desvio de finalidade, quando
explicitamente se percebe o favorecimento para amigos ou uma forma de pagar favores
de campanhas políticas, o que é inaceitável, caracterizando também desvio de poder.
Outrossim, a Lei da Ação Popular já consignou o desvio de finalidade
como vício nulificador do ato administrativo lesivo do patrimônio público e o considera
caracterizado quando o agente pratica ato visando fim diverso do previsto, explicita ou
implicitamente.
A Lei de Licitações, trazidas no seio constitucional, elencou os diversos
princípios administrativos aplicáveis à Licitação, sejam os básicos, ou mesmo os
correlatos.
Alguns julgados relacionados e analisados à luz da melhor doutrina e
jurisprudência nacional citamos abaixo:
                                     
EMENTA: PROCESSO CIVIL. AÇÃO POPULAR. LIMITES DO
JULGAMENTO. O exame judicial dos atos administrativos se dá sob o ponto
de vista da respectiva legalidade e de sua eventual lesividade ao patrimônio
público (Lei nº 4.717, de 1997, art. 2º), ou simplesmente da legalidade nos
casos em que o prejuízo ao patrimônio público é presumido (Lei nº 4.717, de
1965, art. 4º); o julgamento sob o ângulo da conveniência do ato
administrativo usurpa competência da Administração. Recurso Especial
conhecido e provido.” (STJ, REsp nº 100.237/RS, 2ª T., Rel. Min. Ari
Pargendler, DJU 26.05.1997
ADMINISTRATIVO. PROCEDIMENTO LICITATÓRIO. ATESTADO
TÉCNICO. COMPROVAÇÃO. AUTORIA. EMPRESA. LEGALIDADE.
Quando em procedimento licitatório, exige-se comprovação, em nome da
empresa, não está sendo violado o art. 30, § 1º, II, caput, da Lei 8.666/93. É
de vital importância, no trato da coisa pública, a permanente perseguição ao
binômio qualidade eficiência, objetivando, não só garantir a segurança
jurídica do contrato, mas também a consideração de certos fatores que
integram a finalidade das licitações, máxime em se tratando daquelas de
grande complexidade e de vulto financeiro tamanho que imponha ao
administrador a elaboração de dispositivos, sempre em atenção à pedra de
toque do ato administrativo – a lei - , mas com dispositivos que busquem
resguardar a administração de aventureiros ou de licitantes de
competência estrutural, administrativa e organizacional
duvidosa.Recurso provido. ”(STJ, Rec. Esp. nº 144.750/SP, 1ª T., Rel. Min.
Francisco Falcão, DJU 25.09.2000)

III. DOS  PEDIDOS

Conforme exposto os fatos e o direito, o autor requer:                                        


a) seja JULGADA PROCEDENTE A AÇÃO, acolhendo os pedidos do
suplicante para determinar definitivamente a nulidade do Decreto 01/2019 e
consequentemente todos os atos advindos da mesma, evitando assim grave lesão ao
Patrimônio Público, corrigindo a ilegalidade do ato;

b) sejam citados os réus, para querendo, contestarem, no prazo legal,


assistidos se quiserem pela Procuradoria do Município;

c) sejam os réus condenados a pagarem as custas processuais e


demais despesas judiciais e extrajudiciais, bem como o ônus da sucumbência;

d) a produção de provas documental, testemunhal, pericial, e,


especialmente, o depoimento pessoal dos  demandados por quem de direito, além das
demais espécies de prova que se tem direito;

e)  a devida intimação Ministério Público para que atue como custos
legis.
f) a não designação de audiência de autocomposição, haja vista a não
possibilidade

Dá-se à causa o valor de R$ .....,.. (valor por extenso) para os devidos fins
fiscais.
                                 
Termos em que,
Pede deferimento.
São Caetano, Pernambuco.
(dia, mês, e ano por extenso)

Assinatura digital
NOME DO ADVOGADO
OAB/PE XXXXX

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