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EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DA VARA DA FAZENDA

PÚBLICA DA COMARCA DO MUNICÍPIO ..., ESTADO ....

DIANA DE ASSIS PAIVA , nacionalidade..., estado civil..., profissão..., portadora da


cédula de identidade RG nº..., devidamente inscrito no CPF nº..., Título de Eleitoral nº...,
residente e domiciliado na..., Bairro..., Cidade..., Estado..., por seu advogado que esta
subscreve (instrumento de mandato incluso anexo...) com endereço profissional na...,
Bairro..., Cidade..., Estado..., local indicado para receber as devidas intimações nos
termos do artigo 39, inciso I do Código de Processo Civil, vem perante Vossa Excelência
com fulcro no artigo 5º, inciso LXXIII da Constituição Federal e na Lei 4717/65 propor a
seguinte

AÇÃO POPULAR

em face do MUNICÍPIO X, pessoa jurídica de direito público interno, com sede na...,
Bairro..., Cidade..., Estado..., e dos beneficiários da EMPRESA XYZ, pessoa jurídica de
direito privado, com sede na..., Bairro..., Cidade..., Estado...,pelos motivos de fato e de
direito a seguir aduzidos:
I – DOS FATOS

O Município X, ora primeiro réu, iniciou no ano de 2018 a construção de um novo


Estádio para ser utilizado durante um grande evento esportivo. Acontece que, embora a
construção do estádio necessita ser precedida de licitação, a empresa XYZ fora escolhida
para realização das obras por terem os beneficiários da empresa vínculos políticos com
os secretários municipais, sob argumento de que se tratava de um evento urgente a ser
realizado em poucos meses. Os valores correspondentes às obras estão incluídos no
orçamento observando o devido processo legislativo.

Tendo em vista o ato lesivo ao patrimônio do Município X, busca-se através da


presente ação a anulação deste ato e que seja feita licitação para a construção do estádio.

II – DO DIREITO

A. DO CABIMENTO DA AÇÃO POPULAR

O art. 5º, inciso LXXIII, da CRFB, admite a impetração da ação popular, por qualquer
cidadão, visando anular ato lesivo ao patrimônio público ou se entidade de que o Estado
participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e
cultural.

A Lei 4.717/65 estabelece o rito da presente ação. Conforme redação constitucional


a celebração de contrato de concessão, sem a devida licitação, é contrato administrativo
que ofende a moralidade administrativa, além de ser ato lesivo ao patrimônio.

B. DA LEGITIMIDADE ATIVA E PASSIVA


A ação popular tem previsão no art. 5º da Constituição, garantindo o seu ajuizamento
a todos o cidadão no regular gozo dos seus direitos políticos, o que é o caso da autora,
conforme de plano comprovado pelo Título de Eleitoral nº... e Certidão de Obrigações
Eleitorais nº.... anexados a esta petição.

Os réus apontados nesta peça vestibular são efetivamente os responsáveis pela


produção do ato ilegal, lesivo ao patrimônio público, conforme art. 6º da Lei 4.717/65:

“A ação será proposta contra as pessoas públicas ou privadas e as


entidades referidas no art. 1º, contra as autoridades, funcionários
ou administradores que houverem autorizado, aprovado, ratificado
ou praticado o ato impugnado, ou que, por omissas, tiverem dado
oportunidade à lesão, e contra os beneficiários diretos do mesmo”.

Assim, o ajuizamento da presente ação é perfeitamente cabível, conforme


demonstrado que a autora é cidadã (conforme anexo) e o dano demonstrado.

C. DO ATO LESIVO AO PATRIMÔNIO PÚBLICO E À MORALIDADE PÚBLICA

A argumentação dos réus é no sentido de que a ausência da licitação se justifica pelo


fato da urgência. Como se verifica, tais fatos afrontam diretamente os dispositivos legai
do art. 173 da Constituição, art. 1º, Alínea A, C e E, da Lei 4.717/65 e art. 2º, II da Lei
8.987/95.Veja-se o que diz a Lei n 8.987, pois não é outra dicção, ao considerar a
necessidade de prévio procedimento licitatório, inclusive, para as concessões de
serviços públicos. Senão vejamos:

Art. 2.º Para os fins do disposto nesta Lei, considera-se:

II – concessão de serviço público: a delegação de sua prestação,


feita pelo poder concedente, mediante licitação, na modalidade de
concorrência, à pessoa jurídica ou consórcio de empresas que
demonstre capacidade para seu desempenho, por sua conta e risco
e por prazo determinado;
Em se tratando de concessão de serviços de serviços públicos, sua formalização
se dará mediante contrato com precedente licitação pública. Note-se ainda que a
licitação deverá ser na modalidade concorrência.

Tem-se então que a referida contratação sem o devido procedimento licitatório,


ato lesivo ao patrimônio municipal, pois não houve escolha da proposta mais vantajosa
para a Administração, bem como atentatório aos princípios da moralidade, probidade e
legalidade.

Por tudo isso, é nulo o ato praticado, nos termos do art. 2º, alínea a, c e e da Lei
4.717/65, “litteris”:

Art. 2.º São nulos os atos lesivos ao patrimônio das entidades


mencionadas no artigo anterior, nos casos de:

a) incompetência;

c) ilegalidade do objeto;

e) desvio de finalidade.

Parágrafo único. Para a conceituação dos casos de nulidade


observar-se-ão as seguintes normas:

a) a incompetência fica caracterizada quando o ato não se incluir


nas atribuições legais do agente que o praticou;

c) a ilegalidade do objeto ocorre quando o resultado do ato importa


em violação de lei, regulamento ou outro ato normativo;

e) o desvio da finalidade se verifica quando o agente pratica o ato


visando a fim diverso daquele previsto, explícita ou implicitamente,
na regra de competência.

É aplicável também o art. 4º, inciso III, alínea a, da mesma lei, que considera a nula

“a empreitada, a tarefa e concessão do serviço público, quando o


respectivo contrato houver sido celebrado sem prévia
concorrência pública ou administrativa, sem que essa condição
seja estabelecida em lei, regulamento ou norma geral”.

Requer-se, desde já, anulação do contrato de concessão celebrado entre as partes.


III – DO PEDIDO DE LIMINAR

Observa-se que a relevância do fundamento invocado reside nos argumentos


fáticos e jurídicos acima expostos, mormente nos documentos colacionados à presente,
os quais dão conta de que existe o bom direito ora vindicado, notadamente em face das
violações às normas e aos princípios supramencionados.

O “periculum in mora”, por sua vez, afigura-se patente uma vez que a natura
demora do processo causará lesão à municipalidade, ante a realização da concessão sem
a escolha da proposta mais vantajosa para a Administração.

Destarte, requer-se a concessão de liminar para suspensão dos efeitos do


contrato prorrogado e que seja determinada imediata instauração de procedimento
licitatório para escolha do concessionário, nos termos do art. 5º, § 4º, da Lei n. 4.717/65.

IV – DOS PEDIDOS

Pelo exposto, requer a Vossa Excelência:

a) a citação do Réu, para, querendo, contestar a presente ação, no prazo de 20 dias, sob
pena de aplicação dos efeitos da revelia;

b) a citação do Município X em separado, na forma do art. 6º, § 3º da Lei 4.717/65;

c) a intimação do ilustre representante do Ministério Público;

d) a procedência dos pedidos para decretar a invalidade do ato lesivo ao patrimônio


público e à moralidade, condenando o Réu no pagamento das perdas e danos;

e) a condenação dos Réus no pagamento, ao autor, das custas e demais despesas judiciais
e extrajudiciais, bem como nos honorários de advogado;
f) a confirmação da liminar, nos termos em que foi requerida;

g) a produção de todas as provas em direito admitidas, especialmente documental;

h) a juntada dos documentos em anexo.

Dá-se à causa o valor de R$...

Termos em que,

Pede deferimento

Local..., data...

ADVOGADO

OAB... / ....

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